Este documento apresenta uma coletânea de poemas do projeto AfroPoemas, que busca fomentar debates e reflexões sobre temáticas sociais relacionadas à população negra por meio da arte poética. Os poemas abordam temas como a história e cultura afro-brasileira, a identidade negra, a diáspora africana e a luta antirracista.

1. nov 2022
AfroEscola
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AFRO
POE
MAS

2. Texto da primeira publicação AfroPoemas, em novembro de 2011
(ainda atual):
“É crescente a necessidade de falar sobre temáticas sociais que ainda
hoje são nós pessoais e coletivos na constituição psicológica de nossa
nação. E se conseguimos fazê-lo por caminhos artísticos / poéticos,
acreditamos que tais debates e reflexões podem experimentar processos
e resultados impressionantes. Essa foi justamente a proposta do
concurso solidário AfroPoemas e agora apresentamos a publicação que
nos dá muito orgulho. E certamente vontade de fazer outras...”
ESCREVER e REESCREVER constantemente nossas
Histórias e nossos sentimentos é uma prática que
auxilia a compreensão do que / quem fomos, do
que / quem somos e do que / quem podemos e
queremos ser. E já não nos privamos desse prazeroso
fazer, realizado com muita poética
e muita criatividade.
Odé
11
uma produção / publicação:

3. 3
10
- Aline Sales
- Iyá Vera
d'Osumaré
- Maria José Dias
- Odé
- Zé Brown
Mandingueiro

4. Urucubaca aqui?
Urucubaca não!
Traz logo o tutu,
o tantã,
o grigri,
tudo que é 'bão'
Eu quero Quizomba...
Odé
No orí de moleque mulambo
odara o ilê de babá
inhaca dos tempos do libambo
bamberê, axé de cazumbá
Odé
9
4

5. Cadê seu afropoema?
Está na pele, no cheiro, no ar…
Está na fumaça do meu cachimbo
Dentro do nosso Congá!
Mas o que é um AfroPoema
Senão alguém a lembrar
Que um dia uma linda alma
puxava as correntes no fundo do mar
Mas é urgente o afropoema!
Pois a alma ainda geme
E nos pede para lutar!
A arte que te encanta
é a mesma que o faz enxergar
Que o Afro é a raiz da vida,
mas não ocupa o seu lugar!
Caminhos estão abertos
Para um futuro
AFROPOEMAR
Aline
Sales
Eu sou
Negra, eu sou
Negra abençoada, Negra avermelhada
Negra desbotada, Negra dourada
Negra que sou
Sinto bem assim
Faço que posso, nem sempre o que quero
Mas eu vou, em frente
Sigo a vida legal
Eu sou
Negra mulher
Negra feliz
Eu sou
Negra é minha cor, minha raça
Poderosa, inteligente, magnânima,
observadora, criativa, simples e educada
Negra eu sou, sou eu
Negra sim
Iyá Vera
d'Osumaré
Negritude
5
8

6. O mar que me leva
O mar que me trouxe é o mesmo mar que vai me
levar de volta para o lugar de onde não deveria ser
tirado. Sequer perguntaram se eu queria vir. Me
trouxeram trancafiado, amarrado, para uma Terra
distante, desconhecida, separado de meus pares,
levados para trabalhar, acorrentados, chicoteados.
As marcas do sofrimento se misturam, hora
saudades, hora da dor de apanhar. Os cantos, são
para abafar os gritos daqueles que são levados para
o açoite. O mar que me trouxe é o mesmo que vai
me levar. Sei que um dia vou voltar para a minha
África, lugar de onde jamais deveria ser tirado. Lá
eu era livre, corria, nadava, cantava, não de dor, e
sim de alegria, cantava para celebrar a vida, a
colheita, o nascimento e também a morte. O mar
que me leva é o mesmo que vai me levar. Daqui só
ouço o seu balançar, o que me acalenta e me
fortalece, pois um dia sei que vou voltar. Aqui não
sou bem visto, um estranho fora do seu lugar, nem o
sol podemos admirar. Ah esse mar, que faz o barco
balançar, que reflete a luz do luar, com sua brisa faz
a gente acalmar, ah esse mar, o mesmo que me
trouxe e um dia vai me levar. No mar, no mar, no
mar, mora a rainha do mar.
Zé Brown Mandingueiro
Morada
Sentimentos de raiva,
tristeza, medo, amor, alegria,
afeto, liberdade
tempo de espera
Caminhos que nos leva
a percorrer lugares,
adentrar nossa primeira morada
Um banho de folhas para nos revitalizar
num novo ânimo.
Rezo,
faço uma prece a minha ancestralidade,
louvo a minha Senhora
que é dona do meu Ori!
Axé, Axé, Axé
Maria
José
Dias 7
6