Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Adaptações do sistema neuromuscular ao treinamento
1. ADAPTAÇÕES DO SISTEMA
NEURO-MUSCULAR AO
TREINAMENTO
Prof. Dino de Aguiar Cintra Filho
2. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
• Adaptações da fibra muscular
• Adaptações do sistema nervoso
• Curva de força-velocidade
• Treinamento com pesos para populações
especiais
– A mulher e o treinamento com pesos
– A criança e o treinamento com pesos
– O idoso e o treinamento com pesos
3. ESFORÇO FÍSICO
CARGAS FAIXAS
EXAUSTÃO
Fortes
Médias para ADAPTAÇÃO
Fortes
Fracas EXCITAÇÃO
para
Médias
(SELYE, 1956)
7. Adaptações ao treinamento com
pesos
Adaptações aos estímulos de treinamento podem ser agudas
ou crônicas:
• Modificações fisiológicas agudas: resultam numa mudança imediata
em uma variável examinada
• Modificações fisiológicas crônicas: significa uma resposta do corpo a
estímulos de exercícios repetidos ao longo de um programa de
treinamento.
• A eficácia de um treinamento com pesos em causar mudanças varia,
dependendo da quantidade de adaptação já ocorrida (Newton &
Kraemer, 1994).
• Os mecanismos ativados vão depender da maneira como algumas
variáveis agudas (escolha do exercício, ordem do execício, intensidade
utilizada, número de séries e períodos de repouso entre as séries e os
exercícios) do programa de exercícios de força são combinadas.
(Kraemer e cols, 1994)
8. “O músculo esquelético é o tecido mais
abundante do corpo e também um dos
mais adaptáveis. Por exemplo: o
treinamento intenso com pesos pode
dobrar ou triplicar o tamanho do
músculo, enquanto a falta de uso, como
a que ocorre no espaço, pode reduzi-lo
em 20% no período de duas semanas.”
(Armstrong, 1990)
9. Adaptações da fibra muscular
• A adaptação mais evidente é a ampliação
(alargamento) do músculo.
– HIPERTROFIA = tamanho da fibra
– HIPERPLASIA = número de fibras
• MODIFICAÇÕES ENTRE OS
DIFERENTES TIPOS DE FIBRAS
MUSCULARES
• TECIDOS CONJUNTIVOS
10. Em termos de metabolismo de proteínas,
o crescimento muscular é o resultado do
balanço entre síntese e degradação de
proteína, necessitando haver um
predomínio da primeira sobre a
segunda. (Bacurau 2001)
11.
12. HIPERPLASIA
• 1os. estudos com animais (Gonyea, 1980; Ho e cols, 1980)
• Alguns estudos comparando comparando fisiculturistas e
levantadores de peso concluíram que a seção transversa do
músculo não foi significativamente maior do que o normal,
ainda que esses atletas possuíssem musculatura mais
desenvolvida do que o normal.(MacDougall e cols, 1982;
Tesch e Larsson, 1982)
• Outro estudo com fisiculturistas concluiu que eles possuíam o
mesmo número de fibras musculares que o grupo controle,
porém possuíam fibras mais largas ( MacDougall e cols.,
1984)
• Estudo realizado com gatos indicou que para a ocorrência da
hiperplasia,a intensidade do exercício deve ser suficiente para
recrutar fibra rápidas do tipo II. (Gonyea, 1980)
13. HIPERPLASIA
• Estudo de Appell e cols. (1988) observou a formação de
miotúbulos em indivíduos que haviam pedalado.
• MacDougall (1992) fez outra interpretação do achado
mencionando a ativação de “células satélites” com o
intúito de reparação de lesões promovidas pela contração
excêntrica.
• Kadi (2000) demonstrou pela primeira vez que o
treinamento de força promove o aparecimento de novas
fibras musculares a fim de garantir o aumento da massa
muscular.
– Fibras originárias de células satélites - 46%
14.
15. Controvérsias a parte, ainda que o processo
de hiperplasia possa existir, Kraemer e cols.
(1996) afirmam que, mesmo em condições
excepcionais, sua contribuição para o
aumento do músculo pode não ser maior do
que 5%. Destacam também que não pode
ocorrer de maneira igual em todos os
indivíduos.
16. HIPERTROFIA
no tamanho muscular em resposta ao treinamento com
pesos tem sido observado em estudos com animais e
humanos.
• Hipertrofia em animais:( Bass e cols., 1973; Gollnick e
cols., 1981; Timson e cols., 1985)
• Hipertrofia em atletas treinados em força. (Alway, 1994;
Alway e cols., 1989; Jansson & Svane, 1978) => atribuído
ao tamanho e número de filamentos de actina e miosina e
adição de sarcômeros. (Goldspink, 1992; MacDougall e
cols., 1979)
• Nem toda fibra muscular apresentou aumento na mesma
proporção. A quantidade do aumento depende do tipo de
fibra muscular e do padrão de recrutamento.(Kraemer e
cols., 1995)
17.
18. Com o início de um programa de
treinamento de força pesado, mudanças
nos tipos de proteínas musculares (
cadeia de miosina pesada) começam a
acontecer em algumas sessões de
treinamento. Para demonstrar uma
quantidade significativa de hipertrofia de
fibra muscular parece que é necessário um
período superior a 8 semanas de
treinamento.
(Staron e cols., 1994)
19. Transformação do Tipo de Fibra
• Modificações no mATPase de fibras musculares dão
indicação de associação a modificações no conteúdo
da cadeia pesada de miosina. (Fry e cols., 1994)
• Estudos indicam transformações comuns entre um
subtipo particular de fibra muscular dentro de um
continuo de tipos de fibra muscular (Tipo IIB para
Tipo IIA). (Adans e cols., 1993; Staron e cols., 1991,
1994; Kraemer e cols., 1995).
• Sob condições normais de treinamento não existe
duvidas de que fibras do tipo II não se transformam
para fibras do tipo I. (Kraemer e cols., 1995)
20. Processo de transformação de fibra muscular
Treinamento com exercício de força
?
I IC IIC IIAC IIA IIAb IIAB IIaB IIB
Necessário mais estresse
oxidativo de treinamento
de resistência aeróbia
Levantar uma
resistência externa
Ponto final para os programas de treinamento de força ativa o processo de
pesada transformação
21. Transformação do Tipo de Fibra
• Estudo de Staron e cols. (1994) realizado com homens e
mulheres, treinando com pesos (alta intensidade), 2 vezes
por semana, durante 8 semanas, 6 séries de 8 RM um dia e
10 a 12 RM em outro (Agachamento, leg press, extensão
de joelhos), com período de recuperação de 2 min.
Força dinâmica máxima, sem modificações no tamanho
da fibra muscular ou massa magra => Fatores neurais
significativa %fibras IIB – 21% para 7%
– Mulheres = após 2 semanas
– Homens = após 4 semanas
• Alterações na cadeia pesada da mATPase
• Modificações nos fatores hormonais (interações entre
cortisol e testosterona) estão corelacionadas com as
alterações.
22. A conversão (não subtipos) no sentido “contrário”,
ou seja, fibras do tipo IIa tornando-se tipo I, ainda
não foi demonstrada de modo inequívoco em seres
humanos. É certo que atletas de elite em
modalidades de endurance podem ter até 95% de
fibras de contração lenta em seus grupos
musculares principais. Não se sabe ainda se esses
indivíduos já nasceram com esses números ou
tiveram ao longo dos anos de treinamento, a
conversão já mencionada (IIa para I).
(Bacurau e cols., 2001)
23. Transformação do Tipo de Fibra
• Staron e cols. (1991) examinaram modificações na musculatura
esquelética em mulheres treinando num período de 20
semanas, destreinando num período de 30 a 32 semanas e,
retreinando num período de 6 semanas.
% fibras tipo IIB de 16% para 0,9%
– Área transversal do músculo retornou aos valores pré-treinamento
– Conversão de fibras tipo IIA para IIB.
– Conversão % fibras IIB para IIA foi mais rápida no retreinamento.
• Kadi (2000), concluiu que as fibras do tipo IIa são
predominantes nos músculos que hipertrofiam.
24. Transformação do Tipo de Fibra
• Estudos de Adans e cols., 1993; Halther e cols., 1991;
examinaram os efeitos do treinamento com pesos sobre a
resposta da força, morfologia, reações histoquímicas e
reações da mATPase muscular.
– 3 grupos de homens– 19 semanas
– Grupo 1 – (Conc/Exce), 4 a 5 séries de 6 a 12 repetições
– Grupo 2 – (Conc), 4 a 5 séries de 12 repetições
– Grupo 3 (Conc/Conc), 8 a 10 séries de 6 a 12 repetições
fibras tipo IIA e IIB em todos os grupos
área fibras tipo I – Grupo 1
área fibras tipo IIB – Grupo 1 e 2
capilares por área de fibra – grupo 3
25. Quanto a questão da hipertrofia/hiperplasia, sabe-se que, de
acordo com o princípio do tamanho, o exercício de força
ativa todos os tipos de unidades motoras disponíveis,
incluindo, portanto, aquelas contendo as fibras do tipo I e II.
Dessa forma, o treinamento de força resulta no aumento de
ambos os tipos de fibra. Por meio desse treinamento, porém,
as fibras do tipo II aumentam até duas vezes mais do que as
fibras do tipo I. A credita-se que esse processo ocorra
principalmente por meio do aumento das proteínas dentro da
célula e de uma elevação no número e tamanho das
miofibrilas.
26. Tecidos Conjuntivos
• A atividade física aumenta o tamanho e a força de
ligamentos, tendões e ossos (Fahey e cols., 1975;
Stone, 1992; Zernicke, 1992)
• 6 a 12 meses para uma modificação na densidade
óssea (Conroy e cols., 1992).
• Embora se admita que os tecidos densos e fibrosos
que compõem os tendões e ligamentos respondem
às mudanças metabólicas e são adaptáveis, nenhuma
pesquisa examinou os efeitos de exercícios pesados
de força sobre essas estruturas (Stone, 1992;
Zernicke, 1992).
27. Tecidos Conjuntivos
• Conroy e cols. (1993) demonstrou que
levantadores olímpicos de peso de categoria júnior
(14 a 17 anos) tinham densidade óssea
significativamente mais alta nas regiões dos
quadris e do fêmur do que do grupo controle da
mesma idade.
– Os jovens levantadores apresentavam densidade óssea
superior a de homens adultos.
– A densidade óssea continuou a aumentar durante o ano
seguinte de treinamento.
28.
29. ADAPTAÇÕES DO SISTEMA NERVOSO
• Princípio do tamanho
– Baseia-se na relação observada entre a força de
contração da unidade motora e o limiar de recrutamento
(Desmed, 1981).
– As unidades motoras são recrutadas em ordem de baixo
para alta produção de força
– Normalmente as unidades motoras do tipo II têm uma
força de contração alta e assim não são recrutadas a não
ser que seja necessário.
na velocidade de ativação das unidades motoras
também força.
30. ADAPTAÇÕES DO SISTEMA NERVOSO
• Ativação do tecido muscular:
– Ploutz e cols., (1994) verificaram aumento significativo da força
muscular no músculo treinado, enquanto que a seção transversa do
mesmo músculo não sofreu aumento significativo.
– Fatores neurais mediaram grande quantidade do aumento da força.
– A quantidade de músculo que precisava ser ativado no teste pós-
treinamento era menor do que a requerida para realizar o mesmo
protocolo de exercício antes do treinamento – necessidade de
aumento da carga.
• Fatores neurais estão relacionados aos seguintes processos:
impulso neural aumentado para o músculo, sincronização
aumentada das unidades motoras, ativação aumentada do
aparato contrátil e inibição dos mecanismos protetores do
músculo (Orgãos Tendinosos de Golgi)
34. MULHERES E TREINAMENTO
DE FORÇA
• Força muscular total máxima = 63,5%
• Força isométrica parte superior = 55,8%
• Força isométrica parte inferior = 71,9%
(Laubach, 1976)
35. Recordes mundiais de levantamento de peso (1991) na
categoria universitária de 53 Kg (Kraemer & Koziris, 1994)
Exercício % do
homem
Agachamento 142,8 183 78
Supino 72,6 115,9 62,6
Levantamento Terra 156,8 192,8 81,6
36. Diferenças de gênero na força muscular relativa
Tamanho Corporal ( Wilmore, 1974)
Supino
•1RM = 37%
•Valores relativos a massa corporal magra = 46%
•Valores relativos ao peso corporal = 55%
Pressão de Pernas
•1RM = 73%
•Valores relativos a massa corporal magra = 92%
•Valores relativos ao peso corporal = 106%
37. Efeitos do Treinamento
• Alterações na composição corporal e no tipo de
fibra muscular devidas ao treinamento de força
ocorrem da mesma maneira em ambos os gêneros.
• Programas de treinamento com pesos ganham
força na mesma velocidade, ou mais rápido .
• Evidências iniciais indicam que os ganhos de
força podem alcançar um platô depois de 3 a 5
meses de treinamento e podem não progredir tanto
como os do após esse período (Hakkinen e
cols., 1989; 1993.
– Diferença mais pronunciada na parte superior do corpo.
38.
39.
40. Mulheres que desenvolvem grande
quantidade de hipertrofia com o treinamento
de força
• Níveis em repouso mais altos do que o normal para
testosterona, hormônio do crescimento e outros hormônios;
• Maior resposta hormonal do que o normal com a execução
de treinamento de força;
• Relação estrogênio-testosterona mais baixa do que o
normal;
• Disposição genética para desenvolver massa muscular;
• Capacidade de executar um programa de treinamento de
força mais intenso.
41. Treinamento
Hipófise
Hormônio Liberador da
Corticotrofina
Hormônio Liberador da Gonadotrofina
Hormônio Luteinizante Hormônio Folículo-estimulante
Distúrbios no ciclo menstrual
Estrogênio Progesterona
Perda Óssea
42. Crianças e Treinamento de
Força
• Benefícios mostram-se superiores aos riscos.
força muscular e resistência muscular localizada;
lesões nos esportes e atividades recreativas;
capacidade de desempenho nos esportes e atividades
recreativas
• Estudos tem demonstrado que ocorrem ganhos em
força muscular em crianças a partir do treinamento
de força, comparando-se essas crianças com
aquelas que não realizam esse treinamento
(Faigenbaum, 1993; Kraemer e cols., 1989;
Blimkie, 1989, 1993; Sale, 1989)
43. Ganhos na força de perna com a idade de meninos acompanhados
longitudinalmente por 12 anos. Observe o aumento significativo na curva
dos 12 aos 16 anos de idade.
700
600
Força de Perna (Kg)
500
400
300
200
100
0
6
8
10
12
14
16
18
20
Idade (Anos)
44. Modificações na força com o desenvolvimento em meninos e meninas
32
Composição da força por massa corporal (N/Kg)
Meninos
30 Meninas
28
26
24
22
20
18
be
re de en
to de de
u r da im r da r da
Pr é-P ube sc ube ube
daP Cre aP s -P
e ld Pó
ic io od ina
In Pic F
45. Testosterona (Homens)
etário. Força
Massa Livre de gordura
Desenvolvimento do Sistema
Nervoso
Tipo de diferenciação de fibra
Adulto
Nascimento Puberdade
Força Consolidação Ótimo
primariamente dos fatores da Potencial
via padrões motores força de força
46.
47. O idoso e o Treinamento de Força
• Em geral, a força muscular máxima é alcançada
entre as idades dos 25 e 35 anos de idade. Acima
dessa faixa etária, diminui gradualmente para a
taxa de aproximadamente 1,8% por ano
• As perdas na força muscular em relação a idade
resultam de uma perda da massa muscular que
acompanha a idade ou decréscimo da atividade
física.
48. Treinado Não-treinado
200
Pico de força de extensão de joelhos
180
160
140
120
(Nm)
100
80
60
40
20
20 30 40 50 60 70 80
Idade (Anos)
49. Tomografia dos braços de três homens de 57 anos de idade de peso
corporal similar. A figura mostra (1) osso, (2) músculo, e (3) gordura
subcutânea. Observe a diferença na área múscular de um indivíduo
não-treinado (a), um indivíduo treinado em natação (b), e um
indivíduo treinado em força (c).
50. Modificações na composição do tipo de fibras do gastrocnemius de corredores de longa
distância de elite que permaneceram competindo, mantendo bom nível de aptidão
física, ou tornaram-se sedentários durante os 18 anos de estudo. Note que os corredores
que continuaram a competir apresentaram poucas modificações no percentual de fibras
de contração lenta, enquanto aqueles com menor aptidão e não-treinados
experienciaram um aumento no percentual das fibras de contração lenta .
1974 1992
70
% de fibras de contração lenta
60
50
40
30
Corredores de elite Boa Aptidão Não-treinados
53. “CADEIA PESADA” DA MIOSINA
• Determina as características funcionais da
fibra muscular.
• Adultos (Isoformas)
– I (Fibra do tipo I)
– IIa (Fibra do tipo IIa)
– IIx (Fibra do tipo IIb)
• O tipo de miosina de cadeia pesada mais
rápido que existe é o tipo IIb