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J. van Rijckenborgh
A ARQUIGNOSIS
EGÍPCIA
3
ROSACRUZ AUREA
A ARQUIGNOSIS EGÍPCIA
e o seu chamado no eterno presente
de novo proclamada e esclarecida
baseada na
TÁBULA SMARAGDINA e no CORPUS HERMETICUM
de
HERMES TRISMEGISTO
por
J. VAN RIJCKENBORGH
Tomo III
1~ edição- 1989
Uma publicação do
LECTORIUM ROSICRUCIANUM
ESCOLA ESPIRITUAL DA ROSACRUZ ÁUREA
São Paulo - Brasil
Traduzida do alemão:
DIE AGYPTISCHE URGNOS/S- 3
Tftulo do original holandês:
DE EGYPTISCHE OERGNOSIS
EN HAAR ROEP lN HET EEUWIGE NU
ROZEKRUIS-PERS
Bakenessergracht 11-15
Haarlem - Holanda
Todos os direitos, inclusive os de 1radução ou reprodução do presente livro, por
qualquer sistema, total ou parcial, soo reservados à Rozekruis-Pers, Haa~em,
Holanda.
PREFÁCIO
A marcha da humanidade, que se tornou novamente
para o homem terreno numa marcha do destino, mostra de
novo sua regularidade inatacável em meio a toda a teimosia
humana ímpia: "Pelos frutos se conhece a árvore" e "colherás
o que semeares!"
A imagem do mundo aluai, com sua ameaça e seu ódio
vermelho-sangue, com sua degeneração vergonhosa e seus
aspectos dementes, pronunciam a essa luz um julgamento
aniquilador, o qual anuncia o fim próximo desse dia de mani-
festação.
Muitos o reconhecem e estão assustados, em seu mais
profundo ser, com aquilo que o tão louvado conhecimento
humano produziu. Consciente ou inconscientemente, eles
buscam na inutilidade das coisas um caminho que possa
atenuar o crescente sentimento de culpa e oferecer uma
possibilidade de obter, além do discernimento libertador, uma
atitude de vida que propicie a reconciliação interior com a
Fonte Única da Vida
A terceira parte do livro A Arquignosis Egí,ocia e seu
Chamado no eterno Presente chama a atenção, através da
compreensão inferior ligada aos órgãos dos sentidos, para o
Bem Único, que apenas pode ser encontrado em Deus, no
mais profundo ser do homem, e oferece a chave para uma
vida libertadora no .caminho do renascimento da alma. Quem
realmente busca a Luz na escuridão da noite que cai é colo-
cado aqui perante a prática da palavra de Cristo: "Buscai
primeiro o Reino de Deus e Sua justiça". Essa prática é ex-
plicada pela lei hermética: "Tudo receber, tudo abandonar e,
VIl
com isso, tudo renovar".
Possam muitos buscadores entender ainda o chamado
da Gnosis para a auto-realização e utilizar a chave da liber-
tação para sua salvação e a da humanidade.
Jan van Rijckenborgh
VIII
A porta de Saturno
O PORTAL DE SATURNO
Saturno é o senhor da matéria e a origem de todos os
processos de cristalização. Como tal, ele é a força do impe-
dimento, da restrição e da queda.
Do mesmo modo, a função de Saturno é manifestar tu-
do aquilo que foi criado pelo homem. Por isso, ele geralmen-
te é representado como "o homem com a fo1ce e a ampulhe-
ta", como o hierofante da morte. Com efeito, todos os valores
da vida satânica dialética, todas as conseqüências do ego-
centrismo, a inteira atividade da vida inferior, são por ele tra-
zidas à luz do dia, num momento psicológico. Saturno é o
Pai-Tempo, Cronos, que ordena: "Até aqui e não mais além!"
Saturno é, além disso, o iniciador! Aquele que segue a
senda de renovação da vida e que se volta para a harmonia
com a grande lei universal da vida, encontra Saturno como o
revelador de tudo aquilo que se tornou novo: os valores impe-
recíveis que se encontram consolidados na alma.
Saturno, o mensageiro da morte da natureza efémera,
torna-se então o arauto do homem imperecível, ressuscitado.
O ano de 1962, em que esta terceira parte da Arqui-
gnosis Egfpcia foi publicada, é um ano saturnino, isto é, um
ano em que a humanidade foi colocada enfaticamente diante
de uma escolha: submeter-se ao caminho do velhÓ Saturno,
o caminho que conduz à decomposição pela morte, ou trilhar
o caminho de libertação que, com o auxilio das forças-luzes
da Gnosis Universal, leva ao portal da nova vida, à cidade
áurea, à nova Jerusalém.
IX
DÉCIMO LIVRO
O BEM ESTÁ UNICAMENTE EM DEUS
E EM NENHUMA OUTRA PARTE
1. O bem, Asclépio, está exclusivamente em Deus, ou me-
lhor, Deus é o bem em toda a eternidade. Conseqüente-
mente, o bem é necessariamente o fundamento e a es-
sência de todo o movimento e de todo o devir: não existe
nada destitufdo dele! O bem é circundado por uma força
reveladora estática em perfeito equilíbrio - a inteira pleni-
tude, a fonte universal, a origem de todas as coisas -
quando denomino aquilo que tudo preenche, quero dizer
o bem absoluto e eterno.
2. Esta qualidade pertence exclusivamente a Deüs, pois de
nada Ele carece, porque nenhum desejo de posse pode
tomá-Lo mau; niio há nada que Ele possa perder e cuja
perda Lhe cause dor (porque sofrimento e dor são uma
parte do mal); não há nada que seja mais forte do que
Ele e que possa combatê-Lo (nem tampouco está em
conformidade com Sua essência, que a injúria possa
atingi-Lo); nada O ultrapassa em beleza que possa in-
flamar seus sentidos em amor: nada pode recusar obe-
decer-Lhe e causar-Lhe por isso cólera; e nada é mais
sábio do que Ele e que assim possa despertar Seu ciú-
me:
3. Estándo pois ausentes no onisser todas essas emoções,
nada existe nEle senão o bem. E. visto que nenhum dos
outros atributos pode apresentar-se em semelhante ser, é
igualmente certo que o bem não pode ser encontrado em
nenhum outro ser.
4. Pois, todos os outros atributos se encontram em todos os
seres, tanto nos pequenos como nos grandes, em cada
um deles a sua própria maneira, e, mesmo no mundo, o
maior e o mais poderoso de toda a vida manifestada; tu-
do o que foi criado está cheio de sofrimento1, pois a ge-
ração mesma é um sofrimento. Onde há sofrimento, o
bem está decididamente ausente. Porque onde está o
bem certamente não há sofrimento. Pois, onde está o
dia, não está a noite, e onde está a noite, não está o dia.
Por isso, o bem não pode habitar no que é criado, porém
somente no incriado; contudo, como a matéria de todas
as coisas participa do incriado, participa como tal igual-
mente do bem. Neste sentido, o mundo é bom, pois até o
ponto onde também produz todas as coisas, ele é, como
tal, bom; todavia, em todos os outros aspectos, não é
bom, porque também está sujeito aos sofrimentos e à
mutabilidade, e é mãe de todas as criaturas suscetíveis
de sofrimento.
1. Pathos: sofrimento, dor; também o sofrimento da alma e paixão; todas as emo-
ções estão contidas nessa acepção.
2
5. O homem estabelece as normas de bondade mediante a
comparação com o mal, porque o mal não demasiada-
mente grande vale aqui como o bem, e o que aqui é jul-
gado como o bem, é a menor parte do mal. Portanto, de
modo algum, pode aqui ser livre da mácula do mal. Aqui
o bem é sempre de novo atingido pelo mal, e, deste mo-
do, cessa de ser bom. Assim, o bem se degenera em
mal. Assim o bem está somente em Deus, sim, Deus é o
bem.
6. Entre os homens. Asclépio, encontra-se o bem unicamen-
te segundo o nome, todavia em parte alguma como rea-
lidade, o que é, aliás, impossfvel. Porque o bem não po-
de encontrar lugar num corpo material que está quase
sufocado em males e em esforços penosos, dores e de-
sejos, instintos e ilusões e imagens dos sentidos.
7. O pior de tudo, Asclépio, é que se considera cada uma
das coisas que nomeei e que impulsiona os homens,
como o bem supremo, em vez de um mal extremo. O ins-
tinto de cobiça do ventre2, o incitador de todas as malda-
des, é o erro que nos tem aqui afastado do bem.
a. Por isso, dou graças a Deus pelo que ele mal]ifestou a
minha consciência como conhecimento sobre o bem que
não se pode encontrar no mundo, pois o mundo está
preenchido pela plenitude do mal, do mesmo modo que
Deus está preenchido pela plenitude do bem, ou o bem,
pela plenitude de Deus.
2. Plexo Solar.
3
9. Do ser divino irradia a beleza, que habita no ser de
Deus, em suprema pureza e imaculabilidade. Ousemos
proferi-lo, Asclépio: a essência de Deus, se nos for per-
mitido falar disso, é o belo e o bem.
10. Náo se pode encontrar o belo e o bem, naqueles que
estão no mundo. Todas as coisas perceptíveis aos olhos
são formas aparentes, algo como silhuetas. Porém tudo
o que vai além dos sentidos se aproxima ao máximo do
ser do belo e do bem. E assim como o olho não pode
ver a Deus, tampouco pode ver o belo e o bem, pois
ambos são partes perfeitas de Deus, porque próprias
dEle e dEle somente, inseparáveis de Seu ser, e ex-
pressão do supremo amor de Deus e a Deus.
11 . Se assim pudesses reconhecer a Deus, reconhecerias o
belo e o bem, em sua suprema glória radiante, inteira-
mente iluminada por Deus, pois essa beleza é incompa-
rável, essa beleza é inimitável, assim como Deus mes-
mo o é. À medida que reconheces a Deus, reconheces
também o belo e o bem. Eles não podem ser participa-
dos a outros seres, por serem inseparáveis de Deus.
12. Se buscaste encontrar a Deus, busca também o belo,
pois há somente um caminho que conduz daqui ao be-
lo: uma vida ativa que serve a Deus nas mãos da Gno-
sis.
13. Por isso, aqueles que estão sem a Gnosis e não trilham
o caminho da devoção ousam chamar o homem de belo
e bom, ele que jamais viu, mesmo em sonhos, o que é
4
o bem, porém que está nas garras de todas as formas
do mal, e que considera o mal, como o bem e, deste
modo, acolhe o mal sem jamais ser saciado, temendo
ser dele privado e, lutando, tenta, com todo o seu poder,
conservá-/o e mesmo fazê-lo multiplicar.
14. Assim, Asclépio, isso está estabelecido no tocante à
bondade e à beleza humanas, e não podemos delas fu-
gir nem odiá-las, porque o mais penoso de tudo é que
precisamos delas, e sem elas não podemos viver.
5
11
O MISTÉRIO DO BEM
Sem dúvida alguma, conheceis a passagem do jovem
rico, descrita nos evangelhos; a história do homem que en-
contra Jesus e lhe pergunta: "Bom Mestre, que devo fazer
para herdar a vida eterna?" Jesus, antes de responder, dis-
se-lhe: "Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, a não
ser um, que é Deus".
Se pegarmos o décimo livro de Hermes Trismegisto, ve-
remos que o trecho evangélico citado acima é proveniente da
filosofia hermética. Isto pode ser facilmente comprovado,
pois a filosofia hermética já existia, há milhares de anos, an-
tes do surgimento de quaisquer evangelhos cristãos. Já no
primeiro versículo, do décimo livro, lemos:
O bem está exclusivamente em Deus, 0t1 melhor, Deus
é o bem em toda a eternidade.
Essas palavras demonstram claramente que o bem é,
para nós, uma realidade desconhecida, a indicação de um
estado que não podemos nem sequer nos aproximar.
Se refletirdes sobre isso, percebereis que nosso "bem",
ou aquilo a que estais acostumados a chamar de bem, está
7
relacionado com algo totalmente diverso. Trata-se de um
conceito inteiramente relativo que apresenta certo valor para
o homem-eu durante um tempo limitado. Sabeis que aquilo
que denominais "bom" pode talvez se revelar muito mau, ou
pelo menos crítico, a outrem. Aquilo que alguém enaltece
como sendo o mais nobre, é considerado o mais desprezível
por outro.
Existem tantas normas de bondade e maldade quantos
seres humanos. Em geral, julgamos bom aquilo que nos pa-
rece belo e agradável ou se encontra em s1ntonia com nossa
compreensão de vida. O contrário consideramos então como
mau. Por conseguinte, reina, neste ponto, um caos intenso,
pois não há homens realmente bons em nosso campo de vi-
da. Do mesmo modo, não pode ser encontrado o bem, o bem
único, neste campo de vida.
Os conceitos dialéticos· de "bom" e "mau" não encon-
tram nenhuma base, não podendo, por isso, constituir as
normas sobre as quais uma filosofia libertadora deve ser
construída. Nesse sentido, existe muitas vezes uma pensada
e alarmante fraude. Cada povo, cada raça, cada grupo, cada
movimento, fundamenta-se nessa assim chamada bondade.
E dizem: "O bem é como o vemos, compreendemos e faze-
mos. Atentai, pois, para o que fazemos". Entretanto isso é
algo, além de ridículo, muito perigoso, pois aquele que dá
ouvidos a tais autolouvores terá grandes desilusões. A lei dos
opostos alcançá-lo-á inevitavelmente.
Ninguém discordará do fato de que a humanidade pre-
tende e sempre aspirará a solucionar seus problemas tão
bem quanto possível, e de que existem inúmeras pessoas
que desejam, de coração, colaborar nisso. Todavia, não espe-
• Ver·Glossário no final do livro.
8
rai disso algo de essencial. Não esperai o bem, pois, aquilo
que é apregoado como bom aqui em nosso campo de exis-
tência, é mentira ou engodo. Isso já foi seguramente confir-
mado há milhares de anos.
Neste mundo, já se filosofou muito sobre esse assunto.
Pensai, por exemplo, em Nietzsche que considerou, com ra-
zão, completamente secundária a discriminação entre o bem
e o mal. Também um filósofo como Kant compreendeu que
aqui o bem e o mal são dependentes do Julgamento humano.
O que vos parece bom, é bom para vós; outro pode divergir
totalmente de vossa opinião. Aquele que se aferra a essa
idéia, nunca encontrará solução.
De quantas conversas já participastes, conversas com-
pletamente vãs, referentes a vossas muitas vezes diferentes
apreciações do bem e do mal? Por isso, não é nosso objetivo
entediar-vos com nossa compreensão do bem e do mal. Não,
nossa intenção é libertar-vos de tudo isso e dirigir vossa
atenção ao verdadeiro bem, que existe exclusivamente em
Deus.
No final do décimo livro, no versículo 14, é dito o se-
guinte, referente à ignorância humana sobre o bem e o mal:
Assim, isso está estabelecido no tocante à bondade e à
beleza humanas, e não podemos delas fugir nem odiá-las,
porque o mais penoso de tudo é que precisamos delas, e
sem elas não podemos viver.
Nosso objetivo é de vos elevar, se possível, ao ponto de
vista hermético. Se observardes a ostentação de bondade
humana nos diversos grupos existentes no mundo, se cami-
nhardes entre o formigamento de atos de bondade, e se for-
9
des um verdadeiro buscador da verdade, ser-vos-á impossível
amar tudo isso. Certamente, podeis encontrar nisso elemen-
tos úteis em muitos aspectos, e às vezes coisas agradáveis.
Porém vendo tudo isso à luz da filosofia hermética, reconhe-
cereis diretamente como tudo é insuficiente e sem esperan-
ça. Sereis incapazes de amar essas tentativas de se fazer o
bem. O que é válido para o amor, o é também para a bonda-
de. Assim como o bem existe somente em Deus, assim tam-
bém o amor pode apenas nEle existir. Nenhum dos dois po-
derá, naturalmente, ser encontrado no homem' nascido da
natureza. Eis por que o buscador da verdade não deve tentar
encontrá-los onde eles não estão.
Porém, deveis cuidar para que não odieis a bondade e
a beleza humanas, pois o ódio queima, destrói. O amor tam-
bém é um fogo, uma força astral relacionada com o coração.
Assim, quando uma pessoa que busca o amor é desiludida,
ela é sempre submetida a uma purificação, e o anseio pelo
único necessário toma-se mais puro, mais urgente. Contudo,
o fogo do ódio, que também é uma radiação astral no san-
tuário' do coração, destrói e faz murchar o coração. Não so-
bra nada ao homem que odeia.
Existe ainda uma terceira atitude de vida, que não es-
pera nem busca o impossível. Assume-se um ponto de vista
puramente objetivo diante dessas coisas e se verifica um tipo
de benevolência neutra, em que as coisas são simplesmente
aceitas tais como elas são. Por isso, Hermes diz:
. . . não podemos fugir da bondade nem da beleza hu-
manas, nem odiá-/as, porque o mais penoso de tudo é que
precisamos delas, e sem elas não podemos viver.
Enquanto atravessais a vida nascida da natureza,
10
necessitais dessa vida e de suas características; por isso, soa
o conselho: "Não alimenteis ódio algum com relação à mar-
cha de vossa vida através da natureza e não tenteis fugir da
mesma". Então, o que fazer?
Se não amais nem odiais a beleza e a bondade huma-
nas e não tentais delas fugir, encontrais-vos autônomos em
relação à natureza dialética*. Então não existe nada que vos
una a ela nem que vos possa deter. Assim, cumpris vossas
obrigações diárias, sem queixas, lamentações, nem senti-
mentos de vingança ou de oposição.
Atravessais a vida tenebrosa da natureza da morte se-
gundo uma lei que vos impele. Não podeis negar vosso nas-
cimento na natureza* da morte. Cumpri pois vossas obriga-
ções em virtude dessa realidade e fazei-o de cabeça erguida.
Sem ódio, sem fuga, sem amor, e se encontrardes outro bus-
cador da verdade na senda da vida, contentai-vos com um
olhar de compreensão.
Para onde vai o buscador da verdade? Ele se volta para
a base das coisas, para a base de todo o devir. O buscador
da verdade se volta para o bem único. O bem somente pode
ser encontrado em Deus, e aquele que encontra Deus, que
participa do bem, a partir desse momento, já não é deste
mundo. Uma vez encontrado Deus, estareis junto com os ou-
tros irmãos e irmãs no novo campo de vida, no mundo da
alma.
Atentai para o fato de que o homem pode participar
verdadeiramente do bem, porém não pode ser o bem, assim
diz Hermes. O bem sempre se distinguirá do homem. Nesse
sentido, ninguém é bom, nem um sequer.
Por isso, devemos examinar o que e quem é o bem, e
como um homem pode participar dele. Além disso, devemos
11
compreender claramente que tipo de ser vivente é, na verda-
de, o homem nascido da natureza. Entre o homem nascido
da nat'ureza e o bem está a senda, a senda que leva à parti-
cipação do bem. Aquele que deseja trilhar essa senda deve
começar a não se prender a nada, a nada se prender no sen-
tido aéima exposto. Somente quando já não estiverdes ape-
gados à natureza em que nascestes e fostes educados, quer
em relação ao amor, quer em relação ao ódio, podereis viajar
oom a alma de Belém ao Gólgota. Então, podereis trilhar a
senda rumo à unidade divina, ao bem único.
Coloquemo-nos então, como viajantes ansiosos, diante
do mistério do bem. Tentemos desvendar esse mistério.
12
III
A SENDA DA AUTO-RENDIÇÃO
O bem, Asclépio, está exclusivamente em Deus, ou
melhor, Deus é o bem em toda a eternidade. Conseqüente-
mente, o bem é necessariamente o fundamento e a essência
de todo o movimento e de todo o devir: não existe nada des-
titufdo dele! O bem é circundado por uma força reveladora
estática em perfeito equiltbrio - a inteira plenitude, a fonte
universal, a origem de todas as coisas - pois quando deno-
mino aquilo que tudo preenche, quero dizer o bem absoluto e
eterno.
Esta qualidade pertence exclusivamente a Deus, pois
de nada Ele carece, porque nenhum desejo de posse pode
tomá-Lo mau; não há nada que Ele possa perder e cuja per-
da Lhe cause dor (porque sofrimento e dor são uma parte do
mal); não há nada que seja mais forte do que Ele e que pos-
sa combatê-Lo (nem tampouco está em conformidade com
Sua essência, que a injúria possa atingi-Lo); nada O ultra-
passa em beleza, que possa inflamar seus sentidos em
amor; nada pode recusar obedecer-Lhe e causar-Lhe por isso
cólera; e nada é mais sábio do que Ele e que assim possa
despertar Seu ciúme.
13
Consideremos mais de perto essas palavras constantes
do décimo livro de Hermes. Elas mostram que a noção de
Deus, na filosofia hermética, dimana da certeza de uma di-
vindade autônoma e imutável. Ao mesmo tempo, reconhe-
cemos J:J fato de que os ensinamentos herméticos foram in-
troduzidos em quase todos os grupos religiosos mais impor-
tantes do mundo, não obstante todas as distorções a que fo-
ram submetidos.
Imaginai, se possível, as sete regiões cósmicas, não
dispostas uma sobre a outra nem em posições contíguas, po-
rém, concêntricas umas às outras. A total harmonia da cria-
ção, a plenitude da criação nas sete regiões cósmicas, seu
movimento e atividade, não são a divindade, porém encon-
tram nela seu fundamento e sua essência. Deus, o Incognos-
cível, o Bem, é circundado por uma força reveladora estática,
que é a fonte universal, a origem de todas as coisas. Esse
bem, absoluto e eterno, que tudo preenche, pertence exclusi-
vamente a Deus. Ele de nada carece, pois Ele é tudo em Si
mesmo.
Desse ser único e incognoscível dimana uma radiação
poderosa e oniabarcante. O universo foi criado e é mantido
mediante essa poderosa radiação da divindade única que
preenche todo o universo e que é, portanto, onipresente. Por
um lado, existe Deus, o bem único; por outro, a criação e a
criatura nessa imensurável complexidade.
Se puderdes agora vos apegar a essa idéia, como pon-
to de partida de uma atitude de vida; se puderdes aprofun-
dar-vos em tudo isso, devereis então perguntar-vos por que
esse assunto é apresentado a Asclépio. Talvez, devido a um
doutrinamento dogmático?
Não, Asclépio deve tornar-se um sanador, ou seja, um
14
sacerdote, e é claro, curar primeiramente a si próprio. Asclé-
pio deve, como criatura, elevar-se a seu objetivo supremo
que se encontra contido somente no bem único.
Todavia, por enquanto, Asclépio se vê colocado diante
da imensurável complexidade da criação e das criaturas. Mi-
lhões de criaturas são, em sentido mais restrito, nossos se-
melhantes. Dentre todos esses companheiros de raça e de
destino, muitos se colocam em um ponto de vista contrário.
Pensai nas inúmeras autoridades ex1stentes no mundo que
vos dizem: "Nós afirmamos isso, portanto, ouvi-nos. Isso nós
fazemos, isso nós sabemos, isso nós podemos. Segui esse
caminho; é esse que deveis trilhar".
Sim, houve às vezes períodos da humanidade em que a
coação foi exercida por parte das classes dominantes, coa-
ção sob a ameaça de tortura e à vida. Os irmãos e irmãs da
tríplice aliança da luz - Graal, cátaros* e cruz-com-rosas -
podem testemunhar disso! MeS!:flO em nosso tempo, desen-
volve-se também o controle da consciência, tanto em peque-
na como em grande escala. Esse controle encontra respaldo
em vários domínios de vida por inúmeros motivos. Fala-se,
por exemplo, em tirania familiar; e, em muitos países, de ti-
rania de grupos. Além disso, pensamos também nos habitan-
tes da esfera* refletora e nas ondas de vida que habitam a
região etérica; em habitantes de outros corpos celestes; nos
eões* e nos arcontes* dos eões. Há entre essas criaturas
aqueles que alcançaram um alto grau de desenvolvimento e
que se ataviam ou são ataviados com o nome de deuses*.
Existem ainda hordas ocupadas com a grande3 farsa. Enfim,
miríades de criaturas com infinitas possibilidades de trair, en-
3. Ver Oesrnascaramento, de Jan van Rijckenborgh.
15
ganar e coagir. E todos vos dizem: "Possuímos o bem!"
E agora falamos de Asclépio, o buscador no oceano da
vida, a criatura em meio a seus semelhantes. Ele está pres-
tes a·afundar e é arrastado para lá e para cá pelas ondas. A
maior parte dos leitores deste livro são buscadores natos. O
que já não tendes procurado? Quanta literatura já não devo-
rastes! E não foi dessa forma que, como por acaso, como se
fosse um elo não previsto na cadeia de Circunstâncias, en-
trastes em contato com a Escola· Espiritual da Rosacruz Áu-
rea?
O que deve Asclépio fazer no ardor de sua busca? O
que ele pode fazer? Para onde deve dirigir-se? O que é feito
dele? Para onde as ondas da vida o arrastam? Milhares de
vozes o chamam: "O bem está aqui!" O que lhe acontecerá?
Pois em toda a criação, o mal assume diversas formas. É por
isso que o décimo livro de Hermes observa que aquilo que se
considera como "bom" aqui na dialética é, na melhor das hi-
póteses, a menor parte do mal.
Quem poderia realmente reconhecer a verdade em
meio a todas essas formas irreais, a todos esses fantasmas
que se nos apresentam? Quem é capaz de penetrar toda es-
sa teatralidade, toda essa ilusão, toda essa criminalidade?
Como se poderia esquadrinhar esse imenso ca.os? Quem se-
ria capaz de se manter em pé no meio de todos esses peri-
gos irretreáveis? Isso é realmente impossível?
Não, é bem possível! Para tanto, o décimo livro de
Hermes nos auxilia. Ele se dirige aos homens que desejam
tornar-se Asclépio. Alguns fatos colocam o buscador Asclépio
em condições de prosseguir e encontrar seu caminho nesse
labinnto. Primeiramente, o fato de que o bem único é autô-
nomo. Ele e sua poderosa radiação estão completamente
16
apartados de toda a criação, não sendo possível encontrar
nele algo dessa tão ilusória criação. Aliam-se a isso o fato de
que somente ele é absoluta e eternamente puro e de que a
divindade sempre irradia sua poderosa luz através da inteira
criação, de todo o caos, não existindo lugar algum onde ela
não esteja presente.
A receita para tanto já vos pudemos dar. Se desejais
ser um sacerdote da Gnosis'; se desejais tornar-vos Asclépio,
um sanador da humanidade, não vos apegueis a nada, nem
por amor nem, de forma alguma, por ódio. Sede puramente
objetivos, benevolentes ao máximo, porém autónomos. Não
deis ouvidos a uma única voz. Não sigais um só impulso,
uma única sugestão. Também não aceiteis de antemão nos-
sa palavra como verdadeira. Sede benevolentes, objetivos,
até descobrirdes em vosso íntimo algo da verdade.
Repetimos: não ouçais uma única voz, não sigais ne-
nhuma coação de vossos órgãos sensoriais aluais. Permane-
cei sem mais nada, sem autopresunção, como uma criatura
autónoma na onirrevelação. Ao mesmo tempo, sede extre-
mamente vigilantes, pois ao encetardes a caminhada rumo à
autonomia, toda a legião de eões e arcontes cairá sobre vós.
Muitos deuses da criação, muitas entidades poderosas, pas-
sarão a se interessar por vós!
Somente da forma descrita acima, a Escola da Rosa-
cruz Áurea nasceu e se tornou o que é, isto é, por meio da
autonomia. Aqueles que iniciaram o trabalho da Escola Espi-
ritual gnóstica colocaram-se desde o princípio, embora ex-
tremamente benevolentes e corretos, no ponto de vista: não
há nada de bom neste mundo. Nem há ninguém bom, nem
um sequer. Por isso, desejamos ser autónomos. A divindade,
17
a poderosa divindade, que tudo preenche, pode tocar-nos
com sua irradiação somente nessa objetividade, nessa auto-
nomia: Somente dessa forma, sua plenitude de radiação po-
de transmitir-nos em pureza a mensagem universal.
A partir do momento em que demos início ao trabalho
da Escola, toda a legião de eões e de arcontes precipitou-se
sobre nós: mental, etérica, verbal e literalmente. O que já não
foi dito a respeito da Escola e de seus obreiros? De que já
não nos acusaram no decorrer dos anos? Graças a Deus fo-
mos capazes de nos manter na autonomia até este momen-
to.
Não vos preocupeis com essa imagem diante dos
olhos. Por isso, ela foi dada a vós. Compenetrai-vos do fato
de que vós sois uma pistis' sophia em potencial, tal como o
sois atualmente, pois, existem - e este é o segredo - as ra-
diações onipresentes e onipenetrantes do bem único. Podeis
entrar em ligação com elas. Nada se interpõe entre vós e es-
sas radiações do bem único! Nenhuma criação, nenhuma
criatura, nenhum teólogo e nenhum líder espiritual de uma
escola espiritual!
Como criatura autõnoma, defrontais-vos exclusivamente
com o "Isto". É possível viver e existir a partir das radiações
do bem único. Perante todos os fenõmenos no mundo das
criaturas, perante o criado, podeis ser soberanos na força do
bem único, e, totalmente livres, consumar vosso caminho
rumo ao alvo.
Talvez, agora, direis: "Vós mesmos dissestes que não
se deve apegar a nada. Como é possível então ligar-se às
radiações do Espírito• Santo Sétuplo? Não seria possível ha-
ver algum engano aí?" Sim, não deveis ligar-vos a nada en-
18
quanto ainda existis apenas no estado natural. Fazei isso e
sereis sempre sacrificados. Se, por exemplo, assumis o ponto
de vista "eu tenho, eu sou, eu posso", sereis enganados dia
após dia por Authades*, a força com cabeça de leão' (pensai
no evangelho gnóstico da Pistis Sophia). Authades represen-
ta as forças e figuras que imitam o ser de Cristo.
Quando um teólogo fala sobre "Jesus, o Senhor'', ou
sobre "Cristo", ele não passa de um servidor da força com a
cabeça de leão. Quando, porém, entrardes no não-ser e
abrirdes a vossa essência, cuidando para não vos apegardes
a nada, sereis tocados pela radiação universal do bem único.
E, em determinado momento, sabereis que estais ligados.
Não deveis, entretanto, ligar-vos a nada, enquanto exis-
tis apenas no estado de nascido da natureza. Do contrário,
sereis sempre sacrificados. Então, submergis no "mar aca-
dêmico", como Johann* Valentin Andreae o chama, e nunca
alcançareis a ilha de Caphar Salama, o país da paz. Por isso,
existe uma preparação no processo do discipulado gnóstico*
para atingir essa unidade com o bem único, isto é, a consa-
gração à rosa* do coração na autonomia do ser. Se vos con-
sagrais à rosa do coração com todas as conseqüências e leis
aliadas a isso, então, de fato, consagrais-vos ao ser autóno-
mo, ao ser no verdadeiro sentido da palavra. Em primeiro lu-
gar, isso significa que vós subordinais a sede do eu, o san-
tuário* da cabeça em seu estado natural, ao santuário* do co-
ração, a fim de despertar para a vida a alma, vossa alma
imortal.
Na Escola Espiritual, denominamos, "auto-rendição*" a
submissão da cabeça ao coração. Quando a alma se desper-
ta para a vida, o coração se consagra à cabeça, pois, quando
ele se abre à luz da Gnosis e é totalmente preenchido com
19
essa força-luz, o irrompimento para o santuário da cabeça
deve ser, em seguida, celebrado por meio do coração, a fim
de expulsar tudo o que não lhe pertence. Então a plenitude
radiante do Espírito no santuário da cabeça se manifestará,
enquanto o ser autónomo controla toda a inteligência e as
percepções sensoriais. A intenção é, portanto, abrir o santuá-
rio da cabeça para a manifestação de Pimandro·, a plenitude
radiante do bem único por meio da auto-rendição - e esta
podeis realizar somente mediante a autonomia.
Assim, o Espírito assentar-se-á no trono do ser autôno-
mo no caminho de Belém ao Gólgota. Tereis atingido vosso
alvo. Tereis atravessado o mar da cegueira e alcançado a ou-
tra margem.
Porém, agora podereis de novo fazer uma pergunta de
ordem prática: "Se eu entrar muito conscientemente no nobre
estado de negação•, sem ódio nem amor, não ignorarei os
verdadeiros filhos de Deus? Existem muitos que trilharam ou
estão ocupados em trilhar a senda do bem único. Não se po-
deria assumir o ponto de vista de que nada temos a ver com
coisas e pessoas, considerando-nos assim superiores?"
Sem dúvida, este mundo, graças a Deus, encontra-se
povoado por muitos filhos de Deus, porém é de todo impos-
sível que não os reconheçais. Se sois um renascido segundo
a alma, se esse processo já se tornou efetivo em vosso ser,
em vosso coração e cabeça, não podereis cometer nenhum
erro a esse respeito. Tão logo vos tenhais tornado um renas-
cido segundo a alma, confluireis totalmente em unidade com
todas as outras almas renascidas e, onde quer que estejais
neste mundo, reconhecereis em todas as circunstãncias os
irmãos e as irmãs. Uma comunidade de almas não necessita
20
ser formada. Ela existe! Precisais somente nela ingressar, pa-
ra que a rosa floresça.
De vez em quando, ouvimos na Escola o seguinte co-
mentário: "Para mim, é tão difícil vivenciar a unidade* de
grupo, participar da unidade de grupo assim como a Escola a
compreende". Um comentário desse tipo é, na realidade,
grande tolice, pois quem isso afirma demonstra que sua alma
ainda noo nasceu. Se vossa alma já nasceu ou se pelo me-
nos existir um tênue brilho desse novo estado anímico em
vós, a unidade não vos representará nenhum problema. Não
podereis deixar de participar desse grupo. A alma é existen-
cial e absolutamente una com todas as outras. Essa é a
magnificência da grande comunidade das almas.
Assim que se concentrou força suficiente da nova alma
na jovem Gnosis, origina-se, imediatamente, uma ligação
com a graMe comunidade das almas da corrente* universal
gnóstica.
Não procuramos essa união, nem a solicitamos e não
nos correspondemos com esse propósito; simplesmente nos
encontramos uns com os outros! Muitos irmãos e irmãs fo-
ram testemunhas desse fato. Uma comunidade de almas não
precisa ser formada, ela existe! Por isso, trilhai a senda!
Quanto ao demais, pensai na advertência constante na
Escritura Sagrada por vós conhecida: "Sede fiel e não con-
fieis em ninguém" e "Não acrediteis em todo o espírito, po-
rém experimentai os espíritos para saber se provêm de
Deus", assim diz João. Dois conselhos muito herméticos. Se
vos ativerdes a isso, nada de mal vos acontecerá. Caso con-
trário, dor e sofrimento sempre vos sobrevirão, pois dor e so-
frimento são uma parte do mal.
21
IV
O CAMINHO PARA A LIBERTAÇÃO
Estareis sem dor e sem sofrimento pelo resto de vossa
senda da vida através das regiões da natureza da morte,
quando puderdes empregar o método da autonomia, que se
encontra oculto na Gnosis, pois, como diz Hermes, sofrimen-
to e dor são uma parte do mal.
Esse método de que já vos falamos anteriormente é
denominado "autónomo" porque ele deve desenvolver-se
sem a ajuda e sem a orientação de autoridades para que te-
nha bom êxito, portanto, o método da autonomia com o con·
seqüente renascimento gnóstico da alma. Somente pela apli·
cação do único método libertador, tomais parte nas radiações
do bem único.
Dividimos essa plenitude radiante em sete aspectos e
falamos também de Espírito Santo Sétuplo. No Espírito Sé-
tuplo, experimentamos a glória do bem único. Em sua radia·
ção não se encontra nenhuma dor ou sofrime!lto. A dor e o
sofrimento são sempre resultantes do erro das criaturas que,
diariamente, sem conhecer o caminho de libertação, sugam e
exploram uns aos outros, por força da lei da natureza da mor-
te.
Os fundadores da filosofia hermética experimentaram
23
as qualidades do bem único a partir da natureza do Espírito
Sétuplo. Quando também fordes encontrados, em positivida-
de, pelo Espírito Sétuplo, tereis a mesma experiência vivida
por Hérmes Trismegisto. Por isso, ele testemunha o seguinte
a respeito do bem único:
Não há nada que seja mais forte do que Ele e que pos-
sa combatê-Lo (nem tampouco está em conformidade com
Sua essência, que a injúria possa atmgi-Lo). nada O ultra-
passa em beleza que possa inflamar seus sentidos em amor;
nada pode recusar obedecer-Lhe e causar-Lhe por isso cóle-
ra; e nada é mais sábio do que Ele e que assim possa des-
pertar Seu ciúme.
Estando pois ausentes no onisser todas essas paixões,
nada existe nEle senão o bem. E, visto que nenhum dos ou-
tros atributos pode apresentar-se em semelhante ser, é
igualmente certo que o bem não pode ser encontrado em
nenhum outro ser.
Por conseguinte, existe apenas uma saída para o bus-
cador, para aquele que suplica pela libertação: realizar a liga-
ção com o bem único, da forma indicada. Todos os outros
caminhos não resultam em bom êxito e estão completamen-
te excluídos para o homem que busca a libertação. Compre-
endei bem, todos os caminhos continuam livres para vós.
Milhares de vozes soam: "Vinde a nós, segui nossa senda!"
Porém, se tivésseis ainda tempo para trilhar todos esses ca-
minhos, descobriríeis no final que somente há uma salvação:
a ligação com o bem único. Eis por que nossa orientação,
como Escola Espiritual gnóstica, sempre foi através dos anos
muito simples em seus fundamentos:
24
autonomia;
auto-rendição à rosa do coração;
renascimento da alma e
renascimento por intermédio da alma.
O corpo* vivo da jovem Gnosis está estruturado à se-
melhança de uma arca bem construída. Na arca clássica que
nos é descrita no Velho Testamento, e sobre a qual os misté-
rios egípcios também nos ensinam mteiramente, encontram-
se todos os verdadeiros valores e forças do Espírito, da alma
e da matéria. Eles foram colocados sãos e salvos na arca.
Quando vos juntais, como alunos, no corpo vivo da jovem
Gnosis e conheceis o alvo a que nossa arca se dirige em
nossa época, torna-se evidente porque a jovem Gnosis dis-
tancia-se totalmente, sim, deve manter-se afastada de todas
as coisas existentes no campo comum da criação. Se ela
adotasse um ponto de vista contrário, estaria contradizendo o
princípio da autonomia. Existe apenas um caminho para a li-
bertação: a ligação com o bem único. Qualquer outro cami-
nho, por mais belo que seja, apresenta resultados negativos.
Tem-se julgado muito mal a Escola por ela querer man-
ter-se livre de todas as coisas existentes. Sempre se fala e
pensa com desdém sobre isso e acusam-na de sectarismo.
Todavia, o separatismo da Escola é apenas mantido com
relação a pessoas e grupos que procuram sua cura no campo
de criação dialético e apenas utilizam o nome do bem único
como uma bandeira para cobrir sua carga.
Naturalmente, o separatismo não é válido em relação
ao absoluto. Isso seria totalmente impossível. Quem no en-
tanto trilha a senda rumo ao bem único, chega ao renasci-
mento da alma, e a conseqüência disso é sempre a celebra-
25
ção da unidade com todas as outras almas. Se no mundo
existirem grupos de pessoas que aspiram a esse caminho e
estejam trilhando essa mesma senda única de libertação, es-
ses enéontrar-se-ão, infalivelmente, na hora certa. Então, o
fraco se juntará ao forte, voluntária e alegremente, na certeza
de que não será explorado.
Os fatos comprovaram, no curso dos anos, que a Es-
cola Espiritual tem sempre seguido esse caminho hermético
e o que começou tão pequeno está ocupado em tornar-se
grande. Verificamos tudo isso sem presunção. Fazemos essa
observação porque o curso de desenvolvimento da Escola
demonstra a verdade da senda hermética. Aquele que busca
o bem único de forma autónoma, sempre vencerá. Espera-
mos fervorosamente que possais perceber claramente: a for-
ça está no bem único. Se vós, portanto, aparentemente como
um solitário, um andarilho nesta vida terrestre, puderdes es-
tabelecer a ligação com o bem único, sereis mais fortes do
que aquele que conquista uma cidade. Aquele que busca o
bem único de forma autónoma, sempre vencerá!
Desse modo, novamente verificamos, em sintonia com
o texto do décimo livro: "Assim como nada do mal há no ser
divino, assim também o bem não será encontrado em ne-
nhum outro ser''.
Pois, todos os outros atributos se encontram em todos
os seres, tanto nos pequenos como nos grandes, em cada
um deles a sua própria maneira, e, mesmo no mundo, o
maior e o mais poderoso de toda a vida manifestada; tudo o
que foi criado está cheio de sofrimento4, pois a geração
4. Ver nota página 2.
26
mesma é um sofrimento.
Isso significa, entre outras coisas, que todas as criatu-
ras nascidas da vontade do homem, elo processo reprodutivo,
não possuem o bem único, porém somente o resto. O estado
de vida animal não pode participar do bem único. Somente a
alma pode, pois ela não provém do estado de vida animal.
Quando uma criança nasce, não se verif1ca de antemão que
possuirá uma alma. O que na filosofia da Escola Espiritual é
chamado nascimento ou renascimento da alma consiste no
despertar de algo já existente. Esse tipo de nascimento não
pode ser transferido para outros por meio de reprodução.
Não podeis também obrigar vossos filhos a viver da al-
ma. Podeis somente exercer uma influência muito benéfica
em vossos filhos, por meio de exemplo pessoal puro. Nem
mesmo a força para despertar a alma pode, portanto. ser ex-
traída da natureza da morte. O instinto reprodutor é uma for-
ça de natureza astral. É um fogo que se comunica ao cora-
ção. Eis por que se fala das paixões do coração. Com isso,
não se tem em mente esse ou aquele estado de peiVersão.
Não, puramente conforme a lei, todo o nascimento na natu-
reza é a conseqüência de uma paixão, de uma concentração
astral no santuário do coração. Por isso, Hermes diz no versí-
culo 4 do décimo livro:
Onde há sofrimento, o bem está decididamente ausen-
te. Porque onde está o bem certamente não há sofrimento.
Pois, onde está o dia, não está a noite, e onde está a noite,
não está o dia. Por isso, o bem não pode habitar no que é
criado, porém somente no incriado.
27
Sim, para que não haja mal-entendidos: é impossível
que o bem habite em um nascido; ele habita somente no
unigênito. Talvez tudo isso seja difícil de entender e, quem
sabe, ai~da mais difícil de aceitar. Por acaso, Hermes, Asclé-
pio, todos os grandes e ainda todos os aspirantes da Rosa-
cruz não nasceram também da paixão? E poderia qualquer
outro microcosmo* neste campo de existência ser vivificadO
de maneira diferente? Como pode então Hermes censurar is-
so?
Ele não censura, apenas verifica. Ele esclarece seu
ponto de vista:
Contudo, como a matéria de todas as coisas participa
do incriado, participa como tal igualmente do bem. Neste
sentido, o mundo é bom, pois até o ponto onde também pro-
duz todas as coisas, ele é como tal, bom; todavia, em todos
os outros aspectos, não é bom, porque também está sujeito
aos sofrimentos e à mutabilidade, e é a mãe de todas as
criaturas suscetíveis de sofrimento.
Hermes tenciona dizer-nos: existe um plano para man-
ter a humanidade decaída no campo astral da natureza da
morte em manifestação. Vários reinos estão ligados a esse
plano (pensai nos reinos5 animal, vegetal e mineral que tão
intimamente estão ligados ao reino hominal).
A intenção, os fundamentos, do plano são absoluta-
mente bons segundo a natureza. Seu objetivo consiste em
proporcionar aos microcosmos decaídOs novas possibilidades
5. Ver em O advento do Novo Homem, páginas 152 a 155, 1• edição e páginas
149 a 153, 2' edição, de Jan van Rijckenborgh.
28
de manifestação e, mediante estas, uma nova possibilidade
de libertação. Eles resultam do divino plano de salvação do
mundo e da humanidade. Porém as atividades - a elabora-
ção do plano - devem-se realizar por intermédio da criatura
nascida da natureza. O processo de conservação e a coope-
raçao dos reinos naturais nesse ponto, assim como seus re-
sultados incipientes, não têm qualquer relação com o bem
único.
Deveis ver isso dessa forma: quando uma criança nas-
ce e, portanto, encontra-se no iníc1o do curso da vida, exis-
tem nela inúmeras possibilidades de libertação. Naturalmen-
te, essas possibilidades podem ser, em determinado aspecto,
chamadas de boas; contudo, elas nada têm a ver com o ab-
soluto, com o bem único.
Hermes destrói imediatamente a ilusão, o sonho, de
que o homem seja, sem maiores considerações, bom, como
acreditavam os círculos idealistas antigamente. Ele diz:
O homem estabelece as normas de bondade mediante
a comparação com o mal, porque o mal não demasiadamen-
te grande vale aqui como bem, e o que aqui é julgado como
bem, é a menor parte do mal. Portanto, de modo algum, po-
de aqui ser livre da mácula do mal. Aqui o bem é sempre de
novo atingido pelo mal e, deste modo, cessa de ser bom. As-
sim, o bem se degenera em mal.
Imaginai que tenhais praticado, em determinado mo-
mento, uma gentileza, "algo bom", como se costuma dizer.
Quem pode asseverar que vós, daqui a uma hora, praticareis
outra ação igualmente boa?
Suponde que em determinado momento decidis, no
29
templo, trilhar a senda. Essa será uma boa decisão. No en-
tanto, tendes certeza de que não tereis esquecido essa boa
decisão_dentro de uma hora? Sentis que tal decisão não de-
riva do bem único? Vossa boa decisão se encontra ligada a
forças ahtagônicas e pode, possivelmente, hoje ou amanhã,
transformar-se em maldade. Podereis então colocar-vos nes-
te ponto de vista: "Eu estava no templo num estado mais ou
menos de exaltação, porém agora seria melhor levar em con-
ta as coisas concretas da existéncia dialética".
Todo o nosso assim chamado bem, diz Hermes, é
submetido a alterações e quando vossa boa decisão não for
diretamente colocada a serviço da alma, ela se transformará
em seu oposto. Assim, por meio do bem na natureza, invo-
cais sempre seu oposto. Eis por que tendes tantas dificulda-
des. Estais sempre plenos de boas intenções, porém logo
depois sois como que afogados nos opostos. O bem é sem-
pre de novo atingido pelo mal e, deste modo, cessa de ser
bom, assim diz Hermes, laconicamente. Então o julgamento
é claramente executado no versículo 6:
Entre os homens, Asclépio, encontra-se o bem unica-
mente segundo o nome, todavia em parte alguma como rea-
lidade, o que é, aliás, impossível. Porque o bem não pode
encontrar lugar num corpo material que está quase sufocado
em males e em esforços penosos, dores e desejos, instintos
e ilusões e imagens dos sentidos.
Há, portanto, uma linha divisória tão cortante quanto o
fio de uma navalha. Existe, tanto em vós como em nós, uma
pequena possibilidade que, no melhor dos casos, pode ser
denominada a menor parte do mal. Essa pequena possibili-
30
dade, essa força se torna, no decorrer dos anos, cada vez
rnenor e mais fraca. Essa ínfima parte do mal, essa possibili-
dade que se desfaz, deveis empregar, enquanto a tendes, pa-
ra a auto-rendição, a fim de poderdes despertar a alma de
forma a gerar uma nova vida que se subtraia do charco da
morte. Caso não aproveiteis essa oportunidade, toda a vossa
personalidade, não importa o que façais para impedi-lo, ver-
se-á cada vez mais ligada a uma das manifestações do mal.
Toda a vossa vida será então preenchida e permanecerá ple-
na de esforços penosos, dores e desejos de milhares de for-
mas. Sereis enredados, por meio de instintos, ilusões e per-
cepções sensoriais, por toda a sorte de desgostos.
Em quantos embaraços já não estais enleados? Quanto
sofrimento e quanta dor já não constituem vosso quinhão?
Aproveitai vossas possibilidades enquanto ainda as tendes,
caso contrário, o final do cãntico de vossa vida será a inca-
pacidade de compreender a única idéia libertadora que Her-
mes transmite a Asclépio. Quem pode dizer quando se extin-
gue o último ténue brilho de possibilidade de uma atitude de
vida libertadora em uma pessoa?
Por isso, aproveitai vosso tempo!
31
v
A ILUSÃO DA BONDADE DO MAL .
Nos versículos seguintes do décimo livro de Hermes, é
esclarecido minuciosamente um ponto bastante difícil, um
escolho muito perigoso, de grande significado para todos
nós. Hermes diz nos versículos de 7 a 1O:
O pior de tudo, Asclépio, é que se considera cada uma
das coisas que nomeei e que impulsiona os homens, como o
bem supremo, em vez de um mal extremo. O instinto de co-
biça do ventre, o incitador de todas as maldades, é o erro
que nos tem aqui afastado do bem.
Por isso, dou graças a Deus pelo que Ele manifestou a
minha consciáncia como conhecimento sobre o bem que não
se pode encontrar no mundo, pois o mundo está preenchido
pela plenitude do mal, do mesmo modo que Deus está pre-
enchido pela plenitude do bem, ou o bem pela plenitude de
Deus.
Do ser divino i"adia a beleza, que habita no ser de
Deus, em suprema pureza e imaculabilidade. Ousemos pro-
feri-lo, Asclépio: a essência de Deus, se nos for permitido
falar disso, é o belo e o bem.
Não se pode encontrar o belo e o bem, naqueles que
33
estão no mundo. Todas as coisas perceptfveis aos olhos são
formas aparentes, algo como silhuetas. Porém tudo o que vai
além dos sentidos se aproxima ao máximo do ser do belo e
do bem. E assim como o olho não pode ver a Deus, tampou-
co pode ver o belo e o bem, pois ambos são partes perfeitas
de Deus, porque próprias dEle e dEle somente, inseparáveis
de Seu ser, e expressão do supremo amor de Deus e a Deus.
É necessário colocar todas essas palavras no presente
vivo.
Sem sombra de dúvida. concordaremos mutuamente
que o bem não pode ser encontrado neste mundo e que a vi-
da é apenas fadiga e dissabores, que o sofrimento e a dor
são o quinhão do homem. Assim. existem ao lado dos pes-
simistas, os otimistas, e ao lado dos tristes, os alegres.
Existem aqueles que aceitam a vida assim como ela é;
porém existem ainda outros que, desesperados, lutam contra
ela. Conhecemos tanto os batalhadores como os resignados.
Todavia quase todos sabem, do imo de seu ser, que o bem
que perseguem ou o bem que acreditam ter encontrado,
quando vem a julgamento, não passa de uma sombra, uma
irrealidade, e onde esse conhecimento não existe, ocorre, de
tempos a tempos, sentimentos de dúvida e também geral-
mente de decepção, pois o bem parece não ter sido tão bom
- porém tão-somente uma parte maior ou menor do mal.
Compreendeis que aqui abrimos uma exceção para as assim
chamadas entidades-centelha-de-vida*, que disso tudo nada
compreendem. Elas são animais entre animais e não conhe-
cem nem possuem nenhuma vida interior.
Todavia, atentai para vós mesmos, se sois um aluno da
Gnosis. Como tal, tendes grandes possibilidades a vossa dis-
34
posição, pois participais do corpo vivo da Escola. Mesmo as-
sim, soa nossa pergunta: "Já sois tão ditosos? Elevastes a
vós mesmos além da dor e do tormento? Já vos libertastes
da dor e do sofrimento? O sofrimento já se retirou de vós?
Não estais submetidos a inúmeras e alternantes disposições
de ânimo? Permaneceis totalmente na alegria dos filhos de
Deus desde o amanhecer até o anoitecer? Não é verdade
que, antes de tudo, tendes de trilhar a senda difícil nos tem-
pos atuais? E que estais confusos ern meio a inúmeros pro-
blemas e a mil e um aborrecimentos? Qual é a causa disso
tudo? Não observastes quantos homens se queixam de sua
saúde?"
Talvez, isso aconteça nos círculos de alunos da Escola.
Vários parecem muito mal de saúde. Queixam-se especial-
mente de fadiga. Tem-se a impressão de que muitos têm es-
sas dificuldades devido a uma sobrecarga constante, sem
pausas para descanso. Ou, então, que a alimentação não
é ideal para muitos alunos.
Vede, isto é um sintoma de nossos tempos. Acredita-
mos que, nesse ponto, os alunos não são nenhuma exceção
do homem da massa, pois por todos os lados, fora da Escola,
em toda a Europa e mais além, pode-se verificar a total de-
pressão. Esse estado que agora atingimos, já foi previsto
pela Escola Espiritual modema há alguns anos. Essa adver-
tência foi feita aos alunos várias vezes.
Por que uma advertência? O que se pode fazer contra
isso? Como seres nascidos da natureza, não somos todos
ameaçados pelos mesmos perigos?
Não, a advertência vos foi repetidamente transmitida
porque talvez possais fazer alguma coisa contra isso! Contu-
do, um dos obstáculos de nosso tempo é que se ouve e en-
35
tende muito mal. Além disso, esquecem-se as coisas rapi-
damente. Tudo o que vos dizemos hoje, amanhã já tereis es-
quecido. totalmente. Isso não ocorre intencionalmente nem se
trata de alguma condição primitiva. Não, o que se vos trans-
mite é rémovido de vós!
A atmosfera em que vivemos, sofreu uma mutação. A
grande' farsa está sendo encenada! Atentai para o que acon-
tece no mundo em sintonia com a grande farsa, em concor-
dância com o desmascaramento·. Observais também como a
grande farsa já se encontra ocupada em enganar-vos?
Uma enfermidade, uma debilidade e um envenenamen-
to geral de toda a humanidade já tiveram início. Já havíamos
informado sobre isso há muito tempo, para que não fôsseis
sacrificados por isso. Todas essas queixas expressam, na
realidade, nosso enredamento na grande corrente da sub-
mersão. Deplorável e lamentavelmente carregados com todo
o tipo de sintomas mórbidos, somos arrastados irresistivel-
mente com a corrente. Em toda a parte, reina a inquietação e
um certo desalento. E pergunta-se: "Para onde isso leva? O
que está acontecendo?"
O décimo livro de Hermes oferece-nos a possibilidade
de dar uma resposta objetiva a essa pergunta: o homem des-
te mundo não é capaz de perceber! O que os olhos vêem, diz
Hermes, são apenas formas aparentes e as sombras da natu-
reza inferior.
Como isso é possível?
Devido ao estado em que se encontra vosso santuário
da cabeça. Devido ao estado de vossas faculdades senso-
riais. O total santuário da cabeça do homem nascido da natu-
36
reza está, inteiramente, sintonizado com a natureza da mor-
te. Suas faculdades sensoriais, sejam elas grosseiras ou ex-
tremamente refinadas, reagem somente à dialética, à nature-
za comum. Esse estado de consciência é completamente
inadequado para perceber o bem único que é, no mínimo, a
condição existencial do estado de alma vivente. O que está
oculto a vossos olhos, aproxima-se ao máximo da essência
do bem; o mais poderoso, a magnificência absoluta, escapa
totalmente aos centros de consciência, aos órgãos sensoriais
do santuário da cabeça. Não nos referimos aqui à clarividên-
cia, à visão etérica ou coisa semelhante, pois tudo isso é
apenas uma expansão da visão da miséria, porque a imundí-
cie e a pobreza da natureza material podem ser percebidas
em quantidade ainda maior na esfera refletora.
Do mesmo modo, o décimo livro nos diz: o bem, o bem
único, não pode ser encontrado neste mundo. Contudo, a ra-
diação do bem, do Espírito Sétuplo Universal, é onipresente!
E podeis participar dessa radiação. Nela se encontra a possi-
bilidade de ascensão. Porém o conhecimento disso não é su-
ficiente. Isso quer dizer que ?penas compreendeis intelec-
tualmente. Enquanto esse conhecimento permanecer num
âmbito racional não aproveitareis nada dele.
Se sois alunos da Escola Espiritual moderna, podemos
estabelecer a posição da maioria de vós, como se segue:
em primeiro lugar, tendes conhecimento da senda;
em segundo, a senda despertou vosso interesse e vos-
so coração ansiou por ela;
em terceiro, fostes, em conseqüência disso, admitidos
num corpo gnóstico vivente;
37
em quarto, experimentais, desse modo, a influência in-
tensa desse corpo vivo;
em quinto lugar, permaneceis, por um lado, totalmente
na natúreza da morte e em sua influência e, por outro lado,
atraís as radiações da Escola Espiritual;
em sexto, é fato que a atmosfera do mundo se toma
cada vez pior e mais miserável, enquanto que, simultanea-
mente, a influência da Gnosis, que se manifesta em e por
vós no corpo vivo, torna-se sempre mais intensa,
e, em sétimo lugar, carregais um lardo duplo e sois co-
mo que divididos em dois; de um lado, existe a natureza da
morte, e de outro, a influência do corpo vivo.
Vós sois divididos e isso ninguém suporta, a menos que
trilheis a senda atentos a todas as conseqüências, que teori-
camente conheceis tão bem. Compreendei-nos bem, não vos
censuramos, apenas chamamos vossa atenção para um es-
tado que, na realidade, ainda existe inteira ou parcialmente.
Amais a Escola de coração. Executais vosso trabalho com
amor. Vossa dedicação é magnífica. O que é necessário ago-
ra?
Iniciar de imediato, com a maior presteza, a vivência de
vossa senda! Necessitais dar um salto em meio a atualidade
de vosso discipulado. A vivência da senda. A realização dire-
ta e positiva do discipulado.
Numa escola de ocultismo, pode-se dizer: "Hoje eu farei
meus exercícios mais brevemente. Tenho pouco tempo e não
estou sentindo-me bem. Isso não me é conveniente". Porém
na Escola Espiritual gnóstica não podeis permitir-vos tal coi-
sa! Trata-se, antes de tudo, num tempo como nosso, de ser
ou não ser, a fim de empregar absoluta e imediatamente
38
todas as normas que a Escola vos têm transmitido tão abun-
dantemente, sem perder também um único instante.
Uma pergunta: permaneceis assim no discipulado direto
e atual de manhã à noite, hora após hora? Respondei a vós
mesmos. Não conservais por muito tempo o estado sétuplo
que vos descrevemos anteriormente. Vários acontecimentos
dentro e fora de vossa vida vos pegam de surpresa.
No momento, vossos olhos percebem apenas silhuetas,
pois vossa consciência também permanece como nascida da
natureza, porque conheceis o bem apenas na teoria. Nem o
olho interno - entendei isso bem - pode contemplar também
a magnificência do bem. Desse modo, carregais a carga da
natureza e a ruptura interior, devido a influência da Gnosis,
que simultaneamente carregais convosco de um lado para o
outro. Uma dupla carga, portanto, sem qualquer compensa-
ção. Talvez, uma conferência num de nossos focos• onde
sois apartados da rotina dos afazeres diários, onde tudo é di-
ferente e onde sois envoltos pela força do templo, seja a úni-
ca compensação que tereis. Quanto ao resto, não existe ne-
nhum equilíbrio, nenhuma harmonia em vossa vida.
Não é verdade que muitos alunos jamais viram aquilo
que é bom, o único e verdadeiro bem? Porquanto, por outro
lado, estavam obviamente ligados a toda a maldade em vir-
tude de seu nascimento na natureza. Ninguém consegue vi-
ver apenas da teoria. Vós mesmos deveis discernir até que
ponto o trecho abaixo se aplica a vós. Nele, Hermes mostra
que os homens não somente estão ligados a toda a malda-
de, mas que também pensam que esta é o bem. Tudo aquilo
para o que a natureza terrena impele os homens é conside-
rado o bem supremo, ao invés de um mal extremo. O homem
receia ser dele despojado e luta com todo o seu poder, não
39
somente para conservá-lo, mas também para que se multi-
plique.
Compreendeis agora que, numa escola como nossa, a
verdadé sempre se demonstra em determinado momento?
Compreendeis também que, com base nos fatos citados,
muitos permanecem à beira de um precipício? Por isso, ago-
ra é a ocasião propicia para intervirdes radicalmente em vos-
so estado de ser, visto a velocidade tomada pelo curso dos
acontecimentos e pelos desenvolvimentos no mundo. Deveis
atacar tudo o que em vós ainda se mantém no lado negativo
das coisas, antes que seja tarde.
Sabeis qual é o caminho; o método vos é conhecido; e,
simultaneamente, já há muito tempo, a força para o rompi-
mento se encontra a vossa disposição. Por que suspirais en-
tão? Não há nada por que suspirar, pois as mãos são esten-
didas aos milhares para vos tirar do lodaçal. Contudo, se não
agarrais uma dessas mãos, como sereis auxiliados?
40
VI
O CÂNTICO DE ARREPENDIMENTO DA LIBERTAÇÂO
Muitos de vós conhecem, de expenência própria, a dor
da ruptura interna que já tivemos oportunidade de esclarecer
anteriormente. Por um lado, existe a dialética, o mal; por ou-
tro, a atração exercida pela Gnosis sobre nós devido a nossa
participação no corpo vivo da Escola Espiritual. Portanto,
uma solução se tornou urgente, absolutamente necessária.
Pode-se então apresentar uma pergunta concreta: existe so-
lução?
A resposta da Escola é: sim, existe solução, e esta se
encontra na senda, no emprego do método que vos é ensi-
nado e novamente indicado. Passai pois a não amar nem
odiar tudo o que pertence à natureza da morte. Permanecei
na já descrita autonomia. Permanecei objetivos diante de to-
das as aparências. Cumpri vossos deveres na vida, fazei o
que é correto, porém não façais mais do que isso. Assim, as
forças astrais da natureza da morte, as forças astrais do
campo de vida comum, influenciarão cada vez menos vosso
santuário do coração.
O santuário do coração possui sete cavidades, sete
câmaras: quatro cavidades inferiores e três princípios superio-
res. A filosofia hindu fala do "lótus de quatro pétalas" do co-
41
ração e do "Jótus de sete pétalas", enquanto que a Escola ln-
terna da jovem Gnosis se refere respectivamente ao "triân-
gulo" e ao "quadrado da construção". As quatro cavidades in-
feriores do coração formam o quadrado da construção. Acima
das quatro câmaras cintilam três flamas, três archotes etéri-
cos, os três princípios superiores. Cada um possui um raio de
ação mais ou menos grande. Eles conduzem, eles ativam, os
processos inferiores que se devem desenvolver sobre o qua-
drado* da construção.
Quando pois de modo coerente e com perseverança,
permaneceis na autonomia, pondes um, dois ou todos os três
princípios superiores do coração em condições de influenciar
as quatro câmaras inferiores de forma poderosa e estimulan-
te. Assim, atingis totalmente outro estado de vida.
Se amais alguma coisa da natureza da morte, vós a
atraís; se odiais algo, o repelis. Necessitais sempre a corren-
te astral dialética tanto para o processo de atração como pa-
ra o de repulsão. Assim, mantendes vivo o fogo da morte na
aura do coração. Todos os vossos interesses relativos à vida
no plano horizontal, todos os vossos pontos de vista desa-
gradáveis quanto a mesma, conservam o estado natural co-
mum de vosso santuário do coração. Dessa forma, pode-se
falar de paixões, de tempestades de natureza astral que in-
quietam o santuário do coração. Essas correntes astrais da
vida comum desempenham assim um papel importante em
vosso coração e portanto em vossa vida. Compreendeis en-
tão que se durante um de nossos serviços templários, a aura
do coração é carregada de modo diferente, vós recebeis, por
causa disso, essas influências tanto no corpo como na cons-
ciência. No entanto, se em seguida, sem autocontrole, ajus-
tais-vos novamente à vida comum, o novo fogo astral que
42
começou a arder é neutralizado imediatamente, e o estado
antigo volta a ocupar seu lugar em vossa vida com força to-
tal.
A conseqüência, como é evidente, é que toda a vossa
consciência, o candelabro sétuplo do santuário da cabeça e
todos os órgãos sensoriais, assim como o coração, permane-
cem sintonizados com a natureza da morte. Desse modo,
mantendes como que aprisionado tudo o que está na cabeça.
Todas as correntes astrais de que viveis convertem-se em
forças etéricas. Vosso inteiro organismo sensorial trabalha,
queima, funciona, mediante éteres. Eles formam o combustí-
vel do aparelho orgânico-sensorial. Os éteres são extraídos
da substância astral. Por isso, haveis de compreender que
sereis sempre o mesmo nascido da natureza, se esta subs-
tância astral que comanda todo o vosso ser provier da natu-
reza da morte. Eis por que Hermes diz nos versículos 1O e
11:
E assim como o olho não pode ver a Deus, tampouco
pode ver o belo e o bem, pois ambos são partes perfeitas de
Deus, porque próprias dEle e dEle somente, inseparáveis de
Seu ser, e expressão do supremo amor de Deus e a Deus.
Se assim pudesses reconhecer a Deus, reconhecerias o
belo e o bem, em sua suprema glória radiante, inteiramente
iluminada por Deus, pois essa beleza é incomparável, essa
beleza é inimitável, assim como Deus mesmo o é. À medida
que reconheces a Deus, reconheces também o belo e o bem.
Eles não podem ser participados a outros seres, por serem,
inseparáveis de Deus.
Por isso, o homem que realmente busca uma solução,
43
a libertação, deve, em primeiro lugar, tornar-se autônomo.
Sem essa autonomia, sua obra será inútil, pois é compreen-
sível que primeiramente deveis tratar de paralisar a fúria vio-
lenta do fogo astral da natureza da morte, que a neutralizeis
o tanto quanto possível. Tão logo o coração seja libertado,
devereis, como foi dito, subordinar-vos, juntamente com o
santuário da cabeça, ao santuário do coração, em total auto-
rendição. Dessa forma, a consciência que se tornou objetiva
cantará seu cântico* de arrependimento. cântico de arrepen-
dimento da libertação.
Quando, humilde e plena de rendição, a consciência se
volta ao coração, assim como diziam os místicos, um afluxo
de forças luminosas do novo fogo astral tem lugar imediata-
mente no coração. Uma nova aura do coração se forma e vos
tornais, por assim dizer, mais jovens. Adentrais a nova juven-
tude, a juventude do estado de alma recém-nascido.
Esse fogo astral da Gnosis, do mundo da alma, pene-
trar-vos-â e vos preencherá inteiramente. Ele vos envolverá
totalmente como uma veste. Como resultado disso, também
a consciência, o santuário da cabeça com todas as suas fa-
culdades será tocado, preenchido e modificado, podendo a
maravilhosa flor* áurea ser vislumbrada pela janela da alma.
Todo um processo de transformação é instaurado e vossa vi-
da atinge imediatamente o equilíbrio. A dor, o sofrimento e
os problemas permanecem, pois a natureza comum segue
seu curso. Porém a partir desse instante, vós vos colocais de
forma bem diferente diante dessas coisas, de modo que elas
já não vos assaltam. Já não entrareis em fadiga moral ou es-
piritual, e a harmonia reinará em vossa vida. Assim, o ho-
mem recebe uma compensação mais do que suficiente para
suportar todas as provas com alegria no coração. E recebe a
44
compensação para poder manter-se em harmonia na nature-
za da morte.
Hermes denomina -esse novo estado uma vida ativa
que serve a Deus nas mãos da Gnosis. Essa é a plenitude
do Espírito Sétuplo, a plenitude de Deus. Essa é a suprema e
nobilíssima felicidade que se pode experimentar. Essa é a
participação no bem único, o ser acolhtdo nas radiações do
Espírito Sétuplo, até o ponto que está destinado à criatura.
Podereis celebrar no hoje absoluto essa bem-aventu-
rança, se apenas aceitardes as conseqüências da senda.
Somente então defrontareis a vida em total serenidade, pois
tereis solucionado para vós e em vós mesmos o mistério do
bem único.
45
VIl
DÉCIMO-PRIMEIRO LIVRO
SOBRE A MENTE E OS SENTIDOS
1. Asclépio, ontem te transmiti a palavra da maturida-
de. E, agora. em conexão com isso, acho necessá-
rio falar extensivamente a respeito da percepção
sensorial. Pensa-se que entre a percepção sensorial
e a atividade mental há uma diferença: uma seria
material e a outra, espiritual.
2. Eu, porém, sou de opinião que ambas estão inti-
mamente ligadas e de modo algum diferenciadas,
pelo menos com relação aos homens, pois se entre
os outros animais a percepção sensorial está ligada
à natureza, nos homens esse fato se apresenta
também com a mente.
3. A faculdade de pensar relaciona-se com a atividade
mental, assim como Deus se relaciona com a natu-
reza divina, porque a natureza divina provém de
Deus, e a atividade mental, do pensar que está
aparentada com o Verbo.
47
4. Ou melhor: a atividade mental e o Verbo são instrumen-
tos úm do outro, pois o Verbo não é proferido sem uma
atividade mental, e a ativiclade mental não se toma mani-
festa.sem o Verbo.
5. A percepção sensorial e a atividade mental estão, pois,
no homem, unidas como se fossem entrelaçadas. porque
não há atividade mental sem percepção sensorial, nem
percepção sensorial sem atividade mental.
6. Não obstante, é possfvel imaginar uma atividade mental
sem direta percepção sensorial, como por exemplo, as
imagens que se apresentam em sonhos.
7. Minha opinião é que ambas as atividades, ao se apresen-
tarem, são despertadas pelas imagens do sonho.
8. Porque a percepção é dividida no corpo material assim
como no corpo astral, e quando essas duas partes da
percepção se reúnem, o pensamento evocado na mente
é expresso pela consciência.
9. A mente gera todas as imagens pensadas: imagens
boas, quando recebe as sementes de Deus; imagens ím-
pias, quando provém de um dos demónios, porque não
há lugar no mundo sem demônios, pelo menos demônios
nos quais falta a luz de Deus. Eles penetram o homem e
semeiam as sementes de suas próprias atividades, e a
mente é então fecundada com o que foi semeado - adul-
térios, assassfnios, tratamento desamoroso aos pais, atas
sacrflegos, ações fmpias, suicfdios por enforcamento ou
48
por atirar-se das rochas, e todas as outras coisas se-
melhantes operadas pelos demônios.
1O. Quanto às sementes de Deus, elas são pouco numero-
sas, porém grandes, belas e boas! São chamadas virtu-
de, temperança e bem-aventurança. A bem-aventurança
é a Gnosis, o conhecimento que é de Deus e com
Deus. Quem possui esse conhecimento está pleno de
todo o bem e recebe seus pensamentos de Deus, os
quais são inteiramente diversos dos da massa.
11. É por isso que os que andam na Gnosis, não agradam à
massa, e, por outro lado, a massa não agrada a eles.
Os primeiros são considerados dementes, são sujeitos
ao riso e ao deboche, são olhados e desprezados e, de
vez em quando, mesmo assassinados, porque, como eu
disse, o mal deve habitar aqui por ser oriundo daqui. De
fato, a te"a é seu domfnio e não o mundo, como alguns
sacrílegamente pretendem.
12. Aquele, porém, que respeita e ama a Deus, tudo supor-
tará por participar da Gnosis, porque para tal pessoa to-
das as coisas operam para o bem, mesmo aquelas que
para outros são maldades. Quando se lhe preparam ci-
ladas, ela apresenta tudo como oferenda à Gnosis e
faz, ela só, com que todo o mal se transforme em bem.
13. Vou voltar agora a meu discurso sobre a percepção. É,
pois, próprio ao homem fazer coincidir a percepção com
a atividade mental. Todavia, corno já disse antes, nem
todo o homem faz da mente um ganho; porque há o
49
homem material e há o vero homem espiritual. O ho-
mem material, ligado ao mal, recebe, como já disse, o
germe de seus pensamentos dos demónios: o homem
espiritual, porém, é ligado ao bem e é guardado por
Deus para sua salvação.
14. Deus, o Demiurgo do Todo, forma todas as Suas criatu-
ras segundo a Sua imagem, porém estas, boas segundo
seu fundamento primordial, desviaram-se no uso de sua
força ativa. Daí a retribuição da te"a. que, ao moê-las,
produz os géneros em várias qualidades, alguns macu-
lados pela maldade, outros purificados pelo bem. Por-
que, Asclépio, o mundo tem também sua faculdade de
percepção e sua atividade de pensar, não da maneira
dos homens, nem tão variadas, porém mais sublimes,
mais simples, mais verfdicas.
15. Porque a percepção e a faculdade de pensar do mundo,
criadas com o intuito de ser instn.Jmentos da vontade de
Deus, dão forma a todas as coisas e as fazem dissol-
ver-se novamente, para que, guardando em seu seio to-
das as sementes que receberam de Deus, produzam
todas as coisas segundo sua própria tarefa e vocação,
dando-lhes, ao dissolverem-nas novamente, a renova-
ção; deste modo, como um hábil jardineiro da vida, pro-
porcionam-lhes a renovação após as terem dissolvido,
fazendo-as se manifestarem de modo diferente.
16. Não há nada que não tenha recebido a vida do mundo.
50
Dando existência a tudo, ele preenche tudo de vida. Ele
é tanto a morada como o criador de vida.
17. Os corpos são edificados com matérias de espécies di-
ferentes: parcialmente de terra, parcialmente de água,
parcialmente de ar, parcialmente de fogo. Todos os cor-
pos são compostos, um mais, outro menos: os mais
compostos são mais pesados: os menos compostos,
mais leves.
18. A rapidez da manifestação das formas opera aqui a
multfplice variedade daquelas espécies. porque o inces-
sante ativo alento do mundo dá continuaménte novas
qualidades aos corpos, assim como a única plenitude
de vida.
19. Assim, pois, Deus é o Pai do mundo, e o mundo é o
criador de tudo o que está nele; o mundo é filho de
Deus, e tudo o que está no mundo veio à existência
pelo mundo.
20. Por isso, com justiça, o mundo é chamado "cosmo" (isto
é, ordem, jóia, amamento), porque ele ordena e oma o
Todo numa multiplicidade infinita e de maviosa beleza
por meio da continuidade da vida, da infatigabilidade da
força reveladora, da rapidez do fatum, da composição
dos elementos e da ordenação de tudo o que devém,
porque tanto por causa de suas leis fundamentais como
por causa de seu guia, o mundo é pois chamado de
cosmo.
21. A percepção e a mente entram pois em todos os seres
viventes, do exterior, como se estivessem no alento que
os circunda, porém, outrora, o mundo as recebeu de
51
Deus para sempre, no momento de seu devir.
22. Deus não é como alguns homens pensam, destitufdo de
perc_epção e mente. Os que assim falam ofendem a
Deus, por um respeito mal compreendido, porque todas
as criaturas, Asclépio, estão em Deus! Elas foram cria-
das por Deus e são dependentes dEle! Quer se mani-
festem em corpos materiais ou se elevem como seres-
-a/mas, quer tenham sido feitas viventes pelo Espfrito,
ou entrado no domínio da morte, tDcJas está) em Deus.
23. Até é ainda mais justo dizer que Ele não tem todas as
criaturas em Si, senão que em verdade Ele mesmo é
todas elas! Porque Ele não as acrescenta em Si mesmo
de fora, porém as gera de Seu próprio ser e as manifes-
ta em Si mesmo.
24. E eis agora a percepção e a atividade do pensar de
Deus: a movimentação ininterrupta do Todo; e nunca
haverá um tempo em que algo do que existe (isto é,
que faz parte de Deus), se perca. Porque Deus tudo
mantém encerrado em Si, nada há fora dEle, e Ele está
em tudo.
25. Se podes compreender essas coisas, Asclépio, reco-
nhece-las-ás como verdade; caso não as compreendas,
tê-las-ás por inverossímeis, porque compreender verda-
deiramente é possuir fé vivente, enquanto a ausência
de fé é ausência de compreensão. Não é, entretanto, a
mente que chega à verdade, porém, a alma ligada ao
Espfrito tem o poder, depois de ser guiada primeira-
52
mente a essa via pela mente, de apressar-se antecipa-
damente à verdade; e quando então ela contempla o
Todo numa visão oniabarcante e verifica que tudo está
em conformidade com o que a mente iluminada pela
compreensão explicou, sua fé está elevada ao saber,
ela encontra sua quietude nesse belo saber suportado
pela fé.
26. Para aqueles que podem conceber no fntimo as pala-
vras que enunciei aqui e que são de Deus. elas são a
fé; porém para aqueles a quem falta a compreensão vi-
vente, elas são incredulidade. Eis o que eu queria dizer
sobre a mente e os sentidos.
53
VIII
A MENTE E OS SENTIDOS
Asclépio, ontem te transmiti a palavra da maturidade. E,
agora, em conexão com isso, acho necessário falar extensi-
vamente a respeito da percepção sensorial. Pensa-se que en-
tre a percepção sensorial e a atividade mental há uma dife-
rença: uma seria material, e a outra, espiritual.
Eu, porém, sou de opinião que ambas estão intimamen-
te ligadas e de modo algum diferenciadas, pelo menos com
relação aos homens, pois se entre os outros animais a per-
cepção sensorial está ligada à natureza, nos homens esse fa-
to se apresenta também com a mente.
Desejamos primeiramente dirigir vossa atenção a vosso
organismo sensorial composto pelas cinco faculdades conhe-
cidas: a audição, a visão, o olfato, o paladar e o tato. Elas
formam, em conjunto, a base da consciência humana. Popu-
larmente elas são denominadas "consciência", pois, na au-
sência dessas funções orgânico-sensoriais a menor parcela
de consciência estaria fora de cogitação. Os sentidos capaci-
tam o homem a expressar-se e viver conscientemente neste
mundo.
Além disso, conhecemos também a faculdade do pen-
55
sarnento que o homem comum e suas autoridades associam
com o espírito humano. Uma pessoa que faz uso apropriado
de sua· faculdade intelectual é considerada possuidora de
poderes. espirituais mais ou menos grandes. Todavia, com
um exame mais profundo sobre o assunto, devemos abando-
nar totalmente a idéia de que o intelecto se acha ligado ao
espírito do homem, porquanto, o organismo sensorial do ho-
mem nascido da natureza e seu aparelho racional são total-
mente unos. Nas palavras de Hermes. eles estão intimamen-
te ligados e de modo algum diferenciados.
Assim, nem o intelecto, nem o organismo sensorial do
homem ligado à natureza, nem ainda a consciência que por
eles se explica, têm alguma coisa a ver com o espírito. O
homem nascido da natureza distingue-se dos outros animais
unicamente porque possui um aparelho racional além dos ór-
gãos sensoriais. Portanto, o homem possui, além de uma
percepção orgânico-sensorial, como os animais, uma mente,
ambas ligadas à natureza.
Devemos chegar à conclusão de que o homem se en-
contra muito mais ligado à natureza, muito mais dirigido à
natureza, do que qualquer outro animal. Esse fato evidencia-
se em todo o comportamento humano. Até a assim chama-
da religião, a metafísica do homem, fala, em todas as lín-
guas, de sua ligação natural. A divindade deve dar saúde e
longa vida ao homem. Tudo o que ele ambiciona é suplicado
à divindade, e tudo o que a divindade doa, como se acredita,
nesta área, é retribuído com a maior gratidão de tempos a
tempos. Quando a vida termina, pede-se à divindade um lu-
gar adequado no Além, junto da família, amigos e parentes, e
o brilho da luz solar celestial em perfeita alegria para sempre.
Tudo isso é muito lógico, pois a metafísica do ser natu-
56
ral deve certamente conduzir a isso. Dessa forma, deveis
examinar profundamente essa religiosidade, mesmo que,
muitas vezes, ela se apresente a todos os ocidentais adorna-
da não somente com o nome e a cruz de Cristo, mas tam-
bém com orientações distorcidas e roubadas de uma idéia to-
talmente diferente, que não é deste mundo.
Quanto a isso, o animal se encontra muito acima do
homem. O animal é simplesmente uno com a natureza, nada
mais. Todo o refinamento humano de auto-afirmação em
suas inumeráveis formas fenomenais são estranhas ao ani-
mal. O animal não está a par d1sso; o homem, sem dúvida
alguma, está O homem é a criatura mais atolada na nature-
za, o ser mais agrilhoado, devido ao fato de que o organismo
sensorial e racional, portanto a inteira consciência, tudo o
que o homem é, está totalmente unificado com a natureza.
Isso não é lisonjeiro nem tampouco agradável. Porém é
a verdade. A percepção sensorial e a atividade mental estão,
pois, no homem, unidas como se fossem entrelaçadas, diz
Hermes.
Sem a percepção sensorial não existe nenhuma racio-
nalidade, e sem a racionalidade, nenhuma percepção senso-
rial. O animal é orientado para seu objetivo natural, e ele o
manifesta clara e abertamente. Quanto a isso, o animal é
absolutamente leal e sincero. Porém, o mesmo não pode ser
dito com relação ao homem. O homem também se encontra
completamente orientado para seu objetivo natural. Contudo,
ele não o revela clara e abertamente, e é, neste ponto, ex-
tremamente mentiroso e desleal. Ele é forçado a isso em
conformidade com a lei de autoconservação, pois os homens
enganam uns aos outros de iodos os modos devido a astúcia
de sua mente. Deveis prestar bem atenção (e começai por
57
vós mesmos!) na forma como os homens mentem, logram e
enganam-se mutuamente. Em como eles assumem, de acor-
do com Ómomento, uma expressão de amizade ou de auste-
ridade, de alegria ou de sublimidade. Neste ponto, deveis
considerar os homens como o mais perigoso dos animais. E
nesse sentido, vosso exame começa por vós mesmos.
De tempos a tempos, surgem no mundo movimentos
que apontam a hipocrisia e a mentira infame do homem da
natureza, que revelam a ilusão e a lúgubre comédia de todo
o aparato da convivência humana. Esses movimentos dese-
jam, de vez em quando, empreender uma tentativa para
desmascarar tudo isso e propagam então a idéia de um ser
humano puro, honesto. Em algumas cidades do mundo, os
jovens são homens simples e autênticos (os adultos não se
arriscam!). Entretanto, se pudésseis perceber como é que se
concebe esse ser humano simples e autêntico, replicaríeis
imediatamente: "Sim, porém é irrealizável. Isso não pode
realmente ser feito. Ser um homem tão simples e autêntico
está totalmente fora de questão!"
Que bela confusão não se armaria, caros seres huma-
nos, se o homem da natureza começasse a viver em toda a
simplicidade e sem constrangimento, segundo seu ser dialé-
tico interior! Seria uma desordem tão medonha, que certas
esferas do mundo dos desejos, onde se libertam os excessos
das orgias das paixões humanas de um mundo tão tenso,
dela não seriam mais que um pálido reflexo.
Quando os jovens nas cidades do mundo começam a
viver como seres simples e autênticos, como se têm tentado
nos últimos anos, vemos a polícia cair sobre eles. A policia
parte contra os jovens quando eles protestam contra as
58
grandes mentiras da sociedade. Assim, resulta uma tensão
enorme no mundo - todos nós a percebemos - cada vez
mais difícil de agüentar, pois a vocação do homem não é ser
o mais inteligente e, por isso mesmo, o animal mais perigoso
dentre todos os animais! Todavia quem fará a juventude cor-
rompida das cidades do mundo compreender isso? Por quan-
tos séculos a juventude do mundo inteiro já não foi reitera-
damente enganada? Ela não nasceu, foi criada e educada
para ser abatida nos campos de batalha?
Que objetivo sublime, nobre e libertador pode-se ainda
oferecer aos jovens? Não se encontra o mundo continuamen-
te em chamas desde o início deste século? Existem ideais
religiosos, normas sociais ou científicas que possam ser con-
sideradas libertadoras? É de se admirar que os jovens ado-
tem um ponto de vista tão antigo como: "Comamos, beba-
mos e alegremo-nos; sejamos animais simples e autênticos,
pois amanhã morreremos".
"É bom", assim dizem os teólogos, os padres e os pas-
tores, "é muito bom ser um homem simples e autêntico. Nós
entendemos a juventude. Vinde, porém, viver assim conosco.
É claro que com um pouco mais de decência. Vinde descon-
trair-vos em nossos centros comunitários, sob a orientação
do evangelho".
Sabeis o que isso significa?
Nada mais nada menos do que o desmoronamento da
igreja em nossos dias. E deveis atentar para a forma como
tudo isso vai desenvolver-se em futuro próximo e para suas
conseqüências. Ainda veremos os jovens dançando o rock
and rol/ nas igrejas!
Estamos vivendo os últimos dias. Todo o gênio científi-
co do instinto natural se manifesta, como sabemos, nas hor-
59
ríveis ml:lquinações, nas monstruosas atrocidades, na maior
sede de sangue.
Satieis o que ocorre já há alguns anos na África?
As maquinações dos nazistas que nós europeus apren-
demos tão bem a temer, as situações sinistras das câmaras
de tortura e dos campos de concentração empalidecem dian-
te de todos os fatos ocorridos nos últimos anos na África, de-
vido a mais aguçada auto-afirmação do animal humano.
E tendo em vista tudo isso, não seria um insulto nos
apresentarmos com a palavra e a luz da Gnos1s? Pois, quem
somos? De que somos capazes? Não pertencemos também
aos animais mais perfeitos do mundo? Como nos comporta-
ríamos se nossas inibições fossem vencidas ou derribadas?
Quem somos nós? Como é que viemos a nos reunir aqui
nesta Escola? Isso também não é especulação? A especula-
ção dos instintos naturais? O que acontece conosco? Por
que motivo os alunos assistem por alguns dias e em número
cada vez maior às conferências? Por que eles freqüentam
com tanta assiduidade os serviços templários?
Essas são perguntas importantes à luz da realidade da
dialética. Perguntas que valem a pena ser feitas.
·Hermes responde no sexto, sétimo e oitavo versiculos
do décimo-primeiro livro:
Não obstante, é possfvel imaginar uma atividade men-
tal sem direta percepção sensorial, como por exemplo, as
imagens que se apresentam em sonhos.
Minha opinião é que ambas as atividades, ao se apre-
sentarem, são despertadas pelas imagens do sonho.
Porque a percepção é dividida no corpo material assim
oomo no corpo astral, e quando essas duas partes da per-
60
cepção se reúnem, o pensamento evocado na mente é ex-
presso pela oonsciência.
Essas palavras são muito importantes, embora nós, tal-
vez, não possamos compreendê-las à primeira vista. Por isso,
devemos discuti-las pormenorizadamente. Elas se aplicam
inteiramente a vosso estado de ser. Elas objetivam explicar
vossa primeira e provavelmente acanhada e hesitante tenta-
tiva de reação à Gnosis. Talvez vós mesmos sejais, de vez
em quando, um verdadeiro enigma v1vente. Por um lado, o
animal humano em suas múltiplas formas de expressão; por
outro, o homem realmente orientado segundo a Gnosis. Por
isso, talvez já tenhais-vos perguntado: "Afinal, o que faço eu
aqui nesta Escola?"
Hermes decifra esse enigma. Ele vos esclarece quem e
o que sois neste momento. Ele vos aconselha a não perma-
necer nessa situação, porém a elevar-vos e a convergir forças
para o irrompimento.
61
IX
NOSSA INFLUÊNCIA ASTRAL
Como se explica nosso encontro aqui na Escola se, ao
observarmos todo o comportamento da humanidade nascida
da natureza, compreendemos que o homem é o mais perfeito
dos animais, o animal dos animais, e que nós também per-
tencemos a esta humanidade natural? Não é possível que
nós estejamos fazendo outra especulação metafísica, dife-
rente daquelas da massa, e pertençamos a algum movimen-
to esotérico, assim como alguns estão ligados à Igreja Cató-
lica e outros a uma comunidade religiosa protestante?
Hermes nos responde essas perguntas inquietantes
com estas palavras:
É possível imaginar uma atividade mental sem direta
percepção sensorial, como por exemplo, as imagens que se
apresentam em sonhos.
O que Hermes quer dizer com isso?
Quando vossa personalidade adOrmece, ela se divide
em uma parte material e em outra mais sutil. Esta última
compreende também uma parte da consciência, especial-
mente o corpo astral. Este corpo astral da personalidade
63
dividida adentra a esfera astral, que está em sintonia com
todo o est~do de ser da pessoa, e dela participa. Várias im-
pressões provenientes dessa esfera impregnam alguns cen-
tros racionáis do corpo material.
Dá-se, portanto, o seguinte: enquanto dormis à noite,
vossa personalidade se divide, vosso corpo astral entra em
ligação com o correspondente campo astral, e vossos centros
racionais são carregados, como um acumulador, mediante
a ligação com a esfera astral. Visto que o intelecto forma
com os sentidos unidade perfeita, está claro que, ao acordar-
des na manhã seguinte, desencadear-se-à uma reação sen-
sorial motora proveniente de tudo o que foi transferido as-
tralmente para o organismo racional.
Daí se explica, em primeiro lugar, vossa tendência a en-
trar nesta Escola e vosso discipulado nela. No início, era co-
mo que se um impulso orgânico sensorial e intelectual, expli-
cável por diversas influências astrais, tivesse-vos trazido para
a Escola. Isso significa que sois sensíveis a esse tipo de in-
fluência astral. Quando independente de terceiros e positi-
vamente de vosso imo, escolheis o discipulado, isso se expli-
ca somente pelo fato de que determinadas influências as-
trais, às quais sois receptivos, conduziram-vos a esta Escola.
Isso pode, por exemplo, ser a conseqüência de um es-
tado puramente hereditário, portanto, proveniente de vossos
pais ou antepassados. Possuís um estado sanguíneo corres-
pondente ou uma secreção interna que vos abriu a essas in-
fluências. Pode ser tambêm que estejais predispostos carmi-
camente, que esteja presente em vosso ser* aura! uma pode-
rosa concentração de influências de orientação gnóstica que
penetrem a personalidade. Se tal predisposição cármica esti-
ver ligada a uma aptidão hereditária, os impulsos astrais
64
aluarão mui fortemente na pessoa e desenvolverão uma rea-
ção intensa, a maior parte das vezes já na mocidade.
É possível ainda que exista na pessoa predisposição
hereditária sintonizada com atividade impulsiva que careça,
porém, de uma base cármica. Neste caso, a reação está pre-
sente, porém, ela é ainda de natureza muito superficial, visto
que uma base cármica sempre implica experiência. Sabemos
muito bem o que acontece quando a experiência inexiste
numa criatura.
Também pode acontecer que ex1sta uma base cármica,
porém nenhuma predisposição hereditária. Então, o corpo, o
tipo sanguíneo e o fluido nervoso não se encontram prepara-
dos o suficiente para manifestar o discipulado, enquanto que
por meio do karma• uma influência poderosa, neste sentido,
é exercida no corpo, na personalidade. Geralmente, tais pes-
soas quase sempre têm vida bastante difícil. Normalmente,
passam-se muitos e muitos anos antes que elas se libertem
de suas influências hereditárias. Esse processo dura muitas
vezes até a faixa etária de 45 a 50 anos, tanto em homens
como em mulheres. Este é então o caso mais favorável. Fre-
qüentemente, eles vêm à Escola quando já estão em idade
muito avançada.
Não se deve fazer uma bela idéia dos impulsos astrais
e suas eventuais conseqüências que acometem o organismo
racional durante as horas de sono. Não deveis, por exemplo,
pensar num convite ou numa mensagem da Fraternidade es-
pecialmente dirigida a vós. Algo como: "Tu és tão excelente,
estás tão preparado; trilha a senda1
" Isso, com toda a certeza,
não é assim!
Na esfera astral do campo de vida da natureza comum,
65
diversas radiações, diversas influências, fazem-se valer des-
de o tipo a mais inferior e abjeto até o mais sublime e sere-
no. Na esfera astral de nossa terra, encontram-se não apenas
as coisas mais terríveis que se possa imaginar, mas também
as influências astrais da Fraternidade" Universal.
Deveis ainda saber que as coisas na esfera astral acon-
tecem antes de sua manifestação na esfera• material. En-
quanto as coisas seguem aqui um cam1nho moroso, elas se
manifestam na esfera astral muito mais rapidamente. Em ou-
tras palavras, tudo o que se desenvolve neste momento em
nossa esfera astral, realizar-se-á, por exemplo, amanhã, de-
pois de amanhã ou mesmo muito mais tarde na esfera mate-
rial. Por isso, a esfera astral, nosso corpo astral, as influên-
cias astrais em geral, sempre dão o tom em nossa vida. As
influências astrais estimulam-nos a realizar aqui o que já
existe no plano astral.
Por conseguinte, existem também, como já foi dito, in-
fluências da corrente universal gnóstica que atuam na esfera
astral desta natureza, influências que se distinguem em cada
região astral. Caso alguém tenha alguma tendência hereditá-
ria ou um karma consoante a essa disposição, então as in-
fluências astrais da Fraternidade penetrarão as pessoas e na
maioria dos casos elas reagirão. Por exemplo, elas se mos-
trarão interessadas pela filosofia e literatura da Escola da
Rosacruz Áurea. Pode ser também que alguém reaja de tal
forma que chegue a uma escola como a nossa.
Por que vós, como alunos, aceitais as influências da
Fraternidade Universal e outro não? Essa é uma questão,
como já foi mencionado, de tendências hereditárias ou cár-
micas.
Como surge essa tendência?
66
Também já conheceis a resposta a essa pergunta. Ern
primeiro lugar, devido às inúmeras experiências amargas de
vossos pais e antepassados, quando reagis apenas à predis·
posição hereditária.
Vede, quando esperais e ansiais por tudo o que é da
dialética durante a vossa vida e assim prosseguis de maneira
positiva e fortemente orientados no plano horizontal, mais
cedo ou mais tarde chegará a hora em que tudo vos será
subtraído e sereis atados a toda a sorte de misérias. As in-
fluências astrais que até então vos impeliram, já não vos sa-
tisfazem. Como conseqüência, surge um impulso em vosso
sistema dirigido a algo mais. Pode ser que, nesse impulso, a
influência astral da Gnosis comece a falar em vós. Se estais
na Escola Espiritual devido a fatores puramente hereditários,
podeis encontrar em vossos pais e antepassados as tendên-
cias que vos conduziram a isso. Vossos pais e antepassados
beberam do doloroso cálice de amarguras.
Em segundo lugar, se reagis apenas carmicamente, en-
tão as influências cármicas são impregnadas em vosso sis-
tema devido a amargas experiências vividas por vossos pre-
decessores em vosso próprio microcosmo. Em certo sentido,
elas se tornaram agora vossas próprias experiências. Pelo
menos, tendes a vossa disposição uma série de experiências
muito íntimas e especiais. Foi também bebendo do cálice de
amarguras que fostes finalmente trazidos aqui. Isto indica
principalmente o terceiro tipo de aluno que deve beber, ele
mesmo, em largos goles dessa taça.
Pois bem, as experiências do primeiro, segundo e ter-
ceiro tipos ou dos três tipos em conjunto conduziram-vos pa-
ra o discipulado. Os demais, incontáveis milhares de pes-
soas, ainda não vieram porque, por enquanto, suas reações
67
de vigília orgânico-sensoriais levaram-nas a outras plagas.
No fundo, çontudo, não havia diferença alguma entre a vida
delas e a vossa, entre o estado incipiente e essencial delas e
o vosso. A· sinceridade nos impele a dizer que até a vossa
entrada na Escola foi quase que especulação puramente me-
tafísica.
O que acontece normalmente com um aluno quando
vem para a Escola Espiritual da Rosacruz?
Ele busca paz, segurança; busca solução para seu
complicado estado de vida. Procura tranqüliidade. Ele tam-
bém é um animal que procura proteção, e seu instinto impe-
le-o nessa direção por meio de um impulso astral. O animal
açulado, cansado ou abatido procura segurança no templo da
Gnosis. A percepção é dividida no corpo material assim co-
mo no corpo astral, diz Hermes, e quando as duas partes da
percepção se reúnem, o pensamento evocado na mente é
expresso pela consciência.
Pode-se perguntar: o que acontece quando o animal
humano, cansado, abatido, chega ao templo? O que ocorre
quando ele está um pouco sossegado?
O animal humano acomodar-se-á em seu novo ambien-
te e se comportará novamente segundo sua índole. Enquanto
ele adornar-se com a ilusão do discipulado, continuará a viver
puramente da especulação, munido com as brilhantes quali-
dades do animal humano.
Entretanto, dessa forma, a entrada na Escola não traz
solução alguma para a vida. O doloroso cálice de amarguras
será enchido novamente até a borda e colocado diante dele.
As correntes astrais continuam a fluir, os sentidos são conti-
nuamente ativados, e o curso da vida com seu acúmulo de
68
experiências permanece idêntico a si mesmo ou ao de nos-
sos antecessores, os doadores de nosso karma. Uma solução
não vem de forma alguma assim. O animal humano era um
especulador metafísico e continua a sê-lo na Escola. No final
das contas, a Escola* não concede libertação alguma e o que
se segue é fácil de prever: eles vociferam contra a Escola e
acham que há alguma coisa de errado nela. São pródigos em
críticas e prosseguem em suas especulações. Se esse papel
de crédito não rendeu o suficiente, talvez eles tentem mais
uma vez com outro título. Assim, mudam sua orientação ou
procuram outro passatempo. Pobre e idiota animal humano!
Vós bem sabeis que. se a percepção experimenta as in-
fluências astrais tanto no corpo material como no astral, o
pensamento nascido dessa maneira toma forma na cons-
ciência, e vós fazeis aquilo que está inteiramente em concor-
dância com vossas qualidades. Assimilais as influências as-
trais conforme vosso tipo, instinto e orientação e, em segui-
da, sois obrigados a reagir a elas.
Deveis reagir quando vossos organismos racional e
sensorial são carregados à noite por meio de influências as-
trais. Então, mesmo que digais: "Eu não faço isso". sois obri-
gados a fazê-lo! Não há dúvida de que não poderíeis agir de
outra forma. Assim como um peixe tem a água como seu
elemento vital e não pode passar sem ela, o animal humano
também não pode levar uma vida gnóstica.
O que acontece quando também 2.s influências astrais
gnósticas vos tocam? Aí, vossa atitude de vida apresenta
uma cisão. Nesse caso há, por um lado, uma orientação para
a Gnosis e, por outro, o comportamento de animal humano
comum. Isso tem realmente algum sentido? Um homem que
assim é, engana-se a si próprio e também à Gnosis, sem ter
69
de fato consciência disso e, infelizmente, sem poder fazer
outra coisa.
Eis por que falamos sobre tudo isso. Não em tom re-
preensivo, porém apenas comprovativo, pois é realmente útil
voltar-se inteiramente para a realidade, despojado de todo o
supérfluo e perguntar-se: "Qual é, no momento, minha reali-
dade?"
Hermes diz no nono versículo do décimo-primeiro livro:
A mente gera todas as imagens pensadas: imagens
boas, quando recebe as sementes de Deus; imagens ímpias,
quando provém de um dos demônios, porque não há lugar no
mundo sem demônios
Sabeis o quanto tudo isso é correto. As sete câmaras
do santuário da cabeça, assim como as do santuário do co-
ração, são carregadas durante o sono. Valores e forças as-
trais aí penetram para se desenvolver, com relação ao aluno,
são de natureza gnóstica e chamadora (valores e forças
boas), e também de natureza totalmente diferente: demonía-
ca.
Assim, os alunos, pelo menos muitos dentre eles, tri-
lham seu caminho da vida, caminho que é de fato mortal-
mente fatigante. Desejamos, ainda mais uma vez, examinar
profundamente esse caminho, e se o fizermos, não poderá
acontecer outra coisa senão que, novamente, do imo, elevar-
se-é o grito de agonia ou o grito de angústia do animal hu-
mano em aflição.
Citamos aqui o grito hermético de Paulo na Carta aos
Romanos 7: "Assim, encontro esta lei em mim: se quero fa-
zer o bem, o mal está comigo. Miserável homem que sou!
Quem me livrará do corpo desta morte?"
70
X
O DEMONISMO NEGRO
A mente gera todas as imagens pensadas: imagens
boas, quaRdo recebe as sementes de Deus; imagens ímpias,
quando provêm de um dos demónios, porque não há lugar no
mundo sem demónios, pelo menos demônios nos quais falta
a luz de Deus. Eles penetram o homem e semeiam as se-
mentes de suas próprias atividades, e a mente é então fe-
cundada com o que foi semeado - adultérios, assassínios,
tratamento desamoroso aos pais, atas sacrílegos, ações fm-
pias, suicídios por enforcamento, ou por atirar-se das rochas
e todas as outras coisas semelhantes operadas pelos demô-
nios.
Quanto às sementes de Deus, elas são pouco numero-
sas, porém grandes, belas e boas! São chamadas virtude,
temperança e bem-aventurança. A bem-aventurança é a
Gnosis, o conhecimento que é de Deus e com Deus. Quem
possui esse conhecimento está pleno de todo o bem e rece-
be seus pensamentos de Deus, os quais são inteiramente di-
versos dos da massa.
É por isso que os que andam na Gnosis não agradam à
massa, e, por outro lado, a massa não agrada a eles. Os pri-
meiros são considerados dementes, são sujeitos ao riso e ao
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  • 2. A ARQUIGNOSIS EGÍPCIA e o seu chamado no eterno presente de novo proclamada e esclarecida baseada na TÁBULA SMARAGDINA e no CORPUS HERMETICUM de HERMES TRISMEGISTO por J. VAN RIJCKENBORGH Tomo III 1~ edição- 1989 Uma publicação do LECTORIUM ROSICRUCIANUM ESCOLA ESPIRITUAL DA ROSACRUZ ÁUREA São Paulo - Brasil
  • 3. Traduzida do alemão: DIE AGYPTISCHE URGNOS/S- 3 Tftulo do original holandês: DE EGYPTISCHE OERGNOSIS EN HAAR ROEP lN HET EEUWIGE NU ROZEKRUIS-PERS Bakenessergracht 11-15 Haarlem - Holanda Todos os direitos, inclusive os de 1radução ou reprodução do presente livro, por qualquer sistema, total ou parcial, soo reservados à Rozekruis-Pers, Haa~em, Holanda.
  • 4. PREFÁCIO A marcha da humanidade, que se tornou novamente para o homem terreno numa marcha do destino, mostra de novo sua regularidade inatacável em meio a toda a teimosia humana ímpia: "Pelos frutos se conhece a árvore" e "colherás o que semeares!" A imagem do mundo aluai, com sua ameaça e seu ódio vermelho-sangue, com sua degeneração vergonhosa e seus aspectos dementes, pronunciam a essa luz um julgamento aniquilador, o qual anuncia o fim próximo desse dia de mani- festação. Muitos o reconhecem e estão assustados, em seu mais profundo ser, com aquilo que o tão louvado conhecimento humano produziu. Consciente ou inconscientemente, eles buscam na inutilidade das coisas um caminho que possa atenuar o crescente sentimento de culpa e oferecer uma possibilidade de obter, além do discernimento libertador, uma atitude de vida que propicie a reconciliação interior com a Fonte Única da Vida A terceira parte do livro A Arquignosis Egí,ocia e seu Chamado no eterno Presente chama a atenção, através da compreensão inferior ligada aos órgãos dos sentidos, para o Bem Único, que apenas pode ser encontrado em Deus, no mais profundo ser do homem, e oferece a chave para uma vida libertadora no .caminho do renascimento da alma. Quem realmente busca a Luz na escuridão da noite que cai é colo- cado aqui perante a prática da palavra de Cristo: "Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua justiça". Essa prática é ex- plicada pela lei hermética: "Tudo receber, tudo abandonar e, VIl
  • 5. com isso, tudo renovar". Possam muitos buscadores entender ainda o chamado da Gnosis para a auto-realização e utilizar a chave da liber- tação para sua salvação e a da humanidade. Jan van Rijckenborgh VIII
  • 6. A porta de Saturno
  • 7. O PORTAL DE SATURNO Saturno é o senhor da matéria e a origem de todos os processos de cristalização. Como tal, ele é a força do impe- dimento, da restrição e da queda. Do mesmo modo, a função de Saturno é manifestar tu- do aquilo que foi criado pelo homem. Por isso, ele geralmen- te é representado como "o homem com a fo1ce e a ampulhe- ta", como o hierofante da morte. Com efeito, todos os valores da vida satânica dialética, todas as conseqüências do ego- centrismo, a inteira atividade da vida inferior, são por ele tra- zidas à luz do dia, num momento psicológico. Saturno é o Pai-Tempo, Cronos, que ordena: "Até aqui e não mais além!" Saturno é, além disso, o iniciador! Aquele que segue a senda de renovação da vida e que se volta para a harmonia com a grande lei universal da vida, encontra Saturno como o revelador de tudo aquilo que se tornou novo: os valores impe- recíveis que se encontram consolidados na alma. Saturno, o mensageiro da morte da natureza efémera, torna-se então o arauto do homem imperecível, ressuscitado. O ano de 1962, em que esta terceira parte da Arqui- gnosis Egfpcia foi publicada, é um ano saturnino, isto é, um ano em que a humanidade foi colocada enfaticamente diante de uma escolha: submeter-se ao caminho do velhÓ Saturno, o caminho que conduz à decomposição pela morte, ou trilhar o caminho de libertação que, com o auxilio das forças-luzes da Gnosis Universal, leva ao portal da nova vida, à cidade áurea, à nova Jerusalém. IX
  • 8. DÉCIMO LIVRO O BEM ESTÁ UNICAMENTE EM DEUS E EM NENHUMA OUTRA PARTE 1. O bem, Asclépio, está exclusivamente em Deus, ou me- lhor, Deus é o bem em toda a eternidade. Conseqüente- mente, o bem é necessariamente o fundamento e a es- sência de todo o movimento e de todo o devir: não existe nada destitufdo dele! O bem é circundado por uma força reveladora estática em perfeito equilíbrio - a inteira pleni- tude, a fonte universal, a origem de todas as coisas - quando denomino aquilo que tudo preenche, quero dizer o bem absoluto e eterno. 2. Esta qualidade pertence exclusivamente a Deüs, pois de nada Ele carece, porque nenhum desejo de posse pode tomá-Lo mau; niio há nada que Ele possa perder e cuja perda Lhe cause dor (porque sofrimento e dor são uma parte do mal); não há nada que seja mais forte do que Ele e que possa combatê-Lo (nem tampouco está em conformidade com Sua essência, que a injúria possa
  • 9. atingi-Lo); nada O ultrapassa em beleza que possa in- flamar seus sentidos em amor: nada pode recusar obe- decer-Lhe e causar-Lhe por isso cólera; e nada é mais sábio do que Ele e que assim possa despertar Seu ciú- me: 3. Estándo pois ausentes no onisser todas essas emoções, nada existe nEle senão o bem. E. visto que nenhum dos outros atributos pode apresentar-se em semelhante ser, é igualmente certo que o bem não pode ser encontrado em nenhum outro ser. 4. Pois, todos os outros atributos se encontram em todos os seres, tanto nos pequenos como nos grandes, em cada um deles a sua própria maneira, e, mesmo no mundo, o maior e o mais poderoso de toda a vida manifestada; tu- do o que foi criado está cheio de sofrimento1, pois a ge- ração mesma é um sofrimento. Onde há sofrimento, o bem está decididamente ausente. Porque onde está o bem certamente não há sofrimento. Pois, onde está o dia, não está a noite, e onde está a noite, não está o dia. Por isso, o bem não pode habitar no que é criado, porém somente no incriado; contudo, como a matéria de todas as coisas participa do incriado, participa como tal igual- mente do bem. Neste sentido, o mundo é bom, pois até o ponto onde também produz todas as coisas, ele é, como tal, bom; todavia, em todos os outros aspectos, não é bom, porque também está sujeito aos sofrimentos e à mutabilidade, e é mãe de todas as criaturas suscetíveis de sofrimento. 1. Pathos: sofrimento, dor; também o sofrimento da alma e paixão; todas as emo- ções estão contidas nessa acepção. 2
  • 10. 5. O homem estabelece as normas de bondade mediante a comparação com o mal, porque o mal não demasiada- mente grande vale aqui como o bem, e o que aqui é jul- gado como o bem, é a menor parte do mal. Portanto, de modo algum, pode aqui ser livre da mácula do mal. Aqui o bem é sempre de novo atingido pelo mal, e, deste mo- do, cessa de ser bom. Assim, o bem se degenera em mal. Assim o bem está somente em Deus, sim, Deus é o bem. 6. Entre os homens. Asclépio, encontra-se o bem unicamen- te segundo o nome, todavia em parte alguma como rea- lidade, o que é, aliás, impossfvel. Porque o bem não po- de encontrar lugar num corpo material que está quase sufocado em males e em esforços penosos, dores e de- sejos, instintos e ilusões e imagens dos sentidos. 7. O pior de tudo, Asclépio, é que se considera cada uma das coisas que nomeei e que impulsiona os homens, como o bem supremo, em vez de um mal extremo. O ins- tinto de cobiça do ventre2, o incitador de todas as malda- des, é o erro que nos tem aqui afastado do bem. a. Por isso, dou graças a Deus pelo que ele mal]ifestou a minha consciência como conhecimento sobre o bem que não se pode encontrar no mundo, pois o mundo está preenchido pela plenitude do mal, do mesmo modo que Deus está preenchido pela plenitude do bem, ou o bem, pela plenitude de Deus. 2. Plexo Solar. 3
  • 11. 9. Do ser divino irradia a beleza, que habita no ser de Deus, em suprema pureza e imaculabilidade. Ousemos proferi-lo, Asclépio: a essência de Deus, se nos for per- mitido falar disso, é o belo e o bem. 10. Náo se pode encontrar o belo e o bem, naqueles que estão no mundo. Todas as coisas perceptíveis aos olhos são formas aparentes, algo como silhuetas. Porém tudo o que vai além dos sentidos se aproxima ao máximo do ser do belo e do bem. E assim como o olho não pode ver a Deus, tampouco pode ver o belo e o bem, pois ambos são partes perfeitas de Deus, porque próprias dEle e dEle somente, inseparáveis de Seu ser, e ex- pressão do supremo amor de Deus e a Deus. 11 . Se assim pudesses reconhecer a Deus, reconhecerias o belo e o bem, em sua suprema glória radiante, inteira- mente iluminada por Deus, pois essa beleza é incompa- rável, essa beleza é inimitável, assim como Deus mes- mo o é. À medida que reconheces a Deus, reconheces também o belo e o bem. Eles não podem ser participa- dos a outros seres, por serem inseparáveis de Deus. 12. Se buscaste encontrar a Deus, busca também o belo, pois há somente um caminho que conduz daqui ao be- lo: uma vida ativa que serve a Deus nas mãos da Gno- sis. 13. Por isso, aqueles que estão sem a Gnosis e não trilham o caminho da devoção ousam chamar o homem de belo e bom, ele que jamais viu, mesmo em sonhos, o que é 4
  • 12. o bem, porém que está nas garras de todas as formas do mal, e que considera o mal, como o bem e, deste modo, acolhe o mal sem jamais ser saciado, temendo ser dele privado e, lutando, tenta, com todo o seu poder, conservá-/o e mesmo fazê-lo multiplicar. 14. Assim, Asclépio, isso está estabelecido no tocante à bondade e à beleza humanas, e não podemos delas fu- gir nem odiá-las, porque o mais penoso de tudo é que precisamos delas, e sem elas não podemos viver. 5
  • 13. 11 O MISTÉRIO DO BEM Sem dúvida alguma, conheceis a passagem do jovem rico, descrita nos evangelhos; a história do homem que en- contra Jesus e lhe pergunta: "Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?" Jesus, antes de responder, dis- se-lhe: "Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus". Se pegarmos o décimo livro de Hermes Trismegisto, ve- remos que o trecho evangélico citado acima é proveniente da filosofia hermética. Isto pode ser facilmente comprovado, pois a filosofia hermética já existia, há milhares de anos, an- tes do surgimento de quaisquer evangelhos cristãos. Já no primeiro versículo, do décimo livro, lemos: O bem está exclusivamente em Deus, 0t1 melhor, Deus é o bem em toda a eternidade. Essas palavras demonstram claramente que o bem é, para nós, uma realidade desconhecida, a indicação de um estado que não podemos nem sequer nos aproximar. Se refletirdes sobre isso, percebereis que nosso "bem", ou aquilo a que estais acostumados a chamar de bem, está 7
  • 14. relacionado com algo totalmente diverso. Trata-se de um conceito inteiramente relativo que apresenta certo valor para o homem-eu durante um tempo limitado. Sabeis que aquilo que denominais "bom" pode talvez se revelar muito mau, ou pelo menos crítico, a outrem. Aquilo que alguém enaltece como sendo o mais nobre, é considerado o mais desprezível por outro. Existem tantas normas de bondade e maldade quantos seres humanos. Em geral, julgamos bom aquilo que nos pa- rece belo e agradável ou se encontra em s1ntonia com nossa compreensão de vida. O contrário consideramos então como mau. Por conseguinte, reina, neste ponto, um caos intenso, pois não há homens realmente bons em nosso campo de vi- da. Do mesmo modo, não pode ser encontrado o bem, o bem único, neste campo de vida. Os conceitos dialéticos· de "bom" e "mau" não encon- tram nenhuma base, não podendo, por isso, constituir as normas sobre as quais uma filosofia libertadora deve ser construída. Nesse sentido, existe muitas vezes uma pensada e alarmante fraude. Cada povo, cada raça, cada grupo, cada movimento, fundamenta-se nessa assim chamada bondade. E dizem: "O bem é como o vemos, compreendemos e faze- mos. Atentai, pois, para o que fazemos". Entretanto isso é algo, além de ridículo, muito perigoso, pois aquele que dá ouvidos a tais autolouvores terá grandes desilusões. A lei dos opostos alcançá-lo-á inevitavelmente. Ninguém discordará do fato de que a humanidade pre- tende e sempre aspirará a solucionar seus problemas tão bem quanto possível, e de que existem inúmeras pessoas que desejam, de coração, colaborar nisso. Todavia, não espe- • Ver·Glossário no final do livro. 8
  • 15. rai disso algo de essencial. Não esperai o bem, pois, aquilo que é apregoado como bom aqui em nosso campo de exis- tência, é mentira ou engodo. Isso já foi seguramente confir- mado há milhares de anos. Neste mundo, já se filosofou muito sobre esse assunto. Pensai, por exemplo, em Nietzsche que considerou, com ra- zão, completamente secundária a discriminação entre o bem e o mal. Também um filósofo como Kant compreendeu que aqui o bem e o mal são dependentes do Julgamento humano. O que vos parece bom, é bom para vós; outro pode divergir totalmente de vossa opinião. Aquele que se aferra a essa idéia, nunca encontrará solução. De quantas conversas já participastes, conversas com- pletamente vãs, referentes a vossas muitas vezes diferentes apreciações do bem e do mal? Por isso, não é nosso objetivo entediar-vos com nossa compreensão do bem e do mal. Não, nossa intenção é libertar-vos de tudo isso e dirigir vossa atenção ao verdadeiro bem, que existe exclusivamente em Deus. No final do décimo livro, no versículo 14, é dito o se- guinte, referente à ignorância humana sobre o bem e o mal: Assim, isso está estabelecido no tocante à bondade e à beleza humanas, e não podemos delas fugir nem odiá-las, porque o mais penoso de tudo é que precisamos delas, e sem elas não podemos viver. Nosso objetivo é de vos elevar, se possível, ao ponto de vista hermético. Se observardes a ostentação de bondade humana nos diversos grupos existentes no mundo, se cami- nhardes entre o formigamento de atos de bondade, e se for- 9
  • 16. des um verdadeiro buscador da verdade, ser-vos-á impossível amar tudo isso. Certamente, podeis encontrar nisso elemen- tos úteis em muitos aspectos, e às vezes coisas agradáveis. Porém vendo tudo isso à luz da filosofia hermética, reconhe- cereis diretamente como tudo é insuficiente e sem esperan- ça. Sereis incapazes de amar essas tentativas de se fazer o bem. O que é válido para o amor, o é também para a bonda- de. Assim como o bem existe somente em Deus, assim tam- bém o amor pode apenas nEle existir. Nenhum dos dois po- derá, naturalmente, ser encontrado no homem' nascido da natureza. Eis por que o buscador da verdade não deve tentar encontrá-los onde eles não estão. Porém, deveis cuidar para que não odieis a bondade e a beleza humanas, pois o ódio queima, destrói. O amor tam- bém é um fogo, uma força astral relacionada com o coração. Assim, quando uma pessoa que busca o amor é desiludida, ela é sempre submetida a uma purificação, e o anseio pelo único necessário toma-se mais puro, mais urgente. Contudo, o fogo do ódio, que também é uma radiação astral no san- tuário' do coração, destrói e faz murchar o coração. Não so- bra nada ao homem que odeia. Existe ainda uma terceira atitude de vida, que não es- pera nem busca o impossível. Assume-se um ponto de vista puramente objetivo diante dessas coisas e se verifica um tipo de benevolência neutra, em que as coisas são simplesmente aceitas tais como elas são. Por isso, Hermes diz: . . . não podemos fugir da bondade nem da beleza hu- manas, nem odiá-/as, porque o mais penoso de tudo é que precisamos delas, e sem elas não podemos viver. Enquanto atravessais a vida nascida da natureza, 10
  • 17. necessitais dessa vida e de suas características; por isso, soa o conselho: "Não alimenteis ódio algum com relação à mar- cha de vossa vida através da natureza e não tenteis fugir da mesma". Então, o que fazer? Se não amais nem odiais a beleza e a bondade huma- nas e não tentais delas fugir, encontrais-vos autônomos em relação à natureza dialética*. Então não existe nada que vos una a ela nem que vos possa deter. Assim, cumpris vossas obrigações diárias, sem queixas, lamentações, nem senti- mentos de vingança ou de oposição. Atravessais a vida tenebrosa da natureza da morte se- gundo uma lei que vos impele. Não podeis negar vosso nas- cimento na natureza* da morte. Cumpri pois vossas obriga- ções em virtude dessa realidade e fazei-o de cabeça erguida. Sem ódio, sem fuga, sem amor, e se encontrardes outro bus- cador da verdade na senda da vida, contentai-vos com um olhar de compreensão. Para onde vai o buscador da verdade? Ele se volta para a base das coisas, para a base de todo o devir. O buscador da verdade se volta para o bem único. O bem somente pode ser encontrado em Deus, e aquele que encontra Deus, que participa do bem, a partir desse momento, já não é deste mundo. Uma vez encontrado Deus, estareis junto com os ou- tros irmãos e irmãs no novo campo de vida, no mundo da alma. Atentai para o fato de que o homem pode participar verdadeiramente do bem, porém não pode ser o bem, assim diz Hermes. O bem sempre se distinguirá do homem. Nesse sentido, ninguém é bom, nem um sequer. Por isso, devemos examinar o que e quem é o bem, e como um homem pode participar dele. Além disso, devemos 11
  • 18. compreender claramente que tipo de ser vivente é, na verda- de, o homem nascido da natureza. Entre o homem nascido da nat'ureza e o bem está a senda, a senda que leva à parti- cipação do bem. Aquele que deseja trilhar essa senda deve começar a não se prender a nada, a nada se prender no sen- tido aéima exposto. Somente quando já não estiverdes ape- gados à natureza em que nascestes e fostes educados, quer em relação ao amor, quer em relação ao ódio, podereis viajar oom a alma de Belém ao Gólgota. Então, podereis trilhar a senda rumo à unidade divina, ao bem único. Coloquemo-nos então, como viajantes ansiosos, diante do mistério do bem. Tentemos desvendar esse mistério. 12
  • 19. III A SENDA DA AUTO-RENDIÇÃO O bem, Asclépio, está exclusivamente em Deus, ou melhor, Deus é o bem em toda a eternidade. Conseqüente- mente, o bem é necessariamente o fundamento e a essência de todo o movimento e de todo o devir: não existe nada des- titufdo dele! O bem é circundado por uma força reveladora estática em perfeito equiltbrio - a inteira plenitude, a fonte universal, a origem de todas as coisas - pois quando deno- mino aquilo que tudo preenche, quero dizer o bem absoluto e eterno. Esta qualidade pertence exclusivamente a Deus, pois de nada Ele carece, porque nenhum desejo de posse pode tomá-Lo mau; não há nada que Ele possa perder e cuja per- da Lhe cause dor (porque sofrimento e dor são uma parte do mal); não há nada que seja mais forte do que Ele e que pos- sa combatê-Lo (nem tampouco está em conformidade com Sua essência, que a injúria possa atingi-Lo); nada O ultra- passa em beleza, que possa inflamar seus sentidos em amor; nada pode recusar obedecer-Lhe e causar-Lhe por isso cólera; e nada é mais sábio do que Ele e que assim possa despertar Seu ciúme. 13
  • 20. Consideremos mais de perto essas palavras constantes do décimo livro de Hermes. Elas mostram que a noção de Deus, na filosofia hermética, dimana da certeza de uma di- vindade autônoma e imutável. Ao mesmo tempo, reconhe- cemos J:J fato de que os ensinamentos herméticos foram in- troduzidos em quase todos os grupos religiosos mais impor- tantes do mundo, não obstante todas as distorções a que fo- ram submetidos. Imaginai, se possível, as sete regiões cósmicas, não dispostas uma sobre a outra nem em posições contíguas, po- rém, concêntricas umas às outras. A total harmonia da cria- ção, a plenitude da criação nas sete regiões cósmicas, seu movimento e atividade, não são a divindade, porém encon- tram nela seu fundamento e sua essência. Deus, o Incognos- cível, o Bem, é circundado por uma força reveladora estática, que é a fonte universal, a origem de todas as coisas. Esse bem, absoluto e eterno, que tudo preenche, pertence exclusi- vamente a Deus. Ele de nada carece, pois Ele é tudo em Si mesmo. Desse ser único e incognoscível dimana uma radiação poderosa e oniabarcante. O universo foi criado e é mantido mediante essa poderosa radiação da divindade única que preenche todo o universo e que é, portanto, onipresente. Por um lado, existe Deus, o bem único; por outro, a criação e a criatura nessa imensurável complexidade. Se puderdes agora vos apegar a essa idéia, como pon- to de partida de uma atitude de vida; se puderdes aprofun- dar-vos em tudo isso, devereis então perguntar-vos por que esse assunto é apresentado a Asclépio. Talvez, devido a um doutrinamento dogmático? Não, Asclépio deve tornar-se um sanador, ou seja, um 14
  • 21. sacerdote, e é claro, curar primeiramente a si próprio. Asclé- pio deve, como criatura, elevar-se a seu objetivo supremo que se encontra contido somente no bem único. Todavia, por enquanto, Asclépio se vê colocado diante da imensurável complexidade da criação e das criaturas. Mi- lhões de criaturas são, em sentido mais restrito, nossos se- melhantes. Dentre todos esses companheiros de raça e de destino, muitos se colocam em um ponto de vista contrário. Pensai nas inúmeras autoridades ex1stentes no mundo que vos dizem: "Nós afirmamos isso, portanto, ouvi-nos. Isso nós fazemos, isso nós sabemos, isso nós podemos. Segui esse caminho; é esse que deveis trilhar". Sim, houve às vezes períodos da humanidade em que a coação foi exercida por parte das classes dominantes, coa- ção sob a ameaça de tortura e à vida. Os irmãos e irmãs da tríplice aliança da luz - Graal, cátaros* e cruz-com-rosas - podem testemunhar disso! MeS!:flO em nosso tempo, desen- volve-se também o controle da consciência, tanto em peque- na como em grande escala. Esse controle encontra respaldo em vários domínios de vida por inúmeros motivos. Fala-se, por exemplo, em tirania familiar; e, em muitos países, de ti- rania de grupos. Além disso, pensamos também nos habitan- tes da esfera* refletora e nas ondas de vida que habitam a região etérica; em habitantes de outros corpos celestes; nos eões* e nos arcontes* dos eões. Há entre essas criaturas aqueles que alcançaram um alto grau de desenvolvimento e que se ataviam ou são ataviados com o nome de deuses*. Existem ainda hordas ocupadas com a grande3 farsa. Enfim, miríades de criaturas com infinitas possibilidades de trair, en- 3. Ver Oesrnascaramento, de Jan van Rijckenborgh. 15
  • 22. ganar e coagir. E todos vos dizem: "Possuímos o bem!" E agora falamos de Asclépio, o buscador no oceano da vida, a criatura em meio a seus semelhantes. Ele está pres- tes a·afundar e é arrastado para lá e para cá pelas ondas. A maior parte dos leitores deste livro são buscadores natos. O que já não tendes procurado? Quanta literatura já não devo- rastes! E não foi dessa forma que, como por acaso, como se fosse um elo não previsto na cadeia de Circunstâncias, en- trastes em contato com a Escola· Espiritual da Rosacruz Áu- rea? O que deve Asclépio fazer no ardor de sua busca? O que ele pode fazer? Para onde deve dirigir-se? O que é feito dele? Para onde as ondas da vida o arrastam? Milhares de vozes o chamam: "O bem está aqui!" O que lhe acontecerá? Pois em toda a criação, o mal assume diversas formas. É por isso que o décimo livro de Hermes observa que aquilo que se considera como "bom" aqui na dialética é, na melhor das hi- póteses, a menor parte do mal. Quem poderia realmente reconhecer a verdade em meio a todas essas formas irreais, a todos esses fantasmas que se nos apresentam? Quem é capaz de penetrar toda es- sa teatralidade, toda essa ilusão, toda essa criminalidade? Como se poderia esquadrinhar esse imenso ca.os? Quem se- ria capaz de se manter em pé no meio de todos esses peri- gos irretreáveis? Isso é realmente impossível? Não, é bem possível! Para tanto, o décimo livro de Hermes nos auxilia. Ele se dirige aos homens que desejam tornar-se Asclépio. Alguns fatos colocam o buscador Asclépio em condições de prosseguir e encontrar seu caminho nesse labinnto. Primeiramente, o fato de que o bem único é autô- nomo. Ele e sua poderosa radiação estão completamente 16
  • 23. apartados de toda a criação, não sendo possível encontrar nele algo dessa tão ilusória criação. Aliam-se a isso o fato de que somente ele é absoluta e eternamente puro e de que a divindade sempre irradia sua poderosa luz através da inteira criação, de todo o caos, não existindo lugar algum onde ela não esteja presente. A receita para tanto já vos pudemos dar. Se desejais ser um sacerdote da Gnosis'; se desejais tornar-vos Asclépio, um sanador da humanidade, não vos apegueis a nada, nem por amor nem, de forma alguma, por ódio. Sede puramente objetivos, benevolentes ao máximo, porém autónomos. Não deis ouvidos a uma única voz. Não sigais um só impulso, uma única sugestão. Também não aceiteis de antemão nos- sa palavra como verdadeira. Sede benevolentes, objetivos, até descobrirdes em vosso íntimo algo da verdade. Repetimos: não ouçais uma única voz, não sigais ne- nhuma coação de vossos órgãos sensoriais aluais. Permane- cei sem mais nada, sem autopresunção, como uma criatura autónoma na onirrevelação. Ao mesmo tempo, sede extre- mamente vigilantes, pois ao encetardes a caminhada rumo à autonomia, toda a legião de eões e arcontes cairá sobre vós. Muitos deuses da criação, muitas entidades poderosas, pas- sarão a se interessar por vós! Somente da forma descrita acima, a Escola da Rosa- cruz Áurea nasceu e se tornou o que é, isto é, por meio da autonomia. Aqueles que iniciaram o trabalho da Escola Espi- ritual gnóstica colocaram-se desde o princípio, embora ex- tremamente benevolentes e corretos, no ponto de vista: não há nada de bom neste mundo. Nem há ninguém bom, nem um sequer. Por isso, desejamos ser autónomos. A divindade, 17
  • 24. a poderosa divindade, que tudo preenche, pode tocar-nos com sua irradiação somente nessa objetividade, nessa auto- nomia: Somente dessa forma, sua plenitude de radiação po- de transmitir-nos em pureza a mensagem universal. A partir do momento em que demos início ao trabalho da Escola, toda a legião de eões e de arcontes precipitou-se sobre nós: mental, etérica, verbal e literalmente. O que já não foi dito a respeito da Escola e de seus obreiros? De que já não nos acusaram no decorrer dos anos? Graças a Deus fo- mos capazes de nos manter na autonomia até este momen- to. Não vos preocupeis com essa imagem diante dos olhos. Por isso, ela foi dada a vós. Compenetrai-vos do fato de que vós sois uma pistis' sophia em potencial, tal como o sois atualmente, pois, existem - e este é o segredo - as ra- diações onipresentes e onipenetrantes do bem único. Podeis entrar em ligação com elas. Nada se interpõe entre vós e es- sas radiações do bem único! Nenhuma criação, nenhuma criatura, nenhum teólogo e nenhum líder espiritual de uma escola espiritual! Como criatura autõnoma, defrontais-vos exclusivamente com o "Isto". É possível viver e existir a partir das radiações do bem único. Perante todos os fenõmenos no mundo das criaturas, perante o criado, podeis ser soberanos na força do bem único, e, totalmente livres, consumar vosso caminho rumo ao alvo. Talvez, agora, direis: "Vós mesmos dissestes que não se deve apegar a nada. Como é possível então ligar-se às radiações do Espírito• Santo Sétuplo? Não seria possível ha- ver algum engano aí?" Sim, não deveis ligar-vos a nada en- 18
  • 25. quanto ainda existis apenas no estado natural. Fazei isso e sereis sempre sacrificados. Se, por exemplo, assumis o ponto de vista "eu tenho, eu sou, eu posso", sereis enganados dia após dia por Authades*, a força com cabeça de leão' (pensai no evangelho gnóstico da Pistis Sophia). Authades represen- ta as forças e figuras que imitam o ser de Cristo. Quando um teólogo fala sobre "Jesus, o Senhor'', ou sobre "Cristo", ele não passa de um servidor da força com a cabeça de leão. Quando, porém, entrardes no não-ser e abrirdes a vossa essência, cuidando para não vos apegardes a nada, sereis tocados pela radiação universal do bem único. E, em determinado momento, sabereis que estais ligados. Não deveis, entretanto, ligar-vos a nada, enquanto exis- tis apenas no estado de nascido da natureza. Do contrário, sereis sempre sacrificados. Então, submergis no "mar aca- dêmico", como Johann* Valentin Andreae o chama, e nunca alcançareis a ilha de Caphar Salama, o país da paz. Por isso, existe uma preparação no processo do discipulado gnóstico* para atingir essa unidade com o bem único, isto é, a consa- gração à rosa* do coração na autonomia do ser. Se vos con- sagrais à rosa do coração com todas as conseqüências e leis aliadas a isso, então, de fato, consagrais-vos ao ser autóno- mo, ao ser no verdadeiro sentido da palavra. Em primeiro lu- gar, isso significa que vós subordinais a sede do eu, o san- tuário* da cabeça em seu estado natural, ao santuário* do co- ração, a fim de despertar para a vida a alma, vossa alma imortal. Na Escola Espiritual, denominamos, "auto-rendição*" a submissão da cabeça ao coração. Quando a alma se desper- ta para a vida, o coração se consagra à cabeça, pois, quando ele se abre à luz da Gnosis e é totalmente preenchido com 19
  • 26. essa força-luz, o irrompimento para o santuário da cabeça deve ser, em seguida, celebrado por meio do coração, a fim de expulsar tudo o que não lhe pertence. Então a plenitude radiante do Espírito no santuário da cabeça se manifestará, enquanto o ser autónomo controla toda a inteligência e as percepções sensoriais. A intenção é, portanto, abrir o santuá- rio da cabeça para a manifestação de Pimandro·, a plenitude radiante do bem único por meio da auto-rendição - e esta podeis realizar somente mediante a autonomia. Assim, o Espírito assentar-se-á no trono do ser autôno- mo no caminho de Belém ao Gólgota. Tereis atingido vosso alvo. Tereis atravessado o mar da cegueira e alcançado a ou- tra margem. Porém, agora podereis de novo fazer uma pergunta de ordem prática: "Se eu entrar muito conscientemente no nobre estado de negação•, sem ódio nem amor, não ignorarei os verdadeiros filhos de Deus? Existem muitos que trilharam ou estão ocupados em trilhar a senda do bem único. Não se po- deria assumir o ponto de vista de que nada temos a ver com coisas e pessoas, considerando-nos assim superiores?" Sem dúvida, este mundo, graças a Deus, encontra-se povoado por muitos filhos de Deus, porém é de todo impos- sível que não os reconheçais. Se sois um renascido segundo a alma, se esse processo já se tornou efetivo em vosso ser, em vosso coração e cabeça, não podereis cometer nenhum erro a esse respeito. Tão logo vos tenhais tornado um renas- cido segundo a alma, confluireis totalmente em unidade com todas as outras almas renascidas e, onde quer que estejais neste mundo, reconhecereis em todas as circunstãncias os irmãos e as irmãs. Uma comunidade de almas não necessita 20
  • 27. ser formada. Ela existe! Precisais somente nela ingressar, pa- ra que a rosa floresça. De vez em quando, ouvimos na Escola o seguinte co- mentário: "Para mim, é tão difícil vivenciar a unidade* de grupo, participar da unidade de grupo assim como a Escola a compreende". Um comentário desse tipo é, na realidade, grande tolice, pois quem isso afirma demonstra que sua alma ainda noo nasceu. Se vossa alma já nasceu ou se pelo me- nos existir um tênue brilho desse novo estado anímico em vós, a unidade não vos representará nenhum problema. Não podereis deixar de participar desse grupo. A alma é existen- cial e absolutamente una com todas as outras. Essa é a magnificência da grande comunidade das almas. Assim que se concentrou força suficiente da nova alma na jovem Gnosis, origina-se, imediatamente, uma ligação com a graMe comunidade das almas da corrente* universal gnóstica. Não procuramos essa união, nem a solicitamos e não nos correspondemos com esse propósito; simplesmente nos encontramos uns com os outros! Muitos irmãos e irmãs fo- ram testemunhas desse fato. Uma comunidade de almas não precisa ser formada, ela existe! Por isso, trilhai a senda! Quanto ao demais, pensai na advertência constante na Escritura Sagrada por vós conhecida: "Sede fiel e não con- fieis em ninguém" e "Não acrediteis em todo o espírito, po- rém experimentai os espíritos para saber se provêm de Deus", assim diz João. Dois conselhos muito herméticos. Se vos ativerdes a isso, nada de mal vos acontecerá. Caso con- trário, dor e sofrimento sempre vos sobrevirão, pois dor e so- frimento são uma parte do mal. 21
  • 28. IV O CAMINHO PARA A LIBERTAÇÃO Estareis sem dor e sem sofrimento pelo resto de vossa senda da vida através das regiões da natureza da morte, quando puderdes empregar o método da autonomia, que se encontra oculto na Gnosis, pois, como diz Hermes, sofrimen- to e dor são uma parte do mal. Esse método de que já vos falamos anteriormente é denominado "autónomo" porque ele deve desenvolver-se sem a ajuda e sem a orientação de autoridades para que te- nha bom êxito, portanto, o método da autonomia com o con· seqüente renascimento gnóstico da alma. Somente pela apli· cação do único método libertador, tomais parte nas radiações do bem único. Dividimos essa plenitude radiante em sete aspectos e falamos também de Espírito Santo Sétuplo. No Espírito Sé- tuplo, experimentamos a glória do bem único. Em sua radia· ção não se encontra nenhuma dor ou sofrime!lto. A dor e o sofrimento são sempre resultantes do erro das criaturas que, diariamente, sem conhecer o caminho de libertação, sugam e exploram uns aos outros, por força da lei da natureza da mor- te. Os fundadores da filosofia hermética experimentaram 23
  • 29. as qualidades do bem único a partir da natureza do Espírito Sétuplo. Quando também fordes encontrados, em positivida- de, pelo Espírito Sétuplo, tereis a mesma experiência vivida por Hérmes Trismegisto. Por isso, ele testemunha o seguinte a respeito do bem único: Não há nada que seja mais forte do que Ele e que pos- sa combatê-Lo (nem tampouco está em conformidade com Sua essência, que a injúria possa atmgi-Lo). nada O ultra- passa em beleza que possa inflamar seus sentidos em amor; nada pode recusar obedecer-Lhe e causar-Lhe por isso cóle- ra; e nada é mais sábio do que Ele e que assim possa des- pertar Seu ciúme. Estando pois ausentes no onisser todas essas paixões, nada existe nEle senão o bem. E, visto que nenhum dos ou- tros atributos pode apresentar-se em semelhante ser, é igualmente certo que o bem não pode ser encontrado em nenhum outro ser. Por conseguinte, existe apenas uma saída para o bus- cador, para aquele que suplica pela libertação: realizar a liga- ção com o bem único, da forma indicada. Todos os outros caminhos não resultam em bom êxito e estão completamen- te excluídos para o homem que busca a libertação. Compre- endei bem, todos os caminhos continuam livres para vós. Milhares de vozes soam: "Vinde a nós, segui nossa senda!" Porém, se tivésseis ainda tempo para trilhar todos esses ca- minhos, descobriríeis no final que somente há uma salvação: a ligação com o bem único. Eis por que nossa orientação, como Escola Espiritual gnóstica, sempre foi através dos anos muito simples em seus fundamentos: 24
  • 30. autonomia; auto-rendição à rosa do coração; renascimento da alma e renascimento por intermédio da alma. O corpo* vivo da jovem Gnosis está estruturado à se- melhança de uma arca bem construída. Na arca clássica que nos é descrita no Velho Testamento, e sobre a qual os misté- rios egípcios também nos ensinam mteiramente, encontram- se todos os verdadeiros valores e forças do Espírito, da alma e da matéria. Eles foram colocados sãos e salvos na arca. Quando vos juntais, como alunos, no corpo vivo da jovem Gnosis e conheceis o alvo a que nossa arca se dirige em nossa época, torna-se evidente porque a jovem Gnosis dis- tancia-se totalmente, sim, deve manter-se afastada de todas as coisas existentes no campo comum da criação. Se ela adotasse um ponto de vista contrário, estaria contradizendo o princípio da autonomia. Existe apenas um caminho para a li- bertação: a ligação com o bem único. Qualquer outro cami- nho, por mais belo que seja, apresenta resultados negativos. Tem-se julgado muito mal a Escola por ela querer man- ter-se livre de todas as coisas existentes. Sempre se fala e pensa com desdém sobre isso e acusam-na de sectarismo. Todavia, o separatismo da Escola é apenas mantido com relação a pessoas e grupos que procuram sua cura no campo de criação dialético e apenas utilizam o nome do bem único como uma bandeira para cobrir sua carga. Naturalmente, o separatismo não é válido em relação ao absoluto. Isso seria totalmente impossível. Quem no en- tanto trilha a senda rumo ao bem único, chega ao renasci- mento da alma, e a conseqüência disso é sempre a celebra- 25
  • 31. ção da unidade com todas as outras almas. Se no mundo existirem grupos de pessoas que aspiram a esse caminho e estejam trilhando essa mesma senda única de libertação, es- ses enéontrar-se-ão, infalivelmente, na hora certa. Então, o fraco se juntará ao forte, voluntária e alegremente, na certeza de que não será explorado. Os fatos comprovaram, no curso dos anos, que a Es- cola Espiritual tem sempre seguido esse caminho hermético e o que começou tão pequeno está ocupado em tornar-se grande. Verificamos tudo isso sem presunção. Fazemos essa observação porque o curso de desenvolvimento da Escola demonstra a verdade da senda hermética. Aquele que busca o bem único de forma autónoma, sempre vencerá. Espera- mos fervorosamente que possais perceber claramente: a for- ça está no bem único. Se vós, portanto, aparentemente como um solitário, um andarilho nesta vida terrestre, puderdes es- tabelecer a ligação com o bem único, sereis mais fortes do que aquele que conquista uma cidade. Aquele que busca o bem único de forma autónoma, sempre vencerá! Desse modo, novamente verificamos, em sintonia com o texto do décimo livro: "Assim como nada do mal há no ser divino, assim também o bem não será encontrado em ne- nhum outro ser''. Pois, todos os outros atributos se encontram em todos os seres, tanto nos pequenos como nos grandes, em cada um deles a sua própria maneira, e, mesmo no mundo, o maior e o mais poderoso de toda a vida manifestada; tudo o que foi criado está cheio de sofrimento4, pois a geração 4. Ver nota página 2. 26
  • 32. mesma é um sofrimento. Isso significa, entre outras coisas, que todas as criatu- ras nascidas da vontade do homem, elo processo reprodutivo, não possuem o bem único, porém somente o resto. O estado de vida animal não pode participar do bem único. Somente a alma pode, pois ela não provém do estado de vida animal. Quando uma criança nasce, não se verif1ca de antemão que possuirá uma alma. O que na filosofia da Escola Espiritual é chamado nascimento ou renascimento da alma consiste no despertar de algo já existente. Esse tipo de nascimento não pode ser transferido para outros por meio de reprodução. Não podeis também obrigar vossos filhos a viver da al- ma. Podeis somente exercer uma influência muito benéfica em vossos filhos, por meio de exemplo pessoal puro. Nem mesmo a força para despertar a alma pode, portanto. ser ex- traída da natureza da morte. O instinto reprodutor é uma for- ça de natureza astral. É um fogo que se comunica ao cora- ção. Eis por que se fala das paixões do coração. Com isso, não se tem em mente esse ou aquele estado de peiVersão. Não, puramente conforme a lei, todo o nascimento na natu- reza é a conseqüência de uma paixão, de uma concentração astral no santuário do coração. Por isso, Hermes diz no versí- culo 4 do décimo livro: Onde há sofrimento, o bem está decididamente ausen- te. Porque onde está o bem certamente não há sofrimento. Pois, onde está o dia, não está a noite, e onde está a noite, não está o dia. Por isso, o bem não pode habitar no que é criado, porém somente no incriado. 27
  • 33. Sim, para que não haja mal-entendidos: é impossível que o bem habite em um nascido; ele habita somente no unigênito. Talvez tudo isso seja difícil de entender e, quem sabe, ai~da mais difícil de aceitar. Por acaso, Hermes, Asclé- pio, todos os grandes e ainda todos os aspirantes da Rosa- cruz não nasceram também da paixão? E poderia qualquer outro microcosmo* neste campo de existência ser vivificadO de maneira diferente? Como pode então Hermes censurar is- so? Ele não censura, apenas verifica. Ele esclarece seu ponto de vista: Contudo, como a matéria de todas as coisas participa do incriado, participa como tal igualmente do bem. Neste sentido, o mundo é bom, pois até o ponto onde também pro- duz todas as coisas, ele é como tal, bom; todavia, em todos os outros aspectos, não é bom, porque também está sujeito aos sofrimentos e à mutabilidade, e é a mãe de todas as criaturas suscetíveis de sofrimento. Hermes tenciona dizer-nos: existe um plano para man- ter a humanidade decaída no campo astral da natureza da morte em manifestação. Vários reinos estão ligados a esse plano (pensai nos reinos5 animal, vegetal e mineral que tão intimamente estão ligados ao reino hominal). A intenção, os fundamentos, do plano são absoluta- mente bons segundo a natureza. Seu objetivo consiste em proporcionar aos microcosmos decaídOs novas possibilidades 5. Ver em O advento do Novo Homem, páginas 152 a 155, 1• edição e páginas 149 a 153, 2' edição, de Jan van Rijckenborgh. 28
  • 34. de manifestação e, mediante estas, uma nova possibilidade de libertação. Eles resultam do divino plano de salvação do mundo e da humanidade. Porém as atividades - a elabora- ção do plano - devem-se realizar por intermédio da criatura nascida da natureza. O processo de conservação e a coope- raçao dos reinos naturais nesse ponto, assim como seus re- sultados incipientes, não têm qualquer relação com o bem único. Deveis ver isso dessa forma: quando uma criança nas- ce e, portanto, encontra-se no iníc1o do curso da vida, exis- tem nela inúmeras possibilidades de libertação. Naturalmen- te, essas possibilidades podem ser, em determinado aspecto, chamadas de boas; contudo, elas nada têm a ver com o ab- soluto, com o bem único. Hermes destrói imediatamente a ilusão, o sonho, de que o homem seja, sem maiores considerações, bom, como acreditavam os círculos idealistas antigamente. Ele diz: O homem estabelece as normas de bondade mediante a comparação com o mal, porque o mal não demasiadamen- te grande vale aqui como bem, e o que aqui é julgado como bem, é a menor parte do mal. Portanto, de modo algum, po- de aqui ser livre da mácula do mal. Aqui o bem é sempre de novo atingido pelo mal e, deste modo, cessa de ser bom. As- sim, o bem se degenera em mal. Imaginai que tenhais praticado, em determinado mo- mento, uma gentileza, "algo bom", como se costuma dizer. Quem pode asseverar que vós, daqui a uma hora, praticareis outra ação igualmente boa? Suponde que em determinado momento decidis, no 29
  • 35. templo, trilhar a senda. Essa será uma boa decisão. No en- tanto, tendes certeza de que não tereis esquecido essa boa decisão_dentro de uma hora? Sentis que tal decisão não de- riva do bem único? Vossa boa decisão se encontra ligada a forças ahtagônicas e pode, possivelmente, hoje ou amanhã, transformar-se em maldade. Podereis então colocar-vos nes- te ponto de vista: "Eu estava no templo num estado mais ou menos de exaltação, porém agora seria melhor levar em con- ta as coisas concretas da existéncia dialética". Todo o nosso assim chamado bem, diz Hermes, é submetido a alterações e quando vossa boa decisão não for diretamente colocada a serviço da alma, ela se transformará em seu oposto. Assim, por meio do bem na natureza, invo- cais sempre seu oposto. Eis por que tendes tantas dificulda- des. Estais sempre plenos de boas intenções, porém logo depois sois como que afogados nos opostos. O bem é sem- pre de novo atingido pelo mal e, deste modo, cessa de ser bom, assim diz Hermes, laconicamente. Então o julgamento é claramente executado no versículo 6: Entre os homens, Asclépio, encontra-se o bem unica- mente segundo o nome, todavia em parte alguma como rea- lidade, o que é, aliás, impossível. Porque o bem não pode encontrar lugar num corpo material que está quase sufocado em males e em esforços penosos, dores e desejos, instintos e ilusões e imagens dos sentidos. Há, portanto, uma linha divisória tão cortante quanto o fio de uma navalha. Existe, tanto em vós como em nós, uma pequena possibilidade que, no melhor dos casos, pode ser denominada a menor parte do mal. Essa pequena possibili- 30
  • 36. dade, essa força se torna, no decorrer dos anos, cada vez rnenor e mais fraca. Essa ínfima parte do mal, essa possibili- dade que se desfaz, deveis empregar, enquanto a tendes, pa- ra a auto-rendição, a fim de poderdes despertar a alma de forma a gerar uma nova vida que se subtraia do charco da morte. Caso não aproveiteis essa oportunidade, toda a vossa personalidade, não importa o que façais para impedi-lo, ver- se-á cada vez mais ligada a uma das manifestações do mal. Toda a vossa vida será então preenchida e permanecerá ple- na de esforços penosos, dores e desejos de milhares de for- mas. Sereis enredados, por meio de instintos, ilusões e per- cepções sensoriais, por toda a sorte de desgostos. Em quantos embaraços já não estais enleados? Quanto sofrimento e quanta dor já não constituem vosso quinhão? Aproveitai vossas possibilidades enquanto ainda as tendes, caso contrário, o final do cãntico de vossa vida será a inca- pacidade de compreender a única idéia libertadora que Her- mes transmite a Asclépio. Quem pode dizer quando se extin- gue o último ténue brilho de possibilidade de uma atitude de vida libertadora em uma pessoa? Por isso, aproveitai vosso tempo! 31
  • 37. v A ILUSÃO DA BONDADE DO MAL . Nos versículos seguintes do décimo livro de Hermes, é esclarecido minuciosamente um ponto bastante difícil, um escolho muito perigoso, de grande significado para todos nós. Hermes diz nos versículos de 7 a 1O: O pior de tudo, Asclépio, é que se considera cada uma das coisas que nomeei e que impulsiona os homens, como o bem supremo, em vez de um mal extremo. O instinto de co- biça do ventre, o incitador de todas as maldades, é o erro que nos tem aqui afastado do bem. Por isso, dou graças a Deus pelo que Ele manifestou a minha consciáncia como conhecimento sobre o bem que não se pode encontrar no mundo, pois o mundo está preenchido pela plenitude do mal, do mesmo modo que Deus está pre- enchido pela plenitude do bem, ou o bem pela plenitude de Deus. Do ser divino i"adia a beleza, que habita no ser de Deus, em suprema pureza e imaculabilidade. Ousemos pro- feri-lo, Asclépio: a essência de Deus, se nos for permitido falar disso, é o belo e o bem. Não se pode encontrar o belo e o bem, naqueles que 33
  • 38. estão no mundo. Todas as coisas perceptfveis aos olhos são formas aparentes, algo como silhuetas. Porém tudo o que vai além dos sentidos se aproxima ao máximo do ser do belo e do bem. E assim como o olho não pode ver a Deus, tampou- co pode ver o belo e o bem, pois ambos são partes perfeitas de Deus, porque próprias dEle e dEle somente, inseparáveis de Seu ser, e expressão do supremo amor de Deus e a Deus. É necessário colocar todas essas palavras no presente vivo. Sem sombra de dúvida. concordaremos mutuamente que o bem não pode ser encontrado neste mundo e que a vi- da é apenas fadiga e dissabores, que o sofrimento e a dor são o quinhão do homem. Assim. existem ao lado dos pes- simistas, os otimistas, e ao lado dos tristes, os alegres. Existem aqueles que aceitam a vida assim como ela é; porém existem ainda outros que, desesperados, lutam contra ela. Conhecemos tanto os batalhadores como os resignados. Todavia quase todos sabem, do imo de seu ser, que o bem que perseguem ou o bem que acreditam ter encontrado, quando vem a julgamento, não passa de uma sombra, uma irrealidade, e onde esse conhecimento não existe, ocorre, de tempos a tempos, sentimentos de dúvida e também geral- mente de decepção, pois o bem parece não ter sido tão bom - porém tão-somente uma parte maior ou menor do mal. Compreendeis que aqui abrimos uma exceção para as assim chamadas entidades-centelha-de-vida*, que disso tudo nada compreendem. Elas são animais entre animais e não conhe- cem nem possuem nenhuma vida interior. Todavia, atentai para vós mesmos, se sois um aluno da Gnosis. Como tal, tendes grandes possibilidades a vossa dis- 34
  • 39. posição, pois participais do corpo vivo da Escola. Mesmo as- sim, soa nossa pergunta: "Já sois tão ditosos? Elevastes a vós mesmos além da dor e do tormento? Já vos libertastes da dor e do sofrimento? O sofrimento já se retirou de vós? Não estais submetidos a inúmeras e alternantes disposições de ânimo? Permaneceis totalmente na alegria dos filhos de Deus desde o amanhecer até o anoitecer? Não é verdade que, antes de tudo, tendes de trilhar a senda difícil nos tem- pos atuais? E que estais confusos ern meio a inúmeros pro- blemas e a mil e um aborrecimentos? Qual é a causa disso tudo? Não observastes quantos homens se queixam de sua saúde?" Talvez, isso aconteça nos círculos de alunos da Escola. Vários parecem muito mal de saúde. Queixam-se especial- mente de fadiga. Tem-se a impressão de que muitos têm es- sas dificuldades devido a uma sobrecarga constante, sem pausas para descanso. Ou, então, que a alimentação não é ideal para muitos alunos. Vede, isto é um sintoma de nossos tempos. Acredita- mos que, nesse ponto, os alunos não são nenhuma exceção do homem da massa, pois por todos os lados, fora da Escola, em toda a Europa e mais além, pode-se verificar a total de- pressão. Esse estado que agora atingimos, já foi previsto pela Escola Espiritual modema há alguns anos. Essa adver- tência foi feita aos alunos várias vezes. Por que uma advertência? O que se pode fazer contra isso? Como seres nascidos da natureza, não somos todos ameaçados pelos mesmos perigos? Não, a advertência vos foi repetidamente transmitida porque talvez possais fazer alguma coisa contra isso! Contu- do, um dos obstáculos de nosso tempo é que se ouve e en- 35
  • 40. tende muito mal. Além disso, esquecem-se as coisas rapi- damente. Tudo o que vos dizemos hoje, amanhã já tereis es- quecido. totalmente. Isso não ocorre intencionalmente nem se trata de alguma condição primitiva. Não, o que se vos trans- mite é rémovido de vós! A atmosfera em que vivemos, sofreu uma mutação. A grande' farsa está sendo encenada! Atentai para o que acon- tece no mundo em sintonia com a grande farsa, em concor- dância com o desmascaramento·. Observais também como a grande farsa já se encontra ocupada em enganar-vos? Uma enfermidade, uma debilidade e um envenenamen- to geral de toda a humanidade já tiveram início. Já havíamos informado sobre isso há muito tempo, para que não fôsseis sacrificados por isso. Todas essas queixas expressam, na realidade, nosso enredamento na grande corrente da sub- mersão. Deplorável e lamentavelmente carregados com todo o tipo de sintomas mórbidos, somos arrastados irresistivel- mente com a corrente. Em toda a parte, reina a inquietação e um certo desalento. E pergunta-se: "Para onde isso leva? O que está acontecendo?" O décimo livro de Hermes oferece-nos a possibilidade de dar uma resposta objetiva a essa pergunta: o homem des- te mundo não é capaz de perceber! O que os olhos vêem, diz Hermes, são apenas formas aparentes e as sombras da natu- reza inferior. Como isso é possível? Devido ao estado em que se encontra vosso santuário da cabeça. Devido ao estado de vossas faculdades senso- riais. O total santuário da cabeça do homem nascido da natu- 36
  • 41. reza está, inteiramente, sintonizado com a natureza da mor- te. Suas faculdades sensoriais, sejam elas grosseiras ou ex- tremamente refinadas, reagem somente à dialética, à nature- za comum. Esse estado de consciência é completamente inadequado para perceber o bem único que é, no mínimo, a condição existencial do estado de alma vivente. O que está oculto a vossos olhos, aproxima-se ao máximo da essência do bem; o mais poderoso, a magnificência absoluta, escapa totalmente aos centros de consciência, aos órgãos sensoriais do santuário da cabeça. Não nos referimos aqui à clarividên- cia, à visão etérica ou coisa semelhante, pois tudo isso é apenas uma expansão da visão da miséria, porque a imundí- cie e a pobreza da natureza material podem ser percebidas em quantidade ainda maior na esfera refletora. Do mesmo modo, o décimo livro nos diz: o bem, o bem único, não pode ser encontrado neste mundo. Contudo, a ra- diação do bem, do Espírito Sétuplo Universal, é onipresente! E podeis participar dessa radiação. Nela se encontra a possi- bilidade de ascensão. Porém o conhecimento disso não é su- ficiente. Isso quer dizer que ?penas compreendeis intelec- tualmente. Enquanto esse conhecimento permanecer num âmbito racional não aproveitareis nada dele. Se sois alunos da Escola Espiritual moderna, podemos estabelecer a posição da maioria de vós, como se segue: em primeiro lugar, tendes conhecimento da senda; em segundo, a senda despertou vosso interesse e vos- so coração ansiou por ela; em terceiro, fostes, em conseqüência disso, admitidos num corpo gnóstico vivente; 37
  • 42. em quarto, experimentais, desse modo, a influência in- tensa desse corpo vivo; em quinto lugar, permaneceis, por um lado, totalmente na natúreza da morte e em sua influência e, por outro lado, atraís as radiações da Escola Espiritual; em sexto, é fato que a atmosfera do mundo se toma cada vez pior e mais miserável, enquanto que, simultanea- mente, a influência da Gnosis, que se manifesta em e por vós no corpo vivo, torna-se sempre mais intensa, e, em sétimo lugar, carregais um lardo duplo e sois co- mo que divididos em dois; de um lado, existe a natureza da morte, e de outro, a influência do corpo vivo. Vós sois divididos e isso ninguém suporta, a menos que trilheis a senda atentos a todas as conseqüências, que teori- camente conheceis tão bem. Compreendei-nos bem, não vos censuramos, apenas chamamos vossa atenção para um es- tado que, na realidade, ainda existe inteira ou parcialmente. Amais a Escola de coração. Executais vosso trabalho com amor. Vossa dedicação é magnífica. O que é necessário ago- ra? Iniciar de imediato, com a maior presteza, a vivência de vossa senda! Necessitais dar um salto em meio a atualidade de vosso discipulado. A vivência da senda. A realização dire- ta e positiva do discipulado. Numa escola de ocultismo, pode-se dizer: "Hoje eu farei meus exercícios mais brevemente. Tenho pouco tempo e não estou sentindo-me bem. Isso não me é conveniente". Porém na Escola Espiritual gnóstica não podeis permitir-vos tal coi- sa! Trata-se, antes de tudo, num tempo como nosso, de ser ou não ser, a fim de empregar absoluta e imediatamente 38
  • 43. todas as normas que a Escola vos têm transmitido tão abun- dantemente, sem perder também um único instante. Uma pergunta: permaneceis assim no discipulado direto e atual de manhã à noite, hora após hora? Respondei a vós mesmos. Não conservais por muito tempo o estado sétuplo que vos descrevemos anteriormente. Vários acontecimentos dentro e fora de vossa vida vos pegam de surpresa. No momento, vossos olhos percebem apenas silhuetas, pois vossa consciência também permanece como nascida da natureza, porque conheceis o bem apenas na teoria. Nem o olho interno - entendei isso bem - pode contemplar também a magnificência do bem. Desse modo, carregais a carga da natureza e a ruptura interior, devido a influência da Gnosis, que simultaneamente carregais convosco de um lado para o outro. Uma dupla carga, portanto, sem qualquer compensa- ção. Talvez, uma conferência num de nossos focos• onde sois apartados da rotina dos afazeres diários, onde tudo é di- ferente e onde sois envoltos pela força do templo, seja a úni- ca compensação que tereis. Quanto ao resto, não existe ne- nhum equilíbrio, nenhuma harmonia em vossa vida. Não é verdade que muitos alunos jamais viram aquilo que é bom, o único e verdadeiro bem? Porquanto, por outro lado, estavam obviamente ligados a toda a maldade em vir- tude de seu nascimento na natureza. Ninguém consegue vi- ver apenas da teoria. Vós mesmos deveis discernir até que ponto o trecho abaixo se aplica a vós. Nele, Hermes mostra que os homens não somente estão ligados a toda a malda- de, mas que também pensam que esta é o bem. Tudo aquilo para o que a natureza terrena impele os homens é conside- rado o bem supremo, ao invés de um mal extremo. O homem receia ser dele despojado e luta com todo o seu poder, não 39
  • 44. somente para conservá-lo, mas também para que se multi- plique. Compreendeis agora que, numa escola como nossa, a verdadé sempre se demonstra em determinado momento? Compreendeis também que, com base nos fatos citados, muitos permanecem à beira de um precipício? Por isso, ago- ra é a ocasião propicia para intervirdes radicalmente em vos- so estado de ser, visto a velocidade tomada pelo curso dos acontecimentos e pelos desenvolvimentos no mundo. Deveis atacar tudo o que em vós ainda se mantém no lado negativo das coisas, antes que seja tarde. Sabeis qual é o caminho; o método vos é conhecido; e, simultaneamente, já há muito tempo, a força para o rompi- mento se encontra a vossa disposição. Por que suspirais en- tão? Não há nada por que suspirar, pois as mãos são esten- didas aos milhares para vos tirar do lodaçal. Contudo, se não agarrais uma dessas mãos, como sereis auxiliados? 40
  • 45. VI O CÂNTICO DE ARREPENDIMENTO DA LIBERTAÇÂO Muitos de vós conhecem, de expenência própria, a dor da ruptura interna que já tivemos oportunidade de esclarecer anteriormente. Por um lado, existe a dialética, o mal; por ou- tro, a atração exercida pela Gnosis sobre nós devido a nossa participação no corpo vivo da Escola Espiritual. Portanto, uma solução se tornou urgente, absolutamente necessária. Pode-se então apresentar uma pergunta concreta: existe so- lução? A resposta da Escola é: sim, existe solução, e esta se encontra na senda, no emprego do método que vos é ensi- nado e novamente indicado. Passai pois a não amar nem odiar tudo o que pertence à natureza da morte. Permanecei na já descrita autonomia. Permanecei objetivos diante de to- das as aparências. Cumpri vossos deveres na vida, fazei o que é correto, porém não façais mais do que isso. Assim, as forças astrais da natureza da morte, as forças astrais do campo de vida comum, influenciarão cada vez menos vosso santuário do coração. O santuário do coração possui sete cavidades, sete câmaras: quatro cavidades inferiores e três princípios superio- res. A filosofia hindu fala do "lótus de quatro pétalas" do co- 41
  • 46. ração e do "Jótus de sete pétalas", enquanto que a Escola ln- terna da jovem Gnosis se refere respectivamente ao "triân- gulo" e ao "quadrado da construção". As quatro cavidades in- feriores do coração formam o quadrado da construção. Acima das quatro câmaras cintilam três flamas, três archotes etéri- cos, os três princípios superiores. Cada um possui um raio de ação mais ou menos grande. Eles conduzem, eles ativam, os processos inferiores que se devem desenvolver sobre o qua- drado* da construção. Quando pois de modo coerente e com perseverança, permaneceis na autonomia, pondes um, dois ou todos os três princípios superiores do coração em condições de influenciar as quatro câmaras inferiores de forma poderosa e estimulan- te. Assim, atingis totalmente outro estado de vida. Se amais alguma coisa da natureza da morte, vós a atraís; se odiais algo, o repelis. Necessitais sempre a corren- te astral dialética tanto para o processo de atração como pa- ra o de repulsão. Assim, mantendes vivo o fogo da morte na aura do coração. Todos os vossos interesses relativos à vida no plano horizontal, todos os vossos pontos de vista desa- gradáveis quanto a mesma, conservam o estado natural co- mum de vosso santuário do coração. Dessa forma, pode-se falar de paixões, de tempestades de natureza astral que in- quietam o santuário do coração. Essas correntes astrais da vida comum desempenham assim um papel importante em vosso coração e portanto em vossa vida. Compreendeis en- tão que se durante um de nossos serviços templários, a aura do coração é carregada de modo diferente, vós recebeis, por causa disso, essas influências tanto no corpo como na cons- ciência. No entanto, se em seguida, sem autocontrole, ajus- tais-vos novamente à vida comum, o novo fogo astral que 42
  • 47. começou a arder é neutralizado imediatamente, e o estado antigo volta a ocupar seu lugar em vossa vida com força to- tal. A conseqüência, como é evidente, é que toda a vossa consciência, o candelabro sétuplo do santuário da cabeça e todos os órgãos sensoriais, assim como o coração, permane- cem sintonizados com a natureza da morte. Desse modo, mantendes como que aprisionado tudo o que está na cabeça. Todas as correntes astrais de que viveis convertem-se em forças etéricas. Vosso inteiro organismo sensorial trabalha, queima, funciona, mediante éteres. Eles formam o combustí- vel do aparelho orgânico-sensorial. Os éteres são extraídos da substância astral. Por isso, haveis de compreender que sereis sempre o mesmo nascido da natureza, se esta subs- tância astral que comanda todo o vosso ser provier da natu- reza da morte. Eis por que Hermes diz nos versículos 1O e 11: E assim como o olho não pode ver a Deus, tampouco pode ver o belo e o bem, pois ambos são partes perfeitas de Deus, porque próprias dEle e dEle somente, inseparáveis de Seu ser, e expressão do supremo amor de Deus e a Deus. Se assim pudesses reconhecer a Deus, reconhecerias o belo e o bem, em sua suprema glória radiante, inteiramente iluminada por Deus, pois essa beleza é incomparável, essa beleza é inimitável, assim como Deus mesmo o é. À medida que reconheces a Deus, reconheces também o belo e o bem. Eles não podem ser participados a outros seres, por serem, inseparáveis de Deus. Por isso, o homem que realmente busca uma solução, 43
  • 48. a libertação, deve, em primeiro lugar, tornar-se autônomo. Sem essa autonomia, sua obra será inútil, pois é compreen- sível que primeiramente deveis tratar de paralisar a fúria vio- lenta do fogo astral da natureza da morte, que a neutralizeis o tanto quanto possível. Tão logo o coração seja libertado, devereis, como foi dito, subordinar-vos, juntamente com o santuário da cabeça, ao santuário do coração, em total auto- rendição. Dessa forma, a consciência que se tornou objetiva cantará seu cântico* de arrependimento. cântico de arrepen- dimento da libertação. Quando, humilde e plena de rendição, a consciência se volta ao coração, assim como diziam os místicos, um afluxo de forças luminosas do novo fogo astral tem lugar imediata- mente no coração. Uma nova aura do coração se forma e vos tornais, por assim dizer, mais jovens. Adentrais a nova juven- tude, a juventude do estado de alma recém-nascido. Esse fogo astral da Gnosis, do mundo da alma, pene- trar-vos-â e vos preencherá inteiramente. Ele vos envolverá totalmente como uma veste. Como resultado disso, também a consciência, o santuário da cabeça com todas as suas fa- culdades será tocado, preenchido e modificado, podendo a maravilhosa flor* áurea ser vislumbrada pela janela da alma. Todo um processo de transformação é instaurado e vossa vi- da atinge imediatamente o equilíbrio. A dor, o sofrimento e os problemas permanecem, pois a natureza comum segue seu curso. Porém a partir desse instante, vós vos colocais de forma bem diferente diante dessas coisas, de modo que elas já não vos assaltam. Já não entrareis em fadiga moral ou es- piritual, e a harmonia reinará em vossa vida. Assim, o ho- mem recebe uma compensação mais do que suficiente para suportar todas as provas com alegria no coração. E recebe a 44
  • 49. compensação para poder manter-se em harmonia na nature- za da morte. Hermes denomina -esse novo estado uma vida ativa que serve a Deus nas mãos da Gnosis. Essa é a plenitude do Espírito Sétuplo, a plenitude de Deus. Essa é a suprema e nobilíssima felicidade que se pode experimentar. Essa é a participação no bem único, o ser acolhtdo nas radiações do Espírito Sétuplo, até o ponto que está destinado à criatura. Podereis celebrar no hoje absoluto essa bem-aventu- rança, se apenas aceitardes as conseqüências da senda. Somente então defrontareis a vida em total serenidade, pois tereis solucionado para vós e em vós mesmos o mistério do bem único. 45
  • 50. VIl DÉCIMO-PRIMEIRO LIVRO SOBRE A MENTE E OS SENTIDOS 1. Asclépio, ontem te transmiti a palavra da maturida- de. E, agora. em conexão com isso, acho necessá- rio falar extensivamente a respeito da percepção sensorial. Pensa-se que entre a percepção sensorial e a atividade mental há uma diferença: uma seria material e a outra, espiritual. 2. Eu, porém, sou de opinião que ambas estão inti- mamente ligadas e de modo algum diferenciadas, pelo menos com relação aos homens, pois se entre os outros animais a percepção sensorial está ligada à natureza, nos homens esse fato se apresenta também com a mente. 3. A faculdade de pensar relaciona-se com a atividade mental, assim como Deus se relaciona com a natu- reza divina, porque a natureza divina provém de Deus, e a atividade mental, do pensar que está aparentada com o Verbo. 47
  • 51. 4. Ou melhor: a atividade mental e o Verbo são instrumen- tos úm do outro, pois o Verbo não é proferido sem uma atividade mental, e a ativiclade mental não se toma mani- festa.sem o Verbo. 5. A percepção sensorial e a atividade mental estão, pois, no homem, unidas como se fossem entrelaçadas. porque não há atividade mental sem percepção sensorial, nem percepção sensorial sem atividade mental. 6. Não obstante, é possfvel imaginar uma atividade mental sem direta percepção sensorial, como por exemplo, as imagens que se apresentam em sonhos. 7. Minha opinião é que ambas as atividades, ao se apresen- tarem, são despertadas pelas imagens do sonho. 8. Porque a percepção é dividida no corpo material assim como no corpo astral, e quando essas duas partes da percepção se reúnem, o pensamento evocado na mente é expresso pela consciência. 9. A mente gera todas as imagens pensadas: imagens boas, quando recebe as sementes de Deus; imagens ím- pias, quando provém de um dos demónios, porque não há lugar no mundo sem demônios, pelo menos demônios nos quais falta a luz de Deus. Eles penetram o homem e semeiam as sementes de suas próprias atividades, e a mente é então fecundada com o que foi semeado - adul- térios, assassfnios, tratamento desamoroso aos pais, atas sacrflegos, ações fmpias, suicfdios por enforcamento ou 48
  • 52. por atirar-se das rochas, e todas as outras coisas se- melhantes operadas pelos demônios. 1O. Quanto às sementes de Deus, elas são pouco numero- sas, porém grandes, belas e boas! São chamadas virtu- de, temperança e bem-aventurança. A bem-aventurança é a Gnosis, o conhecimento que é de Deus e com Deus. Quem possui esse conhecimento está pleno de todo o bem e recebe seus pensamentos de Deus, os quais são inteiramente diversos dos da massa. 11. É por isso que os que andam na Gnosis, não agradam à massa, e, por outro lado, a massa não agrada a eles. Os primeiros são considerados dementes, são sujeitos ao riso e ao deboche, são olhados e desprezados e, de vez em quando, mesmo assassinados, porque, como eu disse, o mal deve habitar aqui por ser oriundo daqui. De fato, a te"a é seu domfnio e não o mundo, como alguns sacrílegamente pretendem. 12. Aquele, porém, que respeita e ama a Deus, tudo supor- tará por participar da Gnosis, porque para tal pessoa to- das as coisas operam para o bem, mesmo aquelas que para outros são maldades. Quando se lhe preparam ci- ladas, ela apresenta tudo como oferenda à Gnosis e faz, ela só, com que todo o mal se transforme em bem. 13. Vou voltar agora a meu discurso sobre a percepção. É, pois, próprio ao homem fazer coincidir a percepção com a atividade mental. Todavia, corno já disse antes, nem todo o homem faz da mente um ganho; porque há o 49
  • 53. homem material e há o vero homem espiritual. O ho- mem material, ligado ao mal, recebe, como já disse, o germe de seus pensamentos dos demónios: o homem espiritual, porém, é ligado ao bem e é guardado por Deus para sua salvação. 14. Deus, o Demiurgo do Todo, forma todas as Suas criatu- ras segundo a Sua imagem, porém estas, boas segundo seu fundamento primordial, desviaram-se no uso de sua força ativa. Daí a retribuição da te"a. que, ao moê-las, produz os géneros em várias qualidades, alguns macu- lados pela maldade, outros purificados pelo bem. Por- que, Asclépio, o mundo tem também sua faculdade de percepção e sua atividade de pensar, não da maneira dos homens, nem tão variadas, porém mais sublimes, mais simples, mais verfdicas. 15. Porque a percepção e a faculdade de pensar do mundo, criadas com o intuito de ser instn.Jmentos da vontade de Deus, dão forma a todas as coisas e as fazem dissol- ver-se novamente, para que, guardando em seu seio to- das as sementes que receberam de Deus, produzam todas as coisas segundo sua própria tarefa e vocação, dando-lhes, ao dissolverem-nas novamente, a renova- ção; deste modo, como um hábil jardineiro da vida, pro- porcionam-lhes a renovação após as terem dissolvido, fazendo-as se manifestarem de modo diferente. 16. Não há nada que não tenha recebido a vida do mundo. 50 Dando existência a tudo, ele preenche tudo de vida. Ele é tanto a morada como o criador de vida.
  • 54. 17. Os corpos são edificados com matérias de espécies di- ferentes: parcialmente de terra, parcialmente de água, parcialmente de ar, parcialmente de fogo. Todos os cor- pos são compostos, um mais, outro menos: os mais compostos são mais pesados: os menos compostos, mais leves. 18. A rapidez da manifestação das formas opera aqui a multfplice variedade daquelas espécies. porque o inces- sante ativo alento do mundo dá continuaménte novas qualidades aos corpos, assim como a única plenitude de vida. 19. Assim, pois, Deus é o Pai do mundo, e o mundo é o criador de tudo o que está nele; o mundo é filho de Deus, e tudo o que está no mundo veio à existência pelo mundo. 20. Por isso, com justiça, o mundo é chamado "cosmo" (isto é, ordem, jóia, amamento), porque ele ordena e oma o Todo numa multiplicidade infinita e de maviosa beleza por meio da continuidade da vida, da infatigabilidade da força reveladora, da rapidez do fatum, da composição dos elementos e da ordenação de tudo o que devém, porque tanto por causa de suas leis fundamentais como por causa de seu guia, o mundo é pois chamado de cosmo. 21. A percepção e a mente entram pois em todos os seres viventes, do exterior, como se estivessem no alento que os circunda, porém, outrora, o mundo as recebeu de 51
  • 55. Deus para sempre, no momento de seu devir. 22. Deus não é como alguns homens pensam, destitufdo de perc_epção e mente. Os que assim falam ofendem a Deus, por um respeito mal compreendido, porque todas as criaturas, Asclépio, estão em Deus! Elas foram cria- das por Deus e são dependentes dEle! Quer se mani- festem em corpos materiais ou se elevem como seres- -a/mas, quer tenham sido feitas viventes pelo Espfrito, ou entrado no domínio da morte, tDcJas está) em Deus. 23. Até é ainda mais justo dizer que Ele não tem todas as criaturas em Si, senão que em verdade Ele mesmo é todas elas! Porque Ele não as acrescenta em Si mesmo de fora, porém as gera de Seu próprio ser e as manifes- ta em Si mesmo. 24. E eis agora a percepção e a atividade do pensar de Deus: a movimentação ininterrupta do Todo; e nunca haverá um tempo em que algo do que existe (isto é, que faz parte de Deus), se perca. Porque Deus tudo mantém encerrado em Si, nada há fora dEle, e Ele está em tudo. 25. Se podes compreender essas coisas, Asclépio, reco- nhece-las-ás como verdade; caso não as compreendas, tê-las-ás por inverossímeis, porque compreender verda- deiramente é possuir fé vivente, enquanto a ausência de fé é ausência de compreensão. Não é, entretanto, a mente que chega à verdade, porém, a alma ligada ao Espfrito tem o poder, depois de ser guiada primeira- 52
  • 56. mente a essa via pela mente, de apressar-se antecipa- damente à verdade; e quando então ela contempla o Todo numa visão oniabarcante e verifica que tudo está em conformidade com o que a mente iluminada pela compreensão explicou, sua fé está elevada ao saber, ela encontra sua quietude nesse belo saber suportado pela fé. 26. Para aqueles que podem conceber no fntimo as pala- vras que enunciei aqui e que são de Deus. elas são a fé; porém para aqueles a quem falta a compreensão vi- vente, elas são incredulidade. Eis o que eu queria dizer sobre a mente e os sentidos. 53
  • 57. VIII A MENTE E OS SENTIDOS Asclépio, ontem te transmiti a palavra da maturidade. E, agora, em conexão com isso, acho necessário falar extensi- vamente a respeito da percepção sensorial. Pensa-se que en- tre a percepção sensorial e a atividade mental há uma dife- rença: uma seria material, e a outra, espiritual. Eu, porém, sou de opinião que ambas estão intimamen- te ligadas e de modo algum diferenciadas, pelo menos com relação aos homens, pois se entre os outros animais a per- cepção sensorial está ligada à natureza, nos homens esse fa- to se apresenta também com a mente. Desejamos primeiramente dirigir vossa atenção a vosso organismo sensorial composto pelas cinco faculdades conhe- cidas: a audição, a visão, o olfato, o paladar e o tato. Elas formam, em conjunto, a base da consciência humana. Popu- larmente elas são denominadas "consciência", pois, na au- sência dessas funções orgânico-sensoriais a menor parcela de consciência estaria fora de cogitação. Os sentidos capaci- tam o homem a expressar-se e viver conscientemente neste mundo. Além disso, conhecemos também a faculdade do pen- 55
  • 58. sarnento que o homem comum e suas autoridades associam com o espírito humano. Uma pessoa que faz uso apropriado de sua· faculdade intelectual é considerada possuidora de poderes. espirituais mais ou menos grandes. Todavia, com um exame mais profundo sobre o assunto, devemos abando- nar totalmente a idéia de que o intelecto se acha ligado ao espírito do homem, porquanto, o organismo sensorial do ho- mem nascido da natureza e seu aparelho racional são total- mente unos. Nas palavras de Hermes. eles estão intimamen- te ligados e de modo algum diferenciados. Assim, nem o intelecto, nem o organismo sensorial do homem ligado à natureza, nem ainda a consciência que por eles se explica, têm alguma coisa a ver com o espírito. O homem nascido da natureza distingue-se dos outros animais unicamente porque possui um aparelho racional além dos ór- gãos sensoriais. Portanto, o homem possui, além de uma percepção orgânico-sensorial, como os animais, uma mente, ambas ligadas à natureza. Devemos chegar à conclusão de que o homem se en- contra muito mais ligado à natureza, muito mais dirigido à natureza, do que qualquer outro animal. Esse fato evidencia- se em todo o comportamento humano. Até a assim chama- da religião, a metafísica do homem, fala, em todas as lín- guas, de sua ligação natural. A divindade deve dar saúde e longa vida ao homem. Tudo o que ele ambiciona é suplicado à divindade, e tudo o que a divindade doa, como se acredita, nesta área, é retribuído com a maior gratidão de tempos a tempos. Quando a vida termina, pede-se à divindade um lu- gar adequado no Além, junto da família, amigos e parentes, e o brilho da luz solar celestial em perfeita alegria para sempre. Tudo isso é muito lógico, pois a metafísica do ser natu- 56
  • 59. ral deve certamente conduzir a isso. Dessa forma, deveis examinar profundamente essa religiosidade, mesmo que, muitas vezes, ela se apresente a todos os ocidentais adorna- da não somente com o nome e a cruz de Cristo, mas tam- bém com orientações distorcidas e roubadas de uma idéia to- talmente diferente, que não é deste mundo. Quanto a isso, o animal se encontra muito acima do homem. O animal é simplesmente uno com a natureza, nada mais. Todo o refinamento humano de auto-afirmação em suas inumeráveis formas fenomenais são estranhas ao ani- mal. O animal não está a par d1sso; o homem, sem dúvida alguma, está O homem é a criatura mais atolada na nature- za, o ser mais agrilhoado, devido ao fato de que o organismo sensorial e racional, portanto a inteira consciência, tudo o que o homem é, está totalmente unificado com a natureza. Isso não é lisonjeiro nem tampouco agradável. Porém é a verdade. A percepção sensorial e a atividade mental estão, pois, no homem, unidas como se fossem entrelaçadas, diz Hermes. Sem a percepção sensorial não existe nenhuma racio- nalidade, e sem a racionalidade, nenhuma percepção senso- rial. O animal é orientado para seu objetivo natural, e ele o manifesta clara e abertamente. Quanto a isso, o animal é absolutamente leal e sincero. Porém, o mesmo não pode ser dito com relação ao homem. O homem também se encontra completamente orientado para seu objetivo natural. Contudo, ele não o revela clara e abertamente, e é, neste ponto, ex- tremamente mentiroso e desleal. Ele é forçado a isso em conformidade com a lei de autoconservação, pois os homens enganam uns aos outros de iodos os modos devido a astúcia de sua mente. Deveis prestar bem atenção (e começai por 57
  • 60. vós mesmos!) na forma como os homens mentem, logram e enganam-se mutuamente. Em como eles assumem, de acor- do com Ómomento, uma expressão de amizade ou de auste- ridade, de alegria ou de sublimidade. Neste ponto, deveis considerar os homens como o mais perigoso dos animais. E nesse sentido, vosso exame começa por vós mesmos. De tempos a tempos, surgem no mundo movimentos que apontam a hipocrisia e a mentira infame do homem da natureza, que revelam a ilusão e a lúgubre comédia de todo o aparato da convivência humana. Esses movimentos dese- jam, de vez em quando, empreender uma tentativa para desmascarar tudo isso e propagam então a idéia de um ser humano puro, honesto. Em algumas cidades do mundo, os jovens são homens simples e autênticos (os adultos não se arriscam!). Entretanto, se pudésseis perceber como é que se concebe esse ser humano simples e autêntico, replicaríeis imediatamente: "Sim, porém é irrealizável. Isso não pode realmente ser feito. Ser um homem tão simples e autêntico está totalmente fora de questão!" Que bela confusão não se armaria, caros seres huma- nos, se o homem da natureza começasse a viver em toda a simplicidade e sem constrangimento, segundo seu ser dialé- tico interior! Seria uma desordem tão medonha, que certas esferas do mundo dos desejos, onde se libertam os excessos das orgias das paixões humanas de um mundo tão tenso, dela não seriam mais que um pálido reflexo. Quando os jovens nas cidades do mundo começam a viver como seres simples e autênticos, como se têm tentado nos últimos anos, vemos a polícia cair sobre eles. A policia parte contra os jovens quando eles protestam contra as 58
  • 61. grandes mentiras da sociedade. Assim, resulta uma tensão enorme no mundo - todos nós a percebemos - cada vez mais difícil de agüentar, pois a vocação do homem não é ser o mais inteligente e, por isso mesmo, o animal mais perigoso dentre todos os animais! Todavia quem fará a juventude cor- rompida das cidades do mundo compreender isso? Por quan- tos séculos a juventude do mundo inteiro já não foi reitera- damente enganada? Ela não nasceu, foi criada e educada para ser abatida nos campos de batalha? Que objetivo sublime, nobre e libertador pode-se ainda oferecer aos jovens? Não se encontra o mundo continuamen- te em chamas desde o início deste século? Existem ideais religiosos, normas sociais ou científicas que possam ser con- sideradas libertadoras? É de se admirar que os jovens ado- tem um ponto de vista tão antigo como: "Comamos, beba- mos e alegremo-nos; sejamos animais simples e autênticos, pois amanhã morreremos". "É bom", assim dizem os teólogos, os padres e os pas- tores, "é muito bom ser um homem simples e autêntico. Nós entendemos a juventude. Vinde, porém, viver assim conosco. É claro que com um pouco mais de decência. Vinde descon- trair-vos em nossos centros comunitários, sob a orientação do evangelho". Sabeis o que isso significa? Nada mais nada menos do que o desmoronamento da igreja em nossos dias. E deveis atentar para a forma como tudo isso vai desenvolver-se em futuro próximo e para suas conseqüências. Ainda veremos os jovens dançando o rock and rol/ nas igrejas! Estamos vivendo os últimos dias. Todo o gênio científi- co do instinto natural se manifesta, como sabemos, nas hor- 59
  • 62. ríveis ml:lquinações, nas monstruosas atrocidades, na maior sede de sangue. Satieis o que ocorre já há alguns anos na África? As maquinações dos nazistas que nós europeus apren- demos tão bem a temer, as situações sinistras das câmaras de tortura e dos campos de concentração empalidecem dian- te de todos os fatos ocorridos nos últimos anos na África, de- vido a mais aguçada auto-afirmação do animal humano. E tendo em vista tudo isso, não seria um insulto nos apresentarmos com a palavra e a luz da Gnos1s? Pois, quem somos? De que somos capazes? Não pertencemos também aos animais mais perfeitos do mundo? Como nos comporta- ríamos se nossas inibições fossem vencidas ou derribadas? Quem somos nós? Como é que viemos a nos reunir aqui nesta Escola? Isso também não é especulação? A especula- ção dos instintos naturais? O que acontece conosco? Por que motivo os alunos assistem por alguns dias e em número cada vez maior às conferências? Por que eles freqüentam com tanta assiduidade os serviços templários? Essas são perguntas importantes à luz da realidade da dialética. Perguntas que valem a pena ser feitas. ·Hermes responde no sexto, sétimo e oitavo versiculos do décimo-primeiro livro: Não obstante, é possfvel imaginar uma atividade men- tal sem direta percepção sensorial, como por exemplo, as imagens que se apresentam em sonhos. Minha opinião é que ambas as atividades, ao se apre- sentarem, são despertadas pelas imagens do sonho. Porque a percepção é dividida no corpo material assim oomo no corpo astral, e quando essas duas partes da per- 60
  • 63. cepção se reúnem, o pensamento evocado na mente é ex- presso pela oonsciência. Essas palavras são muito importantes, embora nós, tal- vez, não possamos compreendê-las à primeira vista. Por isso, devemos discuti-las pormenorizadamente. Elas se aplicam inteiramente a vosso estado de ser. Elas objetivam explicar vossa primeira e provavelmente acanhada e hesitante tenta- tiva de reação à Gnosis. Talvez vós mesmos sejais, de vez em quando, um verdadeiro enigma v1vente. Por um lado, o animal humano em suas múltiplas formas de expressão; por outro, o homem realmente orientado segundo a Gnosis. Por isso, talvez já tenhais-vos perguntado: "Afinal, o que faço eu aqui nesta Escola?" Hermes decifra esse enigma. Ele vos esclarece quem e o que sois neste momento. Ele vos aconselha a não perma- necer nessa situação, porém a elevar-vos e a convergir forças para o irrompimento. 61
  • 64. IX NOSSA INFLUÊNCIA ASTRAL Como se explica nosso encontro aqui na Escola se, ao observarmos todo o comportamento da humanidade nascida da natureza, compreendemos que o homem é o mais perfeito dos animais, o animal dos animais, e que nós também per- tencemos a esta humanidade natural? Não é possível que nós estejamos fazendo outra especulação metafísica, dife- rente daquelas da massa, e pertençamos a algum movimen- to esotérico, assim como alguns estão ligados à Igreja Cató- lica e outros a uma comunidade religiosa protestante? Hermes nos responde essas perguntas inquietantes com estas palavras: É possível imaginar uma atividade mental sem direta percepção sensorial, como por exemplo, as imagens que se apresentam em sonhos. O que Hermes quer dizer com isso? Quando vossa personalidade adOrmece, ela se divide em uma parte material e em outra mais sutil. Esta última compreende também uma parte da consciência, especial- mente o corpo astral. Este corpo astral da personalidade 63
  • 65. dividida adentra a esfera astral, que está em sintonia com todo o est~do de ser da pessoa, e dela participa. Várias im- pressões provenientes dessa esfera impregnam alguns cen- tros racionáis do corpo material. Dá-se, portanto, o seguinte: enquanto dormis à noite, vossa personalidade se divide, vosso corpo astral entra em ligação com o correspondente campo astral, e vossos centros racionais são carregados, como um acumulador, mediante a ligação com a esfera astral. Visto que o intelecto forma com os sentidos unidade perfeita, está claro que, ao acordar- des na manhã seguinte, desencadear-se-à uma reação sen- sorial motora proveniente de tudo o que foi transferido as- tralmente para o organismo racional. Daí se explica, em primeiro lugar, vossa tendência a en- trar nesta Escola e vosso discipulado nela. No início, era co- mo que se um impulso orgânico sensorial e intelectual, expli- cável por diversas influências astrais, tivesse-vos trazido para a Escola. Isso significa que sois sensíveis a esse tipo de in- fluência astral. Quando independente de terceiros e positi- vamente de vosso imo, escolheis o discipulado, isso se expli- ca somente pelo fato de que determinadas influências as- trais, às quais sois receptivos, conduziram-vos a esta Escola. Isso pode, por exemplo, ser a conseqüência de um es- tado puramente hereditário, portanto, proveniente de vossos pais ou antepassados. Possuís um estado sanguíneo corres- pondente ou uma secreção interna que vos abriu a essas in- fluências. Pode ser tambêm que estejais predispostos carmi- camente, que esteja presente em vosso ser* aura! uma pode- rosa concentração de influências de orientação gnóstica que penetrem a personalidade. Se tal predisposição cármica esti- ver ligada a uma aptidão hereditária, os impulsos astrais 64
  • 66. aluarão mui fortemente na pessoa e desenvolverão uma rea- ção intensa, a maior parte das vezes já na mocidade. É possível ainda que exista na pessoa predisposição hereditária sintonizada com atividade impulsiva que careça, porém, de uma base cármica. Neste caso, a reação está pre- sente, porém, ela é ainda de natureza muito superficial, visto que uma base cármica sempre implica experiência. Sabemos muito bem o que acontece quando a experiência inexiste numa criatura. Também pode acontecer que ex1sta uma base cármica, porém nenhuma predisposição hereditária. Então, o corpo, o tipo sanguíneo e o fluido nervoso não se encontram prepara- dos o suficiente para manifestar o discipulado, enquanto que por meio do karma• uma influência poderosa, neste sentido, é exercida no corpo, na personalidade. Geralmente, tais pes- soas quase sempre têm vida bastante difícil. Normalmente, passam-se muitos e muitos anos antes que elas se libertem de suas influências hereditárias. Esse processo dura muitas vezes até a faixa etária de 45 a 50 anos, tanto em homens como em mulheres. Este é então o caso mais favorável. Fre- qüentemente, eles vêm à Escola quando já estão em idade muito avançada. Não se deve fazer uma bela idéia dos impulsos astrais e suas eventuais conseqüências que acometem o organismo racional durante as horas de sono. Não deveis, por exemplo, pensar num convite ou numa mensagem da Fraternidade es- pecialmente dirigida a vós. Algo como: "Tu és tão excelente, estás tão preparado; trilha a senda1 " Isso, com toda a certeza, não é assim! Na esfera astral do campo de vida da natureza comum, 65
  • 67. diversas radiações, diversas influências, fazem-se valer des- de o tipo a mais inferior e abjeto até o mais sublime e sere- no. Na esfera astral de nossa terra, encontram-se não apenas as coisas mais terríveis que se possa imaginar, mas também as influências astrais da Fraternidade" Universal. Deveis ainda saber que as coisas na esfera astral acon- tecem antes de sua manifestação na esfera• material. En- quanto as coisas seguem aqui um cam1nho moroso, elas se manifestam na esfera astral muito mais rapidamente. Em ou- tras palavras, tudo o que se desenvolve neste momento em nossa esfera astral, realizar-se-á, por exemplo, amanhã, de- pois de amanhã ou mesmo muito mais tarde na esfera mate- rial. Por isso, a esfera astral, nosso corpo astral, as influên- cias astrais em geral, sempre dão o tom em nossa vida. As influências astrais estimulam-nos a realizar aqui o que já existe no plano astral. Por conseguinte, existem também, como já foi dito, in- fluências da corrente universal gnóstica que atuam na esfera astral desta natureza, influências que se distinguem em cada região astral. Caso alguém tenha alguma tendência hereditá- ria ou um karma consoante a essa disposição, então as in- fluências astrais da Fraternidade penetrarão as pessoas e na maioria dos casos elas reagirão. Por exemplo, elas se mos- trarão interessadas pela filosofia e literatura da Escola da Rosacruz Áurea. Pode ser também que alguém reaja de tal forma que chegue a uma escola como a nossa. Por que vós, como alunos, aceitais as influências da Fraternidade Universal e outro não? Essa é uma questão, como já foi mencionado, de tendências hereditárias ou cár- micas. Como surge essa tendência? 66
  • 68. Também já conheceis a resposta a essa pergunta. Ern primeiro lugar, devido às inúmeras experiências amargas de vossos pais e antepassados, quando reagis apenas à predis· posição hereditária. Vede, quando esperais e ansiais por tudo o que é da dialética durante a vossa vida e assim prosseguis de maneira positiva e fortemente orientados no plano horizontal, mais cedo ou mais tarde chegará a hora em que tudo vos será subtraído e sereis atados a toda a sorte de misérias. As in- fluências astrais que até então vos impeliram, já não vos sa- tisfazem. Como conseqüência, surge um impulso em vosso sistema dirigido a algo mais. Pode ser que, nesse impulso, a influência astral da Gnosis comece a falar em vós. Se estais na Escola Espiritual devido a fatores puramente hereditários, podeis encontrar em vossos pais e antepassados as tendên- cias que vos conduziram a isso. Vossos pais e antepassados beberam do doloroso cálice de amarguras. Em segundo lugar, se reagis apenas carmicamente, en- tão as influências cármicas são impregnadas em vosso sis- tema devido a amargas experiências vividas por vossos pre- decessores em vosso próprio microcosmo. Em certo sentido, elas se tornaram agora vossas próprias experiências. Pelo menos, tendes a vossa disposição uma série de experiências muito íntimas e especiais. Foi também bebendo do cálice de amarguras que fostes finalmente trazidos aqui. Isto indica principalmente o terceiro tipo de aluno que deve beber, ele mesmo, em largos goles dessa taça. Pois bem, as experiências do primeiro, segundo e ter- ceiro tipos ou dos três tipos em conjunto conduziram-vos pa- ra o discipulado. Os demais, incontáveis milhares de pes- soas, ainda não vieram porque, por enquanto, suas reações 67
  • 69. de vigília orgânico-sensoriais levaram-nas a outras plagas. No fundo, çontudo, não havia diferença alguma entre a vida delas e a vossa, entre o estado incipiente e essencial delas e o vosso. A· sinceridade nos impele a dizer que até a vossa entrada na Escola foi quase que especulação puramente me- tafísica. O que acontece normalmente com um aluno quando vem para a Escola Espiritual da Rosacruz? Ele busca paz, segurança; busca solução para seu complicado estado de vida. Procura tranqüliidade. Ele tam- bém é um animal que procura proteção, e seu instinto impe- le-o nessa direção por meio de um impulso astral. O animal açulado, cansado ou abatido procura segurança no templo da Gnosis. A percepção é dividida no corpo material assim co- mo no corpo astral, diz Hermes, e quando as duas partes da percepção se reúnem, o pensamento evocado na mente é expresso pela consciência. Pode-se perguntar: o que acontece quando o animal humano, cansado, abatido, chega ao templo? O que ocorre quando ele está um pouco sossegado? O animal humano acomodar-se-á em seu novo ambien- te e se comportará novamente segundo sua índole. Enquanto ele adornar-se com a ilusão do discipulado, continuará a viver puramente da especulação, munido com as brilhantes quali- dades do animal humano. Entretanto, dessa forma, a entrada na Escola não traz solução alguma para a vida. O doloroso cálice de amarguras será enchido novamente até a borda e colocado diante dele. As correntes astrais continuam a fluir, os sentidos são conti- nuamente ativados, e o curso da vida com seu acúmulo de 68
  • 70. experiências permanece idêntico a si mesmo ou ao de nos- sos antecessores, os doadores de nosso karma. Uma solução não vem de forma alguma assim. O animal humano era um especulador metafísico e continua a sê-lo na Escola. No final das contas, a Escola* não concede libertação alguma e o que se segue é fácil de prever: eles vociferam contra a Escola e acham que há alguma coisa de errado nela. São pródigos em críticas e prosseguem em suas especulações. Se esse papel de crédito não rendeu o suficiente, talvez eles tentem mais uma vez com outro título. Assim, mudam sua orientação ou procuram outro passatempo. Pobre e idiota animal humano! Vós bem sabeis que. se a percepção experimenta as in- fluências astrais tanto no corpo material como no astral, o pensamento nascido dessa maneira toma forma na cons- ciência, e vós fazeis aquilo que está inteiramente em concor- dância com vossas qualidades. Assimilais as influências as- trais conforme vosso tipo, instinto e orientação e, em segui- da, sois obrigados a reagir a elas. Deveis reagir quando vossos organismos racional e sensorial são carregados à noite por meio de influências as- trais. Então, mesmo que digais: "Eu não faço isso". sois obri- gados a fazê-lo! Não há dúvida de que não poderíeis agir de outra forma. Assim como um peixe tem a água como seu elemento vital e não pode passar sem ela, o animal humano também não pode levar uma vida gnóstica. O que acontece quando também 2.s influências astrais gnósticas vos tocam? Aí, vossa atitude de vida apresenta uma cisão. Nesse caso há, por um lado, uma orientação para a Gnosis e, por outro, o comportamento de animal humano comum. Isso tem realmente algum sentido? Um homem que assim é, engana-se a si próprio e também à Gnosis, sem ter 69
  • 71. de fato consciência disso e, infelizmente, sem poder fazer outra coisa. Eis por que falamos sobre tudo isso. Não em tom re- preensivo, porém apenas comprovativo, pois é realmente útil voltar-se inteiramente para a realidade, despojado de todo o supérfluo e perguntar-se: "Qual é, no momento, minha reali- dade?" Hermes diz no nono versículo do décimo-primeiro livro: A mente gera todas as imagens pensadas: imagens boas, quando recebe as sementes de Deus; imagens ímpias, quando provém de um dos demônios, porque não há lugar no mundo sem demônios Sabeis o quanto tudo isso é correto. As sete câmaras do santuário da cabeça, assim como as do santuário do co- ração, são carregadas durante o sono. Valores e forças as- trais aí penetram para se desenvolver, com relação ao aluno, são de natureza gnóstica e chamadora (valores e forças boas), e também de natureza totalmente diferente: demonía- ca. Assim, os alunos, pelo menos muitos dentre eles, tri- lham seu caminho da vida, caminho que é de fato mortal- mente fatigante. Desejamos, ainda mais uma vez, examinar profundamente esse caminho, e se o fizermos, não poderá acontecer outra coisa senão que, novamente, do imo, elevar- se-é o grito de agonia ou o grito de angústia do animal hu- mano em aflição. Citamos aqui o grito hermético de Paulo na Carta aos Romanos 7: "Assim, encontro esta lei em mim: se quero fa- zer o bem, o mal está comigo. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" 70
  • 72. X O DEMONISMO NEGRO A mente gera todas as imagens pensadas: imagens boas, quaRdo recebe as sementes de Deus; imagens ímpias, quando provêm de um dos demónios, porque não há lugar no mundo sem demónios, pelo menos demônios nos quais falta a luz de Deus. Eles penetram o homem e semeiam as se- mentes de suas próprias atividades, e a mente é então fe- cundada com o que foi semeado - adultérios, assassínios, tratamento desamoroso aos pais, atas sacrílegos, ações fm- pias, suicídios por enforcamento, ou por atirar-se das rochas e todas as outras coisas semelhantes operadas pelos demô- nios. Quanto às sementes de Deus, elas são pouco numero- sas, porém grandes, belas e boas! São chamadas virtude, temperança e bem-aventurança. A bem-aventurança é a Gnosis, o conhecimento que é de Deus e com Deus. Quem possui esse conhecimento está pleno de todo o bem e rece- be seus pensamentos de Deus, os quais são inteiramente di- versos dos da massa. É por isso que os que andam na Gnosis não agradam à massa, e, por outro lado, a massa não agrada a eles. Os pri- meiros são considerados dementes, são sujeitos ao riso e ao 71