SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Harley-Davidson de volta à estrada

Após dois anos de estagnação e uma briga com seu sócio local, a Harley-Davidson voltou a crescer no Brasil
— para isso, foi preciso começar tudo do zero

Marianna Aragão, da EXAME

São Paulo - É difícil encontrar uma empresa que tenha consumidores tão devotados quanto a montadora
americana Harley-Davidson — uma turma cujo maior prazer é ir para lá e para cá em estradas, sem destino,
de preferência em bando, com jaquetão de couro, calça jeans surrada e aquele olhar de desprezo para os
motoqueiros normais.

No Brasil, eles se autodenominam “harleyros”, ou PhDs para os íntimos — a sigla significa Proprietário de
Harley-Davidson, e seu sonho é conseguir gravar as iniciais nas placas de suas motos. Pois, apesar da paixão
dos harleyros, a vida estava dura para a montadora no Brasil, quinto maior mercado de motos do mundo.

Enquanto as concorrentes cresciam, a Harley-Davidson entrava numa crise sem precedentes em 2009,
quando a matriz e seu representante local começaram a brigar. As vendas caíram 35% em dois anos. Para
piorar, a falta de peças para manutenção deixou os clientes em polvorosa: as reclamações foram tantas que
até o Ministério Público gaúcho decidiu investigar o que estava acontecendo.

No fim de 2010, a matriz da empresa e seu sócio Paulo Izzo desistiram de uma ação na Justiça, e um acordo
colocou a Harley-Davidson no comando da operação brasileira. Passado um ano de paz, os primeiros
resultados começam a aparecer. As vendas subiram 50% em 2011.

Um ano atrás, era difícil imaginar que a reversão do declínio aconteceria tão rapidamente. Na manhã do dia
8 de fevereiro, todas as oito concessionárias da Harley — que pertenciam à empresa de Izzo — fecharam as
portas. Simultaneamente, a matriz inaugurou duas lojas, uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte.

 “Precisávamos praticamente começar do zero”, diz Longino Morawski, executivo trazido da Toyota para
comandar a Harley-Davidson no Brasil. “Tínhamos de estar com tudo pronto — concessionárias, pós-venda,
entrega de peças — entre dezembro de 2010, data do acordo na Justiça, e fevereiro do ano seguinte,
quando a Harley-Davidson assumiria de vez a operação.”

A empresa não tinha sequer um escritório no país. Além das duas revendas abertas em fevereiro, outras
oito foram inauguradas em 2011.

Concorrência

Para reconquistar espaço, a Harley-Davidson teve de se adaptar. Enquanto a montadora patinava, a
concorrência aumentava seus investimentos no Brasil. As vendas de motos no segmento de altas
cilindradas vêm crescendo 38% ao ano. Para atender à demanda, a BMW expandiu sua rede de
concessionárias (eram 12 em 2009, hoje são 26).

No ano passado, a Honda abriu uma rede de lojas dedicada somente a modelos mais sofisticados, a Honda
Dream. Já são 70 lojas, e a meta dos japoneses é chegar a 100 até o fim de 2012.

Em sua tentativa de encontrar novos PhDs e minar o terreno da concorrência, a Harley-Davidson teve de
ampliar o número de motos — e baixar os preços significativamente. Uma pesquisa realizada com 200
consumidores mostrou que os brasileiros também queriam modelos mais leves e, sobretudo, baratos.
Em vista disso, a Harley-Davidson trouxe oito novas motos ao mercado, entre elas a Street Glide, modelo
mais vendido pela empresa no mundo, e uma nova versão da V-Rod, voltada para o público jovem por
parecer mais uma moto esportiva do que uma Harley-Davidson tradicional. Ao mesmo tempo, a montadora
reduziu, em média, 10% o preço de suas motos — em alguns casos, o desconto chegou a 50%.

Além de conquistar novos clientes, os executivos da montadora tiveram de se preocupar em remendar a
relação com os velhos harleyros. Como a fábrica da empresa fica em Manaus, muitas vezes os clientes
tinham de esperar meses até que determinada peça ou acessório fosse enviado, o que gerava uma
enxurrada de reclamações.

Para contornar o problema, a Harley construiu um armazém nas proximidades do rodoanel de São Paulo
com espaço para mais de 11  000 itens. “Tínhamos de esperar meses por uma simples pastilha de freio”, diz
o empresário carioca Rodrigo Azevedo, diretor da uma das organizações de proprietários da marca, a
Harley’s Owner Group Rio. (Por e-mail, Paulo Izzo afirma que a responsabilidade sobre a fabricação e a
importação das peças ficava a cargo da matriz.)

Para melhorar o clima, a empresa passou a apoiar cafés da manhã de consumidores nas concessionárias e
trouxe para o Brasil alguns de seus eventos internacionais, como o Harley Day. O primeiro deles, realizado
no Rio de Janeiro em novembro do ano passado, reuniu mais de 30 000 pessoas.

A recuperação da operação brasileira não poderia ter chegado em melhor momento para a Harley-
Davidson. Impedida de crescer na China devido a restrições ao uso de motocicletas de alta cilindrada e
recém-chegada à Índia, a empresa tem no Brasil sua principal aposta de crescimento — as vendas na
América Latina subiram 17,5% em 2011, o melhor resultado da Harley no mundo.

“Hoje, quase dois terços da receita vêm dos Estados Unidos, que está em crise”, diz Morawski. Em 2011, a
receita global da montadora cresceu pela primeira vez desde 2006.

A participação do Brasil nessa virada foi ínfima: o país representa apenas 2% das unidades vendidas pela
Harley no mundo. O objetivo da matriz é fazer o Brasil, hoje o sétimo maior mercado da montadora, chegar
a segundo ou terceiro em cinco anos. Haja PhD.

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1009/noticias/harley-davidson-de-volta-a-
estrada?page=2&slug_name=harley-davidson-de-volta-a-estrada



A ressaca da Heineken acabou?

Após uma década sem crescer no Brasil, a cervejaria holandesa Heineken — agora dona da Kaiser —
finalmente volta a ganhar mercado. Até onde irá seu fôlego?

Marianna Aragão, da EXAME

São Paulo - Embora exista há relativamente pouco tempo, o happy hour dos funcionários da cervejaria
holandesa Heineken — a quarta maior do Brasil com faturamento de 2,7 bilhões de reais — já é encarado
como tradição na companhia.

Todas as sextas-feiras por volta das 17 horas, as 180 pessoas que trabalham na sede da empresa, na Vila
Olímpia, zona sul de São Paulo, se reúnem em um bar montado no 5o andar do prédio. A confraternização,
que acontece desde dezembro do ano passado, quando a cervejaria mudou para o novo escritório, nunca
havia servido a grandes comemorações — até o último dia 9 de setembro.

Naquela data, o grupo foi convidado pelo presidente da empresa, o sul-africano Chris Barrow, de 52 anos, a
fazer um brinde especial. “Hoje temos um ótimo motivo para celebrar”, disse Barrow, num português
carregado de sotaque. “Após um ano de trabalho duro, conseguimos crescer acima da média de mercado.”

Entre janeiro e agosto deste ano, enquanto o mercado de cervejas caía 1,3%, as vendas da Heineken
cresceram 5% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Com esse desempenho, a empresa, que desde janeiro de 2010 é proprietária das marcas Kaiser, Bavária e
Sol graças à aquisição da mexicana Femsa por 7,6 bilhões de dólares, voltou a ganhar participação de
mercado no Brasil, chegando a 8,6% do total segundo dados da consultoria AC Nielsen — um avanço de
0,7% em um ano.

Para a Kaiser, uma companhia que viu sua fatia de mercado cair de 15% para 8% depois de passar pelas
mãos de brasileiros, canadenses e mexicanos de 2002 para cá, os números atuais têm um efeito tanto
psicológico quanto matemático — cada ponto percentual equivale a 200 milhões de reais em vendas.

“Finalmente temos um grupo com experiência em cerveja tocando a operação”, diz Barrow, no comando
da subsidiária brasileira há um ano.

 Tão logo chegou ao Brasil, Barrow substituiu os principais executivos da gestão Femsa por profissionais
egressos de outras operações da Heineken espalhadas pelo mundo — dos oito vice-presidentes, cinco são
estrangeiros, a maior parte vinda de mercados nos quais a Heineken é líder ou vice-líder em participação,
como Portugal e Itália.

Uma das etapas mais cruciais do projeto de expansão da Heineken no Brasil ficou a cargo de um desses
recém-chegados. O português Nuno Teles, vice-presidente de marketing da subsidiária brasileira,
comandou uma equipe de 30 funcionários no mapeamento do mercado nacional de cerveja.

Ao todo, foram entrevistadas 3  700 pessoas em 12 cidades do país ao longo de seis meses. O resultado foi
um mosaico de 49 microssegmentos de atuação — a estratégia de distribuição mudaria de acordo, por
exemplo, com o hábito dos jovens ao beber cerveja ou o sexo do consumidor.

Esses resultados foram entregues ao departamento de inovação da companhia, criado em janeiro deste
ano. “O trabalho foi a base para o relançamento da empresa”, afirma Teles. “A partir dele, identificamos
quais frentes atacaríamos, com quais marcas de nosso portfólio e com que intensidade.”

Volta à publicidade

A primeira decisão foi dar força a duas marcas de consumo de massa: Kaiser e Bavária. No primeiro
semestre deste ano, a Heineken investiu 129 milhões de reais em publicidade, de acordo com a consultoria
Ibope Media — um aumento de 55% em relação ao mesmo período de 2010.

Apenas para a Kaiser, foram veiculadas quatro campanhas na TV aberta — as primeiras novidades
publicitárias desde 2009. Como cerveja e futebol continuam indissociáveis, a Heineken contratou o técnico
da seleção brasileira, Mano Menezes, como garoto-propaganda da Kaiser e passou a patrocinar a Copa
Libertadores da América.
No caso da Bavária, os esforços foram concentrados no interior do país. Cidades como Ribeirão Preto, em
São Paulo, receberam o patrocínio da marca para rodeios e concursos de música sertaneja.

“A comunicação dessas duas marcas estava desfocada e inconsistente”, diz Mariana Stanisci, diretora de
marcas da Heineken. Segundo dados da empresa, graças a essas mudanças de estratégia, as vendas de
Bavária e Kaiser cresceram 15% e 3,3% em volume, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Da porta para fora, Barrow vem colocando em prática um plano para estreitar as relações da Heineken com
seus distribuidores, ligados ao sistema Coca-Cola e responsáveis pela criação da empresa na década de 80.
Todos os 16 parceiros foram visitados nos últimos 12 meses.

A consultoria Bain&Company foi contratada para realizar um projeto piloto de treinamento de vendedores,
que têm, em média, 7 minutos para apresentar uma dezena de produtos da Coca-Cola aos varejistas, além
das marcas pertencentes à Heineken.

Com isso, espera-se criar uma equipe especial de vendas, dedicada exclusivamente às bebidas alcoólicas. “É
bem provável que tenhamos até de mudar algumas rotas para atender melhor a cervejaria”, diz um dos
distribuidores Coca-Cola.

São avanços iniciais, com resultados ainda modestos. Apesar do crescimento, a Heineken continua a ser a
quarta cervejaria do país, posição que a coloca a quilômetros de distância de sua principal concorrente
global, a AB Inbev, dona da Ambev. Sua principal marca, a Heineken, faz parte do mercado premium,
equivalente a cerca de 5% das vendas totais de cerveja no Brasil.

A participação da marca no mercado total, segundo dados de 2010 da consultoria Euromonitor, é quase
irrelevante: 0,2%. Recentemente, a competição para a Heineken ficou mais dura, com o lançamento no país
da Budweiser, produto mundial da AB Inbev, posicionado como premium no mercado brasileiro.

A situação da Kaiser, cerveja mais popular e de maior volume da Heineken, não é muito mais confortável. A
marca tem apenas 6% de mercado e sofre uma forte rejeição no Rio de Janeiro e em alguns estados do
Nordeste.

 “Se a companhia depender só da marca Heineken, será muito difícil conquistar um espaço relevante”, diz
Danny Claro, professor de gestão de marketing do Insper. Sem contar com nenhuma outra grande
cervejaria à venda — os holandeses perderam a disputa da Schincariol para os japoneses da Kirin em
agosto deste ano —, o caminho da Heineken no Brasil promete ser longo e árduo.

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1001/noticias/a-ressaca-acabou?page=3&slug_name=a-
ressaca-acabou

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (7)

Tubainas
TubainasTubainas
Tubainas
 
Tubainas
TubainasTubainas
Tubainas
 
Planejamento de Comunicação - Matte Leão
Planejamento de Comunicação - Matte LeãoPlanejamento de Comunicação - Matte Leão
Planejamento de Comunicação - Matte Leão
 
FGV EAESP | GVcasos - Vol. 8, n. 1 - jan/jun 2018
FGV EAESP | GVcasos - Vol. 8, n. 1 - jan/jun 2018FGV EAESP | GVcasos - Vol. 8, n. 1 - jan/jun 2018
FGV EAESP | GVcasos - Vol. 8, n. 1 - jan/jun 2018
 
Projeto ativação - Itaipava
Projeto ativação - ItaipavaProjeto ativação - Itaipava
Projeto ativação - Itaipava
 
Natura
NaturaNatura
Natura
 
Clipping outubro 4
Clipping outubro 4Clipping outubro 4
Clipping outubro 4
 

Semelhante a Harley-Davidson volta a crescer no Brasil após crise

Retail Highlights dezembro 11
Retail Highlights dezembro 11Retail Highlights dezembro 11
Retail Highlights dezembro 11Christian Manduca
 
Cerveja - Mercado de Grandes Novidades
Cerveja - Mercado de Grandes NovidadesCerveja - Mercado de Grandes Novidades
Cerveja - Mercado de Grandes NovidadesFernando Salles
 
Brasil Canadá - vide Página 2 - SC no Brasil
Brasil Canadá - vide Página 2 - SC no BrasilBrasil Canadá - vide Página 2 - SC no Brasil
Brasil Canadá - vide Página 2 - SC no BrasilRonaldo Bezerra
 
Industria automobilistica
Industria automobilisticaIndustria automobilistica
Industria automobilisticaLemos2502
 
H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)
H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)
H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)Reydson Medeiros
 
Clipping do Varejo 07102011
Clipping do Varejo 07102011Clipping do Varejo 07102011
Clipping do Varejo 07102011Ricardo Pastore
 
A indústria automobilística (1)
A indústria automobilística (1)A indústria automobilística (1)
A indústria automobilística (1)Anny Ecker
 
A indústria automobilística
A indústria automobilísticaA indústria automobilística
A indústria automobilísticajanaorsatti
 
A indústria automobilística
A indústria automobilísticaA indústria automobilística
A indústria automobilísticajanaorsatti
 
Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)
Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)
Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)brpharma
 
Análise: Os vendedores de beleza
Análise: Os vendedores de belezaAnálise: Os vendedores de beleza
Análise: Os vendedores de belezaMiti Inteligência
 
Clipping do Varejo 08082011
Clipping do Varejo 08082011Clipping do Varejo 08082011
Clipping do Varejo 08082011Ricardo Pastore
 
Como montar uma distribuidora de bebidas passo a passo
Como montar uma distribuidora de bebidas passo a passoComo montar uma distribuidora de bebidas passo a passo
Como montar uma distribuidora de bebidas passo a passoDiego Coutinho
 
Retail highlights agosto2011
Retail highlights agosto2011Retail highlights agosto2011
Retail highlights agosto2011Christian Manduca
 

Semelhante a Harley-Davidson volta a crescer no Brasil após crise (20)

Retail Highlights dezembro 11
Retail Highlights dezembro 11Retail Highlights dezembro 11
Retail Highlights dezembro 11
 
Cerveja - Mercado de Grandes Novidades
Cerveja - Mercado de Grandes NovidadesCerveja - Mercado de Grandes Novidades
Cerveja - Mercado de Grandes Novidades
 
Clipping Dezembro 1
Clipping Dezembro 1Clipping Dezembro 1
Clipping Dezembro 1
 
Novo Honda Biz Faap
Novo Honda Biz FaapNovo Honda Biz Faap
Novo Honda Biz Faap
 
Brasil Canadá - vide Página 2 - SC no Brasil
Brasil Canadá - vide Página 2 - SC no BrasilBrasil Canadá - vide Página 2 - SC no Brasil
Brasil Canadá - vide Página 2 - SC no Brasil
 
Industria automobilistica
Industria automobilisticaIndustria automobilistica
Industria automobilistica
 
H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)
H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)
H-D Natal (Loja da Harley-Davidson Fictícia em Natal-RN)
 
Retail highlights | Jul11
Retail highlights | Jul11Retail highlights | Jul11
Retail highlights | Jul11
 
Clipping do Varejo 07102011
Clipping do Varejo 07102011Clipping do Varejo 07102011
Clipping do Varejo 07102011
 
A indústria automobilística (1)
A indústria automobilística (1)A indústria automobilística (1)
A indústria automobilística (1)
 
A indústria automobilística
A indústria automobilísticaA indústria automobilística
A indústria automobilística
 
A indústria automobilística
A indústria automobilísticaA indústria automobilística
A indústria automobilística
 
Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)
Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)
Relatório anual 2012 (pt) melhor resolução (site)
 
Clipping 13_02_2012
Clipping 13_02_2012Clipping 13_02_2012
Clipping 13_02_2012
 
Análise: Os vendedores de beleza
Análise: Os vendedores de belezaAnálise: Os vendedores de beleza
Análise: Os vendedores de beleza
 
Clipping do Varejo 08082011
Clipping do Varejo 08082011Clipping do Varejo 08082011
Clipping do Varejo 08082011
 
Como montar uma distribuidora de bebidas passo a passo
Como montar uma distribuidora de bebidas passo a passoComo montar uma distribuidora de bebidas passo a passo
Como montar uma distribuidora de bebidas passo a passo
 
Clipping Abril 2010 1
Clipping Abril 2010 1Clipping Abril 2010 1
Clipping Abril 2010 1
 
13_02_2012
13_02_201213_02_2012
13_02_2012
 
Retail highlights agosto2011
Retail highlights agosto2011Retail highlights agosto2011
Retail highlights agosto2011
 

Mais de Fernando Monteiro D'Andrea

PEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequências
PEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequênciasPEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequências
PEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequênciasFernando Monteiro D'Andrea
 
Apresentação no XIII Encontro de Administração do IESPES
Apresentação no XIII Encontro de Administração do IESPESApresentação no XIII Encontro de Administração do IESPES
Apresentação no XIII Encontro de Administração do IESPESFernando Monteiro D'Andrea
 
Economia amazônica - facts and figures - Aula 20
Economia amazônica - facts and figures - Aula 20Economia amazônica - facts and figures - Aula 20
Economia amazônica - facts and figures - Aula 20Fernando Monteiro D'Andrea
 
Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7
Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7
Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7Fernando Monteiro D'Andrea
 

Mais de Fernando Monteiro D'Andrea (20)

Futuro da Escola Austríaca no Brasil
Futuro da Escola Austríaca no BrasilFuturo da Escola Austríaca no Brasil
Futuro da Escola Austríaca no Brasil
 
PEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequências
PEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequênciasPEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequências
PEC 55 - Esclarecimentos e possíveis consequências
 
O que te move?
O que te move?O que te move?
O que te move?
 
Caminho para a servidão em quadrinhos
Caminho para a servidão em quadrinhosCaminho para a servidão em quadrinhos
Caminho para a servidão em quadrinhos
 
O Advogado como empreendedor
O Advogado como empreendedorO Advogado como empreendedor
O Advogado como empreendedor
 
Moeda e inflação
Moeda e inflaçãoMoeda e inflação
Moeda e inflação
 
Inovação em modelos de negócios: O Canvas
Inovação em modelos de negócios: O CanvasInovação em modelos de negócios: O Canvas
Inovação em modelos de negócios: O Canvas
 
Apresentação no XIII Encontro de Administração do IESPES
Apresentação no XIII Encontro de Administração do IESPESApresentação no XIII Encontro de Administração do IESPES
Apresentação no XIII Encontro de Administração do IESPES
 
Planejamento Estratégico
Planejamento EstratégicoPlanejamento Estratégico
Planejamento Estratégico
 
Macroeconomia - Inflação
Macroeconomia - Inflação Macroeconomia - Inflação
Macroeconomia - Inflação
 
Elaboração de Currículum Vitae
Elaboração de Currículum VitaeElaboração de Currículum Vitae
Elaboração de Currículum Vitae
 
Moeda e Inflação
Moeda e InflaçãoMoeda e Inflação
Moeda e Inflação
 
Planos econômicos no brasil - Aula 17
Planos econômicos no brasil - Aula 17Planos econômicos no brasil - Aula 17
Planos econômicos no brasil - Aula 17
 
Desenvolvimentismo - Aula 16
Desenvolvimentismo - Aula 16Desenvolvimentismo - Aula 16
Desenvolvimentismo - Aula 16
 
Macroeconomia, pib, pnb, per capta - Aula 15
Macroeconomia, pib, pnb, per capta - Aula 15Macroeconomia, pib, pnb, per capta - Aula 15
Macroeconomia, pib, pnb, per capta - Aula 15
 
Sistemas econômicos - Aula 14
Sistemas econômicos - Aula 14Sistemas econômicos - Aula 14
Sistemas econômicos - Aula 14
 
Economia amazônica - facts and figures - Aula 20
Economia amazônica - facts and figures - Aula 20Economia amazônica - facts and figures - Aula 20
Economia amazônica - facts and figures - Aula 20
 
Falhas de mercado e Busca de Renda - Aula 11
Falhas de mercado e Busca de Renda - Aula 11Falhas de mercado e Busca de Renda - Aula 11
Falhas de mercado e Busca de Renda - Aula 11
 
A opção - Russel Roberts - Aula 5
A opção - Russel Roberts - Aula 5A opção - Russel Roberts - Aula 5
A opção - Russel Roberts - Aula 5
 
Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7
Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7
Demanda, oferta, elasticidade e mercados - Aulas 3 a 7
 

Último

Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESEduardaReis50
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 

Último (20)

Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕESCOMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
COMPETÊNCIA 4 NO ENEM: O TEXTO E SUAS AMARRACÕES
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 

Harley-Davidson volta a crescer no Brasil após crise

  • 1. Harley-Davidson de volta à estrada Após dois anos de estagnação e uma briga com seu sócio local, a Harley-Davidson voltou a crescer no Brasil — para isso, foi preciso começar tudo do zero Marianna Aragão, da EXAME São Paulo - É difícil encontrar uma empresa que tenha consumidores tão devotados quanto a montadora americana Harley-Davidson — uma turma cujo maior prazer é ir para lá e para cá em estradas, sem destino, de preferência em bando, com jaquetão de couro, calça jeans surrada e aquele olhar de desprezo para os motoqueiros normais. No Brasil, eles se autodenominam “harleyros”, ou PhDs para os íntimos — a sigla significa Proprietário de Harley-Davidson, e seu sonho é conseguir gravar as iniciais nas placas de suas motos. Pois, apesar da paixão dos harleyros, a vida estava dura para a montadora no Brasil, quinto maior mercado de motos do mundo. Enquanto as concorrentes cresciam, a Harley-Davidson entrava numa crise sem precedentes em 2009, quando a matriz e seu representante local começaram a brigar. As vendas caíram 35% em dois anos. Para piorar, a falta de peças para manutenção deixou os clientes em polvorosa: as reclamações foram tantas que até o Ministério Público gaúcho decidiu investigar o que estava acontecendo. No fim de 2010, a matriz da empresa e seu sócio Paulo Izzo desistiram de uma ação na Justiça, e um acordo colocou a Harley-Davidson no comando da operação brasileira. Passado um ano de paz, os primeiros resultados começam a aparecer. As vendas subiram 50% em 2011. Um ano atrás, era difícil imaginar que a reversão do declínio aconteceria tão rapidamente. Na manhã do dia 8 de fevereiro, todas as oito concessionárias da Harley — que pertenciam à empresa de Izzo — fecharam as portas. Simultaneamente, a matriz inaugurou duas lojas, uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte. “Precisávamos praticamente começar do zero”, diz Longino Morawski, executivo trazido da Toyota para comandar a Harley-Davidson no Brasil. “Tínhamos de estar com tudo pronto — concessionárias, pós-venda, entrega de peças — entre dezembro de 2010, data do acordo na Justiça, e fevereiro do ano seguinte, quando a Harley-Davidson assumiria de vez a operação.” A empresa não tinha sequer um escritório no país. Além das duas revendas abertas em fevereiro, outras oito foram inauguradas em 2011. Concorrência Para reconquistar espaço, a Harley-Davidson teve de se adaptar. Enquanto a montadora patinava, a concorrência aumentava seus investimentos no Brasil. As vendas de motos no segmento de altas cilindradas vêm crescendo 38% ao ano. Para atender à demanda, a BMW expandiu sua rede de concessionárias (eram 12 em 2009, hoje são 26). No ano passado, a Honda abriu uma rede de lojas dedicada somente a modelos mais sofisticados, a Honda Dream. Já são 70 lojas, e a meta dos japoneses é chegar a 100 até o fim de 2012. Em sua tentativa de encontrar novos PhDs e minar o terreno da concorrência, a Harley-Davidson teve de ampliar o número de motos — e baixar os preços significativamente. Uma pesquisa realizada com 200 consumidores mostrou que os brasileiros também queriam modelos mais leves e, sobretudo, baratos.
  • 2. Em vista disso, a Harley-Davidson trouxe oito novas motos ao mercado, entre elas a Street Glide, modelo mais vendido pela empresa no mundo, e uma nova versão da V-Rod, voltada para o público jovem por parecer mais uma moto esportiva do que uma Harley-Davidson tradicional. Ao mesmo tempo, a montadora reduziu, em média, 10% o preço de suas motos — em alguns casos, o desconto chegou a 50%. Além de conquistar novos clientes, os executivos da montadora tiveram de se preocupar em remendar a relação com os velhos harleyros. Como a fábrica da empresa fica em Manaus, muitas vezes os clientes tinham de esperar meses até que determinada peça ou acessório fosse enviado, o que gerava uma enxurrada de reclamações. Para contornar o problema, a Harley construiu um armazém nas proximidades do rodoanel de São Paulo com espaço para mais de 11  000 itens. “Tínhamos de esperar meses por uma simples pastilha de freio”, diz o empresário carioca Rodrigo Azevedo, diretor da uma das organizações de proprietários da marca, a Harley’s Owner Group Rio. (Por e-mail, Paulo Izzo afirma que a responsabilidade sobre a fabricação e a importação das peças ficava a cargo da matriz.) Para melhorar o clima, a empresa passou a apoiar cafés da manhã de consumidores nas concessionárias e trouxe para o Brasil alguns de seus eventos internacionais, como o Harley Day. O primeiro deles, realizado no Rio de Janeiro em novembro do ano passado, reuniu mais de 30 000 pessoas. A recuperação da operação brasileira não poderia ter chegado em melhor momento para a Harley- Davidson. Impedida de crescer na China devido a restrições ao uso de motocicletas de alta cilindrada e recém-chegada à Índia, a empresa tem no Brasil sua principal aposta de crescimento — as vendas na América Latina subiram 17,5% em 2011, o melhor resultado da Harley no mundo. “Hoje, quase dois terços da receita vêm dos Estados Unidos, que está em crise”, diz Morawski. Em 2011, a receita global da montadora cresceu pela primeira vez desde 2006. A participação do Brasil nessa virada foi ínfima: o país representa apenas 2% das unidades vendidas pela Harley no mundo. O objetivo da matriz é fazer o Brasil, hoje o sétimo maior mercado da montadora, chegar a segundo ou terceiro em cinco anos. Haja PhD. http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1009/noticias/harley-davidson-de-volta-a- estrada?page=2&slug_name=harley-davidson-de-volta-a-estrada A ressaca da Heineken acabou? Após uma década sem crescer no Brasil, a cervejaria holandesa Heineken — agora dona da Kaiser — finalmente volta a ganhar mercado. Até onde irá seu fôlego? Marianna Aragão, da EXAME São Paulo - Embora exista há relativamente pouco tempo, o happy hour dos funcionários da cervejaria holandesa Heineken — a quarta maior do Brasil com faturamento de 2,7 bilhões de reais — já é encarado como tradição na companhia. Todas as sextas-feiras por volta das 17 horas, as 180 pessoas que trabalham na sede da empresa, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, se reúnem em um bar montado no 5o andar do prédio. A confraternização,
  • 3. que acontece desde dezembro do ano passado, quando a cervejaria mudou para o novo escritório, nunca havia servido a grandes comemorações — até o último dia 9 de setembro. Naquela data, o grupo foi convidado pelo presidente da empresa, o sul-africano Chris Barrow, de 52 anos, a fazer um brinde especial. “Hoje temos um ótimo motivo para celebrar”, disse Barrow, num português carregado de sotaque. “Após um ano de trabalho duro, conseguimos crescer acima da média de mercado.” Entre janeiro e agosto deste ano, enquanto o mercado de cervejas caía 1,3%, as vendas da Heineken cresceram 5% em comparação ao mesmo período do ano passado. Com esse desempenho, a empresa, que desde janeiro de 2010 é proprietária das marcas Kaiser, Bavária e Sol graças à aquisição da mexicana Femsa por 7,6 bilhões de dólares, voltou a ganhar participação de mercado no Brasil, chegando a 8,6% do total segundo dados da consultoria AC Nielsen — um avanço de 0,7% em um ano. Para a Kaiser, uma companhia que viu sua fatia de mercado cair de 15% para 8% depois de passar pelas mãos de brasileiros, canadenses e mexicanos de 2002 para cá, os números atuais têm um efeito tanto psicológico quanto matemático — cada ponto percentual equivale a 200 milhões de reais em vendas. “Finalmente temos um grupo com experiência em cerveja tocando a operação”, diz Barrow, no comando da subsidiária brasileira há um ano. Tão logo chegou ao Brasil, Barrow substituiu os principais executivos da gestão Femsa por profissionais egressos de outras operações da Heineken espalhadas pelo mundo — dos oito vice-presidentes, cinco são estrangeiros, a maior parte vinda de mercados nos quais a Heineken é líder ou vice-líder em participação, como Portugal e Itália. Uma das etapas mais cruciais do projeto de expansão da Heineken no Brasil ficou a cargo de um desses recém-chegados. O português Nuno Teles, vice-presidente de marketing da subsidiária brasileira, comandou uma equipe de 30 funcionários no mapeamento do mercado nacional de cerveja. Ao todo, foram entrevistadas 3  700 pessoas em 12 cidades do país ao longo de seis meses. O resultado foi um mosaico de 49 microssegmentos de atuação — a estratégia de distribuição mudaria de acordo, por exemplo, com o hábito dos jovens ao beber cerveja ou o sexo do consumidor. Esses resultados foram entregues ao departamento de inovação da companhia, criado em janeiro deste ano. “O trabalho foi a base para o relançamento da empresa”, afirma Teles. “A partir dele, identificamos quais frentes atacaríamos, com quais marcas de nosso portfólio e com que intensidade.” Volta à publicidade A primeira decisão foi dar força a duas marcas de consumo de massa: Kaiser e Bavária. No primeiro semestre deste ano, a Heineken investiu 129 milhões de reais em publicidade, de acordo com a consultoria Ibope Media — um aumento de 55% em relação ao mesmo período de 2010. Apenas para a Kaiser, foram veiculadas quatro campanhas na TV aberta — as primeiras novidades publicitárias desde 2009. Como cerveja e futebol continuam indissociáveis, a Heineken contratou o técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, como garoto-propaganda da Kaiser e passou a patrocinar a Copa Libertadores da América.
  • 4. No caso da Bavária, os esforços foram concentrados no interior do país. Cidades como Ribeirão Preto, em São Paulo, receberam o patrocínio da marca para rodeios e concursos de música sertaneja. “A comunicação dessas duas marcas estava desfocada e inconsistente”, diz Mariana Stanisci, diretora de marcas da Heineken. Segundo dados da empresa, graças a essas mudanças de estratégia, as vendas de Bavária e Kaiser cresceram 15% e 3,3% em volume, respectivamente, no primeiro semestre deste ano. Da porta para fora, Barrow vem colocando em prática um plano para estreitar as relações da Heineken com seus distribuidores, ligados ao sistema Coca-Cola e responsáveis pela criação da empresa na década de 80. Todos os 16 parceiros foram visitados nos últimos 12 meses. A consultoria Bain&Company foi contratada para realizar um projeto piloto de treinamento de vendedores, que têm, em média, 7 minutos para apresentar uma dezena de produtos da Coca-Cola aos varejistas, além das marcas pertencentes à Heineken. Com isso, espera-se criar uma equipe especial de vendas, dedicada exclusivamente às bebidas alcoólicas. “É bem provável que tenhamos até de mudar algumas rotas para atender melhor a cervejaria”, diz um dos distribuidores Coca-Cola. São avanços iniciais, com resultados ainda modestos. Apesar do crescimento, a Heineken continua a ser a quarta cervejaria do país, posição que a coloca a quilômetros de distância de sua principal concorrente global, a AB Inbev, dona da Ambev. Sua principal marca, a Heineken, faz parte do mercado premium, equivalente a cerca de 5% das vendas totais de cerveja no Brasil. A participação da marca no mercado total, segundo dados de 2010 da consultoria Euromonitor, é quase irrelevante: 0,2%. Recentemente, a competição para a Heineken ficou mais dura, com o lançamento no país da Budweiser, produto mundial da AB Inbev, posicionado como premium no mercado brasileiro. A situação da Kaiser, cerveja mais popular e de maior volume da Heineken, não é muito mais confortável. A marca tem apenas 6% de mercado e sofre uma forte rejeição no Rio de Janeiro e em alguns estados do Nordeste. “Se a companhia depender só da marca Heineken, será muito difícil conquistar um espaço relevante”, diz Danny Claro, professor de gestão de marketing do Insper. Sem contar com nenhuma outra grande cervejaria à venda — os holandeses perderam a disputa da Schincariol para os japoneses da Kirin em agosto deste ano —, o caminho da Heineken no Brasil promete ser longo e árduo. http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1001/noticias/a-ressaca-acabou?page=3&slug_name=a- ressaca-acabou