Artigo mensal da CLT Services
Desta vez o tema é a redução de stocks na cadeia de fornecimento. O artigo apresenta 11 estratégias que ajudam na redução dos stocks. Comente e partilhe com a sua rede de contactos.
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https://www.linkedin.com/pulse/estrat%C3%A9gias-para-redu%C3%A7%C3%A3o-de-stocks-joao-paulo-pinto-phd-msc-eng-
1. João Paulo Pinto, 2017 Agosto 30
Os stocks representam uma importante parte do custo das empresas, em especial para as
empresas industriais. Estas empresas comprometem grandes quantias de dinheiro em stocks de
matérias-primas, intermédios (work-in-process, WIP) e produto acabado.
Sem querer entrar na velha discussão das vantagens de ter ou não ter stocks, neste artigo
apresento uma dúzia de estratégias para redução de stocks pois amesma terá um impacto muito
positivo no sucesso da cadeia de fornecimento (supply chain).
E1. Redução do lead time
Há uma relação directa entre o tempo (lead time) e a quantidade de stock e isso é
exemplarmente explicado pelalei de Little. Todo o esforço na redução de tempos(fabrico, setup,
transporte, desenvolvimento, etc.) resultará na redução de stock e na redução de custos. O
investimento na redução do lead time tem por norma um elevado payback.
E2. Redução o tamanho do(a) lote/encomenda
Ainda no seguimento da Lei de Little… menores quantidades resultam em menos tempo, menos
stocks e menos custos. Mais fácil dizer que fazer, certo? Eu percebo… Como posso eu reduzir
quantidades com estes temposde setup? Ecomo reduzirlotes se o transporte é tão caro? Ecomo
fazer quando o fornecedor me impõe estas quantidades? Pois é tem razão, mas continuar a
apontar as dificuldades não resolve o problema. É sempre possível reduzir quantidades, como?
Colaborando com clientes e fornecedores, reduzir tempos (menos burocracia, aplicar o SMED
nas máquinas…), partilhar transportes e meios de armazenamento, em suma pensar fora da
caixa.
E3. Melhorar a relação com os parceiros da cadeia de fornecimento (fornecedores e clientes).
Esta estratégia vem no seguimento da anterior, não tem nada de novo mas a mentalidade
poortuga não a percebe. Numa visita recente que fiz a uma Queijaria na Beira Alta o
2. Administrador relatava os exemplos de cooperação dos seus congéneres Holandeses e por cá
nenhuma empresa mostrou abertura para tal colaboração. Este Administrador para dar
resposta a um pico da procura solicitou a empresa vizinha que lhe fizesse uma determinada
encomenda, poucos dias depois o seu Cliente já tinha conhecimento que sua empresa tinha
recorrido a subcontratação para aquela encomenda, imagine-se quem terá informado o
Cliente... Ok, tristezas à parte, esta estratégia poderá resultar em enormes (corrijo:
gigantescas!) vantagens para a gestão da cadeia de fornecimento. É por norma uma estratégia
low-cost mas que exige muito open-mind.
E4. Rever os parâmetros de gestão dos seus stocks
Quando refiro parâmetros de gestão de stocks estou a falar de: “ponto de encomenda”,
“tamanhodo lote decompra/fabrico”, “leadtime”, “stock de segurança”,“stock médioemáximo”,
entre outros.Há quanto tempoestesparâmetros não são revistos? Foramalgumavez calculados
ou apenas estimados? E as equações vieram de onde e de que século são?
E5. Aplicar a análise ABC para melhor focalização
A análise ABC ajudará a separar os materiais e SKU’s (stock keeping unit) críticos dos não-
críticos. Poderá aplicar esta ferramenta para identificar qual a melhor estratégia a aplicar aos
diferentes artigos que gere, ou seja quais os que devem ser MTO (make to order) ou MTS (make
to stock). Artigos críticos (ie, aqueles que fazem parte da classe A) devem seguir a estratégia
MTS (para que estejam sempre disponíveis), os artigos B podem seguir a estratégia ATO
(assembler to order, montados por encomenda) e os C’s podem adoptar a estratégia MTO.
E6. Redução da variedade
A isto chama-se “diferenciação retardada” ou postponement. A ideia é simples: quanto mais
tarde fizer a diferenciação dos produtos que apresenta ao mercado menores os stocks e os
custos. Como se faz? Tudo começa na concepção dos produtos: usando partes e processos
comuns, por exemplo: a VW, entre outros fabricantes, partilha o mesmo chassis com diferentes
modelos. Outro exemplo: porque motivo deverá um fabricante de computadores localizado na
China colocar na embalagem todos os tipos de fichaparacarregamento do computador se existe
tanta variedade de encaixes? E porque terá ele de colocar na embalagem os manuais em todos
os idiomas dos países onde será vendido o produto? Estes dois exemplos mostram como o
postponement pode ajudar a reduzir os stocks… os parceiros locais podem colocar na
embalagem o respectivo cabo e manuais…
Para por esta estratégia em acção vai precisar da Engenharia e dos Fornecedores e Clientes do
seu lado. Por esta razão esta não é das estratégias mais fáceis de aplicar.
E7. Redução de stocks obsoletos
Quantos monos se escondem nos armazéns? Quantos ainda ocupam espaços valiosos em
prateleiras, armários e gavetas? Quantos registos informáticos são ainda mantidos para estes
monos? E quanto valem esses artigos que há meses e anos não têm qualquer actividade? Se der
resposta a estas questões conseguirá identificar acções para se libertar desses materiais.
E8. Meça bem para melhor gerir
Diz-me o que medes e te direi o que obténs. Esta é uma importante estratégia para a redução de
stocks. Procure relacionar métricas com os resultados que pretende alcançar, simplifique o
processo de recolha de dados e de apresentação da informação. É importante relacionar
3. métricas operacionais com as financeiras sem esquecer as relacionadas com a satisfação do
Cliente (ex. on time delivery e servisse level).
E9. Auditorias aos armazéns
No seguimento da anterior estratégia, recomenda-se que faça auditorias aos seus armazéns
para validar as condições de armazenamento e confrontar as existências físicas com a
informação que circula no seu sistema ERP. Este é um dos meios de purgar informação
desatualizada ou incorrecta ao mesmo tempo que garante que os padrões de trabalho estão a
ser seguidos no armazém.
E10. Se possível, aplicar o conceito VMI
Vendor managed inventory (VMI) – passe a gestão dos stocks para o fornecedor. Se são eles
quem fornecem porque não transferir a sua gestão para eles. Note, aqui não há contradição com
a estratégia E3: não se trata de “descarregar” no fornecedor a gestão dos stocks que ele lhe
fornece, mas sim no estabelecimento de relações win-win entre as partes.
E11. Cuidado com as previsões!
As previsões são um tema interessante no mundo académico porque recorrem a métodos
quantitativos e qualitativos muito giros, mas que não passam disso. Womack no livro “Lean
Thinking”(verão de 2003) diz-nos que se há alguma coisa certa é que as previsões estão erradas!
Ok, mas como fazer então? As primeiras seis estratégias que referi mostram-lhe o caminho. Sem
primeiro as aplicar não poderá dizer que esta estratégia não faz sentido.
E agora?
Não posso garantir nada, mas o uso consistente destas estratégias resultará na redução de
stocks enquanto que os custos logísticos irão decair. Note que a redução de stocks não pode, em
caso algum, resultar na degradação do serviço ao Cliente nem na penalização da relação com
fornecedores. Estou certo que nem todas as estratégias apresentadas terão aplicação na sua
Empresa e, como vimos antes, umas estão dependentes de outras. A escolha por onde começar
poderá basear-se em critérios como a facilidade de implementação e o rápido retorno de
resultados.
Estas estratégias serão abordadas com maior detalhe na MBA em Logística e Supply Chain
Management que em breve se iniciará.
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