SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
João Paulo Pinto, 2017 Agosto 30
Os stocks representam uma importante parte do custo das empresas, em especial para as
empresas industriais. Estas empresas comprometem grandes quantias de dinheiro em stocks de
matérias-primas, intermédios (work-in-process, WIP) e produto acabado.
Sem querer entrar na velha discussão das vantagens de ter ou não ter stocks, neste artigo
apresento uma dúzia de estratégias para redução de stocks pois amesma terá um impacto muito
positivo no sucesso da cadeia de fornecimento (supply chain).
E1. Redução do lead time
Há uma relação directa entre o tempo (lead time) e a quantidade de stock e isso é
exemplarmente explicado pelalei de Little. Todo o esforço na redução de tempos(fabrico, setup,
transporte, desenvolvimento, etc.) resultará na redução de stock e na redução de custos. O
investimento na redução do lead time tem por norma um elevado payback.
E2. Redução o tamanho do(a) lote/encomenda
Ainda no seguimento da Lei de Little… menores quantidades resultam em menos tempo, menos
stocks e menos custos. Mais fácil dizer que fazer, certo? Eu percebo… Como posso eu reduzir
quantidades com estes temposde setup? Ecomo reduzirlotes se o transporte é tão caro? Ecomo
fazer quando o fornecedor me impõe estas quantidades? Pois é tem razão, mas continuar a
apontar as dificuldades não resolve o problema. É sempre possível reduzir quantidades, como?
Colaborando com clientes e fornecedores, reduzir tempos (menos burocracia, aplicar o SMED
nas máquinas…), partilhar transportes e meios de armazenamento, em suma pensar fora da
caixa.
E3. Melhorar a relação com os parceiros da cadeia de fornecimento (fornecedores e clientes).
Esta estratégia vem no seguimento da anterior, não tem nada de novo mas a mentalidade
poortuga não a percebe. Numa visita recente que fiz a uma Queijaria na Beira Alta o
Administrador relatava os exemplos de cooperação dos seus congéneres Holandeses e por cá
nenhuma empresa mostrou abertura para tal colaboração. Este Administrador para dar
resposta a um pico da procura solicitou a empresa vizinha que lhe fizesse uma determinada
encomenda, poucos dias depois o seu Cliente já tinha conhecimento que sua empresa tinha
recorrido a subcontratação para aquela encomenda, imagine-se quem terá informado o
Cliente... Ok, tristezas à parte, esta estratégia poderá resultar em enormes (corrijo:
gigantescas!) vantagens para a gestão da cadeia de fornecimento. É por norma uma estratégia
low-cost mas que exige muito open-mind.
E4. Rever os parâmetros de gestão dos seus stocks
Quando refiro parâmetros de gestão de stocks estou a falar de: “ponto de encomenda”,
“tamanhodo lote decompra/fabrico”, “leadtime”, “stock de segurança”,“stock médioemáximo”,
entre outros.Há quanto tempoestesparâmetros não são revistos? Foramalgumavez calculados
ou apenas estimados? E as equações vieram de onde e de que século são?
E5. Aplicar a análise ABC para melhor focalização
A análise ABC ajudará a separar os materiais e SKU’s (stock keeping unit) críticos dos não-
críticos. Poderá aplicar esta ferramenta para identificar qual a melhor estratégia a aplicar aos
diferentes artigos que gere, ou seja quais os que devem ser MTO (make to order) ou MTS (make
to stock). Artigos críticos (ie, aqueles que fazem parte da classe A) devem seguir a estratégia
MTS (para que estejam sempre disponíveis), os artigos B podem seguir a estratégia ATO
(assembler to order, montados por encomenda) e os C’s podem adoptar a estratégia MTO.
E6. Redução da variedade
A isto chama-se “diferenciação retardada” ou postponement. A ideia é simples: quanto mais
tarde fizer a diferenciação dos produtos que apresenta ao mercado menores os stocks e os
custos. Como se faz? Tudo começa na concepção dos produtos: usando partes e processos
comuns, por exemplo: a VW, entre outros fabricantes, partilha o mesmo chassis com diferentes
modelos. Outro exemplo: porque motivo deverá um fabricante de computadores localizado na
China colocar na embalagem todos os tipos de fichaparacarregamento do computador se existe
tanta variedade de encaixes? E porque terá ele de colocar na embalagem os manuais em todos
os idiomas dos países onde será vendido o produto? Estes dois exemplos mostram como o
postponement pode ajudar a reduzir os stocks… os parceiros locais podem colocar na
embalagem o respectivo cabo e manuais…
Para por esta estratégia em acção vai precisar da Engenharia e dos Fornecedores e Clientes do
seu lado. Por esta razão esta não é das estratégias mais fáceis de aplicar.
E7. Redução de stocks obsoletos
Quantos monos se escondem nos armazéns? Quantos ainda ocupam espaços valiosos em
prateleiras, armários e gavetas? Quantos registos informáticos são ainda mantidos para estes
monos? E quanto valem esses artigos que há meses e anos não têm qualquer actividade? Se der
resposta a estas questões conseguirá identificar acções para se libertar desses materiais.
E8. Meça bem para melhor gerir
Diz-me o que medes e te direi o que obténs. Esta é uma importante estratégia para a redução de
stocks. Procure relacionar métricas com os resultados que pretende alcançar, simplifique o
processo de recolha de dados e de apresentação da informação. É importante relacionar
métricas operacionais com as financeiras sem esquecer as relacionadas com a satisfação do
Cliente (ex. on time delivery e servisse level).
E9. Auditorias aos armazéns
No seguimento da anterior estratégia, recomenda-se que faça auditorias aos seus armazéns
para validar as condições de armazenamento e confrontar as existências físicas com a
informação que circula no seu sistema ERP. Este é um dos meios de purgar informação
desatualizada ou incorrecta ao mesmo tempo que garante que os padrões de trabalho estão a
ser seguidos no armazém.
E10. Se possível, aplicar o conceito VMI
Vendor managed inventory (VMI) – passe a gestão dos stocks para o fornecedor. Se são eles
quem fornecem porque não transferir a sua gestão para eles. Note, aqui não há contradição com
a estratégia E3: não se trata de “descarregar” no fornecedor a gestão dos stocks que ele lhe
fornece, mas sim no estabelecimento de relações win-win entre as partes.
E11. Cuidado com as previsões!
As previsões são um tema interessante no mundo académico porque recorrem a métodos
quantitativos e qualitativos muito giros, mas que não passam disso. Womack no livro “Lean
Thinking”(verão de 2003) diz-nos que se há alguma coisa certa é que as previsões estão erradas!
Ok, mas como fazer então? As primeiras seis estratégias que referi mostram-lhe o caminho. Sem
primeiro as aplicar não poderá dizer que esta estratégia não faz sentido.
E agora?
Não posso garantir nada, mas o uso consistente destas estratégias resultará na redução de
stocks enquanto que os custos logísticos irão decair. Note que a redução de stocks não pode, em
caso algum, resultar na degradação do serviço ao Cliente nem na penalização da relação com
fornecedores. Estou certo que nem todas as estratégias apresentadas terão aplicação na sua
Empresa e, como vimos antes, umas estão dependentes de outras. A escolha por onde começar
poderá basear-se em critérios como a facilidade de implementação e o rápido retorno de
resultados.
Estas estratégias serão abordadas com maior detalhe na MBA em Logística e Supply Chain
Management que em breve se iniciará.
Se este artigo foi do seu agrado pf partilhe e comente.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Gestão/Administração da produção.
Gestão/Administração da produção.Gestão/Administração da produção.
Gestão/Administração da produção.Henrique Ferreira
 
Engenharia de operações e processos da produção
Engenharia de operações e processos da produçãoEngenharia de operações e processos da produção
Engenharia de operações e processos da produçãoSara Dantas
 
Os 7 Desafios do Gestor Industrial - Flow
Os 7 Desafios do Gestor Industrial - FlowOs 7 Desafios do Gestor Industrial - Flow
Os 7 Desafios do Gestor Industrial - FlowMafalda Martins
 
Processos da Cadeia de Suprimentos
Processos da Cadeia de SuprimentosProcessos da Cadeia de Suprimentos
Processos da Cadeia de SuprimentosWellington Luiz
 
Material Administração da Produção e Operações I
Material Administração da Produção e Operações I Material Administração da Produção e Operações I
Material Administração da Produção e Operações I Cristiano Ferreira Cesarino
 
2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo
2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo
2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de ProcessoMarcel Gois
 
Aula 1 Administração da Produção - definições básicas
Aula 1   Administração da Produção - definições básicasAula 1   Administração da Produção - definições básicas
Aula 1 Administração da Produção - definições básicasCorreios
 
Administração de produção 1
Administração de produção 1Administração de produção 1
Administração de produção 1Romilson Cesar
 
Supply Chain Management
Supply Chain ManagementSupply Chain Management
Supply Chain ManagementIsaDesiree
 
Artigo científico transporte centro de distribuição e operador logístico
Artigo científico transporte centro de distribuição e operador logísticoArtigo científico transporte centro de distribuição e operador logístico
Artigo científico transporte centro de distribuição e operador logísticoANDERSON TADEU BERNI
 
Logística de produção
Logística de produçãoLogística de produção
Logística de produçãoSandro Souza
 

Mais procurados (20)

Logistica respostas dos exercicios
Logistica respostas dos exerciciosLogistica respostas dos exercicios
Logistica respostas dos exercicios
 
Milk run
Milk runMilk run
Milk run
 
Sistemas de Produção
Sistemas de ProduçãoSistemas de Produção
Sistemas de Produção
 
Administração da Produção
Administração da ProduçãoAdministração da Produção
Administração da Produção
 
Gestão/Administração da produção.
Gestão/Administração da produção.Gestão/Administração da produção.
Gestão/Administração da produção.
 
O Modelo SCOR
O Modelo SCORO Modelo SCOR
O Modelo SCOR
 
Engenharia de operações e processos da produção
Engenharia de operações e processos da produçãoEngenharia de operações e processos da produção
Engenharia de operações e processos da produção
 
Aula gestão estratégica do lead time
Aula gestão estratégica do lead timeAula gestão estratégica do lead time
Aula gestão estratégica do lead time
 
Logística
LogísticaLogística
Logística
 
Os 7 Desafios do Gestor Industrial - Flow
Os 7 Desafios do Gestor Industrial - FlowOs 7 Desafios do Gestor Industrial - Flow
Os 7 Desafios do Gestor Industrial - Flow
 
CPFR lean SCM
CPFR lean SCMCPFR lean SCM
CPFR lean SCM
 
Processos da Cadeia de Suprimentos
Processos da Cadeia de SuprimentosProcessos da Cadeia de Suprimentos
Processos da Cadeia de Suprimentos
 
Material Administração da Produção e Operações I
Material Administração da Produção e Operações I Material Administração da Produção e Operações I
Material Administração da Produção e Operações I
 
2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo
2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo
2 Aula - Diferença Processo Operação - Análise de Processo
 
Aula 1 Administração da Produção - definições básicas
Aula 1   Administração da Produção - definições básicasAula 1   Administração da Produção - definições básicas
Aula 1 Administração da Produção - definições básicas
 
Administração de produção 1
Administração de produção 1Administração de produção 1
Administração de produção 1
 
Supply Chain Management
Supply Chain ManagementSupply Chain Management
Supply Chain Management
 
Sistema de produção
Sistema de produçãoSistema de produção
Sistema de produção
 
Artigo científico transporte centro de distribuição e operador logístico
Artigo científico transporte centro de distribuição e operador logísticoArtigo científico transporte centro de distribuição e operador logístico
Artigo científico transporte centro de distribuição e operador logístico
 
Logística de produção
Logística de produçãoLogística de produção
Logística de produção
 

Mais de CLT Valuebased Services (20)

Estudo de um Caso
Estudo de um CasoEstudo de um Caso
Estudo de um Caso
 
Caso testo lean
Caso testo leanCaso testo lean
Caso testo lean
 
Indicadores para a manutencao lean
Indicadores para a manutencao leanIndicadores para a manutencao lean
Indicadores para a manutencao lean
 
Case study Parfois
Case study  ParfoisCase study  Parfois
Case study Parfois
 
Ikea case study
Ikea  case studyIkea  case study
Ikea case study
 
Case study Walmart
Case study WalmartCase study Walmart
Case study Walmart
 
Logistica Milk Run e Mizu
Logistica Milk Run e MizuLogistica Milk Run e Mizu
Logistica Milk Run e Mizu
 
Industry 4.0
Industry 4.0Industry 4.0
Industry 4.0
 
Lean 6Sigma Agile 2019
Lean 6Sigma Agile 2019Lean 6Sigma Agile 2019
Lean 6Sigma Agile 2019
 
Tabelas MTM ln IPC
Tabelas MTM ln IPCTabelas MTM ln IPC
Tabelas MTM ln IPC
 
Bordo de linha
Bordo de linhaBordo de linha
Bordo de linha
 
Scrum Book
Scrum BookScrum Book
Scrum Book
 
Booklet Estudo do Trabalho final
Booklet Estudo do Trabalho finalBooklet Estudo do Trabalho final
Booklet Estudo do Trabalho final
 
Domotica
DomoticaDomotica
Domotica
 
Projeto Implementação Lean
Projeto Implementação Lean Projeto Implementação Lean
Projeto Implementação Lean
 
Retrato de Poortugal 2019
Retrato de Poortugal 2019Retrato de Poortugal 2019
Retrato de Poortugal 2019
 
Fut global-edition
Fut  global-editionFut  global-edition
Fut global-edition
 
Tabelas MTM LM IPC
Tabelas MTM LM IPCTabelas MTM LM IPC
Tabelas MTM LM IPC
 
Exercicio de Dimensionamento do Mizu
Exercicio de Dimensionamento do MizuExercicio de Dimensionamento do Mizu
Exercicio de Dimensionamento do Mizu
 
TWI JI
TWI JITWI JI
TWI JI
 

12 Estratégias para Redução de Stocks

  • 1. João Paulo Pinto, 2017 Agosto 30 Os stocks representam uma importante parte do custo das empresas, em especial para as empresas industriais. Estas empresas comprometem grandes quantias de dinheiro em stocks de matérias-primas, intermédios (work-in-process, WIP) e produto acabado. Sem querer entrar na velha discussão das vantagens de ter ou não ter stocks, neste artigo apresento uma dúzia de estratégias para redução de stocks pois amesma terá um impacto muito positivo no sucesso da cadeia de fornecimento (supply chain). E1. Redução do lead time Há uma relação directa entre o tempo (lead time) e a quantidade de stock e isso é exemplarmente explicado pelalei de Little. Todo o esforço na redução de tempos(fabrico, setup, transporte, desenvolvimento, etc.) resultará na redução de stock e na redução de custos. O investimento na redução do lead time tem por norma um elevado payback. E2. Redução o tamanho do(a) lote/encomenda Ainda no seguimento da Lei de Little… menores quantidades resultam em menos tempo, menos stocks e menos custos. Mais fácil dizer que fazer, certo? Eu percebo… Como posso eu reduzir quantidades com estes temposde setup? Ecomo reduzirlotes se o transporte é tão caro? Ecomo fazer quando o fornecedor me impõe estas quantidades? Pois é tem razão, mas continuar a apontar as dificuldades não resolve o problema. É sempre possível reduzir quantidades, como? Colaborando com clientes e fornecedores, reduzir tempos (menos burocracia, aplicar o SMED nas máquinas…), partilhar transportes e meios de armazenamento, em suma pensar fora da caixa. E3. Melhorar a relação com os parceiros da cadeia de fornecimento (fornecedores e clientes). Esta estratégia vem no seguimento da anterior, não tem nada de novo mas a mentalidade poortuga não a percebe. Numa visita recente que fiz a uma Queijaria na Beira Alta o
  • 2. Administrador relatava os exemplos de cooperação dos seus congéneres Holandeses e por cá nenhuma empresa mostrou abertura para tal colaboração. Este Administrador para dar resposta a um pico da procura solicitou a empresa vizinha que lhe fizesse uma determinada encomenda, poucos dias depois o seu Cliente já tinha conhecimento que sua empresa tinha recorrido a subcontratação para aquela encomenda, imagine-se quem terá informado o Cliente... Ok, tristezas à parte, esta estratégia poderá resultar em enormes (corrijo: gigantescas!) vantagens para a gestão da cadeia de fornecimento. É por norma uma estratégia low-cost mas que exige muito open-mind. E4. Rever os parâmetros de gestão dos seus stocks Quando refiro parâmetros de gestão de stocks estou a falar de: “ponto de encomenda”, “tamanhodo lote decompra/fabrico”, “leadtime”, “stock de segurança”,“stock médioemáximo”, entre outros.Há quanto tempoestesparâmetros não são revistos? Foramalgumavez calculados ou apenas estimados? E as equações vieram de onde e de que século são? E5. Aplicar a análise ABC para melhor focalização A análise ABC ajudará a separar os materiais e SKU’s (stock keeping unit) críticos dos não- críticos. Poderá aplicar esta ferramenta para identificar qual a melhor estratégia a aplicar aos diferentes artigos que gere, ou seja quais os que devem ser MTO (make to order) ou MTS (make to stock). Artigos críticos (ie, aqueles que fazem parte da classe A) devem seguir a estratégia MTS (para que estejam sempre disponíveis), os artigos B podem seguir a estratégia ATO (assembler to order, montados por encomenda) e os C’s podem adoptar a estratégia MTO. E6. Redução da variedade A isto chama-se “diferenciação retardada” ou postponement. A ideia é simples: quanto mais tarde fizer a diferenciação dos produtos que apresenta ao mercado menores os stocks e os custos. Como se faz? Tudo começa na concepção dos produtos: usando partes e processos comuns, por exemplo: a VW, entre outros fabricantes, partilha o mesmo chassis com diferentes modelos. Outro exemplo: porque motivo deverá um fabricante de computadores localizado na China colocar na embalagem todos os tipos de fichaparacarregamento do computador se existe tanta variedade de encaixes? E porque terá ele de colocar na embalagem os manuais em todos os idiomas dos países onde será vendido o produto? Estes dois exemplos mostram como o postponement pode ajudar a reduzir os stocks… os parceiros locais podem colocar na embalagem o respectivo cabo e manuais… Para por esta estratégia em acção vai precisar da Engenharia e dos Fornecedores e Clientes do seu lado. Por esta razão esta não é das estratégias mais fáceis de aplicar. E7. Redução de stocks obsoletos Quantos monos se escondem nos armazéns? Quantos ainda ocupam espaços valiosos em prateleiras, armários e gavetas? Quantos registos informáticos são ainda mantidos para estes monos? E quanto valem esses artigos que há meses e anos não têm qualquer actividade? Se der resposta a estas questões conseguirá identificar acções para se libertar desses materiais. E8. Meça bem para melhor gerir Diz-me o que medes e te direi o que obténs. Esta é uma importante estratégia para a redução de stocks. Procure relacionar métricas com os resultados que pretende alcançar, simplifique o processo de recolha de dados e de apresentação da informação. É importante relacionar
  • 3. métricas operacionais com as financeiras sem esquecer as relacionadas com a satisfação do Cliente (ex. on time delivery e servisse level). E9. Auditorias aos armazéns No seguimento da anterior estratégia, recomenda-se que faça auditorias aos seus armazéns para validar as condições de armazenamento e confrontar as existências físicas com a informação que circula no seu sistema ERP. Este é um dos meios de purgar informação desatualizada ou incorrecta ao mesmo tempo que garante que os padrões de trabalho estão a ser seguidos no armazém. E10. Se possível, aplicar o conceito VMI Vendor managed inventory (VMI) – passe a gestão dos stocks para o fornecedor. Se são eles quem fornecem porque não transferir a sua gestão para eles. Note, aqui não há contradição com a estratégia E3: não se trata de “descarregar” no fornecedor a gestão dos stocks que ele lhe fornece, mas sim no estabelecimento de relações win-win entre as partes. E11. Cuidado com as previsões! As previsões são um tema interessante no mundo académico porque recorrem a métodos quantitativos e qualitativos muito giros, mas que não passam disso. Womack no livro “Lean Thinking”(verão de 2003) diz-nos que se há alguma coisa certa é que as previsões estão erradas! Ok, mas como fazer então? As primeiras seis estratégias que referi mostram-lhe o caminho. Sem primeiro as aplicar não poderá dizer que esta estratégia não faz sentido. E agora? Não posso garantir nada, mas o uso consistente destas estratégias resultará na redução de stocks enquanto que os custos logísticos irão decair. Note que a redução de stocks não pode, em caso algum, resultar na degradação do serviço ao Cliente nem na penalização da relação com fornecedores. Estou certo que nem todas as estratégias apresentadas terão aplicação na sua Empresa e, como vimos antes, umas estão dependentes de outras. A escolha por onde começar poderá basear-se em critérios como a facilidade de implementação e o rápido retorno de resultados. Estas estratégias serão abordadas com maior detalhe na MBA em Logística e Supply Chain Management que em breve se iniciará. Se este artigo foi do seu agrado pf partilhe e comente.