O documento discute exames médicos que utilizam substâncias de contraste para melhor visualização de órgãos e tecidos no corpo. Ele explica que os contrastes alteram a capacidade de absorção de radiação durante exames de imagem e permitem ver estruturas que normalmente não apareceriam claramente. Também lista os principais tipos de exames contrastados e as vias e riscos de administração dos contrastes.
2. O que são exames contrastados?
Exames contrastados são testes radiológicos que utilizam meios de
contraste para evidenciar determinadas partes anatômicas.
Radiografias, tomografias e exames de ressonância magnética são
exemplos de procedimentos radiológicos que podem utilizar meios de
contraste.
Essas são substâncias químicas capazes de realçar tecidos que,
normalmente, não apareceriam com nitidez em uma imagem
radiológica.
Em geral, o contraste altera a capacidade de absorção da radiação
ionizante dos tecidos durante o procedimento diagnóstico.
A maior parte dos exames contrastados é realizada na região
abdominal, a fim de mostrar órgãos e outras partes dos sistemas
digestivo, reprodutor e urinário.
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4. História dos exames contrastados
O estudo de possíveis meios de contraste começou apenas um ano
após a descoberta dos Rx, que rendeu um Prêmio Nobel de Física ao
alemão Roentgen, em 1901.
Em 1895, o físico compartilhou sua descoberta no artigo “Sobre uma
nova espécie de Raios”.
Naquele mesmo ano, Roentgen fez a primeira radiografia, que durou
cerca de 15 minutos e mostrou a mão esquerda de sua esposa.
A possibilidade de visualizar partes internas do corpo humano sem
recorrer à cirurgia exploratória causou grande impacto na medicina
mundial.
Mas, logo, cientistas e médicos perceberam que havia limitações nas
imagens radiográficas, principalmente por causa da sobreposição e
diferenças na densidade dos tecidos.
5. Se a ideia era observar os ossos, por exemplo, as imagens
eram mais nítidas; o mesmo não valia para os órgãos e vasos
sanguíneos.
Assim, um ano depois da publicação do artigo de Roentgen,
foi feito o primeiro teste utilizando o realce do contraste.
Era um raio X que mostrou o estômago e intestino de um
porco, realizado com os órgãos cheios de subacetato de
chumbo.
Em 1897, um estudo pioneiro sobre a radiopacidade de
agentes de contraste foi publicado.
O material resultou da comparação de substâncias como
iodeto de potássio e subnitrato de bismuto.
6. Adicionando subnitrato de bismuto, foi criado um alimento
que permitia a observação do processo digestivo, tanto a
fisiologia quanto a atividade dos órgãos envolvidos.
Em 1918, o primeiro contraste iodado, com iodeto de sódio,
foi administrado por via intravenosa.
Agentes de contraste continuaram sendo testados, desde o
ferro até um pó explosivo chamado tântalo.
Até que, em 1960, três compostos passaram a ser usados em
conjunto: ácido metrizóico, triiodado e metal acetamido
benzóico.
Mais tarde, eles integrariam o chamado contraste iodado
padrão.
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8. Importância dos exames contrastados
na radiologia
As partes mais opacas, como ossos, aparecem de forma clara,
enquanto rins, estômago, vasos sanguíneos e outros tecidos
são de difícil visualização.
Isso ocorre porque as áreas do corpo preenchidas por fluidos
possuem densidade semelhante em toda a estrutura
anatômica.
E as imagens radiográficas são formadas de acordo com a
densidade.
Os ossos são mais densos e, portanto, absorvem mais
radiação e aparecem em tons claros.
Já órgãos e partes moles absorvem menos radiação,
aparecendo escuros em registros de exames não
contrastados.
9. Por isso, se não houvesse contraste, não seria
possível examinar diversos órgãos e vasos
sanguíneos, prejudicando um diagnóstico
confiável.
No caso das veias e artérias, por exemplo, o
contraste possibilita a verificação de sua
anatomia e do caminho percorrido pelo sangue,
identificando obstruções e outros problemas.
10. Tipos de contrastes
Os meios de contraste podem ser classificados a partir de
propriedades como a capacidade de absorção e composição química.
Agentes de contraste radiopacos ou positivos aumentam a capacidade
de absorção de radiação ionizante.
Já os radiotransparentes ou negativos diminuem essa capacidade.
O bário é um meio de contraste positivo, enquanto o ar é negativo.
Classificando as substâncias por composição química, existem os
contrastes iodados, que contém iodo em sua composição, e os não
iodados.
Bário e gadolínio são os principais exemplos de meios de contraste não
iodados.
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12. Contraste iodado
Administrado por via oral ou intravenosa, pode ser
utilizado para realçar diversos órgãos do aparelho
digestivo, urinário, vasos sanguíneos em qualquer parte
do corpo e útero.
O contraste iodado se apresenta em compostos iônicos
ou não iônicos.
Os compostos iônicos têm alta concentração do
contraste, podendo levar a reações adversas que
detalharei nos próximos tópicos.
Já os compostos não iônicos têm concentração de
contraste menor que a do sangue, e raramente provocam
alguma reação adversa.
13. Sulfato de bário
Indicado para estruturas do trato digestivo, não
costuma provocar reações adversas.
Pode ser administrado via oral ou retal e,
inclusive, junto a outro meio de contraste
(negativo), como o ar.
14. Gadolínio
É a substância utilizada em exames contrastados
de ressonância magnética.
O elemento não costuma provocar reações,
além de ser útil na identificação de males como
tumores e infecções.
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16. Quais são os exames contrastados?
Os principais exames que utilizam meios de contraste são realizados na
área abdominal, que reúne muitos órgãos e vasos sanguíneos
sobrepostos.
Eles envolvem tomografia computadorizada e ressonâncias magnéticas
dessa área.
Tomografia é um teste que usa radiação ionizante e um tubo giratório
para colher imagens internas transversais do organismo.
Já a ressonância usa um campo magnético para fornecer imagens
extremamente precisas de estruturas anatômicas.
Além dos testes no sistema digestório, urinário e reprodutor, os
agentes de contraste são usados em procedimentos que servem para
regiões variadas, como angiografia e cintilografia, incluindo todo o
sistema cardiovascular.
17. Angiografia é um procedimento que permite a
observação da anatomia interna de veias e artérias.
Na cintilografia, radiofármacos são absorvidos pelos
órgãos, emitindo radiação que é captada pelo
equipamento usado no exame. O nome completo
do exame é cintilografia miocárdica de repouso e
pós-dipiridamol ou pós-esforço.
A seguir, conheça outros testes, de acordo com o
sistema estudado.
18. Exames contrastados do sistema
urinário
Formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, o aparelho
filtra o sangue, eliminando impurezas na forma de urina.
Urografia excretora e uretrocistografia são alguns
procedimentos realizados com o auxílio do contraste.
A urografia excretora é comum, sendo solicitada para
avaliação geral do sistema urinário, em casos como litíase
ou pedra nos rins.
Nesse exame, contraste iodado é administrado por via
intravenosa, e são feitas radiografias do abdômen.
Uretrocistografia é o exame que usa contraste iodado e
Raios x para estudar especificamente a uretra e a bexiga.
19. Exames contrastados do sistema
digestório
O sistema digestório compreende o trajeto dos alimentos ao serem
digeridos, ou seja, desde a boca até o reto.
Alguns testes que usam meios de contraste são enema opaco,
seriografia e trânsito intestinal.
Intestino grosso e reto são objetos de estudo do enema opaco, que
usa, normalmente, sulfato de bário e raio X para auxiliar no
diagnóstico de problemas como pólipos.
Esse exame pode ser realizado com um ou dois agentes de contraste; o
duplo contraste costuma incluir ar, além do sulfato de bário.
Seriografia de esôfago, estômago e duodeno (SEED) é uma série de
raios X para avaliar o trato gastrointestinal alto (TGI – esôfago,
estômago e duodeno).
O teste de trânsito intestinal mostra a forma e funcionamento da área
do intestino delgado, através de radiografia e contraste.
20. Exame contrastado do sistema
reprodutor feminino
Útero e trompas são avaliados durante o exame
de histerossalpingografia, que envolve a
administração de contraste iodado pela vagina.
Esse teste costuma ser indicado para investigar a
infertilidade e anomalias no sistema reprodutor
feminino.
21. Vias de Administração dos meios de
contraste
Ao longo deste texto, mencionei algumas formas de administração
dos meios de contraste.
Elas dependem do tipo de contraste utilizado e da recomendação
médica.
A seguir, conheça as vias para administração de contraste:
• Oral: se refere à ingestão da substância pelo paciente, que pode
ocorrer antes, ou em determinados momentos do exame
• Parental: também chamada de intravenosa, ocorre quando o
contraste é injetado nos vasos sanguíneos
• Endocavitária: quando o agente é administrado por orifícios
naturais, como reto e vagina
• Intracavitária: o contraste é inserido através da parede da cavidade
que será examinada.
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23. Contraindicações para exames
contrastados
Dependendo do tipo de contraste que será usado, existem algumas
contraindicações, especialmente para o contraste iodado.
Uma das principais, nesse caso, é para diabéticos que usam medicamentos
com cloridrato de metformina.
Associada ao iodo, essa substância pode levar ao desenvolvimento de
insuficiência renal aguda.
Algumas pessoas têm alergia ao iodo, o que pode ocasionar outros riscos.
Pacientes com hipertireoidismo manifesto e insuficiência renal não devem
ingerir compostos iodados.
Outra contraindicação vale para procedimentos com sulfato de bário, pois a
substância é insolúvel, ou seja, não se dissolve, nem é absorvida pelo corpo.
Portanto, está contraindicado quando há suspeita de perfuração das vísceras,
para que o composto não escape para fora do aparelho digestório.
Se o paciente estiver desidratado, em fase pré-operatória ou sofrer
obstruções nos órgãos, o uso do contraste pode piorar o quadro.
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25. Principais riscos dos exames com
contraste
Os riscos também dependem do tipo de contraste
utilizado.
No caso do sulfato de bário, reações alérgicas são muito
raras.
O principal perigo ocorre quando o composto escapa por
uma perfuração durante o exame, podendo provocar
males como a peritonite aguda.
Essa é a inflamação da membrana que reveste as paredes
do abdômen, o peritônio.
Meios de contraste iodados em solução hipertônica (tipo
iônico) são reconhecidos por reações adversas, que
podem ser leves, moderadas ou graves.
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27. Enquanto essa substância é administrada por via intravenosa, o paciente
pode sentir calor, gosto metálico e náuseas, que devem terminar assim que
acaba a infusão.
Conheça outras reações, que podem ocorrer durante ou depois do exame:
• Urticária (irritação na pele)
• Edema (inchaço) nas pálpebras e face
• Náuseas, vômito e diarreia
• Tontura
• Dor de cabeça
• Aumento na pressão arterial
• Convulsões
• Falta de ar
• Tosse, pigarro, rouquidão
• Edema de glote
• Arritimias (alterações na frequência cardíaca)
• Insuficiência renal – perda súbita da capacidade dos rins de filtrar o
sangue
• Parada cardíaca, quando o coração para, ou bate num ritmo insuficiente
para bombear o sangue.
Devido ao risco de eventos graves, como a parada cardíaca, exames
contrastados só devem ser feitos se houver estrutura para atendimento de
urgências.