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AGONIA DO POVO
E OS
Funeraes da Republica
COLLECçlo DE ARTHWS PUBLICADOS NO "JORNAL UO GOMMEHClO"
PELO CORONEL
----
RIO DE:JANErRO
TV!'. DO llJORNAL DO COlDlRRCIO" DR lODRIOUBS &. C.
x899
BrBlIDTECA DO SENADO FEDERAL
, Este volume acha-se registrado
~ub o número.rlflft7'õ .
de ano de._ _._. _
AG()NIA DO POVO
E OS
FUNERAES DA REPUBLICA
I
Os povos contam dias de infortunios.
Nestas phases de sua existencia são len tas
as agonias e terriveis decepções ...
O povo brazileiro passa neste mo-
mento por uma dessas phases crueis.
A Republica tornou-o victima incons
ciente e pusillanime.
Em quanto eIle soffre, os funeraes da
instituição republicana - hybrida e ab-
surda-já se preparam para se realizar
quando soar a hora fatidica: até lá abate
por todos os meios a vida deste povo e
devora o seu organismo financeiro.
..-
X
4
Em verdade um paiz no·o, abundante
de recursos naturaes e que promettia um
futuro cheio de vitalidade, vê tudo ser sa-
crificado pela pessima direcção de uma
fórma de governo que jà nos tem de mais
infelicitado.
De onde virá esse mal, cuja origem
desejá(a poder supprimir? E' bem pro-
vavel que esteja nos homens· não os ataco,
porque bem sei que não podem fazer mi-
lagres; não dissimulo, julgo que todo mal
vem da instituição, que é por natureza
insustentavel.
Cada povo tem a fórma de governo
que mais lhe convem; é essa a idéa geral-
mente professada e sà com essa fàrma
poderiÍ attingir ao gráo de prosperidade e
ao desenvolvimento de suas liberdades
civis e politicas, que são indispensaveis
á sua grandeza e civilisação.
Qra, se essa idéa é verdadeira e deve
ser observada, releva notar que a fàrma
republicana está em completo desaccôrdo
cóm a indole do povo brazileiro; por con-
seguinte, não lhe póde convir, e é inteira-
mente contraria ás aspirações de sua
felicidade, ao progresso material e à
grandeza moral, que constituem o seu
destino de nação livre no continente ame-
ricano. A historia prova que o povo
5
brazileiro foi ~ducado no regimen do go-
verno constitucional e parlamentar, isto
e regimen de governo da razão esclare-
cida pelos debates no Parlamento e pelas
discussões na imprensa, onde as questões
quer sociaes, quer financeiras, emfim po-
liticas eram decididas com sabedoria
pelo Chefe do Estado e pelo Parlamento.
esse regimen dois partidos, .con-
stituidos pelos elementos mais capazes,
eram como que as sentinellas vigilantes
e sempre alertas na defeza dos interesses
da Nação e dos dir~itos imprespcritiveis
do cidadão, revezando-se na adminis-
tração do Estado resolviam todos os ne-
gocios sem perturbar a marcha pacifica,
sem agitar as profundezas dos abysmos
das guerras c revoluções civis, que pro-
duzem só males.
A Republica presidencial é, á vista
da indole, temperamento e educação do
povo brazileiro, evidentemente insusten-
tavel e por uma lei fatal ha de cahir por
si mesma, mais cedo ou mais tarde-
méra questão de tempo.
Se ao menos nos houvessem dado,
Oll imposto a Republica parlamentar,
provavelmente outra teria sido a nossa
sorte, porque ponco difteria das fórmas
governamentaes do Imperia, as quaes,;;1
6
Nação já estava acostumada. Então o
Governo seria obra do Congresso, que
representaria a vontade real da ação
e Governo e Congresso teriam muito
mais força moral e tudo seria decidido
pelo o bem publico. Sem duvida o
Congresso representante da vontade
nacional, daria ao Governo a conveniente
orientação, de accôrdo com as necessi-
dades sociaes, com as aspirações pro-
gressivas da civilisação moderna.
, Em lugar desse regimen, temos um
governo pessoal, expressão poderosa e
indomavel da vontade de um só homem,
que ás vezes póde não reunir os predi-
cados necessarios para o desempenho
da difficil e ardua missão de que se acha
investido. Sem ministros responsaveis,
sem os contra-pesos legaes, que o regi-
men parlamentar da Inglaterra estabe-
leceu victoriosamente e que tem concor-
rido para sua grandeza de poderosa nação,
um Presidente de Rupublica é tão irres-
ponsavel e absoluto como qualquer Sultão
da Turquia.
Por seu turno os ministros são es-
colhidos pelo simples criterio do !-'resi-
dente; ora, se fôr esclarecido e bem inten-
cionado póde a escolha recahir em ho-
m€ns dignos € aptos ao exercicio elo
7
cargo, mas, se fôr O' contrario, não ha
para onde appellar. O paiz, com a re-
signação, do escravo submisso, ha de
ver-se condemnado a soffrer taes minis-
tros-ou que não sabem governar-ou
que abusam do poder.
No regimen parlamentar nós vimos,
. . .
por nossa propna experIenCIa, que os
ministros sahiam do Parlamento, onde
nos debates davam exuberantes provas
do seu talento, illustração e titulos á con-
fiança, á estima, á veneração de seus
compatriotas. No regimen do governo
pessoal quem ha ahi que póde saber o
que valem realmente ministros, que não
vão á tribuna provar e demonstrar o
seu direito de governar os outros homens,
porquanto o que legitima o exercicio
desta nobilissima funcção de reger os
povos é a capacidade para bem servir
a causa publica.
Na hypothese de incapazes os
ministros são apeados do poder, porque
o Parlamento toma-lhes contas e os
annulla immediatamente.
Um ministro parlamentar é uma
força sob diversos pontos de vista:
1°, pela origem do seu poder, porque
é o representante da vontade nacional
pelo Parlamento; 2~, pela permanente
8
prova de sua superioridade inteIlectual,
sua eloquencia, seu prestigio nos debates;
3~, pela sua responsabilidade, que o
consubstancia com o poder. .
Muitas outras razões revestem o
ministro parlamentar de grande autori-
dade, como procuraremos estudar e apre-
ciar no outro artigo.
II
No regimen presidencial ha só um
pensamento permanente da parte dos pre-
sidentes, isto é atravessar o periodo con-
stitucional. A vida nacional não tem para
eIles outros intuitos. Que lhes importa o
futuro, que por virtude da lei não lhes
pertence ? O que podem eIles aspirar
mais do que a hora presente? EIles
poderão dizer, como um estadista out'ora
em França-apres mozle deluge-ou em
nossa linguagem vulgar-quem vier
<.'lepois que feche a porta.
Evidentemente um systema de go-
verno desta ordem não póde fazer a feli-
cidade publica. O exemplo dos Estados
Unidos da America não tem applicação
9
ao Brazil. Os elementos organicos
daquelle povo muito differem do nosso.
A sua historia ahi está para provaI-o; a
adaptação não se faz de improviso.
Eis porque é dolorosa a nossa
situação; eis por que o paiz ago-
nisa no presente e caminha para o
desconhecido.
As condições da integridade nacio-
nal foram sacrificadas ao regimen da
federação. De tudo quanto possuia
despojou-se a União e sobrecorreo-ou-se
do passivo e sem activo nenhum.
Os Estados, que tiveram grande
herZl nça na partilha do espolio têm proce-
dido como os filhos prodigos c em beral
dão o espectaCLdo de aclmnistrações como
a cio A.mazonas, que servio de escandalo
á Nação inteira. O caso de Fileto ainda
não se é1 pagou da memoria dos contem-
poraneos. As malversações, os disper-
dicios, a mania das el11przas de interesses
privados inconfes aveis, o abuso do cre· .
dito são factos innegaveis; dahi prov(~m
que quasi todos o Estadcs acham-se
oberados de avultadas dividas, que pesam
sobre as gerações presentes futuras.
Elles receberam do regimen p:1ssado as
mais favoraveis condições para o desenvol-
vi mento do progresso material e moral.
10
A União, tambem, por sua vez dá
máos exemplos, tem esbanjado o patri-
monio accumulado; está a hypothecar e
até a vender tudo. A herança deixada
pelo Imperio é assim devorada, ou mal-
baratada pela incuria criminosa dos que
governam a Republica, que tem razão de
sobra para queixar-se dos seus homens
politicos. Póde-se dizer mesmo que nem
a prata da casa escapou ...
Todos sabem dentro e fóra do Brazíl
que a emissão do papel-moeda circulante
elevou-se a mais do triplo; influindo per-
niciosamente na vida economica, com-
mercial e agricola.
A administração publica tem sido
nessa ordem de cousas deploravel; ella
sómente se notabilisa pela negação do
direito, pela violação das leis e por todos
os males, que costuma fazer em damno
das garantias da liberdade individual e da
propriedade. Cada Estado tem differente
organização de justiça, o que é contrario
á ideia capital da integridade nacional.
Se esta situação do paiz é incon-
testavel; se estes e outros males são inne-
gaveis ; se o clamor publico já altamente
os está denunciando, é de esperar que
haja um paradeiro a essa anarchia gover-
namental, que arruina o paiz.
11
A paciencia dos povos tem limites e
o desespero os arrasta para fóra da senda:
da ordem, da paz e do respeito; então o
poder publico perde a sua legitimidade.
Cumpre que todos os bons patriotas,
procurem evitar esses horriveis males,
cooperando para restabelecer uma ordem
de cousas regular e fecunda em paz e
prosperidade nacional.
Quando um governo não ouve os
gemidos do povo, que debate-se em lenta
agonia, esse governo, ou é barbaro e
insupportavel, ou deve ceder o lugar a
outro que seja capaz de fazer e promover
a felicidade publica.
Governar, no secuIo áctual, é uma
difficil tarefa; todas as faculdades da
intelligencia humana acham nella o mais
arduo emprego.
Os povos soffreram muito, querem
ser livres e felizes, e não permittem que
os seus destinos corram á mercê do acaso.
A força, que era o apanagio do des-
potismo, deve estar, ao contrario, ao ser-
viço da justiça e do direito, da razão e da
verdade.
Cumpre lembrar que, não ha muitos
annos, um eminente estadista francez di-
zia: cc O povo, quando bem dirigido, é um
cordeiro; mas, quando os governos abulo
12
zam do poder, esse mesmo povo torna-se
indomito leão. »
Ora, se os governos postergam os
direitos, violam as leis; menosprezam o
bem publico e sómente fazem a politica
dos grupos. interesseiros, a politica do
capricho, deixam de cumprir a sua ele-
vada missão e provocam as coIeras dos
povos que procuram salvar-se dos lances
do desespero.
Os governos da nossa mal aventu-
rada Republica já tem demais abusado do
poder e tratado só de si e nada mais, e a
prova está no descontentamento geral.
Todas as classes sociaes gemem sob o
peso dos impostos,lutam pela vida, gritam
contra a carestia de todos os generos ne-
cessarios ao consumo do pobre e do rico.
Com que dolorosa agonia todos que
trabalham e que custam a viver, contem-
plam as fogueiras que incineram o papel-
moeda, que representa o producto do suor
de cada um, arrancado pelo imposto, que
cada vez cresce mais, para encher as arcas
vasias do Thesouro !
O momento actual é de sacrificio e
de civismo, é de prudencia e resignação,
mas impõe a todo bom patriota o dever
de dizer a verdade e de falar em nome do
bem publico.
13
III
1 estes artigos- apontando os sof-
frimentos do povo nessa lenta agonia, em
que se estorce sob o regimen da Re-
publica, que em vez de fazer o bem
nacional, ao contrario tem produzido pro-
fundos males- não é possivel deixar de
tocar na apparatosa recepção do illustre
Chefe da Republica Argentina.
Uma vez que eIJe procura O 1l0S~0
paiz, todos que vivem e fazem parte da
nossa sociedade, devemos acolher com
respeito e com a mais elevada consi-
deração e estima.
As provas exhuberantes de fina
cortezia não são de mais: o que eVI-
dentemente seritl indigno de nós fôra
regatear a hospedagem que o Presidente
Argentino merece.
Assim as observações que fazemos a
respeito dessa viagem em nada podem
diminuir a nossa cortezia.
A viagem de um chefe de estado a
outro estado não se faz como a de qual-
quer particular, que visita a seu com-
padre, ou a seu amigo.
Precedem a taes visitas as consultas
sobre as conveniencias reciprocas e sobre
a opportunidade.
14
Naturalmente o Chefe Argentino
sondou o terreno; communicou o seu
projecto ao ministro brazileiro em Buenos
Aires. O ministro por seu turno informou
ao Governo do Rio de Janeiro.
Este governo então pezou o pró e o
contra e resolveu aceitar a visita.
Agora mesmo o Imperador da AI-
lemanha concerta com o da Russi 1 a sua
visita á Eyposição de Paris. O Presidente
da França ha de ser informado de tudo e
como Chefe de Estado ponderar se é ou
não conveniente.
Se a visita do i!lustre General Roca
é util ao Brazil, não resta duvida que o
Governo Brazileiro acertou na resolução
que tomou; se. porém, não o é; se nas cir-
cumstancíss apertadas da. Nação; toda
esta ostentação é apenas miseria ; se os
impostos têm de crescer ainda mais-
tambem não resta duvida que não ha
motivo para tanto regosijo.
Não se poderia affirmar a utilidade,
senão verificado e demonstrado o obje·
ctivo de!la.
Ora, tem se inventado varios obje-
ctivos; as imaginações não são infe-
cundas.
Dizem uns que a viagem tem por
fim consol'idar a Republica Brazileira;
i5
isso seria pungente ao nosso patriotismo
e amor propno ...
Dizem ainda que o fim da alliança
é proceder a um desarmamento, porque
a paz armada arruina a todas as potencias
da America do Sul. Ora essa politica
é incompativel com a de resistencia á
expansão da preponderancia da Ame-
rica 00 Norte, porquanto quem se de-
sarma reduz-se á impossibilidade de
resistir.
Dizem outros que tem por fim for-
mar uma alliança defensiva para resgura-
dar as Republicas do Continente Sul-
Americano da voracidade dos Estados
Unidos da America do arte: isto pro-
vocará risadas em ova Yorck ou em
Washington. A este respeito o Jornal dos
Debates de Paris qualifica tal alliança de
dújJarate, segundo um telegramma publi-
cado no Jor11,al do Commerc'';o.
A projectada alliança sem duvida
irritará os animas. Dos telegrammas do
Jornal do Commerúo, vê-se que nos Es-
tados Unidos se pensa em indagar dos
fundamentos da alliança, em obter favo-
ravel tratado no tocante a farinha de
trigo, e não obtenclo-o elevar os impostos
sobre o café. Entra pelos olhos que é
ferir-nos no coração, anniquilando a prin-
16
cipal producção. Em todo caso os esta-
distas Brazileiros não devem fazer de uma
hypothese talvez do dominio das chime-
ras, já uma realidade do dominio da. poli-
tica internacional.
Se os milhões de Americanos do
Norte no furor de se expandirem e de
crearem um vastissimo imperio, quaes
os antigos da Asia, ou de Roma, ou o
moderno de Napoleão I - quizerem ab-
sorver o continente do sul, certamente
não será o insignificante numero de mi-
lhões de brazileiros, de argentinos, de
uruguayos, de chilenos, etc., que resis-
tirão efficazmente á raça yankee, auda-
ciosa, forte, aventureira e sobretudo,
apparelhada dos mais avultados elemen-
tos e poderosa pela opulencia de todos os
capitaes. O sul será inevitavelmente en-
gulido. Na Imprensa já esta questão foi
ventilada e bem discutida.
Muitos pensam que se tratará de
vender a divida da guerra do Paraguay á
Confederação Argentina. Discutir tal
hypothese fôra por certo uma impruden-
cia; elIa é de si mesma gravissima.
Emfim, o que parece claro é que a
Republica Argentina pensa em desenvol-
ver o mercado dos seus productos no
Brazil. Mais de 16 artigos são de lá ex-
17
portados: só não vem assucar, largamente
produzido na provincia de Tucuman. 0
boi vem ao mercado brazileiro de todas
as fórmas. Agora mesmo um telegramma
de Buenos Aires lembrava que a exporta-
ção do xarque diminuiu no corrente anno.
Outro telegramma affirmava que o
Dr. AlcOl ta, ministro argentino offerecerá
um projecto de tratado de commercio ao
ministro das relações exteriores do Bra-
zil, etc.
Sem aprofundar-se este assumpto,
suppomos que o principal, ou talvez o
UI~ico objectivo, é do especial e exclusivo
interesse da nossa vizinha.
Se o projectado tratado assegurar o
mercado,a nossa cultura agricola cada vez
mais se redulirá, e a nossa população fn'-
bufaría do estrangeiro deverá contar com
dias crueis no futuro...
Desde que a Republica Argentina
não tem mais questões de limites a re-
gular comnosco, a orientação dos seus
estadistas é muito differente da dos esta-
distas .de outr'ora.
Hoje a politica da utilidade commer-
cial prevalece sobre a da gloria das lutas
armadas nos campos da guerra. A Repu-
blica, imitando a Inglaterra, fará do Brazil
o mercado de sua producção nacional.
18
Sob este ponto de vista, o illustre
presidente argentino serve bem a causa
do seu paiz.
Ainda assim alguns jornaes de Bue-
nos-Aires censuraram a visita, obser-
vando que era orenosa e inopportuna -
quando a Confederação Argentina luta
com os rigores de uma crise quando o
Sr. Pelligrini não achou credito nas praças
da Europa; quando aconselha aos seus
concidadãos a se esforçarem a viver dos
proprios recursos e de severa economia.
Ora, se a visita é assim considerada
pela imprensa argentina, de que modo
nós, os brazileiros, deveremos julgar o
Governo brazileiro, q~e aceitou a visita,
que applaudio-~?
Estará o Brazil em condições me-
lhores do que a Confederação do Rio da
Prata?
Temos mais credito? A nossa di-
vida está paga? Poderemos remil-a?
E' do nosso interesse exclusivo que
se trata?
Os juros das apolices de diviç1a pu-
blica, ouro, porventura são pagos em dia?
As viuvas e os ophãos recebem os
juros, que lhes deve o Estado?
O Thesouro, que incinera papel
moeda o qual representa o nosso tra-
19
balho, não enche as arcas vasiascom
novos impostos bem pesados?
Os operarios não são despedidos
para fazer economia? E como o suor do
se despende largamente em pomposos
festas? ...
Ai ! o povo, agoniza e a nossa Repu-
blica ouve de longe estrugir os sons lugu-
bres de seus fL1neraes ...
O povo, que agonisa, contempla do-
lorosamente as pompas, que passam ...
Nem ao menos póde dizer, como o
Romano, - se nos diverte, tambem se
nos dá o pão ...
O povo Iuta pela vida, afflicto pela
fome; já não tem com que compre o
necessario; mas vê o fructo de seu tra-
balho adquirido com o suor de sua
fronte, incinerado para satisfazer insa-
ciavel credor estrangeiro!
Vê tambem arder nos sarrafos, nos
bailes, nas festivic..lades feitas á su'a custa
para honrar os hospedes illustres...
O povo murmura e soffre; resigna e
espera.
Sem prophetisar, qualquer póde
antever que os dois telegrammas bur-
laram os projectos de tratados: a farinha
de trigo dos Estados-Unidos - ou ha de
aniquilar a lavoura do café do Brazil -
26
ou fiC3.rá no pé de igualdade e favor, que
a da Republica Argentina: assim a visita
e alliança perdurarão na historia como
duas pomposas inutilidades.
IV
No regimen constitucional do Im-
perio tanto o velho Imperador, como o
seu Governo, tinham verdadeiro culto
pelas liberdades publicas e os direitos
individuaes As leis do Imperio eram
cumpridas á risca, mesmo porque o Im-
perador constituia-se vigoroso fiscal de
seus ministros. Quando algum militar,
fosse qual fosse sua jerarchia, commettia
algum delicto, só era preso por official
de igual patente.
Emquante> esperava o julgamento,
gozava, na prisão,de todas as suas honras
e immunidac.les.
Só depois da sentença passada em
Julgado é que corria sorte do julgamento;
da mesma fórma se procedia com os titu·
lares e condecorados, quando mesmo as
condecorações eram estrangeiras,que sob
a égide salutar da ki do Imperio, tinham
21
todas as garantias. Relativamente aos
brazileiros que gozavam de immunidades,
dizia o Imperador que, os honrando, hon-
rava o proprio credito da nação.
A Republica é o inverso, feita pelas
forças armadas, tem ella por todos os
meios aviltado não só os proprios mili-
tares, como os representantes da nação.
Assim foi qpe, em 10 de Abril de 1893,
por méro decreto presidencial, foram
reformados treze presos generaes de mar,e
terra e com outros çidadãos, deportados
para longinquas paragens, como Cucuhy,
Tabatinga e S. Joaquim do Rio Branco,
no extremo Norte. Elles foram escoltados
por praças de pret, tendo estes dignos e
distinctos brazileiros soffrido as maiores
privações. As familias delles ficaram
pela maior parte na penuria durante
longos mezes,' principalmente as dos
militares que eram representantes da
nação. Contra elles foi empregado ex-
tremo rigor do terror, hoje tão applau-
dido pelo republicano historico, como se
ufana de ser o Sr. Rangel Pestana, meu
conterraneo (do Estado do Rio) que,
depois d'l 3? quartel da vida, deu para
ser carrasco, pelo que dou-lhe meus sen-
timentos, mesmo porque depois daquella
idade que conta sua arma dever ser um
22
rosario,porque aalma já está preste a ser
entregue a Pedro Botelho, porque o Padre
Eterno não recebe-Ia-ha mais. Infe-
lizmente a Republica faz que os velhos
percam o juizo e os obriga a vir ao Con-
gresso prégar taes doutrz·nas. Em honra,
porém, da Camara, um Deputado da
Bahia, ainda moço, O Sr. Vergne de
Abreu, deu-lhe uma lição de bom senso
que terá feito o sexagenario a esta hora,
ter a cara maior que o Pão de Assucar.
Graças á Divina Providencia temos ainda
moços de talento e juizo que professam
sãos principios para reprimir os pre-húto-
n'cos . .. O Sr. Pestana, hia me desviado
da minha directriz que era a Republica e
não os seus homens que combato, por-
que o mal é da instituição e não dos
homens, mesmo porque repu blicanos que
no Imperio puderam. ser uteis e ainda
prestaram bons serviços, por exemplo, o
meu amigo o Sr. Dr. Salvador de Men-
donça, que serviu bem cqmo nosso Con-
sul na America do Norte, agora na Re-
publica foi aposentado á força. Essa grave
injustiça, praticada brutalmente contra
um excellente e illustrado republicano.
exige reparação.
A monarchia, respeitando o direito,
a capacidade, não a teria commettido.
23
o Brazil é dos brazileiros; não
queremos saber se elle pertence á este
ou áquelle credo; tanto mais quanto na
monarchia não ha pre-Iustorüos.
E' verdade que o meu illustre amigo
e chefe o Sr. Conselheiro Lafayette já foi
republicano quando moço e tinha sonhos
máos, mas teve o bom senso de arripiar
carreira em tempo e vir para o partido
dos homel's de criterio, e quando nos
··conselhos da Corôa deu as maiores
provas de um alto politico e habilissimo
administrador. E', pois, um chefão, não
só pela sua intelligencia, como pela pla-
cidez de seu espirito e conhecimento dos
homens e das cousas.
Se elle tivesse continuado a ser
republicano, quando muito seria hoje
um jwe-kiston"co, mas, nunca, como o
Sr. Pestana.
Continuando á profligar o que disse
a Republica contra os militares (seus
creaclores ou inventores), devo dizer que
entre os que foram victimados está o
meu velho amigo e chefe, militarmente
fallando, porque elle já foi meu com-
mandante superior, elle foi talvez o pri.
meiro factor da Republica desse azar,
de que falla o illustre Deputado pela
Bahia, o Sr. Vergne de Abreu.
24
o Sr. Marechal Almeida Barreto
é um brazileiro digno de todo o respeito;
basta dizer que em 1848 assentou praça
de recruta; fez diversas campanhas inclu-
sive a do Paraguay. Sua fé de officio,
que guardo na minha bibliotheca, é um
primor, um documento de honorabilidade
e de civismo, Voltou do Paraguay no
posto de brigadeiro, tendo seu peito
coberto de condecorações, Suas pro-
moções foram todas por actos de bra-
vura; seu comportamento é digno de ser
,imitado por todo militar.
Este general bravo, de certo, não
.partilha as idéas do Sr. Rangel Pestana,
que será o unico a prégar a tyrannz'a do
terror.
V
A boa administração, quer na parte
propriamente politica, quer econumica,
devida á educação dos homens de Estado
da Monarchia, foi realmente fecunda e
deu como resultado o grande patrimonio
reconhecidamente augmentado, do qual
foi herdeira a Republica. Esta não o
25
soube conservar, quanto maIs augmen-
tal-o.
Assim é que e"ses nossos nfor.
mad01res e prégoeiros de bulas falsas, que
só falIavam em governo do povo pelo
povo, dizem que o Imperio. legou-lhe
uma grande divida externa e interna,
quando é certo que para fazer face á ex-
terna tinhamos mais de tres milhões de
kilometros de caminho de ferro nas pro-
vincias do Rio, Minas, S. Paulo, Rio
Grande, Bahia, Pernambuco, Ceará e
outras. Possuiamos vinte palacios das
Presidencias, vinte ditos dos Chefes de
Policia, vinte das Delegacias Fiscaes ;
grande numero de quarteis, Alfandegas
e outros proprios nacionaes, que re-
presentavam valor superior áquelIa di-
vida.
Quanto á interna - esta era repre-
sentada pelas terras devolutas, minas de
ouro, prata, carvão,ferro e outros valores,
que importavam em muito mais do que
esta divida
Hoje estas dividas augmentaram
para mais do dobro. Evidentemente o
grande patrimonio herdado, foi todo des-
baratado e nada mais temos para garantir
essa enorme divida. Como não havia de
ser assim, por exemplo:
26
o Sr. Glicerio, quando Ministro da
Agricultura, não só vendeu como fez
doação aos seus amigos e parentes -não
só das terras que pertenciam á União,
mas tambem das que eram propriedade
das princezas, terras que lhes foram dadas
por acto legislativo para seus patrimo-
nios, o que quer dizer que a Republica
apossou-se muito illicitamente do que
não era seu, o que, na linguagem vulgar,
foi uma gatunagem
Não ha que estranhar, pois na orgia
do regimen republicano tudo é lz"cz"to, não
ha principio de moral nem de justiça.
As minas forão doadas aos Estados,
que, por sua vez, as têm àado aos amigos
e compadres.
As estradas de ferro- umas foram
vendidas, outras arrendadas a prazos
longos.
A que nos resta- a Central-dizem
que já está no PREGO.
OS proprios nacionaes farão todos
TORRADOS. Até para nossa vergonha os
Arsenaes tambem não escapam, já syn-
dicatos preparam-se para empolga-los. As
rendas das Alfandegas hypothecadas vão
depositar· se nos bancos estrangeiros,
mesmo porque os nacionaes não mer cem
confiança ao Judeu ele Londres.
27
Emfim, o tal Governo do povo pelo
povo tem devorado tudo, que pentence ao
mesmo povo, e como ficha de consolação-
impostos sobre o lombo para que esse
mesmo povo saiba quanto é bom ter um
Governo de gente que não tem o que
perder, e só quer viver á custa do proximo.
E' por isso que não temos credito e cada
.vez o cambio está como burro empa-
cador que anda para traz em lugar de
avançar.
1 ão temos credito e nem ter~mos
emquanto nos governar esses homens, que
representam o papel de um filho prodigo,
.cujo pai accumulou uma grande fortuna
no espaço de mais de 60 annos para eIle
(o filho) desbaratar em menos de dez J:í
que falIei em cambio, é bom que o JosÉ
POVI BO, que é quempagapara encher o
erarz'o pubb:co, saiba qual foi o cambio do
Imperio, desse systema maldito, como lhe
chamam os taes hystericos, e qual o cambio
do Governo do José Povz·nho pelo José
Povz"?·zho. Ahi vai. Vejalll que progresso
temos feito, e não se admirem que este
anno póde ir a 5 penys, mesmo porque o
inglez diz que tempo é dinheiro ou
sangue, e que com doudos não quer
negocIo.
28
CAMBIO DO IMPERlO
o seguillle qltadro fornece O' Extremos das taxa.• da.~ lelms
bancm'ir,! porliculares desde 1856
AnDOS
18:.li ..
lK57 .
1858.. "
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1865 ..
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1.877 ..
1878 ..
1879 .
1880 ..
188L. .
1882 ..
1883 ..
1884 .
1885 ..
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1887 ..
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Londres
27 -28,li d.
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PS1'iz
341-354ra.
341-30x ra.
352-4.'lO ra.
3fiQ-410 ra.
350-3121'a.
3;'0-395 ra.
3'l5-3!l3 1'8.
340-3,6 1'a.
3','1.-380 ra.
34.o-''1l8 ra.
3fi7-433 Ta.
:i88-48 J TS.
47.i-65'1 riS.
1.00-5'l51'a.
3!lO-485 rs.
:147 425 I'S.
358-3!!3ra.
34U-3741'8.
35'1.-3851'a.
337-3041'a.
352-406 ]'B.
:n'l-4lü J·S.
389-4511 1'S.
40;'-50'. I'S.
318-/.S0 ra.
412-4581'8.
4.32-!,(i5 Te.
4'l8'!'·:18 1'8.
4'15-498 ra.
4.8,)-51,0 1'8.
I, 19-555 ra.
40'.-442I'B.
407-3441'8.
395-3351'8.
Hamburgo
64.0-662 ra.
645·ü6ll rB.
670-725I'a.
'4.0-1751'a.
mO-7/,U ra.
67;,-73U 1'.~.
657-710I'a.
64(i-G66 1'a.
G54-685 1'8.
6(j5-775I'S.
C90-S00 rs.
73' ,8801'8.
HS5-18040.
!!f)O-~75 1'a.
,30-!)()4- ra.
6!J:l-7a:l 1's.
080-73[, 1'8.
4',U-480 ra.
44.U-/,72 Ta.
415-450 la.
432-49 Ta.
4ü2·,jO() 1'8.
4711-5491'8.
50'l-Glil 1'8.
495-59'11'8.
50 -.:iii,i ra.
:,34-', I I'S.
535 5651'8.
531-610 )·s.
(i05-6[i8 r~.
5'1.5- ;07 1'S.
501-.'>491's.
4:10-470I'B.
41 -483 ]'S.
29
CAMBIO DA RÉ
o s8guíllte quacl:-o (omece os eX"'e11l0< tla& taxas rias letras
bllnrarias particlIllI1'es rle&tle 1890
Anuas Londres Pariz Hamburgo
- -
I 90.... 26 }i -20 % d. :197- 337 re. ~30-4.85 rs.
I~"1. ... 10 ~í -'H % d. 1,/,I-BU(i ra. :,1,4.-18094..
1 9'2.... 10 la -lU Y. d. fl90-9~ I "a. n!I-111166.
II ~}3 •.•• III 3/IP -13 ~ d. 693-9.5 ra. '56-1815U.
I 9~ .... !) 1/10-13 d. 7:l3-IIlOfl2. !lO.~-1 8300.
1895.• ,. 9 -II ~ d. 811-ISOfl!l. 18002-1303
18fJ6.... 7 7 --10 7/ 10 d.
I
014.-18'111. 18 I'18-14!lfl,
I !J7••.. U 'Jíí - !) }~ d. 111045-1388 18291-17l:
189t>.•.. fl ~1/a2-- 8 1"/16 el. lflOU7-liB- 18318-2204
Aqui está o bom governo, que nos
impuzeram pelas armas; todavia não
lhes quero mal por isso, porque elles,
os militares foram eng-azopados pelos se-
nhores pre-/dsto7'Z'cos, que agora prégam
o Terror para derramar o sangue do
mesmo povo, a quem elles comeram a
carne e o tutano, e hypothecaram ao in-
glez, que ha de contentar-se só com os
ossos, porque essa gente só largará o osso
quando estiver limpo. E ainda alguns
dizem que a desgraça da Republica, é
devida a nós monarchistas, quando nem
o tutano nos deixam. E viva o Governo
do povo pelo povo.
30
Quando tinhamos uma dynastia, esta
tudo que recebia gastava com o mesmo
povo, especialmente com a pobreza. Hoje
temos muitas dynasü'as, porque cada Es-
tado tem a sua e SÓ cuida do proprio inte-
resse, o José povinho tudo vê por um
canudo sem ser o da Bahia. E já que fallo
na Bahia, quer me parecer que os pre-his-
toricos estão enganados com o Sr. Luiz
Vianna, pois, S. Ex. é tão republicano
como eu. Dizem que elle é o candida to
para o 4° rez"1zado. Desde já asseguro-lhe
o meu voto e dos meus amigos e correli-
.gionarios, pois, S. Ex. foi conservador
educado na excellente escola de homens
sérios e foi aproveitado discipulo do
eminente Barão de Cotegipe, de saudosa
memoria. Apresente-se Sr. Conselheiro
Luiz Vianna-que terá a seu lado todos
os monarchistas, pois, já estamos cança-
dos de aturar os taes hútonús; ou V. Ex.
será o novo Presidente, ou Ministro da
Justiça do 3°Reinado com R grande, por-
que o reinado da Republica é r pequeno.
Repito, conte commigo aqui na Capital
e no Estado do Rio, onde o Sr. H.angel
7 error dos Pestanas tambem é trunfo e
tambem póde contar com o o nosso al-
Nado o Sr. José da Porciuncula Thomaz,
que foi bom liberal e é dos nossos. Com
31
elle tambem virá o republicano PRE-HIS-
TOIUCO o Sr. Conselheiro PauJino de
Souza que é, foi e sempre será manda-
chuva no Estado do Rio pela sua nume-
rosa familia; é uma colonia pelo seu
antigo e legitimo prestigio; pela sua
clientella politica desde o tempo da Mo-
narchia. Hoje está desavid,o com o Al-
berto por ter-se manifestado em opposi-
ção á jJolúúa que prevalece na direc-
ção dos negocias estadoaes.
Sob palavra de bom monarchista,
affirmo que o illustre Conselheiro não
tem razão, pois, o motivo foi a dualidade
da Camara Municipal de Campos
Eu. como campista e acerrimo mo-
narchista,. não me metto na briga dos
Illston'cos; que o Sr. Dr. Alberto Torres
resolveu a questão com justiça e morali-
dade,' não sou suspeito, pois, não tenho
interesse na contenda.
Mas a verdade e que elle não podia
ter outro procedimento, não reconheceu
nenhuma das duas Camaras e como o Mu-
nicipio não podia ficar sem governo, cha-
mou a Camara anterior.
Repito; não tenho interesse nessa
questão e nem desejo envolver-me nas
questões dos republicanos, mas como nós
monarchistas estamos acostumados a di-
32
zer a verdade e não enganar o povo,
affirmo que nesta questão a razão está do
lado do Sr. Alberto Torres.
VI
o primeiro dever do cidadão é amar
sua Patria e conservar illeso o brilho
de sua nacionalidade, porque a indepen-
dencia de um povo deve sempre pal-
pitar no coração de seus filhos.
O Sr. D. Pedro I prestou o mais
assignalado serviço a nós brazileiros,
dando-nos uma nacionalidade livre nas
margens do Ipiranga com as memora-
veis palavras cclndependencz'a ou nzode»,
palavras estas, que ainda hoje d(;'vem ser
de nobre ufania par~ nós os brazileiros.
Seu filho, o Sr. D. Pedro II, foi o
lapidario desse grandioso diamante her-
dado elo seu Augusto Pai, esforçou-se
em dar ao Imperio uma feição toda' ele
liberdade, e de grandeza para felicidade
do povo, que tanto amava e estremecia.
Por um desses azares, a que estão su-
jeitas as cousas humana.s num momento
de allucinação perdemos tudo que tinha-
mos de mais bello, e a liberdade, a paz,
33
o socego,atranquillidade,até direi mesmo,
a moralidade. No meio de todos esses
infortunios fomos condemnados asuppor-
tar uma fórma de governo, que tanto
nos tem infelicitado. Com tal fórma es-
tamos arriscados a perder nossa nacio-
nalidade, já tão ameaçada pelo estran-
geiro avido e poderoso. Sem duvida não
parece estar longe o dia em que teremos
a sorte do Transwaal que, a esta hora,
tem a sua independencia ameaçada pelas
garras do Leopa1'do, que como um polvo
já principiou a agarrar as nossas estra-
das de ferro e até mesmo territorio e
alfandegas no centro. No extremo norte,
não é menos, ameaça pelos nossos zrmãos
da America, já acostumados a conquistas.
Pelo sul, por uma outra poderosa nação,
q~e deseja alargar os seus dominios (Alle-
manha), e tanto assim que em todas as
colonias do Paraná, Santa Catharina e
Rio Grande não se falIa senão o alle
mão e não ha escolas da nossa língua.
Ora, a língua é um dos mais poderosos
elementos da unidade e solidariedade
nacional; a lingua commum de um
povo é a sua alma, o seu sentimento.
O governo não olha para isso, vai dei-
xando infiltrar-se com a lingua alIemã
o sentimento da patria germanica. E'
34
preCISO que se t0111em medidas, que
reprimam esse attentado contra nossos
fóros de nação independente.
E tudo porque nos impuzeram uma
fórma de governo que não tinha um
pessoal educado. Sem duvida os homens
pódem ter muito patriotis.mo, mas não
estavam preparados para dirigirem nossos
destinos. Eis ahi porque chegamos á
mais desgraçada situação, quer politica,
quer economica. Dahi toda desconfiança
que arruina o nosso credito. Dahi a falta
de força moral nas classes dirigentes.
O povo já não se illude; elle já
succumbe na luta pela vida.
Qual não é o seu desespero, vendo
que desbarataram com os bailes e ban-
quetes o que possuia; vendo que esta
Republica em dez annos triplicou todos
os impostos e creou novos, fez exagerar o
custo e (:) preço dos generoso O Imperio,
pelo contrario, poupava o suor do povo,
não o desperdiçava com despezas inLlteis,
por exemplo-pagando subsidios de dez
mezes ao Congresso, quando só deveria
trabalhar quatro mezes, como a Consti-
tuição ordena positivamente.
Este é o exemplo de prodigali-
dade, que dão os representantes da na-
ção, incumbidos de zelar a fortuna e
35
patrimonio nacionaes. Ao passo que se
privam as classes populares de trabalho
a pretexto de economias, o Congresso
recebe por inteiro dez mezes os seus
salarios para sobrecarregar o povo com
impostos.
O pobre povo já não p6de com o
peso da carga. De onde virá o remedio ?
Em qualquer paiz da Europa quando os
governos lançam impostos sobre os
povos, esses povos querem saber para
que fim é e,;se sacrificio iniquo, protestam
e chamam os governos á ordem, como
acaba de acontecer neste momento na
Hespanha. Aqui, porém, o governo
elevou o imposto cio sello a cento por
cento, as tarifas aduaneiras a 50, GO, 80
100 e mais por cento, e o commercio
ficou bem mudo e quedo, mesmo porque
a nossa Associação Comme1'úal não presta
contas aos seus associados ha mais de
oito amzos ; porque o Presidente manque e
digo manqu.e porque seu mandato expirou
em 18~1, ou 1892. Logo, juridicamente
elIe hoje nada representa; mas em com-
pensação foi nomeado festúro-mór da
Republica. O seu tempo não chega para
prestar suas contas nem apresentar rela-
torios, á que é obrigado pelos Estatutos.
Ora, o commercio que é representado
36
per uma Associação desta ordem está
livre de uma jJenho1'a.
Felizmente agora temos o Cenb'o
Commbúal que parece quenr advogar
~ causa do COJJt11Zenio e Industria.
A praça desta Capital, que incontes-
tavelmen te e'a primeira da A merica do
Sol',' não tem um representante no Con-
gresso, quando pela sua força e numero
de eleitores, podia ter representantes não
•S'õ na Camara dos Deputados, como no
Senado; pelo contrario deixa seus inte-
resses que são poderosos e importantes,
serem representados por homens, cujo
exclusivo e unicn empenho e o subsidio'
Eis porque o Governo não tem a mini ma
considera'ção pelo commercio e industria.
Se fosse preciso dar uma prova, basta
lembrar que indo uma commissão destas
classes a Palacio entender-se·com o Chefe
do Estado, este não a recebeu e tratou-a
como quem tratava seus criados e o chefe
dessa commissão foi tão submisso que
não fez um protesto para salvar a digni-
dade da classe que pretende representar,
mas em compensação quando subir o
meu partido elle será nomeado Viscon-
de Santo H01Zon'o, e continuará a ser
o jestúro-mó1', No tempo do Imperio e
quando era Presidente dessa Associa-
37
ção o nobre Conde de Tocan~tins (de
saudosa memoria), o commercio tinha
muito mais importancia e obtinha tudo
quanto queria e os socios ti nham todos os
annos importante relatorio, cheio de
dados estatisticos e outras informações
que muito orientavam a essa classe res-
peitavel que muito concorre para o
engrandecimeto nacional.
Hoje o que vemos e o indifferentismo
e nada mais criminoso por parte dessa
classe, que tanto podia concorrer para
pôr termo a esse desmando dos poderes·
publicos.
VII
Nestes artigos tenho procmado co n-
centrar, em um quadro de rapidos traços,
a pintura fiel da situação moral e econo-
mica do nosso mal aventurado Brazil, que,'
ha dez annos, passa por um serie de
soffrimentos.
Podem os satis/e-dos applaudir com
furor esta situação, mas os que soffrem,
de certo não podem se conformar corr.l
esse estado de cousas horrivelmente
deploravel.
38
Perguntai ao commercio; perguntai
á lavoura, que lá na heroica terra de
Minas exhalou um grito de dôr, appel-
lando mesmo para a reveIta ; perguntai a
todas as classes desde os operarios até os
bravos do exercito e da armada brazi!eira;
pe:"guntai si vivem-já não direi felizes
e contentes-ao menos sem sofrrür,entos,
sem lutar desesperadamente pela vida.
Escutai a resposta, a qual será um
brado de agonia ...
Ora, observando cu essa agonia do
-povo, tive a idéa de dar-lhe expressão
nestes artigos. Se não soube realizar o
meu intento de méro e sincero patrio-
tismo, e da minha fé robusta, de que só
outra fórma de Governo remediará todos
ess~s males, soffrimentos e agonias, é fóra
de toda duvida que faço um serviço á
causa publica, agitando-os para que os
competentes tenham o civislllo e a cora-
gem de vir dizer a verdade núa e crua á
Nação Brazileira.
Pouco importa que, ás escondidas,
nos cochichos os maldizentes me cp.nsu-
rem e critiquem. Eu bem sei que para
atacar certa ordem de cousas é preciso
ter audacia; eu bem sei que nem todos
ousam tel-a.
Muita gente tem r ceio de apontar
39
os erros do Governo da Republica. A
imprensa mesmo ainda não esqueceu as
scenas de canibalismo pelas quaes pas-
saram outr'ora a-Liberdade, Gazeta da
Tarde, Apos"tolo e o Jacobi·no e sobre tudo
isso ergue-se ensanguentado o triste es-
pectro de Gentil de Castro... Graças á
Deus, a tyrannia dictatorial já não está na
moda. O Governo actual tem outro re-
speito, outra pratica por uma Constituição
(de 24 de Fevereiro), que concede e ga-
rante aos cidadãos brazileiros o uso e di-
reito da manifestação e da liberdade de
pensamento. .
Tendo podido publicar estes artigos
-não só estou usando de um direito
constitucional, mas ainda. estou mos-
trando de facto que a Republica mantem,
observa e acata esse direito de liberdade
de pensamento, consagrado em sua
propria Constituição.
Evidentement~a Republica não tem
culpa de terem os cidadãos medo de usar
dos seus direitos. Em nos!õo paiz, força é
confessar, o cidadão não quer nem sabe
selo. O eg-oisl1'lo o domina Vêde, por
exemplo se o eleitor quer incommodar se
para ir ás urnas.
Vêde como estas ficam aban-
donadas 1. ..
40
Assim é a respeito do direito de
~ésistenciaás ordens illegaes e violadoras
das leis.
Eu por minha parte quero usar dos
meus direitos; já tenho ouvido dizer por
doutos e illustres jurisconsultos meus
chefes, que quem usa de seu direito não
faz injuria a ninguem.
Se cada um disser o que pensa, natu-
ralmente os executores da lei deverão
escutar e evitar, ou reprimir varias
abusos, que clamam reparação. Que é
que deve ser a base do governo
republicano ?
Não deve ser., senão o sentimento
.do dever, a fé no Direito, na Justiça e na
inviolabilidaçle da consciencia humana.
A nossa Republica tem por base estes
sacrosantos principias? Não. Só a pratica
poderá demonstrar. Esperemos, em.-
quanto, porém, esperamos aquelles
mesmos, que me censuram e criticam, hão
de fallar com os seus botões cc tudo que
éstes artigos dizem, é a pura verdade;
infelizmente bem poucos arriscam-se a
flizel-a e menus a escreveI-a.
Sim, isto é o que no seu intimo
todos sentem muito embora os malignos
e os GAROTOS me censurem não lhes dou
iinportancia.
41
o que eu respeito é o juizo da gente
séria e de boa fé, que aprecia aquillo que
se escreve pelo valor intrinseco, pela
razão e pela Justiça. Quanto aos espa-
dachúzs da imprensa, podem estes se
divertir ao seu gosto: elles têm o espirito
alvar...
Sim; nos occuparemos dos juneraes
da Republica. Vamos pois, ensarilhar
armas e deixar passar aquella cousa damo
nada, que tanto mal tem causado á nossa
patria. .. passe esse esquife cobe7"to de
maldições. Mas' antes é preciso que o
publico conheça o conteúdo de uma
carta, que nos foi dirigida por um amigo,
illustre brazileiro que actualmente está
na America do Norte; di'z :-ccé aqui
muito commentada uma novidade na qual
não creio, mas não devemos desprezar:
em todas as rodas do alto e do baixo
commercio afirma-se e discute-se que os
nossos estados do Pará e Amazonas em-
muito breve estarão annexados a America
e quando não possa ser, estes dous
Estados constituir-se-hão em uma Repu-
publica independente sob o protectorado
da America do orte.»)
Eu já previa essas novidades, mas
contava que os brazileiros ainda tivessem
muito patriotismo; mas ouvi sempre me
42
responderem ((que os americanos ja
tinham assucar com a conquista de Ha-
vana, mas que precisavam de borracha
e que essa virá com esses dous Estados
do Brazil). Repare o povo brazileiro
que o nosso Brazil está a representar o
papel da China, que os grandes Leopa1'dos
da Europa querem dividir Isso está para
nos acontecer. America pelo arte,
AlIemanha pelo Sul e Inglaterra pelo
centro.
Entretanto os nossos homens, em
vez de cuidar dos seus deveres, estão
á dar bailes e a DESBARATAR as finanças
em uma quadra em que o paiz inteiro luta
com uma crise, que opprime a população.
ão poderia escolher-se peior occasião
para o Governo fazer tanta ostentação
á custa do suor, das lagrimas e da agonia
do povo ...
Passe em seus funeraes o esquife da
Republica de 15 de ovembro.
Elia nasceu amaldiçoada, violal1 clo
a Justiça e calcando aos pés as institui-
ções, que erão sagradas e caras á Na ão.
ElIa morrerá pela inepsia de seus
medicos, que a assassina.
Os seus sectarios farão delIa o
instrumento da banca-rota do paiz e da
demolição da unidade nacional.
43
VIII
A primeira condição de um povo,
cuja sociedélde quer ser bem organisada,
é o ter um governo de reconhecida mora-
lidade, e honestidade mesmo porque geral
menteos actos dos governos refletem sobre
os povos, quando estes são bons são um
ensino para ó mesmo povo, e quando
máu5 só concorrem para o desprestigio
dos governados. Estas idéas passaram-
me pela mente por causa do desmando
e pouca moralidade dos governos da
nossa Republica, que parece prim ar
em dislates, que alt.rtmente a desacre-
ditam.
E' o proprio actual ministro da
Fazenda que em seu relatorio diz á folhas
3 e 3 V - que o ex-ministro da Fa-
zenda o Sr. Bernardino de Campos,
emettio sem lei, que o autorisasse a som-
ma de cento e dez mil contos: sendo pela
primeira vez sete11ta e CZ7lCO mil contos e
pela segunda trz'1zta e ànco mil contos
sob pretexto de serem emprestados ao
Banco ela Republica!!!
Ora, tal pretexto não au I orisava a
praticar tão grande crime e digo crime
porque o nosso Codigo Penal estatuiu o
44
seguinte no art. 240 : - fabricar ou falsi-
ficar qualquer papel de credito publico,
que se receba nas estações publicas como
moeda, pena de prisão cellular de dois á
oito annos.
Tambem o art. 244 pune com pena
de prisão cellular de um á quatro annos
os membros e empregados da Caixa de
Amortização se deixarem ou consentirem
que saia da mesma Caixa qualquer somma,
a não ser para troco ou effeito ele substi-
tuição, ou para ser entregue ao Thesouro
Publico, em vzrtude de lez' que autorúe tal
entrega.
A' vista da disposição legal, o ex-
ministro, Sr. general Bernardino de
Campos, os Srs. Directores, os empre-
gados da Caixa de Amortização commet-
teram o delicto previsto nos arts. 240 e
244 do Codigo Penal. E' evidente que
um paiz que tem um Governo que não
respeita e se suhmette á lei, que commette
crimes desta ordem, é um paiz em deca-
dencia e perdido. Com esta norma, como
querem que o cambio suba? Neste ponto
o Sr.J. Murtinho procedeu bem não en-
campando esse crú1Ze de seu antecessor.
Outro virá denunciar o Sr. Murtinho
tambem pelo seu systema de cremação
do papel-moeda.
45
Dizem que sua S. Ex. queima com
a direita, mas emitte com a esquerda. In-
felizmente já não ha que admirar, porque
esta Republica tem andado sempre fóra
da lei. Bem diz o rifão-cc o páo que nasce
torto nunca se endireita)J. O que faz pas-
mar é quererem que o povo esteja satis-
feito com taes Governos!
No imperio, alguns ministros entra-
vam para o ministerio ricos e sahiam po-
bres; na Republica é provavel que a
cousa não seja assim. moralidade tem
ou tra praxe e outra regra.
Já que falIa em Republica devo dizer
que a peste bubonica-sua irmã gemea,
que neste momento nos visita, persegue
os ratos e a nossa Republica engorda os
seus, que ainda são mais nocivos ao paiz.
Sem duvida é preciso 'que o povo d~ cabo
de uns e outros, do contrario ficaremos
roidos e mortos. E' preciso tambem não
esquecer que esse mesmo Sr. Bernardino
de Campos era em S. Paulo advogado
do Banco União, que reclamava do Go-
verno (por lhe ter suspendido a emissão)
a somma de pouco mais de mil contos;
porém o advogado, que passou a ser mi-
nistro da fazenda, mandou-lhe pagar não
os mil contos, mas seis mil e novecentos
e tantos contos! ! !
46
Já se vê pois que foi bom patrono
da causa; isto (~ facto publico e noto-
rio: o proprio Sr. Prudente de Moraes,
que foi a unica cousa boa que esta Repu-
blica produziu, lastimou que o Sr. Ma-
noel Victorino consentisse em tal; toda-
via assim era preciso, pois o Banco
Emissor da Bahia tambem tinha patrono
e tambem recebeu sete m,zi contos; era
preciso que o patrão e cazxez'ro esti-
vessem de pleno accôrdo.
Ora o povo, que sabe desses arran-
jos não deve estar contente, quando vê
seu suor assim devorado, para depois
ir-se para S. Paulo ser capitalista e
viver-se como nababo e outro ir viajar
Europa, em viagem de recreio.
Eis a verdade; mas não queiram
que Q paiz prospere e tenha credito,
quando são elles os primeiros a lhe cavar
fundo descredito.
Ora, a instituição já por si é tão
má; é o caso de dizer-se :-Viva a mo-
narchia, que nunca teve proczwadores
desta ordem, mas em compensação co·
nhecem bem e praticam a chimica de
aggravar os impostos, que o povo esma-
gam. O povo, que parece habituado a
se submetter, ás vezes como camello,
atira com a carga no chão. Elle ago-
tudo: cumpra eu meu
os outros que façam o que
47
nisa, mas os seus governantes riem e
vivem felizes, preparando os funeraes da
Republica.
Eu bem sei que estas verdades duras
e crúas irritam, e raros, bem raros, têm
a coragem de dizeI-as; é por essa indiffe-
rença ou geral covardia que a causa
publica periga. AqueIIes mesmos que em
particular pensam como eu, reprovam
publicamente os meus escriptos : mas,
como eu não espero agradar e só desejo,
pela minha p?-rte, fal1ar pelo que é justo
pouco se me dá das censuras de uns,
elos motejos e elas iras ele outros. Tenho
ouvido contar que no momento de certa
batalha, um almirante inglez dizia aos
companheiros de armas:- <r A Inglaterra
espera que cada um cumpra o seu
dever. »
Eis ahi
dever civico :
enterielerem.
IX
Nos paizes novos de grandes territo-
nos cheios ele riquezas naturaes, edever
48
do seu governo procurar desenvolver
essas nquezas e povoar o solo para
aSSIm tirar da terra não só tudo que
possa aproveitar a alimentação publica
como mesmo para exportação,-só de-
vendo importar o que não possa produzir,
pois, na grande exportação repousa a
sua grandeza.
Em verdade ,a economia que um
paiz que tudo importa e que só vive
das rendas aduaneiras, nunca passa de
uma colonia explorada pelas grandes
nações, pois, cada conto de réis, que
cobramos de direitos Ifas Alfandegas,
são cinco ou seis contos em libras ster-
linas, que temos de pagar aos estran-
geiros, o que concorre para o desequilibrio
da balança commercial e do cambio
internacional.
O que tem feito o governo repu-
blicano para desenvolver as nossa forças
productivas? ·Nada. .
Herdou elo Imperio tudo mais ou
menos organisado, o sólo já bastante
povoado, a viação bastante desenvolvida
nas provincias elo Rio, Minas, S. Paulo,
Pernambuco, Bahia, Rio Grande e Ceará
e outras já em começo; o serviço da
immigração feito methodicamente e a
contento elos immigrantes.
49
E tanto assim era, que os proprios
immigrantes attrahiam os seus parentes
e patricios para vir para o Brazil, como,
por exemplo, nas provincias de S. Paulo,
Rio Grande, Santa Catharina e Espi-
rita-Santo. E' verdade que no anno de
1888, a lavoura passou por grande abalo
com a libertação dos escravos, mas
foram taes os esforços do benemerito
Ministerio Ouro Preto, em auxiliar a
lavoura, que esta digna e respeitavel
classe atravessou a crise horrenda, por-
tanto, a lei libertou o nosso solo do
trabalho forçado e expurgou o Brazil
da mancha-de paiz de escravo. A nossa
instrucção publica já tinha attingido a
certo gráo de prosperidade, já tinhamos
um corpo de engenharia que muito
honrava nossa terra e que prestava
grandes serviços, quer nas commissões
do governo, quer na industria privada.
Tudo foi desorganisado em menos
de dez annos, nem sequer souberão con-
servar o que herdaram, quanto mais au-
gmentar-desgraçados filhos prodigos !...
Vejam que o de.sgosto é geral. A lavoura
de Minas, S. Paulo, já deram o grito de
agon'ia e vão entrar na politica para assim
mandarem ao Congresso representantes
seus como represaIias a esses prorogados
50
que só pensam no subsz"dz·o. E' de suppôr
que outros Estados façam o mesmo.
Quanto ao commercio-este bôbo alegre
-só serve para pagar e dar banquetes e
bailes aos prodigos que arrogaram-se di-
rigir os nossos destinos. Ainda assim pa-
rece que já está disposto a largar a carga
e tomar novo rumo. As industrias estão
ainda em est3.do quasi que primitivo e não
pódem medrar oneradas de imposto.
E' no meio de tanto desanimo, e direi
mesmo desgraças, que ainda o governo
por sua inercia e descuido deixa-nos
entrar a peste bubonica para liquidar-nos
de uma vez. Digo inercia e descuido, por-
que desde Julho que appareceu a peste
em Portugal, e desde este momento o go-
verno devia fechar os portos da Republica
como consta que isso propoz o Chefe da
Saude Publica, mas a Republica que é
irmã gemea da peste bubonica, tinha inte-
resse que sua irmã nos viesse devorar, não
para nos castigar ainda mais, como ara
ter motivo para abrir creditas extraordi-
narios, como já deu principio, conti-
nuando assim o esbanjamento da fortuna
publica.
Já que fallei em engenharia, não
devo esqueceor de dizer que ha mais de
500 engenheiros desoccupados por falta
51
de trabalho, e com elles milhares de
homens que se empregavam nos trabalhos
de estradas de ferro e industrias cor-
relatas.
E' uma verdadeira tristeza ver uma
classe tão util e necessaria condemnada
em seu paiz a não ter trabalho. Como
não ha de ser assim, pois, os homens da
Republica,que só vivem do erario publico
venderam e arrendaram as estradas de
ferro aos estrangeiros, que trazem pessoal
seu e a nossa engenharia que vive do ar,
ou que vá plantar batatas.
Um pobre pai, que gasta 15:000$, ou
20:000$, para mandar formar engenharia
um filho, convencido de que em um
paiz novo, como o nosso, essa carreira
é de futuro, e depois vê o filho trocando
as pernas por falta de trabalho, não póde
deixar de amaldiçoar essa gente, que
tanto nos tem desgovernado por falta de
juizo e de tino administrativo.
Senhores republicanos, somos todos
brazileiros, tenham mais patriotismo.Os
senhores não servem para governo; não
têm o preparo preciso; não pódem fazer
a felicidade da Patria; não continuem a
acabrunhar mais este pobre povo, já
agonisante, entreguem a casa aos seus
donos, então nós lhes garantimos bem
52
estar,socego, tranquillidade, paz e grande
prosperidade para nosso paiz; pois, nós
monarchistas, temos a nosso favor um
passado bom e honesto; temos mais a
·nosso favor todas as classes conserva-
.doras; temos credito mesmo porque os
Srs. Rothschilds são hoje nossos chefes,
e têm dito que para os senhores nem mais
uma de X, e que para a gente velha tudo
quanto quizer, mesmo porque elles ( os
velhos) prestaram sempre boas contas e
têm juizo. Evidentemente estão per-
dendo seu tempo e fazendo a desgraça
da Patria, ponham as chaves debaixo da
porta. e retirem-se, que nós salvaremos
o paiz. Muitos dos senhores serão apro-
veitados na nova ordem de cousas,
pois, é fóra de duvida que os senhores
arruinarão tudo, se deixarem ainda
pódem dar alguma sorte, pois, o Prudente
irá para o Conselho de Estado (por ser
o melhor de todos), o Glicerio irá para
Consul em Sen"a Leôa, o nosso actual
Presidente será nomeado Duque do Ba-
nharão, mesmo porque S. Ex. tem mais
geito para aristocrata do que para demo-
crata, e dará um titular magnifico.
Eis ahi o que resta a fazer. Tenham
as virtudes do patriotismo; retirem-se em
paz e dêm graças infinitas ao céo.
53
x
o advento da Monarchia é facto que
se imiioem pela força das circumstancias,
não porque os monarchistas tenham
feito esses esforços, que em verdade não
são precisos, porém, sim, pelo modo por
que os homens do actual Governo vão
distribuindo justiça e admz1zz"strando.
São eIles os melhores elementos pro-
motores da restauração. São eIles os pri-
meiros a destruirem sua obra de 15 de
ovembro. São eIles os maiores car-
rascos deste pobre povo, que já não sabe
como Viver.
São elIes, pela sua pessima orien-
tação, que trouxeram o cambio a menos
de 7.
São eIles, finalmente, os maiores e
permanentes inimigos do actual regimen.
Não póde deixar ele ser assim, por-
que a Republica não póde fazer a felici-
dade desta grande Patria.
Creada e alimentada por longos an-
nos pela fórma monarchica - verdadeiro
governo do POyO pelo povo, e para o
povo, governo de responsabilidade minis-
terial, governo de moralidade adminis-
tractiva, governo que só faz o bem pu-
54
blico, governo barato, governo da con-
fiança da Nação e do estrangeiro, governo
da razão, emfim, governo patriarchal, que
por longos annos fez a felicidade publica
e deixou um grande patrimonio, que foi
desbaratado em pouco tempo pela njJlt-
blz'ca, a qual nada tem feito que a possa
recommendar perante á posteridade, a
qual só cuida de decretar impostos para
sobrecar-regar o povo.
Haja vista o novo orçamento, que
traz em seu bojo cerca de (50.000:000$)
àncoenta mil contos de z"nzpostos, que serão
cobrados em Janeiro proximo.
Pobre povo, infeliz lavoura, mala-
venturado commercio tão sobrecarregado
pelo Congresso dos prorog-ados que, com
suor dessas classes vão passando a vida
folgada com seus 75$ por dia, ganhando
tal jornal não para legislar em bem da
Nação mas bem de seus interesses. Tudo
contra o povo,
Esses Srs. szlenàosos da Persia não
tiveram patriotismo. Devem fechar essa
tavenza, devem ir pregar em outra Ire·
g-uezia e fazer elegerem-se ou nomea-
rem-se para nova legislatura; deixando-
nos gozar esse fim de seculo em paz.
E' de suppor que, no novo seculo,
já os senhores não virão fazer mais a
55
nossa felz'údade. Sim, vão gozar do que
ganharam e lembrem-se do mal que fize-
ram a esse povo tão submisso e digno
do Governo que tem.
Mas como a justiça divina póde
tardar, sendo infa1livel e certa, póde
muito bem ser que esse povo tão mar-
tyrisado, ainda venha a ter dias feli-
zes e tenha sua hora de regeneração,
tendo um Governo patriota de recon-
strucção nacianal, que, composto de
homens praticos e de valor moral e intel·
lectuaJ, venha reconstruir o paiz, sal-
vando-o da banca-1-ôta, cuidando dos in-
teresses da Lavoura, Commercio e In-
lustria, que são as classes dirigentes e
aquel1as, que trabalham para encher o
nosso organismo financeiro, apoiando-se
nas classes conservadoras e não em de-
voradores dos orçamentas. em jatyz'otas
que só cuidam de s'i e dos seus.
Os il1ustres Deputados os 5rs. Ser-
zedello Corrêa e Enéas Martins,em artigo
publicado no Jonta! do Commerúo de
8, sobre a politica do Pará, concluem,
dizendo:
cc Se a Republica tem de ser sso,
a quietude apodrecida do pantana, a
subserviencia re:;ignada do galé, a ordem
lugubre das necropoles, a odienta divisão
56
dos filhos de uma mesma Patria em
proscriptos para todo o sempre e em
olygarchos que só a revolução affron-
tosa póde sorprehender e derribar, mais
vale, então, que ng1/essemos em nome da
consciencia e da moral.»
A' vista do que dizem, mostram que
o arrependimento é proprio do bom
christão.
SS. EEx. voltam para a Monar-
chia; que serão bem aceitos, mesmo
porque no meu partido ha lugar para to-
dos os brazileiros; neIle todos têm largo
campo para suas aspirações, quer na poli-
tica, quer na administração, quer na
diplomacia, quer nas lettras, emfim a Mo-
narchia é uma instituição tão boa que dá
para tudo, (quero dizer o bem).
Venha, pois, para cá a rapaziada in-
teIligente, que será recebida de braços
abertos e será aproveitada toda aptidão,
tanto mais que o illustrado Sr. Dr. Ser-
zedello Corrêa já foi meu alliado, e bem
me lembro do que S. Ex. disse no dia 16
ele Maio de 1888 no então Imperial
Theatro D. Pedro II, em uma festa
abolicionista.
Dizia então o joven capitão, diri-
gindo-se ao camarote, onde estava a nos-
sa futura Imperatriz:-Senhora, o vosso
57
Throno será tapetado com as 1zossas fardas,
<ligo, não só no mezt nome como no de
minha classe (o exercito).
Estas palavras do joven capitão fo-
ram cobertas pelas salvas de palmas de
todos os presentes, inclusive quem escreve
estas linhas, que foi, é e será sempr~ o
mesmo.
Seja bem vindo; venha, meu illustre
correligionario, que não só será resti-
tuido na sua patente de tenente-coronel
como desde já lhe garanto sua promoção
.a coronel e ainda mais se eu for no-
meado Presidente para a provincia do
Pará; quando (fallo Provz1záa) é territorio
e não jornal.
Prometo - lhe elege-lo senador;
quanto á escolha,-essa pertence a nossa
Imperatriz que bondosa, como é, se lem-
brará daquella promessa, que não foi
cumprida, mas, que ainda poderá ser,
mesmo porque S. Ex. hoje é homem
pratico e tem experiencia do que valIe a
Republica, do que valle uma condeco-
ração no peito de um official catita como
S. Ex., e como S. Ex. terá no exercito
·0 mesmo posto, que tenho na nobre e
distincta milícia civica- o de coronel;
ficaremos com os nossos peitos cheios de
.condecorações inclusive a da"futura or-
/
58
dem de D. Pedro II, que será a mais
nobre do 30
.lmperz"o; e tão bonitos
ficaremos que havemos metter inveja ao
nosso amigo o Sr. General Pires Fer-
reira, mesmo porque as delIes não vin-
garam e morreram na 3~ discussão.
Já que falIo no nosso amigo o
Sr. General Pires Ferreira, pretendo agra-
ciaI-o com o titulo de Conde de Theresina,
e o mesmo pretendo fazer com outros
amigos, pois, o 3.0
.lmperz·o terá um
apoio na militança correspondente á de-
dicação, quasi unanime, que o povo tem
pela dynastia do fundador do Imperio,
apoio, que não manifesta pelo temor da
compressão e violencia.
A nação biazileira está por demais
convencida que um povo sem religião
nada vale. ] á que falIo em religião devo
dizer que se continuar a Republica, o
Brazil será inhabitavel daqui a vinte
annos, pois, estes moços, que hoje têm
doze a vinte annos, que nos terão de go-
vernar mais tarde, são, quasi todos, com
raras excepções, contistas, jacobinistas,
espiritistas, Florianistas, creados e edu-
cados sem religião nem educação civica,
o que farão quando forem governo?
Não deixarão ficar pedra sobre
pedra: Santo Deus, quantas desgraças,
59
quantas vinganças, quantas maluquices
não serão praticadas? !
Felizmente já sou elho e elles não
me apanharão mais, porém, os meus
filhos, que têm sido educados nos princi-
pios religiosos, no dever ci ico e nos
principios, que sempre professei, terão de
soffrer muito, todavia, como a fé é tudo
no homem, ainda espero que a nova
rapaziada salvará o futuro da Patria e
será regenerada e que as taes idéas sejam
postas á margem assim Deus queira;
ameno
Concluindo esta série de artigos
cumprimento os meus adversarios de
hoje e espero que fiquem meus correli-
gionarios, porque na Monarchia me
encontrarão sempre a seu serviço.
MALVINO REIS.
Rio, 13 de Novembro de 1899.
1vt;f/4<$6
o 2./ o 3 c.... 2...5" J;,,~
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AGONIA DO POVO

  • 1.
  • 2.
  • 3.
  • 4. AGONIA DO POVO E OS Funeraes da Republica COLLECçlo DE ARTHWS PUBLICADOS NO "JORNAL UO GOMMEHClO" PELO CORONEL ---- RIO DE:JANErRO TV!'. DO llJORNAL DO COlDlRRCIO" DR lODRIOUBS &. C. x899
  • 5. BrBlIDTECA DO SENADO FEDERAL , Este volume acha-se registrado ~ub o número.rlflft7'õ . de ano de._ _._. _
  • 6. AG()NIA DO POVO E OS FUNERAES DA REPUBLICA I Os povos contam dias de infortunios. Nestas phases de sua existencia são len tas as agonias e terriveis decepções ... O povo brazileiro passa neste mo- mento por uma dessas phases crueis. A Republica tornou-o victima incons ciente e pusillanime. Em quanto eIle soffre, os funeraes da instituição republicana - hybrida e ab- surda-já se preparam para se realizar quando soar a hora fatidica: até lá abate por todos os meios a vida deste povo e devora o seu organismo financeiro.
  • 7. ..- X 4 Em verdade um paiz no·o, abundante de recursos naturaes e que promettia um futuro cheio de vitalidade, vê tudo ser sa- crificado pela pessima direcção de uma fórma de governo que jà nos tem de mais infelicitado. De onde virá esse mal, cuja origem desejá(a poder supprimir? E' bem pro- vavel que esteja nos homens· não os ataco, porque bem sei que não podem fazer mi- lagres; não dissimulo, julgo que todo mal vem da instituição, que é por natureza insustentavel. Cada povo tem a fórma de governo que mais lhe convem; é essa a idéa geral- mente professada e sà com essa fàrma poderiÍ attingir ao gráo de prosperidade e ao desenvolvimento de suas liberdades civis e politicas, que são indispensaveis á sua grandeza e civilisação. Qra, se essa idéa é verdadeira e deve ser observada, releva notar que a fàrma republicana está em completo desaccôrdo cóm a indole do povo brazileiro; por con- seguinte, não lhe póde convir, e é inteira- mente contraria ás aspirações de sua felicidade, ao progresso material e à grandeza moral, que constituem o seu destino de nação livre no continente ame- ricano. A historia prova que o povo
  • 8. 5 brazileiro foi ~ducado no regimen do go- verno constitucional e parlamentar, isto e regimen de governo da razão esclare- cida pelos debates no Parlamento e pelas discussões na imprensa, onde as questões quer sociaes, quer financeiras, emfim po- liticas eram decididas com sabedoria pelo Chefe do Estado e pelo Parlamento. esse regimen dois partidos, .con- stituidos pelos elementos mais capazes, eram como que as sentinellas vigilantes e sempre alertas na defeza dos interesses da Nação e dos dir~itos imprespcritiveis do cidadão, revezando-se na adminis- tração do Estado resolviam todos os ne- gocios sem perturbar a marcha pacifica, sem agitar as profundezas dos abysmos das guerras c revoluções civis, que pro- duzem só males. A Republica presidencial é, á vista da indole, temperamento e educação do povo brazileiro, evidentemente insusten- tavel e por uma lei fatal ha de cahir por si mesma, mais cedo ou mais tarde- méra questão de tempo. Se ao menos nos houvessem dado, Oll imposto a Republica parlamentar, provavelmente outra teria sido a nossa sorte, porque ponco difteria das fórmas governamentaes do Imperia, as quaes,;;1
  • 9. 6 Nação já estava acostumada. Então o Governo seria obra do Congresso, que representaria a vontade real da ação e Governo e Congresso teriam muito mais força moral e tudo seria decidido pelo o bem publico. Sem duvida o Congresso representante da vontade nacional, daria ao Governo a conveniente orientação, de accôrdo com as necessi- dades sociaes, com as aspirações pro- gressivas da civilisação moderna. , Em lugar desse regimen, temos um governo pessoal, expressão poderosa e indomavel da vontade de um só homem, que ás vezes póde não reunir os predi- cados necessarios para o desempenho da difficil e ardua missão de que se acha investido. Sem ministros responsaveis, sem os contra-pesos legaes, que o regi- men parlamentar da Inglaterra estabe- leceu victoriosamente e que tem concor- rido para sua grandeza de poderosa nação, um Presidente de Rupublica é tão irres- ponsavel e absoluto como qualquer Sultão da Turquia. Por seu turno os ministros são es- colhidos pelo simples criterio do !-'resi- dente; ora, se fôr esclarecido e bem inten- cionado póde a escolha recahir em ho- m€ns dignos € aptos ao exercicio elo
  • 10. 7 cargo, mas, se fôr O' contrario, não ha para onde appellar. O paiz, com a re- signação, do escravo submisso, ha de ver-se condemnado a soffrer taes minis- tros-ou que não sabem governar-ou que abusam do poder. No regimen parlamentar nós vimos, . . . por nossa propna experIenCIa, que os ministros sahiam do Parlamento, onde nos debates davam exuberantes provas do seu talento, illustração e titulos á con- fiança, á estima, á veneração de seus compatriotas. No regimen do governo pessoal quem ha ahi que póde saber o que valem realmente ministros, que não vão á tribuna provar e demonstrar o seu direito de governar os outros homens, porquanto o que legitima o exercicio desta nobilissima funcção de reger os povos é a capacidade para bem servir a causa publica. Na hypothese de incapazes os ministros são apeados do poder, porque o Parlamento toma-lhes contas e os annulla immediatamente. Um ministro parlamentar é uma força sob diversos pontos de vista: 1°, pela origem do seu poder, porque é o representante da vontade nacional pelo Parlamento; 2~, pela permanente
  • 11. 8 prova de sua superioridade inteIlectual, sua eloquencia, seu prestigio nos debates; 3~, pela sua responsabilidade, que o consubstancia com o poder. . Muitas outras razões revestem o ministro parlamentar de grande autori- dade, como procuraremos estudar e apre- ciar no outro artigo. II No regimen presidencial ha só um pensamento permanente da parte dos pre- sidentes, isto é atravessar o periodo con- stitucional. A vida nacional não tem para eIles outros intuitos. Que lhes importa o futuro, que por virtude da lei não lhes pertence ? O que podem eIles aspirar mais do que a hora presente? EIles poderão dizer, como um estadista out'ora em França-apres mozle deluge-ou em nossa linguagem vulgar-quem vier <.'lepois que feche a porta. Evidentemente um systema de go- verno desta ordem não póde fazer a feli- cidade publica. O exemplo dos Estados Unidos da America não tem applicação
  • 12. 9 ao Brazil. Os elementos organicos daquelle povo muito differem do nosso. A sua historia ahi está para provaI-o; a adaptação não se faz de improviso. Eis porque é dolorosa a nossa situação; eis por que o paiz ago- nisa no presente e caminha para o desconhecido. As condições da integridade nacio- nal foram sacrificadas ao regimen da federação. De tudo quanto possuia despojou-se a União e sobrecorreo-ou-se do passivo e sem activo nenhum. Os Estados, que tiveram grande herZl nça na partilha do espolio têm proce- dido como os filhos prodigos c em beral dão o espectaCLdo de aclmnistrações como a cio A.mazonas, que servio de escandalo á Nação inteira. O caso de Fileto ainda não se é1 pagou da memoria dos contem- poraneos. As malversações, os disper- dicios, a mania das el11przas de interesses privados inconfes aveis, o abuso do cre· . dito são factos innegaveis; dahi prov(~m que quasi todos o Estadcs acham-se oberados de avultadas dividas, que pesam sobre as gerações presentes futuras. Elles receberam do regimen p:1ssado as mais favoraveis condições para o desenvol- vi mento do progresso material e moral.
  • 13. 10 A União, tambem, por sua vez dá máos exemplos, tem esbanjado o patri- monio accumulado; está a hypothecar e até a vender tudo. A herança deixada pelo Imperio é assim devorada, ou mal- baratada pela incuria criminosa dos que governam a Republica, que tem razão de sobra para queixar-se dos seus homens politicos. Póde-se dizer mesmo que nem a prata da casa escapou ... Todos sabem dentro e fóra do Brazíl que a emissão do papel-moeda circulante elevou-se a mais do triplo; influindo per- niciosamente na vida economica, com- mercial e agricola. A administração publica tem sido nessa ordem de cousas deploravel; ella sómente se notabilisa pela negação do direito, pela violação das leis e por todos os males, que costuma fazer em damno das garantias da liberdade individual e da propriedade. Cada Estado tem differente organização de justiça, o que é contrario á ideia capital da integridade nacional. Se esta situação do paiz é incon- testavel; se estes e outros males são inne- gaveis ; se o clamor publico já altamente os está denunciando, é de esperar que haja um paradeiro a essa anarchia gover- namental, que arruina o paiz.
  • 14. 11 A paciencia dos povos tem limites e o desespero os arrasta para fóra da senda: da ordem, da paz e do respeito; então o poder publico perde a sua legitimidade. Cumpre que todos os bons patriotas, procurem evitar esses horriveis males, cooperando para restabelecer uma ordem de cousas regular e fecunda em paz e prosperidade nacional. Quando um governo não ouve os gemidos do povo, que debate-se em lenta agonia, esse governo, ou é barbaro e insupportavel, ou deve ceder o lugar a outro que seja capaz de fazer e promover a felicidade publica. Governar, no secuIo áctual, é uma difficil tarefa; todas as faculdades da intelligencia humana acham nella o mais arduo emprego. Os povos soffreram muito, querem ser livres e felizes, e não permittem que os seus destinos corram á mercê do acaso. A força, que era o apanagio do des- potismo, deve estar, ao contrario, ao ser- viço da justiça e do direito, da razão e da verdade. Cumpre lembrar que, não ha muitos annos, um eminente estadista francez di- zia: cc O povo, quando bem dirigido, é um cordeiro; mas, quando os governos abulo
  • 15. 12 zam do poder, esse mesmo povo torna-se indomito leão. » Ora, se os governos postergam os direitos, violam as leis; menosprezam o bem publico e sómente fazem a politica dos grupos. interesseiros, a politica do capricho, deixam de cumprir a sua ele- vada missão e provocam as coIeras dos povos que procuram salvar-se dos lances do desespero. Os governos da nossa mal aventu- rada Republica já tem demais abusado do poder e tratado só de si e nada mais, e a prova está no descontentamento geral. Todas as classes sociaes gemem sob o peso dos impostos,lutam pela vida, gritam contra a carestia de todos os generos ne- cessarios ao consumo do pobre e do rico. Com que dolorosa agonia todos que trabalham e que custam a viver, contem- plam as fogueiras que incineram o papel- moeda, que representa o producto do suor de cada um, arrancado pelo imposto, que cada vez cresce mais, para encher as arcas vasias do Thesouro ! O momento actual é de sacrificio e de civismo, é de prudencia e resignação, mas impõe a todo bom patriota o dever de dizer a verdade e de falar em nome do bem publico.
  • 16. 13 III 1 estes artigos- apontando os sof- frimentos do povo nessa lenta agonia, em que se estorce sob o regimen da Re- publica, que em vez de fazer o bem nacional, ao contrario tem produzido pro- fundos males- não é possivel deixar de tocar na apparatosa recepção do illustre Chefe da Republica Argentina. Uma vez que eIJe procura O 1l0S~0 paiz, todos que vivem e fazem parte da nossa sociedade, devemos acolher com respeito e com a mais elevada consi- deração e estima. As provas exhuberantes de fina cortezia não são de mais: o que eVI- dentemente seritl indigno de nós fôra regatear a hospedagem que o Presidente Argentino merece. Assim as observações que fazemos a respeito dessa viagem em nada podem diminuir a nossa cortezia. A viagem de um chefe de estado a outro estado não se faz como a de qual- quer particular, que visita a seu com- padre, ou a seu amigo. Precedem a taes visitas as consultas sobre as conveniencias reciprocas e sobre a opportunidade.
  • 17. 14 Naturalmente o Chefe Argentino sondou o terreno; communicou o seu projecto ao ministro brazileiro em Buenos Aires. O ministro por seu turno informou ao Governo do Rio de Janeiro. Este governo então pezou o pró e o contra e resolveu aceitar a visita. Agora mesmo o Imperador da AI- lemanha concerta com o da Russi 1 a sua visita á Eyposição de Paris. O Presidente da França ha de ser informado de tudo e como Chefe de Estado ponderar se é ou não conveniente. Se a visita do i!lustre General Roca é util ao Brazil, não resta duvida que o Governo Brazileiro acertou na resolução que tomou; se. porém, não o é; se nas cir- cumstancíss apertadas da. Nação; toda esta ostentação é apenas miseria ; se os impostos têm de crescer ainda mais- tambem não resta duvida que não ha motivo para tanto regosijo. Não se poderia affirmar a utilidade, senão verificado e demonstrado o obje· ctivo de!la. Ora, tem se inventado varios obje- ctivos; as imaginações não são infe- cundas. Dizem uns que a viagem tem por fim consol'idar a Republica Brazileira;
  • 18. i5 isso seria pungente ao nosso patriotismo e amor propno ... Dizem ainda que o fim da alliança é proceder a um desarmamento, porque a paz armada arruina a todas as potencias da America do Sul. Ora essa politica é incompativel com a de resistencia á expansão da preponderancia da Ame- rica 00 Norte, porquanto quem se de- sarma reduz-se á impossibilidade de resistir. Dizem outros que tem por fim for- mar uma alliança defensiva para resgura- dar as Republicas do Continente Sul- Americano da voracidade dos Estados Unidos da America do arte: isto pro- vocará risadas em ova Yorck ou em Washington. A este respeito o Jornal dos Debates de Paris qualifica tal alliança de dújJarate, segundo um telegramma publi- cado no Jor11,al do Commerc'';o. A projectada alliança sem duvida irritará os animas. Dos telegrammas do Jornal do Commerúo, vê-se que nos Es- tados Unidos se pensa em indagar dos fundamentos da alliança, em obter favo- ravel tratado no tocante a farinha de trigo, e não obtenclo-o elevar os impostos sobre o café. Entra pelos olhos que é ferir-nos no coração, anniquilando a prin-
  • 19. 16 cipal producção. Em todo caso os esta- distas Brazileiros não devem fazer de uma hypothese talvez do dominio das chime- ras, já uma realidade do dominio da. poli- tica internacional. Se os milhões de Americanos do Norte no furor de se expandirem e de crearem um vastissimo imperio, quaes os antigos da Asia, ou de Roma, ou o moderno de Napoleão I - quizerem ab- sorver o continente do sul, certamente não será o insignificante numero de mi- lhões de brazileiros, de argentinos, de uruguayos, de chilenos, etc., que resis- tirão efficazmente á raça yankee, auda- ciosa, forte, aventureira e sobretudo, apparelhada dos mais avultados elemen- tos e poderosa pela opulencia de todos os capitaes. O sul será inevitavelmente en- gulido. Na Imprensa já esta questão foi ventilada e bem discutida. Muitos pensam que se tratará de vender a divida da guerra do Paraguay á Confederação Argentina. Discutir tal hypothese fôra por certo uma impruden- cia; elIa é de si mesma gravissima. Emfim, o que parece claro é que a Republica Argentina pensa em desenvol- ver o mercado dos seus productos no Brazil. Mais de 16 artigos são de lá ex-
  • 20. 17 portados: só não vem assucar, largamente produzido na provincia de Tucuman. 0 boi vem ao mercado brazileiro de todas as fórmas. Agora mesmo um telegramma de Buenos Aires lembrava que a exporta- ção do xarque diminuiu no corrente anno. Outro telegramma affirmava que o Dr. AlcOl ta, ministro argentino offerecerá um projecto de tratado de commercio ao ministro das relações exteriores do Bra- zil, etc. Sem aprofundar-se este assumpto, suppomos que o principal, ou talvez o UI~ico objectivo, é do especial e exclusivo interesse da nossa vizinha. Se o projectado tratado assegurar o mercado,a nossa cultura agricola cada vez mais se redulirá, e a nossa população fn'- bufaría do estrangeiro deverá contar com dias crueis no futuro... Desde que a Republica Argentina não tem mais questões de limites a re- gular comnosco, a orientação dos seus estadistas é muito differente da dos esta- distas .de outr'ora. Hoje a politica da utilidade commer- cial prevalece sobre a da gloria das lutas armadas nos campos da guerra. A Repu- blica, imitando a Inglaterra, fará do Brazil o mercado de sua producção nacional.
  • 21. 18 Sob este ponto de vista, o illustre presidente argentino serve bem a causa do seu paiz. Ainda assim alguns jornaes de Bue- nos-Aires censuraram a visita, obser- vando que era orenosa e inopportuna - quando a Confederação Argentina luta com os rigores de uma crise quando o Sr. Pelligrini não achou credito nas praças da Europa; quando aconselha aos seus concidadãos a se esforçarem a viver dos proprios recursos e de severa economia. Ora, se a visita é assim considerada pela imprensa argentina, de que modo nós, os brazileiros, deveremos julgar o Governo brazileiro, q~e aceitou a visita, que applaudio-~? Estará o Brazil em condições me- lhores do que a Confederação do Rio da Prata? Temos mais credito? A nossa di- vida está paga? Poderemos remil-a? E' do nosso interesse exclusivo que se trata? Os juros das apolices de diviç1a pu- blica, ouro, porventura são pagos em dia? As viuvas e os ophãos recebem os juros, que lhes deve o Estado? O Thesouro, que incinera papel moeda o qual representa o nosso tra-
  • 22. 19 balho, não enche as arcas vasiascom novos impostos bem pesados? Os operarios não são despedidos para fazer economia? E como o suor do se despende largamente em pomposos festas? ... Ai ! o povo, agoniza e a nossa Repu- blica ouve de longe estrugir os sons lugu- bres de seus fL1neraes ... O povo, que agonisa, contempla do- lorosamente as pompas, que passam ... Nem ao menos póde dizer, como o Romano, - se nos diverte, tambem se nos dá o pão ... O povo Iuta pela vida, afflicto pela fome; já não tem com que compre o necessario; mas vê o fructo de seu tra- balho adquirido com o suor de sua fronte, incinerado para satisfazer insa- ciavel credor estrangeiro! Vê tambem arder nos sarrafos, nos bailes, nas festivic..lades feitas á su'a custa para honrar os hospedes illustres... O povo murmura e soffre; resigna e espera. Sem prophetisar, qualquer póde antever que os dois telegrammas bur- laram os projectos de tratados: a farinha de trigo dos Estados-Unidos - ou ha de aniquilar a lavoura do café do Brazil -
  • 23. 26 ou fiC3.rá no pé de igualdade e favor, que a da Republica Argentina: assim a visita e alliança perdurarão na historia como duas pomposas inutilidades. IV No regimen constitucional do Im- perio tanto o velho Imperador, como o seu Governo, tinham verdadeiro culto pelas liberdades publicas e os direitos individuaes As leis do Imperio eram cumpridas á risca, mesmo porque o Im- perador constituia-se vigoroso fiscal de seus ministros. Quando algum militar, fosse qual fosse sua jerarchia, commettia algum delicto, só era preso por official de igual patente. Emquante> esperava o julgamento, gozava, na prisão,de todas as suas honras e immunidac.les. Só depois da sentença passada em Julgado é que corria sorte do julgamento; da mesma fórma se procedia com os titu· lares e condecorados, quando mesmo as condecorações eram estrangeiras,que sob a égide salutar da ki do Imperio, tinham
  • 24. 21 todas as garantias. Relativamente aos brazileiros que gozavam de immunidades, dizia o Imperador que, os honrando, hon- rava o proprio credito da nação. A Republica é o inverso, feita pelas forças armadas, tem ella por todos os meios aviltado não só os proprios mili- tares, como os representantes da nação. Assim foi qpe, em 10 de Abril de 1893, por méro decreto presidencial, foram reformados treze presos generaes de mar,e terra e com outros çidadãos, deportados para longinquas paragens, como Cucuhy, Tabatinga e S. Joaquim do Rio Branco, no extremo Norte. Elles foram escoltados por praças de pret, tendo estes dignos e distinctos brazileiros soffrido as maiores privações. As familias delles ficaram pela maior parte na penuria durante longos mezes,' principalmente as dos militares que eram representantes da nação. Contra elles foi empregado ex- tremo rigor do terror, hoje tão applau- dido pelo republicano historico, como se ufana de ser o Sr. Rangel Pestana, meu conterraneo (do Estado do Rio) que, depois d'l 3? quartel da vida, deu para ser carrasco, pelo que dou-lhe meus sen- timentos, mesmo porque depois daquella idade que conta sua arma dever ser um
  • 25. 22 rosario,porque aalma já está preste a ser entregue a Pedro Botelho, porque o Padre Eterno não recebe-Ia-ha mais. Infe- lizmente a Republica faz que os velhos percam o juizo e os obriga a vir ao Con- gresso prégar taes doutrz·nas. Em honra, porém, da Camara, um Deputado da Bahia, ainda moço, O Sr. Vergne de Abreu, deu-lhe uma lição de bom senso que terá feito o sexagenario a esta hora, ter a cara maior que o Pão de Assucar. Graças á Divina Providencia temos ainda moços de talento e juizo que professam sãos principios para reprimir os pre-húto- n'cos . .. O Sr. Pestana, hia me desviado da minha directriz que era a Republica e não os seus homens que combato, por- que o mal é da instituição e não dos homens, mesmo porque repu blicanos que no Imperio puderam. ser uteis e ainda prestaram bons serviços, por exemplo, o meu amigo o Sr. Dr. Salvador de Men- donça, que serviu bem cqmo nosso Con- sul na America do Norte, agora na Re- publica foi aposentado á força. Essa grave injustiça, praticada brutalmente contra um excellente e illustrado republicano. exige reparação. A monarchia, respeitando o direito, a capacidade, não a teria commettido.
  • 26. 23 o Brazil é dos brazileiros; não queremos saber se elle pertence á este ou áquelle credo; tanto mais quanto na monarchia não ha pre-Iustorüos. E' verdade que o meu illustre amigo e chefe o Sr. Conselheiro Lafayette já foi republicano quando moço e tinha sonhos máos, mas teve o bom senso de arripiar carreira em tempo e vir para o partido dos homel's de criterio, e quando nos ··conselhos da Corôa deu as maiores provas de um alto politico e habilissimo administrador. E', pois, um chefão, não só pela sua intelligencia, como pela pla- cidez de seu espirito e conhecimento dos homens e das cousas. Se elle tivesse continuado a ser republicano, quando muito seria hoje um jwe-kiston"co, mas, nunca, como o Sr. Pestana. Continuando á profligar o que disse a Republica contra os militares (seus creaclores ou inventores), devo dizer que entre os que foram victimados está o meu velho amigo e chefe, militarmente fallando, porque elle já foi meu com- mandante superior, elle foi talvez o pri. meiro factor da Republica desse azar, de que falla o illustre Deputado pela Bahia, o Sr. Vergne de Abreu.
  • 27. 24 o Sr. Marechal Almeida Barreto é um brazileiro digno de todo o respeito; basta dizer que em 1848 assentou praça de recruta; fez diversas campanhas inclu- sive a do Paraguay. Sua fé de officio, que guardo na minha bibliotheca, é um primor, um documento de honorabilidade e de civismo, Voltou do Paraguay no posto de brigadeiro, tendo seu peito coberto de condecorações, Suas pro- moções foram todas por actos de bra- vura; seu comportamento é digno de ser ,imitado por todo militar. Este general bravo, de certo, não .partilha as idéas do Sr. Rangel Pestana, que será o unico a prégar a tyrannz'a do terror. V A boa administração, quer na parte propriamente politica, quer econumica, devida á educação dos homens de Estado da Monarchia, foi realmente fecunda e deu como resultado o grande patrimonio reconhecidamente augmentado, do qual foi herdeira a Republica. Esta não o
  • 28. 25 soube conservar, quanto maIs augmen- tal-o. Assim é que e"ses nossos nfor. mad01res e prégoeiros de bulas falsas, que só falIavam em governo do povo pelo povo, dizem que o Imperio. legou-lhe uma grande divida externa e interna, quando é certo que para fazer face á ex- terna tinhamos mais de tres milhões de kilometros de caminho de ferro nas pro- vincias do Rio, Minas, S. Paulo, Rio Grande, Bahia, Pernambuco, Ceará e outras. Possuiamos vinte palacios das Presidencias, vinte ditos dos Chefes de Policia, vinte das Delegacias Fiscaes ; grande numero de quarteis, Alfandegas e outros proprios nacionaes, que re- presentavam valor superior áquelIa di- vida. Quanto á interna - esta era repre- sentada pelas terras devolutas, minas de ouro, prata, carvão,ferro e outros valores, que importavam em muito mais do que esta divida Hoje estas dividas augmentaram para mais do dobro. Evidentemente o grande patrimonio herdado, foi todo des- baratado e nada mais temos para garantir essa enorme divida. Como não havia de ser assim, por exemplo:
  • 29. 26 o Sr. Glicerio, quando Ministro da Agricultura, não só vendeu como fez doação aos seus amigos e parentes -não só das terras que pertenciam á União, mas tambem das que eram propriedade das princezas, terras que lhes foram dadas por acto legislativo para seus patrimo- nios, o que quer dizer que a Republica apossou-se muito illicitamente do que não era seu, o que, na linguagem vulgar, foi uma gatunagem Não ha que estranhar, pois na orgia do regimen republicano tudo é lz"cz"to, não ha principio de moral nem de justiça. As minas forão doadas aos Estados, que, por sua vez, as têm àado aos amigos e compadres. As estradas de ferro- umas foram vendidas, outras arrendadas a prazos longos. A que nos resta- a Central-dizem que já está no PREGO. OS proprios nacionaes farão todos TORRADOS. Até para nossa vergonha os Arsenaes tambem não escapam, já syn- dicatos preparam-se para empolga-los. As rendas das Alfandegas hypothecadas vão depositar· se nos bancos estrangeiros, mesmo porque os nacionaes não mer cem confiança ao Judeu ele Londres.
  • 30. 27 Emfim, o tal Governo do povo pelo povo tem devorado tudo, que pentence ao mesmo povo, e como ficha de consolação- impostos sobre o lombo para que esse mesmo povo saiba quanto é bom ter um Governo de gente que não tem o que perder, e só quer viver á custa do proximo. E' por isso que não temos credito e cada .vez o cambio está como burro empa- cador que anda para traz em lugar de avançar. 1 ão temos credito e nem ter~mos emquanto nos governar esses homens, que representam o papel de um filho prodigo, .cujo pai accumulou uma grande fortuna no espaço de mais de 60 annos para eIle (o filho) desbaratar em menos de dez J:í que falIei em cambio, é bom que o JosÉ POVI BO, que é quempagapara encher o erarz'o pubb:co, saiba qual foi o cambio do Imperio, desse systema maldito, como lhe chamam os taes hystericos, e qual o cambio do Governo do José Povz·nho pelo José Povz"?·zho. Ahi vai. Vejalll que progresso temos feito, e não se admirem que este anno póde ir a 5 penys, mesmo porque o inglez diz que tempo é dinheiro ou sangue, e que com doudos não quer negocIo.
  • 31. 28 CAMBIO DO IMPERlO o seguillle qltadro fornece O' Extremos das taxa.• da.~ lelms bancm'ir,! porliculares desde 1856 AnDOS 18:.li .. lK57 . 1858.. " 11159.... lx60•.• IS61. .. 186'l .. ISG:I. . lH64 . 1865 .. 18GG . 18G7 .. 1868 .. 186!) . IlHO .. 1871. .. 11m . 11:173 . IS74 .. 1875 .. 11;76 .. 1.877 .. 1878 .. 1879 . 1880 .. 188L. . 1882 .. 1883 .. 1884 . 1885 .. 188(j .. 1887 .. 1888 .. lSM!J . Londres 27 -28,li d. 23 }<í -211 d. ~H -'l7 d. 23 ,li -27 d. 24~ -27}í d. 24 ,li -'lO % d. 24 %-'D % d. 'W % -27 7íi d. 2,i ~ -27 % d. 22 % -27 ,li d. 22 -'!li d. 19 %-'14 % d. 14 -20 d. 18 --'lU d. 19 % -H % d. q4 ~ -25 ~ d. 24 ~ -'W % d. 25 }8 -'1.7 }8 d. 24 % -'lO % d. 26,li -28 % d. '1.3 M -27 Ys d. ~:I -'l5 % d. 21 -'lI, % d. Hl }8 -23 % d. 1!J :lií -24 d. 'lU l1f.to-23 ,li d. 20 }jl -'1.2 d. 21 -?'l)f, d. 19 % -'1.2 ,li d. 19 >4 -17 % d. 22 % -1, % d. 21 ~ -2:1 ~ d 'l'l ~ -'n 6/,6 d. 2li ~ -'l8 }<í d. PS1'iz 341-354ra. 341-30x ra. 352-4.'lO ra. 3fiQ-410 ra. 350-3121'a. 3;'0-395 ra. 3'l5-3!l3 1'8. 340-3,6 1'a. 3','1.-380 ra. 34.o-''1l8 ra. 3fi7-433 Ta. :i88-48 J TS. 47.i-65'1 riS. 1.00-5'l51'a. 3!lO-485 rs. :147 425 I'S. 358-3!!3ra. 34U-3741'8. 35'1.-3851'a. 337-3041'a. 352-406 ]'B. :n'l-4lü J·S. 389-4511 1'S. 40;'-50'. I'S. 318-/.S0 ra. 412-4581'8. 4.32-!,(i5 Te. 4'l8'!'·:18 1'8. 4'15-498 ra. 4.8,)-51,0 1'8. I, 19-555 ra. 40'.-442I'B. 407-3441'8. 395-3351'8. Hamburgo 64.0-662 ra. 645·ü6ll rB. 670-725I'a. '4.0-1751'a. mO-7/,U ra. 67;,-73U 1'.~. 657-710I'a. 64(i-G66 1'a. G54-685 1'8. 6(j5-775I'S. C90-S00 rs. 73' ,8801'8. HS5-18040. !!f)O-~75 1'a. ,30-!)()4- ra. 6!J:l-7a:l 1's. 080-73[, 1'8. 4',U-480 ra. 44.U-/,72 Ta. 415-450 la. 432-49 Ta. 4ü2·,jO() 1'8. 4711-5491'8. 50'l-Glil 1'8. 495-59'11'8. 50 -.:iii,i ra. :,34-', I I'S. 535 5651'8. 531-610 )·s. (i05-6[i8 r~. 5'1.5- ;07 1'S. 501-.'>491's. 4:10-470I'B. 41 -483 ]'S.
  • 32. 29 CAMBIO DA RÉ o s8guíllte quacl:-o (omece os eX"'e11l0< tla& taxas rias letras bllnrarias particlIllI1'es rle&tle 1890 Anuas Londres Pariz Hamburgo - - I 90.... 26 }i -20 % d. :197- 337 re. ~30-4.85 rs. I~"1. ... 10 ~í -'H % d. 1,/,I-BU(i ra. :,1,4.-18094.. 1 9'2.... 10 la -lU Y. d. fl90-9~ I "a. n!I-111166. II ~}3 •.•• III 3/IP -13 ~ d. 693-9.5 ra. '56-1815U. I 9~ .... !) 1/10-13 d. 7:l3-IIlOfl2. !lO.~-1 8300. 1895.• ,. 9 -II ~ d. 811-ISOfl!l. 18002-1303 18fJ6.... 7 7 --10 7/ 10 d. I 014.-18'111. 18 I'18-14!lfl, I !J7••.. U 'Jíí - !) }~ d. 111045-1388 18291-17l: 189t>.•.. fl ~1/a2-- 8 1"/16 el. lflOU7-liB- 18318-2204 Aqui está o bom governo, que nos impuzeram pelas armas; todavia não lhes quero mal por isso, porque elles, os militares foram eng-azopados pelos se- nhores pre-/dsto7'Z'cos, que agora prégam o Terror para derramar o sangue do mesmo povo, a quem elles comeram a carne e o tutano, e hypothecaram ao in- glez, que ha de contentar-se só com os ossos, porque essa gente só largará o osso quando estiver limpo. E ainda alguns dizem que a desgraça da Republica, é devida a nós monarchistas, quando nem o tutano nos deixam. E viva o Governo do povo pelo povo.
  • 33. 30 Quando tinhamos uma dynastia, esta tudo que recebia gastava com o mesmo povo, especialmente com a pobreza. Hoje temos muitas dynasü'as, porque cada Es- tado tem a sua e SÓ cuida do proprio inte- resse, o José povinho tudo vê por um canudo sem ser o da Bahia. E já que fallo na Bahia, quer me parecer que os pre-his- toricos estão enganados com o Sr. Luiz Vianna, pois, S. Ex. é tão republicano como eu. Dizem que elle é o candida to para o 4° rez"1zado. Desde já asseguro-lhe o meu voto e dos meus amigos e correli- .gionarios, pois, S. Ex. foi conservador educado na excellente escola de homens sérios e foi aproveitado discipulo do eminente Barão de Cotegipe, de saudosa memoria. Apresente-se Sr. Conselheiro Luiz Vianna-que terá a seu lado todos os monarchistas, pois, já estamos cança- dos de aturar os taes hútonús; ou V. Ex. será o novo Presidente, ou Ministro da Justiça do 3°Reinado com R grande, por- que o reinado da Republica é r pequeno. Repito, conte commigo aqui na Capital e no Estado do Rio, onde o Sr. H.angel 7 error dos Pestanas tambem é trunfo e tambem póde contar com o o nosso al- Nado o Sr. José da Porciuncula Thomaz, que foi bom liberal e é dos nossos. Com
  • 34. 31 elle tambem virá o republicano PRE-HIS- TOIUCO o Sr. Conselheiro PauJino de Souza que é, foi e sempre será manda- chuva no Estado do Rio pela sua nume- rosa familia; é uma colonia pelo seu antigo e legitimo prestigio; pela sua clientella politica desde o tempo da Mo- narchia. Hoje está desavid,o com o Al- berto por ter-se manifestado em opposi- ção á jJolúúa que prevalece na direc- ção dos negocias estadoaes. Sob palavra de bom monarchista, affirmo que o illustre Conselheiro não tem razão, pois, o motivo foi a dualidade da Camara Municipal de Campos Eu. como campista e acerrimo mo- narchista,. não me metto na briga dos Illston'cos; que o Sr. Dr. Alberto Torres resolveu a questão com justiça e morali- dade,' não sou suspeito, pois, não tenho interesse na contenda. Mas a verdade e que elle não podia ter outro procedimento, não reconheceu nenhuma das duas Camaras e como o Mu- nicipio não podia ficar sem governo, cha- mou a Camara anterior. Repito; não tenho interesse nessa questão e nem desejo envolver-me nas questões dos republicanos, mas como nós monarchistas estamos acostumados a di-
  • 35. 32 zer a verdade e não enganar o povo, affirmo que nesta questão a razão está do lado do Sr. Alberto Torres. VI o primeiro dever do cidadão é amar sua Patria e conservar illeso o brilho de sua nacionalidade, porque a indepen- dencia de um povo deve sempre pal- pitar no coração de seus filhos. O Sr. D. Pedro I prestou o mais assignalado serviço a nós brazileiros, dando-nos uma nacionalidade livre nas margens do Ipiranga com as memora- veis palavras cclndependencz'a ou nzode», palavras estas, que ainda hoje d(;'vem ser de nobre ufania par~ nós os brazileiros. Seu filho, o Sr. D. Pedro II, foi o lapidario desse grandioso diamante her- dado elo seu Augusto Pai, esforçou-se em dar ao Imperio uma feição toda' ele liberdade, e de grandeza para felicidade do povo, que tanto amava e estremecia. Por um desses azares, a que estão su- jeitas as cousas humana.s num momento de allucinação perdemos tudo que tinha- mos de mais bello, e a liberdade, a paz,
  • 36. 33 o socego,atranquillidade,até direi mesmo, a moralidade. No meio de todos esses infortunios fomos condemnados asuppor- tar uma fórma de governo, que tanto nos tem infelicitado. Com tal fórma es- tamos arriscados a perder nossa nacio- nalidade, já tão ameaçada pelo estran- geiro avido e poderoso. Sem duvida não parece estar longe o dia em que teremos a sorte do Transwaal que, a esta hora, tem a sua independencia ameaçada pelas garras do Leopa1'do, que como um polvo já principiou a agarrar as nossas estra- das de ferro e até mesmo territorio e alfandegas no centro. No extremo norte, não é menos, ameaça pelos nossos zrmãos da America, já acostumados a conquistas. Pelo sul, por uma outra poderosa nação, q~e deseja alargar os seus dominios (Alle- manha), e tanto assim que em todas as colonias do Paraná, Santa Catharina e Rio Grande não se falIa senão o alle mão e não ha escolas da nossa língua. Ora, a língua é um dos mais poderosos elementos da unidade e solidariedade nacional; a lingua commum de um povo é a sua alma, o seu sentimento. O governo não olha para isso, vai dei- xando infiltrar-se com a lingua alIemã o sentimento da patria germanica. E'
  • 37. 34 preCISO que se t0111em medidas, que reprimam esse attentado contra nossos fóros de nação independente. E tudo porque nos impuzeram uma fórma de governo que não tinha um pessoal educado. Sem duvida os homens pódem ter muito patriotis.mo, mas não estavam preparados para dirigirem nossos destinos. Eis ahi porque chegamos á mais desgraçada situação, quer politica, quer economica. Dahi toda desconfiança que arruina o nosso credito. Dahi a falta de força moral nas classes dirigentes. O povo já não se illude; elle já succumbe na luta pela vida. Qual não é o seu desespero, vendo que desbarataram com os bailes e ban- quetes o que possuia; vendo que esta Republica em dez annos triplicou todos os impostos e creou novos, fez exagerar o custo e (:) preço dos generoso O Imperio, pelo contrario, poupava o suor do povo, não o desperdiçava com despezas inLlteis, por exemplo-pagando subsidios de dez mezes ao Congresso, quando só deveria trabalhar quatro mezes, como a Consti- tuição ordena positivamente. Este é o exemplo de prodigali- dade, que dão os representantes da na- ção, incumbidos de zelar a fortuna e
  • 38. 35 patrimonio nacionaes. Ao passo que se privam as classes populares de trabalho a pretexto de economias, o Congresso recebe por inteiro dez mezes os seus salarios para sobrecarregar o povo com impostos. O pobre povo já não p6de com o peso da carga. De onde virá o remedio ? Em qualquer paiz da Europa quando os governos lançam impostos sobre os povos, esses povos querem saber para que fim é e,;se sacrificio iniquo, protestam e chamam os governos á ordem, como acaba de acontecer neste momento na Hespanha. Aqui, porém, o governo elevou o imposto cio sello a cento por cento, as tarifas aduaneiras a 50, GO, 80 100 e mais por cento, e o commercio ficou bem mudo e quedo, mesmo porque a nossa Associação Comme1'úal não presta contas aos seus associados ha mais de oito amzos ; porque o Presidente manque e digo manqu.e porque seu mandato expirou em 18~1, ou 1892. Logo, juridicamente elIe hoje nada representa; mas em com- pensação foi nomeado festúro-mór da Republica. O seu tempo não chega para prestar suas contas nem apresentar rela- torios, á que é obrigado pelos Estatutos. Ora, o commercio que é representado
  • 39. 36 per uma Associação desta ordem está livre de uma jJenho1'a. Felizmente agora temos o Cenb'o Commbúal que parece quenr advogar ~ causa do COJJt11Zenio e Industria. A praça desta Capital, que incontes- tavelmen te e'a primeira da A merica do Sol',' não tem um representante no Con- gresso, quando pela sua força e numero de eleitores, podia ter representantes não •S'õ na Camara dos Deputados, como no Senado; pelo contrario deixa seus inte- resses que são poderosos e importantes, serem representados por homens, cujo exclusivo e unicn empenho e o subsidio' Eis porque o Governo não tem a mini ma considera'ção pelo commercio e industria. Se fosse preciso dar uma prova, basta lembrar que indo uma commissão destas classes a Palacio entender-se·com o Chefe do Estado, este não a recebeu e tratou-a como quem tratava seus criados e o chefe dessa commissão foi tão submisso que não fez um protesto para salvar a digni- dade da classe que pretende representar, mas em compensação quando subir o meu partido elle será nomeado Viscon- de Santo H01Zon'o, e continuará a ser o jestúro-mó1', No tempo do Imperio e quando era Presidente dessa Associa-
  • 40. 37 ção o nobre Conde de Tocan~tins (de saudosa memoria), o commercio tinha muito mais importancia e obtinha tudo quanto queria e os socios ti nham todos os annos importante relatorio, cheio de dados estatisticos e outras informações que muito orientavam a essa classe res- peitavel que muito concorre para o engrandecimeto nacional. Hoje o que vemos e o indifferentismo e nada mais criminoso por parte dessa classe, que tanto podia concorrer para pôr termo a esse desmando dos poderes· publicos. VII Nestes artigos tenho procmado co n- centrar, em um quadro de rapidos traços, a pintura fiel da situação moral e econo- mica do nosso mal aventurado Brazil, que,' ha dez annos, passa por um serie de soffrimentos. Podem os satis/e-dos applaudir com furor esta situação, mas os que soffrem, de certo não podem se conformar corr.l esse estado de cousas horrivelmente deploravel.
  • 41. 38 Perguntai ao commercio; perguntai á lavoura, que lá na heroica terra de Minas exhalou um grito de dôr, appel- lando mesmo para a reveIta ; perguntai a todas as classes desde os operarios até os bravos do exercito e da armada brazi!eira; pe:"guntai si vivem-já não direi felizes e contentes-ao menos sem sofrrür,entos, sem lutar desesperadamente pela vida. Escutai a resposta, a qual será um brado de agonia ... Ora, observando cu essa agonia do -povo, tive a idéa de dar-lhe expressão nestes artigos. Se não soube realizar o meu intento de méro e sincero patrio- tismo, e da minha fé robusta, de que só outra fórma de Governo remediará todos ess~s males, soffrimentos e agonias, é fóra de toda duvida que faço um serviço á causa publica, agitando-os para que os competentes tenham o civislllo e a cora- gem de vir dizer a verdade núa e crua á Nação Brazileira. Pouco importa que, ás escondidas, nos cochichos os maldizentes me cp.nsu- rem e critiquem. Eu bem sei que para atacar certa ordem de cousas é preciso ter audacia; eu bem sei que nem todos ousam tel-a. Muita gente tem r ceio de apontar
  • 42. 39 os erros do Governo da Republica. A imprensa mesmo ainda não esqueceu as scenas de canibalismo pelas quaes pas- saram outr'ora a-Liberdade, Gazeta da Tarde, Apos"tolo e o Jacobi·no e sobre tudo isso ergue-se ensanguentado o triste es- pectro de Gentil de Castro... Graças á Deus, a tyrannia dictatorial já não está na moda. O Governo actual tem outro re- speito, outra pratica por uma Constituição (de 24 de Fevereiro), que concede e ga- rante aos cidadãos brazileiros o uso e di- reito da manifestação e da liberdade de pensamento. . Tendo podido publicar estes artigos -não só estou usando de um direito constitucional, mas ainda. estou mos- trando de facto que a Republica mantem, observa e acata esse direito de liberdade de pensamento, consagrado em sua propria Constituição. Evidentement~a Republica não tem culpa de terem os cidadãos medo de usar dos seus direitos. Em nos!õo paiz, força é confessar, o cidadão não quer nem sabe selo. O eg-oisl1'lo o domina Vêde, por exemplo se o eleitor quer incommodar se para ir ás urnas. Vêde como estas ficam aban- donadas 1. ..
  • 43. 40 Assim é a respeito do direito de ~ésistenciaás ordens illegaes e violadoras das leis. Eu por minha parte quero usar dos meus direitos; já tenho ouvido dizer por doutos e illustres jurisconsultos meus chefes, que quem usa de seu direito não faz injuria a ninguem. Se cada um disser o que pensa, natu- ralmente os executores da lei deverão escutar e evitar, ou reprimir varias abusos, que clamam reparação. Que é que deve ser a base do governo republicano ? Não deve ser., senão o sentimento .do dever, a fé no Direito, na Justiça e na inviolabilidaçle da consciencia humana. A nossa Republica tem por base estes sacrosantos principias? Não. Só a pratica poderá demonstrar. Esperemos, em.- quanto, porém, esperamos aquelles mesmos, que me censuram e criticam, hão de fallar com os seus botões cc tudo que éstes artigos dizem, é a pura verdade; infelizmente bem poucos arriscam-se a flizel-a e menus a escreveI-a. Sim, isto é o que no seu intimo todos sentem muito embora os malignos e os GAROTOS me censurem não lhes dou iinportancia.
  • 44. 41 o que eu respeito é o juizo da gente séria e de boa fé, que aprecia aquillo que se escreve pelo valor intrinseco, pela razão e pela Justiça. Quanto aos espa- dachúzs da imprensa, podem estes se divertir ao seu gosto: elles têm o espirito alvar... Sim; nos occuparemos dos juneraes da Republica. Vamos pois, ensarilhar armas e deixar passar aquella cousa damo nada, que tanto mal tem causado á nossa patria. .. passe esse esquife cobe7"to de maldições. Mas' antes é preciso que o publico conheça o conteúdo de uma carta, que nos foi dirigida por um amigo, illustre brazileiro que actualmente está na America do Norte; di'z :-ccé aqui muito commentada uma novidade na qual não creio, mas não devemos desprezar: em todas as rodas do alto e do baixo commercio afirma-se e discute-se que os nossos estados do Pará e Amazonas em- muito breve estarão annexados a America e quando não possa ser, estes dous Estados constituir-se-hão em uma Repu- publica independente sob o protectorado da America do orte.») Eu já previa essas novidades, mas contava que os brazileiros ainda tivessem muito patriotismo; mas ouvi sempre me
  • 45. 42 responderem ((que os americanos ja tinham assucar com a conquista de Ha- vana, mas que precisavam de borracha e que essa virá com esses dous Estados do Brazil). Repare o povo brazileiro que o nosso Brazil está a representar o papel da China, que os grandes Leopa1'dos da Europa querem dividir Isso está para nos acontecer. America pelo arte, AlIemanha pelo Sul e Inglaterra pelo centro. Entretanto os nossos homens, em vez de cuidar dos seus deveres, estão á dar bailes e a DESBARATAR as finanças em uma quadra em que o paiz inteiro luta com uma crise, que opprime a população. ão poderia escolher-se peior occasião para o Governo fazer tanta ostentação á custa do suor, das lagrimas e da agonia do povo ... Passe em seus funeraes o esquife da Republica de 15 de ovembro. Elia nasceu amaldiçoada, violal1 clo a Justiça e calcando aos pés as institui- ções, que erão sagradas e caras á Na ão. ElIa morrerá pela inepsia de seus medicos, que a assassina. Os seus sectarios farão delIa o instrumento da banca-rota do paiz e da demolição da unidade nacional.
  • 46. 43 VIII A primeira condição de um povo, cuja sociedélde quer ser bem organisada, é o ter um governo de reconhecida mora- lidade, e honestidade mesmo porque geral menteos actos dos governos refletem sobre os povos, quando estes são bons são um ensino para ó mesmo povo, e quando máu5 só concorrem para o desprestigio dos governados. Estas idéas passaram- me pela mente por causa do desmando e pouca moralidade dos governos da nossa Republica, que parece prim ar em dislates, que alt.rtmente a desacre- ditam. E' o proprio actual ministro da Fazenda que em seu relatorio diz á folhas 3 e 3 V - que o ex-ministro da Fa- zenda o Sr. Bernardino de Campos, emettio sem lei, que o autorisasse a som- ma de cento e dez mil contos: sendo pela primeira vez sete11ta e CZ7lCO mil contos e pela segunda trz'1zta e ànco mil contos sob pretexto de serem emprestados ao Banco ela Republica!!! Ora, tal pretexto não au I orisava a praticar tão grande crime e digo crime porque o nosso Codigo Penal estatuiu o
  • 47. 44 seguinte no art. 240 : - fabricar ou falsi- ficar qualquer papel de credito publico, que se receba nas estações publicas como moeda, pena de prisão cellular de dois á oito annos. Tambem o art. 244 pune com pena de prisão cellular de um á quatro annos os membros e empregados da Caixa de Amortização se deixarem ou consentirem que saia da mesma Caixa qualquer somma, a não ser para troco ou effeito ele substi- tuição, ou para ser entregue ao Thesouro Publico, em vzrtude de lez' que autorúe tal entrega. A' vista da disposição legal, o ex- ministro, Sr. general Bernardino de Campos, os Srs. Directores, os empre- gados da Caixa de Amortização commet- teram o delicto previsto nos arts. 240 e 244 do Codigo Penal. E' evidente que um paiz que tem um Governo que não respeita e se suhmette á lei, que commette crimes desta ordem, é um paiz em deca- dencia e perdido. Com esta norma, como querem que o cambio suba? Neste ponto o Sr.J. Murtinho procedeu bem não en- campando esse crú1Ze de seu antecessor. Outro virá denunciar o Sr. Murtinho tambem pelo seu systema de cremação do papel-moeda.
  • 48. 45 Dizem que sua S. Ex. queima com a direita, mas emitte com a esquerda. In- felizmente já não ha que admirar, porque esta Republica tem andado sempre fóra da lei. Bem diz o rifão-cc o páo que nasce torto nunca se endireita)J. O que faz pas- mar é quererem que o povo esteja satis- feito com taes Governos! No imperio, alguns ministros entra- vam para o ministerio ricos e sahiam po- bres; na Republica é provavel que a cousa não seja assim. moralidade tem ou tra praxe e outra regra. Já que falIa em Republica devo dizer que a peste bubonica-sua irmã gemea, que neste momento nos visita, persegue os ratos e a nossa Republica engorda os seus, que ainda são mais nocivos ao paiz. Sem duvida é preciso 'que o povo d~ cabo de uns e outros, do contrario ficaremos roidos e mortos. E' preciso tambem não esquecer que esse mesmo Sr. Bernardino de Campos era em S. Paulo advogado do Banco União, que reclamava do Go- verno (por lhe ter suspendido a emissão) a somma de pouco mais de mil contos; porém o advogado, que passou a ser mi- nistro da fazenda, mandou-lhe pagar não os mil contos, mas seis mil e novecentos e tantos contos! ! !
  • 49. 46 Já se vê pois que foi bom patrono da causa; isto (~ facto publico e noto- rio: o proprio Sr. Prudente de Moraes, que foi a unica cousa boa que esta Repu- blica produziu, lastimou que o Sr. Ma- noel Victorino consentisse em tal; toda- via assim era preciso, pois o Banco Emissor da Bahia tambem tinha patrono e tambem recebeu sete m,zi contos; era preciso que o patrão e cazxez'ro esti- vessem de pleno accôrdo. Ora o povo, que sabe desses arran- jos não deve estar contente, quando vê seu suor assim devorado, para depois ir-se para S. Paulo ser capitalista e viver-se como nababo e outro ir viajar Europa, em viagem de recreio. Eis a verdade; mas não queiram que Q paiz prospere e tenha credito, quando são elles os primeiros a lhe cavar fundo descredito. Ora, a instituição já por si é tão má; é o caso de dizer-se :-Viva a mo- narchia, que nunca teve proczwadores desta ordem, mas em compensação co· nhecem bem e praticam a chimica de aggravar os impostos, que o povo esma- gam. O povo, que parece habituado a se submetter, ás vezes como camello, atira com a carga no chão. Elle ago-
  • 50. tudo: cumpra eu meu os outros que façam o que 47 nisa, mas os seus governantes riem e vivem felizes, preparando os funeraes da Republica. Eu bem sei que estas verdades duras e crúas irritam, e raros, bem raros, têm a coragem de dizeI-as; é por essa indiffe- rença ou geral covardia que a causa publica periga. AqueIIes mesmos que em particular pensam como eu, reprovam publicamente os meus escriptos : mas, como eu não espero agradar e só desejo, pela minha p?-rte, fal1ar pelo que é justo pouco se me dá das censuras de uns, elos motejos e elas iras ele outros. Tenho ouvido contar que no momento de certa batalha, um almirante inglez dizia aos companheiros de armas:- <r A Inglaterra espera que cada um cumpra o seu dever. » Eis ahi dever civico : enterielerem. IX Nos paizes novos de grandes territo- nos cheios ele riquezas naturaes, edever
  • 51. 48 do seu governo procurar desenvolver essas nquezas e povoar o solo para aSSIm tirar da terra não só tudo que possa aproveitar a alimentação publica como mesmo para exportação,-só de- vendo importar o que não possa produzir, pois, na grande exportação repousa a sua grandeza. Em verdade ,a economia que um paiz que tudo importa e que só vive das rendas aduaneiras, nunca passa de uma colonia explorada pelas grandes nações, pois, cada conto de réis, que cobramos de direitos Ifas Alfandegas, são cinco ou seis contos em libras ster- linas, que temos de pagar aos estran- geiros, o que concorre para o desequilibrio da balança commercial e do cambio internacional. O que tem feito o governo repu- blicano para desenvolver as nossa forças productivas? ·Nada. . Herdou elo Imperio tudo mais ou menos organisado, o sólo já bastante povoado, a viação bastante desenvolvida nas provincias elo Rio, Minas, S. Paulo, Pernambuco, Bahia, Rio Grande e Ceará e outras já em começo; o serviço da immigração feito methodicamente e a contento elos immigrantes.
  • 52. 49 E tanto assim era, que os proprios immigrantes attrahiam os seus parentes e patricios para vir para o Brazil, como, por exemplo, nas provincias de S. Paulo, Rio Grande, Santa Catharina e Espi- rita-Santo. E' verdade que no anno de 1888, a lavoura passou por grande abalo com a libertação dos escravos, mas foram taes os esforços do benemerito Ministerio Ouro Preto, em auxiliar a lavoura, que esta digna e respeitavel classe atravessou a crise horrenda, por- tanto, a lei libertou o nosso solo do trabalho forçado e expurgou o Brazil da mancha-de paiz de escravo. A nossa instrucção publica já tinha attingido a certo gráo de prosperidade, já tinhamos um corpo de engenharia que muito honrava nossa terra e que prestava grandes serviços, quer nas commissões do governo, quer na industria privada. Tudo foi desorganisado em menos de dez annos, nem sequer souberão con- servar o que herdaram, quanto mais au- gmentar-desgraçados filhos prodigos !... Vejam que o de.sgosto é geral. A lavoura de Minas, S. Paulo, já deram o grito de agon'ia e vão entrar na politica para assim mandarem ao Congresso representantes seus como represaIias a esses prorogados
  • 53. 50 que só pensam no subsz"dz·o. E' de suppôr que outros Estados façam o mesmo. Quanto ao commercio-este bôbo alegre -só serve para pagar e dar banquetes e bailes aos prodigos que arrogaram-se di- rigir os nossos destinos. Ainda assim pa- rece que já está disposto a largar a carga e tomar novo rumo. As industrias estão ainda em est3.do quasi que primitivo e não pódem medrar oneradas de imposto. E' no meio de tanto desanimo, e direi mesmo desgraças, que ainda o governo por sua inercia e descuido deixa-nos entrar a peste bubonica para liquidar-nos de uma vez. Digo inercia e descuido, por- que desde Julho que appareceu a peste em Portugal, e desde este momento o go- verno devia fechar os portos da Republica como consta que isso propoz o Chefe da Saude Publica, mas a Republica que é irmã gemea da peste bubonica, tinha inte- resse que sua irmã nos viesse devorar, não para nos castigar ainda mais, como ara ter motivo para abrir creditas extraordi- narios, como já deu principio, conti- nuando assim o esbanjamento da fortuna publica. Já que fallei em engenharia, não devo esqueceor de dizer que ha mais de 500 engenheiros desoccupados por falta
  • 54. 51 de trabalho, e com elles milhares de homens que se empregavam nos trabalhos de estradas de ferro e industrias cor- relatas. E' uma verdadeira tristeza ver uma classe tão util e necessaria condemnada em seu paiz a não ter trabalho. Como não ha de ser assim, pois, os homens da Republica,que só vivem do erario publico venderam e arrendaram as estradas de ferro aos estrangeiros, que trazem pessoal seu e a nossa engenharia que vive do ar, ou que vá plantar batatas. Um pobre pai, que gasta 15:000$, ou 20:000$, para mandar formar engenharia um filho, convencido de que em um paiz novo, como o nosso, essa carreira é de futuro, e depois vê o filho trocando as pernas por falta de trabalho, não póde deixar de amaldiçoar essa gente, que tanto nos tem desgovernado por falta de juizo e de tino administrativo. Senhores republicanos, somos todos brazileiros, tenham mais patriotismo.Os senhores não servem para governo; não têm o preparo preciso; não pódem fazer a felicidade da Patria; não continuem a acabrunhar mais este pobre povo, já agonisante, entreguem a casa aos seus donos, então nós lhes garantimos bem
  • 55. 52 estar,socego, tranquillidade, paz e grande prosperidade para nosso paiz; pois, nós monarchistas, temos a nosso favor um passado bom e honesto; temos mais a ·nosso favor todas as classes conserva- .doras; temos credito mesmo porque os Srs. Rothschilds são hoje nossos chefes, e têm dito que para os senhores nem mais uma de X, e que para a gente velha tudo quanto quizer, mesmo porque elles ( os velhos) prestaram sempre boas contas e têm juizo. Evidentemente estão per- dendo seu tempo e fazendo a desgraça da Patria, ponham as chaves debaixo da porta. e retirem-se, que nós salvaremos o paiz. Muitos dos senhores serão apro- veitados na nova ordem de cousas, pois, é fóra de duvida que os senhores arruinarão tudo, se deixarem ainda pódem dar alguma sorte, pois, o Prudente irá para o Conselho de Estado (por ser o melhor de todos), o Glicerio irá para Consul em Sen"a Leôa, o nosso actual Presidente será nomeado Duque do Ba- nharão, mesmo porque S. Ex. tem mais geito para aristocrata do que para demo- crata, e dará um titular magnifico. Eis ahi o que resta a fazer. Tenham as virtudes do patriotismo; retirem-se em paz e dêm graças infinitas ao céo.
  • 56. 53 x o advento da Monarchia é facto que se imiioem pela força das circumstancias, não porque os monarchistas tenham feito esses esforços, que em verdade não são precisos, porém, sim, pelo modo por que os homens do actual Governo vão distribuindo justiça e admz1zz"strando. São eIles os melhores elementos pro- motores da restauração. São eIles os pri- meiros a destruirem sua obra de 15 de ovembro. São eIles os maiores car- rascos deste pobre povo, que já não sabe como Viver. São elIes, pela sua pessima orien- tação, que trouxeram o cambio a menos de 7. São eIles, finalmente, os maiores e permanentes inimigos do actual regimen. Não póde deixar ele ser assim, por- que a Republica não póde fazer a felici- dade desta grande Patria. Creada e alimentada por longos an- nos pela fórma monarchica - verdadeiro governo do POyO pelo povo, e para o povo, governo de responsabilidade minis- terial, governo de moralidade adminis- tractiva, governo que só faz o bem pu-
  • 57. 54 blico, governo barato, governo da con- fiança da Nação e do estrangeiro, governo da razão, emfim, governo patriarchal, que por longos annos fez a felicidade publica e deixou um grande patrimonio, que foi desbaratado em pouco tempo pela njJlt- blz'ca, a qual nada tem feito que a possa recommendar perante á posteridade, a qual só cuida de decretar impostos para sobrecar-regar o povo. Haja vista o novo orçamento, que traz em seu bojo cerca de (50.000:000$) àncoenta mil contos de z"nzpostos, que serão cobrados em Janeiro proximo. Pobre povo, infeliz lavoura, mala- venturado commercio tão sobrecarregado pelo Congresso dos prorog-ados que, com suor dessas classes vão passando a vida folgada com seus 75$ por dia, ganhando tal jornal não para legislar em bem da Nação mas bem de seus interesses. Tudo contra o povo, Esses Srs. szlenàosos da Persia não tiveram patriotismo. Devem fechar essa tavenza, devem ir pregar em outra Ire· g-uezia e fazer elegerem-se ou nomea- rem-se para nova legislatura; deixando- nos gozar esse fim de seculo em paz. E' de suppor que, no novo seculo, já os senhores não virão fazer mais a
  • 58. 55 nossa felz'údade. Sim, vão gozar do que ganharam e lembrem-se do mal que fize- ram a esse povo tão submisso e digno do Governo que tem. Mas como a justiça divina póde tardar, sendo infa1livel e certa, póde muito bem ser que esse povo tão mar- tyrisado, ainda venha a ter dias feli- zes e tenha sua hora de regeneração, tendo um Governo patriota de recon- strucção nacianal, que, composto de homens praticos e de valor moral e intel· lectuaJ, venha reconstruir o paiz, sal- vando-o da banca-1-ôta, cuidando dos in- teresses da Lavoura, Commercio e In- lustria, que são as classes dirigentes e aquel1as, que trabalham para encher o nosso organismo financeiro, apoiando-se nas classes conservadoras e não em de- voradores dos orçamentas. em jatyz'otas que só cuidam de s'i e dos seus. Os il1ustres Deputados os 5rs. Ser- zedello Corrêa e Enéas Martins,em artigo publicado no Jonta! do Commerúo de 8, sobre a politica do Pará, concluem, dizendo: cc Se a Republica tem de ser sso, a quietude apodrecida do pantana, a subserviencia re:;ignada do galé, a ordem lugubre das necropoles, a odienta divisão
  • 59. 56 dos filhos de uma mesma Patria em proscriptos para todo o sempre e em olygarchos que só a revolução affron- tosa póde sorprehender e derribar, mais vale, então, que ng1/essemos em nome da consciencia e da moral.» A' vista do que dizem, mostram que o arrependimento é proprio do bom christão. SS. EEx. voltam para a Monar- chia; que serão bem aceitos, mesmo porque no meu partido ha lugar para to- dos os brazileiros; neIle todos têm largo campo para suas aspirações, quer na poli- tica, quer na administração, quer na diplomacia, quer nas lettras, emfim a Mo- narchia é uma instituição tão boa que dá para tudo, (quero dizer o bem). Venha, pois, para cá a rapaziada in- teIligente, que será recebida de braços abertos e será aproveitada toda aptidão, tanto mais que o illustrado Sr. Dr. Ser- zedello Corrêa já foi meu alliado, e bem me lembro do que S. Ex. disse no dia 16 ele Maio de 1888 no então Imperial Theatro D. Pedro II, em uma festa abolicionista. Dizia então o joven capitão, diri- gindo-se ao camarote, onde estava a nos- sa futura Imperatriz:-Senhora, o vosso
  • 60. 57 Throno será tapetado com as 1zossas fardas, <ligo, não só no mezt nome como no de minha classe (o exercito). Estas palavras do joven capitão fo- ram cobertas pelas salvas de palmas de todos os presentes, inclusive quem escreve estas linhas, que foi, é e será sempr~ o mesmo. Seja bem vindo; venha, meu illustre correligionario, que não só será resti- tuido na sua patente de tenente-coronel como desde já lhe garanto sua promoção .a coronel e ainda mais se eu for no- meado Presidente para a provincia do Pará; quando (fallo Provz1záa) é territorio e não jornal. Prometo - lhe elege-lo senador; quanto á escolha,-essa pertence a nossa Imperatriz que bondosa, como é, se lem- brará daquella promessa, que não foi cumprida, mas, que ainda poderá ser, mesmo porque S. Ex. hoje é homem pratico e tem experiencia do que valIe a Republica, do que valle uma condeco- ração no peito de um official catita como S. Ex., e como S. Ex. terá no exercito ·0 mesmo posto, que tenho na nobre e distincta milícia civica- o de coronel; ficaremos com os nossos peitos cheios de .condecorações inclusive a da"futura or-
  • 61. / 58 dem de D. Pedro II, que será a mais nobre do 30 .lmperz"o; e tão bonitos ficaremos que havemos metter inveja ao nosso amigo o Sr. General Pires Fer- reira, mesmo porque as delIes não vin- garam e morreram na 3~ discussão. Já que falIo no nosso amigo o Sr. General Pires Ferreira, pretendo agra- ciaI-o com o titulo de Conde de Theresina, e o mesmo pretendo fazer com outros amigos, pois, o 3.0 .lmperz·o terá um apoio na militança correspondente á de- dicação, quasi unanime, que o povo tem pela dynastia do fundador do Imperio, apoio, que não manifesta pelo temor da compressão e violencia. A nação biazileira está por demais convencida que um povo sem religião nada vale. ] á que falIo em religião devo dizer que se continuar a Republica, o Brazil será inhabitavel daqui a vinte annos, pois, estes moços, que hoje têm doze a vinte annos, que nos terão de go- vernar mais tarde, são, quasi todos, com raras excepções, contistas, jacobinistas, espiritistas, Florianistas, creados e edu- cados sem religião nem educação civica, o que farão quando forem governo? Não deixarão ficar pedra sobre pedra: Santo Deus, quantas desgraças,
  • 62. 59 quantas vinganças, quantas maluquices não serão praticadas? ! Felizmente já sou elho e elles não me apanharão mais, porém, os meus filhos, que têm sido educados nos princi- pios religiosos, no dever ci ico e nos principios, que sempre professei, terão de soffrer muito, todavia, como a fé é tudo no homem, ainda espero que a nova rapaziada salvará o futuro da Patria e será regenerada e que as taes idéas sejam postas á margem assim Deus queira; ameno Concluindo esta série de artigos cumprimento os meus adversarios de hoje e espero que fiquem meus correli- gionarios, porque na Monarchia me encontrarão sempre a seu serviço. MALVINO REIS. Rio, 13 de Novembro de 1899.
  • 63. 1vt;f/4<$6 o 2./ o 3 c.... 2...5" J;,,~