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AS MENTIRAS DE ESTADO E DO ESTADO – PARTE II1
01/04/19
“Um tolo está sempre pronto a
alvoroçar-se perante qualquer teoria
ou discurso”.
Hieráclito2
E aqui chegamos às tais mentiras do Estado do actual regime.
E a primeira é logo a da diabolização do regime anterior, conhecido por “Estado
Novo”. E, para isso, basicamente o que dizem dele e dos seus principais próceres,
nomeadamente do Professor Salazar é, basicamente, tudo mentira tanto na substância,
como na forma e nas intenções.
Depois vem a sacrossanta “guerra colonial”, que nunca existiu, e de que dizem o
que Maomé não se atreveu a dizer do toucinho, como se usa dizer.
Também nisto não têm pingo de razão, pois tratou-se uma guerra justa, nacional,
patriota, de direito, defensora dos interesses portugueses, de legítima defesa e apenas um
continuado prolongamento da nossa atribulada História.
Guerra (de guerrilha) em que não tínhamos, desde a Guerra da Restauração, tão
bom desempenho e com muito menos sacrifícios.
Ora estas mentiras inquinaram tudo e passaram a influenciar tudo, sobretudo
porque condicionaram psicologicamente uma grande parte da população.
A partir daqui nasceram mentiras menores que vão desde o que inventaram sobre
a figura do Cônsul Aristides Sousa Mendes, ao afirmarem, com ar sério, que estamos
perante a geração mais bem preparada de sempre!
O que se tem aduzido sobre a figura do cônsul – que não tem culpa nenhuma do
que fizeram dele na actualidade – visou sobretudo interesses sionistas e atacar a figura do
fundador do Estado Novo, o que deu origem a um chorrilho de disparates e mentiras a
que todos os órgãos de soberania deram o seu aval – a que tinham resistido –
aparentemente até duas visitas a Lisboa de um congressista luso-americano, de seu nome
Tony Coelho.
A mentira da propagandeada geração mais bem preparada é uma falácia de
inacreditável desvergonha baseada, ao que se supõe, no facto de nunca ter havido tanto
diploma distribuído.
Só que distribuir diplomas não é sinal que os “alunos” estejam bem preparados,
pois a falência generalizada do ensino em Portugal é possivelmente o maior “calcanhar
de Aquiles” do País, lançando na sociedade todos os anos, dezenas de milhares de
“cidadãos” muito mal preparados para a vida em todos os âmbitos (intelectual, cultural,
físico, cívico, moral, etc., o que tem sido extraordinariamente agravado pela crise em
queda livre da família tradicional; do fim do Serviço Militar Obrigatório e a doentia
dependência tecnológica (como os telemóveis, videojogos, internet, etc.).
Como pano de fundo temos a mentira do “Relativismo Moral”, que é o pior de
todos os cancros; é transversal a tudo e impede qualquer matriz referencial que possa
orientar e dar coerência, seja a que actividade humana for.
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Nem a propósito do 45º aniversário do 25 de Abril…
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Éfeso 540-470 A. C. Filósofo pré-socrático, considerado o “pai da Dialética”. Recebeu a alcunha de “o
Obscuro”.
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Ilustremos algumas outras mentiras “de Estado e do Estado”:
- Mário Soares é o pai da Democracia; mentira, o pai do regime democrático,
como ele é descrito maioritariamente, foi o bacharel Manuel Fernandes Tomás, principal
responsável pela implantação do Liberalismo em Portugal, em 1822;3
- O PCP é patriota; perdão? Como é que se pode considerar “patriota”, um partido
que desde a sua fundação esteve sempre obediente a uma potência estrangeira, através do
seu partido totalitário, chamado Partido Comunista da União Soviética?
- A Democracia é o menos mau dos Sistemas Políticos; mentira é o “pior” dos
regimes políticos, pois é aquele que entra no âmbito psicológico e melhor engana o
cidadão votante, pois fá-lo acreditar que pode “influenciar” alguma coisa;
- O Golpe de Estado do 25 de Abril foi feito para restaurar a Democracia e a
Liberdade em Portugal; mentira, foi feito por causa do Decreto-Lei 353/73 de Julho desse
ano, que interferia na normal promoção dos oficiais do Quadro Permanente das Forças
Armadas e por um desentendimento que o então General Spínola teve com o Professor
Marcello Caetano;
- Os Partidos Políticos são indispensáveis à Democracia; mentira, os Partidos
Políticos são, por norma, os coveiros da Democracia (pelo menos entre nós); e já houve
quatro tentativas fracassadas, que colocaram Portugal de pantanas!
- Os encontros semestrais entre os governos de Portugal e Espanha foram, até há
bem pouco tempo, chamadas cimeiras ibéricas; pois foram, mas é mentira, foram sempre
luso - espanholas, pois não se deve confundir uma realidade geográfica com duas
realidades políticas, coisa que o Estado Português levou mais de 30 anos a perceber;
- Cristóvão Cólon era genovês e trabalhou para os Reis Católicos; é mentira, já se
consegue provar que o Cristóvão Cólon não é o Colombo italiano e não há a certeza para
quem ele “trabalhava”;
- Não se reconhece juridicamente Olivença como fazendo parte de Espanha, é
certo, mas nada se faz para a sua retrocessão para a sua Pátria – tão pouco se fala no
assunto;
- Os pais da agora União Europeia são o Jean Monet, De Gaspari, Robert
Schuman, Konrad Adenaur, Paul-Henri Spaak, Johan Beyen, Joseph Bech e outros, como
Winston Churchill (desde que a Grã-Bretanha não pertencesse…) e todos os “clássicos”
com que nos enchem os ouvidos; é mentira, os pais da UE, são o “estranhíssimo” (e vou
ficar por aqui) político Conde Richard Coundenhove - Kalergi e o seu Movimento Pan-
Europeu;4
- O “Poder Local” é uma das conquistas de Abril e um sucesso do regime; é
mentira, o Poder Local é um feudo dos Partidos; uma extensa rede de nepotismos; um
desregramento de gastos; um poço de dívidas; o reino das taxas e taxinhas; da
especulação imobiliária; do envelope por baixo da mesa; da pouca-vergonha do IMI; do
“complexo de quinta”; do deslumbramento das “rotundas”, etc.;
- O Serviço Nacional de Saúde (SNS), esse sim, podemos orgulhar-nos! Mentira,
o SNS tem pessoal dedicado; organização razoável e um serviço assistencial que não
deslustra, mas o seu custo é incomportável e incompatível, com a nossa economia e
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Figueira da Foz, 30/6/1771 – Lisboa, 19/11/1822.
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Tóquio, 16/11/1894 – Schruns, Áustria, 27/7/1972. Começou por ser Austro-Húngaro, depois
Checoslovaco e finalmente Francês. Filho do Conde Henrich Von Condenhove-Kalergi e da aristocrata
japonesa Mitsuko Aoyama.
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poupança; o desregramento financeiro era pavoroso; o negócio com as obras hospitalares
(como o das escolas) merecia “mil” investigações da PGR; o número de “meios
materiais” que “desaparecem” ao longo da cadeia que vai da mulher-a-dias ao topo da
hierarquia está longe de ser despiciendo; acrescenta-se o descontrolo relativo a
medicamentos e acções complementares de diagnóstico e o duplo ou triplo emprego, etc..
Quando o Governo recentemente começou a cortar verbas; acabou com a
escandalosa abundância de horas extraordinárias e caiu na asneira de reduzir as horas de
trabalho semanais para 35, o sistema começou de imediato a entrar em colapso;
- O PR, o Governo, o Parlamento, passam a vida a elogiar as Forças Armadas e a
dizer que está tudo bem, enfim, “há falta de meios, mas o país não pode pagar mais, mas
as missões não estão afectadas”, etc. É mentira; os conflitos institucionais estão sempre
presentes; as palavras são de circunstância; a tropa está de rastos e tem falta de tudo, há
décadas. Não há, aliás, instituição/empresa/sector, em todo o País, que tenha sido mais
mal tratado. Está tudo preso por fios como o triste caso de Tancos, finalmente
evidenciou, com estrondo. Até agora ninguém retirou ilações do caso, que está longe de
estar resolvido. Esta componente fundamental da Defesa Nacional é, pois, uma
grandessíssima mentira e a Defesa, no seu todo, ainda é maior;
- Andam sempre com a frase (tirada do contexto) do Pessoa de que a “minha
Pátria é a língua portuguesa”, como expoente da importância que dão à língua e
respectiva cultura; mentira, se assim fosse não se teria assinado o negregado “acordo
ortográfico”, cedendo a interesses brasileiros, subalternizando-nos; não apoiam as
comunidades portuguesas e outras que querem manter ligações culturais a Portugal e,
pior que tudo, abarracaram o ensino do português aos próprios descendentes dos “que de
luso ou lisa, filhos foram, parece, ou companheiros”!
- A quebra catastrófica da natalidade e o facto de os casais não quererem ter
filhos, é das fracas condições sociais e económicas; mentira, se assim fosse ninguém
tinha filhos desde o Afonso Henriques! É justamente por as condições terem melhorado
que o pessoal não quer ter descendentes, pois o seguro de vida antigamente, para a
velhice, eram justamente os filhos. Mas não só, seguem-se muitas outras razões: em
primeiro lugar aumento exponencial dos métodos contraceptivos, com destaque para a
“pilula”; depois o feminismo, a homossexualidade e a propaganda do aborto; finalmente
o materialismo, o hedonismo e outros “ismos”, bem como a “despromoção” da
maternidade a uma coisa menor, etc.. Dá um livro;
- Para combater o inverno demográfico temos de chamar e acolher imigrantes e
migrantes; mentira, o que temos que fazer é justamente combater todas as causas da
quebra da natalidade; evitar que os portugueses emigrem; combater as redes de tráfego
humano; dignificar o trabalho; repor as escolas técnicas e deixar de querer que todos
sejam “doutores”; combater o preconceito de que há boas e más profissões, mas sim bons
e maus profissionais; deixar de pactuar com a subsídio - dependência e com a cáfila de
aleijados morais que por aí abundam, etc.. E acabar de vez com a pouca vergonha que
nos rebaixa, de andar a oferecer e a vender a nacionalidade portuguesa como não se
contratam “serviços” num prostíbulo. Medidas que tardam;
- Os fogos florestais são causados pelas mudanças climáticas, desordenamento
florestal e falta de limpeza! Mentira, os fogos são causados por mãos humanas, quer por
dolo ou por incúria!
Chega, não direi mais.
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De tanta mentira, passámos a conviver com ela como se fosse uma coisa normal.
A única coisa que ainda fazemos como comunidade e individualmente é, entre
duas garfadas de comida e um copo (nisso a verdade existe…), refinarmos o cinismo e
mantermos o sarcasmo nas piadas que sempre aparecem como cogumelos.
É curto.
Por tudo isto se pode concluir que a maioria dos agentes do Estado, a começar
naqueles de categoria mais elevada, mentem e mentem extensivamente. E calar uma
verdade também é mentir. Dizer uma coisa hoje, e o seu contrário amanhã; não cumprir
as promessas eleitorais, não assumir responsabilidade sobre nada, também é mentir, além
de demonstração de muito fraco carácter. A frase “o Estado tem de ser servido por
pessoas sérias”, daria um bom “título”, mas até hoje nunca a vimos publicada em nenhum
manifesto eleitoral…
O que se passou e passa, com a situação da banca e das finanças nacionais é disso
uma evidência bárbara e criminosa.
De tanto se mentir cuido até, que já nem se dão conta de que o fazem, pois a
vergonha, se alguma vez existiu, há muito se lhe perdeu o rasto.
Para já não falar nos seguidores de Lenine, para quem uma mentira repetida mil
vezes torna-se uma verdade.
No fundo para todos aqueles para quem os fins justificam os meios. E esses não
ficam “alvoroçados” pois não são tolos.
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto-Aviador (Ref.)