SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
A SECA NO SERTÃO E O DEBATE SOBRE A CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO
                                           BRASILEIRO


                                                                             Sérgio Botton Barcellos
                                                                                      Maciel Cover


       O Semiárido brasileiro abrange uma área de 969.589,4 km² com 1.133 municípios de 09
estados do Brasil: Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Sergipe. Nessa região, vivem 22 milhões de pessoas, que representam 11,8% da população
brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
       A tradicional e naturalizada divulgação de seca no Nordeste feita pela mídia, durante o ano
de 2012, pode ser considerada a mais forte estiagem dos últimos 50 anos e está ocorrendo há meses
no semiárido nordestino, nos vales do Jequitinhonha em Minas Gerais e do Mucuri no Espírito
Santo. A previsão é que a seca ou a estiagem tende a se agravar no início de 2013, devido à
instabilidade climática no Oceano Pacífico com a manifestação do La Niña. Essa situação climática
e a falta de condições estruturais para lidar com a mesma estão afetando diretamente em torno de 10
milhões de pessoas.
       A região mais acometida do semiárido nordestino é o estado da Bahia com cerca de 230
municípios atingidos. Municípios de Alagoas e Piauí também estão há meses sem chuvas. Segundo
dados divulgados periodicamente pelo Ministério da Agricultura (MAPA), 08 municípios da Zona
da Mata em Pernambuco estão em situação de emergência devido à estiagem. No Maranhão, a
estiagem chegou a municípios do litoral, como o de Barreirinhas nos Lençóis Maranhenses. Na
Bahia, o número de cidades afetadas chegou a 259, quase a totalidade dos 266 situados no
semiárido. No Norte de Minas Gerais, 125 municípios estão em situação de emergência devido à
seca, inclusive com a seca de barragens.
       Ao todo, segundo o Ministério da Integração Nacional, 525 municípios da região estão em
situação de emergência e outros 221 sofrem efeitos da estiagem e aguardam avaliação da Secretaria
Nacional de Defesa Civil.
        De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/ INPE e o
INMET, a previsão climática para o trimestre de Dezembro, Janeiro e Fevereiro de 2012-2013 tem
40% de probabilidade de ocorrência de precipitação na categoria abaixo da normal climatológica,
para grande parte da Região Nordeste, exceto extremo sul e sudoeste da Bahia. A situação poderá se
agravar mais ainda caso não ocorra à precipitação esperada para os próximos meses, pois centenas
de outras cidades poderão ter seu serviço de abastecimento de água afetado e entrar em colapso.
Em 512 anos, o semiárido nordestino chegou a sua 72ª grande estiagem, segundo relatos
históricos da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Percebe-se que temas como falta de água,
desabastecimento, racionamento, rodízio, revezamento, colapso e carro pipa são recorrentes quando
se refere à seca ou estiagem no nordeste brasileiro.
       A pouca chuva é típica das regiões semiáridas. No caso brasileiro, isso tem se intensificado
pelos danos ambientais cometidos, o descontrole e a concentração do uso da água pelos grandes
proprietários rurais e as elites locais. Contudo, os impactos decorrentes da estiagem no semiárido
são históricos e perduram, além da questão climática, podendo ser identificados como um processo
socioambiental e econômico mais amplo que constitui a reprodução social do sistema capitalista ao
longo da história no Brasil.


A ESTIAGEM, A INDÚSTRIA DA SECA E ALGUMAS PROVOCAÇÕES PARA O
DEBATE


                                                                           “Mas plantar prá dividir
                                                                           Não faço mais isso, não.
                                                                          Eu sou um pobre caboclo,
                                                                           Ganho a vida na enxada.
                                                                          O que eu colho é dividido
                                                                        Com quem não planta nada”.

                                                                      Sina do Caboclo - João do Vale


       O semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Segundo dados sistematizados
pela ASA e divulgados pelo Ministério da Integração Nacional, 58% da população considerada em
situação de pobreza no Brasil vive nessa região. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no
Semiárido é considerado baixo para aproximadamente 82% dos municípios, que possuem IDH até
0,65, estimando-se que 62% da população vivem sem as condições necessárias para a manutenção
de uma vida digna em relação aos indicadores de renda, educação e longevidade.
       Atualmente 67% das famílias situadas na zona rural dos estados que compõem o semiárido
não possuem acesso à rede geral de abastecimento de água, sendo que 43% utilizam poços ou
nascentes e 24% utilizam outras formas de acessar a água, inclusive a busca em fontes distantes.
Estima-se que grande parte das terras da região é formada por pequenas propriedades e apenas 5%
da população têm água para irrigação de plantações, seja por tubulações ou por cisternas especiais.
A estiagem e a falta de planejamento dos gestores fizeram surgir o comércio paralelo de água que
não é mineral e não traz garantias de qualidade para cozinhar e para o consumo humano.
       Desse modo, as questões sociais como a desigualdade social, os conflitos socioambientais e
a concentração fundiária estão ainda presentes de forma variada e constituem a história do
desenvolvimento capitalista nessa região do Brasil, mesmo que a causa das questões relacionadas à
miséria no nordeste recaiam sobre os fenômenos climáticos vinculados a ocorrência das secas.
       A partir disso e das estrondosas divulgações de calamidade pública na região, uma
determinada elite econômica e política têm acesso, em grande medida, a recursos governamentais e
verbas de emergência, anistia e renegociação das dívidas, a construção de açudes e a implantação de
irrigação que trazem benefícios para eles próprios em suas propriedades. Sob essas condições, em
geral, se constituem as relações de dominação política e econômica sobre a maioria do povo
nordestino.
       Segundo o Mapa de conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, a maioria
dos conflitos socioambientais, cerca de 29,45%, estão ocorrendo na região nordeste com destaque
para os estados da Bahia e Pernambuco. Cabe destacar, que na região do semiárido também se situa
a atual fronteira de expansão capitalista do país, com o agronegócio, o ciclo da mineração e as
inúmeras obras de infraestrutura, como hidrelétricas, rodovias e a transposição do São Francisco.
       As grandes obras, como a transposição do Rio São Francisco, que se justificam pelo
discurso de levar água a maioria da população do semiárido estão causando uma série de impactos
socioambientais, econômicos e emigratórios, como aponta o estudo de Evangelista (2012),
sobretudo para populações locais subjugadas as consequências desse impacto forçado sobre suas
vidas. No semiárido, muitos açudes de pequeno, médio e grande porte foram construídos, em sua
maioria, em terras dos grandes proprietários, sem acesso para os moradores das fazendas ou
pequenos agricultores familiares. Constata-se também que em muitos locais do semiárido realiza-se
ainda a adoção de medidas emergenciais de combate a seca que são incompatíveis com a
diversidade, as características fisico-climáticas e etnoculturais da região (Alves da Silva, 2003).
       Diversas instituições de Estado, nos governos municipais, estaduais e federal estão presentes
historicamente no semiárido e ora colaboraram com a manutenção e a constituição da indústria da
seca, ora para amenizar as condições precárias de vida na região. Além das forças repressivas
policiais na caatinga, há instituições federais presentes no semiárido como a Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(DNOCS) e suas companhias, como a de Desenvolvimento do Vale do São Francisco
(CODEVASF), e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
       Entre esse conjunto de características socioambientais, históricas, políticas e institucionais
contidas no semiárido brasileiro constituiu-se o que se conhece como "indústria da seca", que
configura-se como um modus operandi político que mantém as condições socioeconômicas de
desigualdade social da região, tendo como subterfúgio não adotar políticas públicas para a
convivência no semiárido e que possibilitem as condições necessárias para a autonomia e
emancipação dos diversos projetos de vida nesse espaço. Evidencia-se que esse conjunto de fatores
delineiam relações de concentração econômica e de poder político em prol de determinados e
restritos grupos sociais e familiares.
       A partir desse cenário parece ser possível fazer o debate sobre o caráter do conjunto de
políticas públicas e do arranjo social que, de certa maneira, colaboram em grande medida com a
manutenção da desigualdade social no semiárido, mesmo com a atual ocorrência de mudanças
sociais consideradas positivas, no cenário de dependência e da correlação de forças desiguais, com
os programas e redistribuição de renda do governo federal.
       A evidência de que a “fórmula” das medidas emergenciais não muda em relação às políticas
públicas é, por exemplo, no que tange a recente estiagem, a criação de uma linha no Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) no valor de R$ 1,5 bilhão com foco nos
pequenos produtores rurais, o pagamento do seguro Garantia Safra, o pagamento da Bolsa Estiagem
(no valor de R$ 400 por família), a abertura de uma linha de crédito com juros reduzidos e o crédito
extraordinário de R$ 164 milhões para distribuição de água por meio de caminhões-pipa. Já o
Ministério do Desenvolvimento Social- MDS vem adotando Ações Emergenciais de Enfretamento
aos Efeitos da Estiagem. O que parece ter sido o diferencial foi à manutenção do convênio com a
ASA, após diversas manifestações das organizações e movimentos sociais, do Programa Um
Milhão de Cisternas (P1MC) (política de convivência com o semiárido que já beneficiou mais 300
mil de famílias).
       Parece estar mais do que evidente a ausência de políticas públicas efetivas, por parte dos
governos, que promovam as condições necessárias de convivência com as singularidades
socioambientais do ecossistema semiárido brasileiro e do bioma da caatinga. Para isso parece ser
necessário não renegar ou combater as características climáticas da região insistindo em promover
um modelo de progresso econômico e produtivo anacrônico a essa realidade com a concentração de
terra, de riqueza, recursos públicos e tornando o semiárido uma região inóspita para a maioria do
seu povo viver.
       Nesse sentido, urge a necessidade de debater efetivamente a reforma agrária, o fomento e o
estímulo ao desenvolvimento de tecnologias sociais para o manejo dos recursos hídricos e alimentos
(além das políticas ineficientes e inadequadas em irrigação), bem como o estímulo a uma produção
agropecuária contextualizada e apropriada ao ecossistema local. Também parece ser necessário
rever os aspectos normativos, o perfil político e tecnoburocrático das instituições e agentes que
gerenciam as políticas públicas na região do semiárido.
       A dominação social, os preconceitos regionais e socioambientais sobre o povo do semiárido
em grande parte têm sua eficácia marcada pelo fato de ser ignorada. Observa-se que os debates e as
disputas políticas para o aprimoramento e a ampliação de outro conjunto de ações e políticas
públicas estão em pauta nessa região, apesar de silenciados ou ignorados pelas esferas de governo e
a grande mídia. Ao mesmo tempo, o esforço de gerar outro ciclo de políticas públicas com as
organizações e movimentos sociais do semiárido, também terá que abranger a ampliação da
discussão sobre democracia, emancipação e autonomia social em vistas de fragilizar cada vez mais
os resquícios de coronelismo e clientelismo, bem como o mandonismo político que está presente em
vários redutos dessa região.
       Outra questão, que pouco se comenta é como e quando vai ocorrer o desenvolvimento e o
fomento de tecnologias avançadas em metereologia para o aprovisionamento e o planejamento
público sobre às possíveis intempéries climáticas, como as longas estiagens, que afetam as distintas
regiões do Brasil. Além da notória falta de sensibilidade social dos nossos governantes, evidencia-
se descaso e a falta de um projeto nacional e soberano de ciência e tecnologia com políticas
apropriadas à diversidade social e regional do Brasil (Fonseca, 2007).
       Ressalta-se, que forjar outro projeto de desenvolvimento para o semiárido e de políticas para
a convivência nesse contexto não está contida na proposição da sua inclusão em um modelo
econômico competitivo e excludente apoiado por políticas públicas altamente burocratizadas,
elitizadas e sem capilaridade social, como por exemplo, os históricos projetos de poços artesianos,
irrigação e a recente transposição do Rio São Francisco. A formulação de outro ciclo de políticas
públicas no semiárido terá de ocorrer junto com a construção de um projeto de desenvolvimento
socioambiental para o país em conjunto com a sociedade. Diante disso, uma provocação que pode
ser feita é: Como apresentar e construir o intercâmbio do conjunto das experiências e tecnologias
sociais desenvolvidas no semiárido junto aos governos, organizações e movimentos sociais na
formulação, gestão e monitoramento de políticas públicas COM a sociedade?
       Caberá ao atual governo federal fazer a sua parte nesse processo de debate sobre as
mudanças necessárias no semiárido brasileiro, mais do que já vem fazendo, e parece ser esse mais
um dos seus desafios para 2013, que é o de estimular e viabilizar esse processo de elaboração e
efetivar políticas e programas, a médio e longo prazo, de convivência com essa região.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Desenvolvimento e agroindustria familair
Desenvolvimento e agroindustria familairDesenvolvimento e agroindustria familair
Desenvolvimento e agroindustria familairGilson Santos
 
Revisao ifba geografia
Revisao ifba geografiaRevisao ifba geografia
Revisao ifba geografiaAdemir Aquino
 
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014Fernando Júnior Antunes
 
áGua no mundo e seus gigantescos problemas
áGua no mundo e seus gigantescos problemasáGua no mundo e seus gigantescos problemas
áGua no mundo e seus gigantescos problemasFernando Alcoforado
 
Aulão de Vespera Colegio Ambiental
Aulão  de Vespera Colegio AmbientalAulão  de Vespera Colegio Ambiental
Aulão de Vespera Colegio Ambientaljoao paulo
 
Revisão Comentada Enem 2016
Revisão Comentada Enem 2016Revisão Comentada Enem 2016
Revisão Comentada Enem 2016joao paulo
 
Requerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - Desertifcação
Requerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - DesertifcaçãoRequerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - Desertifcação
Requerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - DesertifcaçãoOlivânio Remígio
 
A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...
A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...
A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...Fernando Alcoforado
 
Gestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlântica
Gestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlânticaGestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlântica
Gestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlânticaChristiano Schiffler
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.okAGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.okRoberto Rabat Chame
 
Subsídio 4 por uma geopolítica da água
Subsídio 4 por uma geopolítica da águaSubsídio 4 por uma geopolítica da água
Subsídio 4 por uma geopolítica da águapaulistaluna
 
O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02
O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02
O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02Coletivo Alternativa Verde
 

Mais procurados (20)

A questao da agua no mundo e no brasil
A questao da agua no mundo e no brasilA questao da agua no mundo e no brasil
A questao da agua no mundo e no brasil
 
Desenvolvimento e agroindustria familair
Desenvolvimento e agroindustria familairDesenvolvimento e agroindustria familair
Desenvolvimento e agroindustria familair
 
Revisao ifba geografia
Revisao ifba geografiaRevisao ifba geografia
Revisao ifba geografia
 
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
Mudanças climáticas se tornam debate urgente em 2014
 
Percepção Ambiental e a Sociedade-C1
Percepção Ambiental e a Sociedade-C1Percepção Ambiental e a Sociedade-C1
Percepção Ambiental e a Sociedade-C1
 
áGua no mundo e seus gigantescos problemas
áGua no mundo e seus gigantescos problemasáGua no mundo e seus gigantescos problemas
áGua no mundo e seus gigantescos problemas
 
Aulão de Vespera Colegio Ambiental
Aulão  de Vespera Colegio AmbientalAulão  de Vespera Colegio Ambiental
Aulão de Vespera Colegio Ambiental
 
Revisão Comentada Enem 2016
Revisão Comentada Enem 2016Revisão Comentada Enem 2016
Revisão Comentada Enem 2016
 
Regiões hidroconflitivas
Regiões hidroconflitivasRegiões hidroconflitivas
Regiões hidroconflitivas
 
Desertificação climátic alll
Desertificação climátic alllDesertificação climátic alll
Desertificação climátic alll
 
Requerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - Desertifcação
Requerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - DesertifcaçãoRequerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - Desertifcação
Requerimento 30-2015 - OLIVÂNIO - Desertifcação
 
A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...
A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...
A escassez da água como causa de conflitos internos e internacionais no sécul...
 
Revista da àgua
Revista da àguaRevista da àgua
Revista da àgua
 
Influencia
InfluenciaInfluencia
Influencia
 
Gestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlântica
Gestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlânticaGestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlântica
Gestão sustent agroecossist em assent rurais na mata atlântica
 
Fusao semad
Fusao semadFusao semad
Fusao semad
 
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.okAGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS Nº 539 an 01 setembro_2015.ok
 
Subsídio 4 por uma geopolítica da água
Subsídio 4 por uma geopolítica da águaSubsídio 4 por uma geopolítica da água
Subsídio 4 por uma geopolítica da água
 
Revista2
Revista2Revista2
Revista2
 
O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02
O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02
O mar nao ta pra peixe. Conflitos socio-ambientais na Baixada Santista. Parte02
 

Semelhante a A estiagem, a indústria da seca e o debate sobre políticas públicas no semiárido brasileiro

O territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e socialO territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e socialUNEB
 
O territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e socialO territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e socialUNEB
 
Considerações sobre o clima e os recursos hídricos
Considerações sobre o clima e os recursos hídricosConsiderações sobre o clima e os recursos hídricos
Considerações sobre o clima e os recursos hídricosHelvecio Filho
 
A SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
A SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCOA SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
A SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCOrisomar patrícia
 
Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...
Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...
Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...prbeiro
 
A luta pela agua no semiarido
A luta pela agua no semiaridoA luta pela agua no semiarido
A luta pela agua no semiaridoSabrina Thamago
 
recursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasil
recursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasilrecursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasil
recursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasilgbruck53
 
ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...
ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...
ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...JONATASPEDRODOSSANTO
 
Campanha da Fraternidade 2017 - Formação
Campanha da Fraternidade 2017 - FormaçãoCampanha da Fraternidade 2017 - Formação
Campanha da Fraternidade 2017 - FormaçãoRodrigo F Menegatti
 
Apresentacao ppt formacao_cf2017_pk
Apresentacao ppt formacao_cf2017_pkApresentacao ppt formacao_cf2017_pk
Apresentacao ppt formacao_cf2017_pkcatequizzar past
 
Apostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tinta
Apostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tintaApostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tinta
Apostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tintaCBM
 
Prof Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos Socioambientais
Prof Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos SocioambientaisProf Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos Socioambientais
Prof Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos SocioambientaisDeto - Geografia
 
G7 4 bim_aluno_2013 (1)
G7 4 bim_aluno_2013 (1)G7 4 bim_aluno_2013 (1)
G7 4 bim_aluno_2013 (1)Icobashi
 

Semelhante a A estiagem, a indústria da seca e o debate sobre políticas públicas no semiárido brasileiro (20)

O territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e socialO territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e social
 
O territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e socialO territorio do sisal uma história econômica e social
O territorio do sisal uma história econômica e social
 
Considerações sobre o clima e os recursos hídricos
Considerações sobre o clima e os recursos hídricosConsiderações sobre o clima e os recursos hídricos
Considerações sobre o clima e os recursos hídricos
 
A SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
A SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCOA SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
A SECA NO NORDESTE E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
 
Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...
Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...
Documento da asa_brasil_-_declaração_sobre_o_atual_mom_= =_iso-8859-1_q_ento_...
 
Texto saane
Texto saaneTexto saane
Texto saane
 
A luta pela agua no semiarido
A luta pela agua no semiaridoA luta pela agua no semiarido
A luta pela agua no semiarido
 
Combate à Desertificação, Degradação das Terras e Convivência com a Semiaride...
Combate à Desertificação, Degradação das Terras e Convivência com a Semiaride...Combate à Desertificação, Degradação das Terras e Convivência com a Semiaride...
Combate à Desertificação, Degradação das Terras e Convivência com a Semiaride...
 
recursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasil
recursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasilrecursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasil
recursos hidricos_e_desenvolvimento_sustentavel_no_brasil
 
Freitas
FreitasFreitas
Freitas
 
ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...
ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...
ENTRE O COMBATE À SECA E A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO TRANSIÇÕES PARADIGMÁT...
 
Campanha da Fraternidade 2017 - Formação
Campanha da Fraternidade 2017 - FormaçãoCampanha da Fraternidade 2017 - Formação
Campanha da Fraternidade 2017 - Formação
 
Slide cf 2017 (1)
Slide cf 2017 (1)Slide cf 2017 (1)
Slide cf 2017 (1)
 
Apresentacao ppt formacao_cf2017_pk
Apresentacao ppt formacao_cf2017_pkApresentacao ppt formacao_cf2017_pk
Apresentacao ppt formacao_cf2017_pk
 
Apostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tinta
Apostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tintaApostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tinta
Apostila 7º ano 1ª etapa 2014 respostas a tinta
 
Nordeste.
Nordeste.Nordeste.
Nordeste.
 
Região Nordeste.
Região Nordeste.Região Nordeste.
Região Nordeste.
 
Prof Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos Socioambientais
Prof Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos SocioambientaisProf Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos Socioambientais
Prof Demétrio Melo - Agropecuária e Impactos Socioambientais
 
Robson
RobsonRobson
Robson
 
G7 4 bim_aluno_2013 (1)
G7 4 bim_aluno_2013 (1)G7 4 bim_aluno_2013 (1)
G7 4 bim_aluno_2013 (1)
 

Mais de UFPB

Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...
Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...
Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...UFPB
 
As políticas públicas para a juventude rural: o PRONAF jovem em debate
As políticas públicas para a juventude rural:  o PRONAF jovem em debateAs políticas públicas para a juventude rural:  o PRONAF jovem em debate
As políticas públicas para a juventude rural: o PRONAF jovem em debateUFPB
 
A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...
A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...
A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...UFPB
 
A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...
A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...
A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...UFPB
 
O crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasil
O crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasilO crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasil
O crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasilUFPB
 
Quando outros atores vão às ruas as manifestações de junho de 2013 e suas m...
Quando outros atores vão às ruas   as manifestações de junho de 2013 e suas m...Quando outros atores vão às ruas   as manifestações de junho de 2013 e suas m...
Quando outros atores vão às ruas as manifestações de junho de 2013 e suas m...UFPB
 
Educação ambiental e a polissemia em tempos de globalização
Educação ambiental e a polissemia em tempos de globalizaçãoEducação ambiental e a polissemia em tempos de globalização
Educação ambiental e a polissemia em tempos de globalizaçãoUFPB
 
A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...
A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...
A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...UFPB
 
A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...
A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...
A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...UFPB
 
O lugar da juventude no futuro dos assentamentos rurais
O lugar da juventude no futuro dos assentamentos ruraisO lugar da juventude no futuro dos assentamentos rurais
O lugar da juventude no futuro dos assentamentos ruraisUFPB
 
JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...
JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...
JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...UFPB
 
Politicas Públicas de Desenvolvimento Rural no Brasil
Politicas Públicas de Desenvolvimento Rural no BrasilPoliticas Públicas de Desenvolvimento Rural no Brasil
Politicas Públicas de Desenvolvimento Rural no BrasilUFPB
 
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientaisBrics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientaisUFPB
 
Livro juventude rural e políticas públicas
Livro juventude rural e políticas públicasLivro juventude rural e políticas públicas
Livro juventude rural e políticas públicasUFPB
 
Política, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte II
Política, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte IIPolítica, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte II
Política, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte IIUFPB
 
Coopérer, verbe infini?
Coopérer, verbe infini?Coopérer, verbe infini?
Coopérer, verbe infini?UFPB
 
A violência no campo no brasil: questões e dados para o debate
A violência no campo no brasil: questões e dados para o debateA violência no campo no brasil: questões e dados para o debate
A violência no campo no brasil: questões e dados para o debateUFPB
 
A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...
A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...
A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...UFPB
 
Florestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasil
Florestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasilFlorestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasil
Florestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasilUFPB
 
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte I
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte IPolítica, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte I
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte IUFPB
 

Mais de UFPB (20)

Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...
Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...
Os debates sobre a mineração no bioma pampa: conflitos socioambientais entre ...
 
As políticas públicas para a juventude rural: o PRONAF jovem em debate
As políticas públicas para a juventude rural:  o PRONAF jovem em debateAs políticas públicas para a juventude rural:  o PRONAF jovem em debate
As políticas públicas para a juventude rural: o PRONAF jovem em debate
 
A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...
A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...
A JUVENTUDE RURAL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS: IDENTIDADE E REIVINDICAÇÃO POR DIR...
 
A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...
A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...
A agroecologia entre o debate da justiça ambiental e da democracia: alguns de...
 
O crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasil
O crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasilO crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasil
O crédito fundiário e a linha nossa primeira terra em debate no brasil
 
Quando outros atores vão às ruas as manifestações de junho de 2013 e suas m...
Quando outros atores vão às ruas   as manifestações de junho de 2013 e suas m...Quando outros atores vão às ruas   as manifestações de junho de 2013 e suas m...
Quando outros atores vão às ruas as manifestações de junho de 2013 e suas m...
 
Educação ambiental e a polissemia em tempos de globalização
Educação ambiental e a polissemia em tempos de globalizaçãoEducação ambiental e a polissemia em tempos de globalização
Educação ambiental e a polissemia em tempos de globalização
 
A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...
A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...
A juventude rural enquanto ator político atuando na configuração de políticas...
 
A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...
A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...
A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil e os ele...
 
O lugar da juventude no futuro dos assentamentos rurais
O lugar da juventude no futuro dos assentamentos ruraisO lugar da juventude no futuro dos assentamentos rurais
O lugar da juventude no futuro dos assentamentos rurais
 
JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...
JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...
JUVENTUDE RURAL ENQUANTO ATOR POLÍTICO E A REIVINDICAÇÃO PELO “ACESSO A TERRA...
 
Politicas Públicas de Desenvolvimento Rural no Brasil
Politicas Públicas de Desenvolvimento Rural no BrasilPoliticas Públicas de Desenvolvimento Rural no Brasil
Politicas Públicas de Desenvolvimento Rural no Brasil
 
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientaisBrics   tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
Brics tensões do desenvolvimento e impactos socioambientais
 
Livro juventude rural e políticas públicas
Livro juventude rural e políticas públicasLivro juventude rural e políticas públicas
Livro juventude rural e políticas públicas
 
Política, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte II
Política, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte IIPolítica, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte II
Política, manifestações e o pensamento conservador no brasil – Parte II
 
Coopérer, verbe infini?
Coopérer, verbe infini?Coopérer, verbe infini?
Coopérer, verbe infini?
 
A violência no campo no brasil: questões e dados para o debate
A violência no campo no brasil: questões e dados para o debateA violência no campo no brasil: questões e dados para o debate
A violência no campo no brasil: questões e dados para o debate
 
A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...
A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...
A educação ambiental em um projeto social e as relações com a Interdisciplina...
 
Florestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasil
Florestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasilFlorestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasil
Florestan fernandes após 19 anos e o pensar sobre o brasil
 
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte I
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte IPolítica, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte I
Política, manifestações e o pensamento conservador no Brasil - Parte I
 

A estiagem, a indústria da seca e o debate sobre políticas públicas no semiárido brasileiro

  • 1. A SECA NO SERTÃO E O DEBATE SOBRE A CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO BRASILEIRO Sérgio Botton Barcellos Maciel Cover O Semiárido brasileiro abrange uma área de 969.589,4 km² com 1.133 municípios de 09 estados do Brasil: Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Nessa região, vivem 22 milhões de pessoas, que representam 11,8% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tradicional e naturalizada divulgação de seca no Nordeste feita pela mídia, durante o ano de 2012, pode ser considerada a mais forte estiagem dos últimos 50 anos e está ocorrendo há meses no semiárido nordestino, nos vales do Jequitinhonha em Minas Gerais e do Mucuri no Espírito Santo. A previsão é que a seca ou a estiagem tende a se agravar no início de 2013, devido à instabilidade climática no Oceano Pacífico com a manifestação do La Niña. Essa situação climática e a falta de condições estruturais para lidar com a mesma estão afetando diretamente em torno de 10 milhões de pessoas. A região mais acometida do semiárido nordestino é o estado da Bahia com cerca de 230 municípios atingidos. Municípios de Alagoas e Piauí também estão há meses sem chuvas. Segundo dados divulgados periodicamente pelo Ministério da Agricultura (MAPA), 08 municípios da Zona da Mata em Pernambuco estão em situação de emergência devido à estiagem. No Maranhão, a estiagem chegou a municípios do litoral, como o de Barreirinhas nos Lençóis Maranhenses. Na Bahia, o número de cidades afetadas chegou a 259, quase a totalidade dos 266 situados no semiárido. No Norte de Minas Gerais, 125 municípios estão em situação de emergência devido à seca, inclusive com a seca de barragens. Ao todo, segundo o Ministério da Integração Nacional, 525 municípios da região estão em situação de emergência e outros 221 sofrem efeitos da estiagem e aguardam avaliação da Secretaria Nacional de Defesa Civil. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/ INPE e o INMET, a previsão climática para o trimestre de Dezembro, Janeiro e Fevereiro de 2012-2013 tem 40% de probabilidade de ocorrência de precipitação na categoria abaixo da normal climatológica, para grande parte da Região Nordeste, exceto extremo sul e sudoeste da Bahia. A situação poderá se agravar mais ainda caso não ocorra à precipitação esperada para os próximos meses, pois centenas de outras cidades poderão ter seu serviço de abastecimento de água afetado e entrar em colapso.
  • 2. Em 512 anos, o semiárido nordestino chegou a sua 72ª grande estiagem, segundo relatos históricos da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Percebe-se que temas como falta de água, desabastecimento, racionamento, rodízio, revezamento, colapso e carro pipa são recorrentes quando se refere à seca ou estiagem no nordeste brasileiro. A pouca chuva é típica das regiões semiáridas. No caso brasileiro, isso tem se intensificado pelos danos ambientais cometidos, o descontrole e a concentração do uso da água pelos grandes proprietários rurais e as elites locais. Contudo, os impactos decorrentes da estiagem no semiárido são históricos e perduram, além da questão climática, podendo ser identificados como um processo socioambiental e econômico mais amplo que constitui a reprodução social do sistema capitalista ao longo da história no Brasil. A ESTIAGEM, A INDÚSTRIA DA SECA E ALGUMAS PROVOCAÇÕES PARA O DEBATE “Mas plantar prá dividir Não faço mais isso, não. Eu sou um pobre caboclo, Ganho a vida na enxada. O que eu colho é dividido Com quem não planta nada”. Sina do Caboclo - João do Vale O semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Segundo dados sistematizados pela ASA e divulgados pelo Ministério da Integração Nacional, 58% da população considerada em situação de pobreza no Brasil vive nessa região. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Semiárido é considerado baixo para aproximadamente 82% dos municípios, que possuem IDH até 0,65, estimando-se que 62% da população vivem sem as condições necessárias para a manutenção de uma vida digna em relação aos indicadores de renda, educação e longevidade. Atualmente 67% das famílias situadas na zona rural dos estados que compõem o semiárido não possuem acesso à rede geral de abastecimento de água, sendo que 43% utilizam poços ou nascentes e 24% utilizam outras formas de acessar a água, inclusive a busca em fontes distantes. Estima-se que grande parte das terras da região é formada por pequenas propriedades e apenas 5% da população têm água para irrigação de plantações, seja por tubulações ou por cisternas especiais. A estiagem e a falta de planejamento dos gestores fizeram surgir o comércio paralelo de água que não é mineral e não traz garantias de qualidade para cozinhar e para o consumo humano. Desse modo, as questões sociais como a desigualdade social, os conflitos socioambientais e a concentração fundiária estão ainda presentes de forma variada e constituem a história do
  • 3. desenvolvimento capitalista nessa região do Brasil, mesmo que a causa das questões relacionadas à miséria no nordeste recaiam sobre os fenômenos climáticos vinculados a ocorrência das secas. A partir disso e das estrondosas divulgações de calamidade pública na região, uma determinada elite econômica e política têm acesso, em grande medida, a recursos governamentais e verbas de emergência, anistia e renegociação das dívidas, a construção de açudes e a implantação de irrigação que trazem benefícios para eles próprios em suas propriedades. Sob essas condições, em geral, se constituem as relações de dominação política e econômica sobre a maioria do povo nordestino. Segundo o Mapa de conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, a maioria dos conflitos socioambientais, cerca de 29,45%, estão ocorrendo na região nordeste com destaque para os estados da Bahia e Pernambuco. Cabe destacar, que na região do semiárido também se situa a atual fronteira de expansão capitalista do país, com o agronegócio, o ciclo da mineração e as inúmeras obras de infraestrutura, como hidrelétricas, rodovias e a transposição do São Francisco. As grandes obras, como a transposição do Rio São Francisco, que se justificam pelo discurso de levar água a maioria da população do semiárido estão causando uma série de impactos socioambientais, econômicos e emigratórios, como aponta o estudo de Evangelista (2012), sobretudo para populações locais subjugadas as consequências desse impacto forçado sobre suas vidas. No semiárido, muitos açudes de pequeno, médio e grande porte foram construídos, em sua maioria, em terras dos grandes proprietários, sem acesso para os moradores das fazendas ou pequenos agricultores familiares. Constata-se também que em muitos locais do semiárido realiza-se ainda a adoção de medidas emergenciais de combate a seca que são incompatíveis com a diversidade, as características fisico-climáticas e etnoculturais da região (Alves da Silva, 2003). Diversas instituições de Estado, nos governos municipais, estaduais e federal estão presentes historicamente no semiárido e ora colaboraram com a manutenção e a constituição da indústria da seca, ora para amenizar as condições precárias de vida na região. Além das forças repressivas policiais na caatinga, há instituições federais presentes no semiárido como a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e suas companhias, como a de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Entre esse conjunto de características socioambientais, históricas, políticas e institucionais contidas no semiárido brasileiro constituiu-se o que se conhece como "indústria da seca", que configura-se como um modus operandi político que mantém as condições socioeconômicas de desigualdade social da região, tendo como subterfúgio não adotar políticas públicas para a convivência no semiárido e que possibilitem as condições necessárias para a autonomia e emancipação dos diversos projetos de vida nesse espaço. Evidencia-se que esse conjunto de fatores
  • 4. delineiam relações de concentração econômica e de poder político em prol de determinados e restritos grupos sociais e familiares. A partir desse cenário parece ser possível fazer o debate sobre o caráter do conjunto de políticas públicas e do arranjo social que, de certa maneira, colaboram em grande medida com a manutenção da desigualdade social no semiárido, mesmo com a atual ocorrência de mudanças sociais consideradas positivas, no cenário de dependência e da correlação de forças desiguais, com os programas e redistribuição de renda do governo federal. A evidência de que a “fórmula” das medidas emergenciais não muda em relação às políticas públicas é, por exemplo, no que tange a recente estiagem, a criação de uma linha no Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) no valor de R$ 1,5 bilhão com foco nos pequenos produtores rurais, o pagamento do seguro Garantia Safra, o pagamento da Bolsa Estiagem (no valor de R$ 400 por família), a abertura de uma linha de crédito com juros reduzidos e o crédito extraordinário de R$ 164 milhões para distribuição de água por meio de caminhões-pipa. Já o Ministério do Desenvolvimento Social- MDS vem adotando Ações Emergenciais de Enfretamento aos Efeitos da Estiagem. O que parece ter sido o diferencial foi à manutenção do convênio com a ASA, após diversas manifestações das organizações e movimentos sociais, do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) (política de convivência com o semiárido que já beneficiou mais 300 mil de famílias). Parece estar mais do que evidente a ausência de políticas públicas efetivas, por parte dos governos, que promovam as condições necessárias de convivência com as singularidades socioambientais do ecossistema semiárido brasileiro e do bioma da caatinga. Para isso parece ser necessário não renegar ou combater as características climáticas da região insistindo em promover um modelo de progresso econômico e produtivo anacrônico a essa realidade com a concentração de terra, de riqueza, recursos públicos e tornando o semiárido uma região inóspita para a maioria do seu povo viver. Nesse sentido, urge a necessidade de debater efetivamente a reforma agrária, o fomento e o estímulo ao desenvolvimento de tecnologias sociais para o manejo dos recursos hídricos e alimentos (além das políticas ineficientes e inadequadas em irrigação), bem como o estímulo a uma produção agropecuária contextualizada e apropriada ao ecossistema local. Também parece ser necessário rever os aspectos normativos, o perfil político e tecnoburocrático das instituições e agentes que gerenciam as políticas públicas na região do semiárido. A dominação social, os preconceitos regionais e socioambientais sobre o povo do semiárido em grande parte têm sua eficácia marcada pelo fato de ser ignorada. Observa-se que os debates e as disputas políticas para o aprimoramento e a ampliação de outro conjunto de ações e políticas públicas estão em pauta nessa região, apesar de silenciados ou ignorados pelas esferas de governo e
  • 5. a grande mídia. Ao mesmo tempo, o esforço de gerar outro ciclo de políticas públicas com as organizações e movimentos sociais do semiárido, também terá que abranger a ampliação da discussão sobre democracia, emancipação e autonomia social em vistas de fragilizar cada vez mais os resquícios de coronelismo e clientelismo, bem como o mandonismo político que está presente em vários redutos dessa região. Outra questão, que pouco se comenta é como e quando vai ocorrer o desenvolvimento e o fomento de tecnologias avançadas em metereologia para o aprovisionamento e o planejamento público sobre às possíveis intempéries climáticas, como as longas estiagens, que afetam as distintas regiões do Brasil. Além da notória falta de sensibilidade social dos nossos governantes, evidencia- se descaso e a falta de um projeto nacional e soberano de ciência e tecnologia com políticas apropriadas à diversidade social e regional do Brasil (Fonseca, 2007). Ressalta-se, que forjar outro projeto de desenvolvimento para o semiárido e de políticas para a convivência nesse contexto não está contida na proposição da sua inclusão em um modelo econômico competitivo e excludente apoiado por políticas públicas altamente burocratizadas, elitizadas e sem capilaridade social, como por exemplo, os históricos projetos de poços artesianos, irrigação e a recente transposição do Rio São Francisco. A formulação de outro ciclo de políticas públicas no semiárido terá de ocorrer junto com a construção de um projeto de desenvolvimento socioambiental para o país em conjunto com a sociedade. Diante disso, uma provocação que pode ser feita é: Como apresentar e construir o intercâmbio do conjunto das experiências e tecnologias sociais desenvolvidas no semiárido junto aos governos, organizações e movimentos sociais na formulação, gestão e monitoramento de políticas públicas COM a sociedade? Caberá ao atual governo federal fazer a sua parte nesse processo de debate sobre as mudanças necessárias no semiárido brasileiro, mais do que já vem fazendo, e parece ser esse mais um dos seus desafios para 2013, que é o de estimular e viabilizar esse processo de elaboração e efetivar políticas e programas, a médio e longo prazo, de convivência com essa região.