O documento discute a viabilidade econômica da cultura da mamona como fonte de renda para agricultores familiares na região de Lucas do Rio Verde, MT. A pesquisa mostrou que é possível produzir 800 kg de mamona por hectare usando técnicas manuais, e o óleo extraído da mamona pode ser usado para diversos fins industriais, representando uma alternativa de renda para os agricultores.
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 - Artigo_Bioterra_V24_...
Viabilidade da cultura da mamona
1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
Volume 21 - Número 1 - 1º Semestre 2021
A CULTURA DA MAMONA: ALTERNATIVA VIÁVEL DE PRODUÇÃO PARA A
AGRICULTURA FAMILIAR
Nádia Ligianara Dewes Nyari*; Gabriel Silva Cordeiro; João Carlos Ferreira Leal;
Camila de Aquino Tomaz; Sandra Ines Horn Bohm
RESUMO
Sendo uma importante fonte para a indústria na produção de diversos produtos, a mamona tem sido
empregada amplamente na composição de cosméticos, fármacos, revestimentos, emulsificantes,
combustíveis e alimentos. Nesse aspecto o presente estudo visa destacar a viabilidade econômica da
cultura da mamona, como fonte de renda na produção de óleo na região de Lucas do Rio Verde, MT,
como fonte de inserção e inclusão da agricultura familiar na economia local e regional. Através de uma
da obtenção das sementes, preparo do solo, manejo manual, controle de pragas e erva daninhas, colheita
e beneficiamento do óleo. A viabilidade de produtividade foi de 800 kg por hectare, considerando o uso
de técnicas manuais de manuseio e de espaçamento de 1,50 metros entre linhas. As características físicas
das sementes se mostraram variadas, com coloração marrom escuro com estrias brancas com formato
oblongas e lisas de tamanho variado, chegando até 24 mm de comprimento, 12 mm de largura e 9 mm
de espessura com peso médio em 100 sementes de 45 g e com rendimento de torta com relação massa
de semente de 90%. Para a otimização do processo de extração em batelada do óleo foi empregado a
solventes de forma a aumentar a eficiência da extração e diminuir as perdas de óleo, tendo a sua
maximização utilizando o álcool etílico com 53% e o teor de óleo em solvente hexano foi de 62%.
Mostrando se assim uma alternativa viável de produção e rendimentos para o produtor rural.
Palavras-chave: Cultivar, Produção de Renda, Crescimento, Produtor Rural.
THE CULTURE OF MAMMON: A VIABLE ALTERNATIVE OF PRODUCTION FOR
FAMILY AGRICULTURE
ABSTRACT
As an important source for industry in the production of various products, castor bean has been widely
used in the composition of cosmetics, drugs, coatings, emulsifiers, fuels and food. In this regard, this
study aims to highlight the economic viability of castor bean crop as a source of income in oil production
in the Lucas do Rio Verde region, MT, as a source of insertion and inclusion of family farming in the
local and regional economy. Through one of the obtaining of seeds, soil preparation, manual
management, pest and weed control, harvesting and oil processing. Productivity viability was 800 kg
per hectare, considering the use of manual handling techniques and spacing of 1.50 meters between lines.
The physical characteristics of the seeds were varied, with dark brown color with oblong and smooth
white striations of varying size, reaching up to 24 mm long, 12 mm wide and 9 mm thick with average
weight in 100 seeds of 45 g. with pie yield with 90% seed mass ratio. For the optimization of the oil
batch extraction process, solvents were employed to increase extraction efficiency and decrease oil
losses, maximizing it with 53% ethyl alcohol and hexane solvent oil content 62%.
Keywords: Cultivate, Income Production, Growth, Rural Producer.
12
2. INTRODUÇÃO
A mamona (Ricinus communis L.), também
conhecido popularmente como mamoneira,
carrapateira, carrapato e rícino, planta da família
das euforbiáceas (Euphorbiaceae), oleaginosa de
grande importância mundial, vem conquistando
cada vez mais espaço no território nacional,
especialmente na região Centro-Oeste do Brasil,
devido a suas características peculiares, como
resistente ao solo, às condições climáticas e com
baixo custo de produção.
No processamento dessa planta, obtemos
como principal derivado o óleo obtido da semente
também chamado de rícino e como subproduto a
torta de mamona. A forma de obtenção do óleo
influência nas suas características quanto ao
aspecto físico e grau de pureza, geralmente o óleo
é um líquido espesso, muito viscoso, cuja cor
varia, de incolor ao amarelo escuro, apresentando,
principalmente, o triacilglicerol do ácido
ricinoléico, denominado triricinoleína (AIRES,
DOS ANJOS & EICHOLZ, 2011; ZUÑIGA et al.,
2011; DA SILVA FONSECA & SOTO-
BLANCO, 2014).
Sendo uma importante matéria prima para
a indústria química, sendo utilizado na
composição de inúmeros produtos como tintas,
revestimentos, vernizes, lubrificantes, sabões,
plastificantes, polímeros, graxas especiais,
espumas, resinas, ceras, emulsificantes, solventes
e biocombustíveis entre outros, além de servir
como matéria-prima para as indústrias
farmacêutica, cosmética e de alimentos (DE
OLIVEIRA, 2011; DE SOUTO & SICSU, 2011;
COSTA, OLIVEIRA & PIRES, 2016; DE
SOUZA MADALENA et al. 2017; FERREIRA &
MELO, 2019).
Contudo, mamona por ser oleaginosa
fornecedora de matéria prima o óleo com
características singulares, possui grande potencial
para produção de biodiesel, especialmente por
possuir em sua baga um teor de óleo de
aproximadamente 50% e poder ser cultivada na
entressafra, ou seja, o plantio pode ser realizado no
período intermédio entre uma safra e outra,
subsequente, de um produto (RIZZI, SILVA &
MAIOR, 2010; DA SILVA et al., 2010;
KUENTZER & GONZALES, 2019).
Diante da crescente perspectiva de negócio
envolvendo esse setor e das grandes vantagens
competitivas que o Brasil possui comparado aos
demais países, o emprego da mão de obra oriunda
de trabalhadores rurais, produtor rural ou da
agricultura familiar vem crescendo
significativamente e tornando assim um mercado a
cada dia muito promissor (OBERMAIER,
HERRERA & LA ROVERE, 2010; SILVA, 2013;
COSTA, OLIVEIRA & PIRES, 2016; FERREIRA
& MELO, 2019).
Diante dessas vantagens, há ainda a
possibilidade de poder beneficiar – se com o
aumento e diversificação da produção agrícola,
criando e ampliando novos mercados, geração de
renda com novos postos de trabalho a produção
agrícola nacional vem se fortalecendo a cada dia.
Para isso é necessário reduzir os riscos e garantir a
sustentação das atividades agrícolas no meio rural,
especialmente estimulando os instrumentos de
crédito e seguro rural (CANGEMI, SANTOS &
CLARO NETO, 2010; DE MOURA CUNHA,
ROCHA & DE OLIVEIRA, 2017).
Nesse contexto, o presente estudo visa
destacar a viabilidade econômica da cultura da
mamona, como fonte de renda para a agricultura
familiar na produção de óleo na região de Lucas do
Rio Verde - MT, além da possibilidade de inserção
e inclusão na economia local e regional.
METODOLOGIA
Processo de obtenção da semente de
mamona
Os grãos de sementes de mamona serão
fornecidos pelo Instituto Mato Grossense do
Algodão (IMAmt) localizado na cidade de
Primavera do Leste-MT. O responsável pelo setor
de oleaginosas do Instituto, Sr. Rogério se
disponibilizou a fornecer as sementes de variedade
EBDA MPA 11 para o plantio. Serão utilizadas
técnicas manuais para o plantio, que será realizado
no Campus do Centro UniLaSalle Lucas no
município de Lucas do Rio Verde-MT, bem como
3. o manejo manual e controle de pragas, ervas
daninhas e a colheita.
Análises da Semente, Torta e Óleo de
Mamona
Para a análise da semente de mamona
(Ricinus communis L.) conhecida popularmente
como mamona, mamoneira, carrapateira,
carrapato e rícino, é uma planta da família das
euforbiáceas) foram realizadas as análises de
Microscopia Eletrônica, Umidade e Peso
Específico de acordo a metodologia definida pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento em Regras para Análise de
Sementes (MAPA, 2009). O Teor de Massa e
Matéria Seca, Proteína, Cinzas e Sólidos Totais de
acordo com o método descrito em Association of
Official Analytical Chemistry (AOAC, 2011).
Enquanto para as demais avaliações foram
realizadas usando uma solução de 3 g de amostra
em água destilada, sendo esta homogeneizada e
deixadas em repouso por 30 minutos para a
determinação de Acidez Titulável, Potencial
Hidrogeniônico (pH) (AOAC, 2011) e o Índice de
Acidez (MORETTO, 1998).
Para de obtenção da torta de mamona,
consistiu em uma etapa de maceração das
sementes usando pistilo de forma manual, até
completa homogeneização. Posteriormente o
mesmo será avaliado, levando - se em conta o
rendimento em função da relação entre massa de
semente e de torta de mamona obtida. Além das
determinações de Granulometria, Microscopia
Eletrônica através da morfologia superficial,
conforme o diâmetro médio final. Umidade,
Porosidade, Peso Específico, Matéria e Massa
seca, Proteína, Cinzas, Sólidos Totais, Lipídeos
(gordura ou óleo), Acidez Titulável, Potencial
Hidrogeniônico (pH) e Índice de Acidez.
O processo de extração do óleo de mamona
foi realizado em escala de bancada ou laboratorial,
com relação a massa de torta e óleo obtido para a
determinação do rendimento, estas determinações
foram obtidas empregando diferentes solventes
(álcool etílico, éter e hexano) na proporção 1:2
(massa de torta:solvente) em temperatura de 60°C
sob agitação constante por 60 minutos. Em seguida
foram avaliados a Estabilidade à Oxidação devido
a luz ou calor, o Aspecto quanto a impurezas e
cristais, Viscosidade, Densidade, Qualidade,
Acidificação, Acidez, Potencial Hidrogeniônico
(pH), Acidez Titulável, Saponificação, Índice de
Hidroxila, Índice de éster e Índice de Acidez.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Obtenção da semente de mamona
Os grãos sementes de mamona foram
cultivadas no Campus do Centro UniLaSalle
Lucas no município de Lucas do Rio Verde-MT, o
preparo e correção do solo, bem como o manejo
foram realizados de forma manual seguindo
normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (2009). De acordo com Lago et
al. (1997) as adubações de semeadura e de
cobertura devem ser realizadas de acordo com a
análise de fertilidade de solos, levando-se em
consideração as exigências mínimas para a cultura
da mamona.
O plantio manual em batelada foi realizado
com um espaçamento de 1,5 metros entre fileiras e
33 cm entre plantas com 3 sementes por cova, as
quais começaram sua germinação em todas as
covas após 6 dias no período de fevereiro de 2019.
Segundo Beltrão et al. (2006) a mamona manual
normalmente é cultivada em covas abertas na
profundidade de 2 a 5 cm, com duas sementes por
cova cobrindo-as com pouca terra.
Preferencialmente o solo deve ser de média a alta
fertilidade com pH entre 6,0 e 7,0, sem salinidade
elevada, com temperatura média entre 20 a 30°C,
umidade relativa inferior a 80 e entre 500 a 1000
mm de chuva, especialmente na fase inicial do
desenvolvimento (primeiros 70 dias).
A germinação (reativação das plantas de
crescimento do embrião) completa ocorreu entre
15 a 20 dias de forma desinforme devido a
característica de ser uma planta rústica. Oliveira et
al. (2004) destaca que a germinação ocorre de
forma lenta e irregular devido a algumas sementes
possuir dificuldade de absorção de água do solo,
característica atribuída a grande espessura e
rigidez ou dureza do tegumento ou da dormência
da semente (LAGO et al., 1979).
As condições do ambiente, como umidade
4. do solo, temperatura, qualidade física e fisiológica
das sementes (BELTRÃO et al., 2006) são
importantes no processo de germinação, pois a
água é responsável pela hidratação dos tecidos,
pela respiração e por todos os processos
metabólicos responsáveis pelo crescimento do
eixo embrionário e pela formação da plântula
(BEWLEY & BLACK, 1994). Para que se possa
aperfeiçoar o sistema de produção dessa cultura, é
preciso determinar o espaçamento entre linhas e a
distância entre plantas mais adequado de acordo
com as diferentes situações propostas,
considerando-se características do clima e solo da
região de cultivo e as características da cultivar
(BIZINOTO et al., 2010).
A cultivar desenvolveu plântulas com
folhas do tipo afunilado com coloração esverdeada
de comprimento de 3,7 cm, com sistema radicular
pivotante e profundo, com raiz principal de 30 cm
de profundidade e diâmetro de 5 cm. Sua altura
variou de 150 a 180 cm, com caule é rosado de
diâmetro entre 3,5 e 6 cm, e na e na exterminada
sua primeira inflorescência em torno de 60 cm do
solo.
O florescimento teve início em média aos
50 dias com a emissão da inflorescência primária,
seguida do florescimento das inflorescências
secundárias e terciárias, com inserção a 50, 60 a 80
e a altura entre 100 a 120 cm, com frutos
distribuídos na ráquis entre 5 e 7 cm. Após o
florescimento, a porcentagem de flores femininas
foi superior a 70%, do tipo inflorescência racêmica
de formato cônico, com frutos bem distribuídos,
com densidade denominada esparsa, que é dada
pelo comprimento do pedúnculo entre 5 e 7 cm.
Para os cultivares, o controle de agentes
externos como pragas, especialmente as ervas
daninhas e formigas, foram realizados de forma
manual e orgânica sem a adição de agentes ou
defensivos químicos. Nessa etapa foi desenvolvido
um biodefensivo natural, oriundo da própria folha
da mamona (folha amassada:água), onde o
preparado que foi muito eficiente no combate de
insetos e fungos, além de ser um ótimo adubo
foliar.
Para Mateus et al. (2017) a altura do
primeiro cacho é uma característica ligada à
precocidade da planta, com relação ao número de
cachos por planta é devido ao tipo de variedade
cultivada, como a densidade de plantas, além do
tipo de adubação empregada. Da Silva et al. (2010)
destaca que a esta variável é pouco alterada pela
adubação, sendo mais influenciada pela genética
da planta, ou seja, pela capacidade de ramificação.
Após o florescimento completo e um ciclo
total de 180 dias após o plantio, foi realizada a
colheita também de forma manual, onde 100% da
área plantada foi colhida, com um rendimento de
produtividade de 800 kg por hectare, considerando
o uso de técnicas manuais e o espaçamento de 1,50
metros entre linhas, em relação às técnicas
convencionais em larga escala que utilizam o
espaçamento de 90 centímetros entre fileiras,
poderíamos alcançar a produtividade média de
1500 kg à 1800 kg por hectares. Em seguida os
grãos de mamona foram secados ao ar livre sob
lonas por um período de 15 dias, sendo revirados a
cada 36 horas para uma secagem homogênea,
uniforme e completa em toda a estrutura do grão.
De acordo com a Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB, 2019) a estimativa para
a safra 2018/19 é de incremento na área plantada,
com o cultivo de 46,7 mil hectares e uma produção
de 28,5 mil toneladas, um aumento de 50%
comparados ao ano anterior. Em Mato Grosso, a
consolidação da cultura da mamona, como opção
de segunda safra, ainda padece de problemas de
uma cultura que apresenta pouca tecnologia, tendo
como estágio final de maturação e a colheita no
mês de julho, com um rendimento médio de 1.000
kg/ha e uma produção de 2,5 mil toneladas.
Por ocasião da colheita, foram avaliadas as
seguintes características: altura de planta, altura de
inserção do primeiro cacho, número de cachos por
planta, número de frutos por cacho, massa de 100
grãos e a produtividade. Para Beltrão et al. (2006)
a colheita manual da mamona é realizada com
corte na base do cacho, com uso de ferramentas
afiadas, depositando os cachos em cesto para
secar. Após o descascamento, os grãos podem ser
acondicionados em ou silos, com umidade das
sementes até 10%, temperatura, e ventilação
adequada, controle de insetos e roedores.
Logo após os grãos foram descascados e
levados a estufa por 24 horas a 105°C para
eliminação de qualquer umidade, em seguida
5. foram armazenados em sacos plásticos bem
fechados e vedados. As características físicas das
sementes foram avaliadas, como formato,
coloração e o aparecimento de estrias, além do
peso médio das sementes antes e após a secagem
em estufa.
As sementes de formato oblongas, lisas e
lustrosas, com coloração é variada de branco e
marrom escuro, com estrias brancas entremeadas
com estrias marrons. O peso médio em 100
sementes foi de 45 g. Segundo Machado et al.
(2010) nesse tipo de cultura é comum haver a
formação de sementes e o amadurecimento de
forma desigual dos grãos, podendo influenciar no
tamanho, peso, composição química, germinação
e vigor. Diversos autores, ao avaliar cultivares de
mamona observaram diferenças na qualidade
fisiológica entre as sementes relativamente à
posição dos racemos (MATEUS et al., 2017).
Todas essas etapas de cultivo da mamona,
acordo com Amorim (2005), fazem parte da cadeia
de produção agroindustrial que teve origem na
década de 60 e é segmentada em três macros
segmentos: que inicia-se com a produção de
matérias-primas que representa as indústrias
fornecedoras de insumos agrícolas (adubo,
equipamentos agrícolas, sementes de mamona,
etc.) e as que executam a produção agrícola da
mamona (plantio, colheita, secagem, etc.) para o
fornecimento de sementes de mamona para as
indústrias de processamento/ transformação; a
industrialização que reúne as empresas
responsáveis pelas atividades industriais da cadeia,
transformando as matérias-primas em produtos
finais destinados aos consumidores.
Incluem-se neste grupo os produtoras de
óleo (esmagamento e refino) e de biodiesel, tendo
como subproduto, a torta, que é usada como
fertilizante por possuir alto teor de proteínas (32 a
40%) e como alimentação animal por ser muito
tóxica; o processo finaliza com a distribuição e
comercialização que representa as empresas que
estão em contato com os consumidores finais da
cadeia de produção como empresas exportadoras,
distribuidores de combustíveis e postos de
combustíveis, além das empresas prestadoras de
serviços logísticos de distribuição (DE MOURA
CUNHA, ROCHA & DE OLIVEIRA, 2017).
Outro ponto relevante nesse estudo é com
relação ao solo onde foi cultivado a mamona,
apresentando mudanças significativas na sua
composição posteriormente ao cultivo, a qual
ocorreu uma intensa descompactação e reciclagem
dos nutrientes, exercendo um papel tanto de
cobertura do solo eficiente, como de melhoria no
armazenamento de água (umidade), aumentando o
teor de nitrogênio do solo, sendo usado como
alternativa excelente de rotação de cultura.
As análises físico químicas foram
realizadas em 3 etapas, na semente (1° etapa), na
torta (2° etapa) e no óleo (3° etapa).
Análises da semente e torta de mamona
Foi possível observar através do cultivo da
mamona que a produtividade foi muito satisfatória
em região com baixa precipitação pluvial, como no
caso o Mato Grosso, tornando essa cultura uma
opção viável para a semeadura no outono-inverno,
principalmente em regiões de inverno seco. Além
de ser ótima opção de rotação de cultura em
virtude da produção de matéria verde, rica em N,
P, K e micronutrientes e proporcionar fonte de
renda a produtores rurais de agricultura familiar
local (MATEUS et al., 2017).
Através da microscopia eletrônica as
características singulares da torta de mamona sob
ponto de vista analítico, as sementes que compõem
a torta de mamona se mostraram bastante
heterogêneo, onde a moagem expôs o endosperma,
porção rica em proteínas e produto de interesse
deste estudo. Em particular, o conhecimento da
microestrutura da semente pode ser importante no
processamento industrial e na utilização das
oleaginosas não-comestíveis, como nas indústrias
energéticas. Para a determinação da granulometria
foi realizada verificando tamanho ou a distribuição
dos grãos e da torta de mamona.
No presente estudo temos uma variação
entre 8 a 24 mm de comprimento, de 8 a 12 mm de
largura e 4 a 9 mm de espessura, corroborando
com Moshkin (1986), a semente da mamoneira
varia de 8 a 30 mm de comprimento, de 6 a 15 mm
de largura e 4 a 10 mm de espessura, constituído
de 65% de amêndoa e 35% de casca e pesa de 0,1
a 1,0 g por semente (FONSECA et al., 2012). Para
a torta de mamona os valores de granulometria
6. foram de 0,5 a 1 mm de comprimento, 0,3 a 0,9
mm de largura e 1 a 2 mm de espessura.
Para Beltrão et al. (2006), os frutos de
mamona são geralmente compostos de 3 grãos,
podendo ser classificadas como deiscentes ou
indeiscentes de acordo com a abertura destes frutos
durante o amadurecimento, podendo ser liso ou
coberto com estruturas parecidas com espinhos.
No encontram-se os grãos ou sementes conhecidas
como bagos ou bagas de forma oblongas achatadas
de tamanho e peso variáveis.
As características morfológicas das
matérias-primas, mostrando que a estrutura (macro
ou micro) é um parâmetro chave para se entender
o efeito do processamento e a qualidade final dos
produtos. Em particular, o conhecimento da
microestrutura da semente pode ser importante no
processamento industrial e na utilização das
oleaginosas não-comestíveis, como nas indústrias
energéticas (NAKA, 2010).
Na Tabela 1 podemos verificar os
resultados de rendimento, as análises de
granulometria, umidade, peso específico,
porosidade, proteína, cinzas, matéria e massa seca,
sólidos totais, lipídeos (gordura ou óleo), acidez
titulável, pH, índice de acidez realizadas na
semente e a torta da mamona.
Tabela 1. Resultados referentes as analise da semente e da torta da mamona.
Análise Grãos Torta
rendimento - 3,96235 ± 1,1221
umidade 4,93986 ± 0,0021 4,02876 ± 0,0074
peso específico 620 ± 0,2320 640 ± 0,0445
porosidade 30,3402 ± 0,0067 33,0201 ± 0,0142
proteína 20,2098 ± 0,0178 16, 3387 ± 0,0055
cinzas 2,12716 ± 0,1826 1,74093 ± 0,2689
matéria seca 0,15323 ± 0,0148 0,03316 ± 0,0155
massa seca 2,88470 ± 0,0331 3,64460 ± 0,2240
sólidos totais 1,99731 ± 0,0046 2,04562 ± 0,0116
acidez titulável - 2,02486 ± 0,4548
pH - 3,2441 ± 0,0037
índice de acidez - 5,5051 ± 0,5631
O rendimento de obtenção da torta de
mamona com relação massa de semente foi de 3,96
± 1,12, ou seja, em cada 100g de torta houve perda
de apenas 10% com no total obtida. Fato que pode
ser explicado devido ao manuseio ser de forma
manual, sendo assim considerado aceitável nesse
tipo de processamento. Os teores de umidade dos
grãos e da torta foram determinados pelo método
da estufa a 105°C, obtendo valores em triplicata
significativos, em média de 4,93 ± 0,002 % em
base úmida para os grãos de mamona e de 4,02 ±
0,007 % para a torta de mamona, sendo este um
dos determinantes mais importantes, pois expressa
as características de qualidade do grão estudado.
O teor de umidade refere -se a respiração
do produto, caso fossem mantidos a baixos os
efeitos no desenvolvimento de microrganismos
seriam minimizados, caso contrário poderá
ocasionar prejuízos na hora da comercialização,
onde o comprador poderá estar pagando pelo
excesso de água, significando gastos
desnecessários.
Os grãos como a torta de mamona
apresentam menor no teor de umidade quando
comparados a outros produtos agrícolas como o
trigo ou a soja que na condição de armazenagem
apresentam, geralmente, valores de umidade de 13
a 15 % (b.u) e confirmando a teoria de que os grãos
com alta concentração em óleo tendem a
apresentar valores de umidade mais baixos que os
grãos concentrados em amido.
Para Naka (2010) o grau de umidade refere
– se também a medida de água existente no
produto e que pode ser medido por algum método,
7. pois a umidade é o principal fator para a ocorrência
de processos microbiológicos, como
desenvolvimento de fungos, leveduras e bactérias,
sendo de fundamental importância na
conservação, armazenamento e qualidade no
processo de comercialização.
O peso específico foi definido pelo volume
real como o volume ocupado pelo produto em
hexano, onde as sementes repousaram no fundo da
proveta ocasionando o deslocamento do líquido,
permitindo assim a leitura do volume deslocado
(BENEDETTI, 1987 FOGUESATTO, 2016), ou
seja os grão como a torta de mamona apresentaram
entre 620 ± 0,2 kg/m³ e 640 ± 0,04 kg/m³,
respectivamente, sendo considerada baixa com
relação a outras culturas como o soja que chega a
ser de 720 kg/m³, indicando a necessidade de
grandes áreas de armazenagem e manuseio em
larga escala tornando-se uma desvantagem tanto
no aspecto de investimento em infraestrutura como
no emprego de mão de obra (NAKA, 2010).
A porosidade é a relação entre o volume
intersticial e o aparente, sendo expresso em %,
onde é determinada pela porcentagem de espaços
vazios existentes num determinado recipiente
ocupado pelo produto. O valor da porosidade
encontrado foi de 30,3 ± 0,006 % para o grão de
mamona e de 33,0 ± 0,01 % para a torta de
mamona, mostrando que sua determinação é
importante para mostrar a resistência da amostra
frente ao fluxo de ar do produto e também nos
processos de transferência de calor e de massa.
A caracterização bromatológica das
sementes de mamona constituem-se em um
sistema bastante heterogêneo, sendo necessária a
cominuição desse produto para a realização das
análises, onde o teor de cinzas foi determinado por
incineração do material em mufla a 550ºC, até a
combustão total da matéria orgânica (DA SILVA
et al., 2010), a qual foi de 2,12 ± 0,1 % para o grão
e de 1,74 ± 0,2 % para a torta de mamona.
O valor de proteína bruta foi obtido pelo
método de “Kjeldahl” através da determinação do
nitrogênio do alimento multiplicando-se pelo fator
6,25 (AOAC, 1992), ou seja, os valores referentes
ao ensaio foi de 20,2098 ± 0,01 % e de 16,3387 ±
0,005 % para o grão e torta de mamona,
respectivamente. Segundo Silva (2017) o valor
protéico de um alimento é determinado pela sua
composição em aminoácidos essenciais, sendo que
o aproveitamento biológico dos aminoácidos
(biodisponibilidade) depende também da
digestibilidade da proteína, assim o perfil
aminoacídico fornece boa indicação da qualidade
de proteínas alimentares.
A matéria seca foi realizada em estufa com
temperatura de 60ºC por 72 horas até atingir massa
constante e a massa seca em realizada em estufa a
105ºC durante 12 horas até atingir massa
constante. Os valores foram de 0,15323 ± 0,01 g e
2,88470 ± 0,03 g para a semente e de 0,03316 ±
0,01 g e 3,64460 ± 0,2 g para a torta de mamona,
respectivamente. Rolim et al. (2009) destaca que a
secagem apresenta como alternativa de
proporcionar armazenagem segura e livre do
desenvolvimento de microrganismos, visto que
através da mesma é possível converter produtos
perecíveis em produtos estáveis.
Os sólidos totais são realizados em estufa
na temperatura de 65°C até atingirem massa seca
constante e os resultados serão expressos em g de
sólidos totais/100 g de amostra (%), ou seja, para
a semente de mamona foi de 1,99731 ± 0,004 % e
para a torta de 2,04562 ± 0,01 %. A determinação
de sólidos é importante, pois representam a
concentração de substâncias dissolvidas no
conteúdo celular, entre as quais se destacam as
vitaminas, pectinas, fenóis, ácidos orgânicos,
pigmentos e principalmente, os açúcares (em
maior proporção), podendo constituir cerca de
90% desse parâmetro (BESSA et al., 2016).
A acidez titulável ou titulometria foi
realizada sob titulação com hidróxido de sódio
0,1N e expressos em mEq H3O+/100g (AOAC,
1970) e o potencial hidrogeniônico (pH) foi de
2,02486 ± 0,4 g e 3,2 pH para a torta de mamona.
A oscilação no teor de acidez titulável pode
também estar relacionada aos processos
bioquímicos do metabolismo respiratório, que
tanto sintetiza quanto consome ácido como
esqueleto de carbono (CHITARRA &
CHITARRA, 2005).
O índice de acidez é definido como a massa
(em mg) de hidróxido de potássio para neutralizar
os ácidos graxos livres em 1 g de amostra. Sendo
assim, o índice de acidez é uma medida da
8. decomposição dos glicerídeos e reflete o estado de
conservação do óleo, sendo expresso neste
trabalho como mgKOH.g-1
óleo, ou seja, é a relação
entre a solução neutra de éter etílico etanol e
hidróxido de sódio 0,1 N sob titulação
(MORETTO, 1998). Os valores obtidos foram de
5,5051 ± 0,5 mgKOH.g-1
óleo sendo expresso devido
a medida de decomposição dos glicerídeos,
refletindo no estado de conservação posterior do
óleo.
Para a determinação lipídeos (extrato
etéreo) pelo método de “Soxhlet” (AOAC, 1992)
também chamada também de extrato etéreo ou teor
de gordura, da semente e a torta de mamona não
apresentou diferença significativa, sendo usado
para determinação os solventes hexano, éter e
álcool etílico, com média em hexano de 55,17%,
em álcool etílico de 49,46% e em éter de petróleo
de 62,28%.
Segundo Freire, Severino e Machado
(2006), o teor de óleo nas sementes de mamona
pode variar de 35 – 55%, sendo assim os dados são
excelentes quando comparados aos obtidos por
outros autores. Além disso a torta de mamona
possui um alto teor de proteína, sendo muito usada
como adubo orgânico e como ração animal, no
entanto para poder usufruir desses benefícios
proteicos, seria necessário detoxificação, devido à
presença de dois elementos tóxicos e um
alergênico, que são a ricina, e ricinina e o
alergênico CB-1A.16,18 (composto glicoproteico)
(REIS, 2013).
Extração e Análises do óleo de mamona
Para a otimização do processo de extração
em batelada do óleo foi empregado o álcool etílico,
éter e hexano em uma relação massa de torta e de
solvente (1:2) sob aquecimento, com rendimento
significativo de 53 % de óleo usando o álcool
etílico, 40 % em hexano e 27 % em éter de
petróleo. Moretto (1998) destaca que os processos
industriais mais usuais para obtenção a extração de
óleos vegetais são prensagem mecânica e extração
com solventes para a obtenção de um alto
rendimento de extração, com um nível de óleo
residual no farelo de apenas na ordem de 0,5% a
1%, em massa.
O teor de óleo obtido da torta obtida na
extração por solvente, possui normalmente um
teor resíduo inferior a 10%. De acordo com
Moretto (1998) a extração de óleos vegetais com
solvente a nível industrial é geralmente realizada
com n-hexano a temperatura próxima a 70 ºC, por
ser considerada mais apropriado e largamente
utilizado porque possui algumas propriedades
importantes como: capacidade de dissolução do
óleo sem interagir com outros componentes da
matriz; estreita faixa de ebulição; imiscibilidade
em água e baixo calor latente de ebulição. Esta
última é muito importante porque reduz os custos
no processo de dessolventização e recuperação do
solvente (AMARANTE, 2014).
O uso do etanol como solvente é ainda mais
interessante pela total solubilização do óleo em
etanol devido aos grupos hidroxila presentes em
sua estrutura e pelo fato de que o etanol pode ser
empregado como reagente na reação de
transesterificação do óleo para a produção de
biodiesel (AMARANTE, 2014). No entanto a
extração por solvente é geralmente aplicada às
tortas residuais de forma a aumentar a eficiência
da extração e diminuir consideravelmente as
perdas de óleo.
A análise de aspecto e qualidade antes e
após o processo de finalização de extração do óleo
(Figura 5b), pois a semente de mamona
normalmente é composta por aproximadamente 35
% de casca e 65 % de amêndoa. O óleo obtido é
límpido, livre de ricina e isento de acidez,
impurezas, brilhante e 0,5% de impurezas. De
acordo com Reis (2013) normalmente os óleos são
classificados comercialmente em três tipos: óleo
industrial número 1 do tipo comercial ou standard,
límpido, brilhante, limite de 1 % de acidez e 0,5 %
de impurezas e umidade, coloração amarelo-clara;
óleo industrial número 3 do tipo comercial, o qual
possui acidez maior que 3 % e impureza maior que
1 % e sua coloração varia do amarelo-escuro ao
marrom-escuro e verde-escuro; o óleo medicinal 1,
também denominado extrapale, é incolor, isento de
acidez e impurezas e brilhante.
A viscosidade é um problema com relação
ao óleo de mamona, sendo cerca de sete vezes
superior a outros óleos, os resultando em valores
fica fora dos limites permitidos pela portaria da
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
9. Bicombustíveis (ANP, 1997) no entanto em nosso
estudo os valores de viscosidade de 201,87 Pa·s e
a densidade foi de 1,771 kg/L. Na Tabela 2 se
observa os resultados das análises referentes ao
óleo da mamona, como a estabilidade à oxidação,
teor de oxidação, índice acidez, pH, acidez
titulável e saponificação.
Tabela 2. Resultados referentes as analise do óleo da mamona.
Análise Resultado
índice acidez 13,7086 ± 0,065408
pH 6,34 ± 0,0021
acidez titulável 5,3391 ± 0,0068
índice de éster 133,9745 ± 0,03601
índice de hidroxila 155,12098 ± 0,0497
índice de saponificação 172,03349 ± 0,0025
O índice de acidez das amostras de óleo de
mamona foram de 13,7 ± 0,06 mgKOH.g-1
óleo, pH de
6,34 ± 0,002, acidez titulável de 5,3 ± 0,006, índice
de saponificação de um material graxo foi de
172,033 ± 0,002 mgKOH.g-1
óleo a qual é muito
utilizado para determinar a massa molar de óleos e
gorduras.
Amarante (2014) destaca que o índice de
saponificação alto significa que a amostra tem
massa molar média baixa, o que indica a presença
de ácidos graxos de cadeias menores, enquanto
que materiais com predominância de ácidos graxos
de cadeias maiores e, portanto, maior massa molar
média, apresentam índices de saponificação mais
baixos. Enquanto o índice de éster é definido foi
de 133,9 ± 0,03 mgKOH.g-1
óleo, a qual pode ser
empregado, entre outras finalidades, para, em caso
de adulteração de algum óleo ou gordura,
identificar o tipo de contaminante que foi
adicionado ao material e o índice de hidroxila foi
de 155,120 ± 0,04 mgKOH.g-1
óleo.
O grupo hidroxila confere ao composto
estabilidade e alta viscosidade, que é mantida em
larga faixa de temperatura, ao contrário de outros
óleos vegetais, que perdem viscosidade em altas
temperaturas e solidifica em baixas, o óleo de
mamona possui grande estabilidade à oxidação,
sendo esta diretamente ligada a qualidade e tempo
de armazenamento, especialmente a sendo
responsável por aumentar a vida útil do
bicombustível.
Galvão (2007) destaca que a quantidade de
óleo extraída das sementes da mamona está
compreendida entre 40-60%, sendo o componente
principal de sua estrutura o ácido ricinoleico (12-
hidroxi-9-octadecenóico), que representa
aproximadamente 90% da constituição química
total, além disso, se caracteriza por ter uma alta
massa molar e baixo ponto de fusão. A quantidade
total de ácidos graxos insaturados como o
ricinoleico corresponde a 97%, ácidos graxos
saturados entre de 2,3 a 3,6% e ácidos graxos como
o linoleico com 4,2%, oléico com 3,0%, esteárico
com 1%, palmítico com 1%, dihidroesteárico com
0,7%, linolênico com 0,3%, entre outros.
Segundo Ogunniyi et al. (2006) o óleo de
mamona também exibe muitas vantagens no
emprego como matéria prima industrial, devido
especialmente as suas características diferenciadas
com relação a outros óleos vegetais, como alta
viscosidade devido à formação das ligações de
hidrogênio entre o hidrogênio da hidroxila e o
oxigênio da carbonila, tanto de outro ácido no
mesmo triacilglicerol como no de outra molécula,
ou ainda, entre a hidroxila e a carbonila do próprio
ácido, alta lubricidade e solubilidade em álcoois
devido aos grupos hidroxilas (provenientes do
ácido ricinoléico, que compõe quase 90% em
massa dos ácidos graxos do óleo de mamona)
presentes.
Amarante (2014) destaca que normalmente
as variedades comerciais mais comuns de semente
de mamona possuem o óleo composto cerca de
90% por ácido ricinoléico (ácido 12-hidroxi-9-
octadecenóico), caracterizado por sua alta massa
molar e baixo ponto de fusão (5ºC), 97% em massa
ácidos graxos, ácidos graxos saturados entre 2,3-
3,6%.
10. Entre as aplicabilidades o óleo da mamona
o principal é a produção de biodiesel, devido a sua
natureza singular com propriedades químicas e
físicas únicas, excelentes quando comparadas a
outros óleos. Teoricamente, qualquer oleaginosa
pode vir a ser utilizada para produção de biodiesel,
porém, devem-se levar em conta algumas
características como produtividade, custo de
produção e de logística, capacidade de
armazenamento e de geração de renda, os
subprodutos, tecnologia empregada,
adaptabilidade e sustentabilidade da cultura.
Contudo as áreas de plantio estão sendo
ampliadas de forma rápida para atender à demanda
especialmente para a produção de biodiesel, sendo
um mercado importante expansão em todo o
mundo, além de trazer importantes benefícios.
Segundo Agência de Informação Embrapa
Mamona o Brasil é atualmente o terceiro país
produtor de mamona e tem potencial para
aumentar rapidamente sua participação nesse
mercado, pois dispõe de áreas aptas, tecnologia e
experiência no cultivo, que já teve grande
importância para a economia nacional
(EMBRAPA, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O plantio manual em batelada foi realizado
com um espaçamento de 1,5 metros entre fileiras e
33 cm entre plantas com 3 sementes por cova, as
quais começaram sua germinação em todas as
covas após 6 dias no período de fevereiro de 2019.
A germinação (reativação das plantas de
crescimento do embrião) completa ocorreu entre
15 a 20 dias de forma desinforme devido a
característica de ser uma planta rústica.
A cultivar desenvolveu plântulas com
folhas do tipo afunilado com coloração esverdeada
de comprimento de 3,7 cm, com sistema radicular
pivotante e profundo, com raiz principal de 30 cm
de profundidade e diâmetro de 5 cm. Sua altura
variou de 150 a 180 cm, com caule é rosado de
diâmetro entre 3,5 e 6 cm, e na e na exterminada
sua primeira inflorescência em torno de 60 cm do
solo.
A colheita foi realizada de forma manual
com 100% da área plantada sendo colhida, com um
rendimento de produtividade de 800 kg por
hectare, considerando o uso de técnicas manuais e
o espaçamento de 1,50 metros entre linhas, em
relação às técnicas convencionais em larga escala
que utilizam o espaçamento de 90 centímetros
entre fileiras, poderíamos alcançar a produtividade
média de 1500 kg à 1800 kg por hectares.
Os grãos de mamona foram secados ao ar
livre sob lonas por um período de 15 dias, sendo
revirados a cada 36 horas para uma secagem
homogênea, uniforme e completa em toda a
estrutura do grão. Os grãos foram descascados e
acondicionados em ou silos, com umidade das
sementes até 10%, temperatura, e ventilação
adequada, controle de insetos e roedores.
Posteriormente foram levados a estufa por 24
horas a 105°C para eliminação de qualquer
humidade e armazenados em sacos plásticos bem
fechados e vedados.
As sementes de formato oblongas, lisas e
lustrosas, com coloração é variada de branco e
marrom escuro, com estrias brancas entremeadas
com estrias marrons. O peso médio em 100
sementes foi de 45 g com variação entre 8 a 24 mm
de comprimento, de 8 a 12 mm de largura e 4 a 9
mm de espessura. Para a torta de mamona os
valores de granulometria foram de 0,5 a 1 mm de
comprimento, 0,3 a 0,9 mm de largura e 1 a 2 mm
de espessura.
O rendimento de obtenção da torta de
mamona com relação massa de semente foi de
3,96, umidade de 4,93 % e de 4,02 % para a
semente e grãos a torta de mamona,
respectivamente. O peso específico em média foi
630 kg/m³, a porosidade de 30,3 % e de 33,0, o teor
de cinzas foi de 2,12 e 1,74 %, o teor de proteína
de 20,2 % e de 16,3 % para o grão e torta de
mamona, respectivamente. Os sólidos totais foram
de 1,9 % e 2,01 %, acidez titulável e o potencial
hidrogeniônico foi de 2,0 g e 3,2 pH, índice de
acidez de 5,5 mgKOH.g-1
óleo, respectivamente. O
teor de lipídeos (extrato etéreo) em solventes foi
de 55,1 % em hexano, 49,4 % em éter e 62,2 % em
álcool etílico.
Para a otimização do processo de extração
em batelada obteve um rendimento significativo
de 40 % de óleo usando o álcool etílico, 53 % em
11. hexano e 27 % em éter. A viscosidade foi de
201,87 Pa·s e a densidade foi de 1,771 kg/L, índice
de acidez do óleo de mamona foi de 13,7 mgKOH.g-
1
óleo, pH de 6,34, acidez titulável de 5,3, índice de
saponificação de um material graxo foi de 172,033
mgKOH.g-1
óleo, índice de éster de 133,9 mgKOH.g-
1
óleo e o índice de hidroxila de 155,120 mgKOH.g-
1
óleo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Bicombustíveis, 1997. Disponível em
www.anp.gov.br. Acesso em julho de 2019.
AIRES, Rogério Ferreira, DOS ANJOS, Sérgio
Delmar dos Anjos & EICHOLZ, Eberson
Diedrich. Análise de crescimento de mamona
semeada em diferentes épocas. Ciência Rural, v.
41, n. 8, p. 1347-1353, 2011.
AMARANTE, Rafael Campos Assumpção de.
Extração de óleo de torta de mamona utilizando
etanol–estudos paramétrico, cinético e
termodinâmico. Dissertação de Mestrado da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS,
2014.
AMORIM, Tânia Nobre Gonçalves Ferreira.
Gestão de pessoas no agronegócio. In:
Agronegócio. CALLADO, A.A.C. (org.), Editora
Atlas, São Paulo, SP, 2005.
AOAC - Association of Official Analytical
Chemistry. Disponível em www.aoac.org. Acesso
em julho de 2019.
BELTRÃO, Napoleão E. de M., CARTAXO,
Waltemilton Vieira, PEREIRA, Sérgio Ricardo de
P., SOARES, José Janduí, SILVA, Odilon Reny
Ribeiro F. O Cultivo sustentável da mamona no
Semi-Árido brasileiro. Embrapa Algodão-
Fôlder/Folheto/Cartilha (INFOTECA-E), 2006.
BENEDETTI, B. Carlos. Matérias-primas
agropecuárias I. Universidade Estadual de
Campinas: Faculdade de Engenharia Agrícola, p.
73, 1987.
FOGUESATTO, Cristian Rogério. Percepções de
riscos e estratégias para gerenciá-los em
agroindústrias familiares. 2016. Disponível em
www.lume.ufrgs.br. Acesso em junho de 2019.
BESSA, Antonia Tamires Monteiro.
Caracterização físico-química de alho comum e
nobre em função do tempo de armazenamento.
Dissertação de Mestrado da Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Mossoró, Rio Grande do
Norte, RN, 2016.
BEWLEY J. Douglas & BLACK, Macos. Seeds:
physiology of development and germination. 2°
Edição, Editora New York: PLENUM PRESS,
1994. AZERÊDO, G., PAULA, R., & VALERI,
S., Seeds: physiology of development and
germination. Centro de Ciencias Agrárias, p. 65.
2018.
BIZINOTO Tânia Kristina Machado Costa,
KRISTINA, Oliveira Elisa, GUIMARÃES de
Brito, MARTINS, Sabrina, SOUZA, Sandro
Ângelo de, GOTARDO, Mirian de Oliveira.
Cultivo da mamoneira influenciada por
diferentes populações de plantas. Bragantia, v.
69, n. 2, p. 367-370, 2010.
CANGEMI, José Marcelo, SANTOS, Antonia
Marli dos & CLARO NETO, Salvador. A
revolução verde da mamona. Química Nova na
Escola, v. 32, n. 1, p. 3-8, 2010.
CHITARRA, Marcos I. F. & CHITARRA,
Adimilson Bosco. Pós-colheita e frutos e
hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras:
Universidade Federal de Lavras, ESAL/FAEPE,
2005.
CONAL - Companhia Nacional de
Abastecimento. Acesso em www.conab.gov.br.
Disponível em agosto de 2019.
COSTA, Lenise Viana, OLIVEIRA Elainy
Cristina Alves Martins, PIRES Nara Raianne
Oliveira. Biodiesel: mamona e dendê como
culturas energéticas. Revista Eletrônica de
Energia, v. 5, n. 2, 2016.
DA SILVA FONSECA, Nayanna Brunna &
12. SOTO-BLANCO, Benito. Toxicidade da ricina
presente nas sementes de mamona. Semina:
Ciências Agrárias, v. 35, n. 3, p. 1415-1424, 2014.
DA SILVA, Samuel de Deus, PRESOTTO, Rafael
Antônio, MAROTA, Helen Botelho & ZONTA,
Everaldo. Uso de torta de mamona como
fertilizante orgânico. Pesquisa Agropecuária
Tropical, v. 42, n. 1, p. 19-27, 2012.
DE MOURA CUNHA, George Henrique,
ROCHA, Ubirajara Rodrigues, & DE OLIVEIRA,
Adrilane Batista de. Economia da mamona: uma
visão do mercado brasileiro no início do século
XXI, 2017.
DE OLIVEIRA, Edinete Maria. Avaliação do
teor de óleo e peso em sementes de mamona
utilizando diversos acessos. Engenharia
Ambiental: Pesquisa e Tecnologia, v. 8, n. 1, 2011.
DE SOUTO, Keynis Cândido & SICSU, Abraham
Benzaquen Sicsu. A cadeia produtiva da
mamona no estado da Paraíba: uma análise
pós-programa do biodiesel. Revista Econômica
do Nordeste, v. 42, n. 1, p. 183-210, 2011.
DE SOUZA MADALENA, Lilian Cristina, DE
OLIVEIRA, Adriana Ferla de, SANTOS,
Reginaldo Ferreira, ROSSETO, Ricielly Eloyze,
CHANG, Pablo & FRIGO, Elisandro Pires. Uma
revisão do uso do óleo de rícino proveniente da
Mamona (Ricinus communis L.), em diversos
setores industriais e combustíveis. Acta Iguazu,
v. 6, n. 5, p. 1-12, 2017.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento do Brasil, 2006.
Disponível em www.embrapa.br. Acesso em julho
de 2019.
EMBRAPA ALGODÃO - Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, ARAUJO, J. M. de,
CAVALCANTI, J. M., CARTAXO, W. V.,
VALE, D. G., DE ALBUQUERQUE, F. A., DE
SOUZA, M. F. ALVES, I. Sistema de Produção
da Mamona, 2° Edição, 2006. Disponível em
www.embrapa.br. Acesso em julho de 2019.
FERREIRA, Renan Silva & MELO, André Souza
Melo. Análise das fontes de crescimento do
valor bruto da produção da mamona no
período de 1990 a 2016. Revista em Agronegócio
e Meio Ambiente, v. 12, n. 2, p. 487-513, 2019.
FREIRE, Rosa Maria Mendes, SEVERINO, L.
Sandra & MACHADO, Otávio L. T.
Ricinoquímica e co-produtos. AZEVEDO, DMP
de; BELTRÃO, NE de M. O agronegócio da
mamona no Brasil, v. 2, p. 451-473, 2006.
GALVÃO, Luzia Patrícia Fernandes de Carvalho.
Avaliação termoanalítica da eficiência de
antioxidantes na estabilidade oxidativa do
biodiesel de mamona. Dissertação de Mestrado
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
UFRN, Natal, RN, 2007.
IMAmt – Instituto Mato-Grossense do Algodão.
Disponível em https://imamt.org.br. Acesso em
agosto de 2019.
KUENTZER, Ricardo Guilherme & GONZALES,
Astria Dias Gonzales. A necessidade de revisão
do programa nacional de produção e uso do
biodiesel no estado da Bahia, a partir da
produção da mamona. Diálogos & Ciência, v. 2,
n. 41, 2019.
LAGO A. Antonio, ZINK, Elena, RAZERA, L.
Fabio, BANZATTO, N. Vitor, SAVY FILHO, A.
Dormência em sementes de três cultivares de
mamona, Bragantia, v. 38, p-XLI-XLIV, 1979
MACHADO, Carla Gomes, MARTINS, Cibele
Chalita, CRUZ, Simério Carlos Silva,
NAKAGAWA, João Carlos, PEREIRA, Francisco
Rafael da Silva. Posição do racemo e do fruto na
qualidade fisiológica de sementes de mamona
durante o armazenamento. Semina: Ciências
Agrárias, p. 301-312,
Mateus, Gustavo Pavan, AZEVEDO, Francisco
Roberto de, ALVES, Antonio Carlos Leite
FEITOSA, José Valmir. Adubação nitrogenada
em cultivares de mamona no sistema de
semeadura direta consolidada. Magistra, v. 27,
n. 3/4, p. 460-467, 2017.
13. FONSECA, Eder R., EICHOLZ, Marcel de,
EICHOLZ, Eberson de, AIRES, Rogério F.,
SILVA, Sérgio da. Caracterização da floração
das cultivares de mamona al guarany 2002 e
IAC80. In Embrapa Clima Temperado-Artigo em
anais de congresso (ALICE). In: Congresso dDe
Iniciação Científica, Mostra Científica,
Universidade Federal de Pelotas, CD-ROM. CIC
UFPelotas, RS 2012.
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento em Regras para Análise de
Sementes. 2009. Disponível em
www.agricultura.gov.br. Acesso em maio em
2019.
MORETTO, Elaine. Tecnologia de óleos e
gorduras vegetais na indústria de alimentos.
São Paulo: Varela, 1998.
MOSHKIN, VA Castor. Moskow: Kolos
Publisher, 1986. 315 p
NAKA, Sheizi. Determinação das Propriedades
Físicas dos Grãos de Mamona ‘Guarani’
visando Armazenagem em Silos Verticais.
Dissertação de Mestrado da Universidade Estadual
de Campinas da Faculdade de Engenharia
Agrícola. 2010.
OBERMAIER, Martin, HERRERA, Selena
Herrera & LA ROVERE Emilio Lèbre. Análise de
problemas estruturais da inclusão da
agricultura familiar na cadeia produtiva de
biodiesel. In Embrapa Algodão-Artigo em anais
de congresso (ALICE). In: Congresso Brasileiro
de Mamona, 4.; Simpósio Internacional de
Oleaginosas Energéticas, João Pessoa. Inclusão
social e energia: Anais. Campina Grande:
Embrapa Algodão, 2010.
OGUNNIYI, David S. Castor oil: a vital
industrial raw material. Bioresource
Technology, v. 97, p. 1086–1091, 2006.
OLIVEIRA, Antonio B., QUEIROZ, Jamis A.,
MENEZES, Carlos H. S. G., CARTAXO, W. V.
& SUASSUNA, N. Debora. Efeito do tempo de
embebição em água e remoção da carúncula na
germinação de sementes de mamona (Ricinus
communis L.). In: Congresso Brasileiro de
Mamona – Energia e Sustentabilidade, 2004,
Campina Grande. Embrapa Algodão, p.123-128,
2004.
REIS, Ivan Banho de Andrade. Extração de óleo
de mamona utilizando etanol em extrator
semicontínuo. Dissertação de Mestrado da
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2013.
RIZZI, Bruna S., SILVA, Guilherme A. J. &
MAIOR, Thales S. Mamona como
biocombustível. Revista de divulgação do Projeto
Universidade Petrobras e IF Fluminense, v. 1, p.
317-320, 2010.
ROLIM, Larissa Araújo, LESSA, Marina Melo,
ALVES, Lariza Darlene Santos, DE FREITAS-
NETO, José Lourenço de, ALVES, Stella Maria
Araújo, ROLIM-NETO, Pedro José. Aplicações
de revestimento em formas farmacêuticas
sólidas na indústria farmacêutica. Revista
Brasileira de Farmácia, v. 90, n. 3, p. 224-230,
2009.
SILVA, Élida Ramalho da. Efeito do uso de
revestimento na conservação pós-colheita de
Banana musa paradisiaca L. (Banana prata).
Dissertação de Mestrado, Pombal, PB, 2017.
SILVA, Silva, José Alderir da. Avaliação do
programa nacional de produção e uso do
biodiesel no Brasil–PNPB. Revista de Política
Agrícola, v. 22, n. 3, p. 18-31, 2013.
SILVA, Maria Susana, COSTA MACEDO,
Lidiane, BELMINO João Antonio dos Santos,
SILVEIRA MOREIRA, Francisco da.
Aproveitamento de co-produtos da cadeia
produtiva do biodiesel de mamona. Exacta, v. 8,
n. 3, p. 279-288, 2010.
ZUÑIGA, Abraham Damian Giraldo, PAULA,
Marcielle Martins, COIMBRA, Jane Selia Dos
Reis, MARTINS, Elainy Cristina Alves, SILVA,
Donizete Xavier da, TELIS-ROMERO, Javier.
Revisão: propriedades físico-químicas do
biodiesel. Pesticidas, p. 55-72, 2011.
________________________________________
14. Dra. Nádia Ligianara Dewes Nyari, Gabriel Silva
Cordeiro, João Carlos Ferreira Leal, Dra. Camila
de Aquino Tomaz e Me. Sandra Ines Horn Bohm
atuam junto ao Centro UniLaSalle Lucas de Lucas
do Rio Verde - MT, Brasil.
* Dra. Nádia Ligianara D. Nyari
nadialigianara@hotmail.com
UniLaSalle Lucas de Lucas do Rio Verde - MT
25