O documento discute 20 pontos de manejo propostos por François Madec para melhorar o controle da circovirose suína e reduzir a taxa de mortalidade em granjas. Estes pontos envolvem melhorias na biossegurança, no espaçamento dos animais, na alimentação e no fluxo de ar e animais entre as diferentes fases de produção. A adoção do maior número possível destas medidas é recomendada.
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Como reduzir a taxa de mortalidade de suínos
1. Quais são os pontos de Madec?
[Controle da Circovirose]
Suinocultura
Como reduzir a taxa de mortalidade de suínos?
Apesar do uso das vacinas o controle da circovirose deve ser acompanhado da
identificação e eliminação dos fatores de risco e na redução dos fatores de
estresse.
Fatores complicadores para o controle da enfermidade incluem a grande
resistência do agente no meio ambiente e a inexistência de tratamento específico
para os suínos afetados. Os melhores resultados para a redução da mortalidade e
das perdas podem ser obtidos através de mudanças de manejo baseadas nos 20
pontos do pesquisador francês François Madec.
Os 20 pontos de Madec permitem reduções de taxas de mortalidade abaixo dos
5% em creches. A observância das recomendações de Madec melhora a
biossegurança da granja e reduz o potencial patogênico de outros agentes de
doenças que afetam os suínos, especialmente os entéricos e os respiratórios.
Abaixo, é apresentado um check list que envolve as medidas de Madec, um
resumo de medidas sugeridas por outros autores e providências adotadas com
sucesso em rebanhos brasileiros. É possível e mesmo provável que muitas entre
elas sejam difíceis ou mesmo impossíveis de serem usadas em todos os
rebanhos. Recomenda-se, entretanto, que para melhor controle da doença seja
adotado o número máximo de medidas em cada rebanho.
MATERNIDADE
Usar o sistema "todos dentro, todos fora" e limpar as canaletas de dejetos
entre lotes.
Revisar e melhorar o processo de desinfecção, usando desinfetantes mais
eficientes, com atividade específica frente ao circovirus.
Lavar as porcas e desverminar antes do parto.
Limitar os reagrupamentos de leitões na maternidade ao absolutamente
essencial, tentar trocar leitões apenas nas primeiras 24 horas após o parto.
Estabelecer regras claras para as adoções: por exemplo, máximo de 20%
dos leitões, considerando as ordens de parto.
Adotar medidas para maximizar a ingestão de colostro pelos leitões.
Realizar manejo cuidadoso com os leitões.
Adotar higiene estrita em manejos como desgaste de dentes, corte da
cauda com termocautério, injeções, castração e outros.
Para a aplicação de injeções, usar uma agulha para cada leitegada.
Iniciar o fornecimento de ração pré-inicial aos 10 a 14 dias de idade.
Aumentar a idade e peso ao desmame. Tentar chegar a uma idade de
desmame mínima de 26 dias, com peso superior a 7 kg.
2. Desmamar leitões em grupos, sem depender da idade.
Desmamar todos os leitões no mesmo dia.
Usar material e equipamentos de limpeza independentes para cada sala.
Adotar um vazio sanitário mínimo de 3 dias.
Não transferir leitões de uma sala para outra, especialmente leitões de
baixo peso ou ama de leite.
CRECHES
Usar o sistema todos dentro, todos fora e limpar as canaletas de dejetos
entre lotes.
Restringir ao máximo o número de origens.
Não vacinar na época de desmame.
Realizar transporte entre maternidade e creche com mínimo de estresse.
Usar baias ou gaiolas pequenas, com divisórias sólidas e altura mínima de
80 cm.
Usar preferencialmente uma baia para cada leitegada oriunda da
maternidade. Caso necessário, misturar no máximo leitões de duas leitegadas.
Evitar misturas no desmame. Por exemplo, restringir agrupamentos por
peso ou sexagem. Se necessário agrupar, misturar apenas de porcas da
mesma ordem de parto.
Não misturar leitões durante o período de permanência nas creches. Em
nenhuma circunstância trocar leitões de gaiola.
Diminuir a lotação para níveis iguais ou menores que 3 leitões por m² ou
seja, espaço igual ou maior que 0,33 m² por leitão.
Aumentar o espaço de cocho para valor acima de 7cm/Leitão.
Dispor no mínimo um bebedouro para cada 10 leitões.
Usar rações de alta qualidade.
Realizar trocas graduais entre rações.
Ajustar o tipo de ração em uso, considerando os menores leitões do lote.
Nunca trocar ração na primeira semana após a transferência.
Manter os leitões nas creches por um mínimo de 4 semanas.
3. Melhorar a qualidade do ar, mantendo níveis de NH3 abaixo de 10 ppm,
CO2 abaixo de 0,1% e umidade abaixo de 85%.
Melhorar o controle de temperatura ambiental, estabilizando-a entre 26 a 22
° C de acordo com a idade dos leitões.
Separar os animais doentes, transferindo-os para uma enfermaria. Medicá-
los o mais cedo possível, com antibióticos, por três dias. Caso não respondam à
medicação, devem ser sacrificados.
Tentar realizar um fluxo de pessoal e equipamentos dos leitões mais jovens
na direção dos mais velhos.
Realizar controle de ratos e moscas.
Manter um vazio sanitário mínimo de 7 dias.
Jamais transferir leitões de baixo peso para outra sala do lote seguinte,
prática comum em granjas que comercializem os leitões considerando peso
mínimo.
CRESCIMENTO/ TERMINAÇÃO
Restringir ao máximo o número de origens.
Usar baias pequenas, com divisórias sólidas, mantendo, preferencialmente,
o mesmo lote da baia de creche nos rebanhos de ciclo completo.
Usar o sistema todos dentro, todos fora e limpar as canaletas de dejetos
entre lotes.
Não misturar leitões de diferentes lotes na chegada ou durante o período de
permanência nas recrias e/ou terminações.
Diminuir a lotação, adotando um espaço acima de 1,0 m² por leitão.
Verificar se os bebedouros estão na altura correta.
Melhorar a qualidade do ar e o controle da temperatura ambiental.
Separar os animais doentes, transferindo-os para uma "enfermaria".
Medicar os doentes o mais cedo possível, com antibióticos, por três dias. Caso
não respondam, devem ser sacrificados.
Adotar um vazio sanitário mínimo de 7 dias.
4. OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Cuidar com a origem dos animais de reposição e do sêmen.
Utilizar programas de quarentena/adaptação para os animais que estão
sendo introduzidos no plantel. Poderá ser tentada a imunoestimulação dos
animais de reposição e leitoas, através do contato com leitões doentes.
Manter programas de biossegurança eficientes.
Controlar o acesso de pássaros e de outros animais.
Reduzir estressores ambientais (como gases, pó, correntes de ar).
Racionalizar o fluxo de ar e de animais nos prédios.
Usar níveis adequados de vitaminas na ração das porcas. Usar
antioxidantes nas rações.
Evitar trocas constantes de marcas de ração.
Manter boa higiene nos cochos.
Usar o sistema de desmame em lotes de 1, 2, 3 ou 4 semanas com
desinfecção adequada e vazio sanitário entre eles. Essa medida, também,
aumenta os índices produtivos da granja, contribuindo para melhorar a
qualidade e reduzir o número de origens nas creches ou terminações.
A medicação com aspirina(25 ppm na água, na terminação) pode contribuir
para reduzir a mortalidade após a adoção de outras medidas de manejo para o
controle de casos clínicos de SMD.
A medicação e imunização preventiva para os agentes secundários
comumente associados com a infecção com circovirus (com as infecções
por Haemophilus parasuis, Salmonella sp., Streptococcus suis) é uma das
medidas chave para o controle da SMD.
Referências:
Barcellos, David EmilioSantosNevesde; Sobestiansky, Jurij. Doenças dos suínos. 2. ed. Goiânia: Cânone Editorial, 2012.