3. Editorial
Cinco séculos de
história
A
história da cana-de-açúcar se
confunde com a própria história do Brasil. Desde a época do descobrimento, a cultura esteve sempre
presente no país. Apesar de não se saber ao certo quando a cana chegou
aqui, uma certeza todos os historiadores têm: o altíssimo valor do açúcar na
época, combinado com as ótimas condições encontradas no país, foram decisivas para que os portugueses começassem a plantar cana e produzir açúcar no Brasil.
A reportagem de capa da Revista
Canavieiros deste mês fala sobre isso:
os 500 anos da cana-de-açúcar no Brasil. Quais foram as principais variedades plantadas neste período e de onde
elas vieram? O que mudou? Como funciona e qual a importância do melhoramento genético e da criação de novas
variedades? Essas e outras questões,
bem como curiosidades sobre o cultivo
da cana foram respondidas pelo o diretor do Centro de Cana e coordenador
do Programa Cana IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Marcos Guimarães de Andrade Landell, que mantém
um jardim com mais de 300 variedades
de cana-de-açúcar plantadas no Brasil.
Landell ainda mostra, em primeira mão,
variedades criadas pelo Instituto e que
serão lançadas ainda este ano.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João
de Almeida Sampaio Filho, foi o entrevistado desta edição e diz acreditar que
a estrutura fundiária do território
paulista, onde se cultiva 60% de toda a
cana processada pela indústria, coloca
parâmetros para o crescimento dos grandes conglomerados do setor. Sampaio
destaca a importância dos trabalhos da
Comissão Especial de Bioenergia, constituída em abril, defende a estadualização
do Porto de Santos e destaca a importância de o produtor de cana estar orga-
nizado em associações.
As páginas das Notícias Copercana
desta edição trazem um artigo do gerente do Departamento Técnico,
Gustavo Nogueira, e do consultor agronômico, Oswaldo Alonso, sobre a produção de mudas de cana-de-açúcar na
Fazenda Santa Rita, em Terra Roxa. A
editoria da Canaoeste fala sobre a reunião técnica realizada para os associados de Pitangueiras e sobre a palestra
ministrada pelo presidente da
Canaoeste, Manoel Ortolan, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Logo em seguida você confere o balanço do "Cocred em Ação" em Batatais
- um evento beneficente organizado
pela Cocred em prol de entidades
assistenciais da cidade e uma matéria
sobre a opinião dos cooperados da cidade sobre o atendimento e os serviços prestados pela agência.
O destaque deste mês fica para a
Fenasucro & Agrocana, as maiores feiras
do mundo voltadas ao setor
sucroalcooleiro e que acontecem entre os
dias 18 e 21 de setembro em Sertãozinho.
O sistema Copercana, Canaoeste e Cocred
e a Revista Canavieiros estarão presentes
com um estande nas feiras.
O assistente de controle agrícola da
Canaoeste, Thiago Andrade Silva, fala
sobre o acompanhamento da qualidade da matéria-prima da safra 2007/2008
e Regina Del Grande da Uname, discorre sobre o controle de pragas urbanas
em grãos. Além disso, a Revista traz o
artigo jurídico do Dr. Juliano Bortoloti,
os prognósticos climáticos do Dr.
Oswaldo Alonso e um artigo técnico
sobre Adubação da cultura de canade-açúcar. Além das dicas de português, indicação de livros, agenda de eventos, repercutiu e classificados.
Boa Leitura!
Conselho Editorial
Revista Canavieiros -- Setembro de 2007
Revista Canavieiros Setembro de 2007
03
4. Indice
EXPEDIENTE
Capa
CONSELHO EDITORIAL:
Antonio Eduardo Tonielo
500 anos da
cana-de-açúcar no
Brasil
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Desde a época do descobrimento
do Brasil, variedades de diferentes
procedências ajudaram a tornar o
país o maior e melhor produtor de
cana-de-açúcar
Oscar Bisson
Pag.
Pag.
OUTRAS
DESTA
DESTA QUES
CONSECANA
Entrevista
Pag.
14
João de Almeida
Sampaio Filho
DESTAQUE
Secretário de Agricultura e
Abastecimento do Estado de
São Paulo
Pag.
Pag.
05
Ponto de vista
Manoel Carlos de
Azevedo Ortolan
Uma comparação entre o
Vale do Silício, nos EUA e
Sertãozinho.
Pag.
Pag.
Notícias
Pag.
24
Pag.
2 6 CANAVIEIRA
SAFRA
INFORMAÇÕES
Pag.
SETORIAIS
28
Pag.
Pag.
14
Canaoeste
Canaoeste realiza reunião técnica em
Pitangueiras
ARTIGO
TÉCNICO
Pag.
LEGISLAÇÃO
Pag.
16
Cocred
Cocred realiza evento beneficente em
Batatais
32
35
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
DIAGRAMAÇÃO:
Rafael H. Mermejo
FOTOS:
Carla Rossini
Marcelo Massensini
COLABORAÇÃO:
Marcelo Massensini
COMERCIAL E PUBLICIDADE:
(16) 3946-3311
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E COMUNICAÇÃO:
Ana Carolina Paro, Carla Rossini, Daniel
Pelanda, Giselle Mariano, Letícia Pignata,
Marcelo Massensini, Rafael Mermejo,
Roberta Faria da Silva, Talita Carilli.
CULTURA
Pag.
TIRAGEM:
10.000 exemplares
36
AGENDE-SE
37
A Revista Canavieiros é distribuída
gratuitamente aos cooperados, associados
e fornecedores do Sistema Copercana,
Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores.
A reprodução parcial desta revista é
CLASSIFICADOS
Pag.
38
autorizada, desde que citada a fonte.
ENDEREÇO DA REDAÇÃO:
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Sertãozinho – SP CEP:- 14.170-680
Fone: (16) 3946 3311
Pragas e Doenças
04
PROJETO GRÁFICO E
IMPRESSÃO:
REPERCUTIU
Pag.
Pag.
Controle integrado de pragas urbanas
Carla Rossini – MTb 39.788
Cristiane Barão – MTb 31.814
São Francisco Gráfica e Editora
Pag.
Notícias
30
08
08
12
Copercana
Produção de mudas de cana-de-açúcar
na Fazenda Santa Rita
Notícias
20
EQUIPE DE JORNALISMO:
33
Pag.
Pag.
5. Entrevista
João de Almeida
Sampaio Filho
Fotos: João Luiz
Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo
“Não dá para o setor
expandir sem os pequenos
e médios”
Cristiane Barão
O
secretário de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo, João de Almeida
Sampaio Filho, 41, acredita que
a estrutura fundiária do território paulista, onde se cultiva 60%
de toda a cana processada pela
indústria, coloca parâmetros para
o crescimento dos grandes conglomerados do setor.
A cana ocupa hoje 4,2 milhões de hectares e pode chegar
a 6 milhões em cinco anos e, ainda assim, a agricultura paulista
continuará diversificada, na opinião do secretário. “A diversificação da agricultura paulista
possibilita um crescimento justo
em todas as cadeias produtivas”,
diz.
Sampaio destaca a importância dos trabalhos da Comissão
Especial de Bioenergia, constituída em abril, defende a
estadualização do Porto de Santos e destaca a importância de o
produtor de cana estar organizado em associações. Leia a entrevista que ele concedeu, por email, à Canavieiros.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
05
6. Entrevista
Revista Canavieiros: Como o se- outras desconexas. A comissão tem cana ocupa praticamente metade da
nhor avalia o avanço da cana em SP? entre seus intuitos uniformizar essas área com culturas e tende a se exJoão Sampaio: A cana atinge hoje ações, criar um ambiente de trabalho pandir. Isso preocupa a secretaria?
Sampaio: Na verdade, nos 22 micerca de 20% da área ocupada com ati- que seja pró-ativo e produtivo. O obvidade agrícola no Estado. No total, jetivo destes encontros é discutir com lhões de hectares ocupados com a atisão 22 milhões de hectares com a ati- a cadeia produtiva alternativas para a vidade agrícola, temos 9,7 milhões de
vidade e correlatos, a cana tem atual- capacitação tendo em vista o proces- hectares com pastagens, 1,1 milhão
mente 4,5 milhões de hectares de ocu- so de mecanização da colheita da cana, com reflorestamento, 650 mil hectares
pação. Pelo ritmo de expansão, a ex- assim como a profissionalização do com citros e 243 mil de café e depois
pectativa é que ultrapasse um pouco setor sucroalcooleiro como um todo. segue a composição com culturas anumais que 6 milhões de hectares nos Estão sendo realizados grupos de dis- ais e outras culturas perenes, também
próximos 5 anos. A diversificação con- cussão em todas as áreas: ambiental, a cobertura vegetal natural. Acredito
tinuará a ser marca do Estado de São social, transportes e logística, o resul- que o agronegócio paulista continuaPaulo. A própria estrutura fundiária do tado virá com a produção de propos- rá a crescer pela capacidade de nossa
Estado com pequenas e mé- “O produtor/fornecedor de cana deve procurar agroindústria de processar o
que é produzido no campo
dias propriedades coloca um
se unir em associações e cooperativas para aqui e o que vem de fora de
freio nesta expansão da
nosso Estado. O setor de açúcana. E, além disto, a grande poder, inclusive, trabalhar melhor não só na
car e álcool, o de citros e a
explosão nas áreas de cana
cana como também na própria integração com cafeicultura vão impulsionar
já está menos acelerada. Os
lavoura e também pecuária, com
nossas vendas internaciocenários para álcool e açúcar, principalmente este últi- aproveitamento de bagaço e outras alternativas” nais, gerando renda internamente. A diversificação da
mo, sofreram uma alteração
muita brusca. Os preços internacio- tas de políticas públicas combinadas agricultura paulista possibilita um
nais do açúcar estão num patamar com a iniciativa privada para o desen- crescimento justo em todas as cadeimuito baixo, mesmo quando compara- volvimento da bioenergia no Estado as produtivas. Com a recuperação do
setor de grãos em todo o país, isto tamdo com seu período de baixa. Além do de São Paulo.
bém influencia a nossa produção, reque, temos um mercado cheio de açúRevista Canavieiros: O senhor cuperando a nossa indústria de mácar colocado pelos países europeus e
os reflexos da demanda de álcool com- acha que haverá espaço para os pe- quinas e insumos, o que também gera
bustível ainda não chegaram a refletir quenos e médios produtores de cana empregos e renda nos municípios do
nos preços. Trata-se de consolidação nesse processo de expansão do setor? interior. Mesmo a pecuária, que teve
Sampaio: A própria estrutura grandes reveses nestes últimos três
do mercado de combustível alternatifundiária do Estado com pequenas e anos, segue para a recuperação. No
vo e isso irá colocar em evidência o
nosso potencial exportador. O que in- médias propriedades coloca Estado de São Paulo, ela deve ser feicentivamos e trabalhamos junto com parâmetros para o crescimento dos ta de forma intensiva com a ampliação
a assistência técnica é que o produtor grandes conglomerados do setor. Não no número de confinamentos, o que
que está na sua atividade agrícola dá para o setor expandir sem a parce- já vem acontecendo em muitas regicontinue nela. A cana deve ser uma ria de pequenos e médios fornecedo- ões. A pecuária com alta tecnologia,
alternativa de alta rentabilidade no mo- res. O que incentivamos é que o pro- uso intenso da bovina genética como
dutor seja um fornecedor da usina, ferramenta no aumento da produtivimento.
trabalhamos junto com a assistência dade e na precocidade do abate. A cana
Revista Canavieiros: Recentemen- técnica para que a gestão da produ- deve ser integrada à alimentação anite foi realizado um encontro para dis- ção dentro das propriedades seja fei- mal e ajudar na intensificação da procutir a formação de recursos huma- ta pelo seu dono, para que o produ- dução. Apostamos no desenvolvinos na cadeia produtiva de cana e tor que está na sua atividade agríco- mento da criação de pequenos animais
biodiesel e as relações do trabalho la continue nela. Acredito que tere- – ovinocultura e caprinocultura, a peno setor sucroalcooleiro. Quais as mos espaço para permanecermos di- cuária de leite em crescimento, plantaversificados e o produtor/fornecedor ções de seringueiras, são todas boas
conclusões?
Sampaio: Quando o governador de cana deve procurar se unir em as- alternativas para o produtor.
José Serra criou a Comissão Especial sociações e cooperativas para poder
Revista Canavieiros: O Centro de
de Bioenergia do Estado de São Paulo inclusive trabalhar melhor não só na
cana como também na própria Cana de Ribeirão Preto recebeu mais
em abril deste ano, tinha em mente a
urgência de se pensar a questão de integração com lavoura e também pe- pesquisadores e ampliou sua estrubioenergia com um objetivo comum cuária com aproveitamento de baga- tura de laboratórios. Há planos para
pesquisas visando à produção de
aos diversos participantes da cadeia. ço e outras alternativas.
etanol celulósico?
Várias ações têm sido feitas pelo EsRevista Canavieiros: Em SP, a
Sampaio: O nosso Centro de Cana
tado, muitas vezes em duplicidade,
06
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
7. Entrevista
é um exemplo de produtividade denSampaio: Temos uma situação até a iniciar trabalhos através da Codasp
tro da pesquisa agropecuária e uma que privilegiada em comparação com para a recuperação de estradas rurais,
vitrine da parceria com a iniciativa pri- outros Estados brasileiros, pois te- assegurando trafegabilidade e escoavada. A Orplana e outras instituições mos um conjunto de rodovias em ple- mento da produção durante todo o ano.
do setor são as grandes propulsoras no funcionamento. Pesquisas apon- Além disto, está em estudo com o sedo desenvolvimento de novas varie- tam que das 20 melhores rodovias tor produtivo, a construção do
dades. São mais de 35 delas em pro- do país, 19 estão em São Paulo. Ain- alcoolduto, projeto importante na amdução e cerca de 25% das variedades da assim temos alguns gargalos. O pliação e competitividade das nossas
de cana cultivadas no país nasceram Porto de Santos, grande corredor exportações. Uma outra questão a ser
do trabalho dos nossos
resolvida imediatamente é
centros de pesquisa. Para “O que incentivamos é que o produtor seja um o meio ambiente, para proesta outra fase da pesqui- fornecedor da usina, trabalhamos junto com a duzir um combustível limpo
sa em busca de aumento de
é preciso ser limpo e pareassistência técnica para que a gestão da
produção e melhor aproveicer limpo para os nossos
tamento do bagaço, as pes- produção dentro das propriedades seja feita pelo compradores internacioquisa paulista está na fren- seu dono, e para que o produtor que está na sua nais. Por isso, o fim das
te. A Fapesp vai destinar
queimadas, a recuperação
atividade agrícola continue nela”
R$ 150 milhões em recurdas matas ciliares serão exisos para os mais diversificados proje- das nossas exportações, é um des- gências, as quais teremos que nos ortos, e o nosso Centro participa dos tes gargalos, precisa ser moderniza- ganizar para cumpri-las. Nos casos da
grupos de trabalho que integram esta do, ampliado e talvez um caminho mecanização e o problema social geimensa rede da bioenergia.
seja a sua estadualização para me- rado pelo desemprego, também temos
lhor atender as necessidades. O go- que atuar em conjunto na qualificação
Revista Canavieiros: Quais são os vernador José Serra inicia numa par- e capacitação de trabalhadores e prograndes
gargalos
para
o ceria com o Banco Mundial a recu- dutores também para que possam enagronegócio paulista e para ativida- peração das rodovias vicinais e já frentar os desafios tecnológicos imde canavieira?
autorizou a Secretaria de Agricultura postos pelo mercado.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
07
8. Ponto de Vista
Sertãozinho e o Vale do Silício
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan*
L
i, dias atrás, uma comparação
interessante entre o Vale do Silício, berço do desenvolvimento
tecnológico nos Estados Unidos, e
Sertãozinho, pólo de tecnologia para o
setor sucroalcooleiro. De fato, há muito
em comum entre as duas regiões. O Vale
do Silício é uma região no Estado da
Califórnia onde estão concentradas as
mais importantes empresas de
tecnologia, como a Intel, Apple, IBM,
Microsoft.
Surgiu em 1938, quando Bill Hewlet
e Dave Packard, abriram uma pequena
empresa na cidade de Palo Alto e desenvolveram o primeiro produto da HP,
um oscilador para testar equipamentos de som. Foi o primeiro passo para
que a região se transformasse no centro das grandes descobertas em
tecnologia e das grandes sociedades
que hoje dão nomes aos equipamentos de informática que temos em nossas casas e no trabalho.
Assim, tornou-se muito comum
denominar de Vale do Silício regiões
que concentram empresas que acabam
originando novos produtos e também
novas empresas. Sertãozinho seria o
Vale do Silício do etanol. De fato,
encravada na região maior produtora
de açúcar e álcool do mundo, a cidade
é o endereço de saltos tecnológicos e
também concentra representantes de
todos os elos da cadeia de produção.
Não por acaso as indústrias de açúcar e álcool instaladas no município e
ao redor dele são pioneiras em
tecnologias de ponta, desde a geração
de energia elétrica a partir do bagaço da
cana, que hoje já se transformou em algo
simples e comum, e de subprodutos que
a cada dia são apresentados no mercado. E as empresas que fabricam equipamentos exportaram no ano passado US$
157,5 milhões em tecnologia para diferentes lugares do planeta. Esse valor é
mais que o dobro do registrado em 2003.
Creio que a Zanini foi um importante marco nesse processo. A empresa foi
criada ainda na década de 50 para a produção de equipamentos para o setor
sucroalcooleiro e chegou a ter por volta de 5.000 funcionários. Acabou se dissolvendo, mas seus funcionários resolveram aproveitar a experiência para abrir
seu próprio negócio. Hoje, a região de
Sertãozinho concentra cerca de 550 empresas, 90% voltadas ao setor.
E como o
processo de
expansão do
mercado de
etanol, principalmente, a cidade tornou-se
referência na
geração de empregos. Está
todo mês no
ranking dos
municípios que
mais geraram
08 Revista Canavieiros - Setembro de 2007
Praça 21 de abril em Sertãozinho - SP
vagas de trabalho e o setor, entre os
que mais empregaram no Estado. De janeiro a julho, 151 mil vagas foram abertas nas indústrias paulistas. As empresas ligadas à produção de açúcar e álcool são responsáveis por dois terços
disso.
No entanto, toda essa expressão
econômica e tecnológica é fruto do
empreendedorismo de pessoas e grupos que acreditaram no que estavam
fazendo e foram em frente. Entre eles
podemos citar as famílias Biagi, Balbo,
Zanini e tantas outras. O Vale do Silício do etanol também já amargou os
efeitos de várias crises do setor e sobreviveram porque estavam preparadas para enfrentar os reveses, graças
à visão estratégica e de longo alcance
de seus líderes.
Mesmo na década de 70, com o
Proálcool, eram poucos os que acreditavam que o setor elevaria o Brasil à vanguarda na produção de biocombustíveis.
Sem essas lideranças, o Vale do Silício
do etanol poderia ser um vale qualquer.
O empreendedorismo é que fez a diferença. Assim, a Fenasucro e a Agrocana,
que acontecem de 18 a 21 deste mês, são
uma grande vitrine da expressão que o
setor e a cidade adquiriram e também do
olhar para o futuro, que foi e ainda é uma
marca dos nossos líderes.
*presidente da Canaoeste
(Associação dos Plantadores de
Cana do Oeste do Estado de São
Paulo). www.canaoeste.com.br
9. Ponto de vista
O cenário econômico e
seu impacto no setor
canavieiro
* 1 - Marcos Fava Neves // 2 - Marco Antonio Conejero
E
m continuidade ao artigo apre
sentado na edição passada da
Revista Canavieiros, pretendemos
aqui trabalhar o cenário econômico
positivo para o setor sucroalcooleiro.
Vemos com bons olhos a inserção internacional do governo Brasileiro ao
defender uma maior adoção dos
biocombustíveis, em especial o álcool combustível, na matriz energética
mundial, mas com ressalvas. O objetivo está correto, os recursos adequados, mas a estratégia não está tão alinhada assim.
O objetivo correto reside no fato
de o governo brasileiro divulgar a imagem do álcool como "o combustível
da paz": reduz a dependência dos países do petróleo importado e escasso; garantia de um sistema de produção sustentável com balanço
energético elevado (reduz emissões de
GEE), co-geração de energia limpa
(com uso do bagaço), geração de créditos de carbono, inclusão de pequenos produtores e remuneração adequada; e com capacidade de estabelecer e honrar contratos de longo prazo.
E por que isso? Porque é um setor
de grande importância sócio-econômica no contexto brasileiro.
Segundo dados da Unica, o PIB
da cana-de-açúcar é de US$ 68 bilhões (27% do PIB do agronegócio e
7,5% do PIB brasileiro). As mais de
350 unidades industriais envolvem
mais de 11.000 produtores independentes de cana. Além da geração de
empregos na atividade agrícola e industrial, a cadeia produtiva da cana
é responsável por movimentar todos
os setores envolvidos a ela. Só para
citar um exemplo, o setor de insumos
para cana fatura US$ 4 bilhões ao ano
e envolve 50 mil fornecedores. Mas
não é apenas os setores econômicos
que ganham, o governo também recebe aproximadamente R$ 12 bilhões
do setor sucroalcooleiro em impostos e taxas.
agrícolas. É o etanol de segunda geração, que permite dobrar a produção
de álcool no Brasil (com bagaço), sem
alterar a produção de cana. Nesse
ponto a inserção da Petrobrás é super
bem-vinda.
E os recursos disponíveis? Para
sustentar esse crescimento vertiginoso, não há dúvida que temos recursos financeiros (até mesmo capital
estrangeiro), recursos humanos, recursos tecnológicos (CTC, IAC, Indústria de base) e, principalmente, recursos territoriais. O cultivo da canade-açúcar no Brasil ocupa menos de
10% da área cultivada do País, ou seja,
menos de 0,5% do território nacional
(6 milhões de hectares).
Quanto a infra-estrutura de distribuição, cadê os investimentos nos
álcooldutos? Por que não uma PPP
para construção disso? De qualquer
forma, não só para exportação isso é
importante. Vemos com muito bons
olhos iniciativas das usinas de entrar
no mercado de distribuição de combustível, com postos de bandeira
branca. Isso contribui para reduzir a
volatilidade de preços do álcool e aumentar a competitividade dos canais
de distribuição.
Agora falta trabalhar melhor a estratégia! Não podemos mostrar ao
mundo um setor que corre o risco da
intervenção governamental. É preciso segurança institucional. Precisamos e devemos mostrar um setor maduro, bem regulado com regras claras
e críveis, com total previsibilidade do
quanto precisa ser produzido, quanto precisa ser exportado e quanto precisa ser estocado. Para isso, precisamos de três coisas imediatas: infraestrutura de distribuição, estoques
estratégicos e P&D do etanol
celulósico.
Quanto ao etanol celulósico, tanto a opção americana pelo milho como
a européia pela canola (colza) não são
as melhores saídas para produção de
biocombustíveis, porque concorre
diretamente com a produção de alimentos. Isso pode gerar uma pressão
inflacionária. Por tudo isso é que esses países estão investindo em
tecnologias eficientes para produção
de etanol a partir de qualquer fonte
de celulose como quaisquer resíduos
E, por fim, os estoques reguladores. Além de contribuir para reduzir a
volatilidade de preços, os estoques
podem melhorar a imagem do setor no
Brasil e no Mundo e fornecer segurança do abastecimento no mercado
interno e externo. Resta saber quem
arcará com esse ônus?
*1 - Marcos Fava Neves é
engenheiro agrônomo pela Esalq/
USP, mestre e doutor em Administração de Empresas pela FEA-USP.
Pós-graduado em Agribusiness &
Marketing Europeu na França e em
canais de distribuição na Holanda.
É coordenador do PENSA/USP
(Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial).
*2 - Marco Antonio Conejero é
mestre em Administração de Organizações pela FEARP/ USP; Economista formado pela FEA/USP em São
Paulo. É pesquisador do PENSA/USP
(Programa de Estudos dos Negócios
do Sistema Agroindustrial).
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
09
10. Ponto de vista
Há área disponível para
a cana-de-açúcar
sem comprometer as reservas
florestais e as demais culturas?
Cleber Moraes - Consultor CANAOESTE
M. Moraes Consultoria Agronômica Ltda
E
ste é o tipo de pergunta que
causa temor a milhões de brasileiros e estrangeiros que não convivem com a agropecuária brasileira
e certa irritação nos agricultores que
conhecem mais profundamente o
solo brasileiro.
A Figura 1 traz o mapa do Brasil,
a localização das principais áreas de
preservação e a localização das lavouras de cana-de-açúcar na Região
Centro-Sul. Existem outras áreas de
preservação como parques nacionais
e áreas impróprias à produção agrícola que devido à escala do mapa
abaixo não aparecem. Apenas para esclarecimento, há também produção de
cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro, mas, devido à intensa presença de
nuvens nesta região, seu mapeamento
é muito difícil.
Figura 1 – Mapa do Brasil,
Principais Áreas de Preservação e
Localização da Produção de Canade- açúcar na Região
Centro-Sul.
Em artigo publicado em
03 de março de 2.004 pela
Revista Veja e que pode ser
encontrado na internet
através do site: http://
veja.abril.uol.com.br/
030304/p_078.html,
destaca-se o tamanho
do território brasileiro e a área
ocupada à época com pastagem e
com agricultura, que praticamente se
mantém a mesma até hoje. Áreas
são as seguintes:
Área total do Território Brasileiro: 851 milhões de ha:
A. Área de Preservação e onde não se pode produzir: 463 milhões de ha.
B. Área Agricultável: 388 milhões de ha:
I.
Área com Produção Agrícola: 282 milhões de ha
1.
Área de Pastagens: 220 milhões de ha
2.
Área com Agricultura: 62 milhões de ha
Principais culturas(1):
a.
Soja: 20,7 milhões de ha;
b.
Milho: 13,2 milhões de ha;
c.
Cana-de-açúcar: 6,6 milhões de ha;
d.
Feijão: 4,3 milhões de ha;
e.
Arroz: 3,0 milhões de ha;
f.
Outras Culturas: 14,2 milhões de ha
II.
Área onde ainda se pode produzir: 106 milhões de ha
(1) Atualização com Dados do IBGE para a Safra 2.006
O território brasileiro conta com 851 milhões de hectares, destes 463 milhões de hectares são áreas onde não se pode produzir, isto é, floresta amazônica, mata atlântica, pantanal matogrossense, parques e reservas florestais, etc. Restando 388 milhões de hectares para a agricultura.
Fonte: CTC – Centro
Mata Atlântica
Cana-de-açúcar
localizada na região de maior concentração populacional e, diferentemente das outras culturas que só produzem no verão, a cana-de-açúcar continua cobrindo o solo também no inverno, o que faz com que milhões de
pessoas, desta área de concentração
populacional do país, a vejam o ano
todo.
Do total de 388 milhões de hectares agricultáveis, 282 milhões de hectares já estão ocupados com a agropecuária, isto é, com agricultura ou pecuária, restando ainda 106 milhões de hectares onde ainda se pode produzir.
A área de cana-de-açúcar representa 2,34% da área com Produção Agrícola, 1,70% da área agricultável e 0,78% da área total do país, contudo está
10
Apenas como exemplo, quem vive
às margens do Rio Amazonas imagina que nunca faltará água doce no
mundo ou que haja um mar de água
doce, o que não é verdade, pois a
água doce representa 1% do total de
água do planeta.
Se analisarmos apenas a área total com agricultura no Brasil, dos 282
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
11. Ponto de vista
milhões de hectares, 220 milhões de
hectares estão ocupados com pastagens e 62 milhões com agricultura.
A área de 220 milhões de hectares
de pastagem conta com 207 milhões
de cabeças segundo dados do IBGE,
a taxa de ocupação é de 0,95 An/ha
(Animais por hectare), porém menos
de 0,5 UA/ha (Unidade Animal por
hectare – 1 UA/ha corresponde a 450
Kg de peso vivo por hectare).
Apenas analisando os Cerrados
do Brasil Central no site da
EMBRAPA destaque-se que:
> Existem 45 a 50 milhões de hectares de área de pastagens;
> 60% da Produção Nacional de Carne;
> 80% da área apresentam algum
grau de degradação (Barcellos, 1996);
> Índices zootécnicos muito baixos:
- Lotação das pastagens: 0,5 UA/ha/ano
- Produtividade na faixa de 100
kg de peso vivo/ha/ano
Em estudo realizado por Zimmer e Euclides Filhos (1997) constatou que a
capacidade de lotação poderia ser dobrada com a adoção de algumas tecnologias
já disponíveis como seleção de gramínea adequada, praticas de adubação, calagem,
etc, como pode ser visto na tabela apresentada abaixo e que pode ser encontrada
no site da EMBRAPA (http://www.cnpgc.embrapa.br/~val/piracicaba/texto/
03sistema.html)
Isto implica que poderia-se liberar cerca de 100 milhões de hectares,
mantendo-se exatamente a mesma
área explorada e mantendo-se a produção atual de carne do Brasil. 100
milhões de hectares são 15 vezes a
área atual de produção de cana-deaçúcar. Restariam ainda 106 milhôes
de hectares onde ainda se pode produzir.
Em suma, há área disponível para
plantar-se 30 vezes a área atual de
cana-de-açúcar sem afetar as áreas
de preservação ambiental, a produção brasileira das demais culturas e
de carne.
Contudo é impossível que a canade-açúcar ocupe toda essa área, pois
muito antes que toda essa área pu-
desse ser ocupada, a tecnologia de
produção de álcool a partir de celulose e utilização de célula de combustão ou de hidrogênio haverá
avançado, tornando desnecessário
um crescimento desta ordem da cultura de cana-de-açúcar.
O Brasil é hoje o país com a maior
área agricultável disponível no mundo. E mais, área esta com grande potencial de mecanização, sendo por
isso fonte de preocupação principalmente para as grandes potências
mundiais como Estados Unidos e
União Européia, que buscam de toda
forma encontrar justificativas para
barrar a entrada dos produtos agrícolas brasileiros.
O que assistimos atualmente é a
busca incessante de argumentos fal-
sos apoiada na ignorância local, que
visam retardar o avanço da melhor
alternativa para a redução do consumo de gasolina, com o objetivo de
dar tempo para que Estados Unidos
e Europa encontrem nova alternativa tecnológica e com isso evitem importações de álcool do Brasil, já que
o álcool de milho é uma alternativa
inviável.
Vejamos: Tanto a produção de
cana-de-açúcar como de milho utilizam-se de fertilizantes, diesel ou
biodiesel, tratores, implementos, que
por sua vez consumiram energia, em
geral petróleo. Além destes bens e
insumos é necessária também uma
termoelétrica para o processo industrial.
No caso da cana-deaçúcar, esta termoelétrica
utiliza o próprio bagaço da
cana e é um processo autosustentável, mas no milho
não, é preciso consumir
energia de fora, sendo
mais comum o uso de petróleo. Para cada unidade
de energia fóssil, isto é,
vinda do petróleo, que é
consumida no processo
de produção do álcool de
milho, é gerada 1,2 unidade de energia renovável,
assim, se toda a gasolina
fosse substituída por álcool de milho, ainda seria preciso extrair 83%
do consumo atual de petróleo.
Já o álcool de cana-de-açúcar
gera 8,3 unidades de energia
renovável para cada unidade de energia fóssil consumida, assim, substituindo toda a gasolina por álcool de
cana-de-açúcar, seria preciso 12% do
consumo atual de petróleo. Mas a
grande pergunta é:
· Onde é possível produzir canade-açúcar em larga escala?
· E a resposta um tanto óbvia é:
Em países do terceiro mundo como
América do Sul, África e Ásia.
· Para quem não tinha entendido o
que estava acontecendo, imagino que
tenha ficado mais clara a questão.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
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12. Notícias
Copercana
Produção de mudas de
cana-de-açúcar na Fazenda
Santa Rita
Gustavo Nogueira - Gerente do Departamento Técnico
Osvaldo Alonso - Consultor Técnico Agronômico
D
entre as culturas de larga escala, a lavoura canavieira,
provavelmente, é a que utiliza o maior
peso de material botânico para plantio por unidade de área, ou seja, de 8
a 15 t. ha-1, em função do diâmetro e
comprimento dos entre-nós ou do sistema de plantio.
Comercialmente, a propagação da
cana-de-açúcar é assexuada (vegetativa,
através de brotações das gemas dos
colmos), podendo mostrar problemas
fitossanitários diversos, principalmente doenças sistêmicas, cujo controle requer esmerado nível de manejo no preparo de viveiro para a produção de mudas, que assegure elevada fitossanidade e a indispensável autenticidade varietal.
Com a epidemia de carvão e ferrugem na segunda metade da década de
80, significativas áreas de viveiros de
mudas não puderam ser utilizadas para
plantios comerciais, face à suscetibilidade de muitas variedades a essas
doenças. Em função disto, foi necessário empregar outras variedades, mas que
não eram provenientes de viveiros de
mudas. Essa alternativa, infelizmente,
tornou-se rotina na maioria das empresas, expondo as variedades assim utilizadas e as áreas comerciais aos observados danos fitossanitários.
O carvão, a ferrugem, o mosaico e o
amarelecimento são doenças importantes,
atualmente controladas pelos programas
de melhoramento, através da seleção de
variedades resistentes. Tornam-se, pois
necessárias, e mesmo exigíveis, que as
técnicas de formação dos viveiros de
mudas sadias sejam retomadas, como prática rotineira para excluir ou minimizar possibilidades de indesejáveis epidemias.
Dadas as freqüentes ocorrências de esti12 Revista Canavieiros - Setembro de 2007
agens, é possível que raquitismo da
soqueira possa estar causando algum nível de dano. Em escala comercial, existem
variedades suscetíveis a esta doença,
cujos sintomas não são de fácil percepção, inclusive para os especialistas.
Mesmo que seja difícil avaliar o retorno econômico de tratamento térmico
de mudas das novas variedades, certamente os investimentos em formação de
mudas sadias trarão significativos retornos.
Para a obtenção de mudas sadias são
necessárias algumas medidas: a) tratamento térmico, visando à eliminação do
raquitismo da soqueira; b) roguing - inspeção e eliminação de touceiras que apresentem outras doenças (carvão, mosaico, escaldadura) não controladas pela
termoterapia, erradicar eventuais misturas varietais e observar intensidades de
incidência de outras doenças como a
ferrugem, estrias vermelhas e as consideradas como secundárias.
Deve-se assinalar, também, que o
sucesso na produção de mudas dependerá dos tratos culturais aplicados aos
viveiros como: apuradas adubações de
plantio e de cobertura; rigoroso controle de plantas daninhas e de pragas; e
efetuar irrigação quando necessárias,
objetivando ótima brotação das gemas
ou evitar restrição ao desenvolvimento
vegetativo por estresse hídrico. Deste
modo, os associados e coperados, terão
ao seu dispor mudas de cana-de-açúcar
em quantidade e, principalmente, qualidade que, certamente, permitirão lavouras mais sadias e produtivas.
As diferentes variedades ou cultivares, associadas às condições de clima,
solo e manejo, constituem os pilares de
sustentação para qualquer projeto agrícola. Os programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar têm
disponibilizado variedades cada vez mais
produtivas e resistentes às principais
doenças e pragas, com maior potencial
de acúmulo de sacarose e cada vez mais
adaptadas às condições atuais de manejo, como para colheita de cana crua,
por exemplo.
No entanto, todas as etapas de produção de cana-de-açúcar são fortemente
influenciadas pela qualidade aplicada ao
planejamento do plantel varietal e à formação dos viveiros de mudas para os
plantios comerciais e, este planejamento,
é um dos principais fatores de produção
quali-quantitativa de matéria-prima às unidades industriais.
Tratamento térmico
A termoterapia de gemas isoladas ou
de toletes da cana-de-açúcar, sempre foi e
é uma medida recomendada e necessária
para controle do raquitismo da soqueira,
uma das mais importantes doenças da
cana-de-açúcar, causada pela bactéria
Leifsonia xyli subsp. xyli. Esta doença foi
primeiramente descrita em Queensland na
Austrália, em 1944 e em 1989 já havia sido
relatada em mais de 60 países. Hoje, é encontrada na quase totalidade das áreas
cultivadas com cana-de-açúcar, podendo
13. Notícias
Copercana
causar danos superiores a 50% em variedades suscetíveis ou intolerantes. L. xyli
subsp. xyli é transmitida por estacas ou
colmos-sementes provenientes de plantas doentes. A transmissão ocorre quando facões cortam plantas sadias, depois
de utilizados em plantas doentes. Logo,
colhedoras e plantadoras de cana-de-açúcar também são responsáveis pela transmissão desta bactéria.
Como o nome desta doença sugere,
os sintomas externos mais comuns que
ocorrem principalmente em soqueiras,
são: crescimento lento e irregular, encurtamento dos entre-nós e colmos que,
em condições extremas, as plantas
infectadas apresentam com aspecto de
murcha, necrose nas pontas e bordas
das folhas. Internamente, ocorre coloração rosa nos tecidos meristemáticos
de plantas jovens e pontuações ou vírgulas avermelhadas nas regiões inferiores dos nós de plantas adultas. Estes
sintomas, no entanto, não são específicos do RSD, ocorrem também em função de ataques de outros patógenos,
como Fusarium moniliforme,
Colletotrichum falcatum, Xanthomonas
albilineans, X. campestris pv.
vasculorum e Erwinia herbicola.
Termoterapia
Recomendações Técnicas a Termoterapia
Fazenda
na Fazenda Santa Rita
O tratamento térmico na Fazenda Santa Rita é realizado no mês de março, período em que as temperaturas médias do ar e
do solo são ideais para a brotação das
gemas. Entretanto, tal período pode ser
ajustado às condições ambientais das regiões produtoras de cana-de-açúcar, desde que as temperaturas médias do ar não
sejam inferiores a 25°C.
A escolha cuidadosa do material a ser
utilizado no tratamento térmico deve ser
criteriosa, a fim de evitar futuras ocorrências de doenças que não são controladas
pela termoterapia e que possam prejudicar a qualidade das mudas. É utilizado
materiais de áreas provenientes de viveiros que já foram tratados termicamente,
obtendo-se, a cada tratamento, mudas de
melhor qualidade sanitária e a idade média
das mudas deve ser próxima de 10 meses.
A primeira medida a ser tomada, na
seleção de colmos para o tratamento térmico, é efetuar as operações de roguing
nas áreas selecionadas, visando não utilizar variedades e colmos que apresentem
qualquer tipo de doença sistêmica aparente e, também, eliminando-se a possibilidade de misturas varietais, a fim de não
comprometer a qualidade dos viveiros préprimários.
O roguing deve ser rigoroso em variedades que apresentem alguma
suscetibilidade ao vírus do mosaico e
escaldadura, doenças que não são controladas pela termoterapia. As mudas resultantes poderão apresentar estas duas
doenças e, pior, serem fontes de inóculos
às multiplicações futuras.
No corte dos colmos para o tratamen-
to térmico, sem despalha, os facões devem ser desinfetados com solução de
amônia quaternária ou flambados (à fogo)
e carregá-las de modo a evitar danos mecânicos às gemas. Em variedades que apresentem despalha natural, as operações de
corte, carregamento e transporte requerem mais cuidados. Os colmos, após
despalha manual, são fracionados em
toletes de uma ou três gemas, descartando as gemas perfuradas por broca, em início de brotação ou algum outro dano.
Após esta seleção, as gemas isoladas ou toletes de três gemas são acondicionados em sacos de malhas largas
(como os de batata ou amendoim), evitando-se adensamentos, a fim de permi-
tir livre circulação da água entre toletes
ou gemas. De qualquer modo e em função do tamanho do tanque a ser utilizado, é respeitar uma relação mínima de 6
volumes de água para cada volume de
cana.
Na Fazenda Santa Rita o tanque de
tratamento térmico possui maior capacidade (2.000 litros de água), 10 resistências
de 2.500 watts, bomba para circulação forçada de água e painel com termostato para
controle da temperatura. Estes equipamentos permitem utilizar toletes de três gemas,
que são tratados à temperatura de 50,5°C
por duas horas ou à 52°C por 30 minutos.
A operação deste equipamento requer
pessoal bem treinado.
Cuidados no corte das mudas
No momento do corte das mudas,
os instrumentos de corte são
desinfetados para que não haja disseminação de inóculos de doenças para
as áreas comerciais. Presume-se que
touceiras reconhecidamente doentes
tenham sido erradicadas pelo roguing.
Porém, esta isenção de infecção pode
ser aparente, pois algumas touceiras
podem ser portadoras de patógenos,
sem que apresentem sintomas, sendo
fonte de inóculo por ocasião do corte
das mudas. É o que geralmente ocorre
com a transmissão de escaldadura e
raquitismo.
Para esterilizar os equipamentos de
corte, é utilizado uma solução composta por amônia quaternária Chemitec
(cloreto de alquil-dimetil-benzilamônio) a 30% e Killbac (digluconato
de clorhexidina) a 20%.
Considerações gerais na
condução do viveiro
Primeiro, deve-se atentar a todos os
detalhes e recomendações técnicas na
condução de todas as etapas, principalmente quanto ao roguing e desinfecção dos instrumentos de corte, para
que inóculos de doenças não sejam
disseminadas, produzindo e fornecendo-se mudas certificadas. O segundo é
o momento da colheita. Como ideal, a
área deve estar livre de ervas daninhas,
caso contrário será necessário redobrar
as atenções por ocasião do corte e carregamento (se o corte for manual) dos
colmos para não transportar algum
propágulo de planta daninha, quer seja
sementes, rebentos ou estolões.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
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14. Notícias
Canaoeste
Presidente participa de
Congresso no MS
Ortolan abordou o relacionamento entre indústrias e fornecedores
Cristiane Barão
O
presidente da Canaoeste,
Manoel Ortolan, foi um dos
palestrantes do Canasul 2007 (1º
Congresso de Tecnologia na Cadeia
Produtiva da Cana-de-açúcar em
Mato Grosso do Sul), realizado nos
dias 27 e 28 de agosto, em Campo
Grande. O congresso foi realizado
pelo governo do Estado junto com
as Federações Estaduais da Agricultura e Pecuária (Famasul) e das Indústrias (Fiems), reuniu lideranças de
todos os elos da cadeia de produção
e cerca de 900 participantes.
Em sua palestra, Ortolan abordou
"O relacionamento entre indústrias e
fornecedores", com destaque para a
experiência do Consecana e para a
necessidade de os produtores independentes estarem organizados em
associações e cooperativas.
"Mesmo em setores onde se tem
a idéia de que só haja espaço para os
grandes, como é o sucroalcooleiro,
as cooperativas têm contribuído de
forma decisiva para fortalecer o pequeno e médio produtor e prepará-lo
para que ele faça parte do atual momento de expansão. É importante que
o ingresso de novos produtores na
Consecana
Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo
A
cultura da cana se dê por meio de
associações e cooperativas fortes e
organizadas porque elas são a garantia de permanência e crescimento
dentro da atividade", ressaltou.
O Mato Grosso do Sul conta com
11 usinas instaladas, processando
anualmente mais de 15,5 milhões de
toneladas de cana. Há ainda 31 novos empreendimentos em andamento, além de outros 31 projetos que se
encontram em negociação. O investimento previsto na expansão no setor no Estado até 2012 é de R$ 19 bilhões.
CIRCULAR Nº 07/07
DATA: 31 de agosto de 2007
seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue
durante o mês de AGOSTO de 2007. O preço médio acumulado do kg de ATR para o mês de AGOSTO é de R$ 0,2506.
Os preços de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do álcool anidro e hidratado, destinados
aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de
ABRIL a AGOSTO e acumulados até
AGOSTO, são apresentados a seguir:
Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) e os do álcool anidro e
hidratado destinados à industria (AAI e
AHI), incluem impostos, enquanto que os
preços do açúcar de mercado externo
(ABME e AVHP) e do álcool anidro e
hidratado, carburante e destinados ao mercado externo, são líquidos (PVU/PVD).
Os preços líquidos médios do kg do
ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos
meses de ABRIL a AGOSTO e acumulados até AGOSTO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/07, estão representados
nas tabelas ao lado:
14
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
15. Notícias
Canaoeste
Canaoeste realiza reunião
técnica em Pitangueiras
O evento contou com a presença de cooperados e associados da região
Da redação
N
o dia 16 de agosto, foi realizado em Pitangueiras, um Seminário sobre Fertilidade do Solo para Altas Produtividades de Cana-de-Açúcar, promovido pela Canaoeste, SN
Centro e Mosaic Fertilizantes. No evento foram ministradas as seguintes palestras:
· Manejo da Fertilidade do Solo
para Altas Produtividades de Cana-deAçúcar, com o Professor Godofredo C.
Vitti da ESALQ/USP.
- Benefícios do Uso do Sulfato de
Amônio na Cultura de Cana-de-Açúcar, com o Engenheiro Agrônomo, An-
tonio de Pádua da SN Centro.
- Micronutrientes na Adubação da
Cana-de-Açúcar, com Fábio Vale da
Mosaic Fertilizantes.
O evento contou com a participação de associados e cooperados do
Sistema Copercana, Canaoeste e
Cocred, de várias regiões, que puderam discutir um assunto atual e de
suma importância para o ganho de produtividade, pois, a adubação da canade-açúcar começa com a amostragem
e análise de solo, continua com as práticas corretivas (calagem, gessagem e
fosfatagem) e termina com a utilização
do fertilizante mineral.
Segundo o gerente do departamento técnico da Canaoeste, Gustavo Nogueira, “este tipo de evento atualiza
os produtores rurais sobre as melhores técnicas a serem adotadas para
cuidar da lavoura”, afirmou.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
15
16. Notícias
Cocred
Cocred realiza evento
beneficente em Batatais
Marcelo Massensini
3 mil pessoas compareceram ao Centro de Lazer do Trabalhador para ajudar
9 entidades assistenciais da cidade
A
lém de se preocupar em oferecer sempre o melhor atendimento e os melhores serviços a seus
cooperados, a Cocred investe também
em solidariedade. No dia 19 de agosto,
a cooperativa realizou o primeiro Cocred
em Ação em Batatais. Com o apoio de
empresas da cidade - que doaram prêmios sorteados durante o evento - o
Cocred em Ação beneficiou nove entidades de Batatais que, juntas, atendem
mais de 1.900 pessoas.
Cada entidade vendeu, antecipadamente, mais de 2.800 vales-cartelas, que
davam direito ao sorteio de uma moto doada pela Cocred, e foram responsáveis pela venda de comida e bebida no
local. Durante o evento foram vendidas
mais 3.400 cartelas para os outros prêmios. As entidades beneficiadas foram:
Adepab, Abadef, Apae, Comarev, Creche Menino Jesus, Cantinho do Futuro, Lar São Vicente, Fundação José
Lazzarini e Os Samaritanos. Ao todo,
foram arrecadados 34 mil reais, que foram divididos entre as instituições.
O gerente da agência de Batatais, César Henrique
Sousa e o superintedente da Cocred, Márcio
Fernando Meloni, entregaram a moto para Sônia
Regina Batista
16
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
Mais de 3 mil pessoas compareceram ao Centro de Lazer do Trabalhador para os sorteios
De acordo com o superintendente
da Cocred, Márcio Fernando Meloni,
eventos como este são tidos como prioridade para a cooperativa que, se preocupa em promover o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos
moradores da região. "Para isso, nós
contamos com a ajuda dos cooperados que, investindo na Cocred, nos
ajudam a promover mais eventos como
este, com prêmios cada vez melhores,
para que possamos ajudar mais as enGANHADORES
Sônia Regina Batista
Marcilio Santos Luccheta
Adriana Paula do Nascimento e Silva
Milton Cesar
Laurinda Marques Riul
Vânia Fonseca
Adoniram Fernandes Trovo
João Batista dos Santos
Eliana Caetano
Maria Auxiliadora Dal Picolo
Gustavo Ferrão
Antônio Carlos Gomes
tidades", explica.
O Cocred em Ação contou com o
apoio da Prefeitura Municipal, Guarda
Municipal, Conselho Menor Adolescente, Associação Comercial, Sindicato Rural de Batatais e das empresas:
Tristão & Pereira Motos, 3D
Informática, Posto São José, Lizote, Rs
Guina/Safra Lider, Popimar, Passatempo Bar, DMK Brasil, Supermercados
Nori e Guiagro.
PRÊMIOS
Moto Honda 0km
TV 29"
TV 20" e DVD
Forno Microondas
TV 20"
Forno a Gás
DVD
MP3 Player
DVD
Bicicleta
Bicicleta
Liquidificador
18. Notícias
Cocred
Cocred Batatais:
Agricultores da cidade
agradecem
Marcelo Massensini
Criada há menos de dois anos, a agência Cocred de Batatais cresce a cada
dia e já possui mais de 330 cooperados
E
ste mês você conhece a agência Cocred de Batatais. O melhor atendimento, as melhores taxas,
prazos, produtos e serviços. Tudo feito para garantir, sempre, a satisfação de
seus cooperados.
rente. Tem menos taxas e no final do ano
nós recebemos participação", completa.
Operando na cidade desde dezembro de 2005, a agência já possui mais de
330 cooperados. Um deles é Luis Carlos
Tardivo, cooperado desde 1999, antes
mesmo da filial ser aberta na cidade. "Na
verdade, quando me tornei um cooperado da Cocred, ainda não existia agência em Batatais e era bem difícil de trabalhar. A vinda da cooperativa para a
cidade foi uma das melhores coisas que
poderiam acontecer para os agricultores da cidade", explica o produtor.
Há 14 anos, Tardivo tem um engenho de cachaça em sua propriedade e
conta que, até hoje, não precisou de ajuda para manter o negócio. Mas se um
dia precisar a Cocred seria a primeira
opção. "Lá nós temos acesso com facilidade e o atendimento é muito bom. Em
um banco, mesmo quando sou bem atendido, demora muito mais", explica. "Na
cooperativa de crédito é totalmente dife-
Fachada da agência Cocred de Batatais:
330 cooperados em menos de 2 anos.
O produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Batatais, André Scavazza
Bianco, é cooperado há pouco mais de 1
ano e, aos poucos, transferiu todas as
movimentações que possuía em bancos
para a Cocred. "A cooperativa me atraiu
O cooperado e
presidente do Sindicato
Rural de Batatas, André
Scavazza Bianco: “Eu
não tenho medo nem
dúvidas em recomendar
aos agricultores que
venham e se tornem um
cooperado da Cocred”.
18
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
pelos serviços diferenciados e tratamento
digno. Não existem filas, as instalações
do banco são adequadas, e os funcionários são capacitados e muito simpáticos", diz. "Durante esse período que sou
cooperado eu não tenho críticas negativas a fazer", completa.
Ainda segundo Scavazza, além do
atendimento a Cocred possui uma série
de outras vantagens que atraem e satisfazem os cooperados. "(Na cooperativa)
existe uma burocracia muito menor, linhas
de financiamento a mais, etc. Isso tudo
traz um conforto maior", explica e completa: "além disso, ela se preocupa com
a área social. Há pouco tempo foi realizado o Cocred em Ação aqui na cidade
(página 16), que é mais um motivo para
nos aproximarmos da Cocred. Ela mostrou interesse na nossa cidade e isso é
muito importante".
Para Luis Carlos Tardivo, o principal
atrativo são os princípios cooperativistas
defendidos pela Cocred. "Estamos indo
no caminho certo. Indo devagar, trabalhando em conjunto. Cada vez mais, se
nos unirmos, a cooperativa vai trazer mais
retorno para gente e vice versa", termina.
O cooperado Luis Carlos
Tardivo, seu filho
Fernando Tardivo e o
gerente da agência de
Batatais, César Henrique
de Sousa.
20. Reportagem de Capa
500 ANOS DE CANA-DE
500 ANOS DE CANA-DE
Desde a época do descobrimento do Brasil, variedades de diferentes procedênc
Carla Rossini
A
história da cana-de-açúcar
se confunde com a própria
história do Brasil. Desde a época do
descobrimento, com a fundação das
primeiras cidades, a cana-de-açúcar
está presente até o desenvolvimento da tecnologia para fabricação do
açúcar e do álcool.
Segundo alguns historiadores a
cana teria chegado ao Brasil em 1532,
na expedição de Martim Afonso de
Souza e aqui a gramínea se espalhou
com a ajuda do clima tropical e da
mão-de-obra dos escravos. Mas,
ocorre que outros historiadores dizem que em 1501, a cana já teria sido
trazida as terras brasileiras, uma vez
que na época das Grandes Navegações, a Europa procurava por áreas
cultiváveis que pudessem prosperar
a cana, cujo produto, o açúcar, era
escasso e caro no continente Europeu.
Para o diretor do Centro de Cana
e coordenador do Programa Cana
IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Marcos Guimarães de
Andrade Landell, possivelmente os
historiadores que aceitam a idéia da
chegada da cana em 1501 estão certos. "Eles tem razão porque a cana
naquela época era um grande negócio para os portugueses e existem
informações de que o quilo do açúcar chegou a valer o equivalente ao
quilo do ouro", afirma Marcos.
Mas, que tipo de variedade de
cana os portugueses trouxeram para
as novas terras? Na época, Portugal
plantava cana nas Ilhas de Cabo Verde, Açores e Madeira e será que o
Brasil tinha terras apropriadas para a
cultura? Essa história foi reconstruída
num jardim varietal com 300 variedades de cana-de-açúcar, no Centro de
Cana de Açúcar do IAC, em Ribeirão
Preto. Lá, estão variedades como a
Creoula - primeiro tipo a ser cultiva20
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
do em terras brasileiras - até futuras
variedades que serão lançadas pelo
instituto no final de 2007.
Resultado de muito trabalho, a
importância da coleção está em contribuir para a preservação da variação genética da cana-de-açúcar, ser-
vindo como repositório de material
de importância atual e potencial. Para
a sociedade, os benefícios consistem na possibilidade oferecida aos
interessados em conhecer parte da
história da cana-de-açúcar e em valorizar a manutenção de bancos para
a pesquisa atual e futura.
A cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar é uma planta que
pertence ao gênero Saccharum. Há
pelo menos seis espécies do gênero,
sendo a cana-de-açúcar cultivada um
híbrido multiespecífico, recebendo a
designação "Saccharum spp.". As espécies de cana-de-açúcar são provenientes do Sudeste Asiático.
Landell explica que a Creoula não
é uma espécie de cana única, ela é
um híbrido natural de duas espécies
de Saccharum, a S.officinarum e a
S.barberi. "A Creoula era um tipo de
cana rústica, que apresentava baixo
potencial de acúmulo de sacarose,
mas com boa adaptação onde era
plantada. Ela foi cultivada aqui no
Brasil, durante pelo menos 300
anos", afirma o pesquisador.
Mas, por volta de 1800, a Creoula
começou a apresentar problemas
com doenças, principalmente o mosaico, e assim foram introduzidas as
chamadas canas nobres, que nada
mais era que tipos representantes da
espécie Saccharum officinarum, dentre elas a cana Caiana, que foi trazida
da Guiana. Suas principais características era a maciez, doçura e um
bom diâmetro dos colmos. As canas
nobres começaram a serem plantadas no Brasil, no início do século XIX
e foram muito importantes na substituição da Creoula. Durante 100
anos, elas dominaram o cultivo no
território brasileiro.
Em 1922, houve um surto de Mosaico (doença) no Estado de São Paulo, que dizimou os canaviais paulistas.
Segundo Marcos, "em 5 anos, a produção que era de 1 milhão de sacas de
açúcar foi reduzida para 100 mil sacas.
Foi nesse momento que começou a
21. Reportagem de Capa
DE-AÇÚCAR NO BRASIL
DE-AÇÚCAR NO BRASIL
ências ajudaram a tornar o país o maior e melhor produtor de cana-de-açúcar
surgir os programas de melhoramento
genético com cana-de-açúcar".
Com a catástrofe que ocorreu nos
canaviais paulistas, algumas usinas,
começaram a importar variedades de
cana-de-açúcar de Java, onde existia
um programa de melhoramento de
cana, e assim, foram trazidas as canas
conhecidas como POJs, sendo as principais POJ36 e POJ213. Em 1930, foram
introduzidas as variedades indianas,
originárias de Coimbatore que apresentavam melhor adaptação as condições paulistas. As mais cultivadas foram a Co281, Co290, Co312 e Co313.
Essas variedades eram consideradas
"estrelas" e chegavam a ocupar áreas
de até 50% do território nacional.
A partir daí, começaram a ganhar
destaque os programas de melhoramento no Brasil. O IAC e Campos-RJ foram
os precursores e atuaram de forma contínua. Na década de 50, começaram a
serem lançadas as primeiras variedades
brasileiras, do programa Campos. O IAC
lançou sua primeira variedade em 1959.
Na década de 60, o IAC lançou uma
variedade importantíssima até hoje:
IAC48-65 que é mãe da SP70-1143 que,
por sua vez, inaugurou uma linha de
rusticidade de quem faz parte variedades importantes na atualidade como a
SP83-2847 e a IAC87-3396.
Com o Proalcool, na década de
70, os agricultores iniciaram o cultivo em novas áreas, com baixa fertilidade, o que tornou a variedade SP701143 que apresentava características
rústicas, a variedade mais plantada
no Estado de São Paulo.
No período que se seguiu a isto,
iniciou-se uma nova fase da cultura
de cana-de-açúcar: os grupos
varietais. Esta tendência se consolidou com o aparecimento da doença
conhecida como amarelinho da canade-açúcar na variedade SP71-6163 no
início da década de 90. Assim, desde
este período deixou de existir somente
uma variedade ocupando uma grande
área de cultivo. Na atualidade, predominam os grupos varietais, formado
por variedades que dividem a responsabilidade de sustentar a produtividade da canavicultura brasileira.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
21
22. Reportagem de Capa
O surgimento
dos
programas de
melhoramento
Os programas de melhoramento
genético da cana-de-açúcar foram promovendo freqüentes ganhos de produtividade. Há 100 anos, a produção
era de 30 a 40 toneladas por hectare e
atualmente, a produtividade média é
de 90 toneladas por hectare.
Creoula
Caiana
Hoje a cana-de-açúcar é uma das
culturas agrícolas mais importantes do
mundo, gerando milhares de empregos,
fonte de renda e desenvolvimento. O
setor sucroalcooleiro brasileiro despertou o interesse de diversos países, principalmente pelo baixo custo de produção de açúcar e álcool.
Espécies
POJ2878
"Essa evolução se deve a programas de melhoramento como a
Copersucar, o Planalsucar, a Ridesa, o
IAC, o CTC e a Canaviallis que está
chegando agora no mercado. Todos
esses programas atuam hoje de forma
positiva para o crescimento e
sustentabilidade do negócio da cana",
afirma Landell.
POJ213
A cana-de-açúcar também vem ganhando destaque num momento em
que a conservação do meio ambiente
e a redução das emissões de poluentes
ganham os olhares do planeta. "Somos os melhores e maiores produtores de cana do mundo e conseguimos
atingir esse patamar graças às pesquisas e a disponibilidade de todas as
variedades que já foram e ainda estão
sendo cultivadas. Cada uma no seu
tempo, com a sua contribuição e importância", finaliza Landell.
Mauro Alexandre Xavier - Pesquisador Cientifíco do
Centro de Cana do IAC e coordenador do Jardim Varietal
IAC47-31
SP70-1143
IAC48-65
RB72454
SP80-1842
IAC87-3396
}
Proálcool
1980
}
CO419
22
CB45-3
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
Variedades que serão
lançadas até 2008
24. Destaque
Fenasucro & Agrocana 2007
Com maior tempo para visitação e público direcionado, as feiras pretendem superar o
faturamento dos anos anteriores.
Marcelo Massensini
E
ntre os dias 18 e 21 de setembro, Sertãozinho será a sede
das duas maiores feiras do setor
sucroalcooleiro, do mundo. Pela terceira vez, a Fenasucro & Agrocana acontecem simultaneamente no Centro de
Eventos Zanini. Mas este ano, devido
ao grande crescimento da indústria
canavieira para atender a demanda de
etanol no Brasil e no mundo, o evento
apresenta algumas novidades para facilitar o contato entre expositores e visitantes como: aumento no horário de
visitação e foco maior em empresas e
profissionais que realmente atuam no
setor. "Promovemos algumas benfeitorias na infra-estrutura, como a criação
de uma recepção vip internacional, a
ampliação dos estacionamentos e criação de novas opções de alimentação", explica Fernando Barbosa, diretor da promotora Multiplus.
A Fenasucro terá estandes das
principais empresas fornecedoras do
setor, com produtos ligados às áreas
de utilidades, serviços, automação e
instrumentação, elétrica, caldeiraria e
mecânica pesada, química e derivados,
energia e outros. Já na Agrocana os
destaques são os equipamentos e
insumos voltados para o preparo de
solo, plantio, tratos culturais e colheita da cana-de-açúcar. Graças a atual repercussão, os organizadores das feiras esperam um público de 25 mil pessoas. A Agrocana conta ainda com o
apoio do sistema Copercana,
Canaoeste e Cocred, que terá um
estande na feira para mostrar todas as
vantagens oferecidas a seus cooperados e associados.
A Fenasucro será realizada dentro
do Pavilhão I, (16 mil metros quadrados de área), no Pavilhão II e numa
área externa do Centro de Eventos
Zanini (com mais de 8 mil metros quadrados). Já a Agrocana ocupará o espaço externo do recinto, numa área de
24
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
A organização prevê um público de 25 mil pessoas
aproximadamente 18 mil metros quadrados. O Centro fica localizado às margens da Rodovia Armando de Salles
Oliveira, na saída de Sertãozinho para
Bebedouro. O horário de funcionamento das Feiras é das 10h às 20h30, mas a
entrada de visitantes pré-credenciados
acontecerá somente até às 19 horas. O
evento é direcionado apenas para convidados já credenciados ou profissionais que possam comprovar sua atuação direta no setor sucroalcooleiro.
Para os demais, haverá uma bilheteria
funcionando das 10 às 18 horas, com
um preço de R$ 50,00. Juntas, as duas
feiras reunirão 420 expositores.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
Durante as Feiras, os visitantes ainda contarão com uma ampla programação de eventos simultâneos, como o
Fórum Internacional sobre o Futuro do
Álcool, o Brasil Cana Show, o Encontro de Negócios, o Prêmio MasterCana
e o Seminário Gegis.
O Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool acontecerá no dia 17 de
setembro no Teatro Municipal de
Sertãozinho, e contará com a presença
de diversas autoridades e lideranças do
setor. A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva falará sobre “A Relação do
Setor Sucroalcooleiro com o Meio Ambiente”. Outros nomes de peso já têm
presença confirmada no Fórum: Marcos
Sawaya Jank, presidente da Unica; Paulo Adalberto Zanetti, presidente da Vale
do Ivaí; Roberto Isao Kishinami, presidente da NRG - Energia e Meio Ambiente; Luis Carlos Guedes Pinto, vice-pre-
sidente de Agronegócios do Banco do
Brasil; Adriano de Oliveira e Egon
Krakhecke, do Ministério do Meio Ambiente; e Antônio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana, Cocred e do Sindicato Rural de Sertãozinho.
“O crescimento ideal e o tamanho do
Mercado Mundial” (do etanol) é outro assunto do Fórum de Abertura das Feiras e
reúne os debatedores Maria Antonieta
Andrade Souza, superintendente de
Biocombustíveis da ANP; Paulo Francisco de Siqueira Costa, secretário executivo
da IETHA; Plínio Nastari, presidente da
Datagro; Paulo Roberto Costa, diretor de
Abastecimento e Preços da Petrobras; e
Roberto Rodrigues, ex-ministro e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV.
Mais informações sobre as feiras e as
palestras nos sites: www.fenasucro.com.br
e www.agrocana.com.br.
25. Destaque
Feacoop fecha em R$ 162
milhões
Feira de Agronegócios Coopercitrus supera em 47% o faturamento de 2006
Da Redação
A
oitava edição da Feacoop (Feira
de Agronegócio Coopercitrus),
realizada entre 8 e 10 de agosto, faturou
R$ 162 milhões, 47% superior aos R$ 110
milhões obtidos em 2006. Cerca de 12 mil
pessoas visitaram a feira.
O volume de comercialização no setor de insumos chegou à casa de R$ 130
milhões, expressando mais vendas para
a cultura de citros, que correspondeu a
46% das vendas. Cana, 31%, café, 9%,
soja e milho, 6% são as culturas que também ajudaram a obter o resultado. "É uma
grande satisfação perceber que esta foi
à feira de Citros, para a área de Insumos.
Isto quer dizer que o citricultor volta a
demonstrar crescimento", afirmou o ge-
rente do setor comercial de
Insumos, Jair Guessi.
Para o setor, as vendas em longo prazo foram praticadas com
mais ênfase: R$ 90 milhões contra
R$ 40 milhões em curto prazo. O
setor de máquinas e implementos
foi responsável por R$ 32 milhões
do total de vendas.
O setor de grãos realizou operações de troca de 20 mil sacas de café
de produtores por insumos agrícolas.
Embora a operação tenha sido praticada para culturas como soja e milho, foi
a cultura cafeeira a maior responsável
pela movimentação do setor na feira.
Segundo Nicolau Nemer, gerente do
setor de Grãos Coopercitrus, a procura pela operação por produtores de
grãos foi menor devido ao panorama
que a cultura enfrenta, "mas as operações deverão ser feitas com mais ênfase a partir de setembro", afirmou.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
37
26. Safra Canavieira
Acompanhamento da
qualidade da matéria-prima
da safra 2.007/2.008
Por Thiago de Andrade Silva
Assistente de Controle Agrícola da CANAOESTE
C
om os dados até a 2ª quinzena
de julho, é possível fazermos
uma primeira análise do andamento da
Safra. Na Tabela 1, podemos observar
os teores médios de ATR do início da
safra até a 2ª quinzena de julho em Kg/
tonelada das Safra 2.006/2.007 e a Safra atual 2.007/2.008, sendo que o teor
de ATR da safra 2.007/2.008 até a 2ª
quinzena de julho está com 7,99 Kg de
ATR/tonelada abaixo do teor médio de
ATR da Safra 2.006/2.007 no mesmo período.
Apenas como observação, todas
as análises neste artigo serão feitas sem
considerar o ATR Relativo, isto é, será
considerado o ATR Convencional.
Apenas como referência o teor médio
de ATR Convencional da cana entregue por Fornecedores associados à
CANAOESTE até a 2ª quinzena de julho da Safra 2.007/2.008 é de 135,17 kg
de ATR, conforme apresentado na Tabela 1, e o teor médio de ATR Relativo,
para o mesmo período é de 145,37 kg
de ATR que está sujeito a alteração em
função do ATRus (teor médio de ATR
da Usina na Safra) de fechamento de
Safra.
Nas tabelas 2 e 3, são apresentados mais detalhes da
qualidade tecnológica média da matéria-prima das safras
2.006/2.007 e 2.007/2.008.
Tabela 2 – Dados Tecnológicos Médios das Canas Entregues até a 2ª quinzena de julho por Fornecedores da
CANAOESTE na Safra 2.006/2.007
Tabela 3 – Dados Tecnológicos Médios das Canas Entregues até a 2ª quinzena de julho por Fornecedores da CANAOESTE na Safra 2.007/2.008
Tabela 1 - Teor médio de ATR (Kg/ton)
das Canas Entregues por
Fornecedores da CANAOESTE da
Safra 2.006/2.007 e da Safra atual
2.007/2.008 até a 2ª quinzena de julho
O Brix (%) da Safra 2.007/2.008 começou abaixo do Brix (%) da Safra 2.006/
2.007, mas a partir da 2ª quinzena de abril ultrapassou o Brix (%) da Safra 2.006/
2.007 até a 2ª quinzena de maio, quando, novamente, voltou a ficar abaixo do Brix
(%) da Safra 2.006/2.007, havendo uma diferença considerável a partir da 2ª quinzena de junho até a 2ª quinzena de julho.
26
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
27. Safra Canavieira
Gráfico 1 – Comparativo das
Médias de Brix (%)
A Pureza do Caldo (%) da Safra 2.007/2.008 foi
sempre inferior ao da Safra 2.006/2.007, exceto na
1ª quinzena de abril.
Gráfico 5 – Comparativo das Médias de
Pureza do Caldo (%)
O mesmo comportamento do Brix (%)
ocorreu com o Pol do Caldo (%).
Gráfico 2 - Comparativo das Médias
de Pol do Caldo (%)
Observa-se que as chuvas acima da média em
maio e julho, causaram uma
queda expressiva, em junho e julho, do Brix (%),
Pol do Caldo (%) e
consequentemente da Pol
da Cana (%), resultando na
queda no teor de ATR. Isso
fez com que a diferença na
média do teor de ATR fosse de 7,99 kg de ATR em
relação a Safra 2.006/2.007.
Excetuando-se a 2ª quinzena de abril e a 1ª
quinzena de maio, em todas as demais, o teor de
ATR da Safra 2.007/2.008 sempre foi inferior à Safra 2.006/2.007.
Gráfico 6 – Comparativo das Médias de Açúcares Totais Recuperáveis - ATR (Kg/tonelada)
Os teores de Fibra (%) das quinzenas em
análise estiveram próximas, exceto na 1ª
quinzena de maio e 2ª quinzena de julho.
Gráfico 3 - Comparativo das Médias
de Fibra (%)
O índice pluviométrico de janeiro de 2.007 ficou
acima do dobro da média de 2.006, porém em fevereiro ocorreu o inverso. Já em março de 2007 a média de chuvas ficou um pouco abaixo da média de
2006. E nos meses de abril e junho os índices foram
muito próximos. Já nos meses de maio e julho observamos chuvas expressivas apenas em 2007.
Gráfico 7 - Comparativo das Médias de
Chuvas (mm)
A Pol da Cana (%) da Safra 2.007/2.008
começou pouco abaixo da Safra 2.006/
2.007, superou a partir da 2ª quinzena de
abril até a 1ª quinzena de maio, ficando
muito próxima na 2ª quinzena de maio. Já a
partir da 1ª quinzena de junho os teores de
Pol da Cana (%) da Safra 2.007/2.008 ficaram bem inferiores aos da Safra 2.006/2.007.
Gráfico 4 - Comparativo das Médias
de Pol da Cana - PC (%)
Analisando trimestralmente, em 2.007 sempre houve um volume maior de chuvas que em 2.006.
Gráfico 8 – Comparativo das Médias de
Chuvas (mm) por Trimestre
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
27
28. Informações setoriais
CHUVAS DE AGOSTO
e Prognósticos Climáticos
N
o quadro abaixo, estão anotadas as chuvas que ocorreram na região de abrangência da CANAOESTE
durante o mês de agosto de 2007.
Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Assessor Técnico Canaoeste
Mapa 1: - Água Disponível no Solo entre 20 a 22 de
agosto de 2007.
O Mapa 1, acima, mostra claramente que, desde meados
de agosto, o índice de Água Disponível no Solo já se apresentava como crítico em toda área canavieira do Estado de
São Paulo.
28
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
Não houve ocorrência de chuvas nos
locais habitualmente
observados ou
consultados. O que
contribui para melhores
operações de colheita e
melhor qualidade da
matéria prima,
notadamente, durante a
segunda quinzena de
agosto e até então (ou,
pelas previsões
meteorológicas), até o
início da primavera)
Mapa 2: - Água Disponível no Solo ao final de agosto
de 2006.
Comparando-se os mapas 2 e 3 mostram que, ao final de
agosto destes dois anos, toda região canavieira do Estado
de São Paulo apresentava-se com índices críticos de Água
Disponível no Solo.
29. Informações setoriais
Mapa 3: Água Disponível no Solo ao final de agosto de 2007.
Como subsídio a planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE
resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para
os meses de setembro a novembro.
- Na faixa equatorial do Oceano Pacífico, próximo à costa do Equador e
Peru, as condições térmicas atmosféricas e (negativas)do mar não ficaram
bem pronunciadas para ocorrência do fenômeno La Niña,
· A temperatura média poderá ser acima ou ligeiramente acima nas normais climáticas em toda região Centro Sul do Brasil;
· Quanto às chuvas previstas para os meses de setembro a novembro, estas
poderão “ficar” abaixo das respectivas médias históricas nos Estados de Goiás,
Mato Grosso, larga faixa norte do Estado do Mato Grosso do Sul e faixas oeste
dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. Nas demais áreas da Região Centro
Sul do Brasil as chuvas poderão ficar próximas das normalidades climáticas.
· Exemplificando para Ribeirão Preto e municípios vizinhos, as médias
históricas pelo Centro Apta-IAC, são de 55mm em setembro, 130mm em outubro e 215mm em novembro.
Lembrando as Reuniões Técnicas realizadas entre julho e início de agosto,
a CANAOESTE volta recomendar que revisem e deixem “tinindo” os equipamentos para tratos culturais, adubações e pulverizadores de herbicidas, pois
as chuvas estão próximas. Quando muito, a partir do início da primavera.
Deve-se acrescentar, ainda, que tratos culturais mecânicos mais enérgicos (por exemplo, as escarificações) são dispensáveis em áreas que não
sofreram pisoteios, mesmo após chuvas de 40-50mm. Também nas áreas que
tenham sido colhidas no início da safra e não foram cultivadas na época, os
cultivos enérgicos não são recomendados, pois após o reinício das chuvas
o sistema radicular terá condições, com rapidez, para emitir novas raízes,
principalmente, as de absorção de água e nutrientes. Os cultivos profundos
nestes casos, cortam estas raízes e as pesquisas mostraram que tais cultivos
provocam danos em produtividades.
Por outro lado, devem atentar para o controle do mato, preferentemente
em pré-emergência, desde que a umidade do solo permita.
Lembrando, ainda, que face às previsões efetuadas pela Somar
Meteorologia, a CANAOESTE recomenda muita atenção às Umidades Relativas do Ar durante a primeira quinzena de setembro.
Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
29
30. Artigo Técnico
Adubação da cultura da
cana de açúcar:
porque o Nitrogênio e o Enxofre são
tão importantes
Antonio de Padua Cruz 1
Eduardo S. Spolidorio 2
O
nitrogênio (N) e o enxofre (S)
são dois importantes nutrientes para a cultura da cana-de-açúcar, visto que no primeiro corte, para produzir 100
t de colmos, a cultura consome cerca de
150 kg.ha-1 de N e 50 kg.ha-1 de S. Nos
demais cortes a cultura consome 130
kg.ha-1 de N e 40 kg.ha-1 de S
(Malavolta,1989). Mas o que tem aumentado a importância desses nutrientes é
que, com o advento do sistema de colheita de cana crua, o manejo correto dos fertilizantes que contem Nitrogênio e Enxofre requer atenção especial para se obter o
máximo retorno econômico da adubação.
A colheita de cana crua é uma tendência irreversível pelos benefícios que
essa prática traz ao solo e ao meio ambiente. Porém, a enorme quantidade de
palha remanescente na superfície do
solo vai exigir - pelo menos num primeiro instante - uma quantidade maior
de N e S mineral para evitar que ocorra
uma deficiência desses nutrientes,
induzida pela alta relação carbono/nitrogênio dos restos culturais. Os números apresentados na tabela 1 (abaixo) mostram que a decomposição da
"palhada" em condições naturais ocorre de maneira bastante lenta.
Outro fenômeno que assume maior importância na adubação da cana soca, em
áreas onde se faz a colheita sem “despalha” a fogo (cana crua), são as perdas de
nitrogênio por volatilização, quando a uréia é a fonte de N utilizada.
Os dados obtidos por Vitti (2003) e apresentados na figura 1 mostram que em áreas
de cana crua, adubadas com uréia em faixas e em área total, houve um aproveitamento
de 48,7% e 51,8%, do nitrogênio do fertilizante, enquanto que nas áreas adubadas
com sulfato de amônio o aproveitamento foi respectivamente de 69,3% e 71,6%.
Figura 1: Recuperação do nitrogênio do sulfato de amônio e da uréia na dose de 70
kg.ha-1, aplicados em faixa e em área total retido pelo sistema (solo-cana-de-açúcarpalha). Fonte: Vitti, A., 2003.
30
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
Sabemos que uréia é o fertilizante
nitrogenado mais disponível no mundo e também é o que tem o nitrogênio
mais barato. Diante disso, o que fazer
para aumentar a eficiência da adubação nitrogenada?
A substituição da uréia pelo nitrato
de amônio na adubação da cana soca
pode resolver o problema da
volatilização, contudo eleva o custo da
adubação e gera os problemas de
armazenamento e manuseio que naturalmente ocorrem com as fórmulas com
nitrato de amônio (“melamento e
empedramento”).
Muitos trabalhos têm sido conduzidos buscando reduzir as perdas do nitrogênio, proveniente da uréia, por
volatilização de amônia. Uma alternativa é a associação de diferentes fontes
nitrogenadas objetivando reduzir essas
perdas, e aumentar o aproveitamento do
nitrogênio do fertilizante pela planta.
Nesse particular a mistura de sulfato de
amônio com uréia apresenta inúmeras
vantagens sobre as demais misturas
nitrogenadas. Destacando-se, em primeiro lugar, a redução das perdas de nitrogênio por volatilização (figura 2).
Figura 2: Efeito da associação de sulfato
de amônio (SAM) e uréia na redução do
nitrogênio percentual volatilizado. Fonte:
Vitti, G. C.; et al., 2002.
31. Artigo Técnico
A segunda e grande vantagem da
introdução do Sulfato de Amônio, no programa de adubação da cana-de-açúcar é
o fato de que essa é uma maneira prática
e econômica de fornecer enxofre, juntamente com o N, para essa cultura.
A análise econômica, baseada nesses resultados de campo, mostra um aumento do lucro líquido de R$ 292,08 na cana-planta e de R$ 370,04 na canasoca, quando parte do N da uréia é substituído pelo sulfato de amônio no programa de adubação da cultura.
Malavolta e outros colaboradores
conduziram experimentos de campo,
com a cultura da cana-de-açúcar, em
diversas regiões do Estado de São Paulo, onde se avaliou a inclusão do Sulfato de Amônio no programa de adubação. Os resultados obtidos em Guariba
–SP, na cana planta e na cana soca,
encontram-se na figura 3.
* Fonte: Sulfato de Amônio
Obs.: Preços médios praticados em agosto de 2007.
Tabela 2: Análise econômica dos experimentos utilizando S (sulfato de
amônio) na adubação em cana planta e cana-soca em experimentos na região
de Guariba-SP. Elaborado com base nos resultados obtidos de Malavolta, 1989.
Não nos esqueçamos que, na adubação, tão ou mais importante que os critérios de ordem financeira são os critérios de ordem técnica, pois a adubação mais
cara que existe é a adubação mal feita. Por isso, quando for adquirir o seu fertilizante procure saber como esse fertilizante foi produzido. Isso poderá aumentar o
retorno econômico da adubação do seu canavial.
Eng. Agr (MS), Gerente Técnico do Grupo de Marketing do Sulf-N Sulfato de Amônio.
Eng. Agr (Dr), Assessor Agronômico do Grupo de Marketing do Sulf-N Sulfato de Amônio.
*1
*2
Figura 3: Aumento de produtividade de
colmos com a adição de S (sulfato de
amônio) na adubação de cana-planta e
cana-soca. Médias de quatro repetições na
região de Guariba-SP. Fonte: Adaptado de
Malavolta, 1989.
Bibliografia
LARA CABEZAS, W.A.R. Comportamento dos adubos nitrogenados em clima e solo de cerrado. Revista Plantio Direto
Especial Cerrado, v. 45, p. 52-60, 1998.
MALAVOLTA, E. Efeitos de doses e fontes de enxofre em culturas de interesse econômico –V- Cana-de-açúcar. São
Paulo: SN-Centro de Pesquisa e promoção de Sulfato de Amônio; n.5, p. 1-50, 1989.
OLIVEIRA, M.W.; et al. Decomposição e liberação de nutrientes da palhada de cana-de-açúcar em campo. Scientia Agrícola, 1999.
PENATTI, C.P. Manejo de nitrogênio em cana colhida sem queimar. STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, v. 18, nº 5, p. 29, 2000.
VITTI, A. C., Adubação da cana-de-açúcar (soqueira) colhida mecanicamente sem a queima prévia: manejo e efeito
na produtividade. Piracicaba, 2003. 114p.Tese (doutorado).- Centro de Energia Nuculear na Agricultura.
VITTI, G.C. et .al., Influência da mistura de sulfato de amônio com uréia sobre a volatilização de nitrogênio amonical.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.26: p. 663-671, 2002.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
31
32. Legislação
Protocolo Agroambiental do
Setor Canavieiro
C
omo foi amplamente divulgado em todos os meios de comunicação, no dia 04 (quatro) de Junho
deste ano foi celebrado entre o Governo do Estado de São Paulo, a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento e a União da Agroindústria
Canavieira de São Paulo (UNICA), um
protocolo de cooperação visando a
adoção de ações destinadas à consolidar o desenvolvimento sustentável da
indústria da cana-de-açúcar, denominado pelo setor de protocolo agroambiental.
Referido protocolo que, aliás, é de
adesão voluntária por parte das indústrias, traz uma série de diretivas técnicas que devem ser cumpridas, tais
como o reflorestamento das áreas de
preservação permanente de nascentes,
implantação de projetos técnicos de
conservação de recursos hídricos e de
solo, adoção de práticas destinadas à
minimização da poluição atmosférica,
dentre outras. Destaca-se entre as diversas diretivas técnicas o item que
antecipa o fim da queima da palha como
método despalhador da cana-de-açúcar para o ano de 2014, em áreas passíveis de mecanização e 2017, em áreas
não mecanizáveis.
Além disso, a indústria que aderir
ao protocolo, cumprindo integralmente as diretivas técnicas receberá um
Certificado de Conformidade Agroambiental, concedido pelo Governo do
Estado de São Paulo, documento este
que representa uma imagem positiva
da unidade industrial e do setor
sucroalcooleiro, além de ser útil nas relações comerciais, mormente as de exportação, nas relações financeiras, nas
relações institucionais junto aos próprios órgãos governamentais, dentre
outras que aqui não convêm enumerar.
Visando zelar pela operacionalidade
das ações, estabelecendo metodologias
para avaliação das metas e podendo
propor ajustes ao aludido protocolo,
32
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
além de definir critérios técnicos para
expedição e renovação do Certificado
de Conformidade Agro-ambiental, foi
constituído um Grupo Executivo, composto de três membros titulares e três
suplentes, tendo como seus titulares integrantes da Secretaria da Agricultura
(01), da Secretaria do Meio Ambiente
(01) e da ÚNICA (01).
Neste último dia 05 (cinco) de setembro, no auditório do Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC), em
Piracicaba, em reunião conjunta do Comitê de Meio Ambiente do CTC/UNICA,
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, formalizou-se
a regulamentação do protocolo, disciplinando a forma de cadastramento do
produtor, que se dará através do "site"
www.ambiente.sp.gov.br, a partir do
qual o próprio produtor cria um plano
de ação cuja fiscalização ficará a cargo
da Secretaria do Meio Ambiente.
À par disso tudo, é importante salientar que os produtores de cana-deaçúcar independentes não participaram do protocolo assinado pelas
industrias, pela evidente diferença entre ambos, tais como: a capacidade técnica, logística e financeira para aderir
à mecanização, motivo pelo qual necessitam de um prazo mais dilatado
para a eliminação do uso do fogo;
dispensabilidade de implementação de
alguns projetos descritos no protocolo, visto serem eminentemente industriais; dentre outras peculiaridades que
cada classe possui e que devem ser
respeitadas.
Paralelamente a isto, a Organização
dos Plantadores de Cana da Região
Centro Sul do Brasil (ORPLANA), entidade representativa dos produtores
de cana-de-açúcar independentes, juntamente com o Governo Estadual, representado pelas Secretarias do Meio
Ambiente e da Agricultura, vêm confeccionando um Protocolo Agro-
ambiental a ser
oferecido aos seus
associados, documento este que já
se encontra em
fase final de
formalização e que,
segundo integrantes do Governo e
Juliano Bortoloti - Advogado
da ORPLANA, é
Departamento Jurídico Canaoeste
semelhante ao
avençado com os industriais, com algumas alterações no que diz respeito
às atividades meramente de indústria,
devendo ser assinado ainda no mês
de Setembro de 2007.
Desta forma, como se trata de um
protocolo de cooperação mútua entre o Governo e o setor privado é de
se aguardar que os produtores de
cana-de-açúcar, acompanhando as
indústrias de açúcar e álcool aderentes, assim como as exigências governamentais, façam a adesão ao Protocolo de Cooperação Agro-ambiental
a si destinados, uma vez que se trata
de um processo irreversível, aliado
ao fato de que tal atitude significará
uma melhora na imagem do setor
canavieiro como um todo e, ainda, no
estreitamento das relações para com
os órgãos governamentais.
- QUEIMA IMPORTANTE
Foi disponibilizado no “site”
da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
(www.ambiente.sp.gov.br),
através do “link” Queima da
Palha de Cana, na data de
12.09.2007, a informação de
que o produtor terá o prazo de
até 72 horas para efetuar a
queimada, a partir da data prevista em sua comunicação eletrônica à referida Secretaria.
33. Pragas e Doenças
Controle integrado de pragas
urbanas
Regina Claudia Del Grande Aires
Supervisão de Processo de Secagem da Copercana
A
estrutura do Controle Integrado de Pragas (CIP) foi criada
para minimizar o uso abusivo e
indiscriminado de praguicidas. A necessidade de um sistema de controle
de pragas no qual fosse empregado o
mínimo de produtos químicos foi um
anseio de ambientalistas e profissionais preocupados com a contaminação
gerada por práticas de controle inadequado.
Atualmente esta necessidade é
prioritária nas áreas urbanas e industriais, onde antigos métodos baseados
exclusivamente no residual dos princípios ativos colocavam em risco o meio
ambiente, a qualidade de vida dos usuários e a dos produtos fabricados. Diante disso, o CIP é um trabalho que
pode ser definido como um sistema que
incorpora e integra ações preventivas
e corretivas destinadas a minimizar os
riscos de ocorrência de insetos,
aracnídeos e roedores que possam
gerar problemas significativos.
Em geral, a presença e a proliferação de pragas estão ligadas principalmente ao fato do próprio homem fornecer condições favoráveis de abrigo,
alimentação, acesso
e disponibilidade de
água. Essas situações propiciam a reprodução desenfreada das pragas.
Para controle
desses insetos é realizado um serviço
conhecido como
desinsetização, que
compreende a pulverização de produtos inseticidas líquidos ou em formulação gel em pontos
específicos, sempre
levando em conside-
ração o tipo de praga encontrada, as
características biológicas desses animais e as características do ambiente a
ser tratado.
Dependendo da espécie infestante
e das condições do local, podem ser
utilizadas armadilhas de captura: luminosas e biológicas. Quando se constata a ocorrência de roedores, é preciso realizar a desratização através da
inspeção dos setores e instalação de
dispositivos porta iscas raticidas para
controle químico destes animais ou
dispositivos para captura. É necessário identificar a praga e o motivo da
infestação para realizar o tratamento
necessário.
A preocupação não é só com o controle, mas também com as medidas preventivas que impedem a proliferação
das pragas. Higiene, barreiras físicas e
organização são as palavras de ordem.
A formação de uma educação para
mudança de hábito é imprescindível,
fazendo parte de medidas corretivas.
A Copercana, preocupada com o
armazenamento do amendoim, é parceira da Astral - maior empresa de con-
Regina Claudia
Del Grande Aires
trole de pragas urbanas do Brasil. A
preocupação com o meio ambiente,
qualidade na mão-de-obra através do
uso correto de equipamentos e produtos, rapidez e seriedade no trabalho
executado são as prioridades da parceria entre a Copercana e a Astral que
vem permitindo a obtenção de excelentes resultados.
O armazenamento e a secagem são
itens de suma importância para o amendoim, o que fez a Unidade de Grãos da
Copercana - UNAME, buscar uma parceria com a Universidade Federal de
Viçosa. Junto com a professora Dra.
Leda Favaroni, especialista em secagem,
armazenagem e controle de pragas, a
UNAME vem desenvolvendo um trabalho para treinar e capacitar sua equipe de
funcionários e assim
evitar a proliferação
de pragas dentro
dos seus armazéns.
Funcionário da empresa Astral durante aplicação no barracão de
armazenamento de Amendoim da UNAME
O objetivo da
UNAME é satisfazer
os seus clientes e cooperados, fornecendo produtos de qualidade nos mercados
interno e externo.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
33
34. Semana de Administração
Unesp Jaboticabal
realiza II Semana de
Administração
Palestras e cases foram apresentados aos alunos do curso de administração
Da Redação
D
e 27 a 31 de agosto, aconteceu no Centro de Convenções da Faculdade de Ciências Agrárias e veterinárias da UNESP Jaboticabal a II Semana de Administração. Uma média de 200 pessoas por
dia comparecem nas palestras com os
seguintes temas:
1 - Mercados e Habilidades necessárias
2 - Gerenciamento de Projetos
3 - Administração Rural
4 - Mercado de Luxo
5 - Empresas Virtuais
34
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
Segundo a comissão organizadora, o
objetivo do evento foi intensificar o contato entre a universidade e as organizações por meio de palestras que demonstrem a aplicação na prática organizacional.
O destaque deste ano foi o tema
Administração Rural, que aconteceu na
quarta-feira (29), com a palestra "A
administração Porteira adentro", ministrada pelo professor da ESALQ, Dr.
Fernando Curi Peres. Em seguida, o
engenheiro agrônomo e empresário
rural, Paulo de Araújo Rodrigues que é
sócio-gerente da Fazenda Santa Isa-
bel, demonstrou um "case" sobre a
administração da propriedade.
35. Foto: Antoninho Perri - Ascom - Unicamp
“A prioridade agora
deve ser a capacitação dos
trabalhadores rurais, para
que eles sejam recolocados
no mercado de trabalho até
2015, quando não haverá
mais o corte de cana
manual”.
Iza Barbosa, consultora
de Responsabilidade
Social da Unica (União da
Indústria de Cana-deAçúcar) durante palestra
sobre Responsabilidade
Social Corporativa e
Agronegócio, em Ribeirão
Preto.
Foto: Agência Brasil
“Com a hidrólise desses materiais haverá
um aproveitamento integral da cana-deaçúcar e maior produção de etanol em
relação à área plantada. Estimativas conservadoras apontam para um aumento de 35% a
40% a mais do combustível”.
Pesquisadores e professor da Unicamp,
Carlos Eduardo Rossell. Segundo ele o
Brasil está novamente numa situação
privilegiada, pois parte do bagaço remanescente, após a extração do açúcar poderá ser
usado para produzir combustível. O mesmo
irá acontecer futuramente com a palha da
cana, que hoje é queimada.
“O Brasil não tem poupado esforços na difusão
dos benefícios que os biocombustíveis podem trazer”.
O ministro das Relações Exteriores, Celso
Amorim, durante encontro que reuniu, no Rio de
Janeiro, ministros de Meio Ambiente e Relações
Exteriores de 22 países. Eles discutiram o aperfeiçoamento de políticas ambientais internacionais.
Foto: Agência Brasil
Foto: Divulgação Unica
Repercutiu
“Eles já importam etanol do Brasil, mas precisam aumentar consideravelmente. Eles produzem
muito pouco e a partir de trigo e cevada, o nosso é
economicamente muito mais rentável em todos os
sentidos”.
A embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis,
chefe do Departamento da Europa do Ministério das
Relações Exteriores, sobre a viagem do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva a Estocolmo, capital da
Suécia, nos dias 11 e 12 de setembro.
Revista Canavieiros - Setembro de 2007
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36. Biblioteca
“GENERAL ÁLVARO
TAVARES CARMO”
"AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NO BRASIL"
Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes
Pery Francisco Assis Shikida
Cultura
Cultivando
a Língua Portuguesa
Esta coluna tem a intenção de maneira didática,
esclarecer algumas dúvidas a respeito do português
1) Os papéis estavam “IMPRIMIDOS” e prontos para serem
entregues ao cliente.
Desta forma, com o erro de Português, não haverá entrega. Renata Carone
Sborgia*
Vamos a explicação, prezado amigo leitor:
IMPRESSO: deve ser empregado com os verbos ser e estar.
Ex.: ser impresso, estavam impressos.
IMPRIMIDO: deve ser usado com os verbos ter e haver.
Ex.: tem imprimido, haviam imprimido.
2) E agora: IMPLANTAR ou IMPLEMENTAR???
Dica fácil:
IMPLANTAR - é dar início, fixar (se), estabelecer (se).
Ex.: É um sistema novo que ainda não foi implantado na empresa.
IMPLEMENTAR - é desenvolver, pôr em prática.
Ex.: Os projetos para 2007 já estão aprovados, falta só implantá-los.
E
sta obra procura construir um espaço pluralista e de natureza científica sobre temáticas
relacionadas à agroindústria canavieira, pautandose unicamente pela excelência acadêmica e técnica.
O livro inicia com a questão da desregulamentação, as novas formas de atuação do Estado e
de modelos de gestão dessa agroindústria, temática
de importância no atual ambiente institucional/
concorrencial experimentado pelo setor. Com a
desregulamentação, surge a necessidade de enfatizar
os efeitos e desafios das novas tecnologias na
agroindústria canavieira.
Esse contexto, aliado à maior abertura comercial
do Brasil, torna importantes as análises de temas
ligados ao comércio internacional e barreiras protecionistas no mercado de açúcar, o desenvolvimento de um mercado internacional para o álcool
combustível e a inserção do produto brasileiro, novas formas de comercialização dos produtos dessa
cadeia produtiva, bem como as oportunidades que
se apresentam no mercado de carbono e na cogeração de energia elétrica.
Com esse elenco de temas, rigorosamente discutidos por autores das mais diversas áreas e formações, o leitor poderá ter elementos para discutir,
técnica e cientificamente, sobre evolução, desenvolvimento e desafios da agroindústria canavieira
no Brasil.
Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini,
nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone (16)39463300 - Ramal 2016
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Revista Canavieiros - Setembro de 2007
3) Ele “VAI A” Portugal este mês ou Ele “VAI PARA”Portugal???
Prezado amigo leitor, o verbo IR A indica curta permanência.
O verbo IR PARA dá a idéia de destinação, demora, não curta permanência.
Ex.: Ele vai a Portugal este mês.(vai e volta de forma breve, rápida)
Ele vai para Portugal no final do ano.(vai e fica durante algum tempo, forma
mais demorada de permanecer em algum lugar)
* Advogada e Prof.ª de Português e Inglês
Mestra—USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Consultora de Português, MBA em
Direito e Gestão Educacional, Escreveu a Gramática Português Sem Segredos (Ed.
Madras) com Miriam M. Grisolia
37. Agende-se
Outubro
de 2007
Curso de Armazenamento de Grãos
Data: 01 a 05 de outubro de 2007
Local: Sede do CENTREINAR (Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem) - Viçosa - MG
Temática: O Curso de Armazenamento de Grãos oferecido pelo CENTREINAR tem como objetivo treinar
os profissionais que atuam na Área de Armazenamento
a como armazenar bem os grãos de tal forma que as
perdas quantitativas e qualitativas inerentes aos diversos processos de armazenagem sejam as mínimas
possíveis.
Mais Informações: (31) 3891-2270
ENERBIO 2007 - Feira Internacional de
Agroenergia, Biocombustíveis e Energias Renováveis
Data: 09 a 11 de outubro de 2007
Local: Blue Tree Park Brasília Hotel - Brasília - DF
Temática: A Enerbio/2006 se consolidou como um dos
mais importantes eventos internacionais de agroenergia e
biocombustíveis promovidos no ano, reunindo expositores, participantes nos eventos paralelos e simultâneos e
visitantes do país e do exterior. Um dos pontos altos do
conjunto de eventos foi a infra-estrutura oferecida pelos
organizadores no Blue Tree Park Brasília Hotel e a qualidade do seu público-alvo.
Mais Informações: (11) 4154-2366
FENACOOP 2007
Data: 03 a 05 de outubro de 2007
Local: Centro de Convenções Frei Caneca - São Paulo - SP
Temática: O sucesso alcançado em suas duas primeiras edições nos autoriza a profetizar que a
Fenacoop 2007, seguramente, será ainda maior e mais
estimulante para o cooperativismo brasileiro mostrar a
sua força, e sobretudo, seu grande potencial que movimenta anualmente R$ 90 bilhões e exporta US$ 2 bilhões. Tudo isso aliado ao profissionalismo na condução dos preparativos e na organização, dão a garantia
dos excelentes resultados que vêm sendo alcançados
pela Fenacoop.
Mais Informações: (11) 2193-7740
V Congresso Brasileiro de Agroecologia
Data: 01 a 04 de outubro de 2007
Local: Centro de Convenções do SESC - Guarapari - ES
Te m á t i c a : A A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d e
Agroecologia (ABA-Agroecologia) promoverá no Espírito Santo, em outubro de 2007, o V CONGRESSO
BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA. O CBA tem
oportunizado a reunião de cerca de 3000 profissionais, estudantes e agricultores de todo o país para
intercambiar conhecimentos, experiências e promover deliberações e orientações para a ação da entidade e a promoção da Agroecologia.
Mais Informações: (27) 3371-5217
Seminário de Tendências de Mercado e Projeções para o Suprimento de Soja, Milho, Carnes e Bionergia para 2007 e 2008
Data: 26 de outubro de 2007
Local: Hotel Deville Curitiba - Curitiba - PR
Temática: O evento contará com as palestras: "As Tendências para o Mercado de Milho" e As Tendências para o
Mercado de Carnes, por Paulo R.Molinari, Economista e
Analista de SAFRAS & Mercado; "As Tendências para o
clima na safra 2007/08", por Luiz Renato Lazinski,
Meteorologista do Inmet; "As Tendências para o Mercado
de Soja", por Flávio Roberto de França Jr, Economista e Analista de SAFRAS & Mercado; e "As Tendências para o Mercado de Bioenergia - Álcool e Biodiesel", por Miguel Biegai
Junior, Economista e Analista de SAFRAS & Mercado.
Mais Informações: (51) 3224-7039
Palestra sobre Ferramentas para Logística e
Gestão na Produção Canavieira
Data: 31de outubro de 2007
Local: Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da ESALQ/
USP - Piracicaba - SP
Temática: O objetivo do evento é trazer informação e
motivação para a melhoria da logística e gestão através da
informatização do setor sucroalcooleiro e estreitar as relações entre as empresas fornecedoras de serviços, produtores e pesquisadores.
Mais Informações: (19) 3417-6604
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