SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
10                              www.diariodominho.pt               Entrevista                                                                                                           Diário do Minho
                                                                                                                                                                       TERÇA-FEIRA, 24 de janeiro de 2012




Entrevista Diário do Minho /Rádio Faculdade de Filosofia a Salvador Mota
Centro Regional da Católica em Braga
aposta na cooperação com Cabo Verde
                                                                                                                                        DR
     Luís da Silva Pereira                                                                                                                   A Universidade Católica é uma       dear alguns mecanismos de
     Luísa Magalhães/Rádio FF                                                                                                                instituição muito inclusiva. Faz    apoio a nível de lingua-
                                                                                                                                             parte do seu código genéti-         gem..
A entrevista de hoje é a                                                                                                                     co. Foi um dos aspetos que           SM Temos feito tentativas.
primeira de várias outras                                                                                                                    mais me marcaram.                   Quando os alunos chegam,
resultantes de uma par-
                                                                                                                                                                                 uma das ofertas que nós fa-
ceria entre o “Periscópio”,
                                                                                                                                             LM  Qual é, em termos socio-        zemos é um curso de portu-
programa da Rádio FF
(Faculdade de Filosofia) e                                                                                                                   económicos, a origem dos            guês para estudantes estran-
o Diário do Minho. A Rádio                                                                                                                   alunos de Cabo Verde que            geiros onde maioritariamen-
FF emite, para já, online no                                                                                                                 vêm para o Centro Regional          te estão alunos de Cabo Ver-
site da Faculdade de Filo-                                                                                                                   de Braga?                           de. Esse curso tem de ser mais
sofia, em www.facfil.braga.                                                                                                                   SM Temos desde os mais hu-         incentivado, mais acarinhado
ucp.pt. As entrevistas do                                                                                                                    mildes, embora com suporte          porque é extremamente im-
“Periscópio” são emitidas                                                                                                                    familiar na emigração, até fi-      portante para a evolução do
às quartas-feiras, às 21h00,                                                                                                                 lhos de pessoas com forma-          percurso escolar de cada um
aos sábados, às 17h00, e                                                                                                                                                         dos discentes.
                                                                                                                                             ção profissional elevada.
aos domingos, às 21h00.
O entrevistado, professor              Gabinete de Relações Internacionais apoia estudantes estrangeiros em Braga
                                                                                                                                             LM   Quais são as maiores di-       LM   Tem algum feedback dos
Salvador Mota, é o res-
ponsável pelo Gabinete de             ciais e Humanas, de dois em        ma que se resolveu potenciar      Sal e Santa Catarina, as mais     ficuldades destes alunos?           alunos que já saíram da Uni-
                                      dois anos, aqui em Portugal e      a experiência que já tinha em     populosas, procurando fazer        SM São muitas e de vária or-       versidade Católica?
Relações Internacionais do
Centro Regional de Braga              em Cabo Verde, com publica-        termos de cooperação com os       uma cooperação responsável,       dem, mas nem todos tem as            SM   É com muito gosto que
da Universidade Católica              ção de Atas. Fui secretário e      países lusófonos, nomeada-        mas mais descentralizada.         mesmas. São muito diferen-          lhe posso dizer que a maioria
Portuguesa (UCP).                     depois vice-diretor de uma re-     mente, com Cabo Verde. Para                                         tes de aluno para aluno. O          dos estudantes que se licen-
                                      vista denominada “Africana”        se fazer cooperação é preciso     LM   Portanto, os estudantes      maior perigo é confundir o          ciaram pelo Centro Regional
                                      onde publiquei vários artigos.     conhecer as pessoas certas        cabo-verdianos vêm para           todo com as partes. Se alguém       de Braga, a maior parte deles
LM  Como é que o professor            Fui membro da Comissão Pa-         nos lugares certos. O ensino      Braga com o apoio das suas        comete um deslize, não é jus-       não teve problemas em arran-
Salvador Mota veio tratar             ritária do Ensino Superior Por-    privado tem mais dificuldade      câmaras municipais e têm          to que os outros sofram com         jar colocação e estão a exer-
dos nossos alunos cabo-ver-           tugal/Cabo Verde. Vendo o tra-     em fazer cooperação do que        cá o apoio da Universidade        isso. Em termos gerais, 70 a        cer a sua atividade profissio-
dianos. Como é que isto               balho que estava a desenvol-       o público, por razões óbvias.     Católica e do professor Sal-      75 por cento não têm dificul-       nal com brio e gosto. Alguns
aconteceu na sua vida?                ver, em boa hora, julgo eu,        Portanto, foi através de um       vador Mota.                       dades ou, se têm, são supe-         tencionam voltar, para uma
 SM É uma paixão. Tenho al-
                                      para mim e para a Universi-        convite que iniciámos a coo-       SM Os estudantes são selecio-    ráveis com maior ou menor           formação mais avançada. Nos
gumas paixões, uma delas é            dade Católica, convidaram-me       peração com Cabo Verde des-       nados pelas câmaras de acor-      esforço. Haverá 25 a 30 por         PALOP ainda não se coloca
Cabo Verde. As outras são a           (professor Silva Lima) para vir    de 2005.                          do com princípios por nós de-     cento com maiores índices de        com acuidade o problema da
cooperação, em geral, a his-          fazer esse tipo de atividade                                         finidos para todos os estudan-    dificuldades. Podem ser eco-        falta de colocação profissio-
tória e a investigação. Com           no Centro Regional de Braga.       LM  A presença dos estudan-       tes estrangeiros que nos pro-     nómicas, familiares, afetivas,      nal dos jovens que saem gra-
Cabo Verde, desde muito novo,         De início, pensámos numa co-       tes cabo-verdianos na Facul-      curam, incluindo o cumpri-        culturais, linguísticas, climáti-   duados pelas universidades.
ainda era assistente na então         operação com a China, via Ma-      dade de Filosofia de Braga        mento de legislação geral que     cas, académicas, etc. O pri-
Universidade Portucalense -           cau. Houve contactos concre-       tem sido uma constante des-       rege estas matérias. Nós defi-    meiro ano de permanência é          LM    A UCP tem outros estu-
Porto, iniciei a cooperação           tos, mas a vinda dos estudan-      de 2005.                          nimos as condições em que         sempre o mais difícil. Em Cabo      dantes dos PALOP.
com o país das mornas, aju-           tes levantou muitos proble-         SM Com altos e baixos. Assi-     eles podem vir e alguns de-       Verde, o português é utiliza-        SM O Gabinete procura sen-

dando a lançar vários cursos,         mas, sobretudo a nível linguís-    námos, em 2005, quatro pro-       les, de facto, procuram a UCP.    do mais como linguagem es-          sibilizar também estudantes
mormente, o primeiro mestra-          tico, equiparação de estudos,      tocolos com as câmaras mu-        Outros vêm transferidos de        crita, enquanto o crioulo é a       de outros PALOP para virem
do realizado em Cabo Verde            emissão de vistos, etc., de for-   nicipais da Praia, São Vicente,   outras instituições superiores.   língua nacional por excelên-        estudar. Foi responsável dire-
na área de História Contem-                                                                                                                  cia. É um dos símbolos da           to, este ano, pela vinda de



                                     “
porânea, no então Instituto                                                                                                                  identidade nacional, talvez o       quatro angolanos que esta-
Superior de Educação, hoje                                                                                                                   mais forte. Há raízes históri-      mos, igualmente, a acompa-
                                                 Para se fazer cooperação é preciso conhecer as
unidade orgânica da Univer-                                                                                                                  cas que explicam a evolução         nhar. Estamos na fase da as-
sidade de Cabo Verde. Orga-                    pessoas certas nos lugares certos. O ensino privado                                           deste fenómeno.                     sinatura de protocolos com
nizávamos, regularmente, Jor-                  tem mais dificuldade em fazer cooperação do que o                                                                                 instituições de Angola. Já subs-
nadas Luso-cabo-verdeanas                                   público, por razões óbvias                                                       LM   Na universidade, se ca-        crevemos um com a diocese
no âmbito das Ciências So-

                                                                                                                                   ”         lhar, era possível desenca-         do Lubango.
Diário do Minho
TERÇA-FEIRA, 24 de janeiro de 2012                                                 Entrevista                                                    www.diariodominho.pt                              11


Bolonha torna cada vez mais importante
as universidades terem estudantes estrangeiros
                                                                                                                                   DR
LM   Os alunos cabo-verdiua-      Verde, a UCP goza de um pres-                                                                          e níveis de desenvolvimento        importante, importa ter uma
nos sentem-se bem na UCP?         tígio elevado. É entendida                                                                             e conhecimentos diferentes.        boa preparação profissional.
São bem tratados e bem in-        como uma unidade de refe-                                                                              Eu sei, por exemplo que, em        Curiosamente, este ano assis-
tegrados no âmbito acadé-         rência e de excelência. Ajuda                                                                          universidades espanholas,          tiu-se a maior diversificação.
mico?                             o facto de Cabo Verde ser as-                                                                          francesas e inglesas o rácio de    O curso de Ciências da Infor-
 SM É sempre difícil dizer que    sumidamente um país católi-                                                                            alunos estrangeiros é 30-40        mação e da Documentação,
a integração está completa.       co, com grande percentagem                                                                             por cento. Já não conseguem        por exemplo, teve este ano
Mesmo estudantes nacionais,       de praticantes. Quando che-                                                                            passar sem os alunos de ou-        uma boa demanda. Porque
muitas vezes, têm dificulda-      gam cá, vestem literalmente                                                                            tros países.                       ainda há falta de técnicos nes-
des em se integrarem no meio      a camisola da Universidade.                                                                                                               sa área das Ciências da Docu-
universitário. Se isso é válido   Não é raro ver alunos de Cabo                                                                          LM    Qual é o nosso rácio?        mentação. Algumas ilhas têm
para os nossos alunos, muito      Verde vestir camisolas e blu-                                                                          DM    Se repararmos só nos alu-    ainda necessidade de uma boa
mais é para os nossos irmãos      sões da Universidade. Quan-                                                                            nos dos PALOP, é difícil ava-      biblioteca, de um bom arqui-
lusófonos. Temos várias estru-    do regressam aos seus países,                                                                          liar, mas representarão segu-      vo público e, por consequên-
turas que nos permitem dar        procuram produtos que os                                                                               ramente menos de 10 por cen-       cia, é um nicho de mercado
algumas respostas no imedia-      identifiquem com a sua Uni-                                                                            to. Temos ainda alguma, não        que pode desenvolver-se nos
to: uma residência universitá-    versidade. Sentem orgulho na                                                                           muita, margem de progres-          próximos anos. Estas oportu-
ria, a custo bonificado, dois     Universidade que frequenta-                                                                            são. Depende também dos            nidades são maiores num país
gabinetes de apoio diário e       ram.                                                                                                   cursos, porque normalmente         como Angola, cuja população
várias iniciativas a montante                                                                                                            eles concentram-se mais em         continua a crescer exponen-



                                                                    “
que seria fastidioso enumerar.     LM E uma representação                     Quando chegam cá, vestem                                   determinadas formações.            cialmente. Sem falar noutros
Procuramos que os nossos es-      muito importante, em ter-                   literalmente a camisola da                                                                    cursos, igualmente importan-
tudantes de Cabo Verde e dos      mos académicos, da sua pró-                  Universidade. Não é raro                                  LM   Quais são as preferên-        tes, como a economia, a ges-
PALOP estejam bem orienta-        pria identidade.                             ver alunos de Cabo Verde                                  cias, em termos de cursos?         tão, a psicologia, as ciências
dos. São os encarregados de        SM É evidente que a integra-
                                                                             vestir camisolas e blusões da                                SM Cabo Verde necessita, ain-     da comunicação. Este último
educação que nos solicitam        ção é mais do que identifica-                                                                          da, muito de formados na área      valorizou-se muito com os pro-



                                                                                                                              ”
                                                                                      Universidade
esse apoio.                       ção. Eles identificam-se com                                                                           das tecnologias. Portanto, 40      gressos da escolaridade e com
                                  a universidade, gostam da uni-                                                                         por cento dos alunos de Cabo       a abertura desses países à de-
LM  Até porque eles vão re-       versidade, mas a integração       usos e costumes de quem nos       tros povos. De acordo com          Verde concentram-se na área        mocracia. O turismo e as
gressar a Cabo Verde, um          necessita também de inser-        visita. Nesta sociedade globa-    Bolonha, é vez mais importan-      das tecnologias da informa-        áreas da saúde e do lazer são
dia…                              ção, não só na universidade,      lizada, não nos podemos fe-       te as universidades terem alu-     ção e da comunicação. Eles         igualmente ofertas de futuro.
 SM  Exatamente. Devo dizer       mas na própria cidade de aco-     char no nosso cantinho. Por-      nos não nacionais, porque va-      sabem que, por enquanto, ar-       Este ano foi um ano bom para
que os alunos de Cabo Verde       lhimento. É um processo que       tugal só foi grande quando        lorizam a própria instituição      ranjam emprego no seu país.        o turismo em Cabo Verde, de-
sentem-se identificados com       leva tempo. É preciso conhe-      percebeu que podia tirar van-     culturalmente e mesmo cien-        Mais do que a classificação fi-    vido ao desvio de rotas do
a sua Universidade. Em Cabo       cer um pouco da cultura dos       tagens do contacto com ou-        tificamente, com experiências      nal do curso, que é sempre         Norte de África para Sul.



     «Não se trata de deixar cá o aluno como se fosse um depósito»
      LM O professor Salvador Mota é considerado como um pai         LM  É mútuo, portanto.                                             grafias, desdobráveis, CD, DVD e, sobretudo, a internet, onde
     por grande parte dos alunos cabo-verdianos. Como é que          SM  Sim. Às vezes, são problemas afetivos, familiares, econó-      podem ir buscar toda a informação que pretendem. A univer-
     se sente com esta designação?                                   micos, mas mesmo esses, muitas vezes, podem ser resolvidos.        sidade é muito consultada. Há contactos regulares. Os próprios
      SM Como um pai, tio, padrinho (risos).                         Daí a importância de instituições como o serviço de ação           dirigentes camarários visitam regularmente a universidade.
                                                                     social, o Gabinete de Relações Internacionais, que podem           Portanto, não se trata de deixar cá o aluno como se fosse um
     LM  Família… É o que não têm cá.                                contactar com os familiares e ir resolvendo problemas. Sabem       depósito. Há um conhecimento real de todas as situações e
     SM  Exatamente. Os próprios pais, quando me telefonam – eu      que sou doutorado pela Universidade do Porto, mas pela             sabem que a UCP é uma universidade com princípios, com
     contacto regularmente com os pais – também me procuram          própria sensibilidade deles não me tratam por doutor. Quan-        regras, com prestígio, é uma universidade com qualidade. Por
     sensibilizar para essa mensagem. Talvez porque sou o elemen-    do o africano tem estima por uma pessoa, não o trata pelo          consequência, a mensagem que deixo aos alunos é que devem
     to de ligação dos pais, das câmaras com o Centro Regional e     grau, trata-o por senhor x ou o senhor y. De resto, já vem de      aproveitar essas oportunidades ao máximo enquanto estão
     com as Faculdades. Depois, naturalmente, também me movo         Cabo Verde, das informações que eles obtêm.                        aqui em Portugal.
     já à vontade na universidade. Já estou cá há seis anos, vou                                                                        Devem fazer progressos em termos de formação humana, em
     conhecendo as pessoas e posso resolver problemas pontuais.       LM O professor Salvador tem contacto permanente com as            termos científicos e profissionais. Aproveitar as condições que
     Só posso ver nisso uma prova de carinho que os estudantes       famílias dos estudantes que vêm para cá. Que recomendação          a Universidade lhes oferece. No caso da Faculdade de Filosofia,
     de Cabo Verde têm em relação a mim. Só se não puder é que       faria a todos os estudantes cabo-verdianos?                        que conheço de perto, tem excelentes profissionais, faz inves-
     não resolvo os problemas deles. Esta dimensão humana não         SM Contacto realmente com os familiares. Inclusive, alguns vêm    tigação de qualidade, tem muitas iniciativas pedagógicas e
     era possível em instituições de ensino com milhares de alu-     cá trazer os filhos. Procuram saber como é o ensino na univer-     científicas ao longo do ano, possui bons espaços físicos e uma
     nos.                                                            sidade e as condições que oferecemos. As câmaras têm foto-         biblioteca de referência.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Entrevista sobre cooperação da UCP com Cabo Verde (20)

Dfato vestibular fasciculo 1
Dfato vestibular fasciculo  1Dfato vestibular fasciculo  1
Dfato vestibular fasciculo 1
 
ConexãO Noticias Edicao 17 Para Internet
ConexãO  Noticias  Edicao 17 Para InternetConexãO  Noticias  Edicao 17 Para Internet
ConexãO Noticias Edicao 17 Para Internet
 
Diretora FaCiS - Engrácia Leandro
Diretora FaCiS - Engrácia LeandroDiretora FaCiS - Engrácia Leandro
Diretora FaCiS - Engrácia Leandro
 
Carta Programa - CHAPA 3
Carta Programa - CHAPA 3Carta Programa - CHAPA 3
Carta Programa - CHAPA 3
 
Conexao pet i pag1
Conexao pet i   pag1Conexao pet i   pag1
Conexao pet i pag1
 
Folder ii (1)
Folder ii (1)Folder ii (1)
Folder ii (1)
 
Programa: O Futuro de Paranhos
Programa: O Futuro de ParanhosPrograma: O Futuro de Paranhos
Programa: O Futuro de Paranhos
 
Junta de Freguesia de Guisande
Junta de Freguesia de GuisandeJunta de Freguesia de Guisande
Junta de Freguesia de Guisande
 
Chegando nº 16
Chegando  nº 16Chegando  nº 16
Chegando nº 16
 
Corujinha 52
Corujinha 52Corujinha 52
Corujinha 52
 
Conexao pet 2 pag2
Conexao pet 2   pag2Conexao pet 2   pag2
Conexao pet 2 pag2
 
Revista Escola do Mar - A Caminho de Anhatomirim
Revista Escola do Mar - A Caminho de AnhatomirimRevista Escola do Mar - A Caminho de Anhatomirim
Revista Escola do Mar - A Caminho de Anhatomirim
 
Folder
FolderFolder
Folder
 
Conexao pet 1 pag2
Conexao pet 1   pag2Conexao pet 1   pag2
Conexao pet 1 pag2
 
Programa
ProgramaPrograma
Programa
 
Informativo semec 1
Informativo semec 1Informativo semec 1
Informativo semec 1
 
Folder ficha inscri+º+úo
Folder ficha inscri+º+úoFolder ficha inscri+º+úo
Folder ficha inscri+º+úo
 
Mb news jornal
Mb news   jornalMb news   jornal
Mb news jornal
 
Informativo 16
Informativo 16Informativo 16
Informativo 16
 
Expresso131
Expresso131Expresso131
Expresso131
 

Mais de radioff

Periscópio jf Arentim
Periscópio jf ArentimPeriscópio jf Arentim
Periscópio jf Arentimradioff
 
Periscópio jf_Adaúfe
Periscópio jf_AdaúfePeriscópio jf_Adaúfe
Periscópio jf_Adaúferadioff
 
Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedro
Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. PedroPeriscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedro
Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedroradioff
 
Periscópio junta de freguesia de Ferreiros
Periscópio junta de freguesia de FerreirosPeriscópio junta de freguesia de Ferreiros
Periscópio junta de freguesia de Ferreirosradioff
 
Periscópio AIMinho
Periscópio AIMinhoPeriscópio AIMinho
Periscópio AIMinhoradioff
 
Periscópio_Junta de Freguesia de Ruílhe
Periscópio_Junta de Freguesia de RuílhePeriscópio_Junta de Freguesia de Ruílhe
Periscópio_Junta de Freguesia de Ruílheradioff
 
Dia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor
Dia Internacional da Mulher_ Clara SottomayorDia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor
Dia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayorradioff
 
Periscópio - jf_S. João do Souto
Periscópio - jf_S. João do SoutoPeriscópio - jf_S. João do Souto
Periscópio - jf_S. João do Soutoradioff
 
S. Victor
S. VictorS. Victor
S. Victorradioff
 
Junta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da SéJunta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da Séradioff
 
Junta de Freguesia de S. Vicente
Junta de Freguesia de S. VicenteJunta de Freguesia de S. Vicente
Junta de Freguesia de S. Vicenteradioff
 
Diretor FacTeo - João Duque
Diretor FacTeo - João DuqueDiretor FacTeo - João Duque
Diretor FacTeo - João Duqueradioff
 

Mais de radioff (13)

Periscópio jf Arentim
Periscópio jf ArentimPeriscópio jf Arentim
Periscópio jf Arentim
 
Periscópio jf_Adaúfe
Periscópio jf_AdaúfePeriscópio jf_Adaúfe
Periscópio jf_Adaúfe
 
Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedro
Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. PedroPeriscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedro
Periscópio - junta de freguesia de Merelim S. Pedro
 
AEP
AEPAEP
AEP
 
Periscópio junta de freguesia de Ferreiros
Periscópio junta de freguesia de FerreirosPeriscópio junta de freguesia de Ferreiros
Periscópio junta de freguesia de Ferreiros
 
Periscópio AIMinho
Periscópio AIMinhoPeriscópio AIMinho
Periscópio AIMinho
 
Periscópio_Junta de Freguesia de Ruílhe
Periscópio_Junta de Freguesia de RuílhePeriscópio_Junta de Freguesia de Ruílhe
Periscópio_Junta de Freguesia de Ruílhe
 
Dia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor
Dia Internacional da Mulher_ Clara SottomayorDia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor
Dia Internacional da Mulher_ Clara Sottomayor
 
Periscópio - jf_S. João do Souto
Periscópio - jf_S. João do SoutoPeriscópio - jf_S. João do Souto
Periscópio - jf_S. João do Souto
 
S. Victor
S. VictorS. Victor
S. Victor
 
Junta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da SéJunta de Freguesia da Sé
Junta de Freguesia da Sé
 
Junta de Freguesia de S. Vicente
Junta de Freguesia de S. VicenteJunta de Freguesia de S. Vicente
Junta de Freguesia de S. Vicente
 
Diretor FacTeo - João Duque
Diretor FacTeo - João DuqueDiretor FacTeo - João Duque
Diretor FacTeo - João Duque
 

Último

Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptxLinoReisLino
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.MrPitobaldo
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 

Último (20)

Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
1.ª Fase do Modernismo Brasileira - Contexto histórico, autores e obras.
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 

Entrevista sobre cooperação da UCP com Cabo Verde

  • 1. 10 www.diariodominho.pt Entrevista Diário do Minho TERÇA-FEIRA, 24 de janeiro de 2012 Entrevista Diário do Minho /Rádio Faculdade de Filosofia a Salvador Mota Centro Regional da Católica em Braga aposta na cooperação com Cabo Verde DR Luís da Silva Pereira A Universidade Católica é uma dear alguns mecanismos de Luísa Magalhães/Rádio FF instituição muito inclusiva. Faz apoio a nível de lingua- parte do seu código genéti- gem.. A entrevista de hoje é a co. Foi um dos aspetos que SM Temos feito tentativas. primeira de várias outras mais me marcaram. Quando os alunos chegam, resultantes de uma par- uma das ofertas que nós fa- ceria entre o “Periscópio”, LM Qual é, em termos socio- zemos é um curso de portu- programa da Rádio FF (Faculdade de Filosofia) e económicos, a origem dos guês para estudantes estran- o Diário do Minho. A Rádio alunos de Cabo Verde que geiros onde maioritariamen- FF emite, para já, online no vêm para o Centro Regional te estão alunos de Cabo Ver- site da Faculdade de Filo- de Braga? de. Esse curso tem de ser mais sofia, em www.facfil.braga. SM Temos desde os mais hu- incentivado, mais acarinhado ucp.pt. As entrevistas do mildes, embora com suporte porque é extremamente im- “Periscópio” são emitidas familiar na emigração, até fi- portante para a evolução do às quartas-feiras, às 21h00, lhos de pessoas com forma- percurso escolar de cada um aos sábados, às 17h00, e dos discentes. ção profissional elevada. aos domingos, às 21h00. O entrevistado, professor Gabinete de Relações Internacionais apoia estudantes estrangeiros em Braga LM Quais são as maiores di- LM Tem algum feedback dos Salvador Mota, é o res- ponsável pelo Gabinete de ciais e Humanas, de dois em ma que se resolveu potenciar Sal e Santa Catarina, as mais ficuldades destes alunos? alunos que já saíram da Uni- dois anos, aqui em Portugal e a experiência que já tinha em populosas, procurando fazer SM São muitas e de vária or- versidade Católica? Relações Internacionais do Centro Regional de Braga em Cabo Verde, com publica- termos de cooperação com os uma cooperação responsável, dem, mas nem todos tem as SM É com muito gosto que da Universidade Católica ção de Atas. Fui secretário e países lusófonos, nomeada- mas mais descentralizada. mesmas. São muito diferen- lhe posso dizer que a maioria Portuguesa (UCP). depois vice-diretor de uma re- mente, com Cabo Verde. Para tes de aluno para aluno. O dos estudantes que se licen- vista denominada “Africana” se fazer cooperação é preciso LM Portanto, os estudantes maior perigo é confundir o ciaram pelo Centro Regional onde publiquei vários artigos. conhecer as pessoas certas cabo-verdianos vêm para todo com as partes. Se alguém de Braga, a maior parte deles LM Como é que o professor Fui membro da Comissão Pa- nos lugares certos. O ensino Braga com o apoio das suas comete um deslize, não é jus- não teve problemas em arran- Salvador Mota veio tratar ritária do Ensino Superior Por- privado tem mais dificuldade câmaras municipais e têm to que os outros sofram com jar colocação e estão a exer- dos nossos alunos cabo-ver- tugal/Cabo Verde. Vendo o tra- em fazer cooperação do que cá o apoio da Universidade isso. Em termos gerais, 70 a cer a sua atividade profissio- dianos. Como é que isto balho que estava a desenvol- o público, por razões óbvias. Católica e do professor Sal- 75 por cento não têm dificul- nal com brio e gosto. Alguns aconteceu na sua vida? ver, em boa hora, julgo eu, Portanto, foi através de um vador Mota. dades ou, se têm, são supe- tencionam voltar, para uma SM É uma paixão. Tenho al- para mim e para a Universi- convite que iniciámos a coo- SM Os estudantes são selecio- ráveis com maior ou menor formação mais avançada. Nos gumas paixões, uma delas é dade Católica, convidaram-me peração com Cabo Verde des- nados pelas câmaras de acor- esforço. Haverá 25 a 30 por PALOP ainda não se coloca Cabo Verde. As outras são a (professor Silva Lima) para vir de 2005. do com princípios por nós de- cento com maiores índices de com acuidade o problema da cooperação, em geral, a his- fazer esse tipo de atividade finidos para todos os estudan- dificuldades. Podem ser eco- falta de colocação profissio- tória e a investigação. Com no Centro Regional de Braga. LM A presença dos estudan- tes estrangeiros que nos pro- nómicas, familiares, afetivas, nal dos jovens que saem gra- Cabo Verde, desde muito novo, De início, pensámos numa co- tes cabo-verdianos na Facul- curam, incluindo o cumpri- culturais, linguísticas, climáti- duados pelas universidades. ainda era assistente na então operação com a China, via Ma- dade de Filosofia de Braga mento de legislação geral que cas, académicas, etc. O pri- Universidade Portucalense - cau. Houve contactos concre- tem sido uma constante des- rege estas matérias. Nós defi- meiro ano de permanência é LM A UCP tem outros estu- Porto, iniciei a cooperação tos, mas a vinda dos estudan- de 2005. nimos as condições em que sempre o mais difícil. Em Cabo dantes dos PALOP. com o país das mornas, aju- tes levantou muitos proble- SM Com altos e baixos. Assi- eles podem vir e alguns de- Verde, o português é utiliza- SM O Gabinete procura sen- dando a lançar vários cursos, mas, sobretudo a nível linguís- námos, em 2005, quatro pro- les, de facto, procuram a UCP. do mais como linguagem es- sibilizar também estudantes mormente, o primeiro mestra- tico, equiparação de estudos, tocolos com as câmaras mu- Outros vêm transferidos de crita, enquanto o crioulo é a de outros PALOP para virem do realizado em Cabo Verde emissão de vistos, etc., de for- nicipais da Praia, São Vicente, outras instituições superiores. língua nacional por excelên- estudar. Foi responsável dire- na área de História Contem- cia. É um dos símbolos da to, este ano, pela vinda de “ porânea, no então Instituto identidade nacional, talvez o quatro angolanos que esta- Superior de Educação, hoje mais forte. Há raízes históri- mos, igualmente, a acompa- Para se fazer cooperação é preciso conhecer as unidade orgânica da Univer- cas que explicam a evolução nhar. Estamos na fase da as- sidade de Cabo Verde. Orga- pessoas certas nos lugares certos. O ensino privado deste fenómeno. sinatura de protocolos com nizávamos, regularmente, Jor- tem mais dificuldade em fazer cooperação do que o instituições de Angola. Já subs- nadas Luso-cabo-verdeanas público, por razões óbvias LM Na universidade, se ca- crevemos um com a diocese no âmbito das Ciências So- ” lhar, era possível desenca- do Lubango.
  • 2. Diário do Minho TERÇA-FEIRA, 24 de janeiro de 2012 Entrevista www.diariodominho.pt 11 Bolonha torna cada vez mais importante as universidades terem estudantes estrangeiros DR LM Os alunos cabo-verdiua- Verde, a UCP goza de um pres- e níveis de desenvolvimento importante, importa ter uma nos sentem-se bem na UCP? tígio elevado. É entendida e conhecimentos diferentes. boa preparação profissional. São bem tratados e bem in- como uma unidade de refe- Eu sei, por exemplo que, em Curiosamente, este ano assis- tegrados no âmbito acadé- rência e de excelência. Ajuda universidades espanholas, tiu-se a maior diversificação. mico? o facto de Cabo Verde ser as- francesas e inglesas o rácio de O curso de Ciências da Infor- SM É sempre difícil dizer que sumidamente um país católi- alunos estrangeiros é 30-40 mação e da Documentação, a integração está completa. co, com grande percentagem por cento. Já não conseguem por exemplo, teve este ano Mesmo estudantes nacionais, de praticantes. Quando che- passar sem os alunos de ou- uma boa demanda. Porque muitas vezes, têm dificulda- gam cá, vestem literalmente tros países. ainda há falta de técnicos nes- des em se integrarem no meio a camisola da Universidade. sa área das Ciências da Docu- universitário. Se isso é válido Não é raro ver alunos de Cabo LM Qual é o nosso rácio? mentação. Algumas ilhas têm para os nossos alunos, muito Verde vestir camisolas e blu- DM Se repararmos só nos alu- ainda necessidade de uma boa mais é para os nossos irmãos sões da Universidade. Quan- nos dos PALOP, é difícil ava- biblioteca, de um bom arqui- lusófonos. Temos várias estru- do regressam aos seus países, liar, mas representarão segu- vo público e, por consequên- turas que nos permitem dar procuram produtos que os ramente menos de 10 por cen- cia, é um nicho de mercado algumas respostas no imedia- identifiquem com a sua Uni- to. Temos ainda alguma, não que pode desenvolver-se nos to: uma residência universitá- versidade. Sentem orgulho na muita, margem de progres- próximos anos. Estas oportu- ria, a custo bonificado, dois Universidade que frequenta- são. Depende também dos nidades são maiores num país gabinetes de apoio diário e ram. cursos, porque normalmente como Angola, cuja população várias iniciativas a montante eles concentram-se mais em continua a crescer exponen- “ que seria fastidioso enumerar. LM E uma representação Quando chegam cá, vestem determinadas formações. cialmente. Sem falar noutros Procuramos que os nossos es- muito importante, em ter- literalmente a camisola da cursos, igualmente importan- tudantes de Cabo Verde e dos mos académicos, da sua pró- Universidade. Não é raro LM Quais são as preferên- tes, como a economia, a ges- PALOP estejam bem orienta- pria identidade. ver alunos de Cabo Verde cias, em termos de cursos? tão, a psicologia, as ciências dos. São os encarregados de SM É evidente que a integra- vestir camisolas e blusões da SM Cabo Verde necessita, ain- da comunicação. Este último educação que nos solicitam ção é mais do que identifica- da, muito de formados na área valorizou-se muito com os pro- ” Universidade esse apoio. ção. Eles identificam-se com das tecnologias. Portanto, 40 gressos da escolaridade e com a universidade, gostam da uni- por cento dos alunos de Cabo a abertura desses países à de- LM Até porque eles vão re- versidade, mas a integração usos e costumes de quem nos tros povos. De acordo com Verde concentram-se na área mocracia. O turismo e as gressar a Cabo Verde, um necessita também de inser- visita. Nesta sociedade globa- Bolonha, é vez mais importan- das tecnologias da informa- áreas da saúde e do lazer são dia… ção, não só na universidade, lizada, não nos podemos fe- te as universidades terem alu- ção e da comunicação. Eles igualmente ofertas de futuro. SM Exatamente. Devo dizer mas na própria cidade de aco- char no nosso cantinho. Por- nos não nacionais, porque va- sabem que, por enquanto, ar- Este ano foi um ano bom para que os alunos de Cabo Verde lhimento. É um processo que tugal só foi grande quando lorizam a própria instituição ranjam emprego no seu país. o turismo em Cabo Verde, de- sentem-se identificados com leva tempo. É preciso conhe- percebeu que podia tirar van- culturalmente e mesmo cien- Mais do que a classificação fi- vido ao desvio de rotas do a sua Universidade. Em Cabo cer um pouco da cultura dos tagens do contacto com ou- tificamente, com experiências nal do curso, que é sempre Norte de África para Sul. «Não se trata de deixar cá o aluno como se fosse um depósito» LM O professor Salvador Mota é considerado como um pai LM É mútuo, portanto. grafias, desdobráveis, CD, DVD e, sobretudo, a internet, onde por grande parte dos alunos cabo-verdianos. Como é que SM Sim. Às vezes, são problemas afetivos, familiares, econó- podem ir buscar toda a informação que pretendem. A univer- se sente com esta designação? micos, mas mesmo esses, muitas vezes, podem ser resolvidos. sidade é muito consultada. Há contactos regulares. Os próprios SM Como um pai, tio, padrinho (risos). Daí a importância de instituições como o serviço de ação dirigentes camarários visitam regularmente a universidade. social, o Gabinete de Relações Internacionais, que podem Portanto, não se trata de deixar cá o aluno como se fosse um LM Família… É o que não têm cá. contactar com os familiares e ir resolvendo problemas. Sabem depósito. Há um conhecimento real de todas as situações e SM Exatamente. Os próprios pais, quando me telefonam – eu que sou doutorado pela Universidade do Porto, mas pela sabem que a UCP é uma universidade com princípios, com contacto regularmente com os pais – também me procuram própria sensibilidade deles não me tratam por doutor. Quan- regras, com prestígio, é uma universidade com qualidade. Por sensibilizar para essa mensagem. Talvez porque sou o elemen- do o africano tem estima por uma pessoa, não o trata pelo consequência, a mensagem que deixo aos alunos é que devem to de ligação dos pais, das câmaras com o Centro Regional e grau, trata-o por senhor x ou o senhor y. De resto, já vem de aproveitar essas oportunidades ao máximo enquanto estão com as Faculdades. Depois, naturalmente, também me movo Cabo Verde, das informações que eles obtêm. aqui em Portugal. já à vontade na universidade. Já estou cá há seis anos, vou Devem fazer progressos em termos de formação humana, em conhecendo as pessoas e posso resolver problemas pontuais. LM O professor Salvador tem contacto permanente com as termos científicos e profissionais. Aproveitar as condições que Só posso ver nisso uma prova de carinho que os estudantes famílias dos estudantes que vêm para cá. Que recomendação a Universidade lhes oferece. No caso da Faculdade de Filosofia, de Cabo Verde têm em relação a mim. Só se não puder é que faria a todos os estudantes cabo-verdianos? que conheço de perto, tem excelentes profissionais, faz inves- não resolvo os problemas deles. Esta dimensão humana não SM Contacto realmente com os familiares. Inclusive, alguns vêm tigação de qualidade, tem muitas iniciativas pedagógicas e era possível em instituições de ensino com milhares de alu- cá trazer os filhos. Procuram saber como é o ensino na univer- científicas ao longo do ano, possui bons espaços físicos e uma nos. sidade e as condições que oferecemos. As câmaras têm foto- biblioteca de referência.