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SEGUNDA-FEIRA, 13 de fevereiro de 2012
Entrevista Diário do Minho/Rádio FF à Junta de Freguesia de S. Vicente
Novo Centro Cívico
no primeiro semestre deste ano
DR
Luís da Silva Pereira mos também com as instala- que não havia negociações e
Luísa Magalhães/FF ções antigas. Essas são mesmo que Braga não aceitava a re-
da Junta de Freguesia, enquan- forma, já comunicámos ao Go-
Com a série de entrevistas to as outras são da Câmara verno que não vamos fazer
que hoje iniciamos, em par- Municipal que as vai ceder não nenhuma negociação entre
ceria com a Rádio FF (Facul- sei por quantos anos. Vamos presidentes de Junta e presi-
dade de Filosofia), pretende- ver o que combinamos. dente de Câmara.
mos dar voz a todas as fre-
guesias no sentido de procu- LM A propósito da redução LM Então o Governo vai po-
rarmos os valores da “cida- do número de freguesias, der decidir de régua e es-
dania profunda”. Cada pre- que informação é que o pre- quadro em cima de um
sidente de Junta da cidade sidente Jorge Pires pode mapa.
de Braga dirá de sua justiça disponibilizar sobre a possi- JP Receio que isso aconteça.
acerca dos vários temas que bilidade de redução das 62 Não devia ser assim. Acho que
estão na agenda política, so- freguesias do município de em democracia, no mínimo,
cial e cultural. Braga? devem-se ouvir as pessoas.
JP A redução das freguesias
Luísa Magalhães (LM): Boa é uma questão que nos preo- LM Mas a proposta do Go-
tarde, Jorge Pires, Domin- cupa. Quero deixar uma pala- verno é exatamente ouvir as
gos Alves, Jorge Paraíso. vra de conforto aos residentes pessoas e ver as sensibilida-
Gostava que o presidente as que não trabalhavam em há um ano e tal, a tentar criar ganhámos as eleições em da freguesia de S. Vicente: es- des que há para se poderem
Jorge Pires fizesse um ba- S. Vicente, mas no vale do Ave uma loja social. Só ainda não S. Vicente e as obras pararam tamos atentos e disponíveis agregar as freguesias mais
lanço do programa estabe- e em outro lugares. São pro- o fizemos porque temos tido completamente, até há bem para falar com quem quer que compatíveis.
lecido para este mandato. blemas sociais terríveis. Nes- dificuldade de espaço. pouco tempo. Agora que te- seja. Esteve cá o ministro Mi- JP A intenção seria essa, só
Qual foi o momento alto des- te momento, em termos po- mos, e quero realçá-lo, um guel Relvas, o ministro da tu- que no terreno não está a
se programa? líticos, a Junta de Freguesia é LM Mas vão ter uma nova bom relacionamento institu- tela, e explicou o que se pre- acontecer. Pelo menos em Bra-
Jorge Pires (JP): Quando che- a que está mais próxima, é sede... cional com a Câmara de Bra- tendia. O que ele disse no au- ga. Em Braga isso é impensá-
gámos aqui, achámos que po- onde as pessoas se vêm la- JP Sempre achámos, já na ga, embora não sejamos da ditório Vita foi que é irreversí- vel, na medida que foi defini-
deríamos fazer mais na parte mentar e pedir ajuda. Muitas oposição, que a Junta de Fre- mesma cor política, entendeu- vel, mesmo com a oposição de do em Assembleia que não se
social. Numa cidade, todas as vezes, ficamos impotentes pe- guesia de S. Vicente devia ter se que o centro cívico era re- muita gente. Como autarca, aceitava e ficou na gaveta.
freguesias têm, normalmente, rante as situações. É difícil, uma sede condigna. Temos almente importante para a fre- acho que devíamos, pelo me-
esses problemas e nós não fu- muitas vezes, virar as costas e um espaço com alguma dig- guesia. E aí tiro a chapéu. Mais nos, dialogar com as pessoas LM Portanto, a decisão da
gimos à regra. Temos proble- ter que dizer não. nidade, mas sem as condições vale tarde do que nunca. As que estão no terreno, que são Assembleia Municipal é irre-
mas de vária ordem e neste que pretendemos. Não tem obras do centro cívico reco- os presidentes de Junta, para versível? Estamos aqui com
momento, com esta crise, há LM E o que é que tentam fa- rampas de acesso e é de di- meçaram e estamos a traba- ver o que seria melhor para a uma testa de ferro...
pessoas que já têm dificuldade zer? mensões reduzidas. Sempre lhar a bom ritmo. Estou con- população e para o país. JP Exatamente. Não sei quem
em pagar cinco euros por mês JP Criámos um grupo de vo- achei que precisávamos de vencido de que, no primeiro é que tem agora de se mexer,
para a alimentação dos filhos luntários, cerca de 30 e tal pes- uma sede nova. A Câmara en- semestre deste ano, vamos fa- LM Mas o que é que vai acon- se é o Governo que deveria
nas cantinas. Estamos a fazer soas, a trabalhar todos os dias. tendeu, isto foi para a campa- zer a inauguração. tecer ao mapa autárquico? arranjar um meio qualquer
a exploração das cantinas e a Visitamos as pessoas que vi- nha eleitoral de 2009, arran- JP O ministro, aqui em Bra- para nos ouvir, porque, a ní-
dar cerca de quinhentas refei- vem em solidão, vamos lá con- car com o centro cívico onde LM Isso é uma boa notícia. ga, deu um prazo até ao fim vel de Braga, não queremos
ções por dia nas escolas. versar, ajudá-las a passar al- se iria instalar a nova sede. JP Aí já vamos ter instalações de fevereiro para as pessoas mexer em nada. Já está defi-
gum tempo. Estamos também, Pois, não sei se sabe, em 2009 com maior capacidade e fica- se entenderem. Nós temos 62 nido. Agora aguardamos.
LM Qual é a taxa de desem- freguesias e passarão para 22,
prego na freguesia de S. Vi- se não estou em erro. Temos LM Mas em contrapartida, o
cente?
JP O número exato não o te-
nho, mas está dentro da per-
centagem da cidade de Bra-
ga. Talvez 15%. Está a aumen-
“ Estamos também, há um ano e tal, a tentar
criar uma loja social. Só ainda não o fizemos
porque temos tido dificuldade de espaço
que retirar do mapa autárqui-
co de Braga 40 freguesias. Eles
aceitam qualquer proposta
que vá de Braga para o Go-
verno. Como na última Assem-
Governo entendeu legislar a
propósito da redução drás-
tica do número de fregue-
sias.
tar cada vez mais. São pesso-
” bleia Municipal foi aprovado Continua na página 9
2. Diário do Minho
SEGUNDA-FEIRA, 13 de fevereiro de 2012 Entrevista www.diariodominho.pt 9
Continuação da página 8
JP Ainda não está legisla-
Estamos a tentar criar uma televisão online
do. Volto a pegar nas pala-
DR
vras do ministro. Segundo LM A palavra agora para Jor- divulgar no site. Já tem lá
diz, caso não apresentem ge Paraíso (JP), o mais jo- algumas imagens, alguns
qualquer projeto, a partir vem elemento do grupo. O vídeos, e criámos também
da data x, que eu entendi Jorge tem um testemunho uma rubrica que se chama
que fosse março, nós faze- importantíssimo a transmi- recorte de imprensa. Tudo
mos este trabalho com ré- tir aos nossos estudantes de o que sai na imprensa em
gua e esquadro. Estou a te- ciências da comunicação. papel, digitalizamos e colo-
mer uma situação dessas, camos no site à disposição
Jorge Paraíso (JP): O meu
porque fazer as coisas em dos vicentinos. Dos vicenti-
projeto vem da Universida-
Lisboa é diferentes de fazê-
de do Minho com a licencia- nos e dos outros. Toda a gen-
las aqui no terreno. Vamos
tura em comunicação social. te o pode consultar. Está a
aguardar com serenidade.
Entretanto, estive a traba- andar em bom ritmo e pro-
Só quero transmitir aos vi-
lhar na comunicação social, curamos cada vez mais solu-
centinos que o presidente
nomeadamente nos jornais. ções para manter o cidadão
da Junta e todo o executi-
Mais recentemente, conheci informado.
vo estão atentos para sal-
o Jorge Pires no local de tra-
vaguardar os interesses da
balho e como ele era o can- gabinete da presidência. De- JP Exatamente, todos os pro- LM Portanto, é um site de LM Isso é, de certeza, o gran-
freguesia.
didato à Junta de Freguesia, senvolvemos um projeto co- jetos de raiz, de aproximação notícias? de bichinho da comunicação
lembrei-me de reavivar um mum que é divulgar as ativi- ao cidadão, estão nas Juntas JP Sim, pode considerar-se social a funcionar…
LM Vê vantagens na agre-
projeto que tinha em men- dades das freguesias. Muitas de Freguesia. Estamos a ten- um site de notícias. JP Sempre foi. Aliás, o meu
gação das freguesias ou
te que era criar um gabinete pessoas pensam que uma Jun- tar criar, e posso divulgar em ganha-pão, digamos assim,
é radicalmente contra?
JP Há sempre vantagens de comunicação numa Junta ta de Freguesia não tem nada primeira mão, uma televisão LM Estamos a falar de noti- não é nesta área. Eu colabo-
e inconvenientes. Pode é de Freguesia. para dizer à população. Pelo online da Junta de Freguesia, ciário online, diretamente ro com a Junta de Freguesia
eventualmente os inconve- contrário. Não estava era ex- em parceria com o nosso téc- da Junta de Freguesia? graciosamente. É o bichinho
nientes serem maiores que LM Não havia já outros? plorado esse campo. nico de informática, e vamos JP Não é um noticiário on- da comunicação social e que-
as vantagens. Julgo que, JP Não existiam muitos. Achei divulgar o trabalho que a Jun- line. Numa primeira fase, es- ro desenvolvê-lo cada vez
em termos económicos, interessante, propus o proje- LM Começa tudo nas Juntas ta de Freguesia faz à popula- tamos a fazer captação mais. Aproveitei esta oportu-
não se vai ganhar. Não sei to ao presidente, ele aceitou de Freguesia, afinal… ção. de imagens para depois nidade para o fazer numa
se, fazendo bem as contas, de imediato e avançámos. Os Junta de Freguesia. Agrade-
não se vai gastar mais. Mas resultados estão à vista. Temos ço também ao presidente por
também há vantagens, em
infra-estruturas. Não vou di-
zer que não. As reformas
são difíceis, mas às vezes,
um site institucional com um
blog de imprensa atualizado
diariamente, da minha respon-
sabilidade. Tenho o total apoio
“ Procuramos cada vez mais soluções para
manter o cidadão informado.
me ter dado esta oportuni-
dade. Apostou em mim e os
resultados estão à vista. Pen-
so que podemos fazer mais,
necessárias. da Junta, nomeadamente do
” mas... lá iremos.
A educação foi, é e será sempre a grande prioridade
LM Os problemas sociais, em regra, surgem agregados a DA Em termos culturais, as nossas iniciativas vão no sentido pação na “feira das freguesias”, onde fomos a única freguesia
problemas culturais. Domingos Alves tem uma grande liga- de um contínuo enriquecimento pessoal e educação para a da cidade a intervir com a participação de oito grupos de
ção aos pelouros da Cultura e Educação aqui na Junta de cidadania. A festa de Natal, o dia da Criança, o festival da jovens, merecendo o aplauso da própria entidade organiza-
S. Vicente. Quais são as grandes lacunas em termos de cul- primavera, este ano enquadrado na “Braga 2012, Capital Eu- dora – a Câmara de Braga. No que diz respeito à “Braga 2012
tura, educação, cidadania? ropeia da Juventude”, o festival de verão, a feira do artesana- Capital Europeia da Juventude”, temos já combinado para o
Domingos Alves (DA): Em termos de estruturas físicas, a fre- to, o “dia da freguesia”; a criação de uma biblioteca, a inaugu- dia 30 de março, no Auditório Vita, um grande festival de
guesia de S. Vicente comporta duas escolas do 1.º ciclo do rar, provavelmente, aquando da inauguração do futuro centro música com a participação de 4 ou 5 grupos. Provavelmente
ensino básico e dois jardins de infância. A nossa responsabili- cívico. Está a ser organizada por mim e pelo dr. Elísio Araújo, em junho, teremos mais três grupos.
dade cinge-se, por delegação da Câmara, ao fornecimento das bibliotecário da Universidade do Minho. Estamos igualmente
refeições. Aliás, somos a única freguesia do perímetro urbano muito empenhados no projeto “Leituras com vida: dão alma LM Têm a participação da rusga de S. Vicente no S. João...
que o faz, relativamente às escolas do 1.º ciclo, já que, em às freguesias de Braga”, em parceria com a Biblioteca Lúcio DA A rusga já ultrapassa a freguesia de S. Vicente. Como é
termos de jardins de infância, a delegação que temos se rege Craveiro da Silva e a Câmara Municipal, a ser implementado do conhecimento público, até já se internacionalizou. Já ago-
por legislação e protocolos específicos que incluem, também, a ainda no 1.º trimestre deste ano. Com este projeto, somos ra, deixe-me referir as magníficas tertúlias por ela organizadas
gestão da componente não letiva, o chamado “prolongamento”, mesmo pioneiros nas freguesias, passe a imodéstia... que são de uma riqueza cultural sobejamente reconhecida.
igualmente da responsabilidade da Junta de Freguesia. É essa a Já disse publicamente que a rusga de S. Vicente é, sem dúvi-
nossa obrigação e é o que sempre temos feito, tendo em conta LM É a primeira freguesia de Braga onde surgiu esta ideia? da, uma das nossas grandes bandeiras!
que a educação foi, é e será sempre a grande prioridade. DA Não. Esta ideia já vem de trás e nós entrámos um pouco
mais tarde. O que procuramos é caminhar mais depressa que A entrevista pode ser ouvida integralmente no site da Rádio
LM E em termos culturais? os outros. Também não posso deixar de relembrar a partici- FF www.facfil.braga.ucp.pt