Informação referente a uma iniciativa que decorrerá na Casa da Escrita, dia 1 de março, às 19h00, no âmbito da evocação dos 90 Anos do desaparecimento de Camilo Pessanha. Participam José Ribeiro Ferreira (palestra), Emanuel Ferreira e Emília Nave (declamação de poesia) e Paulo Soares (guitarra).
Evocação dos 90 anos do desaparecimento do poeta Camilo Pessanha
1. Evocação dos 90 Anos do desaparecimento do poeta Camilo Pessanha
1 de março | 19h00 | Casa da Escrita
A Casa da Escrita da Câmara Municipal de Coimbra acolhe, no dia 1 de março, às
19h00, uma sessão que pretende evocar os 90 anos do desaparecimento do poeta
conimbricense Camilo Pessanha. José Ribeiro Ferreira (Professor Catedrático Jubilado
da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) fará uma intervenção a que se
juntam momentos de declamação de poesia, por Emanuel Ferreira e Emília Nave, e um
apontamento musical, a cargo do guitarrista Paulo Soares.
Camilo de Almeida Pessanha nasceu em Coimbra, a 7 de setembro de 1867, e faleceu
em Macau, a 1 de março de 1926. Licenciou-se em Direito, na Universidade de
Coimbra e partiu para Macau, onde exerceu funções judiciais. O contacto com a
cultura chinesa levou-o a escrever vários estudos e a fazer traduções de poetas
chineses. Foram, todavia, os seus poemas simbolistas que largamente influenciaram a
geração de Orpheu, desde Mário de Sá-Carneiro até Fernando Pessoa. Os poemas
foram reunidos na colectânea Clepsidra, publicada em 1922.
2. A poesia de Pessanha mostrava o mundo sob a ótica da ilusão, da dor e do
pessimismo. O exílio do mundo e a desilusão em relação à Pátria também estão
presentes na sua obra. Apesar de uma vida curta, é considerado um dos poetas mais
importantes da Língua portuguesa, expoente máximo do simbolismo, pioneiro do
princípio modernista da fragmentação.
No Jardim da Sereia, na entrada principal, um busto do poeta (inaugurado em 1967, no
1.º Centenário do seu Nascimento) e, igualmente, a atribuição do seu nome a um
arruamento de acesso ao Hospital Pediátrico, constituem homenagens da Cidade de
Coimbra a Camilo Pessanha.
Floriram por engano as rosas bravas
Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolha-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze – quanta flor! –, do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
Clepsydra (Lisboa, Assírio & Alvim, 2003), p. 28-29.