O Parnasianismo surgiu no Brasil na década de 1870 como reação ao Romantismo. Valorizava a perfeição formal e temas universais inspirados na mitologia greco-romana. Os principais poetas foram Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, destacando-se a descrição e o uso de linguagem elaborada.
3. ➔ Nas últimas décadas do século XIX, a literatura brasileira abandonou o sentimentalismo dos
românticos e percorreu novos caminhos.
➔ Na prosa, surgiu o Realismo/Naturalismo e na poesia, o Parnasianismo e Simbolismo.
➔ Os poetas parnasianos achavam que alguns princípios adotados pelos românticos escondem as
verdadeiras qualidades da poesia.
➔ Propuseram uma literatura mais objetiva, com um vocabulário elaborado, racionalista e voltada
para temas universais.
➔ A inspiração nos modelos clássicos, ajudaria a combater as emoções e fantasias exageradas dos
românticos, garantindo o equilíbrio que desejavam.
4. ➔ Desde a década de 1870, as ideias parnasianas já estavam sendo divulgadas. No final dessa
década, o jornal carioca “Diário do Rio de Janeiro” publicou uma polêmica em versos que ficou
conhecida como “Batalha do Parnaso”. De um lado, os adeptos do Realismo e
Parnasianismo, e, de outro os seguidores do Romantismo.
➔ Como conseqüência, as idéias parnasianas e realistas foram amplamente divulgadas nos meios
artísticos e intelectuais do país.
➔ O marco inicial do Parnasianismo brasileiro foi em 1882 com a publicação de “Fanfarras” de
Teófilo Dias.
➔ Contudo, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia também auxiliaram a implantação
do Parnasianismo no Brasil.
9. ➔ A estética parnasiana, originada na França, valorizava a perfeição
formal, o rigor das regras clássicas na criação dos poemas, a
preferência pelas formas fixas (sonetos), a apreciação da rima e
métrica, a descrição minuciosa, a sensualidade, a mitologia greco-
romana. Além disso, a doutrina da “arte pela arte” esteve presente nos
poemas parnasianos: alienação e descompromisso quanto à realidade.
➔ Contudo, os parnasianos brasileiros não seguiram todos os acordos
propostos pelos franceses, pois muitos poemas apresentam
subjetividade e preferência por temas voltados à realidade brasileira,
contrariando outra característica do parnasianismo francês: o
universalismo
10. Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac
– a tríade brasileira do Parnasianismo.
11. Olavo Bilac
➔ Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918)
➔ Escreveu a letra do Hino à Bandeira. Por ser contra o governo de Floriano Peixoto,
foi exilado em Ouro Preto.
➔ Amigo pessoal de Eça de Queirós.
➔ Para Bilac, o trabalho do poeta é semelhante ao trabalho do ourives, em que se
deve buscar perfeição formal.
➔ Para isso, emprega linguagem bem elaborada, com frequentes inversões
gramaticais.
12.
13. Ora (direis) ouvir estrelas!
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto …
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
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15. Alberto Oliveira
➔ Alberto de Oliveira (1857-1937), viveu seus 80 anos fiel ao Parnasianismo e alheio
aos acontecimentos históricos.
➔ Poesia descritiva, exaltando a forma, com métrica rígida e linguagem bem
trabalhada.
➔ Dois dos poemas mais conhecidos desse poeta são “Vaso grego” e “Vaso chinês”.
16. Vaso Chinês
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
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18. Raimundo Correia
➔ Raimundo Correia (1859-1911) traz, em sua poesia, temas comuns da estética
parnasiana, como a natureza, a perfeição da forma de objetos e a retomada da
cultura clássica.
➔ Destaca-se sua poesia filosófica, permeada por desilusões e exacerbado
pessimismo.
➔ Em seu poema “As pombas”, Raimundo Correia faz referência exagerada às ideias
apresentadas pelo francês Gautier.
➔ “Mademoiselle de Maupin”; no soneto “Mal secreto”, faz uma recriação de um
poema do italiano Metastásio.
19. As Pombas
Vai-se a primeira pomba despertada ...
Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada ...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
20.
21. Velho tema (Vicente de Carvalho)
Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.