Este documento discute a importância de "arrebentar as cercas da nossa ilha" e ajudar os outros ao invés de vivermos isolados e egoístas. Ele argumenta que desde o nascimento somos dependentes dos outros e devemos estender a mão para ajudar aqueles próximos a nós, como prega o cristianismo. No fim, convida o leitor a escolher entre arrebentar a cerca e ajudar os necessitados ou construir uma muralha de isolamento.
As violações das leis do Criador (material em pdf)
Arrebentando as cercas da minha ilha
1. ARREBENTADO AS CERCAS DA MINHA ILHA
Nova tradução na Linguagem de Hoje
“Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão
obedecendo à lei de Cristo.”
Gálatas 6.02
Há discursos na atualidade recheados de uma força que forma
biombos1 que enclausuram pessoas a uma visão egocentrista que as
impede de desfrutar de um bem maravilhoso doado por Deus que é a
possibilidade de viver e conviver com seu semelhante. Ao batizar essa
reflexão com o título: “Arrebentando as cercas da minha ilha” – o Espírito
Santo me conduziu pela trilha do doar-se que contrapõe claramente a
figura do preocupar-se somente comigo e ainda, comigo. Formar uma ilha
própria tem o significa de isolar-se e manter-se isolado preocupando-se
apenas com assuntos que dizem respeito ao que realmente importa para a
idolatria pessoal. Não existe ninguém assim! Você acha!? “Quem dera!”
Esta expressão busca definir o espanto que os passos de um mundo que
prepara (ou tenta colocar na cabeça das pessoas) cada ser humano para
poder ser melhor que o outro. Mas porque devo me importar com aqueles
que estão próximos? Com aqueles que não conheço? Logicamente que
ajudar é uma visão cristã, porém, na verdade é algo que deveria
extrapolar o cristianismo, porque a vida transitória neste mundo exige
auxilio desde o nascimento de cada pessoa, ou seja, no momento em que
somos indefesos nossos pais ou responsáveis nos protegem e ajudam. Ao
trilharmos a infância e adolescência e até chegarmos à fase adulta somos
cercados de cuidados e auxilio em casa, na parentela, na escola, entre
coleguinhas, na convivência etc, mas um belo dia ouvimos ou lemos que
devemos ser donos de nosso próprio nariz e que as pessoas que estão ao
nosso redor são possíveis inimigos que dificultarão a concretização
daquilo que foi idealizado em nossa mente como sonho de consumo e por
isso, não estenderemos as mãos para ajudar ninguém... E resolvemos
1
Biombo: Tabique móvel que resguarda parte de uma habitação.
2. ARREBENTADO AS CERCAS DA MINHA ILHA
estabelecer uma Leiva2 própria... Nossa pequena ilha que é totalmente
isolada... Cercada de conceitos que aprovam o que fazemos... E outro belo
dia a nossa existência se foi e os registros pessoais e interpessoais
apontarão que fomos apenas aqueles que tiveram o sobrenome marcado
pela definição da palavra “Egoísmo”. Duro tal pensamento? Na verdade,
toda reflexão nos leva ao um confronto interior para tomarmos uma
decisão que pode impulsar a uma mudança ou a um simples cruzar de
braços e atitudes. O apóstolo Paulo invoca os cristãos em Gálatas e em
toda a história do cristianismo a se mexerem e fazerem o possível em
relação às pessoas do seu convívio, as pessoas de perto e as de longe, ao
que se denomina outro... Igual a mim, mas que neste momento precisa do
meu auxílio. O famoso adágio que apresenta a mão estendida para
amparar a mão que futuramente lhe irá socorrer é verídico quando
entendemos que ainda que essa mão não seja necessariamente o ser
humano que ajudei, ela representa o ideal divino para raça que Ele criou
com intuito de mostrar sua glória e semelhança. A cruz de Cristo trás na
sua forma vertical a reconciliação com Deus e na horizontal a identificação
com o próximo que precisa de mim. “Ajudar” é um verbo simples que ao
ser aderido ao pronome indefinido “outro” assume uma posição
multifacetada que vai desde de uma ação de doar o ombro amigo a
magnifica mensagem de Cristo em João 16.13: “Ninguém tem mais amor
pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles.” Deus espera
que todos os seres humanos possam arrebentar as cercas de suas ilhas
interiores e sejam misericordiosos expressando compaixão para os que
precisam... Cabe a nós cristãos sermos os primeiros a hastear tal bandeira
e ai sim, a colheita vaticinada por nosso Mestre será colossal, pois uma
verdadeira multidão também seguirá nosso exemplo! O conclamar de
Paulo em Gálatas ecoa nos nossos dias chamando os que dormem o sono
da indolência, do conforto e comodismo da sociedade consumista para
que se possa fazer a diferença! Diante disto qual é a nossa escolha?
Arrebentar a cerca ou muda-la para uma muralha?
Autor: Pastor Paulo Francisco3
2
Leiva: Sulco aberto por arado; gleba.
3
Escritor, poeta, Bacharel em Teologia e Direito.