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Codependência
Alguns familiares, cônjuges e companheiros(as), se dedicam excessivamente aos parentescom alcoolismo, drogas ououtros
transtornos da personalidade.
| Família | Dependências |
Intrigante e até misteriosa, é a aparente perseverança com que alguns familiares, normalmente cônjugese companheiros(as), se dedicam aos parentes
com problemas de dependência, alcoolismo, jogopatológicoou outro transtornograve da personalidade. Difícil entender como e porque essas pessoas
suportamheroicamente todotipode comportamento problemático, ouaté atitudes sociopáticasdos companheiros(as), comose assumissemuma
espécie de desígnioou “carma”, para o qualfossem condenados para todoo sempre. Nãose consegue compreender porque essaspessoasabrem mão
da possibilidade de ser feliz oude diminuir o sofrimento, permanecendoatreladas à pessoa problemática, suportando toda a ti rania de sua
anormalidade, como se esse fosse o único papel reservadopelodestino. Os profissionais comprática noexercícioda clínica psiquiátrica sabemdas
dificuldades existenciaisdessas pessoascodependentes, ouseja, “dependentes” dos companheiros(as) problemáticos, quando estes deixamo vício.
Parece que os codependentesficaram órfãos, de uma hora para outra, perdidos e sem propósito de vida. Nãoé raro que passem elas, as pessoas
codependentes, a apresentar problemassemelhantesàqueles dos antigos dependentes que cuidavam.
Codependência é um transtornoemocional definido e conceituado por volta dasdécadas de 70 e 80, relacionada aos familiares dos dependentes
químicos, e atualmente estendidotambém aos casos de alcoolismo, de jogo patológico e outros problemas sérios da personalidade.
Codependentes sãoesses familiares, normalmente cônjuge ou companheira(o), que vivem em funçãoda pessoa problemática, fazendo desta tutela
obsessiva a razão de suas vidas, sentindo-se úteis e com objetivos apenas quandoestãodiante do dependente e de seus problemas. São pessoas que
têm baixa auto-estima, intenso sentimentode culpa e nãoconseguem se desvencilhar da pessoa dependente.
O que parece ficar claroé que os codependentesvivem tentando ajudar a outra pessoa, esquecendo, na maior parte dotempo, de cuidar de sua própria
vida, auto-anulandosua própria pessoa em função dooutro e dos comportamentos insanos desse outro. Essa atitude patológica costuma acometer
mães (e pais), esposas(e maridos) e namoradas(os) de alcoolistas, dependentes químicos, jogadores compulsivos, alguns sociopatas, sexuais
compulsivos, etc.
O Codependente é Atado na pessoa problema
Uma expressãoque representa bem a maneira comoo codependente adere à pessoa problemática é atadura emocional. Dizemos que existe atadura
emocional quandouma pessoa se encontra atrelada emocionalmente a coisas negativas oupatológicasde alguémque o rodeia;seja esposo, filho,
parente, companheirode trabalho, etc. Devida a essasamarras emocionaiso codependente passa a ser quase umoutrodependente (da pessoa
problemática).
A Codependênciase manifesta de duas maneiras:como umintrometimentoem todasas coisas da pessoa problema, incluindohoráriode tomar banho,
alimentação, vestuário, enfim, tudoo que diz respeito à vida dooutro. Em segundo, tomandopara si as responsabilidades doo utra pessoa.
Evidentemente, ambasatitudes propiciam umcomportamento maisirresponsável ainda por parte da pessoa problemática.
Percebe-se na codependência um conjuntode padrões de conduta e pensamentos (patológicos)que, além compulsivos, produzem sofrimento. O
codependente almeja ser, realmente, o salvador, protetor ouconsertador da outra pessoa, mesmo que para issoele esteja comprovadamente
prejudicandoe agravandoo problema do outro.
Como se nota, o problema docodependente é muitomais dele próprio doque da pessoa problemática e, normalmente, a nobre função do
codependente depende da capacidade de ajudar ou salvar a outra pessoa, que sempre é transformada em vítima e não responsável pelos próprios
problemas.
Por causa doenvolvimentode toda a família nos problemasdo dependente oualcoolista, considera-se que o alcoolismoouo usonocivode drogas é
uma doença que afeta nãoapenas o dependente, mas também a família.
Sintomas da Codependência
A Codependênciaé uma condiçãoespecífica que se caracteriza por uma preocupação e uma dependênciaexcessivas (emocional, social e a vezes física),
de uma pessoa emrelaçãoà outra, reconhecidamente problemática. Depender tantoassimde outra pessoa se converte em uma condição patológica
que caracteriza o codependente, comprometendosuasrelações com as demais pessoas. Em poucotempoo codependente começa a achar que ninguém
apóia a pessoa problema (comoele), que ambos são incompreendidos, ele e a pessoa problemática, ambos não recebemo apoio merecido, etc.
O Codependente temseupróprioestilode vida e seu modo de se relacionar consigopróprio, com os demais e com a pessoa problemática. Devido sua
baixa auto-estima, ele sempre se preocupa mais com os outros doque consigo mesmo (pelomenos aparentemente).
A pessoa codependente nãosabe se divertir normalmente porque leva a vida demasiadamente a sério, parecendohaver umcerto orgulhoem
carregar tamanha cruz, emsuportar as ofensas, humilhações e frustrações. Comoele precisa desesperadamente da aprovaçãodos demais, porque no
fundo ele mesmosabe que está exagerandoem seus cuidados com a pessoa problemática, procura ter complacência e compreensão comtodos por uma
simples questãode reciprocidade (quer que os outros tambémentendamo que está fazendo).
A Codependênciase caracteriza por uma série de sintomas e atitudes mais oumenos teatrais, e cheiasde Mecanismos de Defesa, tais como:
1. - Dificuldade para estabelecer e manter relações íntimas sadiase normais, semque grude muitoou dependa muitodo outro
2. - Congelamento emocional. Mesmo diante dos absurdos cometidos pelapessoa problemática o codependente mantém-se com a serenidade própria
dos mártires.
3. - Perfeccionismo. Da boca para fora, ouseja, ele professa umperfeccionismoque, na realidade ele queria que a pessoa problemática tivesse.
4. - Necessidade obsessiva de controlar a conduta de outros. Palpites, recomendações, preocupações, gentilezasquase exageradas fazemcom que o
codependente esteja sempre super solícitocom quase todos (assim ele justificariaque sua solicitude nãoé apenas com a pessoa problemática).
5. - Condutas pseudo-compulsivas. Se o codependente paga as dívidasda pessoa problemática ele “nunca sabe bem porque fez isso”, diz que não
consegue se controlar.
6. – Sentir-se responsável pelas condutasde outros. Na realidade ele se sente mesmoresponsável pela conduta da pessoa problemática, mas para que
issonão motive críticas, ele aparenta ser responsável tambémpela conduta dos outros.
7. - Profundos sentimentos de incapacidade. Nunca tudoaquiloque fez ouestá fazendopela pessoa problemática parece ser satisfatório.
8. – Constante sentimentode vergonha, como se a conduta extremamente inadequada da pessoa problemática fosse, de fato, sua.
9. – Baixa autoestima.
10. - Dependênciada aprovação externa, até por uma questãoda própria auto-estima.
11. - Dores de cabeça e das costas crônicas que aparecemcomo somatizaçãoda ansiedade.
12. - Gastrite e diarréiacrônicas, comoenvolvimentopsicossomáticoda angústia e conflito.
13. - Depressão. Resultadofinal
Parece um nobre empenhoajudar a outraspessoas que se estão se autodestruindo, como nocasodos alcoolistas ou dependentesq uímicos, dojogo ou
do sexo compulsivos. Entretanto, se quemajuda se esquece de si mesmo, se entrega à vida da outra pessoa problemática, entãoestamos diante
da Codependência. A dor na Codependência é maior que o amor que se recebe e se uma relaçãohumana resulta prejudicial para a saúde física, moral ou
espiritual, ela deve ser desencorajada.
Na realidade a codependência é uma espécie de falso-amor, uma vez que parece ser destrutivo, tendoemvista que pode agravar o problema em
questão, seja a dependência química, alcoolismo, transtornos de personalidade, etc. Todoamor que nãoproduz paz, mas sim angústia ou culpa, está
contaminado de codependência, é um amor patológico, obsessivo é bastante destrutivo. Ao não produzir paz interior nem crescim entoespiritual, a
codependênciacria amargura, angustia e culpa, obviamente, ela não leva à felicidade. Então, vendod esse jeito, a codependência aparenta ser amor,
mas é egoísmo, medo da perda de controle, da perda da relação em si.
DisfunçãoFamiliar
Na família da pessoa problemática as relações familiares e a comunicaçãointerpessoal vãose tornando cada vez mais complicadas. A comunicaçãose faz
mais confusa e indireta, de modoque é mais fácil encobrir e justificar a conduta do dependente doque discuti-la. Esta dificuldade (disfunção) vai se
convertendoem estilo de vida familiar e produzindo, emmuitos casos, o isolamentoda família dos contatos sociais cotidianos. As regrasfamiliares se
tornam confusas, rígidas e injustaspara seus membros, de forma que os deverespassam a ser distorcidos, com algum prejuízo d aspessoasque nãotêm
problemas e privilégios da pessoa problemática.
Como se vê, a conduta codependente é uma resposta doentia ao comportamentoda pessoa problemática, e se converte emum fator chave na evolução
da dependência, istoé, a codependência promove o agravamentoda situaçãoda pessoa problemática, processochamadode facilitação. Mas, os
codependentes não se dãoconta de que estãofacilitandoo agravamento doproblema, emparte pela negaçãoe emparte porque estãoconvencidos de
que sua conduta esta justificada, uma vez que estão “ajudando” o dependente a nãose deteriorar ainda mais e que a família nãose desintegre.
Costuma ser mais freqüente doque se pensa, as pessoas codependentes buscarem ajuda médica, porém, sem que tenham crítica de tratar-sede
codependência. Antes disso, essas pessoas se queixamde depressãoou simplesmente de estresse.
Os profissionais de saúde que trabalham na área de dependências, corremsempre o risco de desenvolver codependência comoresultadoda exposição
crônica à dependência dos pacientes.
As manifestações dessa codependência profissionalsãomuito variadas, podendo dizer respeitoà assumir franca e pesada responsabilidade pelo
dependente, protege-lodas conseqüências de suasdecisões, e dar-lhe sermõesrepetitivos, enfim, assumir atitudes que ultrapassam as funçõesdo
profissional.
Quandoacontece a codependência emprofissionais da área (médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, pessoal da enfermagem), normalmente não
há uma crítica imediata da situação, senãoa sensaçãode que todasas atitudes objetivam genuinamente ajudar o paciente. Entretanto, a codependência
está longe de ajudar, sendomais provável umagravamento da dependênciaou uma facilitação.
O impactoque a família sofre como usode drogas por um de seus membros é correspondente as reações que vão ocorrendocom o sujeitoque a utiliza.
Este impactopode ser descritoatravés de quatroestágios pelos quaisa família progressivamente passa soba influência dasd rogas e álcool:
1. Na primeira etapa, é preponderantemente o Mecanismo de Negação. Ocorre tensãoe desentendimentoe as pessoasdeixam de falar sobre o que
realmente pensam e sentem.
2. Em um segundomomento, a família demonstra muita preocupaçãocom essa questão, tentando controlar o uso da droga, bem como as suas
conseqüências físicas, emocionais, nocampodotrabalho e no convívio social. Mentirase cumplicidades relativas aousoabusivo de álcool e drogas
instauramum clima de segredofamiliar. A regra é nãofalar doassunto, mantendo a ilusãode que as drogase álcool nãoestão causando problemas na
família.
3. Na terceira fase, a desorganização da família é enorme. Seus membros assumem papéisrígidos e previsíveis, servindo de facilitadores. As famílias
assumem responsabilidades de atos que nãosão seus, e assim o dependente químicoperde a oportunidade de perceber as conseqüências do abuso de
álcool e drogas. ? comumocorrer uma inversão de papéise funções, comopor exemplo, a esposaque passa a assumir todas as responsabilidades de
casa em decorrência o alcoolismodo marido, ou a filha mais velha que passa a cuidar dos irmãos em conseqüência do uso de drogasda mãe.
4. O quarto estágioé caracterizado pela exaustãoemocional, podendosurgir graves distúrbios de comportamento e de saúde emtodos os membros. A
situação fica insustentável, levandoao afastamentoentre os membros gerando desestruturaçãofamiliar
Recuperaçãoda Codependência
A Codependênciatambémpode ser agravante e desencadeante de depressão, suicídio, doenças psicossomáticas, e outros transtornos. Os grupos de
ajuda para familiares de dependentes (químicos e alcoólicos)visam, principalmente, reverter este quadro, orientandoos familiares a adotarem
comportamentos mais saudáveis. Os profissionais acham que o primeiropasso em direçãoa esta mudança é tomar consciênciae aceitar o problema.
O tratamento da Codependência pode consistir de psicoterapia, grupos de autoajuda, terapia familiar e em alguns casos, antidepressivos e ansiolíticos.
Os grupos de autoajuda para familiares de dependentes, tais como, Alanome CodependentesAnônimos sãode grande utilidade no processo de
recuperaçãofamiliar da codependência.
Codependentes Anônimos
Nos mesmos moldes dos Alcoólicos Anônimos, Codependentes Anônimos são grupos de ajuda com metodologia de relatoem grupoe doestímulopara
observância de algumas recomendações disciplinares e de alguns passos importantes. As chamadas Doze Tradições dos Codependentes Anônimos foram
adaptados das 12 Tradiçõesde Alcoólicos Anônimos conforme abaixo:
1- Nossobem-estar comum deve estar sempre emprimeirolugar;a recuperação pessoal depende da unidade de Codependentes Anônimos.
2- Somente uma autoridade preside, emúltima análise, ao nosso propósito comum – um Poder Superior amantíssimoque Se manifesta emnossa
consciência coletiva. Nossos líderes sãoapenas servidores de confiança;não têmpoderes para governar.
3- O único requisitopara ser membro da unidade de Codependentes Anônimos é ter um sincero desejo para relacionamentos saudáveis e amorosos.
4- Cada Grupodeve ser autônomo, salvoem assuntos que afetam outros Grupos, ouCodependentes Anônimos como umtodo.
5- Cada Grupotemum único propósitoprimordial – levar sua mensagemaoCodependente que ainda sofre.
6- Um Grupo de Codependentes Anônimos nunca deverá jamais endossar, financiar ouemprestar o nome de CodependentesAnônimos a qualquer
sociedade parecida ouempreendimento alheioà irmandade, para que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio nãonos desviemde nosso
propósitoespiritual.
7- Cada Grupodeverá ser totalmente auto-sustentável, recusandoassim contribuições de fora.
8- CodependentesAnônimos deverá permanecer sempre nãoprofissional,embora nossos centros de serviços possamempregar trabalhad ores
especializados
9- CodependentesAnônimos, jamaisdeverá organizar-se como tal;podemos, porém, criar juntas oucomitêsde serviçodiretamente responsáveis
perante aqueles a quemprestam serviços.
10- CodependentesAnônimos não opinamsobre questões alheia à Irmandade, portanto, o nome de CodependentesAnônimos, jamais d everá aparecer
em controvérsias públicas.
11- Nossasrelações com o públicobaseiam-se na atraçãoem vez da promoção;cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal emnível de imprensa,
rádioe filmes.
12- O anonimatoé a base espiritual de todas as nossasTradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das
personalidades.
Vejamos agora os Doze Passos de Codependentes Anônimos, também adaptados dos 12 Passos de Alcoólicos Anônimos
1- Admitimos que éramos impotentes perante os outros - que nossas vidas haviamse tornadoincontroláveis.
2- Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós, poderia nos devolver a sanidade.
3- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidado de Deus como nós O concebíamos.
4- Fizemos um destemidoe minuciosoinventáriomoral de nós mesmos.
5- Admitimos perante a Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
6- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos essesdefeitos de caráter.
7- Humildemente rogamos a Deus para que nos livrasse de nossas imperfeições.
8- Fizemos uma relaçãode todas as pessoas a quemtínhamos prejudicadoe nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9- Fizemos reparações diretasdos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, excetoquandofazê-losignificasse prejudicá-las oua outrem. 10-
Continuamos fazendo o inventáriopessoal, e quandonós estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
11- Procuramos através da prece e da meditação melhorar nossocontatoconsciente com Deus comonós O concebíamos, rogandoapenas o
conhecimentode Sua vontade emrelaçãoa nós e força para realizar essavontade.
12- Tendoexperimentado umdespertar espiritual, graçasa estes Passos, procuramos levar e sta mensagem para outros codependentese praticar estes
princípios em todos as nossas atividades.
A AmericanSocietyof AddictionMedicine propõe três fases para o tratamentode famílias de dependentesquímicos, sendoque o nível de intervenção
varia de acordo coma meta de tratamentoestabelecida, bem comoas necessidades da família. A tabela abaixo sumariza os níveis de intervenção
familiar de acordocom as fases:
Fase I:- 1. Trabalhar a negação;- 2. Interromper o consumode substâncias Fase II:- 1. Prevenir recaídas;- 2. Estabilizar a família, melhorando seu
funcionamento. Fase III:- 1. Aumentar a intimidade do casal, noplanoemocional e sexual.
Segundoa psicóloga Neliana Buzi Figlie, especialista em dependênciaquímica, a Fase Iobjetiva que o dependente a atinja a abstinência. Para tal é
importante auxiliar as pessoas a assumir a responsabilidade sobre seus comportamentos e sentimentos. Por vezes, alguns membros podem ser
atendidos conjuntamente, enfatizando a diminuição da reatividade do impactode um familiar nos outros. Ao pensar no modelo de doença, nesta fase é
trabalhadoo conceitode Codependência.
No referencialsistêmico, o fococentra-se na esposa definir uma posição de modoa quebrar o circulorepetitivo dofuncionamento familiar e desta
forma, auxiliar o dependente emsua recuperação. O referencialcomportamental trabalha coma perspectiva de visualizar comportamentos do cônjuge
que reforcemo comportamentoaditivo, almejandoa substituiçãopor comportamentos que reforcema sobriedade.
Na Fase II, ainda segundo Neliana Buzi Figlie, o foco é identificar padrões disfuncionais na família comoum todo, tanto na família de origem, quanto da
família de procriação. Nesta fase é importante retomar rituais familiarese conforme o graude dificuldade, o encaminhamento para uma psicoterapia
familiar especializada pode ser realizado.
A Fase III é definida como uma nova fronteira no tratamentoda dependência química, sendo uma dasáreasmenos exploradas e talvez uma das mais
controversas. Muitotempoapós a cessação doconsumode substâncias, alguns relacionamentos continuamdesgastados. Nesta fase o tratamentotem
como meta aumentar a intimidade docasal e a participação de ambos noprocesso é fundamental.
Em termos de modalidadesde tratamentos psicológicos, Neliana Buzi Figlie discorre sobre 4 tipos:
Grupos de Pares, onde os membros da família são distribuídos emdiferentes grupos dependentes químicos, pais, mães, irmãos, cônjuges, etc. A
interaçãoentre pares é facilitadora de mudanças, uma vez que escutar de um par nãoé o mesmo que escutar de umprofissional, porque o par passa
por situaçãosemelhante e nãoé alvo de fantasias e idealizações comoo terapeuta.
Grupos de Multifamiliares. Através de umencontro de famílias que compartilham da mesma problemática, cria-se um novo espaço terapêutico que
permite umricointercâmbioa partir da solidariedade e ajuda mútua, onde as famíliasse convocampara ajudar a solucionar o problema de uma e de
todas, gerandoum efeitoem rede. Todasas famílias são participantes e destinatárias de ajuda.
Psicoterapia de Casal, onde os casais podem ser atendidos individualmente outambém emgrupos, uma vez que o profissional tenha habilidadespara
conduzir as sessões sem expor particularidadesque não sejamadequadas aotema focado.
Psicoterapia Familiar. Aqui a é a abordagem maisespecializada segundoum referencial teóricode escolha doprofissionalpara a compreensão dopadrão
familiar e intervenção. Nesta modalidade se reúne a família e o dependente químico.
para referir:
Ballone GJ - Codependência- in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2008.Transcriçãoda reportagemintitulada"Jovem
sabe o que há de errado com a família", de autoria de DanielaTófoli e publicadono Jornal da Tarde de 11/02/03
Os adolescentessão mesmo implacáveis. Enquantopaise especialistas vêm se perguntandoo que está acontecendocom a família e buscandorespostas
em teorias diversas, os filhos respondem sem pensar duas vezes:" - estão faltando pulso firme e diálogo".
Para os jovens, nãoé tão difícilassim entender porque crimesentre parentes, como o dopaique pode ter envenenado a própria filha em Minas Gerais
ou o de Suzane von Richthofen, estãoocorrendo. Menos estarrecidos com as notíciasdo que seus pais, eles parecemter uma percepçãomaisaguçada
da situaçãoatual. "- É um problema de criação. Tem muito jovem largado por aí e o pai nem liga. Não pergunta com quem ele vai sair, para onde, não
coloca limite. Não dão a mínima atenção e depois querem que o filho seja um exemplo", afirma o estudante Gabriel Hirata, de 14 anos, que conclui;"-
Acho que muitos pais não cuidam mais dos seus filhos."
Gabriel conta que se dá bem comsua famíliae entende as proibiçõesque seus paisfazem. "- Eles não me deixam colocar piercing na sobrancelha, mas
acho que isso não é motivo. para eu me revoltar porque sei que eles se preocupam comigo. Ia ser bem pior se não ligassem."
Simone Barreto, de 15 anos, também começaria a achar que alguma coisa está errada se os seus paisnãoperguntassem mais nojantar o que ela fez
durante o dianem tivesse de dar o dossiê completo da turma na hora de sair. "- É claro que é chato, mas não reclamo. E sentiria muita falta se a gente
não se reunisse à noite." Ela acredita que a crise na família vem ocorrendoporque há conversa de menos e liberdade demais. "- Falta diálogo e vontade
de se entender. Às vezes parece que pais e filhos falam línguas diferentes. Mas acho que eles têm de se ouvir com atenção", diz. Tambémtemmuitopai
que deixa o filhofazer o que quer e isso não é certo..
Artigo elaboradopela AssociaçãoBrasileirade Psiquiatria e publicadonojornaldo Conselho Federal de Medicina, ano XXI, no. 158, considera os efeitos
do abuso e dependência da maconha. Veja doque se trata o artigo:
A maconha é cientificamente conhecida pelonome de Cannabis sativa, um arbustoda famíliadas Moraceae, também conhecida comocânhamo-da-
índia. É uma planta que cresce livremente nas regiões tropicaise temperadas.
Os efeitos medicinaise euforizantes da maconha são conhecidos há mais de 4 mil anos, na China, e existem registros históricos de suas presumíveis
ações medicinais desde o séculoIII a.C. Entretanto, noinício doséculopassadoa maconha passou a ser considerada umproblema social, sendo
considerada ilegal a partir da década de 30.
O uso médico da maconha declinoulentamente aolongodos anos, pois os pesquisadores não conseguiram constatar cientificamente seus efeitos
medicinais, apesar de pipocaremaqui e ali alguns artigos controversos.
Alguns países começaram a relacionar o abusoda maconha à degeneraçãopsíquica, ao crime e à marginalizaçãoda pessoa. Nas décadas de 60 e 70, o
seu consumovoltouacrescer significativamente, chegandoaoápice nobiênio1978/1979.
A maconha é a droga ilícita mais usada mundialmente e nos EUA, 40% da população adulta já experimentoumaconha pelomenos uma vez na vida. O
uso da maconha geralmente é intermitente e limitado, na maioriadas vezespor motivos recreacionaise esporádicos e, felizmente, a maior parte dos
jovens para seuconsumopor volta dos 20-25 anos. São poucos os jovens que passampara um consumodiáriopor anos seguidos.
Da mesma forma que o consumo, tambéma dependência de maconha está entre as dependênciasde drogas ilícitasmais comuns;estima-seque umem
cada 10 usuários de maconha se torna dependente emalgummomento, normalmente aqueles que passam por um períodode consumomaispesado. O
risco de dependência da maconha é comparável ao de dependênciaaoálcool (que é de 15%), doque aode outras drogas (tabaco:32%;opióides:23%).
No Brasil, levantamentorealizado em 1997 com estudantesdo ensinofundamentale doensinomédioem10 capitais brasileiras m ostrouque a maconha
é a droga ilícita maisutilizada. Comparandolevantamentos anteriores (de 1987, 1989, 1993 e 1997), a maconha foi a droga que mais teve seuuso
aumentado, passandode 2,8% em 1987 para 7,6% em1997.
Também o usopesados aumentouestatisticamente aolongodos quatro levantamentos. O usofreqüente (seis vezes oumais nomês) e pesadopassou
de 0,4% em 1987 para 1,7% em 1997.
Outro levantamento, agora domiciliar, de 1999 feito na cidade de São Paulo, compopulaçãoacima de 12 anos, a maconha também foi a droga que teve
maior uso (6,6%), seguida de longe pelos solventes (2,7%) e pela cocaína (2,1%).
A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quaisse destacam pelomenos 60 alcalóides, conhecidos como
canabinóides. Essas substâncias sãoresponsáveis pelos efeitos psíquicos e sãoclassificados emdoisgrupos:os canabinóides psicoativos (por ex., Delta-
8THC, Delta-9THC e o seumetabólicoativo, conhecidocomoII-hidroxi-Delta-9THC) e os não-psicoativos (por ex., canabidiol e canabinol). O Delta-9THCé
o mais abundante e potente destescompostos.
Sabe-se hoje que existemreceptores cerebraisespecíficos para o Delta-9THCem ratos, bemcomoum supostoneurotransmissor para os receptores
endógenos, denominado anandamida.
A maconha é mais bem absorvida por via oral doque fumada (pulmonar). A taxa de absorçãooral é de 90% a 95%, e a pulmonar de 50%. Os efeitos
farmacológicos pelaabsorção pulmonar podem ter início entre 5 a 10 minutos.
Devidoà característica de lipossolubilidade (liga-se a gorduras), os canabinóides se acumulam principalmente nos órgãos onde os níveisde gordura são
mais elevados, como por exemplo, nocérebro, testículos e tecidoadiposo. Alguns pacientes podem exibir os sintomase sinais de intoxicaçãopor até 12
a 24h depois de consumirem a maconha, exatamente por causa dessa afinidade dos ca nabinóidespelo tecido adiposo.
Complicações agudas
Um cigarro de maconha oubaseadotípicocontém cerca de 3 mg de maconha. A concentraçãode Delta-9THC é diferente nas diferentes apresentações
da Cannabis, ou seja, na própria maconha, nohaxixe, e noskunk, e em geral varia de 1% a 15%, ou seja, de 2,5 a 150mg de THCrespectivamente. Estima-
se que a concentraçãomínima preconizada para a produçãodos efeitos euforizantes seja de 1% ou 1 cigarrode 2 a 5 mg. Os efeitos da intoxicação
aparecem após alguns minutos.
Déficits motores (por ex., prejuízoda capacidade para dirigir automóvel) e cognitivos (por ex., perda de memória de curtoprazo, com dificuldade para
lembrar de eventos que ocorreram imediatamente após o usode cannabis)costumam acompanhar a intoxicação.
Sintomas psiquiátricos
O consumode maconha pode desencadear quadros temporários de natureza ansiosa, tais comoCrisesde Pânico, ousintomas de natureza psicótica. Por
seremhabitualmente passageiros essessintomas nãoprecisamser medicados.
A maconha é capaz de piorar quadros de esquizofrenia, além de constituir importante fator desencadeante dessa doença em pessoas predispostas.
Desse modo, pacientes esquizofrênicos usuários de maconha e seus familiares, devem ser orientados acerca dos riscos envolvidos. O mesmose aplica
aos indivíduos com fatoresde riscoe antecedentes familiares para a doença.
Complicações crônicas
Ainda há poucoconsensoa respeito dascomplicações crônicas doconsumode maconha. As investigações acerca da existência de seqüelasno
funcionamento cognitivo e de dependência da maconha, têmmerecidoa atenção dos pesquisadores nos últimos anos.
Funcionamento cognitivo
Há evidênciade que o uso prolongado de maconha é capazde causar prejuízos cognitivos relacionados à organização e integraçãode informações
complexas, envolvendo vários mecanismos de atenção e memória.
Tais prejuízos podemaparecer após poucos anos de consumo. Além disso, processos de aprendizagempodem apresentar déficits após períodos mais
breves de tempo.
Prejuízos da atenção podem ser detectados como aumento da distração, afrouxamentodas associações, intrusão de erros em testes de memória,
inabilidade em rejeitar informações irrelevantes e piora da atençãoseletiva. Esses prejuízos parecemestar relacionados à duraçãodo hábitode
consumo de maconha.
Dependência
A dependência da maconha vem sendodiagnosticada há algum tempo, nos mesmos padrões dasoutrassubstânciase aocontrário do que
preconiza(vam)ídolos da juventude. Muitos estudos comprovam que os critérios atuais de dependênciaaplicam-se muitobem à dependência da
maconha, assimcomode outrasdrogas.
Devidoà dificuldade em quantificar quantode maconha atinge a corrente sangüínea, nãose estabeleceuainda quais dosesformais de THC estariam
relacionadas à dependência. O riscode dependência aumenta conforme a extensãodoconsumo. Apesar disso, alguns usuários diários nãose tornam
dependentes ou desejamparar o consumo. De fato, felizmente a maioria dos usuários casuais não se torna dependente e uma minoria desenvolve uma
síndrome de usocompulsivo(vício) semelhante à dependência de outras drogas, notadamente aquelesque fazem usopesadoe q ue começaram mais
precocemente.
Para completar o diagnósticoda dependência da maconha, recomenda-se a observância da síndrome de abstinência para esta droga. Apesar da
abstinência da maconha ser reconhecida pela CID.10, ainda não tem sido possível determinar um quadro característicodesses sintomas.
De modo geral, observados universalmente pela clínica, os sintomasda abstinência (falta) da maconha seriam:fissura irritabilidade nervosismo
inquietaçãosintomasdepressivos insônia reduçãodo apetite cefaléia
Codependência - 2
Mal de quem vive querendocontrolar outra pessoa problemática.
| Colaboradores | Dependências|
“Codependente é a pessoa que carrega sua própria nuvemde chuva”.
Cada um de nós temum graude dependência, que é até naturale esperadonumser humanosaudável, issoé importante nos nossos relacionamentos
afetivos mais próximos;mas tambémtemos um grau de “autonomia”, que nos mantém saudáveis, issonão quer dizer ser auto-suficientes, pois somos
um ser social e precisamos do convívio como outro, dos estímulos e afetos trocados nos relacionamentos;no entanto, a dependênciatraz uma
deterioração de sua autonomia enquantoser humano, nãosomente quando é uma dependênciaa algo, mas também a alguém.
Muitos já ouviram falar em codependência, um termorelativamente novo e usado, principalmente para pessoasque convivemcom u mdependente
químico(DQ). Mas percebeu-se que é muitomaisamplodoque istoe acomete todas as pessoasque se deixamafetar muitopelocomportamento
daquele(s)com quem muito se preocupam e a quem vivem querendocontrolar. Istotira o focode sua própria vida, desorganizam -se vivendoem
constante ansiedade, trazendomuitos desequilíbrios psicológicos e emocionais, desembocando muitas vezes emdoençasfísicas. E, o que é pior, isto não
ajuda a(s)pessoa(s) pelaqual o codependente temafeto, atrapalha muito e mais ainda (mas demora para ele perceber). O resultadoé desastrosopara
todos.
Inicialmente isto foi estudado em pessoas que conviviam comdependentes químicos de álcool e outras drogas (filhos, pais, cônjuges, irmãos, tios, avós,
amigos, sobrinhos, netos, namorados, amantes...), mas à medida que a codependênciafoi sendomais bementendida, perceberam-se outras conotações
e istose estendeua outras pessoas que vivenciam outras situações diferentes destas.
Entre inúmeras situações pode-se destacar:as já citadas acima de pessoas que convivem com dependentesquímicos (DQ), os próprios dependentes
químicos que já podiamapresentar isto muitoantes mesmo de se tornaremDQ;pessoas que convivem comoutrasmentalmente ou em ocionalmente
perturbadas, que se relacionam comdoentes crônicos, que convivem com pessoas irresponsáveis, comcompulsivos por jogo, sexo, compras;paisde
crianças e adolescentes com problemas de comportamento, pessoas muito inseguras e com uma autoestima muitobaixa que se apegam
demasiadamente a outras, sejam estas adequadas ounão;enfermeiros, assistentes sociais e outros profissionais que ajudamoutraspessoas.
Para um melhor entendimento, temos que refletir que todos nós somos codependentes de alguma maneira e em algumgraude alguém oude alguma
coisa, chegandoa ser muito perniciosoalgumasvezes, outras vezesnem tanto. O maisimportante é perceber e admitir o problema, porque isto ajuda a
determinar a solução, e soluçãosignifica recuperaçãoe mudança.
Tentandoresumir, ser codependente significa que temos deixadoo comportamentode outra(s)pessoa(s) nos afetar muito e por tempo prolongadoe
que somos obcecados em controlar o comportamentodessa(s)outra pessoa(s). Seja quem for esta outra pessoa, o centroda definição e da recuperação
não esta nela, por mais que o codependente acredite nisto, masestá nele mesmo.
O codependente esta sempre com o foconooutroe o vinculo geralmente não se concentra noamor ouna amizade, mas no distúrbiodooutro ouna sua
própria carênciaafetiva. Por isto, quandoo outrose recupera ou se liberta, o codependente pode sentir-se inútil, nãosabendo maisviver semalguém
para controlar;sente-se muitas vezesvazioe depressivo, podendo até afetar negativamente o outrojá recuperado. Se a doença dooutroesta sob
controle, se ele se afasta, ounãoprecisamais de seus cuidados, qualserá agora seu foco, quandosó se dedicava a controlar a vida dooutro?
É natural desejar proteger e ajudar as pessoasque nos sãocarase sermos afetados e reagirmos aos problemas dessas pessoas. E quando o problema se
torna mais sério e semsolução, reagimos mais fortemente ainda. Os codependentes sãomuito reacionários, reagemdemais, reagem de menos, mas
raramente agem. É normal reagir à tensão, mas é corajosoaprender a não reagir, mas sim a agir de forma mais saudável. Ser um codependente não
significa ser mau, defeituosoou inferior.
Muitos aprenderamestescomportamentos quando crianças, outros bemmais tarde. A maioria pode ter aprendido istopor necessidade de proteger a si
mesmoe satisfazer suas necessidades, porque se conviver com pessoas normais e saudáveis já não é fácil, conviver com pessoas doentes, perturbadas
ou problemáticas é particularmente difícil. Mas estes comportamentos autoprotetores inicialmente, já podemestar ultrapassados emsua utilidade. Às
vezes, nossas atitudes protetoras viram-se contra nos mesmos e nos fere. É assim que acreditamos estar fazendo as coisas erradaspelasrazõescertas.
O codependente tem grande tendência a sentir-se responsável pela outra pessoa e compelido a ajudar a pessoa a resolver seus problemas, a tentar
agradar aooutroaoinvés de a si mesmo, a sentir raiva, sentir-se vítima, a achar que esta sendousadoe que nãoesta sendoapreciadoourecebendoa
gratidão que merece;a sentir-se culpado e com baixa autoestima. O codependente temmedode ser quem é, de sentir-se incapaz de parar de pensar,
falar e de se preocupar com a outra pessoa e seus problemas, a parar de vigiar a pessoa e concentrar toda sua energia nos pro blemas dos outros, a parar
de tentar controlar os acontecimentos e as pessoas através de coerção, da culpa, ameaças, aconselhamento, manipulação oudomínio.
O codependente não consegue parar de mentir para si mesmoe acreditar em suas mentiras, não para de ignorar ou fingir que os problemasnãoestão
acontecendoou nãosãotãoruins comosão. O codependente nãoconsegue se ocupar por outras coisas e parar de pensar sobre o que o angustia, não
consegue deixar de adquirir compulsões, de tomar tranqüilizantes, podendo até se viciar em álcool ou drogastambém.
Muitos codependentes procurama felicidade fora de si mesmos, fecham-se a tudo e a todos que possam lhes trazer felicidade, não se amame procuram
desesperadamente por amor e aprovação, mas quase sempre procuram o amor de pessoasinadequadase/ouincapazesde amar, perdemo interesse
em sua própria vida, tememque a outra pessoa venha a deixá-los, continuammantendoum relacionamentoque nãofunciona e quandoeste
relacionamentoacaba, tendema procurar outros que também não lhe fazem bem.
A farsa docodependente é “decidirem” que nãoirãomais tolerar determinados comportamentos da outra pessoa, mas aumentam graduale
indefinidamente sua tolerância até fazerem coisas que disseram jamais fazer. Passama nãoconfiar nos outros e nem em si mesm os, podem perder a fé
e a confiança emDeus, misturar reaçõespassivas e agressivas, podemadoecer mental e oufisicamente, ficam deprimidos e pensam em suicídio.
Uma dica importante para perceber que já se tornouum codependente é constatar que a preocupaçãose transformouem obsessão, que a compaixão
se transformou em tomar conta, que esta cuidandomais da outra pessoa que de si mesmo. Com certeza isto já é uma codependência. Decidir se a
codependênciaé um problema em sua vida é decisão exclusiva do codependente, assim comosaber se istodeve mudar ou quando mudar.
Quandoo codependente percebe esse auto-enganoou auto-armadilha e decide agir e investir emsi mesmo, a sensaçãoserá libertadora. Aí, então, a
pessoa recupera sua identidade e volta a ser quemera, podendo ajudar também outras pessoas a fazerem o mesmo. Vai esmaecendoa dor insuportável
com a qual conviveu por muitotempo. Issoimplica emaprender oureaprender um novo comportamento:tomar conta de si mesmo.
Essa grande virada na vida é baseada na afirmação obvia de que cada pessoa é responsável por si mesma. Atribuir aooutroa responsabilidade por suas
escolhas nos permite começar a amar a nós mesmos e aos outros comotais, permite aceitarmos receber amor e tornar a atmosfera a nossa volta muito
mais sadia. Assim, as pessoas aonossoredor poderãoser saudáveis também. A recuperaçãodo gerenciamentoda própriavida abre o caminho de se dar
o direitode começar a permitir-se ser feliz!Adquire-se a consciência de que “amar é deixar aooutroa responsabilidade de suas próprias escolhas”.
É importante buscar ajuda para o transtornoda codependência, seja através da psicoterapia individual, de casal oufamiliar, recorrendo ainda ao apoio
dos grupos terapêuticos como o Alanon, Amor exigente, Codependentes anônimos e outros. Em outros artigos abordaremos a codependência em
diversas situações e maisalgumas dicas para começar a trilhar o caminhoda liberdade e da paz.
Maria José Gomes S Nery
Psicóloga Clinica com Mestradoe varias Especializações, incluindo Dependência Química, notratamento dos DQ e seus familiares, em grupoe individual.
Atendimento em consultório, residencial e pela Internet.
majonery@yahoo.com.br
WWW.psicologiadesempre.blogspot.com
Para referirNeryMJG - Codependência (2), disponível em PsiqWeb, internet www.psiqweb.med.br, 2010.Transcrição da reportagem intitulada"Jovem
sabe o que há de erradocom a família", de autoria de Daniela Tófoli e publicadono Jornal da Tarde de 11/02/03
Os adolescentessão mesmo implacáveis. Enquantopaise especialistas vêm se perguntandoo que está acontecendocom a família e buscandorespostas
em teorias diversas, os filhos respondem sem pensar duas vezes:" - estão faltandopulsofirme e diálogo".
Para os jovens, nãoé tão difícilassim entender porque crimesentre parentes, como o dopaique pode ter envenenado a própria filha em Minas Gerais
ou o de Suzane von Richthofen, estãoocorrendo. Menos estarrecidos com as notíciasdo que seus pais, eles parecemter uma percepçãomaisaguçada
da situaçãoatual. "- É um problema de criação. Tem muito jovem largadopor aí e o pai nem liga. Não pergunta com quem ele vai sair, para onde, não
coloca limite. Nãodão a mínima atençãoe depoisqueremque o filhoseja um exemplo", afirma o estudante Gabriel Hirata, de 14 anos, que conclui;"-
Acho que muitos pais não cuidammais dos seus filhos."
Gabrielconta que se dá bem comsua famíliae entende as proibiçõesque seus paisfazem. "- Eles nãome deixam colocar piercing na sobrancelha, mas
acho que issonãoé motivo. para eu me revoltar porque sei que eles se preocupam comigo. Ia ser bem pior se não ligassem."
Simone Barreto, de 15 anos, também começaria a achar que alguma coisaestá errada se os seus pais nãoperguntassemmais nojantar o que ela fez
durante o dianem tivesse de dar o dossiê completo da turma na hora de sair. "- É claro que é chato, mas nãoreclamo. E sentiria muita falta se a gente
não se reunisse à noite." Ela acredita que a crise na família vem ocorrendo porque há conversa de menos e liberdade demais. "- Falta diálogoe vontade
de se entender. Às vezesparece que pais e filhos falam línguas diferentes. Mas achoque eles têm de se ouvir co m atenção", diz. Também tem muitopai
que deixa o filhofazer o que quer e isso não é certo.".
Artigo elaboradopela AssociaçãoBrasileira de Psiquiatria e publicadono jornal do ConselhoFederal de Medicina, anoXXI, no. 158, considera os efeitos
do abuso e dependência da maconha. Veja doque se trata o artigo:
A maconha é cientificamente conhecida pelonome de Cannabis sativa, umarbusto da famíliadas Moraceae, também conhecida comocânhamo-da-
índia. É uma planta que cresce livremente nas regiões tropicaise temperadas.
Os efeitos medicinaise euforizantes da maconha são conhecidos há mais de 4 mil anos, na China, e existem registros históricos de suas presumíveis
ações medicinais desde o séculoIII a.C. Entretanto, noinício doséculopassadoa maconha passou a ser considerada umproblema social, sendo
considerada ilegal a partir da década de 30.
O uso médico da maconha declinoulentamente aolongodos anos, pois os pesquisadores não conseguiram constatar cientificamente seus efeitos
medicinais, apesar de pipocaremaqui e ali alguns artigos controversos.
Alguns países começaram a relacionar o abusoda maconha à degeneraçãopsíquica, ao crime e à marginalizaçãoda pessoa. Nas décadas de 60 e 70, o
seu consumo voltouacrescer significativamente, chegandoaoápice nobiênio1978/1979.
A maconha é a droga ilícita mais usada mundialmente e nos EUA, 40% da população adulta já experimentoumaconha pelomenos uma vez na vida. O
uso da maconha geralmente é intermitente e limitado, na maioriadas vezespor motivos recreacionaise esporádicos e, felizmente, a maior parte dos
jovens para seuconsumopor volta dos 20-25 anos. São poucos os jovens que passampara um consumodiáriopor anos seguidos.
Da mesma forma que o consumo, tambéma dependência de maconha está entre as dependênciasde drogas ilícitasmais comuns;estima-seque umem
cada 10 usuários de maconha se torna dependente emalgummomento, normalmente aqueles que passam por um períodode consumomaispesado. O
risco de dependência da maconha é comparável ao de dependênciaaoálcool (que é de 15%), doque aode outras drogas (tabaco:32%;opióides:23%).
No Brasil, levantamentorealizado em 1997 com estudantesdo ensinofundamentale doensinomédioem10 capitais brasileiras mostrouque a maconha
é a droga ilícita maisutilizada. Comparandolevantamentos anteriores (de 1987, 1989, 1993 e 1997), a maconha foi a droga que mais teve seuuso
aumentado, passandode 2,8% em 1987 para 7,6% em1997.
Também o usopesados aumentouestatisticamente aolongodos quatro levantamentos. O usofreqüente (seis vezes oumais nomês) e pesadopassou
de 0,4% em 1987 para 1,7% em 1997.
Outro levantamento, agora domiciliar, de 1999 feito na cidade de São Paulo, compopulaçãoacima de 12 anos, a maconha também foi a droga que teve
maior uso (6,6%), seguida de longe pelos solventes (2,7%) e pela cocaína (2,1%).
A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quaisse destacam pelo menos 60 alcalóides, conhecidos como
canabinóides. Essas substâncias sãoresponsáveis pelos efeitos psíquicos e sãoclassificados emdoisgrupos:os canabinóides psicoativos (por ex., Delta-
8THC, Delta-9THCe o seumetabólicoativo, conhecidocomoII-hidroxi-Delta-9THC) e os não-psicoativos (por ex., canabidiol e canabinol). O Delta-9THCé
o mais abundante e potente destescompostos.
Sabe-se hoje que existemreceptores cerebraisespecíficos para o Delta-9THCem ratos, bemcomoum supostoneurotransmissor para os receptores
endógenos, denominado anandamida.
A maconha é mais bem absorvida por via oral doque fumada (pulmonar). A taxa de absorçãooral é de 90% a 95%, e a pulmonar de 50%. Os efeitos
farmacológicos pelaabsorção pulmonar podem ter início entre 5 a 10 minutos.
Devidoà característica de lipossolubilidade (liga-se a gorduras), os canabinóides se acumulam principalmente nos órgãos onde os níveisde gordura são
mais elevados, como por exemplo, nocérebro, testículos e tecidoadiposo. Alguns pacientes podem exibir os sintomase sinais de intoxicaçãopor até 12
a 24h depois de consumirem a maconha, exatamente por causa dessa afinidade dos ca nabinóidespelo tecido adiposo.
Complicações agudas
Um cigarro de maconha oubaseadotípicocontém cerca de 3 mg de maconha. A concentraçãode Delta-9THCé diferente nas diferentes apresentações
da Cannabis, ouseja, na própria maconha, nohaxixe, e no skunk, e em geral variade 1% a 15%, ou seja, de 2,5 a 150mg de THCrespectivamente. Estima-
se que a concentraçãomínima preconizada para a produção dos efeitos euforizantes seja de 1% ou 1 cigarrode 2 a 5 mg. Os efeitos da intoxicação
aparecem após alguns minutos.
Déficits motores (por ex., prejuízoda capacidade para dirigir automóvel) e cognitivos (por ex., perda de memória de curtoprazo, com dificuldade para
lembrar de eventos que ocorreram imediatamente após o usode cannabis)costumam acompanhar a intoxicação.
Sintomas psiquiátricos
O consumode maconha pode desencadear quadros temporários de natureza ansiosa, tais comoCrisesde Pânico, ousintomas de natureza psicótica. Por
seremhabitualmente passageiros essessintomas nãoprecisamser medicados.
A maconha é capaz de piorar quadros de esquizofrenia, além de constituir importante fator desencadeante dessa doença em pessoas predispostas.
Desse modo, pacientes esquizofrênicos usuários de maconha e seus familiares, devem ser orientados acerca dos riscos envolvidos. O mesmose aplica
aos indivíduos com fatoresde riscoe antecedentes familiares para a doença.
Complicações crônicas
Ainda há poucoconsensoa respeito dascomplicações crônicas doconsumode maconha. As investigações acerca da existência de seqüelasno
funcionamento cognitivo e de dependência da maconha, têmmerecidoa atenção dos pesquisadores nos últimos anos.
Funcionamento cognitivo
Há evidênciade que o uso prolongado de maconha é capazde causar prejuízos cognitivos relacionados à organização e integração de informações
complexas, envolvendo vários mecanismos de atenção e memória.
Tais prejuízos podemaparecer após poucos anos de consumo. Além disso, processos de aprendizagempodem apresentar déficits após períodos mais
breves de tempo.
Prejuízos da atenção podem ser detectados como aumento da distração, afrouxamentodas associações, intrusão de erros em testes de memória,
inabilidade em rejeitar informações irrelevantes e piora da atençãoseletiva. Esses prejuízos parecemestar relacionados à duraçãodo hábitode
consumo de maconha.
Dependência
A dependência da maconha vem sendodiagnosticada há algum tempo, nos mesmos padrões dasou trassubstânciase aocontrário doque
preconiza(vam)ídolos da juventude. Muitos estudos comprovam que os critérios atuais de dependênciaaplicam-se muitobem à dependência da
maconha, assimcomode outrasdrogas.
Devidoà dificuldade em quantificar quantode maconha atinge a corrente sangüínea, nãose estabeleceuainda quais dosesformais de THCestariam
relacionadas à dependência. O riscode dependência aumenta conforme a extensãodoconsumo. Apesar disso, alguns usuários diários nãose tornam
dependentes ou desejamparar o consumo. De fato, felizmente a maioria dos usuários casuais não se torna dependente e uma minoria desenvolve uma
síndrome de usocompulsivo(vício) semelhante à dependência de outras drogas, notadamente aquelesque fazem usopesadoe q ue começaram mais
precocemente.
Para completar o diagnósticoda dependência da maconha, recomenda-se a observância da síndrome de abstinência para esta droga. Apesar da
abstinência da maconha ser reconhecida pela CID.10, ainda não tem sido possível determinar um quadro característicodesses sintomas.
De modo geral, observados universalmente pela clínica, os sintomasda abstinência (falta) da maconha seriam:
Fissura irritabilidade nervosism inquietaçãosintomas depressivos insôni reduçãodo apetite cefaléia
Depressãoe Relacionamento
Até que pontotem sidosofrível conviver com quem tem algum TranstornoAfetivo
| Infância e Adolescência | Depressão| Mulher | Sexualidade |Família |
A Depressão geralmente é uma doença devastadora, apesar de muita gente ainda nãoacreditar que ela exista. Nãovamos falar aqui do quadroclínico e
dos sintomasdaDepressão, mas sim de umaspectoda Depressãoque muitas pessoasnãosabeme nãose dão conta;trata-se dograuemque os
transtornos depressivos afetamos relacionamentos. Segundo Xavier Amador, um casamentoem que um dos parceiros está com depressão, temnove
vezes maispropensãode acabar, doque um onde não exista a depressão. Adriana Tucci mostra também dados internacionais onde os Transtornos
Afetivos, além de terem uma prevalênciade, aproximadamente, 11,3% da população, sãouma das doençasque mais geram perdas sociais e nos
relacionamentos familiares(veja maisem Depressões- Sintomas, na seçãoDepressão).
Assim sendo, antesde se tomar decisões precipitadas nas desarmonias de relacionamentorecomenda-seque, primeiro, seja verificada a possibilidade
de uma das pessoasdo relacionamento(quandonãoas duas) ser portadora de Depressão, em qualquer de suasformas(Distimia, TranstornoAfetivo
Bipolar, Depressão Recorrente).
A Depressão, seja leve, moderada ougrave, será sempre incapacitante emalgumgrau, principalmente se considerarmos a duração dos sintom as. Ao
longodo tempo os sintomasdepressivos podem provocar desdobramentos complicados e desgastan tespara a família e para a pessoa.
Segundotrabalhos recentes as relações íntimasentre pessoas comdepressãosão maistensas, estressantes e cheias de conflitos doque entre pessoas
não depressivas. Xavierdiz que a depressãoe os problemasde relacionamentoe sexuais causados por elaseja a razãomais comum dos casais que
procuram uma terapia. Metade das mulheres depressivas reclama de sérios problemas dentro docasamentoe, provavelmente, umnú mero parecido
dos homens pode também reclamar da qualidade do relacionamento commulheres depressivas.
Quandoaparece umquadrodepressivo na família, geralmente esta se desestrutura bastante. A tendência inicial é querer ajudar o indivíduoa reagir;ora
acreditando que essa reação depende da vontade da pessoa deprimida, ora propondomedidasbem intencionadas e completamente ineficazes. Com
freqüênciadentrodas famílias oumesmoentre um casal existe uma série de crenças populares, que depreciam a pessoa com depressão, tais comoa
falta de vontade, uma fraqueza psíquica ou coisas assim.
Como ninguémconsegue produzir melhoras, aflora umsentimentode frustração e impotência muito desgastante, principalmente quandose junta à
mistura das tais crençaspopulares. Além disso, deve-se considerar o impactosocial e econômicoque a doença pode representar para toda a família.
É assim que os parentes de pessoasdeprimidas, bemcomoos(as) companheiros(as) também sofrem de preocupaçãoexcessiva, raiva, exaustãoe até
mesmoraiva coma persistência daquele estadode humor problemático.
Comprometendo o Relacionamento
Apesar de serem poucos os trabalhos sobre indicativos, variáveis clínicas e sociais que levam os portadores de Transtornos Afetivos a apresentar maus
ajustamentos sociais, a constataçãode que issoacontece parece ser unânime. As principaisesferas atingidas pelos Transtornos Afetivos estão nas áreas
de trabalhoe relacionamentointerpessoal, com 1/3 dos pacientesapresentandodesempenhoruim tantonotrabalho quantono ajuste emoutras áreas
(Tsuang,1980).
Adriana Tucci (2001), verificoupredomínioda Depressão em mulheres, e o relacionamentofamiliar teve papel significativono resultadode ajustamento
social. Entre portadores deTranstornos Afetivos, os pacientes unipolares e os distímicos tiverammelhores resultados noajustamentosociale no
relacionamentofamiliar doque aqueles comTranstornoAfetivo Bipolar oucom a chamada Depressão Dupla, que é quandoum episódio depressivo
acomete quem já temDistimia.
Tucci cita ainda pesquisade Leader Klein, que avaliaram o relacionamento familiar de pacientescom DepressãoUnipolar, Distimia e Depressão Dupla.
Descreveramque pacientes com depressão dupla foramos que apresentaram, significativamente, piores resultados emrelação aos outros doisgrupos, e
os pacientes distímicos apresentaram relacionamentofamiliar mais prejudicado doque os unipolares;porém, essadiferença nãoassumiu significância
estatística. Esses dados são semelhantes aos apresentados pelos pacientesdo presente estudo.
De fato, é de se supor que as maiores dificuldadesde convivência familiar, social ou conjugalsejam com pacientes distímicos, já que a Distimia está
identificada com aquela característica de personalidade conhecida comomau-humor. A convivência compessoasmau-humoradas é, inegavelmente,
muito difícil.
Comprometendo a Sexualidade
Um dos fatores importantesno comprometimento dorelacionamentoíntimoé a alteraçãona libido, oudodesejosexual que acompanha a Depressão.
Quem está deprimidonormalmente perde a capacidade de sentir prazer com tudo, inclusive com o sexo. Assim, com freqüência a vontade de iniciar a
relação sexual está muitoprejudicada, ou tão comprometidoque nãose consegue chegar aoorgasmo. Essadisfunçãosexual é gra dativa, e acontece
conforme a depressãovai-se agravando(veja Depressãoe DisfunçãoSexual).
Geralmente o tratamento da depressão tratará também a disfunçãosexual de maneira indireta. Apesar de muitos antidepressivos terem como efeito
colateral a diminuição dodesejosexual, mesmoassima sexualidade vai voltandoao normalconforme vai melhorando a depressão. Quandoos
antidepressivos forem diminuídos ou suspensos a sexualidade voltará aoque era antes da Depressão.
A falta de desejosexual pode comprometer uma relação na medida emque o(a) parceiro(a) sente-se deixadode lado, oupior, suspeita de não estar
mais sendoamado ouque pode estar sendo traído. Quandosozinha (ousolteira) a baixa da libidopode impedir a pessoa comdep ressãode começar
qualquer relacionamento novo, principalmente porque, além da DisfunçãoSexual, estará presente também uma baixa auto-estima.
Adriana Tucci verificouainda que, de ummodo geral, o papel sexual, tantopara pessoas casadas quanto para as não-casadas, foi o item que encontrou
piores resultados adaptativos, com alta proporçãode sujeitos com ajustamentoruim. Interesse em arrumar trabalho também teve alta proporçãode
pacientes com desempenhoruim, assim comoforamruins os interesses em adquirir informações, seguidopelo isolamento social.
Quandoo Transtorno é Bipolar
Gitlinet al (1995), em estudoprospectivo de 82 pacientes com TranstornoAfetivo Bipolar(veja TAB), verificaramque a adaptaçãosocial era boa apenas
para 39% dos pacientes e comperdasrazoáveis ouintensaspara 62% deles. No trabalhode Kocsiset al (1997), há mais de 10 anos, os pacientes
distímicos apresentaramprejuízos nos papéis sociaisanalisados, tais como, no trabalho, vida em família, tempo para atividades sociais e lazer.
A convivência é difícilno TAB porque esses pacientes costumamter Episódios de Euforiae Episódios de Depressão, sendo que, na euforia, eles costumam
colocar em risco a harmonia doméstica, o relacionamento íntimo, o patrimôniomaterial e a segurança daquelesque comquemcon vive. Nos Episódios
Depressivos, a apatia, desinteresse, perda do prazer, tendência ao isolamento, entre outros, complicam sobremaneira a convivência.
Um fator importante na melhoria da qualidade norelacionamentocom pessoas bipolares é a excelente perspectiva de sucessodo tratamento, tanto nas
fases agudas quanto na profilaxia dos episódios. O lítio, por exemplo, assimcomooutros estabilizadores dohumor, diminuem expressivamente as
possibilidadesde recaída dos episódios de euforianosTranstornos Afetivos Bipolares, os antidepressivos melhoram as relações interpessoaise o
funcionamento global dos pacientes (Winokur,1993), prevenindo muita vezesos episódios de depressão.
O episódiode euforia se traduz por umestadode completa, artificial e patológica satisfaçãoe felicidade. Verificam-se elevaçãodo estadode ânimo,
aceleração docursodo pensamento, loquacidade, vivacidade da mímica facial, aumento da gesticulação, risofácil e logorréia. É muitodifícil conviver
harmonicamente com uma pessoa eufórica.
O tema “Abusono Relacionamento Íntimo” é tratadoem outra página desse site (seçãoMulher)e pode estar presente na convivência com pessoas
bipolares, especialmente durante episódios de euforia.
Quandoo Transtorno é Depressivo Recorrente
Trata-se de um transtornocaracterizadopelaocorrência repetida de episódios depressivos, leves, moderados ougraves. O primeiroepisódiopode
ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, sendoque o iníciopode ser agudoou insidiosoe a duração variável de algumas semanas a alguns
meses. O marcante desses episódios é a apatia durante a crise depressiva, diminuiçãoda energia física e mental, cansaçoe fadiga crônicos, muitasvezes
responsáveis por inúmeros examesde sangue a que se submetemos pacientes. O deprimidopode relatar fadiga persistente sem esforçofísico
compatível e as tarefas mais leves parecemexigir mais esforço que o habitual.
Também pode haver diminuição na eficiênciapara realizar tarefas. A pessoa deprimida pode queixar-se, por exemplo, de que as coisaslevamo dobrodo
tempo habitual para serem feitas. Na depressãotambémé muitofreqüente um certoprejuízona capacidade de pensar, de concentrar-se oude tomar
decisões. Os depressivos podemse queixar de enfraquecimentode memória ou mostrar-se facilmente distraídas.
A produtividade ocupacional costuma estar prejudicada, notadamente nas pessoas comatividades acadêmicasou profissionais intelectualmente
exigentes. Freqüentemente existem pensamentos sobre morte durante o EpisódioDepressivo. Trata-se, nãoapenas da ideaçãosuicida típica, mas
tambémda preferência emestar morto ainda que não propositadamente. O que torna a convivência e o relacionamentomuitoproblemáticocoma
pessoa que atravessa um episódio depressivo é a baixa auto-estima. Por conta disso o ciúme e a sensação de estar sendomenos gostado, de estar
atrapalhando, sendoum‘pesomorto’, têm papel importante.
Quandoo problema é a Distimia
A característica essencialdo TranstornoDistímico é um humor cronicamente deprimido que ocorre na maior parte dodia, na maioria dos dias, na maior
parte dos meses. As pessoascom TranstornoDistímico descrevem seu humor comotriste ou "na fossa", mas na realidade elas sãomau-humoradas.
Pode haver baixa energia oufadiga, baixa auto-estima, fraca concentraçãooudificuldade em tomar decisõese sentimentos de desesperança. Os
indivíduos podemnotar a presença proeminente de baixointeresse e de autocrítica, freqüentemente vendo a si mesmos como desinteressantesou
incapazes. Como estes sintomas tornaram-se uma parte tãopresente na experiência cotidiana doindivíduo(por ex., "Sempre fui deste jeito", "É assim
que sou"), elesemgeral não sãorelatados, a menos que diretamente investigados peloentrevistador.
Para os distímicos os fatos da vida sãopercebidos com muita amargura e sãomais difíceisde suportar, de forma que as vivênciasdesagradáveis são
ruminadas por muitotempoe revividas comintensidade, sofrimento e emoção. Já as vivênciasmais agradáveis passamquase desapercebidas, são
fugazes e esquecidas com rapidez.
Conviver ou relacionar-se com pessoas assimmau-humoradas, implicantes, exigentes e negativas, digamos, dispensa comentários. Muitas pessoas
distímicasnão procuram ajuda por vergonha, por medode seremvistos como“loucos” ou pessoas psiquicamente problemáticas, masse soubesse da
melhoria nas condições de vida como tratamentocom antidepressivos essas barreiras seriamfacilmente superadas.
para referir:
Ballone GJ - Depressãoe Relacionamento Pessoal - in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revistoem2007
Texto sobre o Ciúme, transcritodo artigode Laine Furtado, publicado na revista Linha Aberta, ano VIII, Ed. 63 de Novembro de 2003.
"Geraldo J. Ballone, especialista em psiquiatria pela ABPe professor doDepartamento de Neuropsiquiatriada Faculdade de Medicina da PUCCAMPde
1980 à 2001, afirma que "emquestões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza freqüentemente se torna vaga e
imprecisa. No ciúme as dúvidas podem se transformar em idéias supervalorizadas ou francamente delirantes.
Depois das idéias de ciúme, a pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas. O ciumento verifica se a pessoa está onde e com quem disse
que estaria, abre correspondências, ouve telefonemas, examina bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o companheiro, contrata
detetives particulares". Toda essatentativa de aliviar sentimentos, alémde reconhecidamente ridícula até peloprópriociumento, não ameniza o mal
estar da dúvida.
Os ciumentos estãoemconstante busca de evidências e confissões que confirmemsuas suspeitasmas, ainda que confirmada pelo companheiro, essa
inquisiçãopermanente traz mais dúvidasainda ao invés de paz. Depoisda capitulação, a confissãodo companheironunca é suficientemente detalhada
ou fidedigna e tudovolta à torturante inquisiçãoanterior.
Existemalguns princípios e conceitos que podem ser de ajuda para a grande maioria de pessoas. A psicóloga Célia Bezerra, de Orlando, afirma que, de
modo geral, o ciúme é uma emoçãocomum. De tempos emtempos somos levados a experimentar esse sentimento nocampo doque poderíamos
chamar "normal". E por ser uma emoção comum, se toma difícil emmuitos casos distinguir entre o normal e o patológico. De modogeralresumimos o
ciúme como umconjunto de emoçõesdesencadeadas por sentimentos que ameaçama estabilidade ouqualidade de um relacionamento íntimo
valorizado, explicou. Ela disse que existemmuitas definições de ciúme, mas geralmente encontramos três elementos emcomum:
1) Ser uma reaçãofrente a uma ameaça percebida.
2) haver um rival real ouimaginário
3) A reaçãovisa eliminar os riscos da perda do" objeto" amado.
O psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, autor do livroCiúme, o medo da perda, que está sendosucessode vendas noBrasil, disse que existemquatrotipos
de ciumentos:o zeloso, o enciumado, o ciumentoe o delirante, capaz de matar caso se sinta traído. Ele afirma que se analisarmos maisdetalhadamente
o ciúme, podemos perceber, logode início, que não se trata de um sentimento voltadopara o outro, mas simvoltadopara si mesmo, para quemo
sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outroousua exclusividade sobre ele. É um sentimentoegocentrado, que pode muito
bem ser associadoà terrível sensação de ser excluído de uma relação. O normal, maiscomum, é a pessoa sentir-se enciumada emsituações eventuais
nas quais, de alguma forma, se veja excluído ouameaçadode exclusãona relaçãocom o outro.
Eduardoafirma que em um graumaior de comprometimento emocional, quandohá uma instabilidade neurótica oude autoafirmação, a pessoa pod e
apresentar-secomo ciumento.
Neste caso, a sensação permanente de angústia e instabilidade, a insegurança em relaçãoa si mesmoe aooutro, além da fragilidade da relaçãoafetiva,
podem levar a pessoa a manter um permanente "estado de tensão", temendoser traídoouabandonado. Qualquer sinal dooutropode significar algoe a
angústia da dúvida corrói a alma de quem é ciumento. Em uma terceira situação, ainda mais grave sobo pontode vista de comprometimentodo
psiquismo, podem ocorrer situaçõesdelirantes em que a desconfiança do ciumentocede lugar a uma certeza infundada de que está mesmosendo
traído ou abandonado.
Mas como saber se o ciúme é normal oudoentio?O ciúme normal e transitório é baseadoemfatos. O maior desejo seria preservar o relacionamento.
No ciúme patológico há geralmente o desejoinconsciente da ameaça de umrival. Para algumas pessoas o ciúme é vistocomozelo , sinal de amor ou
valorizaçãodoparceiro;para outros é uma prova de insegurança e baixa auto-estima. Em ambos os casos existe uma gama de sofrimentopara ambos os
lados envolvidos.
Mas quando se trata dociúme patológicoé necessária uma intervençãoprofissional, porque existemmuitos casos de mortes e tragédias familiares que
apresentam como panode fundo esta enfermidade.
SegundoGeraldoBallone, o ciúme patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamentodo companheiro. Há ainda
preocupaçõesexcessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer comopensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações
sem fim sobre fatos passados e seus detalhes. "O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, que envolve riscos e sofrimentos,
podendo ocorrer em diversos transtornos mentais. Na psicopatologia o ciúme pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias
prevalentes ou idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), o ciúme surge como uma obsessão, normalmente
associada a rituais de verificação", explicou o psiquiatra.
Depressãopós-traição
A traição conjugaltem sidouma dasvivências mais importantespara a reaçãodepressiva.
| Mulher | Sexualidade | Família|
Entre as vivenciascapazesde desencadear reações depressivas o conhecimentoda traição é uma dasmais fortes. Geralmente a pessoa traídaou deixada
pela outra se mobiliza fortemente pelafrustraçãoda perda, pela constataçãoda mentira, pela deslealdade e, nãomenos, pelo vexame e
constrangimentosociale familiar.
O sentimento mais imediatoque a infidelidade provoca, noentanto, é uma mistura de mágoa, contrariedade, ira, arrependimento, ânsia de vingança ou
revanche. Em geral, nessafase de enorme frustraçãoos sentimentos nãosão bemdefinidos, alternando-se de umpara outro, da mágoa para a raiva, do
arrependimentopara a vingança, da sensaçãode impotência para o desesperoda reconquista. “Fiquei sem chão...”, “... meu mundoacabou”, são as
expressões mais ouvidas nessas circunstâncias.
A descoberta da infidelidade pode ser uma dasmais sofríveis e devastadoras vivências. A constataçãoda deslealdade no relacionamentocausaum
sofrimentoproporcional à solidez da convicção prévia de que a posse da pessoa era garantida. Nessas situações, maisimportante que a idéiado
contacto físicoda pessoa infiel com a outra é o sentimentode decepção. Issopode produzir um desencanto muitasvezes definitivo. Pode até existir uma
espécie de perdão... mas a desilusão, desapontamentoe decepção ficam.
Depoisdo estressante choque inicial a pessoa deverá passar para a fase de adaptação. Essa fase, embora seja diferentemente vivenciada de pessoa a
pessoa, costuma ser bastante demorada. Do estresse inicial a pessoa passaa apresentar umquadrofrancamente depressivo. Trata-se de uma reação
depressiva, diferente dos casos dedepressãomaior, de natureza biológica e constitucional.
No caso da depressãopós-traiçãoa origem da depressãoé vivencial, portanto, umaReação Depressiva. A sintomatologia é geralmente típica, como
desinteresse, desânimo, perda de prazer com as coisas, apatia, tristeza, irritabilidade. Pode haver alteraçãodo sono, doapetite e dopeso.
A base da infidelidade é essencialmente multifatorial, mas umdos fatores muito comumé o entorpecimento dorelacionamento, comumente referido
como “desgaste da relação”. Semdúvida, a disponibilidade plena, a constânciae a acomodação sãoos determinantesimportantes doentorpecimento
da relação. Juntocom isso, a crença de que a outra pessoa “deve” suportar as adversidades geradas pelosentimentoda posse é um dos determinantes
finais.
Mais uma grande responsável pelaavassaladora decepção da pessoa traída é outra crença irremovível e natural noser humano;a reciprocidade
automática. As pessoas costumam fazer para as outras aquilo que desejam para si mesmas, comouma espécie de barganha obrigatória. A certeza de
reciprocidade é tão forte que acaba turvandoa razãopara outras possibilidades, comopor exemplo, os sentimentos íntimos da outra pessoa, sua
satisfaçãosobre o relacionamento, suas necessidades básicas de afeição...
De fato a fórmula para um bom relacionamento não é uma receita mágica, nemnova e nem misteriosa. Ela é muitíssimoconhecida e universalmente
propalada aos quatro cantos:o amor é uma construçãodiáriae precisa de cuidados constantes. Caso falte tal zelo, com o tempoa atraçãoe os
sentimentos podem ser cobertos pelopó dodia-a-dia, tirando o brilhode todo relacionamento.
Assim, muitas vezes a vontade de viver oureviver o sentimento eloqüente do amor, juntamente com o propósito de resgatar uma sexualidade prazerosa
e esmaecida nocotidiano, acabamempurrando a busca de taisnecessidades em outra pessoa. O termo“necessidade” usadoaqui é absolutamente
precisonesse contexto, e nãosãoapenasessas duas carências, doamor e da sexualidade.
Existemoutras necessidadesmais pessoais oumesmouniversais para a manutençãode umrelacionamentosadio. Sentir-se uma pessoa admirada,
gostada, desejada, atraente e interessante sãoestímulos que falammuitoalto. A terceira outra pessoa pode ter muitaschances de conquistar se agir
assim.
Um dos grandes riscos de perder a relaçãoé quando a pessoa nutre sentimentos de ser ssempre e plenamente suficiente ao outro, quando aposta que
seus defeitos nãosão significativos ou, pior, que eles devemser afetuosamente suportados pelooutroem nome doamor. Essas pessoas, quando traídas
ou deixadas, promovem uma verdadeira revoluçãoemsuas vidas e na maneira de ser, provandoassim que a falta oua insignificânciados defeitos era
uma fraude. Talvez, se tivessem procedidoas correções dos defeitos “que nãotinham” antes da separação esta nem teriaocorrido.
O desgaste
A frustração, que é o sentimentocausadopor umdesejonãoplenamente satisfeito, é que motiva a Reação Depressiva. Essa dinâmica frustração-
depressão nãoé exclusiva dos casos de traição, evidentemente, e atualmente é a justificativa mais aceita para a crescente incidência de quadros
depressivos. Sereshumanos estãocada vezmais frustrados.
Pode haver tambémuma relaçãoentre o cotidiano social atribuladoe o desgaste das relaçõesinterpessoaisconjugais. De fato o cotidianoé,sobretudo,
ávido por nossoser. Ele, o cotidiano, se apossa da pessoa submetendo-a à tirania de “ter que”;ter que ir aobanco, ter que comprar issoe aquilo, ter
que responder e-mails, cumprir compromissos, enfim, sempre se tem que fazer alguma coisa que acaba distanciandouma pessoa da outra. Por sinal,
devidoa disponibilidade total da outra pessoa, acredita-se erradamente que ela pode esperar quandonãose temmais nada que fazer.
Neste panorama, é claro que se o casal nãoestiver atentoa infindável sucessãode “ter que” o cotidianosugará toda energia necessáriaaobom
relacionamento. A crueldade do cotidianoentorpece a pessoa impedindo-a de perceber a outra comoalguém que temsentimentos, desejos,
necessidades, sonhos, sensibilidades.
As preocupações e temas das conversas giramquase exclusivamente em torno dotrabalho, da casa, empregada, filhos, problemas financeiros e de
saúde, dos parentes. Tudo isso parece nãoexistir emrelaçãoà terceira pessoa dofatídicotriângulo.
No desgaste da relaçãomuitas coisas verdadeiramente interessantesnãosãoditas, as frustrações se transformam emcobranças, em irritação, em
desaforos dissimulados e o silêncio é capaz de machucar. O relacionamentopassa a ser aquela mesmice morna, e mesmoque seja politicamente
educadoele será sentimentalmente gelado.
Essa chatice docotidianode forma alguma é obrigatória, inexorável. Ela aparece quando o dia-a-diaé mal gerenciado, quandoas pessoas se acomodam,
se acovardam, amarelam, e piora muitoquandohá desencantamento, desinteresse. Sem dúvida aqui se aplica o que a psiquiatria recomenda para a
existência saudável:a pessoa deve estar sempre inconformada e sempre adaptada. Issosignifica que por nãoestar conformada elaestará planejando
algopara seuamanhã ser melhor que o hoje. O fatode estar adaptada faz com que elanãoadoeça por causa doinconformismo.
Assim sendo, a pessoa nãodeve se conformar com as crises de mauhumor, comas irritações, grosserias, desleixos, descasos, n egligências. Caso a
pessoa se conforme e desanime estará colaborandopara o preparo dofértil terrenoda infidelidade.
A traição
A traição pode ser conseqüênciade tudoo que foi ditoantes. De nada adianta a pessoa ficar espantada, surpresa, abismada co m a traição, embora
ocorra issotudo fisiologica e inevitavelmente. A infidelidade aparece naturalmente comoconseqüênciada perpetuaçãodoerro e da desesperança.
Para as pessoasque sempre citam comparações esdrúxulas dizendoque apenas o ser humano trai e nãoos animais, é bom saber que, de fato, trair é
uma condiçãohumana por excelência. Evitar issoimplica na pessoa procurar entender o maisrápido possível que está tendoum relacionamento com
“uma pessoa humana”, portanto, com alguémcapaz de sentir, aspirar, desejar, se magoar e se comportar, inclusive capaz de trair, como qualquer
humano.
De qualquer forma é bom saber que a traição está longe de ser uma fraqueza. Nemtampouco é um ato de coragem. Antes disso, é uma conseqüência,
uma atitude fortuita e muitas vezesdesesperada de sentir a vida, principalmente quando esta parece estar se esvaindopelos vãos dos dedos e nãoé
mais encontrada juntoda pessoa amada.
Em geral a traição reflete umverdadeirodescompasso afetivoentre o casal. Alémdos desgastes cotidianos dorelacionamen to, vistos acima, o
descompasso surge tambémquandoum dos dois dirige quase toda a sua energia para alguma coisa externa ao relacionamento, proporcionando ao
outro o sentimentode estar sendo deixadode lado. Issoé comum nohomemque se envolve demais com o trabalho ouna mulher com preferência
exclusiva aos filhos. Por outro lado, se os dois têminteresses na mesma direçãoe na mesma intensidade, além de minimizar as possibilidades de
problemas, pode até solidificar maisa relação.
Autoestima baixa... o estopim
A autoestima é o reflexoda valoraçãoafetiva que a pessoa fazde si mesma. Issoquer dizer que as oscilações do afeto, para mais ou para menos,acabam
fazendoa pessoa se sentir muito bemou muitomal consigomesma. Às vezeso relacionamentonão proporciona boa autoestima e, aocontrário, pode
até contribuir para a piora da mesma. Motivaçõessubterrâneaspodemproporcionar atitudes pejorativas dissimuladas oufalsamente amistosas, enfim,
o resultadofinaldesse comportamentodepreciativo é baixar a autoestima.
O ego da pessoa com baixa autoestima pode ter necessidades dose afirmar “sobre o outro" ou, igualmente ruim, pode estimular a pessoa a testar sua
capacidade de seduçãosobre outraspessoas. Surge uma necessidade emse convencer ser desejável. O comportamentopara testar tais necessidades
favorece a vulnerabilidade à traição.
Enfim, todas essas questões da intimidade emocional podemestimular a aspiraçãode arranjar uma outra pessoa capaz de atender todos os anseios,
carências e necessidades. A opção de estar disponível para outra pessoa pode nascer, crescer e assumir proporções perigosas quandoexiste um
desagradável sentimentode desvantagemexistencial, quandoa pessoa experimenta a carência de se sentir admirada e a carência de motivos para
admirar, quando se sente preterida, deixada de lado, excessivamente criticada e reprimida.
A necessidade de viver novos relacionamentos é forte quandoa relaçãoatual nãopreenche as necessidades. Por conta da relaçãodireta entre
autoestima baixa e vulnerabilidade à traição, umdos focos do tratamentoé nosentidode melhorar o estadoafetivo. A abordagem terapêutica de
pacientes que procuram ajuda por viverem grandesconflitos intrapsíquicos sobre a traiçãovisa melhorar a autoestima.
Os melhores resultados sãoobtidos com a associação da farmacoterapia, a base de antidepressivos, com a psicoterapia, notadamente de natureza
comportamental cognitiva. De certa forma, a mesma abordagemterapêutica deve sesr dispensada à pessoa que pensa em trair, que traiuouque foi
traída, pois, em todas elas a autoestima pode estar absurdamente baixa.
Perfil das vítimas
Uma conclusãointeressante que se pode chegar durante a terapia de algumaspessoas envolvidas pela traiçãoé que quem traiu pode ser tãovítima
quantoquem foi traído. Talvez, se a pessoa que traiufosse atendida emsuasnecessidades afetivasbásicas, nada teriaacontecido.
Não há regras geraisnem generalizações, pois cada caso é um caso. Em geral poucas pessoas se consideramsimplesmente traidores. A maioria reclama
das faltas norelacionamentoque levaram à busca de outras formas de satisfação. Verdade ou não, e isso nemé tão importante, as relaçõesduradouras
acabamproporcionando cobranças de um ladoe apatia do outro.
O cansaço crônicode algumas convivênciasduradouras e negligenciadas favorece a idéia de que uma relaçãonova possa restabelecer a alegriapara a
vida, uma autoestima mais sadia e o resgate doprazer. A pessoa insatisfeita que procura situaçõesmais agradáveis se depara algumasvezes coma
sensação de culpa, embora seja capaz de detectar as necessidades internas que a levaram ao comportamentofugidio da relação. A pessoa insatisfeita
sabe o que está buscandoe o que quer preencher e, muitas vezes, a outra pessoa também sabe disso, embora faça de conta que nãosabe.
Se as condiçõesque criam e mantéma frustraçãodo relacionamento continuam pode, de fato, acontecer a infidelidade. Assim, a s pessoas infiéis
arriscam sem saber o que virá pelafrente e muitas vezes agem por impulso, nãoconsiderandoos abalos que essa infidelidade pode provocar no
relacionamentoe na vida dooutro. Algumasvezes a traição é um acontecimentoautomáticoque simplesmente vai acontecendoao sabor dotempo.
Outras vezesé uma atitude racionalmente considerada e cujas conseqüênciasforam consideradaspreferíveis. Outras vezesainda, trata-se de um
entorpecimentoafetivo que distancia pessoasda realidade, impulsionando-a por certa euforia de ter a possibilidade de mudança de vida.
Geralmente é muito difícilacreditar emquemdiz que “nãosabia, nãopercebianada” e que a traiçãofoi, de fato, totalmente uma surpresa. A postura de
inocênciae de nãopercepção doque estava acontecendonãoisenta o traídode participaçãono evento, muitopelocontrário. Esse "eu não sabiade
nada" pode representar totalfalta de cuidado para com o relacionamento, falta de interesse e atençãocom o que se passa entre duas pessoas que
dizemse amar.
Talveza pessoa traída estivesse tão inebriada por crenças sobre a natureza pétrea de seurelacionamento que nãoseria capazde ver o que se passava
em sua volta. Com incômoda freqüênciavemos o traídocomoum homemvoltadopara o trabalho, para o dinheiroou para seupapel social e, no casoda
mulher, uma pessoa concentrada em sua vida pessoal, doméstica e dos filhos. Homens e mulheres deixados, seja por traiçãoou não, demoram a se
adaptar aoocorridoe geralmente não se conformam nunca mais, embora reconheçam, depois de algum tempo, terem perdoado. Essas pessoas
costumamficar revendo sistematicamente o passadoembusca de onde foi que erraram, doque poderia ter sido feitoe não foi.
Algumas pessoas, comofoi dito, se dizem perplexas por terem sido pegas de surpresa, acreditandoque estava tudomuitobem, que nãohaviamotivos
para a separação outraição, que nãomereciam essa situação, entretanto, quando desejam uma reaproximaçãooureconquista, quasesempre
prometem as mesmas mudanças que antesteriamsidobastante necessárias... Ora, se sabemo que é necessáriomudar para reconquistarema pessoa
amada, é porque sabem que issotudopoderiater sidomudado antes. Em outras palavras, prometer mudançassignifica que as coisas nãoestavam tão
bem assim e que nãohouve um acontecimentototalmente inesperado.
O universo psíquico humanosempre recorreu aoauto-enganopara alívio dos grandesconflitos e complexos. Nessas situaçõesde separação tambémse
recorre ao auto-engano, na maioriadas vezesinconscientemente. Deve ser enfatizado, maisuma vez, que as pessoasdeixadas e que se sentem
“perplexas por teremsidopegas de surpresa”, na realidade talvez não tenhamobservadobem os indícios do que estava para acontecer, tal comouma
espécie de negaçãode fatos que nãose quer ver.
Parece que a falsaconvicçãode um relacionamento que se manteriapara todo o sempre entorpece a sensibilidade para com o outro. Sexualmente
considera-se que, emgeral, a mulher tem atração pelo homemque ama e este, por sua vez, ama a mulher que nele desperta atração. Por isso, emgeral,
os homens temem que sua mulher faça sexo com outro homeme as mulheres temem o envolvimento afetivo, ou seja, que seu homem se apaixone por
outra.
Nos casos onde a pessoa traída temfortes traços obsessivos, ou seja, tem tendência à preocupações excessivas, ruminaçãoansiosade idéias, vocaçãoao
perfeccionismo, tendência aoplanejamento obsessivo de tudona vida, logo, dificuldade em lidar com o planoB, que é motivada por competitividade
acentuada... nessescasos a traição pode desenvolver um indelével e perene sentimento de mágoa e vingança.
O mito do relacionamento indissolúvel
Ao se juntar peloamor o casalestabelece, silenciosae inconscientemente, uma espécie de pactoou trato que será a base para o futuroda vida a dois.
Geralmente esse tratoinconsciente é o resultadode uma negociação préviae silenciosa desde os tempos de namoro,a qual vai se cristalizando na
medida em que as situações vãosurgindo. Assim, o namoro é a oportunidade para os parceiros expressaremas cláusulasdesse trato;suas expectativas,
seus limites, seus valores, para estabelecerem o que esperamdo outro e o que não toleram dele.
Algumas vezesexistemdevaneios neste pacto, comopor exemplo, o famoso "até que a morte os separe". Faltouacrescentar o termo igualmente
fantasiado, "incondicionalmente". Aí sim o devaneiofica quase umdelírio:"até que a morte os separe, incondicionalmente". Ora, excetoas mães em
relação aos seus filhos, os seres humanos nãoaceitam absolutamente nada que tenha caráter incondicional.
O pacto silenciosoe tiranoforjado durante o namoro
pode ser uma coisa interessante, entretanto, nem
sempre esse trato é compreendido por ambas as partes
da mesma maneira. Cada um considera justo esperar
do outro atitudes emseufavor, comose a pessoa fosse
obrigada a saber exatamente o que se deseja dela. Isso
leva, na maioria das vezes, a uma grande decepção,
pois ninguém pode viver para atender expectativas de
outra pessoa.
É assim que, com honestidade, a pessoa deveria trazer para si a culpa por suas própriasexpectativas emrelação ao outro. Não se sabe comonem
porquê um ser humanoenamoradocomeça a imaginar que o outro deva adivinhar exatamente o que é importante para ele. Nãose sabe como nem
porquê esse mesmo ser humano constrói sua expectativa de felicidade exclusivamente dependente da pessoa com quem escolheu compartilhar a vida.
Geralmente a pessoa traída atribui a responsabilidade da traiçãoao traidor, obviamente, enquantoo traidor quase sempre atribui a responsabilidade
peloseuatoao seupar, que vinha negligenciandoo relacionamento há tempos.
Algumas vezeso atoda pessoa que trai dividir a responsabilidade da traiçãocom a pessoa traída é uma espécie de projeçãoda responsabilidade. Melhor
dizendo, issonãodeixa de ser uma espécie de autoengano. É o mesmo autoengano a que todos estamos sujeitos, inconsciente ou hipocritamente, que é
buscar fora de nós as responsabilidades que deveriam ser nossas, em outras palavras, é atribuir aos outros as responsabilidades que sãonossas.
A desagradável sensaçãode ter sidovítima da ousadia da outra pessoa, seja na traiçãoou separação, sempre convoca reflexões. Assim comoo
relacionamentose inicia invariavelmente com a participaçãoe responsabilidade de duas pessoas, também a separação terá a participação invariável
dessas mesmas duas pessoas.
Abordagem e tratamento
A idéia da co-participaçãodocasal, ouda co-responsabilidade na qualidade dorelacionamentoé uma idéia interessante e deve ser melhor explorada nas
terapiasque fazemparte dotratamentodessa ReaçãoDepressiva à traição. Assim, a infidelidade deve ser abordada obrigatoriamente comoum
problema do casale nãoapenas daquele que traiu ouapenas de quemsofreua traição.
Se o casalprocura ajuda porque está passandopor um períodoturbulento, ou seja, antes da infidelidade propriamente dita acontecer, a atenção deve
ser dirigida para a quase certa quebra do pacto que existia entre o casal. Essa quebra do contratopode dever-se a uma ouambas pessoas. Nessescasos
uma pessoa ouas duassentiramsuas expectativas frustradas, sentiram-se traídas noprojetoamoroso, independente da traição literal já ter acontecido
ou não.
Não se pretende tratar a traição oua separação, obviamente, pois nada dissoé doença. A psiquiatriae a psicologia sãoconvocadas a tratar as
conseqüências emocionais desses episódios na vida do casal. Algumas vezes, dependendoda intensidade doquadrodepressivo decorrente dessa
vivencia traumática, será necessárioo usode antidepressivos, porém, sempre em conjuntocom a psicoterapia.
O fato da depressãoser de origem externa, nesses casos chamada de Depressão Reativa, não isenta o usode antidepressivos, pois o sofrimentoe a
gravidade são tãosignificativos quanto da chamada Depressão Maior, de origem biológica. Enquantoa medicaçãoantidepressiva melhora o ajustamento
afetivo à vivência causadora, diminuindoassim a reaçãovivencial depressiva, o tratamento psicoterápicodeve discutir a situaçãoatuale as perspectivas
futuras.
Aos casaisque optamcontinuar o relacionamentoa superação da traiçãoé a meta da terapia. O foco nãodeve se restringir apenas aoperdão, uma vez
que nemsempre a maior parcela da culpa é de quemtraiu. Superar a vivência significa ir alémdoperdão, significa virar a página, e definitivamente. As
lições decorrentesdessavivência traumática devem permanecer e cristalizar ainda mais o relacionamento.
Algumas pessoas insistemem dizer nãoterem feitoabsolutamente nada que justificasse a traiçãoouseparaçãoda qual foram vítimas. Porém, deve
fazer parte do ficcioso“manual de abordagem terapêutica para traídos e traidores” que nem sempre apenas as másatitudes resultam emdesarmonias e
descontentamentos conjugais. As não-atitudes, a não-participação, a apatia, descaso, desinteresse e até o silêncio tambémsão formas de agressão.
As pessoas podem ser sempre melhores para seus pares, diminuindo assim as chances de perda do encantamento, ouseja, dorelacionamento. E tanto
as pessoas podem ser melhores que aquelasdeixadas produzemgrandes transformaçõesem suas vidasdepoisdo fim da relação:perdemo peso
excessivo, deixamde fumar, entramemacademias, fazemlipoaspiração, lifting, clareamento dos dentes, mudança de hábitos, procuram tratar o ronco
noturno, o mauhumor. Embora tudoissofaça parte do aresenal usado para melhorar a autoestima da pessoa que se sente deixada outraída, mostra
tambémque tudoissopoderia ter sidofeitoantese ter melhoradoo relacionamentoagonizante.
Ballone, GJ - Depressãopós-traição, in. PsiqWeb, Psiquiatria Geral, disponível na Internet em http://www.psiqweb.med.br/, 2011
O site Terra - Mulher publicou uma lista de 15 sinais preditivos de iminente traição masculina ou traição já consolidade. Tenha ou não validade, no
mínimo é interessante e divertido. Veja:
15 atitudes que podem indicar que você está sendo traída:
1) O parceiro começa a dizer que precisa de um espaço só dele, sendo que antes o casal fazia tudo junto
2) Começam as reuniões com os amigos, onde a presença do outro é totalmente dispensável e imprópria
3) Ele está mais interessado em comprar roupas novas ou há momentos em que sai de casa mais arrumado para fazer ações banais, como "tomar um ar"
4) Seu parceiro há algum tempo começou a trabalhar até tarde e a ter reuniões no final de semana, mesmo sem mudança aparente no emprego
5) Ele tem se irritado ou fica estressado com facilidade
6) Mudança no comportamento: ele está mais amável do que o normal ou então você percebe que muitas vezes tem ficado como segundo plano
7) Sempre que está ao seu lado e o celular dele toca ele fica sobressaltado ou quer ficar sozinho para atendê-lo
8) Quando você telefona dificilmente consegue falar com ele
9) O apetite sexual dele mudou. O tempo todo está ocupado ou cansado demais para você ou então de uma hora para outra quer fazer sexo a todo
instante com medo de que você perceba que ele tem outra
10) Ele começa a chegar sempre atrasado em compromissos
11) Ele tem crises excessivas de ciúmes
12) Quando chegam as contas, ele trata de pegá-las rapidinho para esconder gastos com telefonemas pelo celular ou com cartões de crédito em
restaurantes, motéis, presentes para a amante
13) Ele critica outros infiéis
14) Ele se incomoda de ver você muito quieta, com medo que você desconfie da traição
15) Ele começa a achar tudo caro e costuma dizer com freqüência que vocês precisam fazer passeios mais baratos para economizar dinheiro
TOC - TranstornoObsessivo-Compulsivo
Manias, idéiasabsurdas que não se consegue evitar, comportamentos compulsivos...
| Obsessões-Compulsões |
As características essenciais do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) sãoobsessões oucompulsões recorrentes e suficientemente graves para
consumirem tempo oucausar sofrimentoacentuado à pessoa. Leigamente, diz-se que a pessoa tem váriasmanias esquisitasou estranhas mas,
normalmente, o próprioportador de TOCsabe que suas manias, obsessões e/oucompulsões sãoexcessivas ouirracionais.
Para entender melhor, vamos começar definindomelhor o que sãoas obsessõese as compulsões, as primeiras, alteraçõesdo pensamento (veremos
tambémna seçãoPsicopatologia), as segundas, do controle dos impulsos.
Obsessõessão pensamentos ou idéias (p. ex. dúvidas), impulsos, imagens, cenas, enfim, sãoatitudesmentaisque invadema consciência d e forma
involuntária, repetitiva, persistente e normalmente absurdas. Essas idéiasobsessivassãoounãoseguidasde rituaisdestinados a neutralizá-los, as
compulsões.
Os pesamentos obsessivos sãoexperimentados comointrusivos, inapropriados ouestranhos pelo próprio paciente, o que acaba ca usandomais
ansiedade e desconfortoemocional. A pessoa tenta resistir a esses pensamentos, ignorá-los ousuprimi-los com açõesou comoutros pensamentos, mas
sempre, o própriopaciente reconhece tudoisso como produtode sua mente e nãocomose fossem originados de fora (comoocorre na esquizofrenia).
Compulsõessãocomportamentos repetitivos (p.ex.lavar as mãos, fazer verificações, fechar portas4 vezes), ou atos mentais (rezar,contar, repetir
palavras oufrases)que a pessoa é levada a executar em resposta a uma obsessãoouemvirtude de regras(autoimpostas) que devem ser seguidas
rigidamente.
Os comportamentos ouattudes mentais compulsivas são destinadas a prevenir ou reduzir o desconforto gerado pela obsessão, ou prevenir alguma
situação ouevento temidos. Como dissemos, o própriopaciente percebe que essas atitudesnãopossuem uma conexãorealística ou direta com o que
pretendem evitar, ou que são claramente excessivas, masessa crítica não é suficiente para inibir a compulsão.
A intromissãoindesejável de umpensamentono campoda consciência de maneira insistente e repetitiva, reconhecidopeloindivíduocomoum
fenômenoincômodoe absurdo, é denominadode Pensamento Obsessivo. Portanto, para que um pensamento seja considerado Obsessão é necessárioo
aspectoinvoluntário, bem como o reconhecimento de sua conotaçãoilógica e absurda pelopróprio paciente, ou seja, ele deve ter crítica sobre o
aspectoirreale esdrúxulodesta idéia indesejável.
As Obsessões estãotãoenraizadas na consciência que nãopodemser removidassimplesmente por um aconselhamento razoável, nem por livre decisão
do paciente. Elasparecem ter existência emancipada da vontade e, por nãocomprometerem o juízocrítico, os próprios pacientes têma exata noçãodo
absurdode seu conteúdomental. Em maior ou menor grau, as Idéias Obsessivas ocorrem emtodas as pessoas, notadamente quando crianças. Com o
amadurecimentodoSistema Nervoso Central as pessoas normaisvão deixandoa maioria das IdéiasObsessivas.
As Idéias Obsessivas que normalmente as pessoas costumam ter, sem que sejamconsideradaspacientes de TOC, podem aparecer, por exemplo,
como uma musiquinha conhecida que não saida cabeça, oua idéia de que pode haver um bichodebaixo da cama, ou que o gás pode estar
aberto apesar da lógica sugerir estar fechado. Em criançasaparecem como umcertoimpedimentoempisar nos riscos da calçada, uma obrigatoriedade
em contar as árvoresda rua ouos carros que passam, etc. Estasidéiasobrigatórias, quandoexageradas e causadoras de significativa ansiedade ou
sofrimento, constituem quadro patológico.
Os temas das Idéias Obsessivas nos pacientescom TOCpode ser extremamente variável, entretanto, em grande númerode vezes dizrespeitoà higiene,
contaminação, transmissão de doenças, bactérias, vírus, organização ou coisas assim. É muitofreqüente também a existênciade Idéias Obsessivas sobre
um eventual impulso suicida, comopor exemplo, a idéia de ter um impulsoincontrolável e saltar da janela de edifícios altos, ou ser acometido
subitamente por impulsos de agressãoe ferir pessoas, principalmente os filhos.
Neste últimocaso, a obsessãoestá justamente em acreditar que, diante de um malestar súbito, a pessoa venha a perder o controle e executar,
impulsivamente, aquiloque sugere tais idéias mas, aocontráriodoque podem pensar algumas pessoas, o paciente com TOCnãorealiza essesatos,
apenas tem medode vir a fazer.
São muitos os exemplos de pessoasque adotamuma conduta excêntrica motivadas pelaobsessão da contaminaçãoou pelo medo continuado de
contágiodiante de qualquer coisa que lhes pareça suspeita. Há ainda, casos de pessoas que se sentem extremamente desconfortáveis quandopróximas
de objetos pontiagudos, facas, foices, etc, devidoa idéia indesejável de que podem, repentinamente e misteriosamente, perder o controle e matar uma
pessoa querida.
Desta feita, a Obsessãoé um processomental que tem caráter forçado, uma idéia associada a umsentimento penoso que se apresenta ao espíritode
modo repetidoe incoercível. Sãoidéiasimpostasaopsiquismo, incômodase sentidascomoinvoluntárias, as quais entram na mente contra uma
resistência consciente.
A similaridade entre Obsessõese Fobiasfoi observada já em 1878 por Westphal, criador dotermo Fobias Obsessivas. Seriammedos que dominama
consciência, e que embora sejam reconhecidos como anormais, o paciente que nãoconsegue suprimi-los. Aliás, vê-se muito bem, nos exemplos práticos,
o componente de medoque normalmente acompanha as idéias Obsessivas.
A Obsessão com déias de doença e contaminaçãopode ser entendida como uma Fobiade doença, uma ruminaçãomental sem fim em tornoda
possibilidade de sofrer qualquer tipode doença. Ainda que o fenômenoobsessivo seja distinto do fenômenofóbico, é sempre bom ter em mente que
ambos podem ser facesdistintasde uma mesma moeda ou, o que mais provavelmente poderia ser, a fobia pode estar originandouma obsessãoe vice-
versa.
TranstornoObsessivo-Compulsivo
Os Pensamentos Obsessivos, comosintomas, sãoestudados na página ssobre Alteraçõesdo Conteúdodo Pensamento. Comodissemos, são idéias de
caráter obrigatórioe impostas ao indivíduo, independente de sua vontade, mesmosendocontrárias aos argumentos de sua lógica e de seujuízo.
Essa característica faz comque as pessoas poucofamiliarizadas com assuntos dessanatureza, se espantem com o fatode Fulano, "tãointeligente",
possa estar sendodominadopor idéiasque escapam de sua vontade. Acreditamque isso possa ser uma espécie de "fraqueza mental" e falta de um
pensamento, digamos, forte o suficiente para dominar tais pensamentos. Além de não ajudarem o paciente, ainda deixam-nocom complexode culpa,
de fraco, de incompetente...
ara o diagnósticode TranstornoObsessivo-Compulsivo, os pensamentos obsessivos, e as conseqüentes compulsões deles decorrentes, devemser
suficientemente intensos para causar sofrimentoacentuado, consumir tempo, interferir significativamente na rotina normal da pessoa, no
funcionamento ocupacional ou nas atividadese relacionamentos sociais.
As Compulsões, como vimos, são comportamentos repetitivos e intencionais (apesar de quase involuntários), desempenhados emresposta à Idéia
Obsessiva e com a finalidade de prevenir o desconforto de um supostoacontecimentoterrível. Os atos compulsivos são ritualísticos, estereotipados e
absurdos e, casonãosejam realizados à contento, a ansiedade acoplada à idéia obsessiva acerca de algumprovável acontecimentodesagradável passa a
incomodar muitoo paciente.
Normalmente os atos compulsivos envolvem atitudes de higiene, comopor exemplo, lavar as mãos, limpar coisas metodicamente, ouatitudesde
contar, conferir, arrumar. Outras vezes, implicam emtocar ou olhar objetos de maneira ritualística.
Incidência
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo era considerado, até pouco tempo, uma doença "oficialmente" rara. Dissemos "oficialmente", porque se levava em
conta, para o estabelecimentode sua incidência ouprevalência, apenas o pequeno númerode pacientes que procuravam atendimento psiquiátrico
especializado. Hoje em dia, a procura dotratamento especializado mudouesses índices significativamente. Jenicke (1990) calculouque esse diagnóstico
está em torno de 10% de todos os pacientes que procuram atendimento de psiquiatria.
O Epidemiologic Catchment Study (ECA), norte-americano, encontrouinicialmente uma prevalênciapara toda a vida de 2,5%. Karno mais recentemente
(1988) estabeleceucifras de 3,0% para a prevalência doTOCpara toda a vida e de 1,6% em 6 meses (Bland,1988). Estascifraspodem ser
supervalorizadas, pois foram obtidas por entrevistadores leigos doECA. Cálculos mais recentes estimamaoredor de 0,3% a prevalência para a
população(Flament, 1988).
As cifras citadas podem estar subestimadas, poisos indivíduos com TOCtêm vergonha de seus sintomas, não estãoincapacitados pelos mesmos e
muitas vezes não se dãoconta de que o que sentemsãomanifestações patológicas.Levandoestes fatos em conta,Jenicke (1990) calcula que seja de 1 a
2% o risco que as pessoas temde desenvolverTOC. O DSM-IV, por sua vez, estima a prevalência para toda a vida, ao redor de 2,5% e de entre 1,5 a 2,1%
a prevalência para o períodode um ano.
A incidência do TOCé maior empessoascom conflitos conjugais, divorciados, separados e desempregados. É maior também nos familiares de 1º grau (3
a 7%) de portadores de TOC, é igualmente presente entre homens e mulheres, sendo umpoucomais freqüente em adolescentesmasculinos (75%). O
inícioda doença se dá em torno dos 20 anos, mas nãoé incomumem crianças. TOC- Fisiopatologia
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  • 1. Codependência Alguns familiares, cônjuges e companheiros(as), se dedicam excessivamente aos parentescom alcoolismo, drogas ououtros transtornos da personalidade. | Família | Dependências | Intrigante e até misteriosa, é a aparente perseverança com que alguns familiares, normalmente cônjugese companheiros(as), se dedicam aos parentes com problemas de dependência, alcoolismo, jogopatológicoou outro transtornograve da personalidade. Difícil entender como e porque essas pessoas suportamheroicamente todotipode comportamento problemático, ouaté atitudes sociopáticasdos companheiros(as), comose assumissemuma espécie de desígnioou “carma”, para o qualfossem condenados para todoo sempre. Nãose consegue compreender porque essaspessoasabrem mão da possibilidade de ser feliz oude diminuir o sofrimento, permanecendoatreladas à pessoa problemática, suportando toda a ti rania de sua anormalidade, como se esse fosse o único papel reservadopelodestino. Os profissionais comprática noexercícioda clínica psiquiátrica sabemdas dificuldades existenciaisdessas pessoascodependentes, ouseja, “dependentes” dos companheiros(as) problemáticos, quando estes deixamo vício. Parece que os codependentesficaram órfãos, de uma hora para outra, perdidos e sem propósito de vida. Nãoé raro que passem elas, as pessoas codependentes, a apresentar problemassemelhantesàqueles dos antigos dependentes que cuidavam. Codependência é um transtornoemocional definido e conceituado por volta dasdécadas de 70 e 80, relacionada aos familiares dos dependentes químicos, e atualmente estendidotambém aos casos de alcoolismo, de jogo patológico e outros problemas sérios da personalidade. Codependentes sãoesses familiares, normalmente cônjuge ou companheira(o), que vivem em funçãoda pessoa problemática, fazendo desta tutela obsessiva a razão de suas vidas, sentindo-se úteis e com objetivos apenas quandoestãodiante do dependente e de seus problemas. São pessoas que têm baixa auto-estima, intenso sentimentode culpa e nãoconseguem se desvencilhar da pessoa dependente. O que parece ficar claroé que os codependentesvivem tentando ajudar a outra pessoa, esquecendo, na maior parte dotempo, de cuidar de sua própria vida, auto-anulandosua própria pessoa em função dooutro e dos comportamentos insanos desse outro. Essa atitude patológica costuma acometer mães (e pais), esposas(e maridos) e namoradas(os) de alcoolistas, dependentes químicos, jogadores compulsivos, alguns sociopatas, sexuais compulsivos, etc. O Codependente é Atado na pessoa problema Uma expressãoque representa bem a maneira comoo codependente adere à pessoa problemática é atadura emocional. Dizemos que existe atadura emocional quandouma pessoa se encontra atrelada emocionalmente a coisas negativas oupatológicasde alguémque o rodeia;seja esposo, filho, parente, companheirode trabalho, etc. Devida a essasamarras emocionaiso codependente passa a ser quase umoutrodependente (da pessoa problemática). A Codependênciase manifesta de duas maneiras:como umintrometimentoem todasas coisas da pessoa problema, incluindohoráriode tomar banho, alimentação, vestuário, enfim, tudoo que diz respeito à vida dooutro. Em segundo, tomandopara si as responsabilidades doo utra pessoa. Evidentemente, ambasatitudes propiciam umcomportamento maisirresponsável ainda por parte da pessoa problemática. Percebe-se na codependência um conjuntode padrões de conduta e pensamentos (patológicos)que, além compulsivos, produzem sofrimento. O codependente almeja ser, realmente, o salvador, protetor ouconsertador da outra pessoa, mesmo que para issoele esteja comprovadamente prejudicandoe agravandoo problema do outro. Como se nota, o problema docodependente é muitomais dele próprio doque da pessoa problemática e, normalmente, a nobre função do codependente depende da capacidade de ajudar ou salvar a outra pessoa, que sempre é transformada em vítima e não responsável pelos próprios problemas. Por causa doenvolvimentode toda a família nos problemasdo dependente oualcoolista, considera-se que o alcoolismoouo usonocivode drogas é uma doença que afeta nãoapenas o dependente, mas também a família. Sintomas da Codependência A Codependênciaé uma condiçãoespecífica que se caracteriza por uma preocupação e uma dependênciaexcessivas (emocional, social e a vezes física), de uma pessoa emrelaçãoà outra, reconhecidamente problemática. Depender tantoassimde outra pessoa se converte em uma condição patológica que caracteriza o codependente, comprometendosuasrelações com as demais pessoas. Em poucotempoo codependente começa a achar que ninguém apóia a pessoa problema (comoele), que ambos são incompreendidos, ele e a pessoa problemática, ambos não recebemo apoio merecido, etc. O Codependente temseupróprioestilode vida e seu modo de se relacionar consigopróprio, com os demais e com a pessoa problemática. Devido sua baixa auto-estima, ele sempre se preocupa mais com os outros doque consigo mesmo (pelomenos aparentemente). A pessoa codependente nãosabe se divertir normalmente porque leva a vida demasiadamente a sério, parecendohaver umcerto orgulhoem carregar tamanha cruz, emsuportar as ofensas, humilhações e frustrações. Comoele precisa desesperadamente da aprovaçãodos demais, porque no fundo ele mesmosabe que está exagerandoem seus cuidados com a pessoa problemática, procura ter complacência e compreensão comtodos por uma simples questãode reciprocidade (quer que os outros tambémentendamo que está fazendo). A Codependênciase caracteriza por uma série de sintomas e atitudes mais oumenos teatrais, e cheiasde Mecanismos de Defesa, tais como: 1. - Dificuldade para estabelecer e manter relações íntimas sadiase normais, semque grude muitoou dependa muitodo outro 2. - Congelamento emocional. Mesmo diante dos absurdos cometidos pelapessoa problemática o codependente mantém-se com a serenidade própria dos mártires. 3. - Perfeccionismo. Da boca para fora, ouseja, ele professa umperfeccionismoque, na realidade ele queria que a pessoa problemática tivesse. 4. - Necessidade obsessiva de controlar a conduta de outros. Palpites, recomendações, preocupações, gentilezasquase exageradas fazemcom que o codependente esteja sempre super solícitocom quase todos (assim ele justificariaque sua solicitude nãoé apenas com a pessoa problemática). 5. - Condutas pseudo-compulsivas. Se o codependente paga as dívidasda pessoa problemática ele “nunca sabe bem porque fez isso”, diz que não consegue se controlar. 6. – Sentir-se responsável pelas condutasde outros. Na realidade ele se sente mesmoresponsável pela conduta da pessoa problemática, mas para que issonão motive críticas, ele aparenta ser responsável tambémpela conduta dos outros. 7. - Profundos sentimentos de incapacidade. Nunca tudoaquiloque fez ouestá fazendopela pessoa problemática parece ser satisfatório. 8. – Constante sentimentode vergonha, como se a conduta extremamente inadequada da pessoa problemática fosse, de fato, sua.
  • 2. 9. – Baixa autoestima. 10. - Dependênciada aprovação externa, até por uma questãoda própria auto-estima. 11. - Dores de cabeça e das costas crônicas que aparecemcomo somatizaçãoda ansiedade. 12. - Gastrite e diarréiacrônicas, comoenvolvimentopsicossomáticoda angústia e conflito. 13. - Depressão. Resultadofinal Parece um nobre empenhoajudar a outraspessoas que se estão se autodestruindo, como nocasodos alcoolistas ou dependentesq uímicos, dojogo ou do sexo compulsivos. Entretanto, se quemajuda se esquece de si mesmo, se entrega à vida da outra pessoa problemática, entãoestamos diante da Codependência. A dor na Codependência é maior que o amor que se recebe e se uma relaçãohumana resulta prejudicial para a saúde física, moral ou espiritual, ela deve ser desencorajada. Na realidade a codependência é uma espécie de falso-amor, uma vez que parece ser destrutivo, tendoemvista que pode agravar o problema em questão, seja a dependência química, alcoolismo, transtornos de personalidade, etc. Todoamor que nãoproduz paz, mas sim angústia ou culpa, está contaminado de codependência, é um amor patológico, obsessivo é bastante destrutivo. Ao não produzir paz interior nem crescim entoespiritual, a codependênciacria amargura, angustia e culpa, obviamente, ela não leva à felicidade. Então, vendod esse jeito, a codependência aparenta ser amor, mas é egoísmo, medo da perda de controle, da perda da relação em si. DisfunçãoFamiliar Na família da pessoa problemática as relações familiares e a comunicaçãointerpessoal vãose tornando cada vez mais complicadas. A comunicaçãose faz mais confusa e indireta, de modoque é mais fácil encobrir e justificar a conduta do dependente doque discuti-la. Esta dificuldade (disfunção) vai se convertendoem estilo de vida familiar e produzindo, emmuitos casos, o isolamentoda família dos contatos sociais cotidianos. As regrasfamiliares se tornam confusas, rígidas e injustaspara seus membros, de forma que os deverespassam a ser distorcidos, com algum prejuízo d aspessoasque nãotêm problemas e privilégios da pessoa problemática. Como se vê, a conduta codependente é uma resposta doentia ao comportamentoda pessoa problemática, e se converte emum fator chave na evolução da dependência, istoé, a codependência promove o agravamentoda situaçãoda pessoa problemática, processochamadode facilitação. Mas, os codependentes não se dãoconta de que estãofacilitandoo agravamento doproblema, emparte pela negaçãoe emparte porque estãoconvencidos de que sua conduta esta justificada, uma vez que estão “ajudando” o dependente a nãose deteriorar ainda mais e que a família nãose desintegre. Costuma ser mais freqüente doque se pensa, as pessoas codependentes buscarem ajuda médica, porém, sem que tenham crítica de tratar-sede codependência. Antes disso, essas pessoas se queixamde depressãoou simplesmente de estresse. Os profissionais de saúde que trabalham na área de dependências, corremsempre o risco de desenvolver codependência comoresultadoda exposição crônica à dependência dos pacientes. As manifestações dessa codependência profissionalsãomuito variadas, podendo dizer respeitoà assumir franca e pesada responsabilidade pelo dependente, protege-lodas conseqüências de suasdecisões, e dar-lhe sermõesrepetitivos, enfim, assumir atitudes que ultrapassam as funçõesdo profissional. Quandoacontece a codependência emprofissionais da área (médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, pessoal da enfermagem), normalmente não há uma crítica imediata da situação, senãoa sensaçãode que todasas atitudes objetivam genuinamente ajudar o paciente. Entretanto, a codependência está longe de ajudar, sendomais provável umagravamento da dependênciaou uma facilitação. O impactoque a família sofre como usode drogas por um de seus membros é correspondente as reações que vão ocorrendocom o sujeitoque a utiliza. Este impactopode ser descritoatravés de quatroestágios pelos quaisa família progressivamente passa soba influência dasd rogas e álcool: 1. Na primeira etapa, é preponderantemente o Mecanismo de Negação. Ocorre tensãoe desentendimentoe as pessoasdeixam de falar sobre o que realmente pensam e sentem. 2. Em um segundomomento, a família demonstra muita preocupaçãocom essa questão, tentando controlar o uso da droga, bem como as suas conseqüências físicas, emocionais, nocampodotrabalho e no convívio social. Mentirase cumplicidades relativas aousoabusivo de álcool e drogas instauramum clima de segredofamiliar. A regra é nãofalar doassunto, mantendo a ilusãode que as drogase álcool nãoestão causando problemas na família. 3. Na terceira fase, a desorganização da família é enorme. Seus membros assumem papéisrígidos e previsíveis, servindo de facilitadores. As famílias assumem responsabilidades de atos que nãosão seus, e assim o dependente químicoperde a oportunidade de perceber as conseqüências do abuso de álcool e drogas. ? comumocorrer uma inversão de papéise funções, comopor exemplo, a esposaque passa a assumir todas as responsabilidades de casa em decorrência o alcoolismodo marido, ou a filha mais velha que passa a cuidar dos irmãos em conseqüência do uso de drogasda mãe. 4. O quarto estágioé caracterizado pela exaustãoemocional, podendosurgir graves distúrbios de comportamento e de saúde emtodos os membros. A situação fica insustentável, levandoao afastamentoentre os membros gerando desestruturaçãofamiliar Recuperaçãoda Codependência A Codependênciatambémpode ser agravante e desencadeante de depressão, suicídio, doenças psicossomáticas, e outros transtornos. Os grupos de ajuda para familiares de dependentes (químicos e alcoólicos)visam, principalmente, reverter este quadro, orientandoos familiares a adotarem comportamentos mais saudáveis. Os profissionais acham que o primeiropasso em direçãoa esta mudança é tomar consciênciae aceitar o problema. O tratamento da Codependência pode consistir de psicoterapia, grupos de autoajuda, terapia familiar e em alguns casos, antidepressivos e ansiolíticos. Os grupos de autoajuda para familiares de dependentes, tais como, Alanome CodependentesAnônimos sãode grande utilidade no processo de recuperaçãofamiliar da codependência. Codependentes Anônimos Nos mesmos moldes dos Alcoólicos Anônimos, Codependentes Anônimos são grupos de ajuda com metodologia de relatoem grupoe doestímulopara observância de algumas recomendações disciplinares e de alguns passos importantes. As chamadas Doze Tradições dos Codependentes Anônimos foram adaptados das 12 Tradiçõesde Alcoólicos Anônimos conforme abaixo: 1- Nossobem-estar comum deve estar sempre emprimeirolugar;a recuperação pessoal depende da unidade de Codependentes Anônimos. 2- Somente uma autoridade preside, emúltima análise, ao nosso propósito comum – um Poder Superior amantíssimoque Se manifesta emnossa consciência coletiva. Nossos líderes sãoapenas servidores de confiança;não têmpoderes para governar. 3- O único requisitopara ser membro da unidade de Codependentes Anônimos é ter um sincero desejo para relacionamentos saudáveis e amorosos.
  • 3. 4- Cada Grupodeve ser autônomo, salvoem assuntos que afetam outros Grupos, ouCodependentes Anônimos como umtodo. 5- Cada Grupotemum único propósitoprimordial – levar sua mensagemaoCodependente que ainda sofre. 6- Um Grupo de Codependentes Anônimos nunca deverá jamais endossar, financiar ouemprestar o nome de CodependentesAnônimos a qualquer sociedade parecida ouempreendimento alheioà irmandade, para que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio nãonos desviemde nosso propósitoespiritual. 7- Cada Grupodeverá ser totalmente auto-sustentável, recusandoassim contribuições de fora. 8- CodependentesAnônimos deverá permanecer sempre nãoprofissional,embora nossos centros de serviços possamempregar trabalhad ores especializados 9- CodependentesAnônimos, jamaisdeverá organizar-se como tal;podemos, porém, criar juntas oucomitêsde serviçodiretamente responsáveis perante aqueles a quemprestam serviços. 10- CodependentesAnônimos não opinamsobre questões alheia à Irmandade, portanto, o nome de CodependentesAnônimos, jamais d everá aparecer em controvérsias públicas. 11- Nossasrelações com o públicobaseiam-se na atraçãoem vez da promoção;cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal emnível de imprensa, rádioe filmes. 12- O anonimatoé a base espiritual de todas as nossasTradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades. Vejamos agora os Doze Passos de Codependentes Anônimos, também adaptados dos 12 Passos de Alcoólicos Anônimos 1- Admitimos que éramos impotentes perante os outros - que nossas vidas haviamse tornadoincontroláveis. 2- Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós, poderia nos devolver a sanidade. 3- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidado de Deus como nós O concebíamos. 4- Fizemos um destemidoe minuciosoinventáriomoral de nós mesmos. 5- Admitimos perante a Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas. 6- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos essesdefeitos de caráter. 7- Humildemente rogamos a Deus para que nos livrasse de nossas imperfeições. 8- Fizemos uma relaçãode todas as pessoas a quemtínhamos prejudicadoe nos dispusemos a reparar os danos a elas causados. 9- Fizemos reparações diretasdos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, excetoquandofazê-losignificasse prejudicá-las oua outrem. 10- Continuamos fazendo o inventáriopessoal, e quandonós estávamos errados, nós o admitíamos prontamente. 11- Procuramos através da prece e da meditação melhorar nossocontatoconsciente com Deus comonós O concebíamos, rogandoapenas o conhecimentode Sua vontade emrelaçãoa nós e força para realizar essavontade. 12- Tendoexperimentado umdespertar espiritual, graçasa estes Passos, procuramos levar e sta mensagem para outros codependentese praticar estes princípios em todos as nossas atividades. A AmericanSocietyof AddictionMedicine propõe três fases para o tratamentode famílias de dependentesquímicos, sendoque o nível de intervenção varia de acordo coma meta de tratamentoestabelecida, bem comoas necessidades da família. A tabela abaixo sumariza os níveis de intervenção familiar de acordocom as fases: Fase I:- 1. Trabalhar a negação;- 2. Interromper o consumode substâncias Fase II:- 1. Prevenir recaídas;- 2. Estabilizar a família, melhorando seu funcionamento. Fase III:- 1. Aumentar a intimidade do casal, noplanoemocional e sexual. Segundoa psicóloga Neliana Buzi Figlie, especialista em dependênciaquímica, a Fase Iobjetiva que o dependente a atinja a abstinência. Para tal é importante auxiliar as pessoas a assumir a responsabilidade sobre seus comportamentos e sentimentos. Por vezes, alguns membros podem ser atendidos conjuntamente, enfatizando a diminuição da reatividade do impactode um familiar nos outros. Ao pensar no modelo de doença, nesta fase é trabalhadoo conceitode Codependência. No referencialsistêmico, o fococentra-se na esposa definir uma posição de modoa quebrar o circulorepetitivo dofuncionamento familiar e desta forma, auxiliar o dependente emsua recuperação. O referencialcomportamental trabalha coma perspectiva de visualizar comportamentos do cônjuge que reforcemo comportamentoaditivo, almejandoa substituiçãopor comportamentos que reforcema sobriedade. Na Fase II, ainda segundo Neliana Buzi Figlie, o foco é identificar padrões disfuncionais na família comoum todo, tanto na família de origem, quanto da família de procriação. Nesta fase é importante retomar rituais familiarese conforme o graude dificuldade, o encaminhamento para uma psicoterapia familiar especializada pode ser realizado. A Fase III é definida como uma nova fronteira no tratamentoda dependência química, sendo uma dasáreasmenos exploradas e talvez uma das mais controversas. Muitotempoapós a cessação doconsumode substâncias, alguns relacionamentos continuamdesgastados. Nesta fase o tratamentotem como meta aumentar a intimidade docasal e a participação de ambos noprocesso é fundamental. Em termos de modalidadesde tratamentos psicológicos, Neliana Buzi Figlie discorre sobre 4 tipos: Grupos de Pares, onde os membros da família são distribuídos emdiferentes grupos dependentes químicos, pais, mães, irmãos, cônjuges, etc. A interaçãoentre pares é facilitadora de mudanças, uma vez que escutar de um par nãoé o mesmo que escutar de umprofissional, porque o par passa por situaçãosemelhante e nãoé alvo de fantasias e idealizações comoo terapeuta. Grupos de Multifamiliares. Através de umencontro de famílias que compartilham da mesma problemática, cria-se um novo espaço terapêutico que permite umricointercâmbioa partir da solidariedade e ajuda mútua, onde as famíliasse convocampara ajudar a solucionar o problema de uma e de todas, gerandoum efeitoem rede. Todasas famílias são participantes e destinatárias de ajuda. Psicoterapia de Casal, onde os casais podem ser atendidos individualmente outambém emgrupos, uma vez que o profissional tenha habilidadespara conduzir as sessões sem expor particularidadesque não sejamadequadas aotema focado. Psicoterapia Familiar. Aqui a é a abordagem maisespecializada segundoum referencial teóricode escolha doprofissionalpara a compreensão dopadrão familiar e intervenção. Nesta modalidade se reúne a família e o dependente químico. para referir: Ballone GJ - Codependência- in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2008.Transcriçãoda reportagemintitulada"Jovem sabe o que há de errado com a família", de autoria de DanielaTófoli e publicadono Jornal da Tarde de 11/02/03
  • 4. Os adolescentessão mesmo implacáveis. Enquantopaise especialistas vêm se perguntandoo que está acontecendocom a família e buscandorespostas em teorias diversas, os filhos respondem sem pensar duas vezes:" - estão faltando pulso firme e diálogo". Para os jovens, nãoé tão difícilassim entender porque crimesentre parentes, como o dopaique pode ter envenenado a própria filha em Minas Gerais ou o de Suzane von Richthofen, estãoocorrendo. Menos estarrecidos com as notíciasdo que seus pais, eles parecemter uma percepçãomaisaguçada da situaçãoatual. "- É um problema de criação. Tem muito jovem largado por aí e o pai nem liga. Não pergunta com quem ele vai sair, para onde, não coloca limite. Não dão a mínima atenção e depois querem que o filho seja um exemplo", afirma o estudante Gabriel Hirata, de 14 anos, que conclui;"- Acho que muitos pais não cuidam mais dos seus filhos." Gabriel conta que se dá bem comsua famíliae entende as proibiçõesque seus paisfazem. "- Eles não me deixam colocar piercing na sobrancelha, mas acho que isso não é motivo. para eu me revoltar porque sei que eles se preocupam comigo. Ia ser bem pior se não ligassem." Simone Barreto, de 15 anos, também começaria a achar que alguma coisa está errada se os seus paisnãoperguntassem mais nojantar o que ela fez durante o dianem tivesse de dar o dossiê completo da turma na hora de sair. "- É claro que é chato, mas não reclamo. E sentiria muita falta se a gente não se reunisse à noite." Ela acredita que a crise na família vem ocorrendoporque há conversa de menos e liberdade demais. "- Falta diálogo e vontade de se entender. Às vezes parece que pais e filhos falam línguas diferentes. Mas acho que eles têm de se ouvir com atenção", diz. Tambémtemmuitopai que deixa o filhofazer o que quer e isso não é certo.. Artigo elaboradopela AssociaçãoBrasileirade Psiquiatria e publicadonojornaldo Conselho Federal de Medicina, ano XXI, no. 158, considera os efeitos do abuso e dependência da maconha. Veja doque se trata o artigo: A maconha é cientificamente conhecida pelonome de Cannabis sativa, um arbustoda famíliadas Moraceae, também conhecida comocânhamo-da- índia. É uma planta que cresce livremente nas regiões tropicaise temperadas. Os efeitos medicinaise euforizantes da maconha são conhecidos há mais de 4 mil anos, na China, e existem registros históricos de suas presumíveis ações medicinais desde o séculoIII a.C. Entretanto, noinício doséculopassadoa maconha passou a ser considerada umproblema social, sendo considerada ilegal a partir da década de 30. O uso médico da maconha declinoulentamente aolongodos anos, pois os pesquisadores não conseguiram constatar cientificamente seus efeitos medicinais, apesar de pipocaremaqui e ali alguns artigos controversos. Alguns países começaram a relacionar o abusoda maconha à degeneraçãopsíquica, ao crime e à marginalizaçãoda pessoa. Nas décadas de 60 e 70, o seu consumovoltouacrescer significativamente, chegandoaoápice nobiênio1978/1979. A maconha é a droga ilícita mais usada mundialmente e nos EUA, 40% da população adulta já experimentoumaconha pelomenos uma vez na vida. O uso da maconha geralmente é intermitente e limitado, na maioriadas vezespor motivos recreacionaise esporádicos e, felizmente, a maior parte dos jovens para seuconsumopor volta dos 20-25 anos. São poucos os jovens que passampara um consumodiáriopor anos seguidos. Da mesma forma que o consumo, tambéma dependência de maconha está entre as dependênciasde drogas ilícitasmais comuns;estima-seque umem cada 10 usuários de maconha se torna dependente emalgummomento, normalmente aqueles que passam por um períodode consumomaispesado. O risco de dependência da maconha é comparável ao de dependênciaaoálcool (que é de 15%), doque aode outras drogas (tabaco:32%;opióides:23%). No Brasil, levantamentorealizado em 1997 com estudantesdo ensinofundamentale doensinomédioem10 capitais brasileiras m ostrouque a maconha é a droga ilícita maisutilizada. Comparandolevantamentos anteriores (de 1987, 1989, 1993 e 1997), a maconha foi a droga que mais teve seuuso aumentado, passandode 2,8% em 1987 para 7,6% em1997. Também o usopesados aumentouestatisticamente aolongodos quatro levantamentos. O usofreqüente (seis vezes oumais nomês) e pesadopassou de 0,4% em 1987 para 1,7% em 1997. Outro levantamento, agora domiciliar, de 1999 feito na cidade de São Paulo, compopulaçãoacima de 12 anos, a maconha também foi a droga que teve maior uso (6,6%), seguida de longe pelos solventes (2,7%) e pela cocaína (2,1%). A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quaisse destacam pelomenos 60 alcalóides, conhecidos como canabinóides. Essas substâncias sãoresponsáveis pelos efeitos psíquicos e sãoclassificados emdoisgrupos:os canabinóides psicoativos (por ex., Delta- 8THC, Delta-9THC e o seumetabólicoativo, conhecidocomoII-hidroxi-Delta-9THC) e os não-psicoativos (por ex., canabidiol e canabinol). O Delta-9THCé o mais abundante e potente destescompostos. Sabe-se hoje que existemreceptores cerebraisespecíficos para o Delta-9THCem ratos, bemcomoum supostoneurotransmissor para os receptores endógenos, denominado anandamida. A maconha é mais bem absorvida por via oral doque fumada (pulmonar). A taxa de absorçãooral é de 90% a 95%, e a pulmonar de 50%. Os efeitos farmacológicos pelaabsorção pulmonar podem ter início entre 5 a 10 minutos. Devidoà característica de lipossolubilidade (liga-se a gorduras), os canabinóides se acumulam principalmente nos órgãos onde os níveisde gordura são mais elevados, como por exemplo, nocérebro, testículos e tecidoadiposo. Alguns pacientes podem exibir os sintomase sinais de intoxicaçãopor até 12 a 24h depois de consumirem a maconha, exatamente por causa dessa afinidade dos ca nabinóidespelo tecido adiposo. Complicações agudas Um cigarro de maconha oubaseadotípicocontém cerca de 3 mg de maconha. A concentraçãode Delta-9THC é diferente nas diferentes apresentações da Cannabis, ou seja, na própria maconha, nohaxixe, e noskunk, e em geral varia de 1% a 15%, ou seja, de 2,5 a 150mg de THCrespectivamente. Estima- se que a concentraçãomínima preconizada para a produçãodos efeitos euforizantes seja de 1% ou 1 cigarrode 2 a 5 mg. Os efeitos da intoxicação aparecem após alguns minutos. Déficits motores (por ex., prejuízoda capacidade para dirigir automóvel) e cognitivos (por ex., perda de memória de curtoprazo, com dificuldade para lembrar de eventos que ocorreram imediatamente após o usode cannabis)costumam acompanhar a intoxicação. Sintomas psiquiátricos O consumode maconha pode desencadear quadros temporários de natureza ansiosa, tais comoCrisesde Pânico, ousintomas de natureza psicótica. Por seremhabitualmente passageiros essessintomas nãoprecisamser medicados. A maconha é capaz de piorar quadros de esquizofrenia, além de constituir importante fator desencadeante dessa doença em pessoas predispostas. Desse modo, pacientes esquizofrênicos usuários de maconha e seus familiares, devem ser orientados acerca dos riscos envolvidos. O mesmose aplica aos indivíduos com fatoresde riscoe antecedentes familiares para a doença. Complicações crônicas
  • 5. Ainda há poucoconsensoa respeito dascomplicações crônicas doconsumode maconha. As investigações acerca da existência de seqüelasno funcionamento cognitivo e de dependência da maconha, têmmerecidoa atenção dos pesquisadores nos últimos anos. Funcionamento cognitivo Há evidênciade que o uso prolongado de maconha é capazde causar prejuízos cognitivos relacionados à organização e integraçãode informações complexas, envolvendo vários mecanismos de atenção e memória. Tais prejuízos podemaparecer após poucos anos de consumo. Além disso, processos de aprendizagempodem apresentar déficits após períodos mais breves de tempo. Prejuízos da atenção podem ser detectados como aumento da distração, afrouxamentodas associações, intrusão de erros em testes de memória, inabilidade em rejeitar informações irrelevantes e piora da atençãoseletiva. Esses prejuízos parecemestar relacionados à duraçãodo hábitode consumo de maconha. Dependência A dependência da maconha vem sendodiagnosticada há algum tempo, nos mesmos padrões dasoutrassubstânciase aocontrário do que preconiza(vam)ídolos da juventude. Muitos estudos comprovam que os critérios atuais de dependênciaaplicam-se muitobem à dependência da maconha, assimcomode outrasdrogas. Devidoà dificuldade em quantificar quantode maconha atinge a corrente sangüínea, nãose estabeleceuainda quais dosesformais de THC estariam relacionadas à dependência. O riscode dependência aumenta conforme a extensãodoconsumo. Apesar disso, alguns usuários diários nãose tornam dependentes ou desejamparar o consumo. De fato, felizmente a maioria dos usuários casuais não se torna dependente e uma minoria desenvolve uma síndrome de usocompulsivo(vício) semelhante à dependência de outras drogas, notadamente aquelesque fazem usopesadoe q ue começaram mais precocemente. Para completar o diagnósticoda dependência da maconha, recomenda-se a observância da síndrome de abstinência para esta droga. Apesar da abstinência da maconha ser reconhecida pela CID.10, ainda não tem sido possível determinar um quadro característicodesses sintomas. De modo geral, observados universalmente pela clínica, os sintomasda abstinência (falta) da maconha seriam:fissura irritabilidade nervosismo inquietaçãosintomasdepressivos insônia reduçãodo apetite cefaléia Codependência - 2 Mal de quem vive querendocontrolar outra pessoa problemática. | Colaboradores | Dependências| “Codependente é a pessoa que carrega sua própria nuvemde chuva”. Cada um de nós temum graude dependência, que é até naturale esperadonumser humanosaudável, issoé importante nos nossos relacionamentos afetivos mais próximos;mas tambémtemos um grau de “autonomia”, que nos mantém saudáveis, issonão quer dizer ser auto-suficientes, pois somos um ser social e precisamos do convívio como outro, dos estímulos e afetos trocados nos relacionamentos;no entanto, a dependênciatraz uma deterioração de sua autonomia enquantoser humano, nãosomente quando é uma dependênciaa algo, mas também a alguém. Muitos já ouviram falar em codependência, um termorelativamente novo e usado, principalmente para pessoasque convivemcom u mdependente químico(DQ). Mas percebeu-se que é muitomaisamplodoque istoe acomete todas as pessoasque se deixamafetar muitopelocomportamento daquele(s)com quem muito se preocupam e a quem vivem querendocontrolar. Istotira o focode sua própria vida, desorganizam -se vivendoem constante ansiedade, trazendomuitos desequilíbrios psicológicos e emocionais, desembocando muitas vezes emdoençasfísicas. E, o que é pior, isto não ajuda a(s)pessoa(s) pelaqual o codependente temafeto, atrapalha muito e mais ainda (mas demora para ele perceber). O resultadoé desastrosopara todos. Inicialmente isto foi estudado em pessoas que conviviam comdependentes químicos de álcool e outras drogas (filhos, pais, cônjuges, irmãos, tios, avós, amigos, sobrinhos, netos, namorados, amantes...), mas à medida que a codependênciafoi sendomais bementendida, perceberam-se outras conotações e istose estendeua outras pessoas que vivenciam outras situações diferentes destas. Entre inúmeras situações pode-se destacar:as já citadas acima de pessoas que convivem com dependentesquímicos (DQ), os próprios dependentes químicos que já podiamapresentar isto muitoantes mesmo de se tornaremDQ;pessoas que convivem comoutrasmentalmente ou em ocionalmente perturbadas, que se relacionam comdoentes crônicos, que convivem com pessoas irresponsáveis, comcompulsivos por jogo, sexo, compras;paisde crianças e adolescentes com problemas de comportamento, pessoas muito inseguras e com uma autoestima muitobaixa que se apegam demasiadamente a outras, sejam estas adequadas ounão;enfermeiros, assistentes sociais e outros profissionais que ajudamoutraspessoas. Para um melhor entendimento, temos que refletir que todos nós somos codependentes de alguma maneira e em algumgraude alguém oude alguma coisa, chegandoa ser muito perniciosoalgumasvezes, outras vezesnem tanto. O maisimportante é perceber e admitir o problema, porque isto ajuda a determinar a solução, e soluçãosignifica recuperaçãoe mudança. Tentandoresumir, ser codependente significa que temos deixadoo comportamentode outra(s)pessoa(s) nos afetar muito e por tempo prolongadoe que somos obcecados em controlar o comportamentodessa(s)outra pessoa(s). Seja quem for esta outra pessoa, o centroda definição e da recuperação não esta nela, por mais que o codependente acredite nisto, masestá nele mesmo. O codependente esta sempre com o foconooutroe o vinculo geralmente não se concentra noamor ouna amizade, mas no distúrbiodooutro ouna sua própria carênciaafetiva. Por isto, quandoo outrose recupera ou se liberta, o codependente pode sentir-se inútil, nãosabendo maisviver semalguém para controlar;sente-se muitas vezesvazioe depressivo, podendo até afetar negativamente o outrojá recuperado. Se a doença dooutroesta sob controle, se ele se afasta, ounãoprecisamais de seus cuidados, qualserá agora seu foco, quandosó se dedicava a controlar a vida dooutro? É natural desejar proteger e ajudar as pessoasque nos sãocarase sermos afetados e reagirmos aos problemas dessas pessoas. E quando o problema se torna mais sério e semsolução, reagimos mais fortemente ainda. Os codependentes sãomuito reacionários, reagemdemais, reagem de menos, mas raramente agem. É normal reagir à tensão, mas é corajosoaprender a não reagir, mas sim a agir de forma mais saudável. Ser um codependente não significa ser mau, defeituosoou inferior. Muitos aprenderamestescomportamentos quando crianças, outros bemmais tarde. A maioria pode ter aprendido istopor necessidade de proteger a si mesmoe satisfazer suas necessidades, porque se conviver com pessoas normais e saudáveis já não é fácil, conviver com pessoas doentes, perturbadas ou problemáticas é particularmente difícil. Mas estes comportamentos autoprotetores inicialmente, já podemestar ultrapassados emsua utilidade. Às vezes, nossas atitudes protetoras viram-se contra nos mesmos e nos fere. É assim que acreditamos estar fazendo as coisas erradaspelasrazõescertas.
  • 6. O codependente tem grande tendência a sentir-se responsável pela outra pessoa e compelido a ajudar a pessoa a resolver seus problemas, a tentar agradar aooutroaoinvés de a si mesmo, a sentir raiva, sentir-se vítima, a achar que esta sendousadoe que nãoesta sendoapreciadoourecebendoa gratidão que merece;a sentir-se culpado e com baixa autoestima. O codependente temmedode ser quem é, de sentir-se incapaz de parar de pensar, falar e de se preocupar com a outra pessoa e seus problemas, a parar de vigiar a pessoa e concentrar toda sua energia nos pro blemas dos outros, a parar de tentar controlar os acontecimentos e as pessoas através de coerção, da culpa, ameaças, aconselhamento, manipulação oudomínio. O codependente não consegue parar de mentir para si mesmoe acreditar em suas mentiras, não para de ignorar ou fingir que os problemasnãoestão acontecendoou nãosãotãoruins comosão. O codependente nãoconsegue se ocupar por outras coisas e parar de pensar sobre o que o angustia, não consegue deixar de adquirir compulsões, de tomar tranqüilizantes, podendo até se viciar em álcool ou drogastambém. Muitos codependentes procurama felicidade fora de si mesmos, fecham-se a tudo e a todos que possam lhes trazer felicidade, não se amame procuram desesperadamente por amor e aprovação, mas quase sempre procuram o amor de pessoasinadequadase/ouincapazesde amar, perdemo interesse em sua própria vida, tememque a outra pessoa venha a deixá-los, continuammantendoum relacionamentoque nãofunciona e quandoeste relacionamentoacaba, tendema procurar outros que também não lhe fazem bem. A farsa docodependente é “decidirem” que nãoirãomais tolerar determinados comportamentos da outra pessoa, mas aumentam graduale indefinidamente sua tolerância até fazerem coisas que disseram jamais fazer. Passama nãoconfiar nos outros e nem em si mesm os, podem perder a fé e a confiança emDeus, misturar reaçõespassivas e agressivas, podemadoecer mental e oufisicamente, ficam deprimidos e pensam em suicídio. Uma dica importante para perceber que já se tornouum codependente é constatar que a preocupaçãose transformouem obsessão, que a compaixão se transformou em tomar conta, que esta cuidandomais da outra pessoa que de si mesmo. Com certeza isto já é uma codependência. Decidir se a codependênciaé um problema em sua vida é decisão exclusiva do codependente, assim comosaber se istodeve mudar ou quando mudar. Quandoo codependente percebe esse auto-enganoou auto-armadilha e decide agir e investir emsi mesmo, a sensaçãoserá libertadora. Aí, então, a pessoa recupera sua identidade e volta a ser quemera, podendo ajudar também outras pessoas a fazerem o mesmo. Vai esmaecendoa dor insuportável com a qual conviveu por muitotempo. Issoimplica emaprender oureaprender um novo comportamento:tomar conta de si mesmo. Essa grande virada na vida é baseada na afirmação obvia de que cada pessoa é responsável por si mesma. Atribuir aooutroa responsabilidade por suas escolhas nos permite começar a amar a nós mesmos e aos outros comotais, permite aceitarmos receber amor e tornar a atmosfera a nossa volta muito mais sadia. Assim, as pessoas aonossoredor poderãoser saudáveis também. A recuperaçãodo gerenciamentoda própriavida abre o caminho de se dar o direitode começar a permitir-se ser feliz!Adquire-se a consciência de que “amar é deixar aooutroa responsabilidade de suas próprias escolhas”. É importante buscar ajuda para o transtornoda codependência, seja através da psicoterapia individual, de casal oufamiliar, recorrendo ainda ao apoio dos grupos terapêuticos como o Alanon, Amor exigente, Codependentes anônimos e outros. Em outros artigos abordaremos a codependência em diversas situações e maisalgumas dicas para começar a trilhar o caminhoda liberdade e da paz. Maria José Gomes S Nery Psicóloga Clinica com Mestradoe varias Especializações, incluindo Dependência Química, notratamento dos DQ e seus familiares, em grupoe individual. Atendimento em consultório, residencial e pela Internet. majonery@yahoo.com.br WWW.psicologiadesempre.blogspot.com Para referirNeryMJG - Codependência (2), disponível em PsiqWeb, internet www.psiqweb.med.br, 2010.Transcrição da reportagem intitulada"Jovem sabe o que há de erradocom a família", de autoria de Daniela Tófoli e publicadono Jornal da Tarde de 11/02/03 Os adolescentessão mesmo implacáveis. Enquantopaise especialistas vêm se perguntandoo que está acontecendocom a família e buscandorespostas em teorias diversas, os filhos respondem sem pensar duas vezes:" - estão faltandopulsofirme e diálogo". Para os jovens, nãoé tão difícilassim entender porque crimesentre parentes, como o dopaique pode ter envenenado a própria filha em Minas Gerais ou o de Suzane von Richthofen, estãoocorrendo. Menos estarrecidos com as notíciasdo que seus pais, eles parecemter uma percepçãomaisaguçada da situaçãoatual. "- É um problema de criação. Tem muito jovem largadopor aí e o pai nem liga. Não pergunta com quem ele vai sair, para onde, não coloca limite. Nãodão a mínima atençãoe depoisqueremque o filhoseja um exemplo", afirma o estudante Gabriel Hirata, de 14 anos, que conclui;"- Acho que muitos pais não cuidammais dos seus filhos." Gabrielconta que se dá bem comsua famíliae entende as proibiçõesque seus paisfazem. "- Eles nãome deixam colocar piercing na sobrancelha, mas acho que issonãoé motivo. para eu me revoltar porque sei que eles se preocupam comigo. Ia ser bem pior se não ligassem." Simone Barreto, de 15 anos, também começaria a achar que alguma coisaestá errada se os seus pais nãoperguntassemmais nojantar o que ela fez durante o dianem tivesse de dar o dossiê completo da turma na hora de sair. "- É claro que é chato, mas nãoreclamo. E sentiria muita falta se a gente não se reunisse à noite." Ela acredita que a crise na família vem ocorrendo porque há conversa de menos e liberdade demais. "- Falta diálogoe vontade de se entender. Às vezesparece que pais e filhos falam línguas diferentes. Mas achoque eles têm de se ouvir co m atenção", diz. Também tem muitopai que deixa o filhofazer o que quer e isso não é certo.". Artigo elaboradopela AssociaçãoBrasileira de Psiquiatria e publicadono jornal do ConselhoFederal de Medicina, anoXXI, no. 158, considera os efeitos do abuso e dependência da maconha. Veja doque se trata o artigo: A maconha é cientificamente conhecida pelonome de Cannabis sativa, umarbusto da famíliadas Moraceae, também conhecida comocânhamo-da- índia. É uma planta que cresce livremente nas regiões tropicaise temperadas. Os efeitos medicinaise euforizantes da maconha são conhecidos há mais de 4 mil anos, na China, e existem registros históricos de suas presumíveis ações medicinais desde o séculoIII a.C. Entretanto, noinício doséculopassadoa maconha passou a ser considerada umproblema social, sendo considerada ilegal a partir da década de 30. O uso médico da maconha declinoulentamente aolongodos anos, pois os pesquisadores não conseguiram constatar cientificamente seus efeitos medicinais, apesar de pipocaremaqui e ali alguns artigos controversos. Alguns países começaram a relacionar o abusoda maconha à degeneraçãopsíquica, ao crime e à marginalizaçãoda pessoa. Nas décadas de 60 e 70, o seu consumo voltouacrescer significativamente, chegandoaoápice nobiênio1978/1979. A maconha é a droga ilícita mais usada mundialmente e nos EUA, 40% da população adulta já experimentoumaconha pelomenos uma vez na vida. O uso da maconha geralmente é intermitente e limitado, na maioriadas vezespor motivos recreacionaise esporádicos e, felizmente, a maior parte dos jovens para seuconsumopor volta dos 20-25 anos. São poucos os jovens que passampara um consumodiáriopor anos seguidos.
  • 7. Da mesma forma que o consumo, tambéma dependência de maconha está entre as dependênciasde drogas ilícitasmais comuns;estima-seque umem cada 10 usuários de maconha se torna dependente emalgummomento, normalmente aqueles que passam por um períodode consumomaispesado. O risco de dependência da maconha é comparável ao de dependênciaaoálcool (que é de 15%), doque aode outras drogas (tabaco:32%;opióides:23%). No Brasil, levantamentorealizado em 1997 com estudantesdo ensinofundamentale doensinomédioem10 capitais brasileiras mostrouque a maconha é a droga ilícita maisutilizada. Comparandolevantamentos anteriores (de 1987, 1989, 1993 e 1997), a maconha foi a droga que mais teve seuuso aumentado, passandode 2,8% em 1987 para 7,6% em1997. Também o usopesados aumentouestatisticamente aolongodos quatro levantamentos. O usofreqüente (seis vezes oumais nomês) e pesadopassou de 0,4% em 1987 para 1,7% em 1997. Outro levantamento, agora domiciliar, de 1999 feito na cidade de São Paulo, compopulaçãoacima de 12 anos, a maconha também foi a droga que teve maior uso (6,6%), seguida de longe pelos solventes (2,7%) e pela cocaína (2,1%). A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quaisse destacam pelo menos 60 alcalóides, conhecidos como canabinóides. Essas substâncias sãoresponsáveis pelos efeitos psíquicos e sãoclassificados emdoisgrupos:os canabinóides psicoativos (por ex., Delta- 8THC, Delta-9THCe o seumetabólicoativo, conhecidocomoII-hidroxi-Delta-9THC) e os não-psicoativos (por ex., canabidiol e canabinol). O Delta-9THCé o mais abundante e potente destescompostos. Sabe-se hoje que existemreceptores cerebraisespecíficos para o Delta-9THCem ratos, bemcomoum supostoneurotransmissor para os receptores endógenos, denominado anandamida. A maconha é mais bem absorvida por via oral doque fumada (pulmonar). A taxa de absorçãooral é de 90% a 95%, e a pulmonar de 50%. Os efeitos farmacológicos pelaabsorção pulmonar podem ter início entre 5 a 10 minutos. Devidoà característica de lipossolubilidade (liga-se a gorduras), os canabinóides se acumulam principalmente nos órgãos onde os níveisde gordura são mais elevados, como por exemplo, nocérebro, testículos e tecidoadiposo. Alguns pacientes podem exibir os sintomase sinais de intoxicaçãopor até 12 a 24h depois de consumirem a maconha, exatamente por causa dessa afinidade dos ca nabinóidespelo tecido adiposo. Complicações agudas Um cigarro de maconha oubaseadotípicocontém cerca de 3 mg de maconha. A concentraçãode Delta-9THCé diferente nas diferentes apresentações da Cannabis, ouseja, na própria maconha, nohaxixe, e no skunk, e em geral variade 1% a 15%, ou seja, de 2,5 a 150mg de THCrespectivamente. Estima- se que a concentraçãomínima preconizada para a produção dos efeitos euforizantes seja de 1% ou 1 cigarrode 2 a 5 mg. Os efeitos da intoxicação aparecem após alguns minutos. Déficits motores (por ex., prejuízoda capacidade para dirigir automóvel) e cognitivos (por ex., perda de memória de curtoprazo, com dificuldade para lembrar de eventos que ocorreram imediatamente após o usode cannabis)costumam acompanhar a intoxicação. Sintomas psiquiátricos O consumode maconha pode desencadear quadros temporários de natureza ansiosa, tais comoCrisesde Pânico, ousintomas de natureza psicótica. Por seremhabitualmente passageiros essessintomas nãoprecisamser medicados. A maconha é capaz de piorar quadros de esquizofrenia, além de constituir importante fator desencadeante dessa doença em pessoas predispostas. Desse modo, pacientes esquizofrênicos usuários de maconha e seus familiares, devem ser orientados acerca dos riscos envolvidos. O mesmose aplica aos indivíduos com fatoresde riscoe antecedentes familiares para a doença. Complicações crônicas Ainda há poucoconsensoa respeito dascomplicações crônicas doconsumode maconha. As investigações acerca da existência de seqüelasno funcionamento cognitivo e de dependência da maconha, têmmerecidoa atenção dos pesquisadores nos últimos anos. Funcionamento cognitivo Há evidênciade que o uso prolongado de maconha é capazde causar prejuízos cognitivos relacionados à organização e integração de informações complexas, envolvendo vários mecanismos de atenção e memória. Tais prejuízos podemaparecer após poucos anos de consumo. Além disso, processos de aprendizagempodem apresentar déficits após períodos mais breves de tempo. Prejuízos da atenção podem ser detectados como aumento da distração, afrouxamentodas associações, intrusão de erros em testes de memória, inabilidade em rejeitar informações irrelevantes e piora da atençãoseletiva. Esses prejuízos parecemestar relacionados à duraçãodo hábitode consumo de maconha. Dependência A dependência da maconha vem sendodiagnosticada há algum tempo, nos mesmos padrões dasou trassubstânciase aocontrário doque preconiza(vam)ídolos da juventude. Muitos estudos comprovam que os critérios atuais de dependênciaaplicam-se muitobem à dependência da maconha, assimcomode outrasdrogas. Devidoà dificuldade em quantificar quantode maconha atinge a corrente sangüínea, nãose estabeleceuainda quais dosesformais de THCestariam relacionadas à dependência. O riscode dependência aumenta conforme a extensãodoconsumo. Apesar disso, alguns usuários diários nãose tornam dependentes ou desejamparar o consumo. De fato, felizmente a maioria dos usuários casuais não se torna dependente e uma minoria desenvolve uma síndrome de usocompulsivo(vício) semelhante à dependência de outras drogas, notadamente aquelesque fazem usopesadoe q ue começaram mais precocemente. Para completar o diagnósticoda dependência da maconha, recomenda-se a observância da síndrome de abstinência para esta droga. Apesar da abstinência da maconha ser reconhecida pela CID.10, ainda não tem sido possível determinar um quadro característicodesses sintomas. De modo geral, observados universalmente pela clínica, os sintomasda abstinência (falta) da maconha seriam: Fissura irritabilidade nervosism inquietaçãosintomas depressivos insôni reduçãodo apetite cefaléia Depressãoe Relacionamento Até que pontotem sidosofrível conviver com quem tem algum TranstornoAfetivo | Infância e Adolescência | Depressão| Mulher | Sexualidade |Família | A Depressão geralmente é uma doença devastadora, apesar de muita gente ainda nãoacreditar que ela exista. Nãovamos falar aqui do quadroclínico e dos sintomasdaDepressão, mas sim de umaspectoda Depressãoque muitas pessoasnãosabeme nãose dão conta;trata-se dograuemque os
  • 8. transtornos depressivos afetamos relacionamentos. Segundo Xavier Amador, um casamentoem que um dos parceiros está com depressão, temnove vezes maispropensãode acabar, doque um onde não exista a depressão. Adriana Tucci mostra também dados internacionais onde os Transtornos Afetivos, além de terem uma prevalênciade, aproximadamente, 11,3% da população, sãouma das doençasque mais geram perdas sociais e nos relacionamentos familiares(veja maisem Depressões- Sintomas, na seçãoDepressão). Assim sendo, antesde se tomar decisões precipitadas nas desarmonias de relacionamentorecomenda-seque, primeiro, seja verificada a possibilidade de uma das pessoasdo relacionamento(quandonãoas duas) ser portadora de Depressão, em qualquer de suasformas(Distimia, TranstornoAfetivo Bipolar, Depressão Recorrente). A Depressão, seja leve, moderada ougrave, será sempre incapacitante emalgumgrau, principalmente se considerarmos a duração dos sintom as. Ao longodo tempo os sintomasdepressivos podem provocar desdobramentos complicados e desgastan tespara a família e para a pessoa. Segundotrabalhos recentes as relações íntimasentre pessoas comdepressãosão maistensas, estressantes e cheias de conflitos doque entre pessoas não depressivas. Xavierdiz que a depressãoe os problemasde relacionamentoe sexuais causados por elaseja a razãomais comum dos casais que procuram uma terapia. Metade das mulheres depressivas reclama de sérios problemas dentro docasamentoe, provavelmente, umnú mero parecido dos homens pode também reclamar da qualidade do relacionamento commulheres depressivas. Quandoaparece umquadrodepressivo na família, geralmente esta se desestrutura bastante. A tendência inicial é querer ajudar o indivíduoa reagir;ora acreditando que essa reação depende da vontade da pessoa deprimida, ora propondomedidasbem intencionadas e completamente ineficazes. Com freqüênciadentrodas famílias oumesmoentre um casal existe uma série de crenças populares, que depreciam a pessoa com depressão, tais comoa falta de vontade, uma fraqueza psíquica ou coisas assim. Como ninguémconsegue produzir melhoras, aflora umsentimentode frustração e impotência muito desgastante, principalmente quandose junta à mistura das tais crençaspopulares. Além disso, deve-se considerar o impactosocial e econômicoque a doença pode representar para toda a família. É assim que os parentes de pessoasdeprimidas, bemcomoos(as) companheiros(as) também sofrem de preocupaçãoexcessiva, raiva, exaustãoe até mesmoraiva coma persistência daquele estadode humor problemático. Comprometendo o Relacionamento Apesar de serem poucos os trabalhos sobre indicativos, variáveis clínicas e sociais que levam os portadores de Transtornos Afetivos a apresentar maus ajustamentos sociais, a constataçãode que issoacontece parece ser unânime. As principaisesferas atingidas pelos Transtornos Afetivos estão nas áreas de trabalhoe relacionamentointerpessoal, com 1/3 dos pacientesapresentandodesempenhoruim tantonotrabalho quantono ajuste emoutras áreas (Tsuang,1980). Adriana Tucci (2001), verificoupredomínioda Depressão em mulheres, e o relacionamentofamiliar teve papel significativono resultadode ajustamento social. Entre portadores deTranstornos Afetivos, os pacientes unipolares e os distímicos tiverammelhores resultados noajustamentosociale no relacionamentofamiliar doque aqueles comTranstornoAfetivo Bipolar oucom a chamada Depressão Dupla, que é quandoum episódio depressivo acomete quem já temDistimia. Tucci cita ainda pesquisade Leader Klein, que avaliaram o relacionamento familiar de pacientescom DepressãoUnipolar, Distimia e Depressão Dupla. Descreveramque pacientes com depressão dupla foramos que apresentaram, significativamente, piores resultados emrelação aos outros doisgrupos, e os pacientes distímicos apresentaram relacionamentofamiliar mais prejudicado doque os unipolares;porém, essadiferença nãoassumiu significância estatística. Esses dados são semelhantes aos apresentados pelos pacientesdo presente estudo. De fato, é de se supor que as maiores dificuldadesde convivência familiar, social ou conjugalsejam com pacientes distímicos, já que a Distimia está identificada com aquela característica de personalidade conhecida comomau-humor. A convivência compessoasmau-humoradas é, inegavelmente, muito difícil. Comprometendo a Sexualidade Um dos fatores importantesno comprometimento dorelacionamentoíntimoé a alteraçãona libido, oudodesejosexual que acompanha a Depressão. Quem está deprimidonormalmente perde a capacidade de sentir prazer com tudo, inclusive com o sexo. Assim, com freqüência a vontade de iniciar a relação sexual está muitoprejudicada, ou tão comprometidoque nãose consegue chegar aoorgasmo. Essadisfunçãosexual é gra dativa, e acontece conforme a depressãovai-se agravando(veja Depressãoe DisfunçãoSexual). Geralmente o tratamento da depressão tratará também a disfunçãosexual de maneira indireta. Apesar de muitos antidepressivos terem como efeito colateral a diminuição dodesejosexual, mesmoassima sexualidade vai voltandoao normalconforme vai melhorando a depressão. Quandoos antidepressivos forem diminuídos ou suspensos a sexualidade voltará aoque era antes da Depressão. A falta de desejosexual pode comprometer uma relação na medida emque o(a) parceiro(a) sente-se deixadode lado, oupior, suspeita de não estar mais sendoamado ouque pode estar sendo traído. Quandosozinha (ousolteira) a baixa da libidopode impedir a pessoa comdep ressãode começar qualquer relacionamento novo, principalmente porque, além da DisfunçãoSexual, estará presente também uma baixa auto-estima. Adriana Tucci verificouainda que, de ummodo geral, o papel sexual, tantopara pessoas casadas quanto para as não-casadas, foi o item que encontrou piores resultados adaptativos, com alta proporçãode sujeitos com ajustamentoruim. Interesse em arrumar trabalho também teve alta proporçãode pacientes com desempenhoruim, assim comoforamruins os interesses em adquirir informações, seguidopelo isolamento social. Quandoo Transtorno é Bipolar Gitlinet al (1995), em estudoprospectivo de 82 pacientes com TranstornoAfetivo Bipolar(veja TAB), verificaramque a adaptaçãosocial era boa apenas para 39% dos pacientes e comperdasrazoáveis ouintensaspara 62% deles. No trabalhode Kocsiset al (1997), há mais de 10 anos, os pacientes distímicos apresentaramprejuízos nos papéis sociaisanalisados, tais como, no trabalho, vida em família, tempo para atividades sociais e lazer. A convivência é difícilno TAB porque esses pacientes costumamter Episódios de Euforiae Episódios de Depressão, sendo que, na euforia, eles costumam colocar em risco a harmonia doméstica, o relacionamento íntimo, o patrimôniomaterial e a segurança daquelesque comquemcon vive. Nos Episódios Depressivos, a apatia, desinteresse, perda do prazer, tendência ao isolamento, entre outros, complicam sobremaneira a convivência. Um fator importante na melhoria da qualidade norelacionamentocom pessoas bipolares é a excelente perspectiva de sucessodo tratamento, tanto nas fases agudas quanto na profilaxia dos episódios. O lítio, por exemplo, assimcomooutros estabilizadores dohumor, diminuem expressivamente as possibilidadesde recaída dos episódios de euforianosTranstornos Afetivos Bipolares, os antidepressivos melhoram as relações interpessoaise o funcionamento global dos pacientes (Winokur,1993), prevenindo muita vezesos episódios de depressão.
  • 9. O episódiode euforia se traduz por umestadode completa, artificial e patológica satisfaçãoe felicidade. Verificam-se elevaçãodo estadode ânimo, aceleração docursodo pensamento, loquacidade, vivacidade da mímica facial, aumento da gesticulação, risofácil e logorréia. É muitodifícil conviver harmonicamente com uma pessoa eufórica. O tema “Abusono Relacionamento Íntimo” é tratadoem outra página desse site (seçãoMulher)e pode estar presente na convivência com pessoas bipolares, especialmente durante episódios de euforia. Quandoo Transtorno é Depressivo Recorrente Trata-se de um transtornocaracterizadopelaocorrência repetida de episódios depressivos, leves, moderados ougraves. O primeiroepisódiopode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, sendoque o iníciopode ser agudoou insidiosoe a duração variável de algumas semanas a alguns meses. O marcante desses episódios é a apatia durante a crise depressiva, diminuiçãoda energia física e mental, cansaçoe fadiga crônicos, muitasvezes responsáveis por inúmeros examesde sangue a que se submetemos pacientes. O deprimidopode relatar fadiga persistente sem esforçofísico compatível e as tarefas mais leves parecemexigir mais esforço que o habitual. Também pode haver diminuição na eficiênciapara realizar tarefas. A pessoa deprimida pode queixar-se, por exemplo, de que as coisaslevamo dobrodo tempo habitual para serem feitas. Na depressãotambémé muitofreqüente um certoprejuízona capacidade de pensar, de concentrar-se oude tomar decisões. Os depressivos podemse queixar de enfraquecimentode memória ou mostrar-se facilmente distraídas. A produtividade ocupacional costuma estar prejudicada, notadamente nas pessoas comatividades acadêmicasou profissionais intelectualmente exigentes. Freqüentemente existem pensamentos sobre morte durante o EpisódioDepressivo. Trata-se, nãoapenas da ideaçãosuicida típica, mas tambémda preferência emestar morto ainda que não propositadamente. O que torna a convivência e o relacionamentomuitoproblemáticocoma pessoa que atravessa um episódio depressivo é a baixa auto-estima. Por conta disso o ciúme e a sensação de estar sendomenos gostado, de estar atrapalhando, sendoum‘pesomorto’, têm papel importante. Quandoo problema é a Distimia A característica essencialdo TranstornoDistímico é um humor cronicamente deprimido que ocorre na maior parte dodia, na maioria dos dias, na maior parte dos meses. As pessoascom TranstornoDistímico descrevem seu humor comotriste ou "na fossa", mas na realidade elas sãomau-humoradas. Pode haver baixa energia oufadiga, baixa auto-estima, fraca concentraçãooudificuldade em tomar decisõese sentimentos de desesperança. Os indivíduos podemnotar a presença proeminente de baixointeresse e de autocrítica, freqüentemente vendo a si mesmos como desinteressantesou incapazes. Como estes sintomas tornaram-se uma parte tãopresente na experiência cotidiana doindivíduo(por ex., "Sempre fui deste jeito", "É assim que sou"), elesemgeral não sãorelatados, a menos que diretamente investigados peloentrevistador. Para os distímicos os fatos da vida sãopercebidos com muita amargura e sãomais difíceisde suportar, de forma que as vivênciasdesagradáveis são ruminadas por muitotempoe revividas comintensidade, sofrimento e emoção. Já as vivênciasmais agradáveis passamquase desapercebidas, são fugazes e esquecidas com rapidez. Conviver ou relacionar-se com pessoas assimmau-humoradas, implicantes, exigentes e negativas, digamos, dispensa comentários. Muitas pessoas distímicasnão procuram ajuda por vergonha, por medode seremvistos como“loucos” ou pessoas psiquicamente problemáticas, masse soubesse da melhoria nas condições de vida como tratamentocom antidepressivos essas barreiras seriamfacilmente superadas. para referir: Ballone GJ - Depressãoe Relacionamento Pessoal - in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revistoem2007 Texto sobre o Ciúme, transcritodo artigode Laine Furtado, publicado na revista Linha Aberta, ano VIII, Ed. 63 de Novembro de 2003. "Geraldo J. Ballone, especialista em psiquiatria pela ABPe professor doDepartamento de Neuropsiquiatriada Faculdade de Medicina da PUCCAMPde 1980 à 2001, afirma que "emquestões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza freqüentemente se torna vaga e imprecisa. No ciúme as dúvidas podem se transformar em idéias supervalorizadas ou francamente delirantes. Depois das idéias de ciúme, a pessoa é compelida à verificação compulsória de suas dúvidas. O ciumento verifica se a pessoa está onde e com quem disse que estaria, abre correspondências, ouve telefonemas, examina bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o companheiro, contrata detetives particulares". Toda essatentativa de aliviar sentimentos, alémde reconhecidamente ridícula até peloprópriociumento, não ameniza o mal estar da dúvida. Os ciumentos estãoemconstante busca de evidências e confissões que confirmemsuas suspeitasmas, ainda que confirmada pelo companheiro, essa inquisiçãopermanente traz mais dúvidasainda ao invés de paz. Depoisda capitulação, a confissãodo companheironunca é suficientemente detalhada ou fidedigna e tudovolta à torturante inquisiçãoanterior. Existemalguns princípios e conceitos que podem ser de ajuda para a grande maioria de pessoas. A psicóloga Célia Bezerra, de Orlando, afirma que, de modo geral, o ciúme é uma emoçãocomum. De tempos emtempos somos levados a experimentar esse sentimento nocampo doque poderíamos chamar "normal". E por ser uma emoção comum, se toma difícil emmuitos casos distinguir entre o normal e o patológico. De modogeralresumimos o ciúme como umconjunto de emoçõesdesencadeadas por sentimentos que ameaçama estabilidade ouqualidade de um relacionamento íntimo valorizado, explicou. Ela disse que existemmuitas definições de ciúme, mas geralmente encontramos três elementos emcomum: 1) Ser uma reaçãofrente a uma ameaça percebida. 2) haver um rival real ouimaginário 3) A reaçãovisa eliminar os riscos da perda do" objeto" amado. O psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, autor do livroCiúme, o medo da perda, que está sendosucessode vendas noBrasil, disse que existemquatrotipos de ciumentos:o zeloso, o enciumado, o ciumentoe o delirante, capaz de matar caso se sinta traído. Ele afirma que se analisarmos maisdetalhadamente o ciúme, podemos perceber, logode início, que não se trata de um sentimento voltadopara o outro, mas simvoltadopara si mesmo, para quemo sente, pois é, na verdade, o medo que alguém sente de perder o outroousua exclusividade sobre ele. É um sentimentoegocentrado, que pode muito bem ser associadoà terrível sensação de ser excluído de uma relação. O normal, maiscomum, é a pessoa sentir-se enciumada emsituações eventuais nas quais, de alguma forma, se veja excluído ouameaçadode exclusãona relaçãocom o outro. Eduardoafirma que em um graumaior de comprometimento emocional, quandohá uma instabilidade neurótica oude autoafirmação, a pessoa pod e apresentar-secomo ciumento. Neste caso, a sensação permanente de angústia e instabilidade, a insegurança em relaçãoa si mesmoe aooutro, além da fragilidade da relaçãoafetiva, podem levar a pessoa a manter um permanente "estado de tensão", temendoser traídoouabandonado. Qualquer sinal dooutropode significar algoe a
  • 10. angústia da dúvida corrói a alma de quem é ciumento. Em uma terceira situação, ainda mais grave sobo pontode vista de comprometimentodo psiquismo, podem ocorrer situaçõesdelirantes em que a desconfiança do ciumentocede lugar a uma certeza infundada de que está mesmosendo traído ou abandonado. Mas como saber se o ciúme é normal oudoentio?O ciúme normal e transitório é baseadoemfatos. O maior desejo seria preservar o relacionamento. No ciúme patológico há geralmente o desejoinconsciente da ameaça de umrival. Para algumas pessoas o ciúme é vistocomozelo , sinal de amor ou valorizaçãodoparceiro;para outros é uma prova de insegurança e baixa auto-estima. Em ambos os casos existe uma gama de sofrimentopara ambos os lados envolvidos. Mas quando se trata dociúme patológicoé necessária uma intervençãoprofissional, porque existemmuitos casos de mortes e tragédias familiares que apresentam como panode fundo esta enfermidade. SegundoGeraldoBallone, o ciúme patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamentodo companheiro. Há ainda preocupaçõesexcessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer comopensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes. "O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, que envolve riscos e sofrimentos, podendo ocorrer em diversos transtornos mentais. Na psicopatologia o ciúme pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias prevalentes ou idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), o ciúme surge como uma obsessão, normalmente associada a rituais de verificação", explicou o psiquiatra. Depressãopós-traição A traição conjugaltem sidouma dasvivências mais importantespara a reaçãodepressiva. | Mulher | Sexualidade | Família| Entre as vivenciascapazesde desencadear reações depressivas o conhecimentoda traição é uma dasmais fortes. Geralmente a pessoa traídaou deixada pela outra se mobiliza fortemente pelafrustraçãoda perda, pela constataçãoda mentira, pela deslealdade e, nãomenos, pelo vexame e constrangimentosociale familiar. O sentimento mais imediatoque a infidelidade provoca, noentanto, é uma mistura de mágoa, contrariedade, ira, arrependimento, ânsia de vingança ou revanche. Em geral, nessafase de enorme frustraçãoos sentimentos nãosão bemdefinidos, alternando-se de umpara outro, da mágoa para a raiva, do arrependimentopara a vingança, da sensaçãode impotência para o desesperoda reconquista. “Fiquei sem chão...”, “... meu mundoacabou”, são as expressões mais ouvidas nessas circunstâncias. A descoberta da infidelidade pode ser uma dasmais sofríveis e devastadoras vivências. A constataçãoda deslealdade no relacionamentocausaum sofrimentoproporcional à solidez da convicção prévia de que a posse da pessoa era garantida. Nessas situações, maisimportante que a idéiado contacto físicoda pessoa infiel com a outra é o sentimentode decepção. Issopode produzir um desencanto muitasvezes definitivo. Pode até existir uma espécie de perdão... mas a desilusão, desapontamentoe decepção ficam. Depoisdo estressante choque inicial a pessoa deverá passar para a fase de adaptação. Essa fase, embora seja diferentemente vivenciada de pessoa a pessoa, costuma ser bastante demorada. Do estresse inicial a pessoa passaa apresentar umquadrofrancamente depressivo. Trata-se de uma reação depressiva, diferente dos casos dedepressãomaior, de natureza biológica e constitucional. No caso da depressãopós-traiçãoa origem da depressãoé vivencial, portanto, umaReação Depressiva. A sintomatologia é geralmente típica, como desinteresse, desânimo, perda de prazer com as coisas, apatia, tristeza, irritabilidade. Pode haver alteraçãodo sono, doapetite e dopeso. A base da infidelidade é essencialmente multifatorial, mas umdos fatores muito comumé o entorpecimento dorelacionamento, comumente referido como “desgaste da relação”. Semdúvida, a disponibilidade plena, a constânciae a acomodação sãoos determinantesimportantes doentorpecimento da relação. Juntocom isso, a crença de que a outra pessoa “deve” suportar as adversidades geradas pelosentimentoda posse é um dos determinantes finais. Mais uma grande responsável pelaavassaladora decepção da pessoa traída é outra crença irremovível e natural noser humano;a reciprocidade automática. As pessoas costumam fazer para as outras aquilo que desejam para si mesmas, comouma espécie de barganha obrigatória. A certeza de reciprocidade é tão forte que acaba turvandoa razãopara outras possibilidades, comopor exemplo, os sentimentos íntimos da outra pessoa, sua satisfaçãosobre o relacionamento, suas necessidades básicas de afeição... De fato a fórmula para um bom relacionamento não é uma receita mágica, nemnova e nem misteriosa. Ela é muitíssimoconhecida e universalmente propalada aos quatro cantos:o amor é uma construçãodiáriae precisa de cuidados constantes. Caso falte tal zelo, com o tempoa atraçãoe os sentimentos podem ser cobertos pelopó dodia-a-dia, tirando o brilhode todo relacionamento. Assim, muitas vezes a vontade de viver oureviver o sentimento eloqüente do amor, juntamente com o propósito de resgatar uma sexualidade prazerosa e esmaecida nocotidiano, acabamempurrando a busca de taisnecessidades em outra pessoa. O termo“necessidade” usadoaqui é absolutamente precisonesse contexto, e nãosãoapenasessas duas carências, doamor e da sexualidade. Existemoutras necessidadesmais pessoais oumesmouniversais para a manutençãode umrelacionamentosadio. Sentir-se uma pessoa admirada, gostada, desejada, atraente e interessante sãoestímulos que falammuitoalto. A terceira outra pessoa pode ter muitaschances de conquistar se agir assim. Um dos grandes riscos de perder a relaçãoé quando a pessoa nutre sentimentos de ser ssempre e plenamente suficiente ao outro, quando aposta que seus defeitos nãosão significativos ou, pior, que eles devemser afetuosamente suportados pelooutroem nome doamor. Essas pessoas, quando traídas ou deixadas, promovem uma verdadeira revoluçãoemsuas vidas e na maneira de ser, provandoassim que a falta oua insignificânciados defeitos era uma fraude. Talvez, se tivessem procedidoas correções dos defeitos “que nãotinham” antes da separação esta nem teriaocorrido. O desgaste A frustração, que é o sentimentocausadopor umdesejonãoplenamente satisfeito, é que motiva a Reação Depressiva. Essa dinâmica frustração- depressão nãoé exclusiva dos casos de traição, evidentemente, e atualmente é a justificativa mais aceita para a crescente incidência de quadros depressivos. Sereshumanos estãocada vezmais frustrados. Pode haver tambémuma relaçãoentre o cotidiano social atribuladoe o desgaste das relaçõesinterpessoaisconjugais. De fato o cotidianoé,sobretudo, ávido por nossoser. Ele, o cotidiano, se apossa da pessoa submetendo-a à tirania de “ter que”;ter que ir aobanco, ter que comprar issoe aquilo, ter
  • 11. que responder e-mails, cumprir compromissos, enfim, sempre se tem que fazer alguma coisa que acaba distanciandouma pessoa da outra. Por sinal, devidoa disponibilidade total da outra pessoa, acredita-se erradamente que ela pode esperar quandonãose temmais nada que fazer. Neste panorama, é claro que se o casal nãoestiver atentoa infindável sucessãode “ter que” o cotidianosugará toda energia necessáriaaobom relacionamento. A crueldade do cotidianoentorpece a pessoa impedindo-a de perceber a outra comoalguém que temsentimentos, desejos, necessidades, sonhos, sensibilidades. As preocupações e temas das conversas giramquase exclusivamente em torno dotrabalho, da casa, empregada, filhos, problemas financeiros e de saúde, dos parentes. Tudo isso parece nãoexistir emrelaçãoà terceira pessoa dofatídicotriângulo. No desgaste da relaçãomuitas coisas verdadeiramente interessantesnãosãoditas, as frustrações se transformam emcobranças, em irritação, em desaforos dissimulados e o silêncio é capaz de machucar. O relacionamentopassa a ser aquela mesmice morna, e mesmoque seja politicamente educadoele será sentimentalmente gelado. Essa chatice docotidianode forma alguma é obrigatória, inexorável. Ela aparece quando o dia-a-diaé mal gerenciado, quandoas pessoas se acomodam, se acovardam, amarelam, e piora muitoquandohá desencantamento, desinteresse. Sem dúvida aqui se aplica o que a psiquiatria recomenda para a existência saudável:a pessoa deve estar sempre inconformada e sempre adaptada. Issosignifica que por nãoestar conformada elaestará planejando algopara seuamanhã ser melhor que o hoje. O fatode estar adaptada faz com que elanãoadoeça por causa doinconformismo. Assim sendo, a pessoa nãodeve se conformar com as crises de mauhumor, comas irritações, grosserias, desleixos, descasos, n egligências. Caso a pessoa se conforme e desanime estará colaborandopara o preparo dofértil terrenoda infidelidade. A traição A traição pode ser conseqüênciade tudoo que foi ditoantes. De nada adianta a pessoa ficar espantada, surpresa, abismada co m a traição, embora ocorra issotudo fisiologica e inevitavelmente. A infidelidade aparece naturalmente comoconseqüênciada perpetuaçãodoerro e da desesperança. Para as pessoasque sempre citam comparações esdrúxulas dizendoque apenas o ser humano trai e nãoos animais, é bom saber que, de fato, trair é uma condiçãohumana por excelência. Evitar issoimplica na pessoa procurar entender o maisrápido possível que está tendoum relacionamento com “uma pessoa humana”, portanto, com alguémcapaz de sentir, aspirar, desejar, se magoar e se comportar, inclusive capaz de trair, como qualquer humano. De qualquer forma é bom saber que a traição está longe de ser uma fraqueza. Nemtampouco é um ato de coragem. Antes disso, é uma conseqüência, uma atitude fortuita e muitas vezesdesesperada de sentir a vida, principalmente quando esta parece estar se esvaindopelos vãos dos dedos e nãoé mais encontrada juntoda pessoa amada. Em geral a traição reflete umverdadeirodescompasso afetivoentre o casal. Alémdos desgastes cotidianos dorelacionamen to, vistos acima, o descompasso surge tambémquandoum dos dois dirige quase toda a sua energia para alguma coisa externa ao relacionamento, proporcionando ao outro o sentimentode estar sendo deixadode lado. Issoé comum nohomemque se envolve demais com o trabalho ouna mulher com preferência exclusiva aos filhos. Por outro lado, se os dois têminteresses na mesma direçãoe na mesma intensidade, além de minimizar as possibilidades de problemas, pode até solidificar maisa relação. Autoestima baixa... o estopim A autoestima é o reflexoda valoraçãoafetiva que a pessoa fazde si mesma. Issoquer dizer que as oscilações do afeto, para mais ou para menos,acabam fazendoa pessoa se sentir muito bemou muitomal consigomesma. Às vezeso relacionamentonão proporciona boa autoestima e, aocontrário, pode até contribuir para a piora da mesma. Motivaçõessubterrâneaspodemproporcionar atitudes pejorativas dissimuladas oufalsamente amistosas, enfim, o resultadofinaldesse comportamentodepreciativo é baixar a autoestima. O ego da pessoa com baixa autoestima pode ter necessidades dose afirmar “sobre o outro" ou, igualmente ruim, pode estimular a pessoa a testar sua capacidade de seduçãosobre outraspessoas. Surge uma necessidade emse convencer ser desejável. O comportamentopara testar tais necessidades favorece a vulnerabilidade à traição. Enfim, todas essas questões da intimidade emocional podemestimular a aspiraçãode arranjar uma outra pessoa capaz de atender todos os anseios, carências e necessidades. A opção de estar disponível para outra pessoa pode nascer, crescer e assumir proporções perigosas quandoexiste um desagradável sentimentode desvantagemexistencial, quandoa pessoa experimenta a carência de se sentir admirada e a carência de motivos para admirar, quando se sente preterida, deixada de lado, excessivamente criticada e reprimida. A necessidade de viver novos relacionamentos é forte quandoa relaçãoatual nãopreenche as necessidades. Por conta da relaçãodireta entre autoestima baixa e vulnerabilidade à traição, umdos focos do tratamentoé nosentidode melhorar o estadoafetivo. A abordagem terapêutica de pacientes que procuram ajuda por viverem grandesconflitos intrapsíquicos sobre a traiçãovisa melhorar a autoestima. Os melhores resultados sãoobtidos com a associação da farmacoterapia, a base de antidepressivos, com a psicoterapia, notadamente de natureza comportamental cognitiva. De certa forma, a mesma abordagemterapêutica deve sesr dispensada à pessoa que pensa em trair, que traiuouque foi traída, pois, em todas elas a autoestima pode estar absurdamente baixa. Perfil das vítimas Uma conclusãointeressante que se pode chegar durante a terapia de algumaspessoas envolvidas pela traiçãoé que quem traiu pode ser tãovítima quantoquem foi traído. Talvez, se a pessoa que traiufosse atendida emsuasnecessidades afetivasbásicas, nada teriaacontecido. Não há regras geraisnem generalizações, pois cada caso é um caso. Em geral poucas pessoas se consideramsimplesmente traidores. A maioria reclama das faltas norelacionamentoque levaram à busca de outras formas de satisfação. Verdade ou não, e isso nemé tão importante, as relaçõesduradouras acabamproporcionando cobranças de um ladoe apatia do outro. O cansaço crônicode algumas convivênciasduradouras e negligenciadas favorece a idéia de que uma relaçãonova possa restabelecer a alegriapara a vida, uma autoestima mais sadia e o resgate doprazer. A pessoa insatisfeita que procura situaçõesmais agradáveis se depara algumasvezes coma sensação de culpa, embora seja capaz de detectar as necessidades internas que a levaram ao comportamentofugidio da relação. A pessoa insatisfeita sabe o que está buscandoe o que quer preencher e, muitas vezes, a outra pessoa também sabe disso, embora faça de conta que nãosabe. Se as condiçõesque criam e mantéma frustraçãodo relacionamento continuam pode, de fato, acontecer a infidelidade. Assim, a s pessoas infiéis arriscam sem saber o que virá pelafrente e muitas vezes agem por impulso, nãoconsiderandoos abalos que essa infidelidade pode provocar no relacionamentoe na vida dooutro. Algumasvezes a traição é um acontecimentoautomáticoque simplesmente vai acontecendoao sabor dotempo.
  • 12. Outras vezesé uma atitude racionalmente considerada e cujas conseqüênciasforam consideradaspreferíveis. Outras vezesainda, trata-se de um entorpecimentoafetivo que distancia pessoasda realidade, impulsionando-a por certa euforia de ter a possibilidade de mudança de vida. Geralmente é muito difícilacreditar emquemdiz que “nãosabia, nãopercebianada” e que a traiçãofoi, de fato, totalmente uma surpresa. A postura de inocênciae de nãopercepção doque estava acontecendonãoisenta o traídode participaçãono evento, muitopelocontrário. Esse "eu não sabiade nada" pode representar totalfalta de cuidado para com o relacionamento, falta de interesse e atençãocom o que se passa entre duas pessoas que dizemse amar. Talveza pessoa traída estivesse tão inebriada por crenças sobre a natureza pétrea de seurelacionamento que nãoseria capazde ver o que se passava em sua volta. Com incômoda freqüênciavemos o traídocomoum homemvoltadopara o trabalho, para o dinheiroou para seupapel social e, no casoda mulher, uma pessoa concentrada em sua vida pessoal, doméstica e dos filhos. Homens e mulheres deixados, seja por traiçãoou não, demoram a se adaptar aoocorridoe geralmente não se conformam nunca mais, embora reconheçam, depois de algum tempo, terem perdoado. Essas pessoas costumamficar revendo sistematicamente o passadoembusca de onde foi que erraram, doque poderia ter sido feitoe não foi. Algumas pessoas, comofoi dito, se dizem perplexas por terem sido pegas de surpresa, acreditandoque estava tudomuitobem, que nãohaviamotivos para a separação outraição, que nãomereciam essa situação, entretanto, quando desejam uma reaproximaçãooureconquista, quasesempre prometem as mesmas mudanças que antesteriamsidobastante necessárias... Ora, se sabemo que é necessáriomudar para reconquistarema pessoa amada, é porque sabem que issotudopoderiater sidomudado antes. Em outras palavras, prometer mudançassignifica que as coisas nãoestavam tão bem assim e que nãohouve um acontecimentototalmente inesperado. O universo psíquico humanosempre recorreu aoauto-enganopara alívio dos grandesconflitos e complexos. Nessas situaçõesde separação tambémse recorre ao auto-engano, na maioriadas vezesinconscientemente. Deve ser enfatizado, maisuma vez, que as pessoasdeixadas e que se sentem “perplexas por teremsidopegas de surpresa”, na realidade talvez não tenhamobservadobem os indícios do que estava para acontecer, tal comouma espécie de negaçãode fatos que nãose quer ver. Parece que a falsaconvicçãode um relacionamento que se manteriapara todo o sempre entorpece a sensibilidade para com o outro. Sexualmente considera-se que, emgeral, a mulher tem atração pelo homemque ama e este, por sua vez, ama a mulher que nele desperta atração. Por isso, emgeral, os homens temem que sua mulher faça sexo com outro homeme as mulheres temem o envolvimento afetivo, ou seja, que seu homem se apaixone por outra. Nos casos onde a pessoa traída temfortes traços obsessivos, ou seja, tem tendência à preocupações excessivas, ruminaçãoansiosade idéias, vocaçãoao perfeccionismo, tendência aoplanejamento obsessivo de tudona vida, logo, dificuldade em lidar com o planoB, que é motivada por competitividade acentuada... nessescasos a traição pode desenvolver um indelével e perene sentimento de mágoa e vingança. O mito do relacionamento indissolúvel Ao se juntar peloamor o casalestabelece, silenciosae inconscientemente, uma espécie de pactoou trato que será a base para o futuroda vida a dois. Geralmente esse tratoinconsciente é o resultadode uma negociação préviae silenciosa desde os tempos de namoro,a qual vai se cristalizando na medida em que as situações vãosurgindo. Assim, o namoro é a oportunidade para os parceiros expressaremas cláusulasdesse trato;suas expectativas, seus limites, seus valores, para estabelecerem o que esperamdo outro e o que não toleram dele. Algumas vezesexistemdevaneios neste pacto, comopor exemplo, o famoso "até que a morte os separe". Faltouacrescentar o termo igualmente fantasiado, "incondicionalmente". Aí sim o devaneiofica quase umdelírio:"até que a morte os separe, incondicionalmente". Ora, excetoas mães em relação aos seus filhos, os seres humanos nãoaceitam absolutamente nada que tenha caráter incondicional. O pacto silenciosoe tiranoforjado durante o namoro pode ser uma coisa interessante, entretanto, nem sempre esse trato é compreendido por ambas as partes da mesma maneira. Cada um considera justo esperar do outro atitudes emseufavor, comose a pessoa fosse obrigada a saber exatamente o que se deseja dela. Isso leva, na maioria das vezes, a uma grande decepção, pois ninguém pode viver para atender expectativas de outra pessoa. É assim que, com honestidade, a pessoa deveria trazer para si a culpa por suas própriasexpectativas emrelação ao outro. Não se sabe comonem porquê um ser humanoenamoradocomeça a imaginar que o outro deva adivinhar exatamente o que é importante para ele. Nãose sabe como nem porquê esse mesmo ser humano constrói sua expectativa de felicidade exclusivamente dependente da pessoa com quem escolheu compartilhar a vida. Geralmente a pessoa traída atribui a responsabilidade da traiçãoao traidor, obviamente, enquantoo traidor quase sempre atribui a responsabilidade peloseuatoao seupar, que vinha negligenciandoo relacionamento há tempos. Algumas vezeso atoda pessoa que trai dividir a responsabilidade da traiçãocom a pessoa traída é uma espécie de projeçãoda responsabilidade. Melhor dizendo, issonãodeixa de ser uma espécie de autoengano. É o mesmo autoengano a que todos estamos sujeitos, inconsciente ou hipocritamente, que é buscar fora de nós as responsabilidades que deveriam ser nossas, em outras palavras, é atribuir aos outros as responsabilidades que sãonossas. A desagradável sensaçãode ter sidovítima da ousadia da outra pessoa, seja na traiçãoou separação, sempre convoca reflexões. Assim comoo relacionamentose inicia invariavelmente com a participaçãoe responsabilidade de duas pessoas, também a separação terá a participação invariável dessas mesmas duas pessoas. Abordagem e tratamento A idéia da co-participaçãodocasal, ouda co-responsabilidade na qualidade dorelacionamentoé uma idéia interessante e deve ser melhor explorada nas terapiasque fazemparte dotratamentodessa ReaçãoDepressiva à traição. Assim, a infidelidade deve ser abordada obrigatoriamente comoum problema do casale nãoapenas daquele que traiu ouapenas de quemsofreua traição. Se o casalprocura ajuda porque está passandopor um períodoturbulento, ou seja, antes da infidelidade propriamente dita acontecer, a atenção deve ser dirigida para a quase certa quebra do pacto que existia entre o casal. Essa quebra do contratopode dever-se a uma ouambas pessoas. Nessescasos uma pessoa ouas duassentiramsuas expectativas frustradas, sentiram-se traídas noprojetoamoroso, independente da traição literal já ter acontecido ou não.
  • 13. Não se pretende tratar a traição oua separação, obviamente, pois nada dissoé doença. A psiquiatriae a psicologia sãoconvocadas a tratar as conseqüências emocionais desses episódios na vida do casal. Algumas vezes, dependendoda intensidade doquadrodepressivo decorrente dessa vivencia traumática, será necessárioo usode antidepressivos, porém, sempre em conjuntocom a psicoterapia. O fato da depressãoser de origem externa, nesses casos chamada de Depressão Reativa, não isenta o usode antidepressivos, pois o sofrimentoe a gravidade são tãosignificativos quanto da chamada Depressão Maior, de origem biológica. Enquantoa medicaçãoantidepressiva melhora o ajustamento afetivo à vivência causadora, diminuindoassim a reaçãovivencial depressiva, o tratamento psicoterápicodeve discutir a situaçãoatuale as perspectivas futuras. Aos casaisque optamcontinuar o relacionamentoa superação da traiçãoé a meta da terapia. O foco nãodeve se restringir apenas aoperdão, uma vez que nemsempre a maior parcela da culpa é de quemtraiu. Superar a vivência significa ir alémdoperdão, significa virar a página, e definitivamente. As lições decorrentesdessavivência traumática devem permanecer e cristalizar ainda mais o relacionamento. Algumas pessoas insistemem dizer nãoterem feitoabsolutamente nada que justificasse a traiçãoouseparaçãoda qual foram vítimas. Porém, deve fazer parte do ficcioso“manual de abordagem terapêutica para traídos e traidores” que nem sempre apenas as másatitudes resultam emdesarmonias e descontentamentos conjugais. As não-atitudes, a não-participação, a apatia, descaso, desinteresse e até o silêncio tambémsão formas de agressão. As pessoas podem ser sempre melhores para seus pares, diminuindo assim as chances de perda do encantamento, ouseja, dorelacionamento. E tanto as pessoas podem ser melhores que aquelasdeixadas produzemgrandes transformaçõesem suas vidasdepoisdo fim da relação:perdemo peso excessivo, deixamde fumar, entramemacademias, fazemlipoaspiração, lifting, clareamento dos dentes, mudança de hábitos, procuram tratar o ronco noturno, o mauhumor. Embora tudoissofaça parte do aresenal usado para melhorar a autoestima da pessoa que se sente deixada outraída, mostra tambémque tudoissopoderia ter sidofeitoantese ter melhoradoo relacionamentoagonizante. Ballone, GJ - Depressãopós-traição, in. PsiqWeb, Psiquiatria Geral, disponível na Internet em http://www.psiqweb.med.br/, 2011 O site Terra - Mulher publicou uma lista de 15 sinais preditivos de iminente traição masculina ou traição já consolidade. Tenha ou não validade, no mínimo é interessante e divertido. Veja: 15 atitudes que podem indicar que você está sendo traída: 1) O parceiro começa a dizer que precisa de um espaço só dele, sendo que antes o casal fazia tudo junto 2) Começam as reuniões com os amigos, onde a presença do outro é totalmente dispensável e imprópria 3) Ele está mais interessado em comprar roupas novas ou há momentos em que sai de casa mais arrumado para fazer ações banais, como "tomar um ar" 4) Seu parceiro há algum tempo começou a trabalhar até tarde e a ter reuniões no final de semana, mesmo sem mudança aparente no emprego 5) Ele tem se irritado ou fica estressado com facilidade 6) Mudança no comportamento: ele está mais amável do que o normal ou então você percebe que muitas vezes tem ficado como segundo plano 7) Sempre que está ao seu lado e o celular dele toca ele fica sobressaltado ou quer ficar sozinho para atendê-lo 8) Quando você telefona dificilmente consegue falar com ele 9) O apetite sexual dele mudou. O tempo todo está ocupado ou cansado demais para você ou então de uma hora para outra quer fazer sexo a todo instante com medo de que você perceba que ele tem outra 10) Ele começa a chegar sempre atrasado em compromissos 11) Ele tem crises excessivas de ciúmes 12) Quando chegam as contas, ele trata de pegá-las rapidinho para esconder gastos com telefonemas pelo celular ou com cartões de crédito em restaurantes, motéis, presentes para a amante 13) Ele critica outros infiéis 14) Ele se incomoda de ver você muito quieta, com medo que você desconfie da traição 15) Ele começa a achar tudo caro e costuma dizer com freqüência que vocês precisam fazer passeios mais baratos para economizar dinheiro TOC - TranstornoObsessivo-Compulsivo Manias, idéiasabsurdas que não se consegue evitar, comportamentos compulsivos... | Obsessões-Compulsões | As características essenciais do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) sãoobsessões oucompulsões recorrentes e suficientemente graves para consumirem tempo oucausar sofrimentoacentuado à pessoa. Leigamente, diz-se que a pessoa tem váriasmanias esquisitasou estranhas mas, normalmente, o próprioportador de TOCsabe que suas manias, obsessões e/oucompulsões sãoexcessivas ouirracionais. Para entender melhor, vamos começar definindomelhor o que sãoas obsessõese as compulsões, as primeiras, alteraçõesdo pensamento (veremos tambémna seçãoPsicopatologia), as segundas, do controle dos impulsos. Obsessõessão pensamentos ou idéias (p. ex. dúvidas), impulsos, imagens, cenas, enfim, sãoatitudesmentaisque invadema consciência d e forma involuntária, repetitiva, persistente e normalmente absurdas. Essas idéiasobsessivassãoounãoseguidasde rituaisdestinados a neutralizá-los, as compulsões. Os pesamentos obsessivos sãoexperimentados comointrusivos, inapropriados ouestranhos pelo próprio paciente, o que acaba ca usandomais ansiedade e desconfortoemocional. A pessoa tenta resistir a esses pensamentos, ignorá-los ousuprimi-los com açõesou comoutros pensamentos, mas sempre, o própriopaciente reconhece tudoisso como produtode sua mente e nãocomose fossem originados de fora (comoocorre na esquizofrenia). Compulsõessãocomportamentos repetitivos (p.ex.lavar as mãos, fazer verificações, fechar portas4 vezes), ou atos mentais (rezar,contar, repetir palavras oufrases)que a pessoa é levada a executar em resposta a uma obsessãoouemvirtude de regras(autoimpostas) que devem ser seguidas rigidamente. Os comportamentos ouattudes mentais compulsivas são destinadas a prevenir ou reduzir o desconforto gerado pela obsessão, ou prevenir alguma situação ouevento temidos. Como dissemos, o própriopaciente percebe que essas atitudesnãopossuem uma conexãorealística ou direta com o que pretendem evitar, ou que são claramente excessivas, masessa crítica não é suficiente para inibir a compulsão. A intromissãoindesejável de umpensamentono campoda consciência de maneira insistente e repetitiva, reconhecidopeloindivíduocomoum fenômenoincômodoe absurdo, é denominadode Pensamento Obsessivo. Portanto, para que um pensamento seja considerado Obsessão é necessárioo aspectoinvoluntário, bem como o reconhecimento de sua conotaçãoilógica e absurda pelopróprio paciente, ou seja, ele deve ter crítica sobre o
  • 14. aspectoirreale esdrúxulodesta idéia indesejável. As Obsessões estãotãoenraizadas na consciência que nãopodemser removidassimplesmente por um aconselhamento razoável, nem por livre decisão do paciente. Elasparecem ter existência emancipada da vontade e, por nãocomprometerem o juízocrítico, os próprios pacientes têma exata noçãodo absurdode seu conteúdomental. Em maior ou menor grau, as Idéias Obsessivas ocorrem emtodas as pessoas, notadamente quando crianças. Com o amadurecimentodoSistema Nervoso Central as pessoas normaisvão deixandoa maioria das IdéiasObsessivas. As Idéias Obsessivas que normalmente as pessoas costumam ter, sem que sejamconsideradaspacientes de TOC, podem aparecer, por exemplo, como uma musiquinha conhecida que não saida cabeça, oua idéia de que pode haver um bichodebaixo da cama, ou que o gás pode estar aberto apesar da lógica sugerir estar fechado. Em criançasaparecem como umcertoimpedimentoempisar nos riscos da calçada, uma obrigatoriedade em contar as árvoresda rua ouos carros que passam, etc. Estasidéiasobrigatórias, quandoexageradas e causadoras de significativa ansiedade ou sofrimento, constituem quadro patológico. Os temas das Idéias Obsessivas nos pacientescom TOCpode ser extremamente variável, entretanto, em grande númerode vezes dizrespeitoà higiene, contaminação, transmissão de doenças, bactérias, vírus, organização ou coisas assim. É muitofreqüente também a existênciade Idéias Obsessivas sobre um eventual impulso suicida, comopor exemplo, a idéia de ter um impulsoincontrolável e saltar da janela de edifícios altos, ou ser acometido subitamente por impulsos de agressãoe ferir pessoas, principalmente os filhos. Neste últimocaso, a obsessãoestá justamente em acreditar que, diante de um malestar súbito, a pessoa venha a perder o controle e executar, impulsivamente, aquiloque sugere tais idéias mas, aocontráriodoque podem pensar algumas pessoas, o paciente com TOCnãorealiza essesatos, apenas tem medode vir a fazer. São muitos os exemplos de pessoasque adotamuma conduta excêntrica motivadas pelaobsessão da contaminaçãoou pelo medo continuado de contágiodiante de qualquer coisa que lhes pareça suspeita. Há ainda, casos de pessoas que se sentem extremamente desconfortáveis quandopróximas de objetos pontiagudos, facas, foices, etc, devidoa idéia indesejável de que podem, repentinamente e misteriosamente, perder o controle e matar uma pessoa querida. Desta feita, a Obsessãoé um processomental que tem caráter forçado, uma idéia associada a umsentimento penoso que se apresenta ao espíritode modo repetidoe incoercível. Sãoidéiasimpostasaopsiquismo, incômodase sentidascomoinvoluntárias, as quais entram na mente contra uma resistência consciente. A similaridade entre Obsessõese Fobiasfoi observada já em 1878 por Westphal, criador dotermo Fobias Obsessivas. Seriammedos que dominama consciência, e que embora sejam reconhecidos como anormais, o paciente que nãoconsegue suprimi-los. Aliás, vê-se muito bem, nos exemplos práticos, o componente de medoque normalmente acompanha as idéias Obsessivas. A Obsessão com déias de doença e contaminaçãopode ser entendida como uma Fobiade doença, uma ruminaçãomental sem fim em tornoda possibilidade de sofrer qualquer tipode doença. Ainda que o fenômenoobsessivo seja distinto do fenômenofóbico, é sempre bom ter em mente que ambos podem ser facesdistintasde uma mesma moeda ou, o que mais provavelmente poderia ser, a fobia pode estar originandouma obsessãoe vice- versa. TranstornoObsessivo-Compulsivo Os Pensamentos Obsessivos, comosintomas, sãoestudados na página ssobre Alteraçõesdo Conteúdodo Pensamento. Comodissemos, são idéias de caráter obrigatórioe impostas ao indivíduo, independente de sua vontade, mesmosendocontrárias aos argumentos de sua lógica e de seujuízo. Essa característica faz comque as pessoas poucofamiliarizadas com assuntos dessanatureza, se espantem com o fatode Fulano, "tãointeligente", possa estar sendodominadopor idéiasque escapam de sua vontade. Acreditamque isso possa ser uma espécie de "fraqueza mental" e falta de um pensamento, digamos, forte o suficiente para dominar tais pensamentos. Além de não ajudarem o paciente, ainda deixam-nocom complexode culpa, de fraco, de incompetente... ara o diagnósticode TranstornoObsessivo-Compulsivo, os pensamentos obsessivos, e as conseqüentes compulsões deles decorrentes, devemser suficientemente intensos para causar sofrimentoacentuado, consumir tempo, interferir significativamente na rotina normal da pessoa, no funcionamento ocupacional ou nas atividadese relacionamentos sociais. As Compulsões, como vimos, são comportamentos repetitivos e intencionais (apesar de quase involuntários), desempenhados emresposta à Idéia Obsessiva e com a finalidade de prevenir o desconforto de um supostoacontecimentoterrível. Os atos compulsivos são ritualísticos, estereotipados e absurdos e, casonãosejam realizados à contento, a ansiedade acoplada à idéia obsessiva acerca de algumprovável acontecimentodesagradável passa a incomodar muitoo paciente. Normalmente os atos compulsivos envolvem atitudes de higiene, comopor exemplo, lavar as mãos, limpar coisas metodicamente, ouatitudesde contar, conferir, arrumar. Outras vezes, implicam emtocar ou olhar objetos de maneira ritualística. Incidência O Transtorno Obsessivo-Compulsivo era considerado, até pouco tempo, uma doença "oficialmente" rara. Dissemos "oficialmente", porque se levava em conta, para o estabelecimentode sua incidência ouprevalência, apenas o pequeno númerode pacientes que procuravam atendimento psiquiátrico especializado. Hoje em dia, a procura dotratamento especializado mudouesses índices significativamente. Jenicke (1990) calculouque esse diagnóstico está em torno de 10% de todos os pacientes que procuram atendimento de psiquiatria. O Epidemiologic Catchment Study (ECA), norte-americano, encontrouinicialmente uma prevalênciapara toda a vida de 2,5%. Karno mais recentemente (1988) estabeleceucifras de 3,0% para a prevalência doTOCpara toda a vida e de 1,6% em 6 meses (Bland,1988). Estascifraspodem ser supervalorizadas, pois foram obtidas por entrevistadores leigos doECA. Cálculos mais recentes estimamaoredor de 0,3% a prevalência para a população(Flament, 1988). As cifras citadas podem estar subestimadas, poisos indivíduos com TOCtêm vergonha de seus sintomas, não estãoincapacitados pelos mesmos e muitas vezes não se dãoconta de que o que sentemsãomanifestações patológicas.Levandoestes fatos em conta,Jenicke (1990) calcula que seja de 1 a 2% o risco que as pessoas temde desenvolverTOC. O DSM-IV, por sua vez, estima a prevalência para toda a vida, ao redor de 2,5% e de entre 1,5 a 2,1% a prevalência para o períodode um ano. A incidência do TOCé maior empessoascom conflitos conjugais, divorciados, separados e desempregados. É maior também nos familiares de 1º grau (3 a 7%) de portadores de TOC, é igualmente presente entre homens e mulheres, sendo umpoucomais freqüente em adolescentesmasculinos (75%). O inícioda doença se dá em torno dos 20 anos, mas nãoé incomumem crianças. TOC- Fisiopatologia