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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CAMPUS ARAPIRACA
ARQUITETURA E URBANISMO
RAFAEL NASCIMENTO DOS SANTOS
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA:
DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA.
Arapiraca,
Junho de 2015
RAFAEL NASCIMENTO DOS SANTOS
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA:
DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Arquitetura e Urbanismo como parte das
exigencias para obtenção do Grau de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo
Orientadora Prof.ª Simone Carnaúba Torres
Arapiraca,
Junho de 2015
3
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi discutir a temática relacionada ao processo projetual e ao
método, particularmente em relação à etapa de estudo preliminar, a partir da avaliação de
diferentes posturas teóricas de destaque na literatura especializada, indicando as
convergências e as divergências em relação aos aspectos conceituais do tema. Foi adotada
uma metodologia dividida em três etapas: revisão bibliografia, análise e síntese. Assim, pôde-
se destacar como consenso teórico o entendimento do processo projetual como uma sequência
cíclica, de definições de prioridades e decisões para a resolução de um problema de projeto,
permeadas tanto pela racionalidade como pela subjetividade. Foi apresentado como conclusão
do trabalho, um modelo síntese de representação deste processo, indicando os principais
estágios referentes à evolução cíclica (não linear), a partir das principais diretrizes apontadas
pelas abordagens teóricas analisadas para o alcance da solução do problema de projeto.
Palavras Chave: Projeto Arquitetônico, Processo Projetual, Método de Projeto
5
ABSTRACT
The objective of this paper is to discuss the issue related to the design process and method,
particularly for the preliminary study stage, based on the evaluation of different prominent
theoretical positions in the literature indicating the convergences and divergences in relation
to conceptual aspects theme. A split methodology was adopted in three stages, namely:
literature review, analysis and synthesis. So, it might be noted as a theoretical consensus
understanding of the design process as a cyclical sequence of priorities of definitions and
decisions to solve a design problem, both permeated by rationality and subjectivity. It was
presented as completion of the work, a representative synthesis model of this process,
indicating the main stages related to cyclical developments (nonlinear) from the main
guidelines indicated by theoretical approaches analyzed to achieve the design problem
solution.
Keywords: Architectural Design, Projetual Process, Project Method
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Exemplo de funcionograma apontado por Neves (1998) como instrumento para estudar as
relações entre os elementos do programa.............................................................................................. 25
Figura 2: Imagem que representa o sistema que compõe o processo de projeto, segundo Silva (1984).
............................................................................................................................................................... 29
Figura 3: Programa arquitetônico segundo Silva (1984)....................................................................... 37
Figura 4: Ilustração dos itens e subitens elencados na elaboração do programa segundo Silva (1984).38
Figura 5: Ilustração da seleção dos itens e subitens de forma restrita................................................... 38
Figura 6: Representa o sistema denominado como organograma......................................................... 39
Figura 7: Matriz de elementos e relações, um modelo semelhante ao organograma. ........................... 40
Figura 8: Representação do estudo preliminar de uma residência segundo Silva (1984). .................... 42
Figura 9: Pré-dimensionamento de um quarto ...................................................................................... 53
Figura 10: Corresponde ao desenho do terreno..................................................................................... 54
Figura 11: Mostra a distribuição dos setores juntamente com os elementos de ligação. ...................... 59
Figura 12: Disposição dos elementos estruturais em planta.................................................................. 60
Figura 13: Modelo proposto pelo primeiro grupo (LAWSON, 2006, 176). ......................................... 63
Figura 14: Modelo proposto pelo segundo grupo. (LAWSON, 2006, 176).......................................... 64
Figura 15: Modelo proposto pelo terceiro grupo. (LAWSON, 2006, 177)........................................... 64
Figura 16: Relação entre os requisitos funcionais e os parâmetros de projeto...................................... 75
Figura 17: Matriz referente ao relacionamento existente entre Requisitos Funcionais e Parâmetros de
Projeto. Fonte: (GRAÇA, KOWALTOWSKI, PETRECHE, 2011)..................................................... 76
Figura 18: Diagramas de junção e de fluxo que representa o projeto desacoplado............................... 76
Figura 19: Diagramas de junção e de fluxo que representa o projeto desacoplável.............................. 77
Figura 20: Fluxograma da escola analisada por Graça, Kowaltowski, Petreche, (2011)...................... 78
Figura 21: Mapeamento dos domínios funcionais e físicos que compõe o projeto............................... 79
Figura 22: Método de decomposição e recomposição da forma seguindo um o padrão linear............. 82
Figura 23: Método de decomposição e recomposição da forma seguindo um o padrão inverso.......... 82
Figura 24: Criação de formas a partir da recolocação de polígonos simples para criação de figuras
simétricas............................................................................................................................................... 83
7
Figura 25: Utilização do “Sketch up” para a criação de nossos padrões, sendo agora 3D.................... 83
Figura 26: Prototipagem de “mugarnas” a partir de um modelo virtual............................................... 84
Figura 27: Vocabulários de formas que são utilizadas para representar as formas que compõe o projeto
idealizado. ............................................................................................................................................. 90
Figura 28: Distribuição e combinação das formas. ............................................................................... 90
Figura 29: Aplicações euclidianas e operações booleanas.................................................................... 91
Figura 30: Ilustração da aplicação de algumas regras sobre a forma para criar algumas composições.91
Figura 31: Especificações existente em uma gramática da forma e seu resultado compositivo. .......... 92
Figura 32: Derivação para criação de formas emergentes..................................................................... 92
Figura 33: Derivações da forma com possibilidades maiores de variações .......................................... 93
Figura 34: Ilustração da composição forma utilizando os blocos de Froebel sugerido pela gramática da
forma proposta for Stiny. ...................................................................................................................... 94
Figura 35: Derivações da gramática da forma....................................................................................... 95
Figura 36: Casa de pradaria a partir das derivações da gramática da forma. ........................................ 96
Figura 37: Janelas chinesas que foram analisadas a partir da gramática analítica. ............................... 97
Figura 38: Aplicação da gramática paladiana paramétrica.................................................................... 97
Figura 39: Conjunto de transformações a partir das obras de Calatrava............................................... 99
Figura 40: Representação gráfica sobre os diferentes estágios e aspectos envolvidos no processo de
concepção arquitetônica, considerando a aplicação dos modelos lineares, circulares e o fator
individualidade.................................................................................................................................... 113
Figura 41: Funcionamento linear. ....................................................................................................... 118
Figura 42: Funcionamento Circular. ................................................................................................... 119
Figura 43: O projetista poderá escolher em que estágio deseja iniciar o seu processo projetual........ 119
LISTA DE TABELAS
Quadro 1 – Síntese dos períodos e os marcos de cada período onde tinham como foco a produção
intelectual dos métodos projetuais. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009)....................................... 16
Tabela 2: Exemplo utilizado por Neves (1998) de pré-dimensionamento para determinar as áreas de
um projeto arquitetônico residencial..................................................................................................... 53
Tabela 3: Calculo relacionado ao dimensionamento da área a ser utilizada para cada pavimento e
quantidade de sala específica. ............................................................................................................... 78
Quadro 4: Exemplo de Matriz de projeto segundo Graça, Kowaltowski, Petreche (2011). ................. 80
Quadro 5: Matriz de projeto decomposta relacionada a PP1 e RF1...................................................... 81
Quadro 6: Matriz de projeto decomposta relacionada a PP2 e RF2...................................................... 81
Quadro 7: Síntese de consensos e convergências (x convergência, ! divergência)............................. 110
Quadro 8: Síntese de consensos e convergências (x convergência, ! divergência)............................. 111
Quadro 9: Síntese de consensos e convergências (x convergência, ! divergência)............................. 112
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................10
2. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA MÉTODO DE PROJETO. ..............................................11
3. ASPECTOS CONCEITUAIS DO MÉTODO DE PROJETO..................................................................17
4. DISCUSSÕES SOBRE PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO DE PROJETO. .................................33
4.1. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO SILVA (1984)................ 33
4.2. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO MARTINEZ (1991)....... 43
4.3. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO MAHFUZ (1995)............ 47
4.4. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO NEVES (1998)............... 50
4.5. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO LAWSON (2006)........... 61
4.6. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO KOWALTOWSKI ET
AL.(2011).............................................................................................................................................................. 69
4.7. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO CASTELLS (2012)........ 84
4.8. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO EXISTENTE NA TEORIA DA
GRAMÁTICA DA FORMA. ................................................................................................................................ 88
5. ANÁLISE GERAL DOS DISCURSOS.....................................................................................................99
6. SÍNTESE GERAL DOS DISCURSOS....................................................................................................112
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................121
1. INTRODUÇÃO
A indagação inicial fundamental para que este trabalho fosse realizado foi o
questionamento da existência de um método ou métodos que permitam ao projetista, seja ele
aluno ou profissional, maior controle e maior liberdade sobre sua criação. Esta questão surgiu
ao longo do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Alagoas –
Campus Arapiraca, quando foram postos a prova, os alunos sobre seus conhecimentos quanto
a elaboração de um projeto arquitetônico a partir de informações básicas fornecidas pelo
professor. A partir daí, pôde-se perceber que houve um grupo de alunos que se destacou mais
que outros. Foi neste momento que surgiu o seguinte questionamento: há ou não há um
método que auxilie na concepção arquitetônica? Esta questão é fundamental não somente aos
alunos do curso de Arquitetura, como também aos profissionais da área, que mesmo já
atuando e tendo já em suas mentes um método, poderá identificar através deste trabalho,
diversos outros métodos ou procedimentos que poderão agregar informações a seu raciocínio
tornando seu processo mais ágil, assertivo e passível de ser avaliado, podendo até levar o
projetista a novos caminhos projetuais.
Dessa forma serão apresentados neste trabalho algumas posturas teóricas
relacionadas com a discussão sobre a existência ou não de um método. Dentre os autores que
abordaremos nesse trabalho, destacam-se: Silva (1984), Martinez (1991), Mahfuz (1995),
Neves (1998), Lawson (2006), Pires (2010), Kowaltowski et al (2011), Fabrício, Melhado
(2011), Andrade, Ruschel, Moreira (2011), Moreira, Kowaltowski (2011), Graça,
Kowaltowski, Petreche (2011), Harris, (2011) e Castells (2012). Esses autores selecionados
que trataremos nesse trabalho foram os que mais se destacaram ao longo do processo de
levantamento bibliográfico.
O objetivo deste trabalho é discutir a temática relacionada ao processo projetual
arquitetônico e ao método, particularmente em relação à etapa de estudo preliminar, a partir
de abordagem dos autores selecionados, indicando as convergências e as divergências em
relação aos aspectos conceituais do tema. De certa forma pôde-se ao fim desse trabalho,
destacar alguns pontos em comum relacionados ao processo projetual e aos métodos tratados
pelos autores em cada uma de suas obras selecionas para análise.
Dentre os objetivos específicos do presente trabalho destacam-se os seguintes:
 Identificar o conceito de “método”, “processo projetual”, “projeto
arquitetônico” adotado pelos diferentes teóricos;
11
 Identificar entre os autores selecionados quais deles abordam o tema método,
de forma a fornecer diretrizes para o processo projetual;
 Identificar posturas teóricas sobre a defesa ou não, de uma sequência lógica e
racional de procedimentos para o processo projetual arquitetônico;
 Compreender as diretrizes apontadas para o processo de concepção
arquitetônica destacadas pelos diferentes teóricos para elaboração de uma síntese sobre a
temática.
Os procedimentos metodológicos adotados para alcançar os objetivos correspondem
a três etapas: a revisão bibliográfica, a análise das posturas teóricas e por fim a elaboração de
uma síntese conclusiva a partir dos conceitos abordados pelos autores. Cada etapa será
descrita abaixo.
 Revisão bibliográfica sobre o tema Métodos para elaboração de projeto
arquitetônico, para a construção de um breve estado da arte. A revisão compreende a
abordagem de conceitos (processo projetual, método, etc.) defendidos por diferentes teóricos
subsidiando o entendimento de suas diferentes posturas epistemológicas, relacionando as
diretrizes projetuais destacadas pelos mesmos.
 Na análise das informações encontradas na revisão bibliográfica, buscou-se, ao
mesmo tempo, expor sobre o que cada autor compreende sobre o tema método de concepção
arquitetônica, como também iremos confrontá-los, seja os autores com posicionamento
teórico semelhante como também os autores de posicionamento contrários. Dessa forma,
poderemos construir um pensamento que mostre como os autores se posicionam sobre a
temática, levando-nos a entender se há ou não um método ou métodos que auxilie na
concepção arquitetônica.
 Na síntese buscou-se sintetizar todas as informações dispostas ao longo do
trabalho, sejam elas, divergentes ou convergentes, apresentando como produto um diagrama
gerado a partir da reflexão crítica sobre o processo projetual, pontuando em uma estrutura
lógica as diretrizes que permita auxiliar o projetista, seja ele, aluno ou profissional.
2. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA MÉTODO DE PROJETO.
A busca em torno de um método que pudesse melhorar a qualidade do processo e de
seus produtos teve início após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente na década de
1950, quando a União Soviética lançou o primeiro satélite artificial, em orbita do planeta
Terra, saindo na frente dos EUA. Este marco foi o suficiente para colocar em alerta os
americanos sobre o processo utilizado por eles para a produção de novos objetos. Dessa
forma, o foco das pesquisas que vinham sendo realizadas mudou, levando-os a pesquisar
sobre a criatividade. No decorrer da pesquisa delimitaram o assunto e passaram a pesquisar
sobre a necessidade do homem, levando a pesquisa a novos caminhos. Um dos caminhos
relacionados à pesquisa levou até à produção de bens manufaturados, foi partir deste
momento, que surgiu a necessidade de compreender os processos de projeto, através da
análise e avaliação dos mesmos. (OLIVEIRA, PINTO, 2009).
Na década de 1960, três congressos reuniram diversos pesquisadores de diversas
áreas dentre elas: aeronáutica, engenharia, psicologia, arquitetura, entre outras. O primeiro
encontro voltado ao estudo dos métodos foi lançado e materializado em um seminário
chamado: a Conferência em Métodos Sistemáticos e Intuitivos na Engenharia, Desenho
Industrial, Arquitetura e Comunicações (The Conference on Systematicand Intuitive Methods
in Engineering, Industrial Design, Architectureand Communications), em Londres em 1962,
organizada pelo engenheiro Joseph Christopher Jones. A primeira conferência foi de grande
importância, porque neste evento houve vários trabalhos que discutiram a importância da
pesquisa sobre métodos de projeto. No evento a discussão se voltou aos métodos sistemáticos
e intuitivos. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
A busca em desmistificar a criatividade no processo de projeto forjou o que
convencionalmente se trata como a passagem da “caixa preta” (black box) para a “caixa de
vidro” (glass box). Dessa forma, os conhecimentos práticos aliados aos conhecimentos
populares e filosóficos voltados a concepção arquitetônicas, eram distantes dos
conhecimentos científicos e isso dificultava seu entendimento. Dessa forma o processo de
concepção estaria mais próximo da intuição do que dos métodos capazes de auxiliar na
concepção e de produzir ambientes de trabalho que a favoreça. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
Nessa primeira conferência houve um grande avanço em direção ao entendimento
sobre os métodos de projeto. Levou várias áreas do conhecimento a pesquisarem sobre o
assunto, dentre elas temos: aeronáutica, engenharia, psicologia, arquitetura, entre outras áreas.
Herbert Simon denominou essa nova ciência como a “ciência do artificial”. Em seu livro de
mesmo nome, busca aplicar extensa abordagem científica das ciências do artificial na
economia assim como na engenharia e em outras disciplinas. Nesse mesmo livro, Simon
também introduz a ideia dos “problemas de projeto” como “problemas mal definidos” ou
“mal estruturado”. (OLIVEIRA, PINTO, 2009). Segundo Bruce Archer (1979) apud Oliveira,
Pinto (2009):
13
“O problema” [em um projeto] é obscuro sobre seus requisitos [...]. A
solução é a combinação de requisitos/previsão que contém uma pequena
quantidade aceitável de desajuste e obscuridade. [...] A atividade de projeto é
comutativa, a atenção do projetista oscila entre a emergência dos requisitos
ideais e as ideias provisoriamente desenvolvidas, como se iluminasse a
obscuridade em ambos os lados e reduzisse o desajuste entre eles. (Archer,
1979, p.17 apud OLIVEIRA, PINTO, 2009).
Em 1965 ocorreu à segunda conferencia denominada Second Design Methods
Conference, que ocorreu em Birmingham. Neste congresso foi de grande importância porque
afirmou a importância do projetista na sociedade.
Com o passar do tempo a pesquisa voltada para a concepção se tornou tão rígida e
abstrata que perdeu o foco sobre os usuários e se debruçaram sobre a discussão sobre o
próprio processo. Segundo Jones seria o “processo no lugar do progresso”. (JONES, 1980,
375 apud OLIVEIRA, PINTO, 2009). Outro ponto a ser destacado é que as pesquisas
relacionadas com o tema tornaram-se assunto para estudos acadêmicos sobre os métodos e
suas metodologias, perdendo o foco da pesquisa relacionada a prática projetual.
Em 1966, surgiu o grupo denominado Grupo de Métodos de Projeto (Design
MethodsGoup - DMG), nos Estados Unidos. Eles eram responsáveis pela revista denominada
DMG Newsletter, entre 1966 e 1971. Posteriormente a publicação adotou o nome DMG-DRS
Journal: Design Researchand Methods, 1971-1976, e Design Methodsand Theories, de 1976
até o presente. (BAYAZIT, 2005, p.20 apud OLIVEIRA, PINTO, 2009).
A terceira conferência ocorreu em 1967 em Portsmouth denominado (Design
Methods in Architecture Symposium), organizado por Geoffrey Broadbent e Anthony Ward. A
partir desse congresso surgiram os grupos de estudo sobre métodos de projeto. Nesse mesmo
ano foi fundada no Reino Unido a Sociedade de Pesquisa em Projeto (Design Research
Society), que ainda se mantém ativa e publica periodicamente Design Studies. Entre os atuais
membros estão Nigel Cross, Richard Buchanan e Bruce Archer. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
No livro produzindo a partir do congresso de Portsmouth, organizado por Broadbent,
ele comenta sobre os trabalhos apresentados pelos palestrantes. Ao comentar destaca a
importância sobre as necessidades do homem, e dentre os palestrantes do evento ele destaca
dois autores que são: Amos Rapoport e Thomas Markus. Rapoport defende um raciocínio
preocupado com a “humanidade” na arquitetura. Mais racional e lógico que seja o projeto,
outros fatores não tão mensuráveis são igualmente importante como, por exemplo,
sentimento, juízo e valor entre outros. Já Markus aborda o processo da leitura de um edifício,
buscando destacar o deslumbramento com a abstração matemática, distanciando ou
esquecendo do valor do edifício em si. (OLIVEIRA, PINTO, 2009). Por esses motivos a
pesquisa realizada em torno do método de projeto levou aos pesquisadores a questionar a
validade de seus resultados, assim, na década de 70, dois de seus lideres saem por sua
insatisfação diante do rumo que as pesquisa tinham tomado, neste caso, se tornaram rígidas e
se afastaram da prática profissional e de seu consumidor final.
Os vários acontecimentos que ocorreram por insatisfação com os resultados das
pesquisas levou a revista Design Studies rever seu foco. A partir desse momento as pesquisas
passaram a dar importância ao processo projetual firmada a partir da ideia do projeto
participativo (reflexo, inclusive, das ações de movimentos sociais a partir da década de 70).
Foi a partir dessa época que outras áreas, como sociologia, geografia, psicologia, passaram a
ter participação sobre o processo de projeto. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
A integração entre informática e arquitetura ocorre a partir do final da década de 60 e
inicio da década de 70, onde alguns pesquisadores iniciaram suas pesquisas sobre
desenvolvimento de programas de avaliação de decisões de projeto. Foi a partir desse
momento que os pesquisadores passaram a programar e avaliar o desempenho dos edifícios
para justificar as decisões tomadas de forma cientifica. Essa forma ainda é muito restritiva e
contraria a forma tradicional de produzir o projeto. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
Depois de quarenta anos vários autores conseguiram distinguir as diferentes fases
existentes que caracterizam o processo. O primeiro a identificar essas fases foi Horst Rittel,
nos anos de 1970 ao destacar que o processo se caracteriza por três fases sendo elas: análise,
síntese e avaliação. Esse seu apontamento relacionado às fases do processo projetual, em
direção ao estudo sobre o método de concepção, teve como base técnicas de pesquisa
operacional que também são conhecidas como “métodos sistemáticos de projeto”. Posterior a
esses apontamentos, Rittel, propõe considerar nas decisões de projeto o envolvimento do
usuário e seus objetivos. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009)
Já na década de 1980 a influencia dos Design Methods fez mudar a percepção sobre
o assunto, neste caso, o projeto passou a ser uma ciência especifica e não precisaria de
argumentos filosóficos para se sustentar. Segundo Van Der Voordt e Van Wegen (2005),
vários autores se destacaram ao longo do século XX dentre eles temos (BROADBENT, 1982
apud KOWALTOWSKI, 2009):
(a) o controle do processo de projeto: John Christopher Jones, Christopher
Alexander, Bruce Archer e John Luckman;
(b) a estrutura dos problemas de projeto: Peter Levin, Christopher
Alexander, Barry Poyner, Horst Rittel, Melvin Webber e Herbert Simon;
15
(c) a natureza da atividade de projeto: Jane Darke, ÖmerAkin, Bryan
Lawson, John Thomas e John Carroll; e
(d) a filosofia do método de projeto: Geoffrey Broadbent é o expoente
principal, em especial por sua obra Design in Architecture. (BROADBENT,
1982 apud KOWALTOWSKI, 2009).
Os Design Methods estavam em desenvolvimento em 1980, suas diversas pesquisas
repercutiram em diversas áreas e tiveram ótimas contribuições, sendo elas na área de APO
(Avaliação Pós-ocupação), programa arquitetônico, inteligência artificial entre outras. As
diversas fases que a pesquisa passou ao longo dos vários anos contribuíram para estabelecer o
assunto como uma disciplina independente, capaz de influenciar a própria ciência
(MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009).
No inicio da década de 1990, o computador passou a ser uma possível ferramenta
para inserir informações como, por exemplo, problemas, questões do programa de
necessidades, outros, de forma a gerar soluções em um sistema de input e output. Mesmo
nesse momento a ideia do gráfico ou mapa com as etapas do processo de projeto rigidamente
dispostas ainda se aplica, porque o computador como um instrumento lógico só gera
informações a partir de padrões sistemáticos. Além disso, o programa não gera respostas
automáticas e deve ser programado a partir da inserção informações, dessa forma o usuário
precisa de habilidades para fazê-lo. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
No Brasil, as pesquisas em torno do tema não teve grande repercussão no ato de
projetar dos projetistas nos escritórios brasileiros. E, além disso, sua influencia foi pouca
quanto aos programas de ensino ou pesquisa das escolas de engenharia e arquitetura. Dentre
os vários pontos a serem destacado para que isso tenha ocorrido, pode-se citar os seguintes:
 Atualmente, as pesquisas realizadas entorno do tema projeto estão menos
focadas na busca de uma metodologia rígida, que trate do procedimento
projetual como um cálculo matemático ou processo extremamente
controlado. Há alguns autores que afirmam que as pesquisas estão em
expansão novamente, e que estão tendo espaço nas universidades e apoio
governamental. As pesquisas realizadas atualmente integram o projeto com as
tecnologias de informação, tendo uma grande importância no rumo do
trabalho do projetista. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)
 Brasil as primeiras instituições de ensino de arquitetura baseavam-se no
modelo da École de BeauxArts, que foi trazido para o Brasil pelos franceses
no começo do século XIX. Este modelo de ensino ainda se mantém em
muitas escolas e tem como foco central incentivar a formação artística do
arquiteto. Em consequência desta formação, é possível observar que há uma
falta de definição na estrutura do processo de projeto e dos procedimentos,
que normalmente são empregados, o método de tentativa e erro na concepção
do edifício. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009).
 Outro ponto relacionado ao Brasil é que a organização dos primeiros
escritórios de arquitetura no Brasil foram tardios sendo criados na metade do
século XX e tinham como base o talento individual do profissional
responsável.
O quadro a seguir sintetiza todos os períodos relacionados à busca de um método que
auxilie o projetista em seu processo projetual e suas características:
Quadro 1 – Síntese dos períodos e os marcos de cada período onde tinham como foco a produção intelectual dos
métodos projetuais. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009).
Períodos Características
Primeira Fase
Primeira
metade da
década de
1960
 Projeto é definido como a atividade de resolver problemas
segundo determinados objetivos;
 Busca por abordagens sistemáticas e eficientes das questões de
projeto;
 Confiança nas possibilidades oferecidas pelo computador;
 Principais expoentes: John Christopher Jones, Christopher
Alexander e John Luckman.
Segunda
metade da
década de
1960 e
metade da
década de
1970
 Crítica crescente às falhas das abordagens técnicas da primeira
fase.
 A atenção foi transferida para a solução de problemas sociais;
 Participação dos usuários na criação e gerência do ambiente
construído;
 Construção de habitações experimentais e habitações
comunitárias;
 A metodologia de projeto passou a considerar novas disciplinas,
como a psicologia ambiental e a sociologia habitacional;
 Principais expoentes: Horst Rittel e Henry Sanoff.
Metade
dadécada de
1970 aos
anos de 1980
 Críticas à ênfase unilateral do pensamento racional.
 Alexander publica “A Pattern Language” e rejeita qualquer ideia
classificada como “metodologia”;
 Admite-se que o projeto ainda é visto como um ciclo de análise-
síntese-avaliação, mas cada processo de projeto é único e não pode
ser descrito de modo padronizado;
 Broadbent aponta o surgimento da terceira geração: em contraste
com a abordagem analítica dos anos 60 e com a atenção à
participação do usuário, característico dos anos 70;
 Principais expoentes: Christopher Alexander, Geoffrey Broadbent,
17
Herbert Simon, Ömer Akin, Donald Schön e Nigel Cross.
Segunda Fase
Dos anos de
1990 aos
nossos dias
 Interesse nos sistemas de processamento de informações e
sistemas de suporte às decisões de projeto;
 A ferramenta essencial de projeto é o CAD;
 Desenvolveu-se um novo tipo de projeto, influenciado pelo uso
dos computadores e envolvendo a busca por formas geométricas
anormais e não retangulares.
 A complexidade do edifício é consequência da influência de vários
profissionais, além do arquiteto, que consideram diferentes
objetivos e prioridades na definição da melhor solução;
 Algoritmos matemáticos podem ser usados para dar uma ideia da
relação de soluções onde cada variante de projeto pode satisfazer
cada requisito mínimo.
 Principais expoentes: William Mitchell, Donald Schön e Bryan
Lawson.
Portanto, podemos perceber que as pesquisas relacionadas ao projeto em busca de
um método que auxilie o projetista ao longo do processo projetual, passaram por um longo
caminho até chegar aos dias de hoje. As pesquisas sobre método de concepção projetual
levaram os pesquisadores a se distanciarem do real foco que seria a prática projetual voltada
para o atendimento das necessidades de seus usuários. No entanto, com o tempo tiveram
grandes avanços, seja pelo entendimento sobre os processos que estruturam o método, seja
por introduzir novas ferramentas que possam auxiliar os projetistas no processo projetual. Já
no Brasil, mesmo com pouco avanço relacionado ao processo projetual, hoje estão sendo
retomadas as pesquisas entorno do método, com o apoio das instituições de ensino como
também, das instituições governamentais.
3. ASPECTOS CONCEITUAIS DO MÉTODO DE PROJETO
Neste capitulo serão abordado diversos conceitos que ajudarão na compreensão do
tema processo projetual e método. Através da discussão pontual do que os autores
selecionados pensam entorno de suas ideias dispostas em suas obras. Buscaremos seguir a
seguinte sequência: O que é o projeto? O que é projetar? O que é o partido arquitetônico? O
que é o programa de necessidades ou programa arquitetônico? O que é o processo de projeto?
E por fim, o que é o método?
Então para iniciarmos a discussão entorno dos conceitos básicos que norteiam o
trabalho, daremos início com a seguinte questão: o que é o projeto?
Dentre os vários autores, selecionados para embasar nosso trabalho, quatro autores
tratam sobre o conceito de projeto: Neves (1998), Silva (1984), Castells (2012), Fabrício,
Melhado (2011) e Martinez (1991).
Para Neves (1998) o conceito de projeto é:
[...] seria o documento demonstrativo desse algo idealizado. O projeto é,
portanto, o produto do ato de projetar. Esse documento, o projeto, compõe-se
de um conjunto de plantas, contendo os desenhos do edifício. (NEVES,
1998, p.9)
Ele mostra que o projeto seria simplesmente o documento demonstrativo da ideia
idealizada, neste caso, o projeto se resume a representação gráfica do elemento arquitetônico
idealizado, que seria entregue ao cliente. Já Silva (1984), conceitua o projeto como:
[...] uma proposta de solução para um particular problema de organização do
entorno humano, através de uma determinada forma construível, bem como
a descrição desta forma e as prescrições para sua execução. (SILVA, 1984,
p.39)
A definição de Silva (1984) mostra que o projeto seria uma solução dentre várias
outras soluções possíveis que poderia ser aplicada para solucionar o problema de organização
de espaço entorno do “cliente”, determinada através de informações que nortearia sua forma
física idealizada e sua execução. Já para Castells (2012), projeto:
[...] são propostas materiais de transformação que podem ser organizadas em
partes constitutivas definidas. Assim, o tipo de projeto particular que
caracteriza a arquitetura é o registro, gráfico na sua quase totalidade,
resultante da atividade de pensar e desenvolver (ou seja, criar) propostas que
transformem alguma coisa já existente em algo que se supõe melhor.
(CASTELLS, 2012, p. 65)
Castells (2012) define projeto como um elemento material constituído de partes pré-
definidas, registradas graficamente a partir da resultante do processo criativo que transforma
diversas informações já existentes em algo melhor. Já Fabrício e Melhado (2011) define
projeto como:
[...] o resultado de várias interações sociais, que é definida não somente pela
atuação do projetista, mas também das influencias dos clientes, dos usuários
e os dos demais participantes do projeto. (FRABRICIO, MELHADO, 2011,
p. 57)
Segundo Fabrício e Melhado (2011) o projeto seria a influencia não somente do autor
do projeto, no caso, o arquiteto, mas também do cliente, dos usuários entre outros que
19
poderiam participar e influenciar na concepção arquitetônica do projeto. Já para Martinez
(1991) projeto é:
[...] o desenvolvimento de um anteprojeto, cuja estrutura costuma ser
denominada “partido”. Diferentes projetos podem ser desenvolvidos com
base em um mesmo partido. (MARTINEZ, 1991, p. 13)
Para Martinez (1991) o projeto seria o desenvolvimento do anteprojeto a partir do
partido e que a partir desse partido é possível desenvolver diversos projetos diferentes entre si.
Já em outra definição do mesmo autor, ele define projeto como:
[...] a descrição de um objeto que não existe no começo do processo. Esta
descrição faz-se por aproximações sucessivas. As primeiras descrições
referem-se ao comportamento do futuro objeto no mundo, às suas relações
contextuais, às necessidades a serem satisfeitas. Essas descrições são verbais
ou escritas, uma parte delas fica determinada no programa.
Após essas aproximações verbais, procuram-se outras, gráficas, cada vez
mais próximas da representação de edifícios existentes no que diz respeito
aos códigos gráficos, diferentes destas por seu conteúdo, uma vez que se
trata de um edifício novo, com suas particularidades próprias.
O resultado do processo é um objeto. Mais precisamente, a descrição de um
objeto por meios analógicos – desenhos, maquetes, acompanhados de
especificações sobre propriedades dos materiais propostos para sua
construção. A invenção do objeto realiza-se por meios de “representações”
dessa coisa inexistente, codificadas de maneira imprecisa em um sistema
gráfico cuja sintaxe é parecida com aquela das representações definitivas.
Cada nova tentativa de representação é iniciada para dar solução
tridimensional a um aspecto do problema, conforme percebido pelo
projetista no momento de iniciar essa representação. Como resultado, a cada
vez que o projetista termina um desenho, sua percepção do problema que
pretendia resolver evoluiu.
O processo de produzir essa representação resulta em gráficos nos quais o
projetista lê mais informação do que introduziu. Esta nova informação
refere-se a relações espaciais possíveis, a compatibilidades e a
incompatibilidades entre soluções parciais e a novas sugestões de forma.
(MARTINEZ, 1991, p. 37)
Já esta segunda definição é complementar a primeira feita por Martinez (1991).
Podemos compreender que o projeto é basicamente a representação de um objeto que até o
início do processo de concepção não existia. O resultado do processo criativo é representado
através de meios análogos, sendo eles, gráficos (desenhos), modelos físicos (maquetes), entre
outras formas de representações que permitam compreender a idealização da ideia. Estas
representações buscam representar as diretrizes definitivas composta na ideia ao longo do
processo de concepção. No entanto, sua definição vai além da representação gráfica da ideia.
O projeto seria constituído por uma seleção minuciosa de informações que poderia ser
agregada ou não. Ao fim do processo conceptivo constituirá o projeto graficamente e que a
cada projeto realizado, o projetista evolui. Além disso, para se conceber um projeto é utilizado
como base o partido e este, em muitos casos, são utilizados em vários outros projetos, gerando
a cada projeto uma nova identidade com a mesma essência. Esta essência é composta por um
programa arquitetônico que pode ser escrito ou verbal.
É possível perceber que há um consenso conceitual de forma complementar entre os
cinco autores quanto a suas definições, no entanto dois deles, neste caso, Neves (1998) e
Castells (2012), tem definições semelhantes, onde descrevem que o projeto seria o resultado
do ato de projetar, podendo ser registrada, de forma gráfica, contendo diversos elementos
como plantas, cortes, fachadas entre outros e dentro deles haverá as diretrizes que
demonstram a forma idealizada e que auxiliará o projetista na construção do projeto
idealizado. No entanto, os outros três autores, neste caso, Silva (1984), Fabrício, Melhado
(2011) e Martinez (1991), mostram que o projeto é mais que uma representação gráfica, neste
caso, um produto a ser entregue ao cliente, e sim o resultado da interação entre os vários
integrantes que influenciam na concepção do projeto, neste caso, os integrantes seriam desde
o próprio arquiteto, até usuários que não têm uma ligação propriamente dita sobre a
edificação, mas que sua opinião é de grande influência sobre o resultado final do projeto e
assim por diante. Segundo estes, o projeto seria não somente representado por meios gráficos
e sim, também, por meios análogos como maquetes e outros meios. O partido arquitetônico
utilizado para constituir o projeto poderá ser reutilizado diversas vezes, e a cada reutilização,
poderá resultar em um projeto totalmente diferente que o anterior. Além disso, o projeto seria
a representação da resolução de um problema que compõe a vida humana.
Depois de compreendemos o que é o projeto, então, cabe-nos questionar o que é
projetar? Dentre os vários autores selecionados, destacaremos três autores que tratam
diretamente sobre esta questão que são: Neves (1998), Silva (1984), Lawson (2006).
Para Neves (1998) projetar "[...] seria o ato de idealizar algo a ser feito." (NEVES,
1998, p. 9). Sua definição é simples, mas mostra que projetar parte da ação de idealizar,
pensar, em “algo” e este algo representa o projeto, no caso uma representação gráfica ou
volumétrica, e que a posteriori seria feito ou construído.
Já para Silva (1984) projetar ou projetação seria o "[...] ato ou efeito de elaborar
projetos." (SILVA, 1984, p. 34). Da mesma maneira que Neves (1998), Silva (1984), define o
ato de projetar de forma bastante simples, mas mostra através de sua definição que o ato de
projetar se resume ao simples ato ou efeito de conceber o projeto.
Já Lawson (2006) define:
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Projetar também é uma atividade cotidiana de todos nós. Projetamos o nosso
quarto, decidimos como arrumar objetos em prateleiras ou sistemas de
armazenamento, planejamos nossa aparência toda manhã, plantamos,
cultivamos e cuidamos do jardim, escolhemos alimentos e preparamos
refeições, planejamos as férias. (LAWSON, 2006, p.17)
Lawson (2006) define o ato de projetar como uma atividade diária não exclusiva do
arquiteto. Podemos identificar que sua definição de projetar é bastante semelhante à ideia de
planejamento, onde planejamos nosso quarto, nosso jardim, nossas férias e assim por diante.
Lawson (2006) também define projetar como "[...] uma forma de pensar, e pensar é
uma habilidade. As habilidades podem ser adquiridas e desenvolvidas." (LAWSON, 2006, p.
279). Segundo a definição de Lawson podemos identificar que sua definição anterior se
complementa com essa, de forma que mostra que nem o ato é exclusivo do arquiteto e nem
que somente alguns arquitetos podem projetar, no caso, o ato de projetar é uma habilidade que
pode ser adquirida e desenvolvida.
Portando, segundo os diversos autores que discutem sobre o que é projetar, é possível
identificar que há nas definições pontos convergentes e divergentes. Para os convergentes
verificamos que projetar seria o ato de elaborar projeto (SILVA, 1984; NEVES, 1998). Já
para os divergentes compreende-se projetar como um ato que não é exclusivo do arquiteto,
correspondendo a uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida (LAWSON, 2006).
Agora depois de compreendido o que é o projeto e o que é projetar, temos que
compreender o que é o partido arquitetônico. Dentre os vários autores em discussão neste
trabalho temos quatro autores que tratam sobre este assunto que são: Neves (1998), Silva
(1984), Mahfuz (1995), Martinez (1991) e Castells (2012). Para Neves (1998) “o partido, na
arquitetura, é compreendido como a ideia preliminar do edifício projetado”. (NEVES, 1998,
p.7). Sua definição é bastante simples, mas mostra que o partido seria a ideia anterior ao
edifício, mas essa definição pode deixar muitas dúvidas, porque não há mais detalhes sobre o
que compõe essa ideia preliminar, neste caso o partido. Em seu livro “Adoção do Partido na
arquitetura” Neves (1998) aborda com mais profundidade o que constitui o partido.
Segundo Silva (1984):
O partido arquitetônico assume, um duplo papel, pois, ao mesmo tempo que
reflete o objetivo do programa, através da interpretação dos condicionantes
existentes, espelha também um elemento subjetivo, que é a intenção plástica
do projetista. Dentro de um espírito rigidamente racional e funcionalista,
poderia-se afirmar que a primeira característica – a consequência formal de
uma serie de determinantes – é hierarquicamente mais importante que a
segunda – a intenção plástica do projetista; isto porque existe um preceito
doutrinário da arquitetura racionalista que determina que a configuração
plástica da obra arquitetônica deve resultar da expressão funcional e
construtiva, sem jamais derivar de uma proposta estética arbitrariamente
assumida antes das definições próprias dos estudos preliminares. (SILVA,
1984, p. 99).
Na definição de Silva (1984) é possível compreender que o partido teria em sua
composição duas formas: uma direcionada a composição funcional sendo representada pelo
programa e a outra seria a composição plástica representada pela intenção plástica de sua
ideia. Silva (1984) destaca que a definição do partido é uma consequência da postura
ideológica do projetista, exemplificando o caso dos defensores da arquitetura moderna, que
priorizam na resposta plástica as questões de leitura da funcionalidade do edifício. Silva
(1984) também define que o partido seria: "[...] a síntese das características principais do
projeto." (SILVA, 1984, p. 100). Esta definição feita por Silva (1984) demonstra que o
partido seria basicamente uma síntese (resumo) das informações que poderia existir no
projeto, sendo elas, subjetivas ou objetivas.
Já para Mahfuz o partido é "[...] um esquema diagramático de um edifício, uma idéia
conceitual genérica, carregando consigo, ao mesmo tempo, as noções de reunião e divisão."
(MAHFUZ, 1995, p. 20). Sua definição mostra que o partido tem uma estrutura diagramada
neste caso, correspondente a uma estrutura predeterminada contida o edifício idealizado.
Além disso, este diagrama tem como função mostrar tanto as partes separadas quanto as em
conjunto. Já em sua definição complementar, Mahfuz mostra que: "o partido é uma
aproximação, uma síntese dos aspectos mais importantes de um problema arquitetônico."
(MAHFUZ, 1995, p.27). Sua abordagem mesmo próxima do que Silva definiu anteriormente,
mostra que o partido estaria relacionado à solução de um problema, e neste caso como ele é
uma síntese, tem que abordar em sua estrutura todos os problemas existentes para que possa
ao fim de todo o processo, ter as soluções ou possíveis soluções para estes problemas
elencados no raciocínio do partido.
Outro autor que discute sobre o que é o partido seria Martinez neste caso, ele define
que: "o partido, como fator de originalidade de cada projeto, confunde-se com a
personalidade de seu autor e, simultaneamente, reafirma a unicidade do edifício, sua
qualidade de obra artesanal." (MARTINEZ, 1991, p. 111).
Outro autor que discute sobre o que é o partido seria Castells (2012), sobre essa
questão ele o define da seguinte maneira:
[...] o “partido” constitui a essência do projeto, uma vez que nele podem ser
encontrados todos os aspectos substantivos que terminarão por definir o
processo projetual. Em outros termos, o processo projetual de fato só inicia
quando a informação obtida na fase preliminar é interpretada e organizada
23
segundo certas prioridades estabelecidas pelo arquiteto e que ficam
plasmadas no diagnóstico. Por isso mesmo, pode-se dizer que esse é um
momento de articulação, quando o arquiteto passa de uma atitude onde
prima a objetividade da análise, para a outra de maior subjetividade, quando
identifica e seleciona escolhas projetuais em função do que entenda ser a
melhor alternativa de solução para o problema colocado. Chegado nesse
ponto, tanto a formação cultural e experiências profissionais previas, assim
como a própria personalidade do arquiteto, terão peso decisivo na definição
do projeto final (CASTELLS, 2012, p.70).
Pelo que Castells (2012) trata sobre o partido, ele seria essencial para a condução da
elaboração do projeto. Dessa forma o processo de projeto só teria início posterior a sua
elaboração que tem como base analisar as informações organizadas através de parâmetros que
o próprio arquiteto estabelece. O partido arquitetônico seria marcado pela objetividade, onde
o arquiteto selecionará e analisará as informações escolhidas tendo como foco solucionar os
problemas de projeto elencados.
Ainda sobre o partido, Castells (2012) diz que o mesmo contém uma característica
especifica, “[...] ele deve conter na sua essência a possibilidade de diferentes e múltiplas
materializações de projeto.” (CASTELLS, 2012, p.70). Isso seria o resultado do processo de
elaboração do projeto, onde surgirão diversas possiblidades de estabelecer conectividade e
relações entre as partes e o todo constituído pelo projeto. Em relação à estrutura representativa
do partido arquitetônico, Castells (2012) afirma:
O partido deve se apresentar como uma graficação esquemática cujo
objetivo essencial será transmitir uma proposta capaz de sintetizar o
conjunto de dados e informações colhidas, analisadas e geradoras de um
“diagnóstico”, que será o guia textual e antecedente imediatamente anterior a
ele próprio. (CASTELLS, 2012, pp. 70-71)
Pelo que foi exposto o partido deve conter uma estrutura esquemática onde tem como
objetivo registrar e transmitir uma síntese de um conjunto de informações colhidas,
analisadas, onde mostrará um “diagnóstico” que constituirá o próprio partido.
O partido, como já foi dito, seria a estruturação de uma síntese de diversas
informações colhidas anteriormente ao processo de projetação, segundo Castells (2012) elas
são:
1) Necessidades de funcionalidade, dimensionamento espacial, fluxos;
2) Características do contexto cultural e ambiental;
3) Sustentabilidade econômica, social, ambiental;
4) Características e disponibilidade de recursos materiais. (CASTELLS,
2012, p.71)
As informações pontuadas por Castells (2012) mostram que o partido arquitetônico
deve conter quatro tipos de informações. A primeira está relacionada a parte funcional do
projeto (dimensionamento, fluxo entre outros). A segunda está relacionada ao entorno
(predominância dos ventos e direção do sol, entre outros). Já a terceira está relacionada à
sustentabilidade do edifício (aproveitamento da luz do sol, dos ventos, das águas e assim por
diante). E para a quarta e última, está relacionada à disponibilidade de materiais (materiais
empregados no edifício, até mão-de-obra especializada).
Portanto, é possível identificar que para os autores Neves (1998), Silva (1984),
Mahfuz (1995), Martinez (1991) e Castells (2012) ao definir sobre o que é o partido,
mostram-se conceitualmente convergentes. Mesmo havendo alguns pontos diferentes a base é
inconfundível. Esta base contém as seguintes informações: o partido corresponde a uma
síntese do que poderá existir no projeto, sendo esta síntese objetiva ou subjetiva. Esta síntese
será o fio condutor para que o projetista possa conduzir sua concepção para que ao fim possa
ver sua personalidade representada em sua obra. Além disso, o partido auxiliará o projetista
na organização seja na disposição funcional dos espaços, como também, a composição formal
e plástica do projeto.
Seguindo a sequência, temos agora a seguinte questão: O que é o programa de
necessidades ou programa arquitetônico? Dentre os vários autores que discutem sobre esta
questão temos: Neves (1998), Silva (1984), Moreira, Kowaltowski (2011) e Castells (2012).
Para Neves (1998) define-se programa de necessidade como:
[...] a relação de todos os cômodos, ambientes, ou elementos arquitetônicos
previstos para o edifício.
O programa traduz, sob a forma de um elenco de elementos arquitetônicos,
os espaços onde se desenvolverão as funções e atividades previstas para o
tema, levando em conta as necessidades da clientela. (NEVES, 1998, p. 27)
Sua definição mostra que o programa de necessidades se resume basicamente a duas
informações: a primeira estaria relacionada aos espaços elencados que conterão no edifício e a
segura seria a relação entre os espaços previstos no edifício. Abaixo podemos ver como Neves
(1998) descreve seu programa de necessidades, usando como exemplo uma casa de veraneio:
1- Varanda;
2- Sala de estar;
3- Bar;
4- Suíte do casa (quarto mais sanitário);
5- Suíte dos filhos (quarto mais sanitário);
6- Quarto de visitas;
7- Sanitário social;
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8- Copa-cozinha;
9- Área de serviço;
10- Quarto da empregada;
11- Sanitário de empregada;
12- Garagem.
(NEVES, 1998, p. 29)
Para Neves (1998), as informações contidas em seu programa arquitetônico estariam
intimamente ligadas à funcionalidade objetiva de cada cômodo. Não há espaço para
subjetividade em seu programa de necessidades nem uso distinto do que foi planejado em seu
programa. A descrição acima, mostra a primeira informação contida no programa, já a Figura
1 é complementar a descrição realizada anteriormente, e mostra a segunda informação contida
na definição de Neves, vejamos:
Figura 1: Exemplo de funcionograma apontado por Neves (1998) como instrumento para estudar as relações
entre os elementos do programa.
É possível identificar na Figura 1 as relações existentes entre os cômodos. Esta
relação está intimamente ligada à circulação interna e externa quanto aos acessos aos espaços
físicos do projeto. Além disso, é possível ver como os espaços se relacionam em conjunto,
sendo neste exemplo separados por setores dentre eles: íntimo, social e serviço. Já na
definição de Silva (1984):
O programa arquitetônico pode ser entendido como a decomposição de uma
necessidade determinante no conjunto mais ou menos definido e explicito de
todos os requisitos e sub-requisistos que a integram. A necessidade genética
de habitar, por exemplo, decompõe-se em requisitos como proteger-se das
interpéries, repousar, alimentar-se, dormir, cuidar da higiene etc., que, por
sua vez, podem ser decompostos em sub-requisitos ainda mais específicos e
pormenorizados. (SILVA, 1984, p. 85)
Silva define o programa de necessidade como algo além das relações funcionais dos
cômodos que compõe o projeto. As relações que ele atribui ao programa normalmente são
subjetivas. Todos os itens elencados por ele não determinam fisicamente quais os cômodos
adotarão as subjetividades, mas as subjetividades sugerem que cada cômodo atendam itens
que abarquem as necessidades que o usuário deseja. Já em sua segunda definição, Silva define
que "o programa arquitetônico, na sua modalidade mais simples e convencional, é uma
enumeração textual dos comportamentos ou funções compreendidas na edificação a ser
projetada." (SILVA, 1984, p. 91). Esta segunda definição mostra que o programa
arquitetônico em sua modalidade mais simples seria identificado como uma enumeração
textual que descrevem as funções compreendidas na edificação. Dessa forma, é possível dizer
que para Silva (1984) o programa arquitetônico inclui a seleção das subjetividades existentes
ou possíveis de existir no projeto.
Já Moreira e Kowaltowski (2011) definem programa como:
[...] um sistema com dados organizados para atender ao processo de projeto e
compreender as relações funcionais entre o contexto e o espaço físico
edificado ou planejado. Assim como as relações funcionais, os problemas
identificados pelo programa são colocados em termos funcionais. O
programa é o primeiro passo do processo de projeto, porque trata das
condições observadas no decorrer do projeto e deve se ater à descrição do
contexto ou dos aspectos gerais da forma e evitar sugerir ou impor soluções.
(MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2011, p. 102)
Em sua definição, Moreira e Kowaltowski (2011) afirmam que o programa
arquitetônico é o primeiro passo do processo projetual. O programa corresponde a um sistema
de dados organizados para ajudar na compreensão das relações funcionais existentes no
projeto, como também, auxiliar na concepção arquitetônica do projeto e assim, poderá o
projetista compreender melhor os problemas existentes para melhor solucioná-los. Além
disso, o programa deve conter informações sobre o contexto ou os aspectos gerais da forma
que o projeto poderá possuir. Quanto às informações que deve conter no programa
arquitetônico Moreira (2011), as elenca abaixo:
1) Humanos: atividades funcionais para ser habitável, relações sociais a
serem mantidas; características físicas, fisiológicas, psicológicas e
necessidades dos usuários;
2) Ambientais: terreno e visitas; clima; contexto urbano; recursos naturais,
resíduos;
3) Culturais: histórico, institucional, político, legal;
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4) Tecnológicos: materiais, sistemas estruturais; processos construtivos e de
concepção da forma;
5) Temporais: crescimento; mudança; permanência;
6) Econômicos: financeiros; construção, operação; manutenção; energia;
7) Estéticos: forma; espaço; significado;
8) De segurança: estrutura; incêndio; químico; pessoal; criminoso
(vandalismo). (Hershberger, 1999 apud MOREIRA, KOWALTOWSKI,
2011, pp. 102-103).
Podemos ver que as informações elencadas por Moreira e Kowaltowski (2011) estão
relacionadas a diversas etapas que compõe o projeto, dentre elas temos: coleta das
informações relacionadas aos usuários (onde o projetista buscará identificar diversas
informações que possam caracterizá-los); temos também, as informações relacionadas às
condições ambientais, neste caso, o projetista, buscará identificar, não somente, as condições
dos ventos e do sol como também, as condições do terreno, seu entorno etc. Outro ponto
elencado por Moreira e Kowaltowski (2011), está relacionado às informações culturais, neste
caso, o projetista buscará identificar as informações relacionadas ao histórico do lugar, a
política, entre outras informações; às informações tecnológicas (onde o projetista buscará
identificar diversos itens que poderão ser aplicados no projeto dentre eles temos, sistemas
estruturais, processos construtivos entre outras informações); às informações temporais, como
por exemplo, informações de crescimento, mudança, entre outras que poderão impactar sobre
as decisões de projeto; às informações relacionadas à economia, onde o projetista buscará
identificar os recursos financeiros que serão aplicados no projeto, os custos operacionais,
manutenção entre outras informações. Temos também as informações relacionadas a estética,
sobre ela, o projetista buscará elencar diversas informações que possam ser aplicadas ao
projeto, sendo elas, a forma do edifício, os materiais a serem aplicados, as cores, a disposição
dos espaços, entre outros. Por fim temos o item relacionado à segurança, neste caso o
projetista buscará informações quanto as normas de segurança, o quanto a região é segura
entre outras informações. Todos esses itens elencados por Moreira influenciarão todas as
decisões a serem tomadas para conceber o projeto arquitetônico.
Já para Castells (2012) o programa também denominado como “brief” seria a seleção
de conteúdos básicos para o processo de concepção do elemento arquitetônico. Segundo
Castells o programa é constituído por quatro categorias de problemas é possível vê-las abaixo:
1) Definição dos objetivos do empreendimento, e dos antecedentes da
organização e de seus participantes;
2) Definição do campo de requerimento em termos de espaço físico,
equipamentos, participantes envolvidos e atividades complementares,
incluindo previsão de flexibilidades;
3) Definição das matrizes de compatibilidade e incompatibilidades, baseadas
nas expectativas de atividades sociais, nos critérios para o tratamento do
contexto ambiental e na disposição e acessibilidade de serviços;
4) Definição de possíveis alternativas de resolução em termos de atividades,
pessoal, tamanho de unidades e relações entre o sítio e a comunidade
(CASTELLS, 2012, p.69).
As quatro categorias elencadas por Castells, são informações que para ele devem ser
atendidas no programa. Sua definição é mais complexa e completa que as apresentadas
anteriormente. Em sua definição o programa deve conter informações sobre os objetivos do
empreendimento, definições sobre o uso do espaço, equipamentos, participantes envolvidos,
atividades sociais, disposição e acessibilidade de serviços e além de tudo isso deve conter
tamanho das unidades e as relações entre o sítio e a comunidade.
É possível perceber que dentre os autores Neves (1998), Silva (1984), Moreira,
Kowaltowski (2011) e Castells (2012) que discutem sobre o “programa”, cada um tem sua
particularidade sobre a construção do programa, mas há uma essência que estrutura todas as
definições como, por exemplo: selecionar primeiramente as informações que irão compor o
projeto, seja de forma objetiva ou subjetiva, mas que possam auxiliar na condução da
concepção arquitetônica. Existem outras informações que também são comuns a todos os
autores, como por exemplo, a seleção das informações relacionadas aos usuários, informações
quanto ao lugar onde será construído o edifício. Mas, são pontuadas, também, algumas
informações que não são comuns a todos os autores, como, por exemplo, à segurança, a
separação dos itens que compõe o projeto em setores e muito outros.
Para a penúltima questão temos: o que é o processo de projeto? Dentre os vários
autores envolvidos nessa discussão temos: Silva (1984), Lawson (2006), Andrade, Ruschel,
Moreira (2011), Martinez (1991) e Castells (2012).
Para Silva (1984), o processo de projeto pode ser definido da seguinte maneira:
O processo projetual na arquitetura é representável por uma progressão, que
parte de um ponto inicial – o contexto considerado problemático – e evolui
em direção a uma proposta de solução, que, como se observou, pretende ser
resolutiva e definidora. As diferentes fases deste processo se caracterizam
por um gradativo decréscimo do teor de incerteza e pelo consequente
incremento do grau de definição da proposta. (SILVA, 1984, p. 78).
Sua definição mostra que o processo de projetação seria iniciado a partir de uma
problemática (ponto inicial) e que a cada passo em direção à resolução do problema há uma
evolução gradativa onde as incertezas diminuem e as certezas se tornam cada vez mais claras.
Silva (1984) define o processo de projetação da seguinte maneira:
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O processo de projetação é caracterizado por uma sequência de estados, que
diferem uns dos outros pelo grau de definição e de resolubilidade atingidos.
Sendo uma elaboração mental, sujeita a mecanismos psíquicos não
perfeitamente cognoscíveis, esta progressão não obedece exatamente a um
rígido modelo mecânico, e é peculiar de pessoa para pessoa; e mesmo para
uma única pessoa, poderá ocorrer de maneiras diferentes em diferentes
situações. A projetação, como a criatividade, é um fenômeno de natureza
nitidamente psicológica. No âmbito da práxis profissional, entretanto, os
procedimentos tendem a apresentar semelhanças quanto a configuração
geral. (SILVA, 1984, p. 78).
A segunda definição mostra-se complementar a primeira, destacando que mesmo o
processo sendo algo que determine as etapas que cada indivíduo terá que passar para
contemplar a resolução final, mesmo assim cada indivíduo conduz através das diretrizes da
sua forma, gerando resultados diferentes, mesmo tendo rigidamente o mesmo modelo para
nortear os trabalhos. É possível ver representada as duas definições acima na Figura 2 abaixo:
Figura 2: Imagem que representa o sistema que compõe o processo de projeto, segundo Silva (1984).
Podemos ver representada a progressão entre as etapas que compõe o processo de
projetar. O processo inicia através do problema onde há o máximo de incerteza e a cada etapa
que compõe o processo, no caso, representada por: programa, estudos, anteprojeto e projeto,
pode-se ver que as incertezas diminuem, enquanto as certezas sobre as decisões tomadas para
compor o projeto se consolidam onde ao fim de todo o processo gera a solução que no caso
corresponderia o projeto.
Já Lawson (2006) define o processo de projeto como: "[...] uma sequencia de
atividades distintas e identificáveis que ocorrem numa ordem previsível e com uma lógica
identificável.” (LAWSON, 2006, p.42). Lawson em sua definição destaca alguns pontos de
grande importância para o entendimento de sua idéia do que seria o processo de projeto. Neste
caso, destacamos, por exemplo: sequência, ordem previsível e lógica identificável. Assim, o
autor aponta que o processo tem que ter uma sequência e que esta sequência tem que ter uma
ordem previsível e ter uma lógica identificável para que possa ter um inicio e fim encadeado e
dessa forma favoreça ao projetista a elaboração do projeto com o mínimo de esforço.
Já para Liu, Oliveira e Melhado define-se processo de projeto como: "[...] uma
sucessão de etapas de levantamento, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo
preliminar, anteprojeto, projeto legal, projeto básico e projeto para execução." (LIU,
OLIVEIRA, MELHADO, 2011, p. 65).
Andrade, Ruschel, Moreira (2011) define processo de projeto como uma: "[...]
sequência íntegra de acontecimentos, que parte das primeiras concepções de um projeto e vai
até a sua realização total.[...]"(ANDRADE, RUSCHEL, MOREIRA 2011, p. 86).
Para Martinez o processo de projeto "[...] implica uma série de operações que
resulta em um “modelo" do qual será copiado um edifício. Contudo, não há apenas um único
processo projetual, apenas uma única maneira de se levar a cabo esse processo."
(MARTINEZ, 1991, p. 17). Martinez em sua definição destaca que o processo de projeto
surge em uma série de operações que resulta na idealização de um modelo que “simula” um
edifício, no entanto, ele destaca que não há uma única maneira de se aplicar o processo
projetual para apenas uma única solução.
Castells (2012) ao discutir sobre a questão relacionada ao processo de projetação
aponta na sua avaliação crítica a existência de um consenso teórico da literatura especializada
sobre a ação de projetar indicando que o processo evolui do geral ao particular Castells define
que o consenso teórico pode ser descrito entendo que:
[...] o processo de projetação vai do geral ao particular, começando pela
definição das ideias e esquemas iniciais sobre a configuração que se pretende
dar ao edifício, para depois progressivamente, ir estudando e definindo tanto
o conjunto quanto as partes constitutivas, disposições construtivas e
detalhamentos, até se atingir a precisão final do projeto para execução.
(CASTELLS, 2012, p. 74).
A definição acima mostra que o processo projetual segundo a literatura especializada
avaliada por Castells (2012), evolui do geral para o particular e toma-se como ponto inicial a
criação da forma de edifício, sem muitos detalhes, só para compreender as suas dimensões e
31
como seria sua ocupação no terreno. Posterior à etapa da confecção da forma do edifício, o
projetista buscará detalhar, não somente as partes que compõe o projeto como também a
forma geral. Esse processo ocorre até chegar a uma precisão ou estado desejado pelo arquiteto
e o cliente, para enfim poder ser executado o projeto.
Com relação aos principais procedimentos para a elaboração do projeto (processo
projetual), Castells (2012) aborda alguns tópicos que veremos abaixo que representam esta
elaboração do geral para o particular:
1) O arquiteto começa recebendo um programa ou input inicial de projeto,
pouco preciso, e não ordenado para atender a nenhuma conformação espacial
particular, isso é, não implicando um determinado partido;
2) Inicia o trabalho específico de projeto analisando globalmente o programa
e começando logo a traduzir em dimensões os diferentes elementos
constitutivos, estabelecendo a rede de conexões que os vincula em termos de
organogramas e fluxogramas;
3) No segundo momento, [...]. O arquiteto lida, portanto, com formas que
são a tradução de unidades de programa por ele estabelecido, a partir de uma
reinterpretação do mesmo. Até aqui, o processo analítico do programa de
projeto vai do particular ao geral;
4) O processo de arranjo entre unidades formais é o passo seguinte, como
primeira aproximação para resolver e visualizar espacialmente a totalidade
do programa. Nesse ponto, o arquiteto tenta usualmente uma série de
disposições e articulações possíveis entre os diferentes blocos das unidades
de programa. [...];
5) Chega o momento em que se produz o salto qualitativo e emerge uma
nova ideia, síntese que deve conter todas as virtudes das tentativas
anteriores, superando ao mesmo tempo as carências e os aspectos
autoavaliados como criticáveis pelo próprio projetista ou equipe de projeto.
[...];
6) Finalmente, será efetivamente iniciada a elaboração do estudo preliminar,
em que serão verificadas adequações e realizados os ajustes entre os
componentes principais. [...] (CASTELLS, 2012, pp. 74-76)
Os tópicos elencados acima por Castells expõem as etapas do processo projetual. O
projeto tem início a partir do levantamento das informações e sua análise para, a partir daí, ser
elaborado o programa arquitetônico e o partido. A partir desse momento será divido o
programa em grupos (setores) para facilitar a compreensão do projetista como também
facilitar a sua organização espacial, juntamente com suas possíveis dimensões. Posterior a
isso, é dado inicio a concepção da forma do edifício, nesta etapa o projetista buscará elaborar
um conjunto de esboços que possam refletir suas reflexões sobre o programa e o partido.
Enfim, depois de tudo que foi realizado anteriormente, será realizado o anteprojeto, nele
haverá o registro das informações que foram decididas ao longo da análise e elaboração
conceptiva do projeto, para ser entregue ao cliente.
Já com relação às posturas teóricas que defendem o processo projetual do particular
ao geral, Castells afirma que:
O princípio de que o processo projetual vai do particular ao geral encontra a
principal justificativa na lógica que sustenta teoricamente a concepção de
"composição arquitetônica". [...] composição se entende a montagem de um
projeto partindo de seus volumes-parte componentes ou, em outra definição,
no arranjo das partes da arquitetura como elementos de uma sintaxe, de
acordo com certas regras a priori para formar um todo.[...] o sentido de
progressão na resolução vai das partes para o todo, e não do todo para as
partes. (CASTELLS, 2012, pp. 76-77)
Basicamente o processo de projetação que vai do particular ao geral está intimamente
ligado às teorias da composição arquitetônica, onde o projetista distribuirá os elementos
formais que irão compor o projeto sobre o terreno conforme as regras postas pelas teorias da
composição, e dessa forma ao fim de todo o arranjo compositivo, constituirá o projeto.
É possível perceber que há um consenso entre os autores: Silva (1984), Lawson
(2006), Andrade, Ruschel, Moreira (2011), Martinez (1991) e Castells (2012) ao discutir
sobre o que seria o processo de projeto. Todos eles destacam que o processo de projeto
corresponde a uma sequência lógica norteadora do trabalho, tendo início e fim, e que o
processo de projeto é constituído por etapas claramente descritas como, por exemplo:
elaboração de programa de necessidades, estudo de viabilidade, anteprojeto e projeto.
Já para última questão temos: o que é o método? Dentre os vários autores abordados
no trabalho, temos dois autores que discutem sobre esta questão que são: Neves (1998) e
Castells (2012). Ao se referir sobre o método o define como:
[...] o método visa basicamente servir de referencial de análise e de diretriz
de procedimento na ordem das idéias, na manipulação das variáveis do
projeto, para que o projetista possa utilizá-las simultaneamente na atitude de
síntese arquitetônica. (NEVES, 1998, p 7)
Sua definição mostra que o método seria um modelo ou uma estrutura que serve de
parâmetro para ordenar as ideias para conceber o projeto, dentro desse modelo o projetista
poderá trabalhar com diversas informações simultâneas para compor uma síntese para realizar
a concepção do projeto.
Já para Castells o método seria: “[...] um instrumento-guia que serve para orientar o
desenvolvimento do trabalho projetual, com a virtude de poder ser utilizado repetidas vezes.”
(CASTELLS, 2012, p. 20). A definição de Castells mostra que o método seria um
33
instrumento-guia para o projetista neste caso serviria como norteador do ato projetar e, além
disso, o método poderia ser utilizado diversas vezes o quanto necessitar.
É possível perceber que a definição dos autores, no caso, Neves (1998) e Castells
(2012), são complementares e ao mesmo tempo semelhantes. Os dois definem o método como
um modelo que serve como parâmetro para que o projetista ordene suas ideias de forma que
possa trabalhar com diversas informações simultâneas levando a síntese que no caso
corresponde ao projeto. A definição sobre o método, portanto, é indireta e revela que há uma
grande semelhança entre todos os autores aqui abordados nesse trabalho. Algumas abordagens
teóricas ao discutirem sobre métodos trata-os de forma objetiva, mas não determinam nenhum
conjunto de diretrizes que possa ser aplicado. Outras abordam de forma subjetiva, no entanto
nos revelam algumas estratégias e diretrizes que capazes de auxiliar na composição de um
determinado projeto. Assim, é demostrado que o método, não limita o projetista, a produzir o
mesmo resultado sempre que o aplicar, permite apenas abranger suas possibilidades de
resolução do problema. O método também serve como norteador do caminho que o projetista
deverá seguir para chegar a um resultado mais assertivo, para o atendimento das demandas e
exigências particulares de cada problema de projeto.
4. DISCUSSÕES SOBRE PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO DE
PROJETO.
Neste capítulo destacaremos os pontos mais relevantes referentes à discussão sobre o
processo projetual e os métodos abordados pela literatura especializada selecionada. No
entanto, há algumas informações tratadas anteriormente, onde teremos que retomar aqui neste
capítulo para que possamos tratar sobre os processos projetuais e os métodos destacados pelos
autores.
4.1. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO
SEGUNDO SILVA (1984).
No livro “Uma introdução ao projeto arquitetônico”, a abordagem de Silva segue a
seguinte sequencia: 1) programa arquitetônico (conceito do programa, elemento do programa,
natureza do programa, requisitos programáticos, apresentação dos requisitos programáticos),
2) o partido arquitetônico (início do processo de projetação, definição de partido
arquitetônico, a expressão do partido arquitetônico), 3) estudos preliminares e anteprojeto, o
projeto executivo, e as informações do projeto executivo.
Um ponto discutido por Silva (1984) antes da explanação sobre as etapas de
concepção arquitetônica são os critérios de avaliação do processo de projeto. Segundo Silva a
avaliação das propostas estabelecidas busca determinar o grau de aceitabilidade dentre as
diversas alternativas, tendo em vista o programa, as intenções do arquiteto entre outras. Já as
regras, normas e princípios implementados no processo de avaliação constituem os critérios
de projetação. A avaliação dos resultados pode ser a partir de duas maneiras: a primeira
correspondente à avaliação após a finalização do projeto e a segunda corresponde ao processo
de avaliação concomitantemente ao processo. Neste último caso a cada etapa realizada ao
longo do processo de projetação deve ser realizada uma avaliação. A avaliação dos resultados
está categorizada da seguinte maneira:
a) condicionantes contextuais, decorrentes de circunstancias preexistentes,
como a caracterização do sitio, exigências programáticas especificas,
legislação aplicável, imperativos de ordem sociocultural, etc.;
b) critérios de projetação, que traduzem a concepção do projetista perante o
problema a ser solucionado.” (SILVA, 1984, p. 72).
Podemos ver que as categorizações da avaliação dos resultados se dão por duas
maneiras. A primeira corresponde através das relações com as informações preexistentes
como, a legislação, as características do sitio, as exigências programáticas entre outras, como
também é categorizada a partir das escolhas tomadas pelo projetista ao se deparar com os
problemas ao longo do processo projetual. Silva ao tratar sobre critérios de projetação busca
salientar mais profundamente sobre o assunto, então:
Os critérios de projetação refletem-se nos sistemas de categorias as quais se
podem avaliar as propostas formais do projeto. O primeiro grupo de
categorias diz respeito aos três planos de significação da forma
arquitetônica: plano pragmático, plano sintático e plano estético. O segundo
conjunto de categorias se refere aos valores semânticos
(originalidade/convencionalidade), de configuração forma
(simplicidade/complexidade) e econômico (modicidade/onerosidade).
(SILVA, 1984, p. 78).
Além dessas categorias há as subcategorias que segundo Silva é composta por:
a) Adequação instrumental (referente ao plano da utilização prática do
edifício, no que concerne às necessidade e aspirações do usuário: dotação de
35
espaço, condicionamento luminico, térmico, acústico, ergonométrico,
privacidade, comunicação etc.):
- morfologia dos elementos: formato e dimensões dos espaços, elementos
construtivos, aberturas, equipamentos etc;
- topologia dos elementos: posição e inter-relação dos espaços, elementos
construtivos, aberturas, equipamentos etc.;
- adequação material: resistência, impermeabilidade, isolação, cor, textura,
etc.
b) Racionalidade construtiva (referente ao plano da realização física do
edifício):
- material de edificação: resistência, durabilidade, capacidade,
condicionamento, aspectos plásticos etc.;
- sistema estrutural: adequação da forma construtiva aos requerimentos
funcionais;
- técnica de construção: relação entre processos construtivos, sistemas
estruturais e materiais de edificação.
c) Resultado plástico (referente ao plano da pura fruição estética do objeto
arquitetônico);
- beleza: conformação dos elementos, proporção, ritmo, equilíbrio, cor,
textura, escala, simetria/assimetria, unidade/variedade, cheios/vazios,
luz/sombra etc.;
- caráter: correspondência material entre a função e a forma do elemento
arquitetônico: codificação tipológica, articulação dos elementos, denotação;
- expressão: capacidade de transcender a pura fruição sensível, evocando
intenções e significados; carga simbólica, articulação de signos, conotação.
(SILVA, 1984, pp. 75-76).
As subcategorias elencadas por Silva correspondem a outras variáveis que poderão
auxiliar o projetista para que o mesmo possa avaliar o seu projeto quando finalizado ou em
andamento.
Silva compreende o processo de projeto, como:
O processo projetual na arquitetura é representável por uma progressão, que
parte de um ponto inicial – o contexto considerado problemático – e evolui
em direção a uma proposta de solução, que, como se observou, pretende ser
resolutiva e definidora. As diferentes fases deste processo se caracterizam
por um gradativo decréscimo do teor de incerteza e pelo consequente
incremento do grau de definição da proposta. (SILVA, 1984, p. 78)
Sua definição mostra que o processo de projetação teria início a partir da existência
de uma problemática (ponto inicial) e que a cada passo em direção à resolução deste problema
há uma evolução gradativa, onde as incertezas diminuem e as certezas se tornam cada vez
mais claras. Ainda sobre o processo de projetação, Silva aborda:
O processo de projetação é caracterizado por uma sequência de estados, que
diferem uns dos outros pelo grau de definição e de resolubilidade atingidos.
Sendo uma elaboração mental, sujeita a mecanismos psíquicos não
perfeitamente cognoscíveis, esta progressão não obedece exatamente a um
rígido modelo mecânico, e é peculiar de pessoa para pessoa; e mesmo para
uma única pessoa, poderá ocorrer de maneiras diferentes em diferentes
situações. A projetação, como a criatividade, é um fenômeno de natureza
nitidamente psicológica. No âmbito da práxis profissional, entretanto, os
procedimentos tendem a apresentar semelhanças quanto à configuração
geral. (SILVA, 1984, p. 78)
Segundo esta definição, o processo de projetação é constituído por etapas dispostas
de forma sequencial e que cada individuo a segue como lhe convém, dando individualismo ao
processo e resultando em diferentes resultados ao longo do processo projetual. No entanto,
mesmo com o individualismo presente, o processo de projetação tem sempre um rigor na
disposição de suas etapas para que possa nortear o projetista na concepção arquitetônica. O
processo inicia através do problema caracterizado pelas incertezas do projetista e a cada etapa
que compõe o processo, as incertezas diminuem a partir das decisões tomadas para compor o
projeto gerando a solução que no caso corresponde o projeto final.
Silva define o programa arquitetônico ou programa de necessidade como algo além
das relações funcionais dos cômodos que compõe o projeto. As relações que ele atribui ao
programa normalmente são subjetivas, veja alguns exemplos: proteger-se das intempéries,
repousar, alimentar-se, dormir, cuidar da higiene etc. Todos os itens citados não determinam
fisicamente quais os cômodos adotarão as subjetividades. Podemos ver representado a definição
sobre o programa arquitetônico que Silva trata, através a Figura 3 abaixo, vejamos:
37
Figura 3: Programa arquitetônico segundo Silva (1984).
Ao se referir aos elementos do programa, Silva (1984) trata que:
um programa desenvolvido pode assumir uma extensão e complexidade que
dificultem sua manipulação. [...] cada requisito pode ser decomposto em
sub-requisitos cada vez menores, mas especifico e pormenorizados. Esta
decomposição poderá identificar requisitos e sub-requisitos de pouca
relevância na definição da forma arquitetônica. (SILVA, 1984, p. 86)
Ao iniciar a elaboração do programa em alguns casos, ele pode adquirir uma
extensão e uma complexidade tamanha que dificulte a manipulação das informações. Cada
requisito implementado no programa poderá gerar outros requisitos e sub-requisitos levando a
uma criação infinita do programa e que, em muitos casos, os elementos elencados na
produção do programa, não tem relevância alguma, para a definição arquitetônica. A figura 4
ilustra as considerações de Silva sobre a identificação dos requisitos e sub-requisitos.
Figura 4: Ilustração dos itens e subitens elencados na elaboração do programa segundo Silva (1984).
Fonte: Silva, 1984.
No entanto em continuação sobre o tema referente aos elementos do programa Silva
afirma que o projetista precisa transformar todos os requisitos em um sistema de informações
aplicáveis ao projeto, classificando e hierarquizando, a partir da análise das relevâncias, as
informações que deverão refletir na forma arquitetônica (SILVA, 1984, p. 87). Podemos ver
esta ideia representada na Figura 5 abaixo:
Figura 5: Ilustração da seleção dos itens e subitens de forma restrita.
Fonte: Silva, 1984.
39
Continuando a discussão sobre programa arquitetônico e natureza do programa, Silva
afirma que a matéria-prima do programa corresponde às necessidades, às aspirações e as
expectativas entorno do usuário do edifício. No entanto, mesmo que haja modificações no
meio físico para que possa abarcar de forma positiva, as necessidades, as aspirações e as
expectativas humanas sobre o projeto, estas sensações não podem ser controladas ou previstas
de forma objetiva, pois, estas sensações estão relacionadas ao campo fisiológico, psicológico
e sociocultural de cada individuo e podem influenciar na sua percepção sobre o edifício.
Já em relação à apresentação dos requisitos programáticos, Silva afirma que "o
programa arquitetônico, na sua modalidade mais simples e convencional, é uma enumeração
textual dos comportamentos ou funções compreendidas na edificação a ser projetada."
(SILVA, 1984, p. 91).
Desta forma, Silva explora a importância do organograma como uma ferramenta
importante no processo de concepção.
O organograma mostra os itens elencado no programa, como também mostra a
disposição e suas relações entre cada um dos itens listados. Só que há um grande problema ao
se utilizar este modelo, geralmente os projetistas inexperientes, aplicam diretamente o
resultado do organograma na resolução do projeto e isso não é coerente.O organograma serve
para organizar os itens de forma a verificar as suas relações, mas a partir delas existem
diversas possibilidades de organização espacial que preservem as relações dispostas no
organograma (Figura 6).
Figura 6: Representa o sistema denominado como organograma.
Fonte: Silva, 1984.
Outro modelo de grande importância em relação à organização dos itens que compõe
o programa arquitetônico seria o modelo denominado “matriz de elementos e relações”
segundo Silva:
A matriz de elementos e relações apresenta as mesmas informações do
organograma numa outra linguagem, onde os tipos de relações são
traduzidas por códigos de tipos de símbolos, sem as implicações tipológicas
do organograma. (SILVA, 1984, p. 93)
A matriz de elementos e relações busca relacionar os itens elencados para o
programa de forma a traduzí-los através de símbolos (Figura 7).
Figura 7: Matriz de elementos e relações, um modelo semelhante ao organograma.
Fonte: Silva, 1984.
A Figura 7 mostra que a matriz de elementos e relações em comparação com o
organograma deixa em aberto a disposição espacial de cada um dos itens que compõe o
programa. Nele encontramos quatro tipos de relações sendo elas: indispensável, desejável,
desnecessária e por fim indesejável. Mesmo não havendo visualmente a disposição espacial
dos itens elencados, há na matriz uma relação de afastamento e proximidade entre os
ambientes analisados. Podendo assim influenciar também na organização do espaço físico do
projeto idealizado.
Sobre o tema “partido arquitetônico”, segundo Silva o processo projetual tem início
com a análise programática e exploração da forma, onde se materializa no estudo preliminar.
41
Para que isso ocorra, Silva elenca alguns itens que são necessários para iniciar o processo de
projetação que são:
a) análise do programa arquitetônico estabelecido;
b) estimativa das dimensões, área construída e configuração geral do volume
ou volumes resultantes daquele programa;
c) estudo das características do terreno, no que concerne a formato,
dimensões e relevo;
d) estudo das limitações impostas pela legislação pertinente;
e) avaliação dos recursos materiais disponíveis; e,
f) identificação dos demais condicionantes significantes. (SILVA, 1984, p
98)
Esta lista de itens pode não ocorrer na mesma sequência ao longo do processo de
projetação.
Segundo Silva "o partido é a síntese das características principais do projeto"
(SILVA, 1984, p. 100). Basicamente o partido seria a essência do projeto idealizado pelo
projetista composta pelas principais características elencadas pelo projetista. Silva destaca
ainda que o mesmo assume, um duplo papel, pois, ao mesmo tempo que reflete objetivo do
programa, através da interpretação dos condicionantes existentes, espelha também um
elemento subjetivo, que é a intenção plástica do projetista. (SILVA, 1984, p. 99). Sobre
expressão do partido arquitetônico, Silva trata que:
A representação do partido, quando requerida, pode ser obtida através de
plantas, cortes e/ou perspectivas, sempre na forma esquemática. O objetivo
de tal representação é facilitar a comunicação das decisões que o projetista
tomou, na forma de um conceito que, após seu desenvolvimento e
pormenorização, eventualmente se converterá na resposta correta para o
problema. (SILVA, 1984, p.103).
A representação do partido tem por objetivo representar a ideia idealizada pelo
projetista de forma a facilitar a comunicação para com o seu cliente, esta comunicação é
realizada através da representação gráfica, sendo ela perspectiva, plantas e cortes.
Estudo preliminar e anteprojeto, então para o primeiro item a ser tratado aqui é
referente ao estudo preliminar, segundo Silva:
O estudo preliminar pode então ser entendido como um desenvolvimento do
partido arquitetônico, do qual representa um estágio de pormenorização. A
transformação do estudo preliminar não é automática, pois depende da
homologação do conceito por parte do cliente, ou do grau de satisfação do
projetista como o próprio trabalho, ou ainda de ambas as circunstâncias.
(SILVA, 1984, p. 106)
O estudo preliminar corresponde ao desenvolvimento do partido arquitetônico, em
um estágio ainda inicial. A criação do estudo preliminar não é imediatista e é necessário não
só a participação do projetista, mas também do cliente, ao avaliar o que foi concebido para
que a partir dessa avaliação possa ir adiante ou rever os conceitos que foram adotados para a
elaboração do estudo preliminar. Além disso, poderá ser necessária a criação de mais de um
partido para a concepção arquitetônica desejada pelo cliente, para que ele possa ter diversas
visões possíveis para que entre em um consenso. Outro ponto referente ao estudo preliminar
está relacionado à representação gráfica. Normalmente, não há tanto detalhamento como
ocorre no anteprojeto. Podemos ver representado na Figura 8 abaixo, o que seria o estudo
preliminar para Silva.
Figura 8: Representação do estudo preliminar de uma residência segundo Silva (1984).
Fonte: Silva, 1984.
Quanto a solução plástica, Silva mostra que o conteúdo estético é o item que
sobrepõe aos outros itens do anteprojeto e além disso, este item é responsável pela adoção ou
rejeição do partido arquitetônico.
Portanto, Silva (1984) expõe de forma objetiva algumas diretrizes para
fundamentação do estudo preliminar e desenvolvimento do partido arquitetônico, a partir das
análises das etapas compõem o processo projetual. Os pontos de destaque são: a avaliação dos
requisitos do projeto a partir das necessidades do cliente para elaboração de um programa de
necessidades adequado às especificidades dos usuários e do local, como também, a avaliação
43
dos aspectos subjetivos do tema/projeto a partir da exploração da intenção projetual,
representada pela intenção plástica do projetista. O processo projetual, segundo a abordagem
teórica de Silva, pode ser fomentado pela atenção a estes aspectos como norteadores da
concepção, tornando cada vez mais claro ao projetista, suas decisões para solucionar os
problemas de projeto.
4.2. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO
SEGUNDO MARTINEZ (1991)
O livro denominado “Ensaio sobre o projeto” escrito pelo professor argentino
Alfonso Corona Martinez (1991), realiza uma abordagem sobre os processos de composição
relacionada à forma do projeto idealizado, a partir das teorias tipológicas e das análises
formais de edifícios como fundamentos didáticos para o projeto arquitetônico.
Sobre a tipologia, Martinez (1991) aponta: "[...] é uma aproximação ao existente em
arquitetura, que coloca o papel do estabelecido em face do novo." (MARTINEZ, 1991, p.
105). Basicamente, a tipologia se utiliza do que foi realizado anteriormente na arquitetura para
tomar como norteador algumas diretrizes que poderão agregar ao um novo projeto idealizado.
Ao tratar sobre tipologia temos que discernir sobre o tipo. Assim, Martinez (1991) diz que o
tipo “é como um edifício ideal que não é nenhum de seus exemplares ou modelos, mas um
esquema, às vezes muito abstrato, outras mais definidas, conforme tenhamos encontrado uma
serie de traços idênticos para muitos ou poucas de suas partes.” (MARTINEZ, 1991, p.108).
Já o tipo seria a estrutura esquemática que compõe o edifício analisado, podendo esta
estrutura, ser objetiva ou subjetiva.
Uma questão relacionada à tipologia e ao partido abordada por Martinez está descrita
abaixo:
Hoje em dia, cada operação de projeto parece apresentar-se como alternativa
entre duas opções: desenvolver um tipo, isto é, projetar um edifício
pertencente a uma classe reconhecível de edifícios existentes, com um
referencial preciso, próximo ou distante, que nos permite reconhecer no
resultado do processo a figura desse referencial; ou, então, compor um
partido, que dará origem idealmente a um edifício único. (MARTINEZ,
1991, p. 110)
Podemos ver que a tipologia em comparação com o partido, mostra-se como um
reflexo do que foi produzido, mesmo tendo uma releitura dos antigos edifícios idealizados.
Já com relação ao tema composição, Martinez (1991) trata em dois momentos um
relacionado à composição e materialização e o outro referente à composição e construção.
Para o primeiro Martinez (1991) diz o seguinte:
Tanto a composição como a técnica são, ao mesmo tempo, muito abstratas e
muito concretas; em seu estado atual tendem a se segregar nesses pares de
componentes, agravando o estado de análise crônica da Arquitetura
Moderna. Para a técnica, há uma grande distância entre as concepções
estruturais - que são de natureza matemática e abstrata - e a prática
construtiva; raramente estão em contato e dificilmente seus discursos
específicos têm continuidade entre si. (MARTINEZ, 1991, p. 149)
A composição e a materialização é abstrata e concreta simultaneamente, no entanto,
mesmo havendo a simultaneidade entre elas, não deixa de existir a tendência de separação
entre elas. Quanto à técnica há uma separação entre a concepção estrutural, onde envolve
noções abstratas e matemáticas, e a prática construtiva onde não há um contato e seus
discursos não possuem continuidade. Já para a segunda, Martinez (1991) diz o seguinte:
[...] as práticas produtivas tendem a confirmar a cisão entre "projeto
essencial" e "projeto da construção". O primeiro tende a postergar a
materialização; esta aparece como uma coisa agregada a posteriori, como
uma degradação forçosa pressionada por materiais disponíveis no mercado.
Esses materiais e elementos têm sua própria exigência construtiva, suas
próprias sequências que distanciam o arquiteto daquele domínio total sobre o
objeto que idealiza em seu papel de escultor à distância. O "projeto de
construção" desloca-se em vários projetos - de estruturas, de instalações, de
fechamentos - conectados apenas relativamente com aquele projeto
essencial. (MARTINEZ, 1991, p. 153)
Podemos ver que a prática relacionada à construção levou o projetista a ter um
distanciamento entre o “projeto essencial” e o “projeto da construção”. O primeiro
poderíamos dizer que seria o registro das informações que deverá conter no projeto como
especificações de materiais, como aplica-los etc. Já o projeto da construção, seria o
detalhamento das partes que compõe o projeto, sendo elas: estrutural, elétrico, hidráulico entre
outros, que são produzidas para que seja construído o projeto conforme o planejado pelo
projetista.
Sobre as diversas estratégias de composição e sobre o edifício autônomo, Martinez
(1991) diz o seguinte:
O processo conduz a um edifício que apresenta certas características
tradicionalmente admitidas em arquitetura - unidade, integridade -, e para
assegurá-las recorre a organizações volumétricas simples e definidas,
eventualmente, também, a referência tipológicas unitárias. Seus nexos com o
45
entorno imediato são frágeis, mas podem conter referentes precisos no
mesmo âmbito cultural. O resultado é uma forma completa que, caso
estabeleça nexos com o entorno imediato, os subordina à sua própria forma.
(MARTINEZ, 1991, p. 190-191)
Podemos perceber que o processo do edifício autônomo, utiliza em sua composição
diversas características utilizadas na arquitetura, como: unidade, integridade entre outras
características. Quanto à forma/ volumetria resultante é bastante simples, em alguns casos, sua
volumetria não gera grande envolvimento com o entorno, no entanto, se houver a existência
de envolvimento entre o volume concebido e o entorno, o entorno se tornará subordinado a
forma final resultante do processo conceptivo.
Com relação ao edifício-partido Martinez nos mostra que o projeto que tem por base
conceptiva o partido, seu resultado final é tido como original único e se destaca sobre o seu
entorno. Na sua fundamentação teórica, o autor destaca ainda a possibilidade de concepção a
partir de estratégias de tipos mistos ou alterados:
O projeto é orientado para o emprego parcial de um tipo como base da
composição, de modo a assegurar uma relação global como o contexto, ao
mesmo tempo que solucionando todas as adaptações necessárias para sua
situação concreta. Obtêm-se, assim, edifícios de menor "clareza formal" e
dificilmente separáveis de suas circunstâncias. É característico desse
enforque a produção de formas totais que de algum modo são incompletas,
devido à sua localização. No caso da arquitetura Clássica, edifícios
projetados desse modo apresentam alguns aspectos monumentais ou
"completos" e outros adaptados anonimamente ao seu contexto.
(MARTINEZ, 1991, p. 191)
Pelo que foi tratado acima sobre as estratégias de tipos mistos ou alterados podemos
dizer que o projeto teria como base um outro edifício que servirá como contextualizador do
projeto idealizado, no entanto ao fim de todo o processo, não haverá uma distinção entre o
novo e o velho, haverá no lugar um único edifício.
Martinez discute ainda sobre as possíveis estratégias de fragmentos no processo de
concepção:
É o caso anterior levado ao extremo. Aqui, o princípio de unidade é
explicitamente descartado, em geral pela subdivisão do programa em partes
individualmente caracterizáveis, sejam "completas" ou não. As diferentes
partes assim obtidas oferecem a possibilidade de estabelecer um diálogo
"igualitário" com seu entorno imediato, caso este seja um objetivo do
projetista. Não coincide com uma das estratégias funcionalistas já descritas,
aquelas de subdividir os programas complexos em setores que são
livremente expressos, uma vez que sua subdivisão tem finalidade diferentes,
porque não requer uma expansão espacial que torne visível o desdobramento
das formas parciais e porque estas podem ser incompletas ou não se
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. (TCC Completo)
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. (TCC Completo)
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. (TCC Completo)
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. (TCC Completo)
MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. (TCC Completo)
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MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. (TCC Completo)

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS ARAPIRACA ARQUITETURA E URBANISMO RAFAEL NASCIMENTO DOS SANTOS MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. Arapiraca, Junho de 2015
  • 2. RAFAEL NASCIMENTO DOS SANTOS MÉTODO E CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA: DISCUSSÕES SOBRE O PROCESSO PROJETUAL EM ARQUITETURA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo como parte das exigencias para obtenção do Grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Orientadora Prof.ª Simone Carnaúba Torres Arapiraca, Junho de 2015
  • 3. 3
  • 4. RESUMO O objetivo deste trabalho foi discutir a temática relacionada ao processo projetual e ao método, particularmente em relação à etapa de estudo preliminar, a partir da avaliação de diferentes posturas teóricas de destaque na literatura especializada, indicando as convergências e as divergências em relação aos aspectos conceituais do tema. Foi adotada uma metodologia dividida em três etapas: revisão bibliografia, análise e síntese. Assim, pôde- se destacar como consenso teórico o entendimento do processo projetual como uma sequência cíclica, de definições de prioridades e decisões para a resolução de um problema de projeto, permeadas tanto pela racionalidade como pela subjetividade. Foi apresentado como conclusão do trabalho, um modelo síntese de representação deste processo, indicando os principais estágios referentes à evolução cíclica (não linear), a partir das principais diretrizes apontadas pelas abordagens teóricas analisadas para o alcance da solução do problema de projeto. Palavras Chave: Projeto Arquitetônico, Processo Projetual, Método de Projeto
  • 5. 5 ABSTRACT The objective of this paper is to discuss the issue related to the design process and method, particularly for the preliminary study stage, based on the evaluation of different prominent theoretical positions in the literature indicating the convergences and divergences in relation to conceptual aspects theme. A split methodology was adopted in three stages, namely: literature review, analysis and synthesis. So, it might be noted as a theoretical consensus understanding of the design process as a cyclical sequence of priorities of definitions and decisions to solve a design problem, both permeated by rationality and subjectivity. It was presented as completion of the work, a representative synthesis model of this process, indicating the main stages related to cyclical developments (nonlinear) from the main guidelines indicated by theoretical approaches analyzed to achieve the design problem solution. Keywords: Architectural Design, Projetual Process, Project Method
  • 6. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Exemplo de funcionograma apontado por Neves (1998) como instrumento para estudar as relações entre os elementos do programa.............................................................................................. 25 Figura 2: Imagem que representa o sistema que compõe o processo de projeto, segundo Silva (1984). ............................................................................................................................................................... 29 Figura 3: Programa arquitetônico segundo Silva (1984)....................................................................... 37 Figura 4: Ilustração dos itens e subitens elencados na elaboração do programa segundo Silva (1984).38 Figura 5: Ilustração da seleção dos itens e subitens de forma restrita................................................... 38 Figura 6: Representa o sistema denominado como organograma......................................................... 39 Figura 7: Matriz de elementos e relações, um modelo semelhante ao organograma. ........................... 40 Figura 8: Representação do estudo preliminar de uma residência segundo Silva (1984). .................... 42 Figura 9: Pré-dimensionamento de um quarto ...................................................................................... 53 Figura 10: Corresponde ao desenho do terreno..................................................................................... 54 Figura 11: Mostra a distribuição dos setores juntamente com os elementos de ligação. ...................... 59 Figura 12: Disposição dos elementos estruturais em planta.................................................................. 60 Figura 13: Modelo proposto pelo primeiro grupo (LAWSON, 2006, 176). ......................................... 63 Figura 14: Modelo proposto pelo segundo grupo. (LAWSON, 2006, 176).......................................... 64 Figura 15: Modelo proposto pelo terceiro grupo. (LAWSON, 2006, 177)........................................... 64 Figura 16: Relação entre os requisitos funcionais e os parâmetros de projeto...................................... 75 Figura 17: Matriz referente ao relacionamento existente entre Requisitos Funcionais e Parâmetros de Projeto. Fonte: (GRAÇA, KOWALTOWSKI, PETRECHE, 2011)..................................................... 76 Figura 18: Diagramas de junção e de fluxo que representa o projeto desacoplado............................... 76 Figura 19: Diagramas de junção e de fluxo que representa o projeto desacoplável.............................. 77 Figura 20: Fluxograma da escola analisada por Graça, Kowaltowski, Petreche, (2011)...................... 78 Figura 21: Mapeamento dos domínios funcionais e físicos que compõe o projeto............................... 79 Figura 22: Método de decomposição e recomposição da forma seguindo um o padrão linear............. 82 Figura 23: Método de decomposição e recomposição da forma seguindo um o padrão inverso.......... 82 Figura 24: Criação de formas a partir da recolocação de polígonos simples para criação de figuras simétricas............................................................................................................................................... 83
  • 7. 7 Figura 25: Utilização do “Sketch up” para a criação de nossos padrões, sendo agora 3D.................... 83 Figura 26: Prototipagem de “mugarnas” a partir de um modelo virtual............................................... 84 Figura 27: Vocabulários de formas que são utilizadas para representar as formas que compõe o projeto idealizado. ............................................................................................................................................. 90 Figura 28: Distribuição e combinação das formas. ............................................................................... 90 Figura 29: Aplicações euclidianas e operações booleanas.................................................................... 91 Figura 30: Ilustração da aplicação de algumas regras sobre a forma para criar algumas composições.91 Figura 31: Especificações existente em uma gramática da forma e seu resultado compositivo. .......... 92 Figura 32: Derivação para criação de formas emergentes..................................................................... 92 Figura 33: Derivações da forma com possibilidades maiores de variações .......................................... 93 Figura 34: Ilustração da composição forma utilizando os blocos de Froebel sugerido pela gramática da forma proposta for Stiny. ...................................................................................................................... 94 Figura 35: Derivações da gramática da forma....................................................................................... 95 Figura 36: Casa de pradaria a partir das derivações da gramática da forma. ........................................ 96 Figura 37: Janelas chinesas que foram analisadas a partir da gramática analítica. ............................... 97 Figura 38: Aplicação da gramática paladiana paramétrica.................................................................... 97 Figura 39: Conjunto de transformações a partir das obras de Calatrava............................................... 99 Figura 40: Representação gráfica sobre os diferentes estágios e aspectos envolvidos no processo de concepção arquitetônica, considerando a aplicação dos modelos lineares, circulares e o fator individualidade.................................................................................................................................... 113 Figura 41: Funcionamento linear. ....................................................................................................... 118 Figura 42: Funcionamento Circular. ................................................................................................... 119 Figura 43: O projetista poderá escolher em que estágio deseja iniciar o seu processo projetual........ 119
  • 8. LISTA DE TABELAS Quadro 1 – Síntese dos períodos e os marcos de cada período onde tinham como foco a produção intelectual dos métodos projetuais. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009)....................................... 16 Tabela 2: Exemplo utilizado por Neves (1998) de pré-dimensionamento para determinar as áreas de um projeto arquitetônico residencial..................................................................................................... 53 Tabela 3: Calculo relacionado ao dimensionamento da área a ser utilizada para cada pavimento e quantidade de sala específica. ............................................................................................................... 78 Quadro 4: Exemplo de Matriz de projeto segundo Graça, Kowaltowski, Petreche (2011). ................. 80 Quadro 5: Matriz de projeto decomposta relacionada a PP1 e RF1...................................................... 81 Quadro 6: Matriz de projeto decomposta relacionada a PP2 e RF2...................................................... 81 Quadro 7: Síntese de consensos e convergências (x convergência, ! divergência)............................. 110 Quadro 8: Síntese de consensos e convergências (x convergência, ! divergência)............................. 111 Quadro 9: Síntese de consensos e convergências (x convergência, ! divergência)............................. 112
  • 9. 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................10 2. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA MÉTODO DE PROJETO. ..............................................11 3. ASPECTOS CONCEITUAIS DO MÉTODO DE PROJETO..................................................................17 4. DISCUSSÕES SOBRE PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO DE PROJETO. .................................33 4.1. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO SILVA (1984)................ 33 4.2. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO MARTINEZ (1991)....... 43 4.3. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO MAHFUZ (1995)............ 47 4.4. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO NEVES (1998)............... 50 4.5. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO LAWSON (2006)........... 61 4.6. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO KOWALTOWSKI ET AL.(2011).............................................................................................................................................................. 69 4.7. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO CASTELLS (2012)........ 84 4.8. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO EXISTENTE NA TEORIA DA GRAMÁTICA DA FORMA. ................................................................................................................................ 88 5. ANÁLISE GERAL DOS DISCURSOS.....................................................................................................99 6. SÍNTESE GERAL DOS DISCURSOS....................................................................................................112 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................120 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................121
  • 10. 1. INTRODUÇÃO A indagação inicial fundamental para que este trabalho fosse realizado foi o questionamento da existência de um método ou métodos que permitam ao projetista, seja ele aluno ou profissional, maior controle e maior liberdade sobre sua criação. Esta questão surgiu ao longo do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca, quando foram postos a prova, os alunos sobre seus conhecimentos quanto a elaboração de um projeto arquitetônico a partir de informações básicas fornecidas pelo professor. A partir daí, pôde-se perceber que houve um grupo de alunos que se destacou mais que outros. Foi neste momento que surgiu o seguinte questionamento: há ou não há um método que auxilie na concepção arquitetônica? Esta questão é fundamental não somente aos alunos do curso de Arquitetura, como também aos profissionais da área, que mesmo já atuando e tendo já em suas mentes um método, poderá identificar através deste trabalho, diversos outros métodos ou procedimentos que poderão agregar informações a seu raciocínio tornando seu processo mais ágil, assertivo e passível de ser avaliado, podendo até levar o projetista a novos caminhos projetuais. Dessa forma serão apresentados neste trabalho algumas posturas teóricas relacionadas com a discussão sobre a existência ou não de um método. Dentre os autores que abordaremos nesse trabalho, destacam-se: Silva (1984), Martinez (1991), Mahfuz (1995), Neves (1998), Lawson (2006), Pires (2010), Kowaltowski et al (2011), Fabrício, Melhado (2011), Andrade, Ruschel, Moreira (2011), Moreira, Kowaltowski (2011), Graça, Kowaltowski, Petreche (2011), Harris, (2011) e Castells (2012). Esses autores selecionados que trataremos nesse trabalho foram os que mais se destacaram ao longo do processo de levantamento bibliográfico. O objetivo deste trabalho é discutir a temática relacionada ao processo projetual arquitetônico e ao método, particularmente em relação à etapa de estudo preliminar, a partir de abordagem dos autores selecionados, indicando as convergências e as divergências em relação aos aspectos conceituais do tema. De certa forma pôde-se ao fim desse trabalho, destacar alguns pontos em comum relacionados ao processo projetual e aos métodos tratados pelos autores em cada uma de suas obras selecionas para análise. Dentre os objetivos específicos do presente trabalho destacam-se os seguintes:  Identificar o conceito de “método”, “processo projetual”, “projeto arquitetônico” adotado pelos diferentes teóricos;
  • 11. 11  Identificar entre os autores selecionados quais deles abordam o tema método, de forma a fornecer diretrizes para o processo projetual;  Identificar posturas teóricas sobre a defesa ou não, de uma sequência lógica e racional de procedimentos para o processo projetual arquitetônico;  Compreender as diretrizes apontadas para o processo de concepção arquitetônica destacadas pelos diferentes teóricos para elaboração de uma síntese sobre a temática. Os procedimentos metodológicos adotados para alcançar os objetivos correspondem a três etapas: a revisão bibliográfica, a análise das posturas teóricas e por fim a elaboração de uma síntese conclusiva a partir dos conceitos abordados pelos autores. Cada etapa será descrita abaixo.  Revisão bibliográfica sobre o tema Métodos para elaboração de projeto arquitetônico, para a construção de um breve estado da arte. A revisão compreende a abordagem de conceitos (processo projetual, método, etc.) defendidos por diferentes teóricos subsidiando o entendimento de suas diferentes posturas epistemológicas, relacionando as diretrizes projetuais destacadas pelos mesmos.  Na análise das informações encontradas na revisão bibliográfica, buscou-se, ao mesmo tempo, expor sobre o que cada autor compreende sobre o tema método de concepção arquitetônica, como também iremos confrontá-los, seja os autores com posicionamento teórico semelhante como também os autores de posicionamento contrários. Dessa forma, poderemos construir um pensamento que mostre como os autores se posicionam sobre a temática, levando-nos a entender se há ou não um método ou métodos que auxilie na concepção arquitetônica.  Na síntese buscou-se sintetizar todas as informações dispostas ao longo do trabalho, sejam elas, divergentes ou convergentes, apresentando como produto um diagrama gerado a partir da reflexão crítica sobre o processo projetual, pontuando em uma estrutura lógica as diretrizes que permita auxiliar o projetista, seja ele, aluno ou profissional. 2. UM BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA MÉTODO DE PROJETO. A busca em torno de um método que pudesse melhorar a qualidade do processo e de seus produtos teve início após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente na década de 1950, quando a União Soviética lançou o primeiro satélite artificial, em orbita do planeta
  • 12. Terra, saindo na frente dos EUA. Este marco foi o suficiente para colocar em alerta os americanos sobre o processo utilizado por eles para a produção de novos objetos. Dessa forma, o foco das pesquisas que vinham sendo realizadas mudou, levando-os a pesquisar sobre a criatividade. No decorrer da pesquisa delimitaram o assunto e passaram a pesquisar sobre a necessidade do homem, levando a pesquisa a novos caminhos. Um dos caminhos relacionados à pesquisa levou até à produção de bens manufaturados, foi partir deste momento, que surgiu a necessidade de compreender os processos de projeto, através da análise e avaliação dos mesmos. (OLIVEIRA, PINTO, 2009). Na década de 1960, três congressos reuniram diversos pesquisadores de diversas áreas dentre elas: aeronáutica, engenharia, psicologia, arquitetura, entre outras. O primeiro encontro voltado ao estudo dos métodos foi lançado e materializado em um seminário chamado: a Conferência em Métodos Sistemáticos e Intuitivos na Engenharia, Desenho Industrial, Arquitetura e Comunicações (The Conference on Systematicand Intuitive Methods in Engineering, Industrial Design, Architectureand Communications), em Londres em 1962, organizada pelo engenheiro Joseph Christopher Jones. A primeira conferência foi de grande importância, porque neste evento houve vários trabalhos que discutiram a importância da pesquisa sobre métodos de projeto. No evento a discussão se voltou aos métodos sistemáticos e intuitivos. (OLIVEIRA, PINTO, 2009) A busca em desmistificar a criatividade no processo de projeto forjou o que convencionalmente se trata como a passagem da “caixa preta” (black box) para a “caixa de vidro” (glass box). Dessa forma, os conhecimentos práticos aliados aos conhecimentos populares e filosóficos voltados a concepção arquitetônicas, eram distantes dos conhecimentos científicos e isso dificultava seu entendimento. Dessa forma o processo de concepção estaria mais próximo da intuição do que dos métodos capazes de auxiliar na concepção e de produzir ambientes de trabalho que a favoreça. (OLIVEIRA, PINTO, 2009) Nessa primeira conferência houve um grande avanço em direção ao entendimento sobre os métodos de projeto. Levou várias áreas do conhecimento a pesquisarem sobre o assunto, dentre elas temos: aeronáutica, engenharia, psicologia, arquitetura, entre outras áreas. Herbert Simon denominou essa nova ciência como a “ciência do artificial”. Em seu livro de mesmo nome, busca aplicar extensa abordagem científica das ciências do artificial na economia assim como na engenharia e em outras disciplinas. Nesse mesmo livro, Simon também introduz a ideia dos “problemas de projeto” como “problemas mal definidos” ou “mal estruturado”. (OLIVEIRA, PINTO, 2009). Segundo Bruce Archer (1979) apud Oliveira, Pinto (2009):
  • 13. 13 “O problema” [em um projeto] é obscuro sobre seus requisitos [...]. A solução é a combinação de requisitos/previsão que contém uma pequena quantidade aceitável de desajuste e obscuridade. [...] A atividade de projeto é comutativa, a atenção do projetista oscila entre a emergência dos requisitos ideais e as ideias provisoriamente desenvolvidas, como se iluminasse a obscuridade em ambos os lados e reduzisse o desajuste entre eles. (Archer, 1979, p.17 apud OLIVEIRA, PINTO, 2009). Em 1965 ocorreu à segunda conferencia denominada Second Design Methods Conference, que ocorreu em Birmingham. Neste congresso foi de grande importância porque afirmou a importância do projetista na sociedade. Com o passar do tempo a pesquisa voltada para a concepção se tornou tão rígida e abstrata que perdeu o foco sobre os usuários e se debruçaram sobre a discussão sobre o próprio processo. Segundo Jones seria o “processo no lugar do progresso”. (JONES, 1980, 375 apud OLIVEIRA, PINTO, 2009). Outro ponto a ser destacado é que as pesquisas relacionadas com o tema tornaram-se assunto para estudos acadêmicos sobre os métodos e suas metodologias, perdendo o foco da pesquisa relacionada a prática projetual. Em 1966, surgiu o grupo denominado Grupo de Métodos de Projeto (Design MethodsGoup - DMG), nos Estados Unidos. Eles eram responsáveis pela revista denominada DMG Newsletter, entre 1966 e 1971. Posteriormente a publicação adotou o nome DMG-DRS Journal: Design Researchand Methods, 1971-1976, e Design Methodsand Theories, de 1976 até o presente. (BAYAZIT, 2005, p.20 apud OLIVEIRA, PINTO, 2009). A terceira conferência ocorreu em 1967 em Portsmouth denominado (Design Methods in Architecture Symposium), organizado por Geoffrey Broadbent e Anthony Ward. A partir desse congresso surgiram os grupos de estudo sobre métodos de projeto. Nesse mesmo ano foi fundada no Reino Unido a Sociedade de Pesquisa em Projeto (Design Research Society), que ainda se mantém ativa e publica periodicamente Design Studies. Entre os atuais membros estão Nigel Cross, Richard Buchanan e Bruce Archer. (OLIVEIRA, PINTO, 2009) No livro produzindo a partir do congresso de Portsmouth, organizado por Broadbent, ele comenta sobre os trabalhos apresentados pelos palestrantes. Ao comentar destaca a importância sobre as necessidades do homem, e dentre os palestrantes do evento ele destaca dois autores que são: Amos Rapoport e Thomas Markus. Rapoport defende um raciocínio preocupado com a “humanidade” na arquitetura. Mais racional e lógico que seja o projeto, outros fatores não tão mensuráveis são igualmente importante como, por exemplo, sentimento, juízo e valor entre outros. Já Markus aborda o processo da leitura de um edifício, buscando destacar o deslumbramento com a abstração matemática, distanciando ou
  • 14. esquecendo do valor do edifício em si. (OLIVEIRA, PINTO, 2009). Por esses motivos a pesquisa realizada em torno do método de projeto levou aos pesquisadores a questionar a validade de seus resultados, assim, na década de 70, dois de seus lideres saem por sua insatisfação diante do rumo que as pesquisa tinham tomado, neste caso, se tornaram rígidas e se afastaram da prática profissional e de seu consumidor final. Os vários acontecimentos que ocorreram por insatisfação com os resultados das pesquisas levou a revista Design Studies rever seu foco. A partir desse momento as pesquisas passaram a dar importância ao processo projetual firmada a partir da ideia do projeto participativo (reflexo, inclusive, das ações de movimentos sociais a partir da década de 70). Foi a partir dessa época que outras áreas, como sociologia, geografia, psicologia, passaram a ter participação sobre o processo de projeto. (OLIVEIRA, PINTO, 2009) A integração entre informática e arquitetura ocorre a partir do final da década de 60 e inicio da década de 70, onde alguns pesquisadores iniciaram suas pesquisas sobre desenvolvimento de programas de avaliação de decisões de projeto. Foi a partir desse momento que os pesquisadores passaram a programar e avaliar o desempenho dos edifícios para justificar as decisões tomadas de forma cientifica. Essa forma ainda é muito restritiva e contraria a forma tradicional de produzir o projeto. (OLIVEIRA, PINTO, 2009) Depois de quarenta anos vários autores conseguiram distinguir as diferentes fases existentes que caracterizam o processo. O primeiro a identificar essas fases foi Horst Rittel, nos anos de 1970 ao destacar que o processo se caracteriza por três fases sendo elas: análise, síntese e avaliação. Esse seu apontamento relacionado às fases do processo projetual, em direção ao estudo sobre o método de concepção, teve como base técnicas de pesquisa operacional que também são conhecidas como “métodos sistemáticos de projeto”. Posterior a esses apontamentos, Rittel, propõe considerar nas decisões de projeto o envolvimento do usuário e seus objetivos. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009) Já na década de 1980 a influencia dos Design Methods fez mudar a percepção sobre o assunto, neste caso, o projeto passou a ser uma ciência especifica e não precisaria de argumentos filosóficos para se sustentar. Segundo Van Der Voordt e Van Wegen (2005), vários autores se destacaram ao longo do século XX dentre eles temos (BROADBENT, 1982 apud KOWALTOWSKI, 2009): (a) o controle do processo de projeto: John Christopher Jones, Christopher Alexander, Bruce Archer e John Luckman; (b) a estrutura dos problemas de projeto: Peter Levin, Christopher Alexander, Barry Poyner, Horst Rittel, Melvin Webber e Herbert Simon;
  • 15. 15 (c) a natureza da atividade de projeto: Jane Darke, ÖmerAkin, Bryan Lawson, John Thomas e John Carroll; e (d) a filosofia do método de projeto: Geoffrey Broadbent é o expoente principal, em especial por sua obra Design in Architecture. (BROADBENT, 1982 apud KOWALTOWSKI, 2009). Os Design Methods estavam em desenvolvimento em 1980, suas diversas pesquisas repercutiram em diversas áreas e tiveram ótimas contribuições, sendo elas na área de APO (Avaliação Pós-ocupação), programa arquitetônico, inteligência artificial entre outras. As diversas fases que a pesquisa passou ao longo dos vários anos contribuíram para estabelecer o assunto como uma disciplina independente, capaz de influenciar a própria ciência (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009). No inicio da década de 1990, o computador passou a ser uma possível ferramenta para inserir informações como, por exemplo, problemas, questões do programa de necessidades, outros, de forma a gerar soluções em um sistema de input e output. Mesmo nesse momento a ideia do gráfico ou mapa com as etapas do processo de projeto rigidamente dispostas ainda se aplica, porque o computador como um instrumento lógico só gera informações a partir de padrões sistemáticos. Além disso, o programa não gera respostas automáticas e deve ser programado a partir da inserção informações, dessa forma o usuário precisa de habilidades para fazê-lo. (OLIVEIRA, PINTO, 2009) No Brasil, as pesquisas em torno do tema não teve grande repercussão no ato de projetar dos projetistas nos escritórios brasileiros. E, além disso, sua influencia foi pouca quanto aos programas de ensino ou pesquisa das escolas de engenharia e arquitetura. Dentre os vários pontos a serem destacado para que isso tenha ocorrido, pode-se citar os seguintes:  Atualmente, as pesquisas realizadas entorno do tema projeto estão menos focadas na busca de uma metodologia rígida, que trate do procedimento projetual como um cálculo matemático ou processo extremamente controlado. Há alguns autores que afirmam que as pesquisas estão em expansão novamente, e que estão tendo espaço nas universidades e apoio governamental. As pesquisas realizadas atualmente integram o projeto com as tecnologias de informação, tendo uma grande importância no rumo do trabalho do projetista. (OLIVEIRA, PINTO, 2009)  Brasil as primeiras instituições de ensino de arquitetura baseavam-se no modelo da École de BeauxArts, que foi trazido para o Brasil pelos franceses no começo do século XIX. Este modelo de ensino ainda se mantém em muitas escolas e tem como foco central incentivar a formação artística do
  • 16. arquiteto. Em consequência desta formação, é possível observar que há uma falta de definição na estrutura do processo de projeto e dos procedimentos, que normalmente são empregados, o método de tentativa e erro na concepção do edifício. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009).  Outro ponto relacionado ao Brasil é que a organização dos primeiros escritórios de arquitetura no Brasil foram tardios sendo criados na metade do século XX e tinham como base o talento individual do profissional responsável. O quadro a seguir sintetiza todos os períodos relacionados à busca de um método que auxilie o projetista em seu processo projetual e suas características: Quadro 1 – Síntese dos períodos e os marcos de cada período onde tinham como foco a produção intelectual dos métodos projetuais. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2009). Períodos Características Primeira Fase Primeira metade da década de 1960  Projeto é definido como a atividade de resolver problemas segundo determinados objetivos;  Busca por abordagens sistemáticas e eficientes das questões de projeto;  Confiança nas possibilidades oferecidas pelo computador;  Principais expoentes: John Christopher Jones, Christopher Alexander e John Luckman. Segunda metade da década de 1960 e metade da década de 1970  Crítica crescente às falhas das abordagens técnicas da primeira fase.  A atenção foi transferida para a solução de problemas sociais;  Participação dos usuários na criação e gerência do ambiente construído;  Construção de habitações experimentais e habitações comunitárias;  A metodologia de projeto passou a considerar novas disciplinas, como a psicologia ambiental e a sociologia habitacional;  Principais expoentes: Horst Rittel e Henry Sanoff. Metade dadécada de 1970 aos anos de 1980  Críticas à ênfase unilateral do pensamento racional.  Alexander publica “A Pattern Language” e rejeita qualquer ideia classificada como “metodologia”;  Admite-se que o projeto ainda é visto como um ciclo de análise- síntese-avaliação, mas cada processo de projeto é único e não pode ser descrito de modo padronizado;  Broadbent aponta o surgimento da terceira geração: em contraste com a abordagem analítica dos anos 60 e com a atenção à participação do usuário, característico dos anos 70;  Principais expoentes: Christopher Alexander, Geoffrey Broadbent,
  • 17. 17 Herbert Simon, Ömer Akin, Donald Schön e Nigel Cross. Segunda Fase Dos anos de 1990 aos nossos dias  Interesse nos sistemas de processamento de informações e sistemas de suporte às decisões de projeto;  A ferramenta essencial de projeto é o CAD;  Desenvolveu-se um novo tipo de projeto, influenciado pelo uso dos computadores e envolvendo a busca por formas geométricas anormais e não retangulares.  A complexidade do edifício é consequência da influência de vários profissionais, além do arquiteto, que consideram diferentes objetivos e prioridades na definição da melhor solução;  Algoritmos matemáticos podem ser usados para dar uma ideia da relação de soluções onde cada variante de projeto pode satisfazer cada requisito mínimo.  Principais expoentes: William Mitchell, Donald Schön e Bryan Lawson. Portanto, podemos perceber que as pesquisas relacionadas ao projeto em busca de um método que auxilie o projetista ao longo do processo projetual, passaram por um longo caminho até chegar aos dias de hoje. As pesquisas sobre método de concepção projetual levaram os pesquisadores a se distanciarem do real foco que seria a prática projetual voltada para o atendimento das necessidades de seus usuários. No entanto, com o tempo tiveram grandes avanços, seja pelo entendimento sobre os processos que estruturam o método, seja por introduzir novas ferramentas que possam auxiliar os projetistas no processo projetual. Já no Brasil, mesmo com pouco avanço relacionado ao processo projetual, hoje estão sendo retomadas as pesquisas entorno do método, com o apoio das instituições de ensino como também, das instituições governamentais. 3. ASPECTOS CONCEITUAIS DO MÉTODO DE PROJETO Neste capitulo serão abordado diversos conceitos que ajudarão na compreensão do tema processo projetual e método. Através da discussão pontual do que os autores selecionados pensam entorno de suas ideias dispostas em suas obras. Buscaremos seguir a seguinte sequência: O que é o projeto? O que é projetar? O que é o partido arquitetônico? O que é o programa de necessidades ou programa arquitetônico? O que é o processo de projeto? E por fim, o que é o método? Então para iniciarmos a discussão entorno dos conceitos básicos que norteiam o trabalho, daremos início com a seguinte questão: o que é o projeto?
  • 18. Dentre os vários autores, selecionados para embasar nosso trabalho, quatro autores tratam sobre o conceito de projeto: Neves (1998), Silva (1984), Castells (2012), Fabrício, Melhado (2011) e Martinez (1991). Para Neves (1998) o conceito de projeto é: [...] seria o documento demonstrativo desse algo idealizado. O projeto é, portanto, o produto do ato de projetar. Esse documento, o projeto, compõe-se de um conjunto de plantas, contendo os desenhos do edifício. (NEVES, 1998, p.9) Ele mostra que o projeto seria simplesmente o documento demonstrativo da ideia idealizada, neste caso, o projeto se resume a representação gráfica do elemento arquitetônico idealizado, que seria entregue ao cliente. Já Silva (1984), conceitua o projeto como: [...] uma proposta de solução para um particular problema de organização do entorno humano, através de uma determinada forma construível, bem como a descrição desta forma e as prescrições para sua execução. (SILVA, 1984, p.39) A definição de Silva (1984) mostra que o projeto seria uma solução dentre várias outras soluções possíveis que poderia ser aplicada para solucionar o problema de organização de espaço entorno do “cliente”, determinada através de informações que nortearia sua forma física idealizada e sua execução. Já para Castells (2012), projeto: [...] são propostas materiais de transformação que podem ser organizadas em partes constitutivas definidas. Assim, o tipo de projeto particular que caracteriza a arquitetura é o registro, gráfico na sua quase totalidade, resultante da atividade de pensar e desenvolver (ou seja, criar) propostas que transformem alguma coisa já existente em algo que se supõe melhor. (CASTELLS, 2012, p. 65) Castells (2012) define projeto como um elemento material constituído de partes pré- definidas, registradas graficamente a partir da resultante do processo criativo que transforma diversas informações já existentes em algo melhor. Já Fabrício e Melhado (2011) define projeto como: [...] o resultado de várias interações sociais, que é definida não somente pela atuação do projetista, mas também das influencias dos clientes, dos usuários e os dos demais participantes do projeto. (FRABRICIO, MELHADO, 2011, p. 57) Segundo Fabrício e Melhado (2011) o projeto seria a influencia não somente do autor do projeto, no caso, o arquiteto, mas também do cliente, dos usuários entre outros que
  • 19. 19 poderiam participar e influenciar na concepção arquitetônica do projeto. Já para Martinez (1991) projeto é: [...] o desenvolvimento de um anteprojeto, cuja estrutura costuma ser denominada “partido”. Diferentes projetos podem ser desenvolvidos com base em um mesmo partido. (MARTINEZ, 1991, p. 13) Para Martinez (1991) o projeto seria o desenvolvimento do anteprojeto a partir do partido e que a partir desse partido é possível desenvolver diversos projetos diferentes entre si. Já em outra definição do mesmo autor, ele define projeto como: [...] a descrição de um objeto que não existe no começo do processo. Esta descrição faz-se por aproximações sucessivas. As primeiras descrições referem-se ao comportamento do futuro objeto no mundo, às suas relações contextuais, às necessidades a serem satisfeitas. Essas descrições são verbais ou escritas, uma parte delas fica determinada no programa. Após essas aproximações verbais, procuram-se outras, gráficas, cada vez mais próximas da representação de edifícios existentes no que diz respeito aos códigos gráficos, diferentes destas por seu conteúdo, uma vez que se trata de um edifício novo, com suas particularidades próprias. O resultado do processo é um objeto. Mais precisamente, a descrição de um objeto por meios analógicos – desenhos, maquetes, acompanhados de especificações sobre propriedades dos materiais propostos para sua construção. A invenção do objeto realiza-se por meios de “representações” dessa coisa inexistente, codificadas de maneira imprecisa em um sistema gráfico cuja sintaxe é parecida com aquela das representações definitivas. Cada nova tentativa de representação é iniciada para dar solução tridimensional a um aspecto do problema, conforme percebido pelo projetista no momento de iniciar essa representação. Como resultado, a cada vez que o projetista termina um desenho, sua percepção do problema que pretendia resolver evoluiu. O processo de produzir essa representação resulta em gráficos nos quais o projetista lê mais informação do que introduziu. Esta nova informação refere-se a relações espaciais possíveis, a compatibilidades e a incompatibilidades entre soluções parciais e a novas sugestões de forma. (MARTINEZ, 1991, p. 37) Já esta segunda definição é complementar a primeira feita por Martinez (1991). Podemos compreender que o projeto é basicamente a representação de um objeto que até o início do processo de concepção não existia. O resultado do processo criativo é representado através de meios análogos, sendo eles, gráficos (desenhos), modelos físicos (maquetes), entre outras formas de representações que permitam compreender a idealização da ideia. Estas representações buscam representar as diretrizes definitivas composta na ideia ao longo do processo de concepção. No entanto, sua definição vai além da representação gráfica da ideia. O projeto seria constituído por uma seleção minuciosa de informações que poderia ser agregada ou não. Ao fim do processo conceptivo constituirá o projeto graficamente e que a
  • 20. cada projeto realizado, o projetista evolui. Além disso, para se conceber um projeto é utilizado como base o partido e este, em muitos casos, são utilizados em vários outros projetos, gerando a cada projeto uma nova identidade com a mesma essência. Esta essência é composta por um programa arquitetônico que pode ser escrito ou verbal. É possível perceber que há um consenso conceitual de forma complementar entre os cinco autores quanto a suas definições, no entanto dois deles, neste caso, Neves (1998) e Castells (2012), tem definições semelhantes, onde descrevem que o projeto seria o resultado do ato de projetar, podendo ser registrada, de forma gráfica, contendo diversos elementos como plantas, cortes, fachadas entre outros e dentro deles haverá as diretrizes que demonstram a forma idealizada e que auxiliará o projetista na construção do projeto idealizado. No entanto, os outros três autores, neste caso, Silva (1984), Fabrício, Melhado (2011) e Martinez (1991), mostram que o projeto é mais que uma representação gráfica, neste caso, um produto a ser entregue ao cliente, e sim o resultado da interação entre os vários integrantes que influenciam na concepção do projeto, neste caso, os integrantes seriam desde o próprio arquiteto, até usuários que não têm uma ligação propriamente dita sobre a edificação, mas que sua opinião é de grande influência sobre o resultado final do projeto e assim por diante. Segundo estes, o projeto seria não somente representado por meios gráficos e sim, também, por meios análogos como maquetes e outros meios. O partido arquitetônico utilizado para constituir o projeto poderá ser reutilizado diversas vezes, e a cada reutilização, poderá resultar em um projeto totalmente diferente que o anterior. Além disso, o projeto seria a representação da resolução de um problema que compõe a vida humana. Depois de compreendemos o que é o projeto, então, cabe-nos questionar o que é projetar? Dentre os vários autores selecionados, destacaremos três autores que tratam diretamente sobre esta questão que são: Neves (1998), Silva (1984), Lawson (2006). Para Neves (1998) projetar "[...] seria o ato de idealizar algo a ser feito." (NEVES, 1998, p. 9). Sua definição é simples, mas mostra que projetar parte da ação de idealizar, pensar, em “algo” e este algo representa o projeto, no caso uma representação gráfica ou volumétrica, e que a posteriori seria feito ou construído. Já para Silva (1984) projetar ou projetação seria o "[...] ato ou efeito de elaborar projetos." (SILVA, 1984, p. 34). Da mesma maneira que Neves (1998), Silva (1984), define o ato de projetar de forma bastante simples, mas mostra através de sua definição que o ato de projetar se resume ao simples ato ou efeito de conceber o projeto. Já Lawson (2006) define:
  • 21. 21 Projetar também é uma atividade cotidiana de todos nós. Projetamos o nosso quarto, decidimos como arrumar objetos em prateleiras ou sistemas de armazenamento, planejamos nossa aparência toda manhã, plantamos, cultivamos e cuidamos do jardim, escolhemos alimentos e preparamos refeições, planejamos as férias. (LAWSON, 2006, p.17) Lawson (2006) define o ato de projetar como uma atividade diária não exclusiva do arquiteto. Podemos identificar que sua definição de projetar é bastante semelhante à ideia de planejamento, onde planejamos nosso quarto, nosso jardim, nossas férias e assim por diante. Lawson (2006) também define projetar como "[...] uma forma de pensar, e pensar é uma habilidade. As habilidades podem ser adquiridas e desenvolvidas." (LAWSON, 2006, p. 279). Segundo a definição de Lawson podemos identificar que sua definição anterior se complementa com essa, de forma que mostra que nem o ato é exclusivo do arquiteto e nem que somente alguns arquitetos podem projetar, no caso, o ato de projetar é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida. Portando, segundo os diversos autores que discutem sobre o que é projetar, é possível identificar que há nas definições pontos convergentes e divergentes. Para os convergentes verificamos que projetar seria o ato de elaborar projeto (SILVA, 1984; NEVES, 1998). Já para os divergentes compreende-se projetar como um ato que não é exclusivo do arquiteto, correspondendo a uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida (LAWSON, 2006). Agora depois de compreendido o que é o projeto e o que é projetar, temos que compreender o que é o partido arquitetônico. Dentre os vários autores em discussão neste trabalho temos quatro autores que tratam sobre este assunto que são: Neves (1998), Silva (1984), Mahfuz (1995), Martinez (1991) e Castells (2012). Para Neves (1998) “o partido, na arquitetura, é compreendido como a ideia preliminar do edifício projetado”. (NEVES, 1998, p.7). Sua definição é bastante simples, mas mostra que o partido seria a ideia anterior ao edifício, mas essa definição pode deixar muitas dúvidas, porque não há mais detalhes sobre o que compõe essa ideia preliminar, neste caso o partido. Em seu livro “Adoção do Partido na arquitetura” Neves (1998) aborda com mais profundidade o que constitui o partido. Segundo Silva (1984): O partido arquitetônico assume, um duplo papel, pois, ao mesmo tempo que reflete o objetivo do programa, através da interpretação dos condicionantes existentes, espelha também um elemento subjetivo, que é a intenção plástica do projetista. Dentro de um espírito rigidamente racional e funcionalista, poderia-se afirmar que a primeira característica – a consequência formal de uma serie de determinantes – é hierarquicamente mais importante que a segunda – a intenção plástica do projetista; isto porque existe um preceito doutrinário da arquitetura racionalista que determina que a configuração plástica da obra arquitetônica deve resultar da expressão funcional e
  • 22. construtiva, sem jamais derivar de uma proposta estética arbitrariamente assumida antes das definições próprias dos estudos preliminares. (SILVA, 1984, p. 99). Na definição de Silva (1984) é possível compreender que o partido teria em sua composição duas formas: uma direcionada a composição funcional sendo representada pelo programa e a outra seria a composição plástica representada pela intenção plástica de sua ideia. Silva (1984) destaca que a definição do partido é uma consequência da postura ideológica do projetista, exemplificando o caso dos defensores da arquitetura moderna, que priorizam na resposta plástica as questões de leitura da funcionalidade do edifício. Silva (1984) também define que o partido seria: "[...] a síntese das características principais do projeto." (SILVA, 1984, p. 100). Esta definição feita por Silva (1984) demonstra que o partido seria basicamente uma síntese (resumo) das informações que poderia existir no projeto, sendo elas, subjetivas ou objetivas. Já para Mahfuz o partido é "[...] um esquema diagramático de um edifício, uma idéia conceitual genérica, carregando consigo, ao mesmo tempo, as noções de reunião e divisão." (MAHFUZ, 1995, p. 20). Sua definição mostra que o partido tem uma estrutura diagramada neste caso, correspondente a uma estrutura predeterminada contida o edifício idealizado. Além disso, este diagrama tem como função mostrar tanto as partes separadas quanto as em conjunto. Já em sua definição complementar, Mahfuz mostra que: "o partido é uma aproximação, uma síntese dos aspectos mais importantes de um problema arquitetônico." (MAHFUZ, 1995, p.27). Sua abordagem mesmo próxima do que Silva definiu anteriormente, mostra que o partido estaria relacionado à solução de um problema, e neste caso como ele é uma síntese, tem que abordar em sua estrutura todos os problemas existentes para que possa ao fim de todo o processo, ter as soluções ou possíveis soluções para estes problemas elencados no raciocínio do partido. Outro autor que discute sobre o que é o partido seria Martinez neste caso, ele define que: "o partido, como fator de originalidade de cada projeto, confunde-se com a personalidade de seu autor e, simultaneamente, reafirma a unicidade do edifício, sua qualidade de obra artesanal." (MARTINEZ, 1991, p. 111). Outro autor que discute sobre o que é o partido seria Castells (2012), sobre essa questão ele o define da seguinte maneira: [...] o “partido” constitui a essência do projeto, uma vez que nele podem ser encontrados todos os aspectos substantivos que terminarão por definir o processo projetual. Em outros termos, o processo projetual de fato só inicia quando a informação obtida na fase preliminar é interpretada e organizada
  • 23. 23 segundo certas prioridades estabelecidas pelo arquiteto e que ficam plasmadas no diagnóstico. Por isso mesmo, pode-se dizer que esse é um momento de articulação, quando o arquiteto passa de uma atitude onde prima a objetividade da análise, para a outra de maior subjetividade, quando identifica e seleciona escolhas projetuais em função do que entenda ser a melhor alternativa de solução para o problema colocado. Chegado nesse ponto, tanto a formação cultural e experiências profissionais previas, assim como a própria personalidade do arquiteto, terão peso decisivo na definição do projeto final (CASTELLS, 2012, p.70). Pelo que Castells (2012) trata sobre o partido, ele seria essencial para a condução da elaboração do projeto. Dessa forma o processo de projeto só teria início posterior a sua elaboração que tem como base analisar as informações organizadas através de parâmetros que o próprio arquiteto estabelece. O partido arquitetônico seria marcado pela objetividade, onde o arquiteto selecionará e analisará as informações escolhidas tendo como foco solucionar os problemas de projeto elencados. Ainda sobre o partido, Castells (2012) diz que o mesmo contém uma característica especifica, “[...] ele deve conter na sua essência a possibilidade de diferentes e múltiplas materializações de projeto.” (CASTELLS, 2012, p.70). Isso seria o resultado do processo de elaboração do projeto, onde surgirão diversas possiblidades de estabelecer conectividade e relações entre as partes e o todo constituído pelo projeto. Em relação à estrutura representativa do partido arquitetônico, Castells (2012) afirma: O partido deve se apresentar como uma graficação esquemática cujo objetivo essencial será transmitir uma proposta capaz de sintetizar o conjunto de dados e informações colhidas, analisadas e geradoras de um “diagnóstico”, que será o guia textual e antecedente imediatamente anterior a ele próprio. (CASTELLS, 2012, pp. 70-71) Pelo que foi exposto o partido deve conter uma estrutura esquemática onde tem como objetivo registrar e transmitir uma síntese de um conjunto de informações colhidas, analisadas, onde mostrará um “diagnóstico” que constituirá o próprio partido. O partido, como já foi dito, seria a estruturação de uma síntese de diversas informações colhidas anteriormente ao processo de projetação, segundo Castells (2012) elas são: 1) Necessidades de funcionalidade, dimensionamento espacial, fluxos; 2) Características do contexto cultural e ambiental; 3) Sustentabilidade econômica, social, ambiental; 4) Características e disponibilidade de recursos materiais. (CASTELLS, 2012, p.71)
  • 24. As informações pontuadas por Castells (2012) mostram que o partido arquitetônico deve conter quatro tipos de informações. A primeira está relacionada a parte funcional do projeto (dimensionamento, fluxo entre outros). A segunda está relacionada ao entorno (predominância dos ventos e direção do sol, entre outros). Já a terceira está relacionada à sustentabilidade do edifício (aproveitamento da luz do sol, dos ventos, das águas e assim por diante). E para a quarta e última, está relacionada à disponibilidade de materiais (materiais empregados no edifício, até mão-de-obra especializada). Portanto, é possível identificar que para os autores Neves (1998), Silva (1984), Mahfuz (1995), Martinez (1991) e Castells (2012) ao definir sobre o que é o partido, mostram-se conceitualmente convergentes. Mesmo havendo alguns pontos diferentes a base é inconfundível. Esta base contém as seguintes informações: o partido corresponde a uma síntese do que poderá existir no projeto, sendo esta síntese objetiva ou subjetiva. Esta síntese será o fio condutor para que o projetista possa conduzir sua concepção para que ao fim possa ver sua personalidade representada em sua obra. Além disso, o partido auxiliará o projetista na organização seja na disposição funcional dos espaços, como também, a composição formal e plástica do projeto. Seguindo a sequência, temos agora a seguinte questão: O que é o programa de necessidades ou programa arquitetônico? Dentre os vários autores que discutem sobre esta questão temos: Neves (1998), Silva (1984), Moreira, Kowaltowski (2011) e Castells (2012). Para Neves (1998) define-se programa de necessidade como: [...] a relação de todos os cômodos, ambientes, ou elementos arquitetônicos previstos para o edifício. O programa traduz, sob a forma de um elenco de elementos arquitetônicos, os espaços onde se desenvolverão as funções e atividades previstas para o tema, levando em conta as necessidades da clientela. (NEVES, 1998, p. 27) Sua definição mostra que o programa de necessidades se resume basicamente a duas informações: a primeira estaria relacionada aos espaços elencados que conterão no edifício e a segura seria a relação entre os espaços previstos no edifício. Abaixo podemos ver como Neves (1998) descreve seu programa de necessidades, usando como exemplo uma casa de veraneio: 1- Varanda; 2- Sala de estar; 3- Bar; 4- Suíte do casa (quarto mais sanitário); 5- Suíte dos filhos (quarto mais sanitário); 6- Quarto de visitas; 7- Sanitário social;
  • 25. 25 8- Copa-cozinha; 9- Área de serviço; 10- Quarto da empregada; 11- Sanitário de empregada; 12- Garagem. (NEVES, 1998, p. 29) Para Neves (1998), as informações contidas em seu programa arquitetônico estariam intimamente ligadas à funcionalidade objetiva de cada cômodo. Não há espaço para subjetividade em seu programa de necessidades nem uso distinto do que foi planejado em seu programa. A descrição acima, mostra a primeira informação contida no programa, já a Figura 1 é complementar a descrição realizada anteriormente, e mostra a segunda informação contida na definição de Neves, vejamos: Figura 1: Exemplo de funcionograma apontado por Neves (1998) como instrumento para estudar as relações entre os elementos do programa. É possível identificar na Figura 1 as relações existentes entre os cômodos. Esta relação está intimamente ligada à circulação interna e externa quanto aos acessos aos espaços físicos do projeto. Além disso, é possível ver como os espaços se relacionam em conjunto, sendo neste exemplo separados por setores dentre eles: íntimo, social e serviço. Já na definição de Silva (1984): O programa arquitetônico pode ser entendido como a decomposição de uma necessidade determinante no conjunto mais ou menos definido e explicito de todos os requisitos e sub-requisistos que a integram. A necessidade genética de habitar, por exemplo, decompõe-se em requisitos como proteger-se das interpéries, repousar, alimentar-se, dormir, cuidar da higiene etc., que, por
  • 26. sua vez, podem ser decompostos em sub-requisitos ainda mais específicos e pormenorizados. (SILVA, 1984, p. 85) Silva define o programa de necessidade como algo além das relações funcionais dos cômodos que compõe o projeto. As relações que ele atribui ao programa normalmente são subjetivas. Todos os itens elencados por ele não determinam fisicamente quais os cômodos adotarão as subjetividades, mas as subjetividades sugerem que cada cômodo atendam itens que abarquem as necessidades que o usuário deseja. Já em sua segunda definição, Silva define que "o programa arquitetônico, na sua modalidade mais simples e convencional, é uma enumeração textual dos comportamentos ou funções compreendidas na edificação a ser projetada." (SILVA, 1984, p. 91). Esta segunda definição mostra que o programa arquitetônico em sua modalidade mais simples seria identificado como uma enumeração textual que descrevem as funções compreendidas na edificação. Dessa forma, é possível dizer que para Silva (1984) o programa arquitetônico inclui a seleção das subjetividades existentes ou possíveis de existir no projeto. Já Moreira e Kowaltowski (2011) definem programa como: [...] um sistema com dados organizados para atender ao processo de projeto e compreender as relações funcionais entre o contexto e o espaço físico edificado ou planejado. Assim como as relações funcionais, os problemas identificados pelo programa são colocados em termos funcionais. O programa é o primeiro passo do processo de projeto, porque trata das condições observadas no decorrer do projeto e deve se ater à descrição do contexto ou dos aspectos gerais da forma e evitar sugerir ou impor soluções. (MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2011, p. 102) Em sua definição, Moreira e Kowaltowski (2011) afirmam que o programa arquitetônico é o primeiro passo do processo projetual. O programa corresponde a um sistema de dados organizados para ajudar na compreensão das relações funcionais existentes no projeto, como também, auxiliar na concepção arquitetônica do projeto e assim, poderá o projetista compreender melhor os problemas existentes para melhor solucioná-los. Além disso, o programa deve conter informações sobre o contexto ou os aspectos gerais da forma que o projeto poderá possuir. Quanto às informações que deve conter no programa arquitetônico Moreira (2011), as elenca abaixo: 1) Humanos: atividades funcionais para ser habitável, relações sociais a serem mantidas; características físicas, fisiológicas, psicológicas e necessidades dos usuários; 2) Ambientais: terreno e visitas; clima; contexto urbano; recursos naturais, resíduos; 3) Culturais: histórico, institucional, político, legal;
  • 27. 27 4) Tecnológicos: materiais, sistemas estruturais; processos construtivos e de concepção da forma; 5) Temporais: crescimento; mudança; permanência; 6) Econômicos: financeiros; construção, operação; manutenção; energia; 7) Estéticos: forma; espaço; significado; 8) De segurança: estrutura; incêndio; químico; pessoal; criminoso (vandalismo). (Hershberger, 1999 apud MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2011, pp. 102-103). Podemos ver que as informações elencadas por Moreira e Kowaltowski (2011) estão relacionadas a diversas etapas que compõe o projeto, dentre elas temos: coleta das informações relacionadas aos usuários (onde o projetista buscará identificar diversas informações que possam caracterizá-los); temos também, as informações relacionadas às condições ambientais, neste caso, o projetista, buscará identificar, não somente, as condições dos ventos e do sol como também, as condições do terreno, seu entorno etc. Outro ponto elencado por Moreira e Kowaltowski (2011), está relacionado às informações culturais, neste caso, o projetista buscará identificar as informações relacionadas ao histórico do lugar, a política, entre outras informações; às informações tecnológicas (onde o projetista buscará identificar diversos itens que poderão ser aplicados no projeto dentre eles temos, sistemas estruturais, processos construtivos entre outras informações); às informações temporais, como por exemplo, informações de crescimento, mudança, entre outras que poderão impactar sobre as decisões de projeto; às informações relacionadas à economia, onde o projetista buscará identificar os recursos financeiros que serão aplicados no projeto, os custos operacionais, manutenção entre outras informações. Temos também as informações relacionadas a estética, sobre ela, o projetista buscará elencar diversas informações que possam ser aplicadas ao projeto, sendo elas, a forma do edifício, os materiais a serem aplicados, as cores, a disposição dos espaços, entre outros. Por fim temos o item relacionado à segurança, neste caso o projetista buscará informações quanto as normas de segurança, o quanto a região é segura entre outras informações. Todos esses itens elencados por Moreira influenciarão todas as decisões a serem tomadas para conceber o projeto arquitetônico. Já para Castells (2012) o programa também denominado como “brief” seria a seleção de conteúdos básicos para o processo de concepção do elemento arquitetônico. Segundo Castells o programa é constituído por quatro categorias de problemas é possível vê-las abaixo: 1) Definição dos objetivos do empreendimento, e dos antecedentes da organização e de seus participantes; 2) Definição do campo de requerimento em termos de espaço físico, equipamentos, participantes envolvidos e atividades complementares, incluindo previsão de flexibilidades;
  • 28. 3) Definição das matrizes de compatibilidade e incompatibilidades, baseadas nas expectativas de atividades sociais, nos critérios para o tratamento do contexto ambiental e na disposição e acessibilidade de serviços; 4) Definição de possíveis alternativas de resolução em termos de atividades, pessoal, tamanho de unidades e relações entre o sítio e a comunidade (CASTELLS, 2012, p.69). As quatro categorias elencadas por Castells, são informações que para ele devem ser atendidas no programa. Sua definição é mais complexa e completa que as apresentadas anteriormente. Em sua definição o programa deve conter informações sobre os objetivos do empreendimento, definições sobre o uso do espaço, equipamentos, participantes envolvidos, atividades sociais, disposição e acessibilidade de serviços e além de tudo isso deve conter tamanho das unidades e as relações entre o sítio e a comunidade. É possível perceber que dentre os autores Neves (1998), Silva (1984), Moreira, Kowaltowski (2011) e Castells (2012) que discutem sobre o “programa”, cada um tem sua particularidade sobre a construção do programa, mas há uma essência que estrutura todas as definições como, por exemplo: selecionar primeiramente as informações que irão compor o projeto, seja de forma objetiva ou subjetiva, mas que possam auxiliar na condução da concepção arquitetônica. Existem outras informações que também são comuns a todos os autores, como por exemplo, a seleção das informações relacionadas aos usuários, informações quanto ao lugar onde será construído o edifício. Mas, são pontuadas, também, algumas informações que não são comuns a todos os autores, como, por exemplo, à segurança, a separação dos itens que compõe o projeto em setores e muito outros. Para a penúltima questão temos: o que é o processo de projeto? Dentre os vários autores envolvidos nessa discussão temos: Silva (1984), Lawson (2006), Andrade, Ruschel, Moreira (2011), Martinez (1991) e Castells (2012). Para Silva (1984), o processo de projeto pode ser definido da seguinte maneira: O processo projetual na arquitetura é representável por uma progressão, que parte de um ponto inicial – o contexto considerado problemático – e evolui em direção a uma proposta de solução, que, como se observou, pretende ser resolutiva e definidora. As diferentes fases deste processo se caracterizam por um gradativo decréscimo do teor de incerteza e pelo consequente incremento do grau de definição da proposta. (SILVA, 1984, p. 78). Sua definição mostra que o processo de projetação seria iniciado a partir de uma problemática (ponto inicial) e que a cada passo em direção à resolução do problema há uma evolução gradativa onde as incertezas diminuem e as certezas se tornam cada vez mais claras. Silva (1984) define o processo de projetação da seguinte maneira:
  • 29. 29 O processo de projetação é caracterizado por uma sequência de estados, que diferem uns dos outros pelo grau de definição e de resolubilidade atingidos. Sendo uma elaboração mental, sujeita a mecanismos psíquicos não perfeitamente cognoscíveis, esta progressão não obedece exatamente a um rígido modelo mecânico, e é peculiar de pessoa para pessoa; e mesmo para uma única pessoa, poderá ocorrer de maneiras diferentes em diferentes situações. A projetação, como a criatividade, é um fenômeno de natureza nitidamente psicológica. No âmbito da práxis profissional, entretanto, os procedimentos tendem a apresentar semelhanças quanto a configuração geral. (SILVA, 1984, p. 78). A segunda definição mostra-se complementar a primeira, destacando que mesmo o processo sendo algo que determine as etapas que cada indivíduo terá que passar para contemplar a resolução final, mesmo assim cada indivíduo conduz através das diretrizes da sua forma, gerando resultados diferentes, mesmo tendo rigidamente o mesmo modelo para nortear os trabalhos. É possível ver representada as duas definições acima na Figura 2 abaixo: Figura 2: Imagem que representa o sistema que compõe o processo de projeto, segundo Silva (1984). Podemos ver representada a progressão entre as etapas que compõe o processo de projetar. O processo inicia através do problema onde há o máximo de incerteza e a cada etapa que compõe o processo, no caso, representada por: programa, estudos, anteprojeto e projeto, pode-se ver que as incertezas diminuem, enquanto as certezas sobre as decisões tomadas para compor o projeto se consolidam onde ao fim de todo o processo gera a solução que no caso corresponderia o projeto.
  • 30. Já Lawson (2006) define o processo de projeto como: "[...] uma sequencia de atividades distintas e identificáveis que ocorrem numa ordem previsível e com uma lógica identificável.” (LAWSON, 2006, p.42). Lawson em sua definição destaca alguns pontos de grande importância para o entendimento de sua idéia do que seria o processo de projeto. Neste caso, destacamos, por exemplo: sequência, ordem previsível e lógica identificável. Assim, o autor aponta que o processo tem que ter uma sequência e que esta sequência tem que ter uma ordem previsível e ter uma lógica identificável para que possa ter um inicio e fim encadeado e dessa forma favoreça ao projetista a elaboração do projeto com o mínimo de esforço. Já para Liu, Oliveira e Melhado define-se processo de projeto como: "[...] uma sucessão de etapas de levantamento, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto, projeto legal, projeto básico e projeto para execução." (LIU, OLIVEIRA, MELHADO, 2011, p. 65). Andrade, Ruschel, Moreira (2011) define processo de projeto como uma: "[...] sequência íntegra de acontecimentos, que parte das primeiras concepções de um projeto e vai até a sua realização total.[...]"(ANDRADE, RUSCHEL, MOREIRA 2011, p. 86). Para Martinez o processo de projeto "[...] implica uma série de operações que resulta em um “modelo" do qual será copiado um edifício. Contudo, não há apenas um único processo projetual, apenas uma única maneira de se levar a cabo esse processo." (MARTINEZ, 1991, p. 17). Martinez em sua definição destaca que o processo de projeto surge em uma série de operações que resulta na idealização de um modelo que “simula” um edifício, no entanto, ele destaca que não há uma única maneira de se aplicar o processo projetual para apenas uma única solução. Castells (2012) ao discutir sobre a questão relacionada ao processo de projetação aponta na sua avaliação crítica a existência de um consenso teórico da literatura especializada sobre a ação de projetar indicando que o processo evolui do geral ao particular Castells define que o consenso teórico pode ser descrito entendo que: [...] o processo de projetação vai do geral ao particular, começando pela definição das ideias e esquemas iniciais sobre a configuração que se pretende dar ao edifício, para depois progressivamente, ir estudando e definindo tanto o conjunto quanto as partes constitutivas, disposições construtivas e detalhamentos, até se atingir a precisão final do projeto para execução. (CASTELLS, 2012, p. 74). A definição acima mostra que o processo projetual segundo a literatura especializada avaliada por Castells (2012), evolui do geral para o particular e toma-se como ponto inicial a criação da forma de edifício, sem muitos detalhes, só para compreender as suas dimensões e
  • 31. 31 como seria sua ocupação no terreno. Posterior à etapa da confecção da forma do edifício, o projetista buscará detalhar, não somente as partes que compõe o projeto como também a forma geral. Esse processo ocorre até chegar a uma precisão ou estado desejado pelo arquiteto e o cliente, para enfim poder ser executado o projeto. Com relação aos principais procedimentos para a elaboração do projeto (processo projetual), Castells (2012) aborda alguns tópicos que veremos abaixo que representam esta elaboração do geral para o particular: 1) O arquiteto começa recebendo um programa ou input inicial de projeto, pouco preciso, e não ordenado para atender a nenhuma conformação espacial particular, isso é, não implicando um determinado partido; 2) Inicia o trabalho específico de projeto analisando globalmente o programa e começando logo a traduzir em dimensões os diferentes elementos constitutivos, estabelecendo a rede de conexões que os vincula em termos de organogramas e fluxogramas; 3) No segundo momento, [...]. O arquiteto lida, portanto, com formas que são a tradução de unidades de programa por ele estabelecido, a partir de uma reinterpretação do mesmo. Até aqui, o processo analítico do programa de projeto vai do particular ao geral; 4) O processo de arranjo entre unidades formais é o passo seguinte, como primeira aproximação para resolver e visualizar espacialmente a totalidade do programa. Nesse ponto, o arquiteto tenta usualmente uma série de disposições e articulações possíveis entre os diferentes blocos das unidades de programa. [...]; 5) Chega o momento em que se produz o salto qualitativo e emerge uma nova ideia, síntese que deve conter todas as virtudes das tentativas anteriores, superando ao mesmo tempo as carências e os aspectos autoavaliados como criticáveis pelo próprio projetista ou equipe de projeto. [...]; 6) Finalmente, será efetivamente iniciada a elaboração do estudo preliminar, em que serão verificadas adequações e realizados os ajustes entre os componentes principais. [...] (CASTELLS, 2012, pp. 74-76) Os tópicos elencados acima por Castells expõem as etapas do processo projetual. O projeto tem início a partir do levantamento das informações e sua análise para, a partir daí, ser elaborado o programa arquitetônico e o partido. A partir desse momento será divido o programa em grupos (setores) para facilitar a compreensão do projetista como também facilitar a sua organização espacial, juntamente com suas possíveis dimensões. Posterior a isso, é dado inicio a concepção da forma do edifício, nesta etapa o projetista buscará elaborar um conjunto de esboços que possam refletir suas reflexões sobre o programa e o partido. Enfim, depois de tudo que foi realizado anteriormente, será realizado o anteprojeto, nele haverá o registro das informações que foram decididas ao longo da análise e elaboração conceptiva do projeto, para ser entregue ao cliente.
  • 32. Já com relação às posturas teóricas que defendem o processo projetual do particular ao geral, Castells afirma que: O princípio de que o processo projetual vai do particular ao geral encontra a principal justificativa na lógica que sustenta teoricamente a concepção de "composição arquitetônica". [...] composição se entende a montagem de um projeto partindo de seus volumes-parte componentes ou, em outra definição, no arranjo das partes da arquitetura como elementos de uma sintaxe, de acordo com certas regras a priori para formar um todo.[...] o sentido de progressão na resolução vai das partes para o todo, e não do todo para as partes. (CASTELLS, 2012, pp. 76-77) Basicamente o processo de projetação que vai do particular ao geral está intimamente ligado às teorias da composição arquitetônica, onde o projetista distribuirá os elementos formais que irão compor o projeto sobre o terreno conforme as regras postas pelas teorias da composição, e dessa forma ao fim de todo o arranjo compositivo, constituirá o projeto. É possível perceber que há um consenso entre os autores: Silva (1984), Lawson (2006), Andrade, Ruschel, Moreira (2011), Martinez (1991) e Castells (2012) ao discutir sobre o que seria o processo de projeto. Todos eles destacam que o processo de projeto corresponde a uma sequência lógica norteadora do trabalho, tendo início e fim, e que o processo de projeto é constituído por etapas claramente descritas como, por exemplo: elaboração de programa de necessidades, estudo de viabilidade, anteprojeto e projeto. Já para última questão temos: o que é o método? Dentre os vários autores abordados no trabalho, temos dois autores que discutem sobre esta questão que são: Neves (1998) e Castells (2012). Ao se referir sobre o método o define como: [...] o método visa basicamente servir de referencial de análise e de diretriz de procedimento na ordem das idéias, na manipulação das variáveis do projeto, para que o projetista possa utilizá-las simultaneamente na atitude de síntese arquitetônica. (NEVES, 1998, p 7) Sua definição mostra que o método seria um modelo ou uma estrutura que serve de parâmetro para ordenar as ideias para conceber o projeto, dentro desse modelo o projetista poderá trabalhar com diversas informações simultâneas para compor uma síntese para realizar a concepção do projeto. Já para Castells o método seria: “[...] um instrumento-guia que serve para orientar o desenvolvimento do trabalho projetual, com a virtude de poder ser utilizado repetidas vezes.” (CASTELLS, 2012, p. 20). A definição de Castells mostra que o método seria um
  • 33. 33 instrumento-guia para o projetista neste caso serviria como norteador do ato projetar e, além disso, o método poderia ser utilizado diversas vezes o quanto necessitar. É possível perceber que a definição dos autores, no caso, Neves (1998) e Castells (2012), são complementares e ao mesmo tempo semelhantes. Os dois definem o método como um modelo que serve como parâmetro para que o projetista ordene suas ideias de forma que possa trabalhar com diversas informações simultâneas levando a síntese que no caso corresponde ao projeto. A definição sobre o método, portanto, é indireta e revela que há uma grande semelhança entre todos os autores aqui abordados nesse trabalho. Algumas abordagens teóricas ao discutirem sobre métodos trata-os de forma objetiva, mas não determinam nenhum conjunto de diretrizes que possa ser aplicado. Outras abordam de forma subjetiva, no entanto nos revelam algumas estratégias e diretrizes que capazes de auxiliar na composição de um determinado projeto. Assim, é demostrado que o método, não limita o projetista, a produzir o mesmo resultado sempre que o aplicar, permite apenas abranger suas possibilidades de resolução do problema. O método também serve como norteador do caminho que o projetista deverá seguir para chegar a um resultado mais assertivo, para o atendimento das demandas e exigências particulares de cada problema de projeto. 4. DISCUSSÕES SOBRE PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO DE PROJETO. Neste capítulo destacaremos os pontos mais relevantes referentes à discussão sobre o processo projetual e os métodos abordados pela literatura especializada selecionada. No entanto, há algumas informações tratadas anteriormente, onde teremos que retomar aqui neste capítulo para que possamos tratar sobre os processos projetuais e os métodos destacados pelos autores. 4.1. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO SILVA (1984). No livro “Uma introdução ao projeto arquitetônico”, a abordagem de Silva segue a seguinte sequencia: 1) programa arquitetônico (conceito do programa, elemento do programa, natureza do programa, requisitos programáticos, apresentação dos requisitos programáticos), 2) o partido arquitetônico (início do processo de projetação, definição de partido
  • 34. arquitetônico, a expressão do partido arquitetônico), 3) estudos preliminares e anteprojeto, o projeto executivo, e as informações do projeto executivo. Um ponto discutido por Silva (1984) antes da explanação sobre as etapas de concepção arquitetônica são os critérios de avaliação do processo de projeto. Segundo Silva a avaliação das propostas estabelecidas busca determinar o grau de aceitabilidade dentre as diversas alternativas, tendo em vista o programa, as intenções do arquiteto entre outras. Já as regras, normas e princípios implementados no processo de avaliação constituem os critérios de projetação. A avaliação dos resultados pode ser a partir de duas maneiras: a primeira correspondente à avaliação após a finalização do projeto e a segunda corresponde ao processo de avaliação concomitantemente ao processo. Neste último caso a cada etapa realizada ao longo do processo de projetação deve ser realizada uma avaliação. A avaliação dos resultados está categorizada da seguinte maneira: a) condicionantes contextuais, decorrentes de circunstancias preexistentes, como a caracterização do sitio, exigências programáticas especificas, legislação aplicável, imperativos de ordem sociocultural, etc.; b) critérios de projetação, que traduzem a concepção do projetista perante o problema a ser solucionado.” (SILVA, 1984, p. 72). Podemos ver que as categorizações da avaliação dos resultados se dão por duas maneiras. A primeira corresponde através das relações com as informações preexistentes como, a legislação, as características do sitio, as exigências programáticas entre outras, como também é categorizada a partir das escolhas tomadas pelo projetista ao se deparar com os problemas ao longo do processo projetual. Silva ao tratar sobre critérios de projetação busca salientar mais profundamente sobre o assunto, então: Os critérios de projetação refletem-se nos sistemas de categorias as quais se podem avaliar as propostas formais do projeto. O primeiro grupo de categorias diz respeito aos três planos de significação da forma arquitetônica: plano pragmático, plano sintático e plano estético. O segundo conjunto de categorias se refere aos valores semânticos (originalidade/convencionalidade), de configuração forma (simplicidade/complexidade) e econômico (modicidade/onerosidade). (SILVA, 1984, p. 78). Além dessas categorias há as subcategorias que segundo Silva é composta por: a) Adequação instrumental (referente ao plano da utilização prática do edifício, no que concerne às necessidade e aspirações do usuário: dotação de
  • 35. 35 espaço, condicionamento luminico, térmico, acústico, ergonométrico, privacidade, comunicação etc.): - morfologia dos elementos: formato e dimensões dos espaços, elementos construtivos, aberturas, equipamentos etc; - topologia dos elementos: posição e inter-relação dos espaços, elementos construtivos, aberturas, equipamentos etc.; - adequação material: resistência, impermeabilidade, isolação, cor, textura, etc. b) Racionalidade construtiva (referente ao plano da realização física do edifício): - material de edificação: resistência, durabilidade, capacidade, condicionamento, aspectos plásticos etc.; - sistema estrutural: adequação da forma construtiva aos requerimentos funcionais; - técnica de construção: relação entre processos construtivos, sistemas estruturais e materiais de edificação. c) Resultado plástico (referente ao plano da pura fruição estética do objeto arquitetônico); - beleza: conformação dos elementos, proporção, ritmo, equilíbrio, cor, textura, escala, simetria/assimetria, unidade/variedade, cheios/vazios, luz/sombra etc.; - caráter: correspondência material entre a função e a forma do elemento arquitetônico: codificação tipológica, articulação dos elementos, denotação; - expressão: capacidade de transcender a pura fruição sensível, evocando intenções e significados; carga simbólica, articulação de signos, conotação. (SILVA, 1984, pp. 75-76). As subcategorias elencadas por Silva correspondem a outras variáveis que poderão auxiliar o projetista para que o mesmo possa avaliar o seu projeto quando finalizado ou em andamento. Silva compreende o processo de projeto, como: O processo projetual na arquitetura é representável por uma progressão, que parte de um ponto inicial – o contexto considerado problemático – e evolui em direção a uma proposta de solução, que, como se observou, pretende ser resolutiva e definidora. As diferentes fases deste processo se caracterizam por um gradativo decréscimo do teor de incerteza e pelo consequente incremento do grau de definição da proposta. (SILVA, 1984, p. 78) Sua definição mostra que o processo de projetação teria início a partir da existência de uma problemática (ponto inicial) e que a cada passo em direção à resolução deste problema há uma evolução gradativa, onde as incertezas diminuem e as certezas se tornam cada vez mais claras. Ainda sobre o processo de projetação, Silva aborda: O processo de projetação é caracterizado por uma sequência de estados, que diferem uns dos outros pelo grau de definição e de resolubilidade atingidos. Sendo uma elaboração mental, sujeita a mecanismos psíquicos não perfeitamente cognoscíveis, esta progressão não obedece exatamente a um
  • 36. rígido modelo mecânico, e é peculiar de pessoa para pessoa; e mesmo para uma única pessoa, poderá ocorrer de maneiras diferentes em diferentes situações. A projetação, como a criatividade, é um fenômeno de natureza nitidamente psicológica. No âmbito da práxis profissional, entretanto, os procedimentos tendem a apresentar semelhanças quanto à configuração geral. (SILVA, 1984, p. 78) Segundo esta definição, o processo de projetação é constituído por etapas dispostas de forma sequencial e que cada individuo a segue como lhe convém, dando individualismo ao processo e resultando em diferentes resultados ao longo do processo projetual. No entanto, mesmo com o individualismo presente, o processo de projetação tem sempre um rigor na disposição de suas etapas para que possa nortear o projetista na concepção arquitetônica. O processo inicia através do problema caracterizado pelas incertezas do projetista e a cada etapa que compõe o processo, as incertezas diminuem a partir das decisões tomadas para compor o projeto gerando a solução que no caso corresponde o projeto final. Silva define o programa arquitetônico ou programa de necessidade como algo além das relações funcionais dos cômodos que compõe o projeto. As relações que ele atribui ao programa normalmente são subjetivas, veja alguns exemplos: proteger-se das intempéries, repousar, alimentar-se, dormir, cuidar da higiene etc. Todos os itens citados não determinam fisicamente quais os cômodos adotarão as subjetividades. Podemos ver representado a definição sobre o programa arquitetônico que Silva trata, através a Figura 3 abaixo, vejamos:
  • 37. 37 Figura 3: Programa arquitetônico segundo Silva (1984). Ao se referir aos elementos do programa, Silva (1984) trata que: um programa desenvolvido pode assumir uma extensão e complexidade que dificultem sua manipulação. [...] cada requisito pode ser decomposto em sub-requisitos cada vez menores, mas especifico e pormenorizados. Esta decomposição poderá identificar requisitos e sub-requisitos de pouca relevância na definição da forma arquitetônica. (SILVA, 1984, p. 86) Ao iniciar a elaboração do programa em alguns casos, ele pode adquirir uma extensão e uma complexidade tamanha que dificulte a manipulação das informações. Cada requisito implementado no programa poderá gerar outros requisitos e sub-requisitos levando a uma criação infinita do programa e que, em muitos casos, os elementos elencados na
  • 38. produção do programa, não tem relevância alguma, para a definição arquitetônica. A figura 4 ilustra as considerações de Silva sobre a identificação dos requisitos e sub-requisitos. Figura 4: Ilustração dos itens e subitens elencados na elaboração do programa segundo Silva (1984). Fonte: Silva, 1984. No entanto em continuação sobre o tema referente aos elementos do programa Silva afirma que o projetista precisa transformar todos os requisitos em um sistema de informações aplicáveis ao projeto, classificando e hierarquizando, a partir da análise das relevâncias, as informações que deverão refletir na forma arquitetônica (SILVA, 1984, p. 87). Podemos ver esta ideia representada na Figura 5 abaixo: Figura 5: Ilustração da seleção dos itens e subitens de forma restrita. Fonte: Silva, 1984.
  • 39. 39 Continuando a discussão sobre programa arquitetônico e natureza do programa, Silva afirma que a matéria-prima do programa corresponde às necessidades, às aspirações e as expectativas entorno do usuário do edifício. No entanto, mesmo que haja modificações no meio físico para que possa abarcar de forma positiva, as necessidades, as aspirações e as expectativas humanas sobre o projeto, estas sensações não podem ser controladas ou previstas de forma objetiva, pois, estas sensações estão relacionadas ao campo fisiológico, psicológico e sociocultural de cada individuo e podem influenciar na sua percepção sobre o edifício. Já em relação à apresentação dos requisitos programáticos, Silva afirma que "o programa arquitetônico, na sua modalidade mais simples e convencional, é uma enumeração textual dos comportamentos ou funções compreendidas na edificação a ser projetada." (SILVA, 1984, p. 91). Desta forma, Silva explora a importância do organograma como uma ferramenta importante no processo de concepção. O organograma mostra os itens elencado no programa, como também mostra a disposição e suas relações entre cada um dos itens listados. Só que há um grande problema ao se utilizar este modelo, geralmente os projetistas inexperientes, aplicam diretamente o resultado do organograma na resolução do projeto e isso não é coerente.O organograma serve para organizar os itens de forma a verificar as suas relações, mas a partir delas existem diversas possibilidades de organização espacial que preservem as relações dispostas no organograma (Figura 6). Figura 6: Representa o sistema denominado como organograma. Fonte: Silva, 1984.
  • 40. Outro modelo de grande importância em relação à organização dos itens que compõe o programa arquitetônico seria o modelo denominado “matriz de elementos e relações” segundo Silva: A matriz de elementos e relações apresenta as mesmas informações do organograma numa outra linguagem, onde os tipos de relações são traduzidas por códigos de tipos de símbolos, sem as implicações tipológicas do organograma. (SILVA, 1984, p. 93) A matriz de elementos e relações busca relacionar os itens elencados para o programa de forma a traduzí-los através de símbolos (Figura 7). Figura 7: Matriz de elementos e relações, um modelo semelhante ao organograma. Fonte: Silva, 1984. A Figura 7 mostra que a matriz de elementos e relações em comparação com o organograma deixa em aberto a disposição espacial de cada um dos itens que compõe o programa. Nele encontramos quatro tipos de relações sendo elas: indispensável, desejável, desnecessária e por fim indesejável. Mesmo não havendo visualmente a disposição espacial dos itens elencados, há na matriz uma relação de afastamento e proximidade entre os ambientes analisados. Podendo assim influenciar também na organização do espaço físico do projeto idealizado. Sobre o tema “partido arquitetônico”, segundo Silva o processo projetual tem início com a análise programática e exploração da forma, onde se materializa no estudo preliminar.
  • 41. 41 Para que isso ocorra, Silva elenca alguns itens que são necessários para iniciar o processo de projetação que são: a) análise do programa arquitetônico estabelecido; b) estimativa das dimensões, área construída e configuração geral do volume ou volumes resultantes daquele programa; c) estudo das características do terreno, no que concerne a formato, dimensões e relevo; d) estudo das limitações impostas pela legislação pertinente; e) avaliação dos recursos materiais disponíveis; e, f) identificação dos demais condicionantes significantes. (SILVA, 1984, p 98) Esta lista de itens pode não ocorrer na mesma sequência ao longo do processo de projetação. Segundo Silva "o partido é a síntese das características principais do projeto" (SILVA, 1984, p. 100). Basicamente o partido seria a essência do projeto idealizado pelo projetista composta pelas principais características elencadas pelo projetista. Silva destaca ainda que o mesmo assume, um duplo papel, pois, ao mesmo tempo que reflete objetivo do programa, através da interpretação dos condicionantes existentes, espelha também um elemento subjetivo, que é a intenção plástica do projetista. (SILVA, 1984, p. 99). Sobre expressão do partido arquitetônico, Silva trata que: A representação do partido, quando requerida, pode ser obtida através de plantas, cortes e/ou perspectivas, sempre na forma esquemática. O objetivo de tal representação é facilitar a comunicação das decisões que o projetista tomou, na forma de um conceito que, após seu desenvolvimento e pormenorização, eventualmente se converterá na resposta correta para o problema. (SILVA, 1984, p.103). A representação do partido tem por objetivo representar a ideia idealizada pelo projetista de forma a facilitar a comunicação para com o seu cliente, esta comunicação é realizada através da representação gráfica, sendo ela perspectiva, plantas e cortes. Estudo preliminar e anteprojeto, então para o primeiro item a ser tratado aqui é referente ao estudo preliminar, segundo Silva: O estudo preliminar pode então ser entendido como um desenvolvimento do partido arquitetônico, do qual representa um estágio de pormenorização. A transformação do estudo preliminar não é automática, pois depende da homologação do conceito por parte do cliente, ou do grau de satisfação do projetista como o próprio trabalho, ou ainda de ambas as circunstâncias. (SILVA, 1984, p. 106)
  • 42. O estudo preliminar corresponde ao desenvolvimento do partido arquitetônico, em um estágio ainda inicial. A criação do estudo preliminar não é imediatista e é necessário não só a participação do projetista, mas também do cliente, ao avaliar o que foi concebido para que a partir dessa avaliação possa ir adiante ou rever os conceitos que foram adotados para a elaboração do estudo preliminar. Além disso, poderá ser necessária a criação de mais de um partido para a concepção arquitetônica desejada pelo cliente, para que ele possa ter diversas visões possíveis para que entre em um consenso. Outro ponto referente ao estudo preliminar está relacionado à representação gráfica. Normalmente, não há tanto detalhamento como ocorre no anteprojeto. Podemos ver representado na Figura 8 abaixo, o que seria o estudo preliminar para Silva. Figura 8: Representação do estudo preliminar de uma residência segundo Silva (1984). Fonte: Silva, 1984. Quanto a solução plástica, Silva mostra que o conteúdo estético é o item que sobrepõe aos outros itens do anteprojeto e além disso, este item é responsável pela adoção ou rejeição do partido arquitetônico. Portanto, Silva (1984) expõe de forma objetiva algumas diretrizes para fundamentação do estudo preliminar e desenvolvimento do partido arquitetônico, a partir das análises das etapas compõem o processo projetual. Os pontos de destaque são: a avaliação dos requisitos do projeto a partir das necessidades do cliente para elaboração de um programa de necessidades adequado às especificidades dos usuários e do local, como também, a avaliação
  • 43. 43 dos aspectos subjetivos do tema/projeto a partir da exploração da intenção projetual, representada pela intenção plástica do projetista. O processo projetual, segundo a abordagem teórica de Silva, pode ser fomentado pela atenção a estes aspectos como norteadores da concepção, tornando cada vez mais claro ao projetista, suas decisões para solucionar os problemas de projeto. 4.2. ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO PROJETUAL E MÉTODO SEGUNDO MARTINEZ (1991) O livro denominado “Ensaio sobre o projeto” escrito pelo professor argentino Alfonso Corona Martinez (1991), realiza uma abordagem sobre os processos de composição relacionada à forma do projeto idealizado, a partir das teorias tipológicas e das análises formais de edifícios como fundamentos didáticos para o projeto arquitetônico. Sobre a tipologia, Martinez (1991) aponta: "[...] é uma aproximação ao existente em arquitetura, que coloca o papel do estabelecido em face do novo." (MARTINEZ, 1991, p. 105). Basicamente, a tipologia se utiliza do que foi realizado anteriormente na arquitetura para tomar como norteador algumas diretrizes que poderão agregar ao um novo projeto idealizado. Ao tratar sobre tipologia temos que discernir sobre o tipo. Assim, Martinez (1991) diz que o tipo “é como um edifício ideal que não é nenhum de seus exemplares ou modelos, mas um esquema, às vezes muito abstrato, outras mais definidas, conforme tenhamos encontrado uma serie de traços idênticos para muitos ou poucas de suas partes.” (MARTINEZ, 1991, p.108). Já o tipo seria a estrutura esquemática que compõe o edifício analisado, podendo esta estrutura, ser objetiva ou subjetiva. Uma questão relacionada à tipologia e ao partido abordada por Martinez está descrita abaixo: Hoje em dia, cada operação de projeto parece apresentar-se como alternativa entre duas opções: desenvolver um tipo, isto é, projetar um edifício pertencente a uma classe reconhecível de edifícios existentes, com um referencial preciso, próximo ou distante, que nos permite reconhecer no resultado do processo a figura desse referencial; ou, então, compor um partido, que dará origem idealmente a um edifício único. (MARTINEZ, 1991, p. 110) Podemos ver que a tipologia em comparação com o partido, mostra-se como um reflexo do que foi produzido, mesmo tendo uma releitura dos antigos edifícios idealizados.
  • 44. Já com relação ao tema composição, Martinez (1991) trata em dois momentos um relacionado à composição e materialização e o outro referente à composição e construção. Para o primeiro Martinez (1991) diz o seguinte: Tanto a composição como a técnica são, ao mesmo tempo, muito abstratas e muito concretas; em seu estado atual tendem a se segregar nesses pares de componentes, agravando o estado de análise crônica da Arquitetura Moderna. Para a técnica, há uma grande distância entre as concepções estruturais - que são de natureza matemática e abstrata - e a prática construtiva; raramente estão em contato e dificilmente seus discursos específicos têm continuidade entre si. (MARTINEZ, 1991, p. 149) A composição e a materialização é abstrata e concreta simultaneamente, no entanto, mesmo havendo a simultaneidade entre elas, não deixa de existir a tendência de separação entre elas. Quanto à técnica há uma separação entre a concepção estrutural, onde envolve noções abstratas e matemáticas, e a prática construtiva onde não há um contato e seus discursos não possuem continuidade. Já para a segunda, Martinez (1991) diz o seguinte: [...] as práticas produtivas tendem a confirmar a cisão entre "projeto essencial" e "projeto da construção". O primeiro tende a postergar a materialização; esta aparece como uma coisa agregada a posteriori, como uma degradação forçosa pressionada por materiais disponíveis no mercado. Esses materiais e elementos têm sua própria exigência construtiva, suas próprias sequências que distanciam o arquiteto daquele domínio total sobre o objeto que idealiza em seu papel de escultor à distância. O "projeto de construção" desloca-se em vários projetos - de estruturas, de instalações, de fechamentos - conectados apenas relativamente com aquele projeto essencial. (MARTINEZ, 1991, p. 153) Podemos ver que a prática relacionada à construção levou o projetista a ter um distanciamento entre o “projeto essencial” e o “projeto da construção”. O primeiro poderíamos dizer que seria o registro das informações que deverá conter no projeto como especificações de materiais, como aplica-los etc. Já o projeto da construção, seria o detalhamento das partes que compõe o projeto, sendo elas: estrutural, elétrico, hidráulico entre outros, que são produzidas para que seja construído o projeto conforme o planejado pelo projetista. Sobre as diversas estratégias de composição e sobre o edifício autônomo, Martinez (1991) diz o seguinte: O processo conduz a um edifício que apresenta certas características tradicionalmente admitidas em arquitetura - unidade, integridade -, e para assegurá-las recorre a organizações volumétricas simples e definidas, eventualmente, também, a referência tipológicas unitárias. Seus nexos com o
  • 45. 45 entorno imediato são frágeis, mas podem conter referentes precisos no mesmo âmbito cultural. O resultado é uma forma completa que, caso estabeleça nexos com o entorno imediato, os subordina à sua própria forma. (MARTINEZ, 1991, p. 190-191) Podemos perceber que o processo do edifício autônomo, utiliza em sua composição diversas características utilizadas na arquitetura, como: unidade, integridade entre outras características. Quanto à forma/ volumetria resultante é bastante simples, em alguns casos, sua volumetria não gera grande envolvimento com o entorno, no entanto, se houver a existência de envolvimento entre o volume concebido e o entorno, o entorno se tornará subordinado a forma final resultante do processo conceptivo. Com relação ao edifício-partido Martinez nos mostra que o projeto que tem por base conceptiva o partido, seu resultado final é tido como original único e se destaca sobre o seu entorno. Na sua fundamentação teórica, o autor destaca ainda a possibilidade de concepção a partir de estratégias de tipos mistos ou alterados: O projeto é orientado para o emprego parcial de um tipo como base da composição, de modo a assegurar uma relação global como o contexto, ao mesmo tempo que solucionando todas as adaptações necessárias para sua situação concreta. Obtêm-se, assim, edifícios de menor "clareza formal" e dificilmente separáveis de suas circunstâncias. É característico desse enforque a produção de formas totais que de algum modo são incompletas, devido à sua localização. No caso da arquitetura Clássica, edifícios projetados desse modo apresentam alguns aspectos monumentais ou "completos" e outros adaptados anonimamente ao seu contexto. (MARTINEZ, 1991, p. 191) Pelo que foi tratado acima sobre as estratégias de tipos mistos ou alterados podemos dizer que o projeto teria como base um outro edifício que servirá como contextualizador do projeto idealizado, no entanto ao fim de todo o processo, não haverá uma distinção entre o novo e o velho, haverá no lugar um único edifício. Martinez discute ainda sobre as possíveis estratégias de fragmentos no processo de concepção: É o caso anterior levado ao extremo. Aqui, o princípio de unidade é explicitamente descartado, em geral pela subdivisão do programa em partes individualmente caracterizáveis, sejam "completas" ou não. As diferentes partes assim obtidas oferecem a possibilidade de estabelecer um diálogo "igualitário" com seu entorno imediato, caso este seja um objetivo do projetista. Não coincide com uma das estratégias funcionalistas já descritas, aquelas de subdividir os programas complexos em setores que são livremente expressos, uma vez que sua subdivisão tem finalidade diferentes, porque não requer uma expansão espacial que torne visível o desdobramento das formas parciais e porque estas podem ser incompletas ou não se