Este documento propõe a criação de cooperativas de desempregados para incubar microempresas. Estas cooperativas forneceriam serviços de apoio e agrupariam-se em clusters regionais. Incubariam empresas promissoras dos desempregados e ajudariam na prototipagem e teste de produtos para posterior lançamento no mercado.
2. Problema Os desempregados representam um potencial produtivo e criativo inexplorado, uma energia latente que necessita de um estímulo adicional que a faça sair da inércia laboral. Não é muito compreensível que uma sociedade que luta constantemente pela eficiência e aproveitamento dos recursos, desperdiçe tamanha força. Imagine-se os benefícios que adviriam para a economia se os actuais 600-700 mil desempregados estivessem a trabalhar; seria provavelmente o'pec' necessário e suficiente para a saída, ou pelo menos minorização, da crise. Mas não estão a trabalhar porque não queiram – por definição, um desempregado faz parte da população activa – mas poque não encontram resposta, ou as condições necessárias para o desenvolvimentode actividade própria, no mercado. Isso representa a prova de que o mercado, por si só, não basta para a resolução de todos os problemas e situações geradas pela dinâmica da actividade económica, sendo necessário procurar novas vias e soluções que se apoiêm no funcionamento do mercado, mas que não dependam excessivamente das suas flutuações naturais.
3. Proposta A sugestão aqui apresentada gira em torno do conceito de cooperativas de desempregados . Em que consiste? As cooperativas são formas de organização social com provas dadas em diversos domínios, em que os seus integrantes representam agentes com interesses comuns em determinada área que trabalham em conjunto para a obtenção de sinergias e superação das suas limitações individuais. O universo dos desempregados possui uma vasta gama de potencialidades e competências que bem aproveitadas e integradas poderão beneficiar de uma abordagem desse tipo. No contexto aqui referido, as cooperativas de desempregados funcionarão como incubadoras de micro e pequenas empresas constituidas por desempregados às quais prestarão um conjunto de serviços de apoio e suporte à sua actividade inicial.
4. Incubadoras Estas micro-empresas embrionárias integrarão incubadoras que funcionarão como clusters agregando serviços centrais como investigação, logística, promoção e marketing, recursos humanos, patentes, etc. O estatuto de incubadas permite às micro-empresas aceder a esses serviços de uma forma não onerada no desenvolvimento da sua actividade inicial. As que se revelem mais aptas na implementação das ideias mais promissoras e que capitalizem esse potencial no mercado dentro de um prazo temporal adequado perderão gradualmente o estatuto de incubadas passando a operar autónomamente e os seus colaboradores integrarão os quadros da empresa mediante contrato de trabalho efectivo. As incubadoras poderão por sua vez agrupar-se em clusters regionais ou por área de negócio, numa perspectiva de integração vertical. Os seus promotores poderão ser os munícipios, centros regionais de emprego e formação profissional, universidades e institutos de ensino superior, fundações, associações, e outros. Estes poderão assegurar uma parte do seu financiamento mediante capital de risco ou equivalente de natureza aplicável.
5. Bolsa de valores cooperativa Desse investimento resultará uma participação social nos capitais da empresa que poderá ser titulada e colocada no mercado de capitais. Julgo ser conveniente para este efeito a criação de uma nova bolsa especial de transacções, ou de um novo índice no mercado convencional, só para estas empresas, de modo a proporcionar-lhes maior visibilidade de mercado e atrair novos investidores. Feiras Para seleccionar as melhores ideias e as abordagens de marcado mais promissoras, importa insttituir essa relação com o mercado, o que poderá ser obtido mediante a realização de feiras para apresentação do trabalho das incubadoras e das empresas. Para além dessa vantagem óbvia de filtragem, as empresas também poderão obter feedback e uma montra priveligiada para dar a conhecer os seus produtos e serviços que poderão constituir um input valioso quanto à sua actuação. Essa participação poderá representar um forte estímulo inicial para uma prototipagem rápida de produtos e serviços por parte das empresas incubadas ao mesmo tempo que constituirá uma primeira experiência concorrencial que induzirá o seu comportamento futuro para uma maior perspectiva de mercado que a ajudará a conhecer e a operar melhor no seu sector.
6. Universidades Como se disse, estas cooperativas dependem da iniciativa, expressa em novas ideias e conceitos a explorar no mercado, cujo potencial resulte de uma análise ponderada e estudo prévio por parte de entidades competentes para o efeito. Aí as universidades, politécnicos, institutos públicos, e outros, poderão desempenhar um papel relevante, não só em termos de necessidades e oportinidades de mercado, mas também na conceção e desenvolvimento de novos produtos e serviços, e de toda a gama de inovação necessária para a competitividade, requisito essencial no sucesso empresarial de qualquer projecto, no âmbito da tendência concorrencial moderna operando no mercado global. Uma forma de materializar esse suporte poderia ser através de projectos de final de curso em que os finalistas seiam incentivados a produzir trabalhos vocacionaos para exploração das incubadoras, e que poderiam ser aproveitados no âmbito da actividade destas e das micro-empresas sob a sua dependência.
7. Estágios de desenvolvimento As cooperativas poderão contêr espaços de trabalho partilhado em fases permaturas de desenvolvimento e experimentação para aprofundamento de conceitos e proptotipagem rapida (ver imagens) de produtos que poderão ser posteriormente testados em feiras (ver ponto anterior). A sua organização será pautada pela auto-organização e geração expontânea de equipas multi-disciplinares de acordo com as necessidades de cada ideia e projecto. A adesão deverá dar preferência aos desempregados que desejem participar, mas poderá ser extensível a outros sectores da sociedade civil, inclusivamente voluntários, que possam contribuir. Os meios, atribuição de tarefas, e demais instâncias de organização, serão afectos e da responsabilidade das cooperativas. Estes espaços partilhados funcionariam assim como verdadeiras comunidades de práticas e saberes ao serviço da geração de produtos e serviços viáveis mediante a interacção contínua dos seus participantes de modo a filtrar e incrementar sucessivamente a qualidade e utilidade daqueles. Da interacção daí resultante, surgirão ideias, conceitos e protótipos, que passarão à fase seguinte de desenvolvimento, formalizados em micro-empresas formadas por aqueles que tenham revelado as melhores competências para as tarefas exigidas. Dessas micro-empresas sairão eventualmente as que melhores condições e aptidões de sucesso revelem, passando a operar autonomamente (perdendo o estatuto de incubadas) no mercado com capitais e activos próprios.
10. Conclusão Entre os objectivos e estratégias a identificar deverão estar sempre presentes a ideia de promover o emprego, dinamizar a economia local, aumentar a produtividade, fomentar a competitividade – nomeadamente a externa, via exportações -, e acrescentar valor à produção nacional. Relacionado : http://www.movimentomilenio.com/2011/05/companhia-das-lezirias/ Slideshare : http://slidesha.re/mbejHK Facebook : http://on.fb.me/kaobfe Música : Arranja-me um emprego, Sérgio Godinho