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Abril 2013
Projeto Editorial
Prof. Renato Delmanto
renato.delmanto@gmail.com
• Fórmula Editorial:
– É o conceito de jornalismo que pretende praticar
– Esse conceito baseia-se nos valores, na missão e
crenças do veículo / empresa
– Demonstra como o veículo vê e interpreta os fatos
• Projeto Editorial:
– Permite que o público se identifique com os pontos de
vista e posicionamentos do veículo
– Ajuda o público a “entender” os fatos que mais
interferem nas suas vidas
• Essa definição é que dá consistência e credibilidade
ao veículo
– Qual tipo de jornalismo e qual tipo de cobertura fará
Projeto Editorial
Referências
Jornalismo EUA:
• O princípio da objetividade tem conseqüências no
estilo de escrever.
• Os dois têm de ser compatíveis. Um deve reforçar o
outro.
• “A ideologia do jornalismo americano é de que o
repórter de notícias deve reportar, não interpretar. O
falso tempo presente das manchetes é simbólico
disso; sugere que a reportagem é um flagrante
fotográfico, uma imagem perfeita (...). O tempo
pretérito na notícia, ao mesmo tempo, dá ao leitor a
sensação de que tudo que ele lê é história; pode ser
documentado, pode ser confirmado ou ser provado
falso. Não é especulação. Não é opinião.”
(C. E. Lins da Silva, “O Adiantado da Hora”)
Referências
Jornalismo EUA
• As bases fundamentais do estilo americano de
fazer jornalismo são:
– Notícias escritas no modo indicativo
– Ordem direta
– Pirâmide invertida
– Lead com resposta às perguntas fundamentais
(quem, o que, quando, onde, como e por quê)
– Frases curtas
– Vocabulário simples
(C. E. Lins da Silva, Idem)
Jornalismo na Internet
– SEO
Conceitos
Editorial
• “É o gênero jornalístico que expressa a opinião
oficial da empresa diante dos fatos de maior
repercussão no momento”. (...)
• Os editoriais não refletem apenas a opinião de
seus “proprietários nominais”, mas “o
consenso das opiniões que emanam dos
diferentes núcleos que participam da
propriedade da organização (sócios e
controladores)”.
(José Arbex, “Gêneros Jornalísticos na Folha de
Conceitos
Editorial
• “Editorial é o texto, sempre não-assinado, em
que o jornal exprime formalmente a sua
opinião”
(Manual de Redação, Folha de S.Paulo)
Conceitos
Editorial
• O editorial deve ser entendido como um espaço de
contradições. “Seu discurso constitui uma teia de
articulações políticas e por isso representa um
exercício permanente de equilíbrio semântico”
• Por ser um espaço de contradições, o processo de
produção do editorial revela a maneira pela qual a
empresa jornalística se insere no mercado e em
relação ao Estado, bem como a maneira pela qual a
empresa articula-se internamente no sentido de
responder às questões colocadas pela conjuntura
política e econômica do país.
(José Arbex, “Gêneros Jornalísticos na Folha de S.Paulo”)
Conceitos
Editorial
• “Acho a opinião do jornal o mais importante. A objetividade
é essencial, na medida humana possível, no noticiário...
• Fala-se muito da imparcialidade na imprensa.
Imparcialidade sim, na apresentação da notícia, agora isso
não significa neutralidade.
• No caso ‘Estadão’, o que o caracteriza e o deu força
durante toda a sua existência foi o fato dele assumir
sistematicamente posições quando há confronto de ideias
e de concepções políticas.
• A grande força do jornal sempre foi a página 3 e mais do
que nunca agora, quando o comprador, o assinante já
sabe o que ele vai ler no jornal do dia seguinte quando ele
compra ou quando o recebe em sua casa.”
(Ruy Mesquita, entrevista ao Observatório da Imprensa, 2005)
Conceitos
Editorial
• “No caso específico da Folha, (o editorial)
não tem feição própria, ideologicamente
definida, mas optou por uma linha muito
mais suscetível às oscilações da opinião
pública como estratégia de mercado.”
(José Arbex, Idem)
Conceitos
Projeto Editorial
• “Os ataques (de jornalistas ao Projeto Folha) são
justificados pelo estilo de administrar a Redação,
considerado ‘desumano’, ‘burocrático’,
‘insensível’, e pelo argumento de que a linha
editorial obedece não a convicções político-
ideológicas, mas sim a razões de mercado, tidas
como indignas por boa parte dos jornalistas que
condenam a própria existência de uma sociedade de
mercado.”
(“Mil Dias”, C.E. Lins da Silva)
Conceitos
Marketing Editorial
• “A estratégia de mercado posta em andamento pela
imprensa está firmemente ancorada na estrutura
ideológica da notícia (qualquer notícia) e na relação de
solidariedade objetiva entre imprensa e público.
• Em outras palavras, não é a imprensa burguesa quem
institui um público sujeito à estratégia de mercado e às
manipulações que dela decorrem.”
• É o caráter mercadológico da notícia quem institui,
numa ponta, a imprensa burguesa, na outra o público
burguês, e entre ambos uma simbiose de interesses
complementares.”
(“Vampiros de Papel”, Otavio Frias Filho, Folha de S.Paulo, 5/08/1984)
Contexto
• A Folha é o meio de comunicação menos conservador
de toda a grande imprensa brasileira. É o que mais tem-
se desenvolvido nestes anos.
• É o mais sensível aos movimentos da opinião pública e é
também o mais ágil. Politicamente é o mais arrojado.
• É o que encontra maior repercussão entre os jovens.
• Foi o que primeiro compreendeu as possibilidades da
abertura política e o que mais se beneficiou com ela,
beneficiando a democratização.
• É o jornal pelo que a maioria dos intelectuais optou.
• É o mais discutido nas escolas de comunicação e nos
debates sobre a imprensa brasileira.
(“Projeto Folha - 1984”)
O Projeto Folha
Contexto
• A Folha é o fenômeno mais importante do jornalismo
brasileiro nos anos 80. Foi o jornal que obteve maior
crescimento na circulação e publicidade. Foi o veículo
que mais provocou polêmicas e repercussões.
• Foi identificada como um jornal de resistência ao
regime e “porta-voz” da “sociedade civil”.
• Essa convergências de opiniões entre sociedade e a
Folha foi consagrada na campanha das Diretas-já.
(“Mil Dias”, C.E. Lins da Silva)
O Projeto Folha
Justificativa
• A Folha estabelece como premissa de sua linha
editorial a busca por um jornalismo crítico,
apartidário e pluralista.
• Essas características, que norteiam o trabalho dos
profissionais do Grupo Folha, foram detalhadas a
partir de 1981 em diferentes projetos editoriais.
• Desde então, foram produzidos seis textos que
procuram traduzir na prática os princípios que
constituem, no seu conjunto, o Projeto Folha.
(“Conheça a Folha”, www.folha.uol.com.br)
O Projeto Folha
1981 - “Alguns Passos...”
• O objetivo de um jornal como a Folha é, antes de
mais nada, oferecer três coisas ao seu público leitor:
informação correta, interpretação competente sobre
essa informação e pluralidade de opiniões sobre os
fatos.
• Por informação correta entende-se a descrição de
tudo aquilo capaz de afetar a vida e os interesses
que se acredita serem os dos leitores. Essa
descrição é realizada na forma mais sintética,
despojada e distanciada possível (embora seja
quase sempre impossível atingir a neutralidade
absoluta. Ao contrário, isso é raramente factível).
(“Projeto Folha”)
O Projeto Folha
1981
• Por interpretações competentes entendem-se os
comentários e análises redigidos por profissionais que,
conforme os critérios adotados pelo jornal, aliam o
domínio sobre uma determinada área do conhecimento
ou da atividade humana ao domínio sobre a técnica de
escrever.
• Por pluralidade de opiniões entende-se a publicação
de textos, artigos, depoimentos, entrevistas etc. que,
tomadas em seu conjunto, funcionem como uma
reprodução mais ou menos fiel da forma pela qual as
opiniões existem e se distribuem no interior da
sociedade.
O Projeto Folha
1981
• A ossatura de um jornal, o que lhe sustenta o corpo
dando-lhe consistência e forma, são as reportagens, os
textos noticiosos e as fotos de boa qualidade.
• Editoriais e artigos apenas complementam essa
ossatura, que segue sendo a essência do jornal.
No Estadão:
“O que o caracteriza e o deu força a Estadão durante toda a sua existência foi
o fato dele assumir sistematicamente posições quando há confronto de ideias e
de concepções políticas.
“A grande força do jornal sempre foi a página 3 e mais do que nunca agora,
quando o comprador, o assinante já sabe o que ele vai ler no jornal do dia
seguinte quando ele compra ou quando o recebe em sua casa.”
O Projeto Folha
1984 - “Depois das Diretas-Já”
• As idéias gerais que norteiam o modelo de jornalismo
que vimos procurando pôr em prática estão
condensadas a seguir. Trata-se de um jornalismo
crítico, pluralista, apartidário e moderno.
• Crítico - Não basta relatar os fatos, é preciso expô-los
à crítica. Por definição, qualquer fato jornalístico é
objeto da crítica jornalística. Pode ser a crítica
realizada por meio da interpretação do fato e da
análise de suas causas e consequências. Pode ser
crítica que o repórter realiza quando compara fatos,
estabelece analogias e veicula diferentes versões.
O tom de crítica deve permear o jornal da primeira à
última página. Não somos jornalistas para elogiar, mas
para criticar.
O Projeto Folha
1984
• Pluralista - O melhor serviço público que um jornal
não-partidário pode fazer é reproduzir, em suas
páginas, e na proporção mais exata possível, a forma
pela qual as divergências se distribuem no interior da
opinião pública. O jornal não quer impor suas opções
ao leitor, não quer aprisioná-lo numa camisa-de-força
ideológica, não quer tiranizá-lo.
• Apartidário – Ser um jornal apartidário não significa
ser um jornal que não toma partido. Pelo contrário, a
Folha faz questão de tomar partido no maior número
possível de temas. Cada questão é uma questão, e
nós tomamos partido em relação a ela especialmente,
não em relação à estratégia geral de quem a propõe,
seja um partido, um grupo etc.
O Projeto Folha
1984
• Moderno - O sentido de moderno é, no caso, bem
concreto. Jornalismo moderno na medida em que se
propõe a introduzir, na discussão pública, temas que até
então não tinham ingresso nela. Na medida em que põe
em circulação novos enfoques, novas preocupações,
novas tendências.
O principal objetivo do nosso trabalho é formar, entre nós,
uma opinião pública esclarecida, crítica e atuante.
• É consenso: o ponto frágil da Folha é a informação.
Precisamos informar mais e melhor. Temos que publicar
textos mais corretos, mais objetivos, mais concisos, mais
claros, mais completos e, sobretudo, mais exatos.
O Projeto Folha
1985 - “Novos Rumos”
• A crítica mais forte é que revela fatos documentados e
incontestáveis, mostrando a conexão entre eles sempre
que essa conexão também estiver comprovada. Tal
crítica é mais eficaz do que qualquer crítica adjetiva,
baseada em opiniões, travestidas ou não de
"interpretação".
• Praticar essa crítica substantiva, contra tudo e contra
todos, é obrigação não apenas moral mas política do
jornalismo, especialmente em um país que as
circunstâncias dotaram tão generosamente de
problemas e de possibilidades.
• Do ponto de vista do Projeto, o exercício da crítica não é
um direito, mas uma obrigação, assim como o exercício
do apartidarismo não é uma regalia, mas um encargo.
O Projeto Folha
1985
• Temos que ampliar o espaço da prestação de serviço
no jornal e aumentar o grau de didatismo. Essas duas
características são inestimáveis na luta que visa
transformar a Folha num produto de primeira
necessidade para o leitor, caminho obrigatório do
desenvolvimento e da própria sobrevivência dos jornais.
• A apreensão pelo leitor deve ser fácil, clara e rápida.
Precisamos ter maior preocupação com os números e
com a sua exatidão: custos, orçamentos, salários,
reivindicações, propostas, acordos, investimentos, datas,
tamanhos, medidas, preços, número de pessoas,
percentuais - quantidades, enfim. Precisamos adquirir um
novo nível de precisão quanto a horários e locais.
O Projeto Folha
1985
• Quanto ao didatismo, é fundamental que os textos
partam sempre do pressuposto de que o leitor não
está familiarizado com o assunto e pode nunca ter
lido sobre ele antes. Tudo deve ser explicado,
esclarecido e detalhado - de forma concisa e exata,
numa linguagem tanto coloquial e direta quanto
possível.
• A rigor, tudo o que puder ser dito sob a forma de
quadro, mapa, gráfico ou tabela não deve ser dito
sob a forma de texto.
O Projeto Folha
1986 - “Busca da Excelência”
• Vamos insistir na necessidade de modernizar o estilo
jornalístico e de abordar assuntos sob pontos de vista
que correspondem às necessidades emergentes na
vida do leitor. Vamos procurar enfoques originais e
diferenciados. Vamos preservar a atitude editorial de
apartidarismo. Vamos manter a preocupação com o
didatismo.
• Cada texto publicado na Folha deve ser claro e
explicativo o bastante para ser lido com utilidade pelo
leigo, sofisticado o bastante para ser lido pelo
especialista e enriquecido sempre por uma dimensão
de serviço que o fará lido por ambos. (...) É necessário
apresentar os assuntos de forma lógica, clara e fácil
para quem vai ler.
O Projeto Folha
1988 - “Hora das Reformas”
• Segmentamos o jornal em cadernos e suplementos, de
modo a organizar psicologicamente a leitura e atrair
novas frações do leitorado.
• O senso do concreto, do prático, do preciso, não se
opõe à imaginação; ao contrário, é o que dá conteúdo e
interesse jornalístico
• Mais e mais as decisões jornalísticas – seja na edição,
seja na pauta – terão um quê de arbitrário: pode-se, a
partir de um fato "leve", circunstancial, criar um grande
assunto, descobrir uma nova área de interesse.
• Mas para isso é necessário, antes de tudo, ter fatos
concretos, solidamente apurados, ricos de detalhe,
capazes por si próprios, e não por malabarismos de
edição, de despertar o interesse do leitor.
O Projeto Folha
1988
• Todos estamos de acordo com relação à necessidade de
os textos serem completos, exatos e concisos - o
leitor é cada vez mais exigente em termos do que ele
necessita saber e dispõe de cada vez menos tempo
para a leitura de jornais.
• Mas na prática é lamentavelmente grande a quantidade
de textos incompletos, parciais, imprecisos e
prolixos que publicamos.
• A qualidade da reportagem tem oscilado entre os
grandes - e infelizmente eventuais – furos e uma rotina
de pautas pouco imaginativas; entre os esforços
concentrados das edições de grandes eventos,
geralmente bem-sucedidas, e uma sensível
precariedade na cobertura do dia-a-dia.
O Projeto Folha
1997 - “Caos da Informação”
• A evolução do jornalismo brasileiro na década de 80
culminou com o impeachment do presidente da
República em 1992, no qual a imprensa teve papel
determinante.
• Firmou-se nos meios impressos o prestígio de um
profissionalismo independente, submetido apenas
às forças de mercado.
• Entrou em evidência um jornalismo baseado na
investigação, nem sempre conscienciosa, de
irregularidades na administração pública, divulgadas
de forma categórica, às vezes bombástica.
O Projeto Folha
1997
• O jornalismo terá de fazer frente a uma exigência
qualitativa muito superior à do passado, refinando sua
capacidade de selecionar, didatizar e analisar.
• É recomendável que a gama de assuntos cobertos até
mesmo se reduza em alguma medida, desde que em
contrapartida sua seleção seja mais pertinente, e o
tratamento que receberem, mais compreensivo.
• Uma tal mudança implica repercussões na pauta, na
reportagem, no texto, na edição. É preciso maior
originalidade na identificação dos temas a ser objeto
de apuração, bem como uma focalização mais precisa
de sua abordagem.
O Projeto Folha
1997
• A transição de um texto estritamente informativo,
tolhido por normas pouco flexíveis, para um outro
padrão textual que admita um componente de análise
e certa liberdade estilística é conseqüência da
evolução que estamos procurando identificar.
• A um texto noticioso mais flexível deve corresponder
um domínio superior do idioma, bem como redobrada
vigilância quanto à verificação prévia das
informações, à precisão e inteireza dos relatos, à
sustentação técnica das análises e à isenção
necessária para assegurar o acesso do leitor aos
diferentes pontos de vista suscitados pelos fatos.
O Projeto Folha
2006 - “Manual de Filosofia e Formatos”
• Em maio de 2006, a Folha distribuiu internamente um
Manual que justificava a implantação de um novo
projeto gráfico.
• O “Manual de Filosofia e Formatos” trouxe um
completo detalhamento das mudanças implementadas e
as razões por que foram feitas.
• O trabalho foi produzido sob orientação da mesma
equipe que cuidou da reforma e tem óbvias pretensões
didáticas.
• O texto que abre o Manual (“Um Jornal em Duas
Velocidades”) dá o tom do que se pretende tanto com o
Manual quanto com a reforma em si.
(Baseado em texto publicado em Jornalistas & Cia, Edição 541)
O Projeto Folha
2006
• Hoje o leitor perde cada vez mais tempo no trânsito,
dedica cada vez mais tempo à sua capacitação
profissional, fala cada vez mais tempo ao celular, gasta
cada vez mais tempo nos e-mails, despende cada vez
mais tempo em novas plataformas de mídia.
• Por conta disso, o público fica extremamente grato toda
vez que o jornal faz algo que facilite (não necessariamente
acelere ou encurte) a sua experiência de leitura.
• A Folha ostenta um forte capital político e institucional,
graças ao projeto editorial inovador e bem-sucedido que
disseminou no jornalismo brasileiro conceitos como
independência, pluralismo e apartidarismo. Mas outro forte
atributo é o fato de ser reconhecido como amigável, clean,
divertido, bem diagramado, fácil de consultar.
O Projeto Folha
2006
• Essa reforma não faz pirotecnia tipográfica nem impõe
contorcionismos morfológicos. Tampouco lança uma
cruzada antitexto, pelo contrário.
• A Folha não renunciará ao papel de diário mais influente
do Brasil, líder do mercado de quality papers.
• Se o leitor se dispõe a penetrar, digamos, em sete
assuntos por edição, cabe ao jornal zelar para que os sete
assuntos estejam tratados com sofisticação.
O Projeto Folha
2006
• Daí a dupla ambição deste projeto: enriquecer o percurso
e impedir a dispersão de quem apenas folheia o produto
e, ao mesmo tempo, garantir a satisfação de quem
mergulha no conteúdo.
• As novas ferramentas gráficas transcendem o aspecto
visual.
• Servem de alavanca para o exercício de um jornalismo
mais focado, analítico, minucioso e denso – um desafio
que deverá implicar novos procedimentos e um repensar
do fazer jornal.
O Projeto Folha
2008 - Despedida do Ombudsman
• “Esta é a 51ª e derradeira coluna dominical que escrevo
como ombudsman. Assumi em 5 de abril de 2007, e o
meu mandato se encerrou anteontem. Embora o estatuto
autorize a renovação por mais dois períodos, não houve
acordo com a direção do jornal para a continuidade.
• A Folha condicionou minha permanência ao fim da
circulação na internet das críticas diárias do
ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há
meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o
posto. Oitavo jornalista a ocupar a função, torno-me o
segundo a não prosseguir por mais um ano. Todos foram
convidados a ficar. Sou o primeiro a ter como exigência,
para renovar, o retrocesso na transparência do seu
trabalho.”
(Mário Magalhães, 06/04/2008)
O Projeto Folha
2008 - Despedida do Ombudsman
• Desde 2000 as críticas (do Ombudsman) vão ao ar.
Por oito anos, os leitores puderam monitorar a
atividade cotidiana de quem tem a atribuição de
representá-los. Não poderão mais.
• O comando da Folha esgrimiu um argumento para a
decisão: no ambiente de concorrência exacerbada do
mercado jornalístico, idéias e sugestões do
ombudsman são implementadas por outros diários. De
fato, isso ocorre. E continuará a ocorrer.
• Quase 20 anos atrás, as críticas ainda denominadas
internas eram distribuídas em papel à Redação.
Acabavam nas bancadas de outros jornais. Um deles
veiculou publicidade alardeando elogio do
ombudsman.(Mário Magalhães, 06/04/2008)
O Projeto Folha
2008 - Despedida do Ombudsman
• Com a difusão por e-mail, será ainda mais difícil conter
a distribuição irregular das anotações do ouvidor. (...)
Que segredo sobrevive a centenas de destinatários?
• Já os leitores ditos comuns, os que fazem a fortuna de
toda empreitada jornalística de sucesso, serão
barrados. A medida não resolve o problema a cuja
solução se propõe, mas prejudica quem é alheio a ele.
• A não-renovação do mandato é legítima, respeita a
Constituição do jornal. Sua direção tem a prerrogativa
de convidar ou não o ombudsman a permanecer. E de
estabelecer as normas. Não há quebra de contrato, e
sim respeito.
(Mário Magalhães, 06/04/2008)
O Projeto Folha
2008 - Despedida do Ombudsman
• A Folha deu um passo ousado na imprensa brasileira
ao nomear um ombudsman. Radicalizou e tornou
públicas as críticas antes limitadas à Redação. Mais do
que as colunas dominicais, essa espécie de parecer se
destina a uma autópsia das edições. Em minúcias,
identifica suas fraquezas, sem desprezar as virtudes.
Expõe as vísceras do jornal.
• O desafio do ombudsman é ser a melhor síntese
possível dos interesses dos leitores. A eles interessa
que o jornal seja bom. Nas críticas, o ombudsman
busca contribuir para que o jornal do dia seguinte seja
melhor que o da véspera.
(Mário Magalhães, 06/04/2008)
O Projeto Folha
2008 - Despedida do Ombudsman
• O projeto editorial da Folha diagnostica "um jornalismo
cada vez mais crítico e mais criticado". Reconhece que
"o leitor fiscaliza a pauta de compromissos" do jornal.
• O ombudsman deve ser um instrumento dos leitores.
Se os pronunciamentos semanais ficam inacessíveis,
reduz-se a fiscalização dos leitores sobre aquele cuja
atribuição é batalhar em nome deles.
• O ombudsman incapaz de zelar pela manutenção da
transparência do seu ofício carece de autoridade para
combater pela transparência do jornal. Como cobrar o
que se topou diminuir?
• A tendência mundial é de expansão da transparência
das organizações jornalísticas. A novidade da Folha
aparece na contramão. (Mário Magalhães, 06/04/2008)
O Projeto Folha
2010 - O “Jornal do Futuro”
O Projeto Folha
2010 - “Sete vidas do Jornalismo”
• De tempos em tempos, o "negativismo" da imprensa se
volta contra ela própria. Foi assim sempre que o advento
de mudanças tecnológicas veio afetar o modo de
transmissão de informações: o telégrafo, o cinema, o
rádio, a TV e agora a internet.
• Por décadas, o jornalismo dito de qualidade – que cultiva
compromissos com a exatidão do que publica, com a
relevância dos temas que aborda, com a manutenção do
debate público – foi sustentado por um modelo
econômico hoje em risco. Talvez jornais, revistas e livros
impressos venham a desaparecer, talvez não. O papel
impresso tem o carisma da credibilidade e da duração.
• A fotografia não suprimiu as artes plásticas, nem a TV
liquidou o cinema...
(Otavio Frias Filho, 23/05/2010)
O Projeto Folha
2010 - “Sete vidas do Jornalismo”
• Mas é pouco provável que o jornalismo de qualidade
desapareça da face da terra.
• Conforme mais pessoas imergem no oceano de dados
na rede, maior a demanda por um veículo que apure
melhor, selecione, resume, analise e hierarquize.
• Esse veículo, no papel ou na tela, se chama jornal.
• Um jornalismo de qualidade é dispendioso. Continuará a
valer seu preço para aquela parcela crescente de
pessoas interessadas em saber mais e melhor.
• Mas, para tanto, é preciso ter a humildade de aprender.
Reconhecer que os jornais são muitas vezes cansativos,
previsíveis, prolixos, distantes, redundantes, parciais –
cifrados para o leigo e superficiais para o especialista.
(Otavio Frias Filho, 23/05/2010)
O Projeto Folha
Lançamento do Caderno 2 - 1986
O Projeto Folha
Lançamento do Caderno 2
• Capa especial da Ilustrada (100 anos de Coca-Cola)
• Matéria de pé de página sobre o Caderno 2
• “Foi com mal disfarçada preocupação, com o nariz
empinado de certa arrogância juvenil que recebemos (na
Folha) o Caderno 2.
• “O texto da tinha o tom de olímpica superioridade: nós,
ilustrados, fazíamos a n.º 1 (a Coca-Cola) e os
concorrentes eram os imitadores, a Pepsi, o n.º 2 (o nome
do caderno ajudava nisso).
• “Foi uma manobra de edição tão autocentrada que
acabou incompreensível para a maioria do público.”
(Matinas Suzuki Jr., 06/04/2011)
O Projeto Folha
Lançamento do Caderno 2
• “A partir daí, tudo mudou. Se estivéssemos em família,
seria como a chegada indesejada de um irmão mais novo
que vai dividir a atenção dos pais (leitores). Concorrência
dói. Mas é também desafiadora e leva à procura
incessante de se fazer o melhor.
• “Creio que o último quarto de século, tecido na
concorrência diária com o Caderno 2, foi mais saudável
para a Ilustrada do que aquele breve período em que
reinávamos sozinhos. E SP passou a ter o privilégio de ser
uma das poucas cidades do mundo que ainda preservam
dois cadernos diários de qualidade dedicados à cultura.
• “Nos últimos 25 anos, a cidade ganhou em diversidade,
em difusão de ideias e em enriquecimento do seu
jornalismo cultural.”
(Matinas Suzuki Jr., 06/04/2011)
Conclusão
• “A reação a Mil Dias no meio jornalístico teve muito a ver
com a polêmica que o Projeto Folha criara na categoria.
• Quebrou paradigmas, contrariou interesses, cometeu
injustiças, foi juvenilmente arrogante.
• “Os pressupostos do Projeto Folha foram incorporados na
imprensa brasileira, para o bem ou para o mal. Ninguém
contesta que ele foi um precursor de tendência.
• “Praticamente tudo que a Folha dos anos 80 fez sob
apupos quase generalizados da concorrência acabou,
positiva ou negativamente, adotado por ela — textos
curtos, uso intensivo de gráficos e tabelas, cadernização
do jornal, organização mais racional e metódica que a
tradicional da atividade produtiva na redação jornalística e
muito mais.”
(Carlos E. Lins da Silva, Mil Dias, Seis Mil Dias Depois)
Conclusão
• “À medida que os concorrentes foram se apropriando de
características que antes a distinguiam, a Folha achou
dispensável ou recomendável não insistir nelas e
concentrar esforços em outras áreas, onde os desgastes
internos fossem menores e os resultados - especialmente
em termos de diferenciá-la aos olhos do público - maiores.
• “Não que o Projeto tenha sido ‘abandonado’. Algumas de
suas idiossincrasias mais polêmicas deixaram de ser
exigidas (por exemplo, a menção à idade do personagem
ou a localização exata dos locais, ambas freqüentemente
ridicularizadas pelos opositores do Projeto).
• “Os repórteres e redatores foram incentivados a ousar
mais na elaboração do texto, ao contrário do que se fizera
durante a fase de implantação do Projeto.”
(Carlos E. Lins da Silva, Mil Dias, Seis Mil Dias Depois)
Conclusão
• “O texto e a edição (em 2005) podem até ser melhores que
os de 21 anos atrás, mas certamente não atingiram o grau
de excelência que almejávamos com o Projeto Folha.
• Para mim, a questão fundamental ao escrever Mil Dias era
saber se o Projeto Folha conseguiria melhorar o jornal em si
e o jornalismo brasileiro em geral. Arrisco-me a dizer que
sim, embora muito menos do que eu vislumbrara.
• “O ponto que importa agora é determinar se ainda é
possível para os jornais impressos melhorarem a ponto de
garantir sua sobrevivência no mercado.”
• “Sem uma reforma profunda nos jornais, as chances de
sucesso ficarão muito reduzidas.
• “Como cidadão e leitor, espero por ela, ao menos na Folha.”
(Carlos E. Lins da Silva, Mil Dias, Seis Mil Dias Depois)
Abril 2013
Projeto Editorial
Prof. Renato Delmanto
renato.delmanto@gmail.com

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Aula Projeto Editorial 2013

  • 1. Abril 2013 Projeto Editorial Prof. Renato Delmanto renato.delmanto@gmail.com
  • 2. • Fórmula Editorial: – É o conceito de jornalismo que pretende praticar – Esse conceito baseia-se nos valores, na missão e crenças do veículo / empresa – Demonstra como o veículo vê e interpreta os fatos • Projeto Editorial: – Permite que o público se identifique com os pontos de vista e posicionamentos do veículo – Ajuda o público a “entender” os fatos que mais interferem nas suas vidas • Essa definição é que dá consistência e credibilidade ao veículo – Qual tipo de jornalismo e qual tipo de cobertura fará Projeto Editorial
  • 3. Referências Jornalismo EUA: • O princípio da objetividade tem conseqüências no estilo de escrever. • Os dois têm de ser compatíveis. Um deve reforçar o outro. • “A ideologia do jornalismo americano é de que o repórter de notícias deve reportar, não interpretar. O falso tempo presente das manchetes é simbólico disso; sugere que a reportagem é um flagrante fotográfico, uma imagem perfeita (...). O tempo pretérito na notícia, ao mesmo tempo, dá ao leitor a sensação de que tudo que ele lê é história; pode ser documentado, pode ser confirmado ou ser provado falso. Não é especulação. Não é opinião.” (C. E. Lins da Silva, “O Adiantado da Hora”)
  • 4. Referências Jornalismo EUA • As bases fundamentais do estilo americano de fazer jornalismo são: – Notícias escritas no modo indicativo – Ordem direta – Pirâmide invertida – Lead com resposta às perguntas fundamentais (quem, o que, quando, onde, como e por quê) – Frases curtas – Vocabulário simples (C. E. Lins da Silva, Idem) Jornalismo na Internet – SEO
  • 5. Conceitos Editorial • “É o gênero jornalístico que expressa a opinião oficial da empresa diante dos fatos de maior repercussão no momento”. (...) • Os editoriais não refletem apenas a opinião de seus “proprietários nominais”, mas “o consenso das opiniões que emanam dos diferentes núcleos que participam da propriedade da organização (sócios e controladores)”. (José Arbex, “Gêneros Jornalísticos na Folha de
  • 6. Conceitos Editorial • “Editorial é o texto, sempre não-assinado, em que o jornal exprime formalmente a sua opinião” (Manual de Redação, Folha de S.Paulo)
  • 7. Conceitos Editorial • O editorial deve ser entendido como um espaço de contradições. “Seu discurso constitui uma teia de articulações políticas e por isso representa um exercício permanente de equilíbrio semântico” • Por ser um espaço de contradições, o processo de produção do editorial revela a maneira pela qual a empresa jornalística se insere no mercado e em relação ao Estado, bem como a maneira pela qual a empresa articula-se internamente no sentido de responder às questões colocadas pela conjuntura política e econômica do país. (José Arbex, “Gêneros Jornalísticos na Folha de S.Paulo”)
  • 8. Conceitos Editorial • “Acho a opinião do jornal o mais importante. A objetividade é essencial, na medida humana possível, no noticiário... • Fala-se muito da imparcialidade na imprensa. Imparcialidade sim, na apresentação da notícia, agora isso não significa neutralidade. • No caso ‘Estadão’, o que o caracteriza e o deu força durante toda a sua existência foi o fato dele assumir sistematicamente posições quando há confronto de ideias e de concepções políticas. • A grande força do jornal sempre foi a página 3 e mais do que nunca agora, quando o comprador, o assinante já sabe o que ele vai ler no jornal do dia seguinte quando ele compra ou quando o recebe em sua casa.” (Ruy Mesquita, entrevista ao Observatório da Imprensa, 2005)
  • 9. Conceitos Editorial • “No caso específico da Folha, (o editorial) não tem feição própria, ideologicamente definida, mas optou por uma linha muito mais suscetível às oscilações da opinião pública como estratégia de mercado.” (José Arbex, Idem)
  • 10. Conceitos Projeto Editorial • “Os ataques (de jornalistas ao Projeto Folha) são justificados pelo estilo de administrar a Redação, considerado ‘desumano’, ‘burocrático’, ‘insensível’, e pelo argumento de que a linha editorial obedece não a convicções político- ideológicas, mas sim a razões de mercado, tidas como indignas por boa parte dos jornalistas que condenam a própria existência de uma sociedade de mercado.” (“Mil Dias”, C.E. Lins da Silva)
  • 11. Conceitos Marketing Editorial • “A estratégia de mercado posta em andamento pela imprensa está firmemente ancorada na estrutura ideológica da notícia (qualquer notícia) e na relação de solidariedade objetiva entre imprensa e público. • Em outras palavras, não é a imprensa burguesa quem institui um público sujeito à estratégia de mercado e às manipulações que dela decorrem.” • É o caráter mercadológico da notícia quem institui, numa ponta, a imprensa burguesa, na outra o público burguês, e entre ambos uma simbiose de interesses complementares.” (“Vampiros de Papel”, Otavio Frias Filho, Folha de S.Paulo, 5/08/1984)
  • 12. Contexto • A Folha é o meio de comunicação menos conservador de toda a grande imprensa brasileira. É o que mais tem- se desenvolvido nestes anos. • É o mais sensível aos movimentos da opinião pública e é também o mais ágil. Politicamente é o mais arrojado. • É o que encontra maior repercussão entre os jovens. • Foi o que primeiro compreendeu as possibilidades da abertura política e o que mais se beneficiou com ela, beneficiando a democratização. • É o jornal pelo que a maioria dos intelectuais optou. • É o mais discutido nas escolas de comunicação e nos debates sobre a imprensa brasileira. (“Projeto Folha - 1984”)
  • 13. O Projeto Folha Contexto • A Folha é o fenômeno mais importante do jornalismo brasileiro nos anos 80. Foi o jornal que obteve maior crescimento na circulação e publicidade. Foi o veículo que mais provocou polêmicas e repercussões. • Foi identificada como um jornal de resistência ao regime e “porta-voz” da “sociedade civil”. • Essa convergências de opiniões entre sociedade e a Folha foi consagrada na campanha das Diretas-já. (“Mil Dias”, C.E. Lins da Silva)
  • 14. O Projeto Folha Justificativa • A Folha estabelece como premissa de sua linha editorial a busca por um jornalismo crítico, apartidário e pluralista. • Essas características, que norteiam o trabalho dos profissionais do Grupo Folha, foram detalhadas a partir de 1981 em diferentes projetos editoriais. • Desde então, foram produzidos seis textos que procuram traduzir na prática os princípios que constituem, no seu conjunto, o Projeto Folha. (“Conheça a Folha”, www.folha.uol.com.br)
  • 15. O Projeto Folha 1981 - “Alguns Passos...” • O objetivo de um jornal como a Folha é, antes de mais nada, oferecer três coisas ao seu público leitor: informação correta, interpretação competente sobre essa informação e pluralidade de opiniões sobre os fatos. • Por informação correta entende-se a descrição de tudo aquilo capaz de afetar a vida e os interesses que se acredita serem os dos leitores. Essa descrição é realizada na forma mais sintética, despojada e distanciada possível (embora seja quase sempre impossível atingir a neutralidade absoluta. Ao contrário, isso é raramente factível). (“Projeto Folha”)
  • 16. O Projeto Folha 1981 • Por interpretações competentes entendem-se os comentários e análises redigidos por profissionais que, conforme os critérios adotados pelo jornal, aliam o domínio sobre uma determinada área do conhecimento ou da atividade humana ao domínio sobre a técnica de escrever. • Por pluralidade de opiniões entende-se a publicação de textos, artigos, depoimentos, entrevistas etc. que, tomadas em seu conjunto, funcionem como uma reprodução mais ou menos fiel da forma pela qual as opiniões existem e se distribuem no interior da sociedade.
  • 17. O Projeto Folha 1981 • A ossatura de um jornal, o que lhe sustenta o corpo dando-lhe consistência e forma, são as reportagens, os textos noticiosos e as fotos de boa qualidade. • Editoriais e artigos apenas complementam essa ossatura, que segue sendo a essência do jornal. No Estadão: “O que o caracteriza e o deu força a Estadão durante toda a sua existência foi o fato dele assumir sistematicamente posições quando há confronto de ideias e de concepções políticas. “A grande força do jornal sempre foi a página 3 e mais do que nunca agora, quando o comprador, o assinante já sabe o que ele vai ler no jornal do dia seguinte quando ele compra ou quando o recebe em sua casa.”
  • 18. O Projeto Folha 1984 - “Depois das Diretas-Já” • As idéias gerais que norteiam o modelo de jornalismo que vimos procurando pôr em prática estão condensadas a seguir. Trata-se de um jornalismo crítico, pluralista, apartidário e moderno. • Crítico - Não basta relatar os fatos, é preciso expô-los à crítica. Por definição, qualquer fato jornalístico é objeto da crítica jornalística. Pode ser a crítica realizada por meio da interpretação do fato e da análise de suas causas e consequências. Pode ser crítica que o repórter realiza quando compara fatos, estabelece analogias e veicula diferentes versões. O tom de crítica deve permear o jornal da primeira à última página. Não somos jornalistas para elogiar, mas para criticar.
  • 19. O Projeto Folha 1984 • Pluralista - O melhor serviço público que um jornal não-partidário pode fazer é reproduzir, em suas páginas, e na proporção mais exata possível, a forma pela qual as divergências se distribuem no interior da opinião pública. O jornal não quer impor suas opções ao leitor, não quer aprisioná-lo numa camisa-de-força ideológica, não quer tiranizá-lo. • Apartidário – Ser um jornal apartidário não significa ser um jornal que não toma partido. Pelo contrário, a Folha faz questão de tomar partido no maior número possível de temas. Cada questão é uma questão, e nós tomamos partido em relação a ela especialmente, não em relação à estratégia geral de quem a propõe, seja um partido, um grupo etc.
  • 20. O Projeto Folha 1984 • Moderno - O sentido de moderno é, no caso, bem concreto. Jornalismo moderno na medida em que se propõe a introduzir, na discussão pública, temas que até então não tinham ingresso nela. Na medida em que põe em circulação novos enfoques, novas preocupações, novas tendências. O principal objetivo do nosso trabalho é formar, entre nós, uma opinião pública esclarecida, crítica e atuante. • É consenso: o ponto frágil da Folha é a informação. Precisamos informar mais e melhor. Temos que publicar textos mais corretos, mais objetivos, mais concisos, mais claros, mais completos e, sobretudo, mais exatos.
  • 21. O Projeto Folha 1985 - “Novos Rumos” • A crítica mais forte é que revela fatos documentados e incontestáveis, mostrando a conexão entre eles sempre que essa conexão também estiver comprovada. Tal crítica é mais eficaz do que qualquer crítica adjetiva, baseada em opiniões, travestidas ou não de "interpretação". • Praticar essa crítica substantiva, contra tudo e contra todos, é obrigação não apenas moral mas política do jornalismo, especialmente em um país que as circunstâncias dotaram tão generosamente de problemas e de possibilidades. • Do ponto de vista do Projeto, o exercício da crítica não é um direito, mas uma obrigação, assim como o exercício do apartidarismo não é uma regalia, mas um encargo.
  • 22. O Projeto Folha 1985 • Temos que ampliar o espaço da prestação de serviço no jornal e aumentar o grau de didatismo. Essas duas características são inestimáveis na luta que visa transformar a Folha num produto de primeira necessidade para o leitor, caminho obrigatório do desenvolvimento e da própria sobrevivência dos jornais. • A apreensão pelo leitor deve ser fácil, clara e rápida. Precisamos ter maior preocupação com os números e com a sua exatidão: custos, orçamentos, salários, reivindicações, propostas, acordos, investimentos, datas, tamanhos, medidas, preços, número de pessoas, percentuais - quantidades, enfim. Precisamos adquirir um novo nível de precisão quanto a horários e locais.
  • 23. O Projeto Folha 1985 • Quanto ao didatismo, é fundamental que os textos partam sempre do pressuposto de que o leitor não está familiarizado com o assunto e pode nunca ter lido sobre ele antes. Tudo deve ser explicado, esclarecido e detalhado - de forma concisa e exata, numa linguagem tanto coloquial e direta quanto possível. • A rigor, tudo o que puder ser dito sob a forma de quadro, mapa, gráfico ou tabela não deve ser dito sob a forma de texto.
  • 24. O Projeto Folha 1986 - “Busca da Excelência” • Vamos insistir na necessidade de modernizar o estilo jornalístico e de abordar assuntos sob pontos de vista que correspondem às necessidades emergentes na vida do leitor. Vamos procurar enfoques originais e diferenciados. Vamos preservar a atitude editorial de apartidarismo. Vamos manter a preocupação com o didatismo. • Cada texto publicado na Folha deve ser claro e explicativo o bastante para ser lido com utilidade pelo leigo, sofisticado o bastante para ser lido pelo especialista e enriquecido sempre por uma dimensão de serviço que o fará lido por ambos. (...) É necessário apresentar os assuntos de forma lógica, clara e fácil para quem vai ler.
  • 25. O Projeto Folha 1988 - “Hora das Reformas” • Segmentamos o jornal em cadernos e suplementos, de modo a organizar psicologicamente a leitura e atrair novas frações do leitorado. • O senso do concreto, do prático, do preciso, não se opõe à imaginação; ao contrário, é o que dá conteúdo e interesse jornalístico • Mais e mais as decisões jornalísticas – seja na edição, seja na pauta – terão um quê de arbitrário: pode-se, a partir de um fato "leve", circunstancial, criar um grande assunto, descobrir uma nova área de interesse. • Mas para isso é necessário, antes de tudo, ter fatos concretos, solidamente apurados, ricos de detalhe, capazes por si próprios, e não por malabarismos de edição, de despertar o interesse do leitor.
  • 26. O Projeto Folha 1988 • Todos estamos de acordo com relação à necessidade de os textos serem completos, exatos e concisos - o leitor é cada vez mais exigente em termos do que ele necessita saber e dispõe de cada vez menos tempo para a leitura de jornais. • Mas na prática é lamentavelmente grande a quantidade de textos incompletos, parciais, imprecisos e prolixos que publicamos. • A qualidade da reportagem tem oscilado entre os grandes - e infelizmente eventuais – furos e uma rotina de pautas pouco imaginativas; entre os esforços concentrados das edições de grandes eventos, geralmente bem-sucedidas, e uma sensível precariedade na cobertura do dia-a-dia.
  • 27. O Projeto Folha 1997 - “Caos da Informação” • A evolução do jornalismo brasileiro na década de 80 culminou com o impeachment do presidente da República em 1992, no qual a imprensa teve papel determinante. • Firmou-se nos meios impressos o prestígio de um profissionalismo independente, submetido apenas às forças de mercado. • Entrou em evidência um jornalismo baseado na investigação, nem sempre conscienciosa, de irregularidades na administração pública, divulgadas de forma categórica, às vezes bombástica.
  • 28. O Projeto Folha 1997 • O jornalismo terá de fazer frente a uma exigência qualitativa muito superior à do passado, refinando sua capacidade de selecionar, didatizar e analisar. • É recomendável que a gama de assuntos cobertos até mesmo se reduza em alguma medida, desde que em contrapartida sua seleção seja mais pertinente, e o tratamento que receberem, mais compreensivo. • Uma tal mudança implica repercussões na pauta, na reportagem, no texto, na edição. É preciso maior originalidade na identificação dos temas a ser objeto de apuração, bem como uma focalização mais precisa de sua abordagem.
  • 29. O Projeto Folha 1997 • A transição de um texto estritamente informativo, tolhido por normas pouco flexíveis, para um outro padrão textual que admita um componente de análise e certa liberdade estilística é conseqüência da evolução que estamos procurando identificar. • A um texto noticioso mais flexível deve corresponder um domínio superior do idioma, bem como redobrada vigilância quanto à verificação prévia das informações, à precisão e inteireza dos relatos, à sustentação técnica das análises e à isenção necessária para assegurar o acesso do leitor aos diferentes pontos de vista suscitados pelos fatos.
  • 30. O Projeto Folha 2006 - “Manual de Filosofia e Formatos” • Em maio de 2006, a Folha distribuiu internamente um Manual que justificava a implantação de um novo projeto gráfico. • O “Manual de Filosofia e Formatos” trouxe um completo detalhamento das mudanças implementadas e as razões por que foram feitas. • O trabalho foi produzido sob orientação da mesma equipe que cuidou da reforma e tem óbvias pretensões didáticas. • O texto que abre o Manual (“Um Jornal em Duas Velocidades”) dá o tom do que se pretende tanto com o Manual quanto com a reforma em si. (Baseado em texto publicado em Jornalistas & Cia, Edição 541)
  • 31. O Projeto Folha 2006 • Hoje o leitor perde cada vez mais tempo no trânsito, dedica cada vez mais tempo à sua capacitação profissional, fala cada vez mais tempo ao celular, gasta cada vez mais tempo nos e-mails, despende cada vez mais tempo em novas plataformas de mídia. • Por conta disso, o público fica extremamente grato toda vez que o jornal faz algo que facilite (não necessariamente acelere ou encurte) a sua experiência de leitura. • A Folha ostenta um forte capital político e institucional, graças ao projeto editorial inovador e bem-sucedido que disseminou no jornalismo brasileiro conceitos como independência, pluralismo e apartidarismo. Mas outro forte atributo é o fato de ser reconhecido como amigável, clean, divertido, bem diagramado, fácil de consultar.
  • 32. O Projeto Folha 2006 • Essa reforma não faz pirotecnia tipográfica nem impõe contorcionismos morfológicos. Tampouco lança uma cruzada antitexto, pelo contrário. • A Folha não renunciará ao papel de diário mais influente do Brasil, líder do mercado de quality papers. • Se o leitor se dispõe a penetrar, digamos, em sete assuntos por edição, cabe ao jornal zelar para que os sete assuntos estejam tratados com sofisticação.
  • 33. O Projeto Folha 2006 • Daí a dupla ambição deste projeto: enriquecer o percurso e impedir a dispersão de quem apenas folheia o produto e, ao mesmo tempo, garantir a satisfação de quem mergulha no conteúdo. • As novas ferramentas gráficas transcendem o aspecto visual. • Servem de alavanca para o exercício de um jornalismo mais focado, analítico, minucioso e denso – um desafio que deverá implicar novos procedimentos e um repensar do fazer jornal.
  • 34. O Projeto Folha 2008 - Despedida do Ombudsman • “Esta é a 51ª e derradeira coluna dominical que escrevo como ombudsman. Assumi em 5 de abril de 2007, e o meu mandato se encerrou anteontem. Embora o estatuto autorize a renovação por mais dois períodos, não houve acordo com a direção do jornal para a continuidade. • A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação na internet das críticas diárias do ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o posto. Oitavo jornalista a ocupar a função, torno-me o segundo a não prosseguir por mais um ano. Todos foram convidados a ficar. Sou o primeiro a ter como exigência, para renovar, o retrocesso na transparência do seu trabalho.” (Mário Magalhães, 06/04/2008)
  • 35. O Projeto Folha 2008 - Despedida do Ombudsman • Desde 2000 as críticas (do Ombudsman) vão ao ar. Por oito anos, os leitores puderam monitorar a atividade cotidiana de quem tem a atribuição de representá-los. Não poderão mais. • O comando da Folha esgrimiu um argumento para a decisão: no ambiente de concorrência exacerbada do mercado jornalístico, idéias e sugestões do ombudsman são implementadas por outros diários. De fato, isso ocorre. E continuará a ocorrer. • Quase 20 anos atrás, as críticas ainda denominadas internas eram distribuídas em papel à Redação. Acabavam nas bancadas de outros jornais. Um deles veiculou publicidade alardeando elogio do ombudsman.(Mário Magalhães, 06/04/2008)
  • 36. O Projeto Folha 2008 - Despedida do Ombudsman • Com a difusão por e-mail, será ainda mais difícil conter a distribuição irregular das anotações do ouvidor. (...) Que segredo sobrevive a centenas de destinatários? • Já os leitores ditos comuns, os que fazem a fortuna de toda empreitada jornalística de sucesso, serão barrados. A medida não resolve o problema a cuja solução se propõe, mas prejudica quem é alheio a ele. • A não-renovação do mandato é legítima, respeita a Constituição do jornal. Sua direção tem a prerrogativa de convidar ou não o ombudsman a permanecer. E de estabelecer as normas. Não há quebra de contrato, e sim respeito. (Mário Magalhães, 06/04/2008)
  • 37. O Projeto Folha 2008 - Despedida do Ombudsman • A Folha deu um passo ousado na imprensa brasileira ao nomear um ombudsman. Radicalizou e tornou públicas as críticas antes limitadas à Redação. Mais do que as colunas dominicais, essa espécie de parecer se destina a uma autópsia das edições. Em minúcias, identifica suas fraquezas, sem desprezar as virtudes. Expõe as vísceras do jornal. • O desafio do ombudsman é ser a melhor síntese possível dos interesses dos leitores. A eles interessa que o jornal seja bom. Nas críticas, o ombudsman busca contribuir para que o jornal do dia seguinte seja melhor que o da véspera. (Mário Magalhães, 06/04/2008)
  • 38. O Projeto Folha 2008 - Despedida do Ombudsman • O projeto editorial da Folha diagnostica "um jornalismo cada vez mais crítico e mais criticado". Reconhece que "o leitor fiscaliza a pauta de compromissos" do jornal. • O ombudsman deve ser um instrumento dos leitores. Se os pronunciamentos semanais ficam inacessíveis, reduz-se a fiscalização dos leitores sobre aquele cuja atribuição é batalhar em nome deles. • O ombudsman incapaz de zelar pela manutenção da transparência do seu ofício carece de autoridade para combater pela transparência do jornal. Como cobrar o que se topou diminuir? • A tendência mundial é de expansão da transparência das organizações jornalísticas. A novidade da Folha aparece na contramão. (Mário Magalhães, 06/04/2008)
  • 39. O Projeto Folha 2010 - O “Jornal do Futuro”
  • 40. O Projeto Folha 2010 - “Sete vidas do Jornalismo” • De tempos em tempos, o "negativismo" da imprensa se volta contra ela própria. Foi assim sempre que o advento de mudanças tecnológicas veio afetar o modo de transmissão de informações: o telégrafo, o cinema, o rádio, a TV e agora a internet. • Por décadas, o jornalismo dito de qualidade – que cultiva compromissos com a exatidão do que publica, com a relevância dos temas que aborda, com a manutenção do debate público – foi sustentado por um modelo econômico hoje em risco. Talvez jornais, revistas e livros impressos venham a desaparecer, talvez não. O papel impresso tem o carisma da credibilidade e da duração. • A fotografia não suprimiu as artes plásticas, nem a TV liquidou o cinema... (Otavio Frias Filho, 23/05/2010)
  • 41. O Projeto Folha 2010 - “Sete vidas do Jornalismo” • Mas é pouco provável que o jornalismo de qualidade desapareça da face da terra. • Conforme mais pessoas imergem no oceano de dados na rede, maior a demanda por um veículo que apure melhor, selecione, resume, analise e hierarquize. • Esse veículo, no papel ou na tela, se chama jornal. • Um jornalismo de qualidade é dispendioso. Continuará a valer seu preço para aquela parcela crescente de pessoas interessadas em saber mais e melhor. • Mas, para tanto, é preciso ter a humildade de aprender. Reconhecer que os jornais são muitas vezes cansativos, previsíveis, prolixos, distantes, redundantes, parciais – cifrados para o leigo e superficiais para o especialista. (Otavio Frias Filho, 23/05/2010)
  • 42. O Projeto Folha Lançamento do Caderno 2 - 1986
  • 43. O Projeto Folha Lançamento do Caderno 2 • Capa especial da Ilustrada (100 anos de Coca-Cola) • Matéria de pé de página sobre o Caderno 2 • “Foi com mal disfarçada preocupação, com o nariz empinado de certa arrogância juvenil que recebemos (na Folha) o Caderno 2. • “O texto da tinha o tom de olímpica superioridade: nós, ilustrados, fazíamos a n.º 1 (a Coca-Cola) e os concorrentes eram os imitadores, a Pepsi, o n.º 2 (o nome do caderno ajudava nisso). • “Foi uma manobra de edição tão autocentrada que acabou incompreensível para a maioria do público.” (Matinas Suzuki Jr., 06/04/2011)
  • 44. O Projeto Folha Lançamento do Caderno 2 • “A partir daí, tudo mudou. Se estivéssemos em família, seria como a chegada indesejada de um irmão mais novo que vai dividir a atenção dos pais (leitores). Concorrência dói. Mas é também desafiadora e leva à procura incessante de se fazer o melhor. • “Creio que o último quarto de século, tecido na concorrência diária com o Caderno 2, foi mais saudável para a Ilustrada do que aquele breve período em que reinávamos sozinhos. E SP passou a ter o privilégio de ser uma das poucas cidades do mundo que ainda preservam dois cadernos diários de qualidade dedicados à cultura. • “Nos últimos 25 anos, a cidade ganhou em diversidade, em difusão de ideias e em enriquecimento do seu jornalismo cultural.” (Matinas Suzuki Jr., 06/04/2011)
  • 45. Conclusão • “A reação a Mil Dias no meio jornalístico teve muito a ver com a polêmica que o Projeto Folha criara na categoria. • Quebrou paradigmas, contrariou interesses, cometeu injustiças, foi juvenilmente arrogante. • “Os pressupostos do Projeto Folha foram incorporados na imprensa brasileira, para o bem ou para o mal. Ninguém contesta que ele foi um precursor de tendência. • “Praticamente tudo que a Folha dos anos 80 fez sob apupos quase generalizados da concorrência acabou, positiva ou negativamente, adotado por ela — textos curtos, uso intensivo de gráficos e tabelas, cadernização do jornal, organização mais racional e metódica que a tradicional da atividade produtiva na redação jornalística e muito mais.” (Carlos E. Lins da Silva, Mil Dias, Seis Mil Dias Depois)
  • 46. Conclusão • “À medida que os concorrentes foram se apropriando de características que antes a distinguiam, a Folha achou dispensável ou recomendável não insistir nelas e concentrar esforços em outras áreas, onde os desgastes internos fossem menores e os resultados - especialmente em termos de diferenciá-la aos olhos do público - maiores. • “Não que o Projeto tenha sido ‘abandonado’. Algumas de suas idiossincrasias mais polêmicas deixaram de ser exigidas (por exemplo, a menção à idade do personagem ou a localização exata dos locais, ambas freqüentemente ridicularizadas pelos opositores do Projeto). • “Os repórteres e redatores foram incentivados a ousar mais na elaboração do texto, ao contrário do que se fizera durante a fase de implantação do Projeto.” (Carlos E. Lins da Silva, Mil Dias, Seis Mil Dias Depois)
  • 47. Conclusão • “O texto e a edição (em 2005) podem até ser melhores que os de 21 anos atrás, mas certamente não atingiram o grau de excelência que almejávamos com o Projeto Folha. • Para mim, a questão fundamental ao escrever Mil Dias era saber se o Projeto Folha conseguiria melhorar o jornal em si e o jornalismo brasileiro em geral. Arrisco-me a dizer que sim, embora muito menos do que eu vislumbrara. • “O ponto que importa agora é determinar se ainda é possível para os jornais impressos melhorarem a ponto de garantir sua sobrevivência no mercado.” • “Sem uma reforma profunda nos jornais, as chances de sucesso ficarão muito reduzidas. • “Como cidadão e leitor, espero por ela, ao menos na Folha.” (Carlos E. Lins da Silva, Mil Dias, Seis Mil Dias Depois)
  • 48. Abril 2013 Projeto Editorial Prof. Renato Delmanto renato.delmanto@gmail.com