SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
1 
PRINCIPAIS DESAFIOS, OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO 
ENTRE A TECNOLOGIA DA ATOMAÇÃO (TA) E A TECNOLOGIA DA 
INFORMAÇÃO (TI) 
1Renato Mendes 
RESUMO 
Nos últimos anos temos assistido a adoção maciça de sistemas informatizados de apoio 
à produção. Capitaneados pelo surgimento dos primeiros sistemas do tipo SCADA 
rodando em plataformas de computação economicamente acessíveis (ou os chamados 
PCs - Personal Computers), são inúmeras as soluções hoje disponíveis para supervisão 
de processos, gestão de dados históricos, controladores de malhas, controle de ativos e 
processamento de alarmes, entre várias outras. O grande efeito disto tem sido ganhos 
expressivos em produtividade e qualidade na gestão operacional dos processos no chão-de- 
fábrica, sejam eles processos contínuos, do tipo batch ou discretos. 
Também nos últimos anos, especialmente em função do chamado “bug do milênio”, as 
empresas fizeram pesados investimentos de sistemas de gestão empresarial. A sigla 
ERP (do inglês Enterprise Resource Management) tornou-se termo comum, reduzindo 
custos operacionais e produzindo mais eficiência nas operações corporativas, 
principalmente nos chamados “processos de escritório”, tais como faturamento, 
compras, contas a pagar e receber, etc. 
A integração dos sistemas do chão-de-fábrica (níveis 1 e 2 da estrutura de camadas de 
sistemas ISA) e dos sistemas do tipo ERP (nível 4 da estrutura de camadas ISA) nos 
apresenta o grande desafio para os próximos anos nas áreas de automação e tecnologia 
da informação. Apesar de que muitas soluções têm sido oferecidas no mercado tendo 
como foco a integração entre os níveis 1 e 2 e o nível 4, a grande totalidade delas 
apresenta-se de forma pontual e ainda não totalmente consolidadas, apesar dos esforços 
da ISA em estabelecer padrão de integração entre estes níveis através da ISA-95. 
Integrar os sistemas do chão de fábric acom os sistemas de tecnologia da informação 
corporativos é um desafio bem mais complexo do que o tema sugere. Esta 
complexidade surge das divergências em questões como arquitetura técnica, visão de 
processos de negócio, metodologia e cultura corporativa, entre outros. 
Dentro do cenário acima, o desfio do processo de produção integrado passa 
obrigatoriamente pela integração do TA e do TI. Sem uma integração homogênea dos 
processos e dos sistemas será cada vez mais difícil e complexa a entrega de valor ao 
negócio. Neste trabalho procuramos explorar um pouco mais este cenário, entendo os 
principais desafios e indicando possíveis caminhos para a condução de projetos nesta 
área. 
1 Diretor da Mezasoft Desenvolvimento de Sistemas e Tecnologia Ltda, Brasil. 
(http://br.linkedin.com/in/???)
2 
1. O AMBIENTE DE TA 
O que comumente chamamos de tecnologia da automação (ou TA) representa todo o 
conjunto de sistemas e programas de computador utilizados nos níveis inferiores da 
pirâmide ISA de automação – tipicamente os níveis 0, 1 e 2. Nos últimos anos, com a 
evolução dos sistemas computacionais de baixo custo (os chamados PC´s – personal 
computers), um conjunto muito grande de software foi lançado ao mercado com o 
objetivo de apoiar as operações de manufatura e processos no chão-de-fábrica. 
Destacam-se entre estes os sistemas SCADA (também conhecidos como sistemas 
supervisórios), historiadores e os sistemas PIMS – Process Information Management 
Systems. 
Os softwares de TA normalmente são pacotes do tipo ferramenta, onde pode-se adquirir 
licenças de execução (runtime) e de desenvolvimento. Algumas empresas fornecedoras 
destes pacotes oferecem ao mercado um conjunto completo de serviços 
complementares, tais como treinamento, consultoria e suporte especializado. Muito 
comum é também deixar a cargo dos chamados integradores de soluções a construção 
do projeto, e em alguns casos o próprio cliente faz a adaptação da ferramenta as suas 
necessidades e o desenvolvimento da solução final. 
Apesar de no início apresentarem severas dificuldades de integração, hoje em dia quase 
que a totalidade dos softwares de TA utiliza a tecnologia OPC para troca de dados, que 
apesar de já estar defasada tecnologicamente, cumpre bem com os requisitos que se 
propõe. Ferramentas de TA, com algumas exceções, vem incorporadas com seu próprio 
banco de dados, de uso limitado dentro da solução. Extensões de integração com banco 
de dados corporativos estão disponíveis em vários casos. 
A filosofia, estratégia de mercado e de comercialização dos produtos de software de TA 
assemelham-se muito, tendo como base o posicionamento do produto como ferramenta 
de engenharia, procurando utilizar os mesmos canais de comunicação e vendas de 
outros componentes de automação, tais como os PLCs, SDCDs. Hoje quase a totalidade 
dos grandes fornecedores de PLCs e SDCDs possuem versões próprias de sistemas 
SCADA e historiadores. 
Os sistemas de TA são desenvolvidos com a visão do processo operacional do chão-de-fábrica, 
estendendo e incorporando os conceitos de engenharia de campo para dentro 
dos softwares. Muitas das soluções de TA rodam em um único microcomputador, sendo 
que algumas apresentam um número pequeno de usuários concorrentes, em soluções 
distribuídas ou do tipo cliente/servidor. 
2. O AMBIENTE DE TI 
O ambiente de TI caracteriza-se pela visão de processos de negócio, tendo a tecnologia 
como ferramenta de apoio. Normalmente divididos em infraestrutura e negócio, os 
sistemas e a cultura da área de TI possui uma grande amplitude, atendendo a todas as
necessidades de aplicação da informática na empresa. Dentre os mais diversos desafios 
da área de TI, citamos suas mais importantes áreas de atuação, por grupos: 
Infraestrutura: redes, sistemas operacionais, armazenamento de dados, sistemas de 
comunicação de voz e dados, dispositivos móveis, segurança da informação, etc. 
Aplicativos de Usuário: editores de texto, planilha eletrônica, ferramenta de 
apresentação, e-mail, backup, antivírus, etc. 
Aplicativos de Negócio: sistemas financeiros em geral (contabilidade, contas a pagar e 
receber, faturamento, livros fiscais, etc.), CRM (Customer Relationship Management), 
ERP (Enterprise Resource Management), BI (Business Intelligence), etc. 
É muito comum que sistemas de TI atendem entre dezenas e centenas de usuários 
concorrentes, sendo que em algumas grandes empresas existem soluções com milhares 
de usuários, descentralizados em locais diversos, com perfis diferenciados. 
O ambiente de TI apresenta um alto grau de complexidade de negócios, sendo bastante 
desafiador o gerenciamento e operação de seus sistemas e equipes. A área de TI 
normalmente opta por adquirir sistemas consolidados, contando fortemente com 
parceiros estratégicos para a oferta de soluções completas contendo licenciamento, 
desenvolvimento da solução final e serviços de suporte continuado. 
Banco de dados centralizado, data centers especializados, padrões bem estabelecidos de 
integração de dados e métodos e controles rígidos de desenvolvimento de sistemas são 
ambientes comumente encontrados nesta área. Soluções em TI possuem fortes 
componentes de continuidade dos negócios, integração de processos e padrões 
corporativos. 
3 
3. A NORMA ISA-95 
A ISA oferece ao mercado a norma ISA-95, que é o padrão internacional para 
integração entre os sistemas empresariais e de controle. Basicamente trata de integração 
das funções de vendas, finanças e logística, pelo lado do TI, aos sistemas de produção, 
manutenção e qualidade, do lado do TA. A ISA-95 é dividida em quatro partes, a saber: 
ISA-95.01 – Trata dos modelos da ISA-95 e da terminologia da norma. 
ISA-95.02 – Trata do modelo de objetos da interface entre os sistemas de controle e os 
sistemas corporativos. 
ISA-95.03 – Trata dos modelos de atividade, ou como as funções da norma interagem 
entre si. 
ISA-95.04 – Trata do detalhamento dos objetos da norma e de seus atributos.
Ao contrário do que muitos podem pensar a princípio, a ISA-95 não é uma 
especificação de sistema ou um conjunto de regras absolutas, mas sim um guia para 
aqueles que necessitam realizar integração entre TI e TA de forma mais organizada e 
planejada. A norma apresenta-se com linguajar técnico de modelagem de sistemas 
computacionais, utilizando o padrão UML (Unified Modeling Language), exigindo 
conhecimentos de OO (Orientação a Objetos) para seu perfeito entendimento. 
4 
Figura 1 - Visão Geral da Norma ISA-95 
Não é objetivo deste documento entrar em detalhes da norma ISA-95, mas destacar sua 
existência e importância como guia de implementação da integração TI e TA. 
4. DIFERENÇAS CULTURAIS DO AMBIENTE DE TI E DE TA 
É natural que a evolução do ambiente de TA faça nascer a inevitável necessidade do 
encontro desta com o TI corporativo. Mais do que ocasional, a integração TA e TI é 
uma grande oportunidade para empresas do setor industrial em construir a tão sonhada 
plataforma de produção em tempo real, ou “empresa em tempo real”, contemplando 
áreas de planejamento, programação e operação do parque fabril, sincronizando os 
recursos produtivos às necessidades do mercado. 
Além da complexidade natural da tecnologia envolvida, o encontro do TI ao TA traz um 
enorme desafio cultural de integrar equipes de visão e conceitos oblíquos, sendo 
normalmente uma fonte permanente de conflitos e problemas de comunicação, gerando
atrasos em projetos e frustrações para ambas as partes. São poucas as empresas que dão 
conta de integrar estas culturas de forma produtiva e harmônica, sendo ainda raros os 
projetos realizados nesta área em que se consegue um bom equilíbrio de custos, prazo, 
escopo e qualidade. 
A seguir apresentamos algumas conflitos comumente encontrados em ambientes de 
projeto TAxTI: 
· TI busca atendar aos procedimentos e a metodologia corporativos de 
desenvolvimento, enquanto TA normalmente possui a cultura e a liberdade de 
criação e da engenharia de suas soluções. 
· TI procura atender aos requisitos de metadados corporativos no que tange aos 
sistemas de banco de dados e de integração, enquanto TA busca adotar a 
modelagem e o padrão já existente nos pacotes e soluções de seu de chão-de-fábrica. 
· TA gosta de trabalhar de soluções de controle total – adquirindo ferramentas 
próprias de desenvolvimento e controlando o ciclo de implementação ponta a 
ponta. TI procura adotar padrões internacionais e soluções consolidadas, 
gerenciando o desenvolvimento com método faseado, embutindo um forte 
componente de terceirização. 
· TA tem a cultura de realizar suporte próprio das soluções, com visão de extensão 
dos processos de manutenção do chão-de-fábrica (elétrica, mecânica, 
automação, etc.). TI trabalha o processo de suporte de forma multinível, 
orientado a SLA (Service Level Agreement) muitas vezes contando com 
parceiros externos e fornecedores especializados. 
· TI trabalha organiza ambientes de desenvolvimento, homologação, testes e 
produção dos sistemas, compartimentalizando estes ambientes e isolando ao 
máximo o ambiente de produção das fases de desenvolvimento. TA trabalha 
com ambiente de desenvolvimento, que após o comissionamento é migrado ao 
sistema de produção. Normalmente não encontramos ambientes de testes e 
homologação em TA. 
Pontos de vista e estratégias divergentes, como os exemplos citados acima, são 
frutos da formação e origem das equipes de TA e TI. Equipes de TA 
normalmente são oriundas da engenharia, dos processos operacionais, do fazer e 
construir pelas próprias mãos. Já a cultura das equipes de TI é originária de uma 
formação dividida entre tecnologia, metodologia e negócios, onde a visão de 
continuidade de atendimento aos processos de negócio é o principal desafio. 
5. PRINCIPAIS ÁREAS DE DOMÍNIO DA INTEGRAÇÃO ENTRE O TA E 
5 
O TI
Não existe um limite para a integração entre as áreas de TA e o TI, assim como 
não existe um escopo mínimo do trabalho. A melhor escolha do escopo deve 
passar pelas necessidades maiores do negócio e aquelas áreas que mais podem 
contribuir para os resultados de curto, médio e longo prazo. 
É comum iniciar-se a integração dos sistemas de TA e TI com aplicações 
simples de troca de dados, tais como apontamento de alguma informação 
relevante do chão-de-fábrica no ERP (posição de estoque, trabalho em 
progresso, etc.) ou envio de algum parâmetro operacional para os sistemas 
SCADA ou similares (setpoint de processo ou dados de ordem de produção). 
Estas aplicações, apesar de muito úteis e trazerem grandes resultados, 
representam ainda muito pouco do ptoencial que a integração TAxTI pode trazer 
para o negócio. 
Em uma abordagem de negócio como um todo, normalmente consideramos os 
seguintes domínios como áreas essenciais do escopo de integração entre TA e 
TI: 
Planejamento da produção: Análise e determinação dos objetivos de produção 
no chão-de-fábrica, a partir de estudos de mercado, histórico de vendas, de 
pedidos e outros elementos analíticos. O planejamento de produção define “o 
que” e “quanto” deve ser produzido em janelas de tempo estabelecidas. 
Programação da produção: Após a determinação dos produtos e das quantidades, 
é necessária realizar a programação da produção em seus detalhes, tais como a 
programação de compras e de entrega de materiais, disponibilidade de 
equipamentos, recursos humanos, ferramentas, infraestrutura, etc. 
Execução da produção: A execução da produção envolve a delegação das ordens 
de produção aos seus executores, disponibilização de recursos, apontamentos de 
tempos e movimentos, controle de qualidade, acompanhamento de estoques de 
matéria prima, inventários e estoque em produção, execução da manutenção e 
paradas. 
Controle de produção e do negócio: Acompanhamento de indicadores e 
tendências, tratamento de exceções e desvios, suporte à tomada de decisão, 
controle de inventário e uso de recursos, reporte e registro para auditoria. 
Somente com a integração TA e TI as funções acima descritas podem ser 
plenamente suportadas pela tecnologia no contexto corporativo. 
6
7 
6. PRINCIPAIS OBJETIVOS DA INTEGRAÇÃO ENTRE O TA E O TI 
Do ponto de vista geral, o principal objetivo da integração entre o TA e o TI é a 
unificação dos processos essenciais do negócio em toda a empresa, considerando 
a diferença entre os ambientes tecnológicos e culturais destas áreas. 
É comum executamos melhorias em TA, em processos do chão-de-fábrica, sem 
que estes estejam integradas com o restante da empresa. Isto pode nos levar a 
aperfeiçoar processos que não vão de encontro aos melhores resultados. Nestes 
casos dizemos que estamos criando excelência no sentido errado, no objetivo 
inconsistente. 
Por outro lado, encontramos também mapeamento de processos de negócio em 
TI onde é exigido do chão-de-fábrica indicadores, tipo de controle ou tempo de 
execução incompatíveis com a realidade do chão-de-fábrica. Isto leva as áreas 
corporativas a criar falsas expectativas de execução e graves falhas no 
planejamento. 
Alguns reflexos destes descompassos são visíveis. Não é incomum em empresas 
industriais vermos as equipes de vendas comemorando metas de final do ano 
sem que o parque fabril tenha sequer capacidade física de produção dos itens 
vendidos, gerando destruição de valor no cliente que certamente terá pedidos 
atrasados ou cancelados. 
Os processos corporativos podem iniciar em qualquer área e terminar em 
qualquer outra área. Podem se iniciar no comercial, passar pelo marketing e pelo 
financeiro, ir para o PCP e dali para a logística e a produção. Necessariamente 
cada um dos participantes falará sua própria língua e terá sua própria visão do 
processo. A capacidade de realização deste processo ponta-a-ponta é fator chave 
de sucesso para o bom funcionamento empresarial, e a integração TAxTI é meio 
tecnológico fundamental para que isto aconteça. 
O principal foco da integração TAxTI deve sempre ser o suporte e a automação 
ponta-a-ponta dos processos, indo e vindo das áreas corporativas e do chão-de-fábrica, 
falando a língua de cada área e respeitando as complexidades e 
particularidades de cada ator do processo. 
Lembramos que em uma empresa industrial o chão-de-fábrica é a principal fonte 
de restrições e limites ao negócio, devido a sua natureza e a natureza de seus 
recursos. Afinal, não se instala um novo maquinário em curto prazo e às vezes 
pedidos de insumos devem ser feitos com meses de antecedência para que 
possam ser entregues no prazo necessário para a produção. Excluindo-se os 
assuntos financeiros (capital e caixa), o chão-de-fábrica responde por boa parte 
dos chamados “problemas” empresariais, mesmo se o problema tenha surgido da
inexistência ou falta de qualidade do planejamento e programação das operações 
nas áreas corporativas. 
A construção de uma solução tecnológica que possa unir as ferramentas já 
consolidadas das áreas de TA e de TI, sempre com a visão do processo ponta-a-ponta, 
deve ser o principal objetivo de um projeto de integração TA/TI. Cuidar 
dos metadados, garantir a consistência da integração, embutir e utilizar 
tecnologia consolidada e pensar na continuidade, expansão e futuro da solução 
deste seu primeiro momento são fatores críticos de sucesso para uma boa 
implementação, garantindo que o perfil e a cultura distinta de usuários dos 
sistemas da empresa terão a mesma visão do negócio e trabalhem sempre com o 
mesmo objetivo. 
7. PRINCIPAIS RESULTADOS EM PROJETOS DE INTEGRAÇÃO TI E 
TA 
São raros os projetos em tecnologia que apresentem resultados tão tangíveis e 
expressivos quanto a integração do TA e o TI em empresas industriais. Um bom 
processo de planejamento de produção pode reduzir em 95% a pontualidade de 
entrega aos clientes, e proporcionar reduções da ordem de 50% em níveis de 
estoque de produção. Existem vários casos de implementações que possuem 
payback contados em semanas ou até dias. 
A visão em tempo real dos indicadores de execução pode reduzir em 90% as 
perdas e o estoque em processo, assim como indicar com precisão os gargalos, 
que muitas vezes não são fixos, permitindo aumentos de até 50% em 
produtividade. Isto tudo sem incorporar mais ativos ou recursos ao processo. 
O sincronismo das áreas da empresa, aliados ao controle e previsibilidade dos 
indicadores de processo é o que propicia a obtenção de ganhos tão expressivos 
como os citados no parágrafo acima. Projetos bem sucedidos em TAxTI 
entregam processos de planejamento, programação e execução da empresa 
perfeitamente alinhada entre a produção e as outras áreas de negócio. 
Além do resultado financeiro, projetos desta natureza permitem a redução 
significativa do estresse operacional do dia-a-dia e o sentimento de descontrole 
das operações, seja porque as equipes passam a ter informações relevantes sobre 
os processos, seja porque qualquer desvio no chão-de-fábrica é imediatamente 
refletido nas informações para tomada de decisão imediata. 
Devemos lembrar que, apesar dos esforços das equipes de gestão e de suporte, 
não podemos evitar que uma máquina pare ou que alguma matéria prima se 
atrase. O que podemos certamente evitar é o estresse da incerteza sobre o que 
fazer quando estes eventos acontecem, principalmente se estamos pressionados 
8
com metas e resultados com a empresa e seus clientes, como normalmente 
acontece. 
9 
8. CONCLUSÕES 
A integração entre o TA e o TI não é uma tarefa trivial. Requer uma visão de 
processos desenvolvida, habilidades para aglutinar culturas heterogêneas e a 
escolha de ferramentas e tecnologias adequadas à tarefa. 
Contudo, é o grande desafio das empresas industriais para os próximos anos. 
Projetos de integração de sucesso são normalmente modulares, divididos em 
fases, apresentando resultados acumulativos na medida em que novos processos 
são incorporados. São projetos que exigem investimento contínuo, mas que 
apresentam desde suas primeiras fases retorno positivo do investimento. 
Empresas que realmente querem alavancar ganhos reais em produtividade e 
competitividade devem utilizar os recursos de TA e TI integrados. Esta 
integração cria empresas mais fortes, com diferenciais competitivos reais em 
curto, médio e longo prazo.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Apresentação do ERP
Apresentação do ERPApresentação do ERP
Apresentação do ERPMurilojose10
 
Introdução ao ERP Microsiga Protheus da Totvs
Introdução ao ERP Microsiga Protheus da TotvsIntrodução ao ERP Microsiga Protheus da Totvs
Introdução ao ERP Microsiga Protheus da TotvsEdilberto Souza
 
Logística. Mercado, tendências e inovações - Coletânea de artigos
Logística. Mercado, tendências e inovações -  Coletânea de artigosLogística. Mercado, tendências e inovações -  Coletânea de artigos
Logística. Mercado, tendências e inovações - Coletânea de artigosRAFAEL MENDES
 
Tecnologias aplicadas a logística
Tecnologias aplicadas a logísticaTecnologias aplicadas a logística
Tecnologias aplicadas a logísticaSandro Souza
 
Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1
Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1
Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1Evaldo Wolkers
 
Enterprise resource planning (ERP)
Enterprise resource planning (ERP)Enterprise resource planning (ERP)
Enterprise resource planning (ERP)Alexsandro Prado
 
Sobre ERP CRM e Supply Chain
Sobre ERP CRM e Supply ChainSobre ERP CRM e Supply Chain
Sobre ERP CRM e Supply ChainClaudio Barbosa
 
Sistema de gestão empresarial integrada ERP
Sistema de gestão empresarial integrada ERPSistema de gestão empresarial integrada ERP
Sistema de gestão empresarial integrada ERPEduardo Braga Jr
 
Sistema integrado de gestão empresarial ERP
Sistema integrado de gestão empresarial ERPSistema integrado de gestão empresarial ERP
Sistema integrado de gestão empresarial ERP13032727
 
Erp caracteristicas-custos-tendencias
Erp caracteristicas-custos-tendenciasErp caracteristicas-custos-tendencias
Erp caracteristicas-custos-tendenciasgtiprotec
 
Painel De Controle Operacional
Painel De Controle OperacionalPainel De Controle Operacional
Painel De Controle OperacionalProcnet
 
Cap 01 administração de sistemas de informação
Cap 01 administração de sistemas de informaçãoCap 01 administração de sistemas de informação
Cap 01 administração de sistemas de informaçãoLarissa Araújo Batista
 

Mais procurados (20)

ERP - Conceito e Evolução
ERP - Conceito e EvoluçãoERP - Conceito e Evolução
ERP - Conceito e Evolução
 
Aula de ERP
Aula de ERPAula de ERP
Aula de ERP
 
O que é ERP?
O que é ERP?O que é ERP?
O que é ERP?
 
ERP
ERPERP
ERP
 
Apresentação do ERP
Apresentação do ERPApresentação do ERP
Apresentação do ERP
 
Introdução ao ERP Microsiga Protheus da Totvs
Introdução ao ERP Microsiga Protheus da TotvsIntrodução ao ERP Microsiga Protheus da Totvs
Introdução ao ERP Microsiga Protheus da Totvs
 
Logística. Mercado, tendências e inovações - Coletânea de artigos
Logística. Mercado, tendências e inovações -  Coletânea de artigosLogística. Mercado, tendências e inovações -  Coletânea de artigos
Logística. Mercado, tendências e inovações - Coletânea de artigos
 
Tecnologias aplicadas a logística
Tecnologias aplicadas a logísticaTecnologias aplicadas a logística
Tecnologias aplicadas a logística
 
Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1
Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1
Sistemas de Informação - Faveni - Prof. Evaldo Wolkers - Aula 1
 
Enterprise resource planning (ERP)
Enterprise resource planning (ERP)Enterprise resource planning (ERP)
Enterprise resource planning (ERP)
 
Ferramentas
FerramentasFerramentas
Ferramentas
 
Sobre ERP CRM e Supply Chain
Sobre ERP CRM e Supply ChainSobre ERP CRM e Supply Chain
Sobre ERP CRM e Supply Chain
 
Sistema de gestão empresarial integrada ERP
Sistema de gestão empresarial integrada ERPSistema de gestão empresarial integrada ERP
Sistema de gestão empresarial integrada ERP
 
Isa 95-slide
Isa 95-slideIsa 95-slide
Isa 95-slide
 
3036-10910-1-PB
3036-10910-1-PB3036-10910-1-PB
3036-10910-1-PB
 
Sistema integrado de gestão empresarial ERP
Sistema integrado de gestão empresarial ERPSistema integrado de gestão empresarial ERP
Sistema integrado de gestão empresarial ERP
 
BPM Overview
BPM OverviewBPM Overview
BPM Overview
 
Erp caracteristicas-custos-tendencias
Erp caracteristicas-custos-tendenciasErp caracteristicas-custos-tendencias
Erp caracteristicas-custos-tendencias
 
Painel De Controle Operacional
Painel De Controle OperacionalPainel De Controle Operacional
Painel De Controle Operacional
 
Cap 01 administração de sistemas de informação
Cap 01 administração de sistemas de informaçãoCap 01 administração de sistemas de informação
Cap 01 administração de sistemas de informação
 

Semelhante a Desafios da integração TI e TA

Apresentação Brazil ISA 2013
Apresentação Brazil ISA 2013Apresentação Brazil ISA 2013
Apresentação Brazil ISA 2013Mezasoft
 
IT Concepts - Portuguese
IT Concepts - PortugueseIT Concepts - Portuguese
IT Concepts - Portugueseguest3379c1
 
Teoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SI
Teoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SITeoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SI
Teoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SIAlessandro Almeida
 
261 261 case_ocomon
261 261 case_ocomon261 261 case_ocomon
261 261 case_ocomonricardo17754
 
AE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TI
AE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TIAE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TI
AE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TIFernando Botafogo
 
Sistema de informação executiva área de vendas
Sistema de informação executiva área de vendasSistema de informação executiva área de vendas
Sistema de informação executiva área de vendasIldmar Alves
 
Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...
Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...
Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...Samanta Cicilia
 
Indyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TI
Indyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TIIndyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TI
Indyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TIIndyxa
 
Palestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementação
Palestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementaçãoPalestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementação
Palestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementaçãoAndré Lima
 
Ptb hitachi tech buying info brief
Ptb hitachi tech buying info briefPtb hitachi tech buying info brief
Ptb hitachi tech buying info briefCristina De Luca
 
Aspectos Atuais em Sistemas de Informação
Aspectos Atuais em Sistemas de InformaçãoAspectos Atuais em Sistemas de Informação
Aspectos Atuais em Sistemas de InformaçãoElvis Fusco
 
Petic Dan Tech
Petic Dan TechPetic Dan Tech
Petic Dan Techklvson
 

Semelhante a Desafios da integração TI e TA (20)

Apresentação Brazil ISA 2013
Apresentação Brazil ISA 2013Apresentação Brazil ISA 2013
Apresentação Brazil ISA 2013
 
IT Concepts - Portuguese
IT Concepts - PortugueseIT Concepts - Portuguese
IT Concepts - Portuguese
 
Gestão de serviços em ti
Gestão de serviços em tiGestão de serviços em ti
Gestão de serviços em ti
 
Teoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SI
Teoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SITeoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SI
Teoria de Sistemas de Informação - Atividade: Tecnologia e SI
 
Dayana222
Dayana222Dayana222
Dayana222
 
261 261 case_ocomon
261 261 case_ocomon261 261 case_ocomon
261 261 case_ocomon
 
Governança de TIC
Governança de TICGovernança de TIC
Governança de TIC
 
AE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TI
AE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TIAE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TI
AE Rio 2011 - Desafio da implantação de arquitetura de TI
 
Sistema de informação executiva área de vendas
Sistema de informação executiva área de vendasSistema de informação executiva área de vendas
Sistema de informação executiva área de vendas
 
Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...
Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...
Utilização de Ferramenta de Gestão de TI para melhoria dos serviços prestados...
 
Indyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TI
Indyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TIIndyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TI
Indyxa - E-book: 5 passos para aumentar a eficiência do setor de TI
 
Palestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementação
Palestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementaçãoPalestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementação
Palestra UNIBERO (SP) - SOA: Conceito e prática na implementação
 
Ptb hitachi tech buying info brief
Ptb hitachi tech buying info briefPtb hitachi tech buying info brief
Ptb hitachi tech buying info brief
 
Indicadores para a area de TI
Indicadores para a area de TIIndicadores para a area de TI
Indicadores para a area de TI
 
Erp
ErpErp
Erp
 
ERP
ERPERP
ERP
 
Aspectos Atuais em Sistemas de Informação
Aspectos Atuais em Sistemas de InformaçãoAspectos Atuais em Sistemas de Informação
Aspectos Atuais em Sistemas de Informação
 
Business Intelligence - Data Warehouse
Business Intelligence - Data WarehouseBusiness Intelligence - Data Warehouse
Business Intelligence - Data Warehouse
 
Petic Dan Tech
Petic Dan TechPetic Dan Tech
Petic Dan Tech
 
Governança TI halan
Governança TI halanGovernança TI halan
Governança TI halan
 

Desafios da integração TI e TA

  • 1. 1 PRINCIPAIS DESAFIOS, OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO ENTRE A TECNOLOGIA DA ATOMAÇÃO (TA) E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI) 1Renato Mendes RESUMO Nos últimos anos temos assistido a adoção maciça de sistemas informatizados de apoio à produção. Capitaneados pelo surgimento dos primeiros sistemas do tipo SCADA rodando em plataformas de computação economicamente acessíveis (ou os chamados PCs - Personal Computers), são inúmeras as soluções hoje disponíveis para supervisão de processos, gestão de dados históricos, controladores de malhas, controle de ativos e processamento de alarmes, entre várias outras. O grande efeito disto tem sido ganhos expressivos em produtividade e qualidade na gestão operacional dos processos no chão-de- fábrica, sejam eles processos contínuos, do tipo batch ou discretos. Também nos últimos anos, especialmente em função do chamado “bug do milênio”, as empresas fizeram pesados investimentos de sistemas de gestão empresarial. A sigla ERP (do inglês Enterprise Resource Management) tornou-se termo comum, reduzindo custos operacionais e produzindo mais eficiência nas operações corporativas, principalmente nos chamados “processos de escritório”, tais como faturamento, compras, contas a pagar e receber, etc. A integração dos sistemas do chão-de-fábrica (níveis 1 e 2 da estrutura de camadas de sistemas ISA) e dos sistemas do tipo ERP (nível 4 da estrutura de camadas ISA) nos apresenta o grande desafio para os próximos anos nas áreas de automação e tecnologia da informação. Apesar de que muitas soluções têm sido oferecidas no mercado tendo como foco a integração entre os níveis 1 e 2 e o nível 4, a grande totalidade delas apresenta-se de forma pontual e ainda não totalmente consolidadas, apesar dos esforços da ISA em estabelecer padrão de integração entre estes níveis através da ISA-95. Integrar os sistemas do chão de fábric acom os sistemas de tecnologia da informação corporativos é um desafio bem mais complexo do que o tema sugere. Esta complexidade surge das divergências em questões como arquitetura técnica, visão de processos de negócio, metodologia e cultura corporativa, entre outros. Dentro do cenário acima, o desfio do processo de produção integrado passa obrigatoriamente pela integração do TA e do TI. Sem uma integração homogênea dos processos e dos sistemas será cada vez mais difícil e complexa a entrega de valor ao negócio. Neste trabalho procuramos explorar um pouco mais este cenário, entendo os principais desafios e indicando possíveis caminhos para a condução de projetos nesta área. 1 Diretor da Mezasoft Desenvolvimento de Sistemas e Tecnologia Ltda, Brasil. (http://br.linkedin.com/in/???)
  • 2. 2 1. O AMBIENTE DE TA O que comumente chamamos de tecnologia da automação (ou TA) representa todo o conjunto de sistemas e programas de computador utilizados nos níveis inferiores da pirâmide ISA de automação – tipicamente os níveis 0, 1 e 2. Nos últimos anos, com a evolução dos sistemas computacionais de baixo custo (os chamados PC´s – personal computers), um conjunto muito grande de software foi lançado ao mercado com o objetivo de apoiar as operações de manufatura e processos no chão-de-fábrica. Destacam-se entre estes os sistemas SCADA (também conhecidos como sistemas supervisórios), historiadores e os sistemas PIMS – Process Information Management Systems. Os softwares de TA normalmente são pacotes do tipo ferramenta, onde pode-se adquirir licenças de execução (runtime) e de desenvolvimento. Algumas empresas fornecedoras destes pacotes oferecem ao mercado um conjunto completo de serviços complementares, tais como treinamento, consultoria e suporte especializado. Muito comum é também deixar a cargo dos chamados integradores de soluções a construção do projeto, e em alguns casos o próprio cliente faz a adaptação da ferramenta as suas necessidades e o desenvolvimento da solução final. Apesar de no início apresentarem severas dificuldades de integração, hoje em dia quase que a totalidade dos softwares de TA utiliza a tecnologia OPC para troca de dados, que apesar de já estar defasada tecnologicamente, cumpre bem com os requisitos que se propõe. Ferramentas de TA, com algumas exceções, vem incorporadas com seu próprio banco de dados, de uso limitado dentro da solução. Extensões de integração com banco de dados corporativos estão disponíveis em vários casos. A filosofia, estratégia de mercado e de comercialização dos produtos de software de TA assemelham-se muito, tendo como base o posicionamento do produto como ferramenta de engenharia, procurando utilizar os mesmos canais de comunicação e vendas de outros componentes de automação, tais como os PLCs, SDCDs. Hoje quase a totalidade dos grandes fornecedores de PLCs e SDCDs possuem versões próprias de sistemas SCADA e historiadores. Os sistemas de TA são desenvolvidos com a visão do processo operacional do chão-de-fábrica, estendendo e incorporando os conceitos de engenharia de campo para dentro dos softwares. Muitas das soluções de TA rodam em um único microcomputador, sendo que algumas apresentam um número pequeno de usuários concorrentes, em soluções distribuídas ou do tipo cliente/servidor. 2. O AMBIENTE DE TI O ambiente de TI caracteriza-se pela visão de processos de negócio, tendo a tecnologia como ferramenta de apoio. Normalmente divididos em infraestrutura e negócio, os sistemas e a cultura da área de TI possui uma grande amplitude, atendendo a todas as
  • 3. necessidades de aplicação da informática na empresa. Dentre os mais diversos desafios da área de TI, citamos suas mais importantes áreas de atuação, por grupos: Infraestrutura: redes, sistemas operacionais, armazenamento de dados, sistemas de comunicação de voz e dados, dispositivos móveis, segurança da informação, etc. Aplicativos de Usuário: editores de texto, planilha eletrônica, ferramenta de apresentação, e-mail, backup, antivírus, etc. Aplicativos de Negócio: sistemas financeiros em geral (contabilidade, contas a pagar e receber, faturamento, livros fiscais, etc.), CRM (Customer Relationship Management), ERP (Enterprise Resource Management), BI (Business Intelligence), etc. É muito comum que sistemas de TI atendem entre dezenas e centenas de usuários concorrentes, sendo que em algumas grandes empresas existem soluções com milhares de usuários, descentralizados em locais diversos, com perfis diferenciados. O ambiente de TI apresenta um alto grau de complexidade de negócios, sendo bastante desafiador o gerenciamento e operação de seus sistemas e equipes. A área de TI normalmente opta por adquirir sistemas consolidados, contando fortemente com parceiros estratégicos para a oferta de soluções completas contendo licenciamento, desenvolvimento da solução final e serviços de suporte continuado. Banco de dados centralizado, data centers especializados, padrões bem estabelecidos de integração de dados e métodos e controles rígidos de desenvolvimento de sistemas são ambientes comumente encontrados nesta área. Soluções em TI possuem fortes componentes de continuidade dos negócios, integração de processos e padrões corporativos. 3 3. A NORMA ISA-95 A ISA oferece ao mercado a norma ISA-95, que é o padrão internacional para integração entre os sistemas empresariais e de controle. Basicamente trata de integração das funções de vendas, finanças e logística, pelo lado do TI, aos sistemas de produção, manutenção e qualidade, do lado do TA. A ISA-95 é dividida em quatro partes, a saber: ISA-95.01 – Trata dos modelos da ISA-95 e da terminologia da norma. ISA-95.02 – Trata do modelo de objetos da interface entre os sistemas de controle e os sistemas corporativos. ISA-95.03 – Trata dos modelos de atividade, ou como as funções da norma interagem entre si. ISA-95.04 – Trata do detalhamento dos objetos da norma e de seus atributos.
  • 4. Ao contrário do que muitos podem pensar a princípio, a ISA-95 não é uma especificação de sistema ou um conjunto de regras absolutas, mas sim um guia para aqueles que necessitam realizar integração entre TI e TA de forma mais organizada e planejada. A norma apresenta-se com linguajar técnico de modelagem de sistemas computacionais, utilizando o padrão UML (Unified Modeling Language), exigindo conhecimentos de OO (Orientação a Objetos) para seu perfeito entendimento. 4 Figura 1 - Visão Geral da Norma ISA-95 Não é objetivo deste documento entrar em detalhes da norma ISA-95, mas destacar sua existência e importância como guia de implementação da integração TI e TA. 4. DIFERENÇAS CULTURAIS DO AMBIENTE DE TI E DE TA É natural que a evolução do ambiente de TA faça nascer a inevitável necessidade do encontro desta com o TI corporativo. Mais do que ocasional, a integração TA e TI é uma grande oportunidade para empresas do setor industrial em construir a tão sonhada plataforma de produção em tempo real, ou “empresa em tempo real”, contemplando áreas de planejamento, programação e operação do parque fabril, sincronizando os recursos produtivos às necessidades do mercado. Além da complexidade natural da tecnologia envolvida, o encontro do TI ao TA traz um enorme desafio cultural de integrar equipes de visão e conceitos oblíquos, sendo normalmente uma fonte permanente de conflitos e problemas de comunicação, gerando
  • 5. atrasos em projetos e frustrações para ambas as partes. São poucas as empresas que dão conta de integrar estas culturas de forma produtiva e harmônica, sendo ainda raros os projetos realizados nesta área em que se consegue um bom equilíbrio de custos, prazo, escopo e qualidade. A seguir apresentamos algumas conflitos comumente encontrados em ambientes de projeto TAxTI: · TI busca atendar aos procedimentos e a metodologia corporativos de desenvolvimento, enquanto TA normalmente possui a cultura e a liberdade de criação e da engenharia de suas soluções. · TI procura atender aos requisitos de metadados corporativos no que tange aos sistemas de banco de dados e de integração, enquanto TA busca adotar a modelagem e o padrão já existente nos pacotes e soluções de seu de chão-de-fábrica. · TA gosta de trabalhar de soluções de controle total – adquirindo ferramentas próprias de desenvolvimento e controlando o ciclo de implementação ponta a ponta. TI procura adotar padrões internacionais e soluções consolidadas, gerenciando o desenvolvimento com método faseado, embutindo um forte componente de terceirização. · TA tem a cultura de realizar suporte próprio das soluções, com visão de extensão dos processos de manutenção do chão-de-fábrica (elétrica, mecânica, automação, etc.). TI trabalha o processo de suporte de forma multinível, orientado a SLA (Service Level Agreement) muitas vezes contando com parceiros externos e fornecedores especializados. · TI trabalha organiza ambientes de desenvolvimento, homologação, testes e produção dos sistemas, compartimentalizando estes ambientes e isolando ao máximo o ambiente de produção das fases de desenvolvimento. TA trabalha com ambiente de desenvolvimento, que após o comissionamento é migrado ao sistema de produção. Normalmente não encontramos ambientes de testes e homologação em TA. Pontos de vista e estratégias divergentes, como os exemplos citados acima, são frutos da formação e origem das equipes de TA e TI. Equipes de TA normalmente são oriundas da engenharia, dos processos operacionais, do fazer e construir pelas próprias mãos. Já a cultura das equipes de TI é originária de uma formação dividida entre tecnologia, metodologia e negócios, onde a visão de continuidade de atendimento aos processos de negócio é o principal desafio. 5. PRINCIPAIS ÁREAS DE DOMÍNIO DA INTEGRAÇÃO ENTRE O TA E 5 O TI
  • 6. Não existe um limite para a integração entre as áreas de TA e o TI, assim como não existe um escopo mínimo do trabalho. A melhor escolha do escopo deve passar pelas necessidades maiores do negócio e aquelas áreas que mais podem contribuir para os resultados de curto, médio e longo prazo. É comum iniciar-se a integração dos sistemas de TA e TI com aplicações simples de troca de dados, tais como apontamento de alguma informação relevante do chão-de-fábrica no ERP (posição de estoque, trabalho em progresso, etc.) ou envio de algum parâmetro operacional para os sistemas SCADA ou similares (setpoint de processo ou dados de ordem de produção). Estas aplicações, apesar de muito úteis e trazerem grandes resultados, representam ainda muito pouco do ptoencial que a integração TAxTI pode trazer para o negócio. Em uma abordagem de negócio como um todo, normalmente consideramos os seguintes domínios como áreas essenciais do escopo de integração entre TA e TI: Planejamento da produção: Análise e determinação dos objetivos de produção no chão-de-fábrica, a partir de estudos de mercado, histórico de vendas, de pedidos e outros elementos analíticos. O planejamento de produção define “o que” e “quanto” deve ser produzido em janelas de tempo estabelecidas. Programação da produção: Após a determinação dos produtos e das quantidades, é necessária realizar a programação da produção em seus detalhes, tais como a programação de compras e de entrega de materiais, disponibilidade de equipamentos, recursos humanos, ferramentas, infraestrutura, etc. Execução da produção: A execução da produção envolve a delegação das ordens de produção aos seus executores, disponibilização de recursos, apontamentos de tempos e movimentos, controle de qualidade, acompanhamento de estoques de matéria prima, inventários e estoque em produção, execução da manutenção e paradas. Controle de produção e do negócio: Acompanhamento de indicadores e tendências, tratamento de exceções e desvios, suporte à tomada de decisão, controle de inventário e uso de recursos, reporte e registro para auditoria. Somente com a integração TA e TI as funções acima descritas podem ser plenamente suportadas pela tecnologia no contexto corporativo. 6
  • 7. 7 6. PRINCIPAIS OBJETIVOS DA INTEGRAÇÃO ENTRE O TA E O TI Do ponto de vista geral, o principal objetivo da integração entre o TA e o TI é a unificação dos processos essenciais do negócio em toda a empresa, considerando a diferença entre os ambientes tecnológicos e culturais destas áreas. É comum executamos melhorias em TA, em processos do chão-de-fábrica, sem que estes estejam integradas com o restante da empresa. Isto pode nos levar a aperfeiçoar processos que não vão de encontro aos melhores resultados. Nestes casos dizemos que estamos criando excelência no sentido errado, no objetivo inconsistente. Por outro lado, encontramos também mapeamento de processos de negócio em TI onde é exigido do chão-de-fábrica indicadores, tipo de controle ou tempo de execução incompatíveis com a realidade do chão-de-fábrica. Isto leva as áreas corporativas a criar falsas expectativas de execução e graves falhas no planejamento. Alguns reflexos destes descompassos são visíveis. Não é incomum em empresas industriais vermos as equipes de vendas comemorando metas de final do ano sem que o parque fabril tenha sequer capacidade física de produção dos itens vendidos, gerando destruição de valor no cliente que certamente terá pedidos atrasados ou cancelados. Os processos corporativos podem iniciar em qualquer área e terminar em qualquer outra área. Podem se iniciar no comercial, passar pelo marketing e pelo financeiro, ir para o PCP e dali para a logística e a produção. Necessariamente cada um dos participantes falará sua própria língua e terá sua própria visão do processo. A capacidade de realização deste processo ponta-a-ponta é fator chave de sucesso para o bom funcionamento empresarial, e a integração TAxTI é meio tecnológico fundamental para que isto aconteça. O principal foco da integração TAxTI deve sempre ser o suporte e a automação ponta-a-ponta dos processos, indo e vindo das áreas corporativas e do chão-de-fábrica, falando a língua de cada área e respeitando as complexidades e particularidades de cada ator do processo. Lembramos que em uma empresa industrial o chão-de-fábrica é a principal fonte de restrições e limites ao negócio, devido a sua natureza e a natureza de seus recursos. Afinal, não se instala um novo maquinário em curto prazo e às vezes pedidos de insumos devem ser feitos com meses de antecedência para que possam ser entregues no prazo necessário para a produção. Excluindo-se os assuntos financeiros (capital e caixa), o chão-de-fábrica responde por boa parte dos chamados “problemas” empresariais, mesmo se o problema tenha surgido da
  • 8. inexistência ou falta de qualidade do planejamento e programação das operações nas áreas corporativas. A construção de uma solução tecnológica que possa unir as ferramentas já consolidadas das áreas de TA e de TI, sempre com a visão do processo ponta-a-ponta, deve ser o principal objetivo de um projeto de integração TA/TI. Cuidar dos metadados, garantir a consistência da integração, embutir e utilizar tecnologia consolidada e pensar na continuidade, expansão e futuro da solução deste seu primeiro momento são fatores críticos de sucesso para uma boa implementação, garantindo que o perfil e a cultura distinta de usuários dos sistemas da empresa terão a mesma visão do negócio e trabalhem sempre com o mesmo objetivo. 7. PRINCIPAIS RESULTADOS EM PROJETOS DE INTEGRAÇÃO TI E TA São raros os projetos em tecnologia que apresentem resultados tão tangíveis e expressivos quanto a integração do TA e o TI em empresas industriais. Um bom processo de planejamento de produção pode reduzir em 95% a pontualidade de entrega aos clientes, e proporcionar reduções da ordem de 50% em níveis de estoque de produção. Existem vários casos de implementações que possuem payback contados em semanas ou até dias. A visão em tempo real dos indicadores de execução pode reduzir em 90% as perdas e o estoque em processo, assim como indicar com precisão os gargalos, que muitas vezes não são fixos, permitindo aumentos de até 50% em produtividade. Isto tudo sem incorporar mais ativos ou recursos ao processo. O sincronismo das áreas da empresa, aliados ao controle e previsibilidade dos indicadores de processo é o que propicia a obtenção de ganhos tão expressivos como os citados no parágrafo acima. Projetos bem sucedidos em TAxTI entregam processos de planejamento, programação e execução da empresa perfeitamente alinhada entre a produção e as outras áreas de negócio. Além do resultado financeiro, projetos desta natureza permitem a redução significativa do estresse operacional do dia-a-dia e o sentimento de descontrole das operações, seja porque as equipes passam a ter informações relevantes sobre os processos, seja porque qualquer desvio no chão-de-fábrica é imediatamente refletido nas informações para tomada de decisão imediata. Devemos lembrar que, apesar dos esforços das equipes de gestão e de suporte, não podemos evitar que uma máquina pare ou que alguma matéria prima se atrase. O que podemos certamente evitar é o estresse da incerteza sobre o que fazer quando estes eventos acontecem, principalmente se estamos pressionados 8
  • 9. com metas e resultados com a empresa e seus clientes, como normalmente acontece. 9 8. CONCLUSÕES A integração entre o TA e o TI não é uma tarefa trivial. Requer uma visão de processos desenvolvida, habilidades para aglutinar culturas heterogêneas e a escolha de ferramentas e tecnologias adequadas à tarefa. Contudo, é o grande desafio das empresas industriais para os próximos anos. Projetos de integração de sucesso são normalmente modulares, divididos em fases, apresentando resultados acumulativos na medida em que novos processos são incorporados. São projetos que exigem investimento contínuo, mas que apresentam desde suas primeiras fases retorno positivo do investimento. Empresas que realmente querem alavancar ganhos reais em produtividade e competitividade devem utilizar os recursos de TA e TI integrados. Esta integração cria empresas mais fortes, com diferenciais competitivos reais em curto, médio e longo prazo.