O documento apresenta um planejamento didático para uma aula sobre a ditadura militar no Brasil utilizando a música como ferramenta. A aula tem como objetivo fazer com que os alunos conheçam e reflitam sobre a luta pela cidadania durante a ditadura através da análise da música "Para não dizer que não falei das flores". A aula também inclui debates e análise de materiais sobre o período para promover uma leitura crítica do tema.
1. Disciplina: Tecnologia Aplicada à Educação
Professor: Paulo Ross
Alunos (as): Branca Ester Possamai, Fabiana Thomé da Cruz, Dulcemar Lima
Paula
Turma: 4º A Ano: 2010
Planejamento: Roteiro Didático de História
Tema: A Ditadura Militar no Brasil
Proposta Didática para o Ensino Médio
Objetivos da aula: O objetivo final é fazer com que os educandos possam
conhecer e refletir sobre a luta pela cidadania e por direitos sociais no período
da ditadura militar no Brasil. Buscando fazer com que eles compreendam que
se de um lado houve repressão, censura, perseguição e delação, de outro
tivemos manifestações, expressões artísticas, atos públicos e assembléias que
repudiaram a ditadura militar. As músicas também constituíram uma forma de
protesto, e muitas vezes seus autores sofreram punições como prisão,
censura, “convites” para se retirar do país ou mesmo extradição, como Geraldo
Vandré, Caetano Veloso, Raul Seixas e muitos outros artistas.
Problematizacão – A aula irá contribuir e favorecer o reconhecimento dos
acontecimentos ocorridos durante o período da ditadura militar. Podemos
através da música trabalhar a luta pelos direitos humanos e cidadania, de
modo que os alunos tenham a oportunidade de reconhecer a importância
dessas lutas e suas conquistas para o nosso país.
Estratégias de ensino- aprendizagem – Ver e ouvir através de um vídeo a
canção “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré. Perguntar
para os alunos do que trata a música, a qual tema se refere e com que
abordagem. Em seguida propor um debate, apresentando para eles os fatos
ocorridos na época da ditadura e levá-los a fazer uma leitura crítica sobre o
tema.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
2. Providenciar e levar para a sala de aula diversos recortes de jornais, revistas e
fotografias relacionados ao período estudado, para que assim eles possam
analisar as passagens em que se percebe um critica política e social. Depois
perguntar para os alunos:
- A música deve transmitir mensagens políticas?
- O que os mais velhos contam sobre o período da ditadura militar?
- Houve ganhos? E perdas?
- Quanto à cidadania, o que se conquistou e o que se perdeu nas últimas
décadas no Brasil?
- Como se dá a participação popular no Brasil de hoje? Há manifestações
públicas?
- Como os veículos de comunicação (imprensa falada e escrita, cinema e
televisão) vêm divulgando essas questões? Como o poder legislativo tem
discutido esses assuntos? Em seguida, pergunte se essa forma de participação
seria possível em uma ditadura.
Para refletir:
A Ditadura Militar No Brasil
De 1964 a 1985 o Brasil viveu a Ditadura Militar. O povo não escolhia os
presidentes nem os governantes e o Congresso Nacional não podia controlar
os generais presidentes. Os sindicatos, as universidades e os jornais eram
vigiados pela polícia.
Sempre houve resistência ao regime: passeatas estudantis (1967 –
1968), mobilização da sociedade civil (a partir de 1975): operários, jornalistas,
advogados, professores, camponeses, donas de casa, políticos e estudantes
disseram não à ditadura.
A Música da Contestação
O crescimento da indústria de discos, do rádio e da televisão aumentou
a importância da música popular brasileira (MPB) na vida dos brasileiros.
Depois de 1964, como não podia deixar de ser, muitos compositores fizeram
3. canções com letras que criticavam o regime. Na época, era comum se dizer
que o artista tinha a obrigação de “conscientizar politicamente “a sociedade.
Nomes conhecidos da bossa nova se juntaram a novos valores. A
juventude universitária nutria um gosto especial por Chico Buarque, Edu Lobo,
Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho, Caetano Veloso, Milton
Nascimento, sem falar nas cantoras, como Nara Leão, Elis Regina e Maria
Bethânia.
Em 1968, todos cantavam a célebre “Pra não dizer que não falei das
flores”, de Geraldo Vandré, com o refrão “Vem, vamos embora, que esperar
não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer”, verdadeiro hino das
passeatas de estudantes contra a ditadura militar.
Em 1969, os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso lançaram o
tropicalismo, que era um modo de fazer MPB abordando temas cotidianos e
mais voltados para o indivíduo do que para a política, misturando influências da
bossa nova, do jazz, do rock, de ritmos do Caribe e do Nordeste, da música
erudita de Villa Lobos, da poesia concretista. No começo, incompreendidos
(alguns críticos disseram que o uso de guitarras era uma submissão à cultura
dos EUA). Mas em pouco tempo se tornaram ídolos de uma geração de
adolescente e de pessoas maduras.
Nos anos 70 e começo dos 80, outros nomes, entre veteranos e novos
valores, também, se destacaram.
Como podemos perceber, foi um período riquíssimo em criatividade, o
que mostra que um regime autoritário não determina de forma absoluta a
realidade e sempre existe a possibilidade de transgressão e de construção de
uma história que está em permanente mutação.
Referências Bibliográficas
MONTELLATO, Andrea Rodrigues Dias. História Temática: o mundo dos
cidadãos, editora Scipione, 2000
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica, editora Nova Geração, 2002