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  1. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO Issue Date O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI? O Enem cobra 45 questões das disciplinas que integram a área de Ciências Humanas, no caso, História, Geografia, Sociologia e Filosofia. FILOSOFIA E SOCIOLOGIA Em Filosofia e Sociologia, a cobrança tem sido feita um pouco além de uma simples leitura e interpretação de texto. "O Enem vem cobrando conceitos fundamentais, o que implica a exigência do domínio dos temas". HISTÓRIA Em História, é notória a preocupação do Enem em cobrar movimentos sociais e movimentos por direitos humanos. Deve ser dada atenção especial às conquistas trabalhistas, às conquistas das mulheres e a períodos de ditadura no Brasil (tanto a de Getúlio Vargas quanto a militar). Além disso, conforme ressaltado pelos professores, o Enem tende a cobrar mais História do Brasil do que História Geral. Outro ponto importante que deve ser destacado é que a prova de Ciências Humanas, em geral, costuma pedir comparação entre textos, análise de imagens (charges, obras de arte, fotos), além da relação entre texto e imagem. GEOGRAFIA Em Geografia, o Enem costuma cobrar interpretação de gráficos e tabelas. Temas sociais também são priorizados, mas aspectos físicos como hidrografia ou vegetação sempre aparecem. Importante focar também em urbanização, indústria, transportes e agricultura. PRINCIPAIS MOVIMENTOS SOCIAIS BIOÉTICA CIDADANIA PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA QUESTÃO AMBIENTAL OS TEMAS MAIS RECORRENTES
  2. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 2 O conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio do embate político, dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específico. Fazem parte dos movimentos sociais, os movimentos populares, sindicais e a organizações não governamentais (ONGs). Problema que ainda hoje nos aflige, a concentração de terras se apresentava como o principal ingrediente motivador das rebeliões que ocorreram nos campos brasileiros na passagem do século XIX para o XX. A exploração da mão de obra camponesa e as dificuldades de acesso à propriedade rural podem ser encontrados, assim, nas origens da “Revolta de Canudos”, da “Guerra do Contestado” e do movimento do “Cangaço”. Ocorridos em locais distintos, a formação do arraial de Canudos (Bahia) e a Revolta do Contestado (região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina) fizeram- se a partir da luta dos mesmos atores sociais, ou seja, camponeses explorados em decorrência da expansão latifundiária. Do mesmo modo, possuíam a liderança de personagens entendidos por seus seguidores como verdadeiros “messias”. Antonio Conselheiro e José Maria representavam, portanto, um comando que era ao mesmo tempo político e religioso. Os destinos dos dois movimentos foram igualmente semelhantes, com seus integrantes sendo ferozmente combatidos pelas tropas federais. E este foi o mesmo tratamento dado aos “cangaçeiros”. Interpretados pela historiografia ora como “heróis” que roubavam dos ricos para dar aos pobres, ora como bandidos que corrompiam a ordem estabelecida, estes indivíduos se utilizavam de práticas não legais como forma de resistência à miséria que os afligia. O enfrentamento a tais movimentos correspondia, deste modo, tanto aos interesses das oligarquias latifundiárias, quanto aos de um governo que ainda almejava se consolidar em âmbito nacional e que, portanto, não poderia admitir tamanhas convulsões sociais. MOVIMENTOS SOCIAIS CANUDOS, CONTESTADO E CANGAÇO by [Article Author]
  3. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 3 REVOLTA DA ARMADA Embora tivesse uma população majoritariamente camponesa, a sociedade brasileira não se limitou ao espaço rural para demonstrar suas insatisfações com a recém-proclamada república. Contrários ao centralismo político que marcou as gestões de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, rebeldes se levantaram no Rio de Janeiro e em cidades do sul através das “Revoltas da Armada”. Organizadas por setores da marinha, foram severamente reprimidas pelo governo, fato que valeu a Floriano a alcunha de “Marechal de Ferro”. Em 1910, setores da marinha vieram novamente a se rebelar contra o governo. No entanto, dessa vez a revolta se fez a partir de marinheiros inconformados com as punições físicas que sofriam através da ação de seus superiores. A questão racial contribuiu igualmente à eclosão do movimento, já que a grande maioria dos castigados era constituída por marinheiros negros, muitos dos quais ex- escravos. Sob a liderança de João Cândido, o “Almirante Negro”, os revoltosos se confrontaram contra os militares fiéis ao governo, sendo derrotados após sangrentos embates. REVOLTA DA VACINA A cidade do Rio de Janeiro apresentava grande centralidade nos movimentos sociais ocorridos durante a República Oligárquica. Capital federal, foi palco de inúmeros levantes contra o governo, inclusive da polêmica “Revolta da Vacina”. Tendo ocorrido durante a gestão do prefeito Pereira Passos, o movimento se opôs à obrigatoriedade de vacinação contra a varíola imposta pelo poder público. O que se contestava, na verdade, não era apenas o autoritarismo do projeto, mas as reais intenções do governo em estabelecer tal medida. A insatisfação da população carioca com a administração do prefeito “Bota Abaixo” também se relacionava às reformas urbanísticas então desenvolvidas na capital. Marco fundamental do projeto “Paris Tropical”, a avenida Central foi aberta após a demolição de boa parte do morro do Castelo, o que acarretou a saída compulsória de diversas famílias que ali moravam. Muitas delas passaram a residir, então, em cortiços e nas primeiras favelas formadas na cidade. TENENTISMO Ao longo da década de 1920 as críticas ao governo federal ficaram ainda mais vorazes. Diversas revoltas colocavam em xeque a legitimidade das oligarquias que então estavam no poder. Opunham-se, deste modo, às estruturas arcaicas que perduravam no país, como a prática do voto de cabresto, as elevadas taxas de analfabetismo e a debilidade de nossas incipientes indústrias. Nesse contexto, e lutando contra tais mazelas, é que serão organizadas a Semana de Arte Moderna (São Paulo) e o movimento “tenentista”. A “SAM”, além de sua grande importância em termos intelectuais e artísticos, foi vanguardista ao criticar claramente os desmandos das elites políticas brasileiras. O “Tenentismo”, idealizado por tenentes e outros jovens militares, uniu diversos setores das forças armadas contra esses mesmos poderosos. A “Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana” e a “Coluna Prestes” são dois exemplos de eventos mobilizados a partir das concepções tenentistas.
  4. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 4 1968: O ANO QUE SACUDIU O MUNDO Manifestações estudantis em Paris, movimentos antiguerra nos Estados Unidos, a utopia pela democracia em Praga, a luta pelo fim da ditadura no Brasil... Depois de 1968, o mundo nunca mais foi o mesmo e, embora nada tenha ocorrido da forma esperada, seus efeitos são sentidos até hoje Se o século 20, o mais movimentado da história, teve um ponto em torno do qual transformações se concentraram como um enxame, esse momento foi certamente 1968. Foram, acima de tudo, 12 meses de ruptura. No planeta todo, muitos estavam empolgados (outros, horrorizados) com a perspectiva de questionar heranças antigas e sagradas: patriotismo, coragem militar, estrutura social e familiar, lealdades ideológicas e legados culturais. Os que se deixaram levar pelo entusiasmo daquele ano sentiam que, enquanto um mundo morria, outro estava nascendo. E queriam de toda forma estar entre os parteiros. O que eles não perceberam de cara, no entanto, é que nem todas as mudanças radicais estavam ao alcance da mão. Embora as relações raciais e sexuais, a situação da mulher, a cultura e a guerra nunca mais fossem as mesmas depois de 1968, o saldo desse ano amalucado não foi propriamente uma revolução, mas uma divisão – um abismo que talvez ainda separe as pessoas em dois campos difíceis de reconciliar. “O mundo inteiro está vendo!” A chave para entender por que 1968 foi tão singular talvez apareça nesse slogan, gritado pelos estudantes americanos que apanhavam da polícia de Chicago durante a convenção do Partido Democrata na cidade. O escritor americano Mark Kurlansky, autor de 1968 – O Ano Que Abalou o Mundo, aponta que, pela primeira vez na história, os meios de comunicação interligavam o planeta inteiro via satélite, ao vivo. Muitos governos viam a sucessão de protestos e rebeliões como prova de uma conspiração internacional. A explicação verdadeira para a sincronia, porém, era bem mais simples: os manifestantes tinham ficado sabendo uns dos outros pela TV. A televisão, no entanto, era só um catalisador, diz Kurlansky. “Se eu tivesse que escolher um único fator como aquele que influenciou a geração de 1968, seria a Segunda Guerra Mundial, a qual, por sua vez, gerou a Guerra Fria”, diz. “Minha geração rejeitou a visão de um mundo dividido por duas superpotências armadas até os dentes. Isso significa que 1968 foi diferente de 1967 ou 1969 por representar um crescendo dramático de acontecimentos, que começaram antes desse ano e continuaram depois dele.” Sua geração era a dos baby-boomers, jovens nascidos após o fim da Segunda Guerra, na maior explosão demográfica já ocorrida no Ocidente (o baby boom). Seus filhos – 75 milhões de pessoas só nos Estados Unidos – beneficiaram-se da prosperidade econômica nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, tornando-se a geração mais bem educada e rica de seus países natais. Nunca tantos jovens tinham ido parar na universidade de uma vez só. Possuíam, portanto, condições ideais para consumir novos tipos de cultura de massa, formação para discutir política e interesse em levar uma vida diferente da de seus pais Fatos que marcaram a cultura em 1968 • Jimi Hendrix lança, em 10 de janeiro, seu segundo disco, Axis: Bold as Love • Na Índia, em fevereiro, os Beatles encontram Maharishi Mahesh Yogi e popularizam a técnica da meditação • Em 6 de abril, Stanley Kubrick lança o clássico da ficção científica 2001, Uma Odisséia no Espaço • Também em abril estréia o musical hippie Hair, na Brodway, com nudez e apologia às drogas • Em maio, estréia no Brasil O Bandido da Luz Vermelha, marco do cinema marginal • Após recusar um roteiro da feminista Valerie Solanas, Andy Warhol leva um tiro dela e é internado • Em julho, radicais de direita espancam atores da peça Roda Viva, de Chico Buarque • No mesmo mês, chega ao mercado o disco Tropicália ou Panis et Circensis, com uma mistura de ritmos • Em 7 de setembro, mulheres protestam em pleno concurso de Miss Estados Unidos • Em setembro, Geraldo Vandré é preso após cantar “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” no Festival Internacional da Canção da TV Globo • Ainda no mesmo mês, Caetano Veloso é vaiado no Festival ao cantar “É Proibido Proibir” e diz que o povo não estava entendendo nada • Estranhamente, os Beatles e seu White Album, lançado em novembro, pediam moderação
  5. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 5 DIRETAS JÁ Diretas Já foi um movimento político democrático que teve uma das maiores participações políticas da história do Brasil. Seu início aconteceu no ano de 1983, no governo de João Batista Figueiredo. Esse movimento apoiava a emenda do deputado Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para o cargo de Presidente da República em nosso país. Os participantes Esse movimento ganhou o apoio dos partidos PMDB e PDS. Com isso, diversos políticos da época como: Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, José Serra, Mário Covas, Teotônio Vilela, Eduardo Suplicy, Leonel Brizola, Luis Inácio Lula da Silva, Miguel Arraes e muitos outros passaram a participar do Diretas Já. Mas não foram apenas os políticos que fizeram parte desse movimento, alguns artistas, jogadores de futebol, cantores e religiosos também fizeram parte, além de uma grande parte da população. As causas do movimento A última eleição direta havia sido no ano de 1960, o Brasil estava sob regime militar desde 1964. A Ditadura já não iria perdurar por muito tempo. A inflação estava alta, a dívida externa em um valor exorbitante, o desemprego, e muitas outras coisas mostravam como o sistema estava em crise. Os militares, que ainda estavam no poder, tentavam pregar uma transição democrática lenta, consequentemente passaram a perder o apoio da sociedade, que muito insatisfeita com a situação, queria o fim do regime militar o mais rápido possível. A próxima eleição para a presidência iria acontecer em 1984, e seria realizada de modo indireto, através do Colégio Eleitoral. E para que a eleição pudesse ocorrer de forma direta, na qual o voto popular valesse, seria necessária a aprovação da emenda constitucional que havia sido proposta pelo deputado do PMDB, Dante de Oliveira. As manifestações Foram realizadas inúmeras manifestações durante esse período, a cor amarela era a o símbolo dessa campanha. Os comícios que ocorriam eram marcados pela presença de pessoas que haviam sido perseguidas pela ditadura militar, membros da classe artística, intelectuais e representantes de outros movimentos lutavam pela aprovação do projeto de lei. As lideranças estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e sindicatos também reforçaram o movimento. Em janeiro de 1984, aproximadamente 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. No dia 10 de abril, um milhão de cidadãos tomou conta do Rio de Janeiro e uma semana depois, cerca de 1,7 milhões de pessoas se mobilizaram novamente na Praça da Sé A votação popular e as eleições indiretas No dia 25 de abril de 1984, o Congresso Nacional se reuniu para votar a emenda que Dante de Oliveira havia proposto. Mesmo após os movimentos e pressão da população, muitos deputados não votaram a favor, por uma diferença de apenas 22 votos e algumas abstenções, o Brasil continuou com o sistema indireto para as eleições de 1985. Para dar a impressão de que seria uma disputa democrática, o governo da época permitiu que civis concorressem ao pleito. Paulo Maluf (do PDS) e Tancredo Neves (do PMDB) foram os indicados e Tancredo venceu a disputa. Mas antes de assumir o cargo de presidente, ele faleceu devido a uma doença e quem assumiu o cargo foi o vice, José Sarney, que tornou-se o primeiro presidente civil depois do regime da Ditadura Militar.
  6. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 6 BIOÉTICA No termo bioética, bios representa o conhecimento biológico, a ciência dos sistemas viventes, enquanto ética, representa o conhecimento dos sistemas dos valores humanos. O nascimento da bioética como disciplina coincide, com um retorno do interesse da parte da ética filosófica pela ética prática; um interesse motivado pela urgência de fornecer um adequado fundamento ao debate público e as legislações e de conduzir o diálogo no contexto das sociedades pluralistas e democráticas. A bioética, atribui-se a função fascinante de dar plenitude de sentido aos conhecimentos no campo das ciências, da vida e da saúde e orientar a expansão dos conhecimentos técnicos e científicos para o bem autêntico e integral da pessoa humana. A definição mais aceita do termo bioética é, sem duvida aquela dada pela Enciclopédia da Bioética: “É o estudo sistemático do comportamento perspectivo a luz dos valores e princípios morais”. Van Potter alarga o âmbito de estudo da bioética ao fenômeno ainda em toda a sua amplitude, presente nas relações dos viventes entre si e deles com o ambiente. Podemos subdividir a disciplina em 3 (três) âmbitos: a bioética humana (bioética medica ou ética biomédica), a biomédica animal (que se ocupa com temas próprios da vida animal, tais como: direitos dos animais, problemas éticos relacionados com a experimentação biomédica, ética das intervenções sobre o patrimônio genético das espécies…) a bioética ambiental, que se interessa com as questões de valor relacionados com o impacto do homem sobre o ambiente natural (ecologia e justiça, desenvolvimento sustentável, biodiversidade, alimentação transgênica…). FUNDAMENTOS HISTÓRICOS A palavra bioética surgiu recentemente. O primeiro a usar o termo de modo documentado foi o oncologista americano, Van R. Potter, em um artigo intitulado Bioethies. The science of survival (1978). Mesmo sendo recente, tal disciplina tem uma história que lança suas raízes no antigo Egito. Entretanto, a contribuição essencial para o nascimento da ética médica, vem do grego Hipocrates (460 – 370 A.C) e da sua escola. Em seu famoso juramento, Hipocrates
  7. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 7 apresentou os traços do bom médico. Podemos afirmar também que a partir de um horizonte espiritual lentamente foi-se formulando um modelo ético normativo que passa pelos posicionamentos dos Santos Padres, a sistematização de São Tomás de Aquino (Semana Theologico, II – II), as reflexões de São Afonso de Ligório (1696 – 1787). Um grande impulso a ética medica se deu ao magistério de Pio XII que nos anos 40 e 50, se mostrou muito atento as questões morais surgidas em função dos desenvolvimentos das ciências biomédicas. O contexto no qual surge a biomédica na segunda metade do século XX é a caracterização por diversos fenômenos sociais e culturais que podemos sintetizar em quatro pontos: o tumultuoso progresso das ciências biomédicas e o surgimento de novas interrogações éticas sobre a capacidade do homem de administrar esse inédito e enorme poder; a crescente consciência que existem direitos humanos inalienáveis, como o objetivo a justiça, que estão fundamentados sobre a dignidade da pessoa humana antes que ainda possam ser reconhecidos pela legislação civil; o abalo do mito da neutralidade ética da ciência; a necessidade de repensar a relação da pessoa humana com o seu planeta. ÉTICA E CIÊNCIA A ética é parte da filosofia: considera concepções de fundo acerca da vida, do universo, do ser humano e de seu destino, institui princípios e valores que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética quando se orienta por princípios e convicções. Dizemos, então, que tem caráter e boa índole. A ciência baseia se em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e nas exigências de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é o conhecimento que resulta de um trabalho racional. As experiências científicas são realizadas apenas para verificar e confirmar as demonstrações teóricas e não para produzir o conhecimento do objeto, pois este é conhecido exclusivamente pelo pensamento. O objeto científico é matemático, por quer a realidade possui uma estrutura matemática. A concepção empirista afirma que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções que ao serem completadas oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento. ÉTICA A PARTIR DA PRÁTICA DA EUTANÁSIA O sentido da vida e da morte – um dos maiores especialistas em bioética do país e membro da pontifica Academia Pro Vida, do Vaticano, Dalton Luiz de Paula Ramos vê a eutanásia como um mal da sociedade. É legitimo que alguém tenha o direito de abreviar a vida de uma pessoa que esta sofrendo? O debate – que há décadas permeia a mente de médicos, filósofos, teólogos, juristas, leigos e fiéis em todo mundo – voltou a tona graças a dois filmes ganhadores do Oscar que
  8. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 8 abordaram o tema: Mar Adentro e Menina de Ouro, lançam ai um olhar sensível sobre pacientes que buscam abreviar seu sofrimento por meio da antecipação da morte, a chamada eutanásia. E esta discussão não poderia deixar de escapar do campo da bioética – ou seja, a ciência da vida, como prefere chamar o professor Dalton Luiz, com mais de dez anos de estudo nesta área, ele tem uma opinião contundente: “A eutanásia é um mal. Temos que pensar na vida e não na morte. Temos que promover a vida”. A pratica da eutanásia – segundo revista veja setembro, 2002 – pode ser considerada homicídio simples e passível de pena de até 20 anos de prisão. A esmagadora maioria dos médicos é contra essa atitude, e os familiares de doentes terminais mesmo que cogitem praticá-la muito raramente tem coragem de fazê-la. Ao contrário do que acontece diante da hipótese de praticar a eutanásia, ocorre com certa frequência a decisão de retirar esses chamados suportes de vida, deixando a natureza cumprir se curso. Há muitas ações para justificar essa decisão. A mais comum é que se quer abreviar o sofrimento do doente. Outra é que a própria família não aguenta mais o padecimento de seu ente. Há também razões práticas como abrir vagas na UTI para alguém com mais chances de sobreviver ou até a falta de cobertura nos planos de saúde. O documento que coloca nas mãos do pacientes a decisão sobre o momento mais adequado para deixar que a natureza siga seu curso é aceito na Dinamarca, no Canadá, no Japão e em Cingapura. No Brasil não há uma lei federal que autorize o paciente a recusar o auxílio de aparelhos de suporte de vida. Pelo código de ética médica brasileira, o médico deve utilizar “todos os meios de diagnostico e tratamento a seu alcance em favor do paciente”. No estado de São Paulo, uma lei de 1999 garante aos pacientes terminais o direito de recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários e de escolher onde querem morrer“. “A grande vantagem da lei paulista é que ao optar por morrer em casa o paciente fica livre da obrigação do médico de usar todos os tratamentos de prolongamento de vida que estão ao seu alcance” , diz Erickson Gavalla presidente da comissão de Bioética da OAB. ÉTICA NAS EXPERIÊNCIAS DE CÉLULAS-TRONCO O projeto de lei biosegurança, que prevê a liberação dos transgênicos e o uso dos embriões humanos nas pesquisas científicas com células-tronco embrionárias foi aprovado pela câmara dos deputados no dia 02/03/2005; foram 366 votos favoráveis, 59 contrários e três abstenções. São dois termos que precisariam ter sidos mais debatidos separadamente. Há limites éticos a serem respeitados. Foi liberado para pesquisa científica a utilização de células- tronco embrionárias desde que seja obtidos em fertilização in- vitro e esteja congelados a mais de três anos. No ato da votação estavam presentes membros da Associação Brasileira de Distrofia Muscular e do
  9. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 9 Movimento em Prol da vida. Compareceram também pessoas que padecem de degeneração progressiva do tecido muscular, que aguardaram com esperança a cura para essas situações, e a expectativa de novos tratamentos para doenças neurológicas como o mal de Alzheimer e o mal de Parkinson e para os diabetes. É preciso, no entanto, atender com exatidão aos dados científicos e as exigências éticas na avaliação do resultado da votação. A questão é complexa e requer esclarecimentos importantes. Temos que saudar as conquistas recentes da ciência, em especial as da genética, que descobre cada vez melhor a maravilha da vida humana, dom do criador. É nessa perspectiva eu se insere a descoberta do uso das células-tronco, que podem pele seu múltiplo potencial, regenerar tecidos e órgãos. Mas temos de distinguir as células tronco embrionárias, que surgem com os primeiros desdobramentos logo após a fecundação do óvulo, das células-tronco maduras, que encontramos no organismo desenvolvido e, em especial, na medula óssea e no cordão umbilical. Quanto ao uso das células- tronco maduras, os resultados são promissores e etnicamente válidos. A restrição está no recurso das células-tronco embrionárias, cujo uso implica na destruição do embrião e por isso é moralmente inaceitável, uma vez que ao ser humano, desde a sua concepção, compete a sua inviolável dignidade. Não é portanto admissível, à luz dos princípios éticos, o voto do senado e da câmara dos deputados que permite sacrificar o embrião humano e reduzi-lo a material de experimentação. Nenhum progresso cientifico é verdadeiro se elimina a vida humana em qualquer fase. As células-tronco maduras abrem amplo horizonte para a pesquisa cientifica e viabiliza a tão desejada cura de muitas enfermidades. Todos os esforços devem, em nosso país, ser empregados para que os cientistas, respeitando a vida e os princípios éticos, façam novas conquistas para o bem da humanidade.
  10. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 10 CIDADANIA HOJE Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e sociais que asseguram a possibilidade de uma vida plena. Esses direitos não foram conferidos, mas exigidos, integrados e assumidos pelas leis, pelas autoridades e pela população em geral. A cidadania também não é dada, mas construída em um processo de organização, participação e intervenção social de indivíduos ou de grupos sociais. Só na constante vigilância dos atos cotidianos o cidadão pode apropriar-se desses direitos, fazendo-os valer de fato. Se não houver essa exigêngia, eles ficarão no papel. As duas cidadanias. O conceito de cidadania foi gerado nas lutas que estruturaram os direitos universais do cidadão. Desde o século XVIII, muitas ações e movimentos foram necessários para que se ampliassem o conceito e prática de cidadania. Nesse sentido, pode-se afirmar que defender a cidadania é lutar pelos direitos e, portanto, pelo exercício da democracia, que é a constante criação de novos direitos. T.H. Marshall propôs uma análise da evolução da cidadania vinculada a determinados direitos, com base na situação da Inglaterra. Na sociedade contemporânea, porém , há um grau de complexidade ee desigualdade tão grande que a divisão dos direitos do cidadão em civis, políticos e sociais já não é suficiente para explicar sua dinâmica. Como alternativa a essa classificação, podemos pensar em dois tipos de cidadania: o formal e o real ( o substantivo). A cidadania formal é aquela que está as leis, principalmente na constituição de cada país. É a que estabelece que todos são iguais perante a lei e garante ao indivíduo a possibilidade de lutar judicialmente por seus direitos. Tal garantia é muito importante: se não houvesse leis que para determinar nossos direitos, estaríamos nas mãos de uma minoria. Essa era a situação de escravos, que não tinham direito algum. A cidadania Substantiva ou real, aquela que vivemos no dia a dia, mostra que não há igualdade fundamental entre todos os seres humanos – entre homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, negros, pardos ou brancos. O sociólogo português Boaventura de Souza Santos formula um pensamento importante: como ficam os direitos dos indivíduos que sofreram os efeitos das numerosas guerras que aconteceram depois de 1945, nas quais envolveram as nações que foram o berço dos documentos de direitos universais – Inglaterra, França e Estados Unidos ? A defesa dos direitos humanos convive com sua violação. A coerência entre os princípios e a prática dos direitos humanos só será estabelecida se houver uma luta constante pela sua vigência, travada por meio de ações políticas ou movimentos sociais . Direitos só se tornam efetivos e substantivos quando são exigidos e vividos cotidianamente. Com a constituição de 1988, chamada de constituição cidadã, foi possível haver pela primeira vez uma legislação democrática garantindo a plenitude dos direitos civis, político e sociais no Brasil. O aspecto mais marcante dessa Carta é os direitos e garantias dos poderes do Estado. Isso significa que o Estado está a serviço dos cidadãos e que esses direitos não podem ser abolidos por ninguém. Em outras palavras, os direitos humanos – civis, políticos e sociais- estão acima do Estado e legalmente definidos. Os direitos humanos ganharam tal posição na constituição porque, os últimos anos da ditadura militar, ocorreram CIDADANIA
  11. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 11 muitos movimentos sociais em defesa deles . No entanto, para que se tornem realidade, muita luta ainda será necessária. A questão dos direitos no Brasil parece estar invertida com o que se observou nos Estados Unidos e nos países europeus. Os direitos civis e políticos foram restritos na maior parte da nossa história, e as propostas de direitos sociais tiveram sempre o sentido de aplacar as condições precárias de vida da população. Só recentemente podemos dizer que temos todos os direitos estabelecidos nas leis. Ainda assim, ainda há muito por fazer para que as pessoas possam de fato viver dignamente com educação de qualidade, sistema de saúde eficiente, direitos trabalhistas permanentes, terra para trabalhar e habitação digna. ff
  12. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 12 A urbanização da sociedade aconteceu de forma desigual em todo mundo. Os países considerados “centrais” assistiram primeiramente aos seus processos de urbanização, apesar de outras civilizações antigas também apresentarem o seu espaço urbano. Com o processo de colonização e o consequente subdesenvolvimento, a urbanização nos países periféricos consolidou-se apenas em meados do século XX, fruto da industrialização tardia desses países. O fato é que os distintos processos de urbanização estão diretamente ligados à industrialização e todos eles apresentam problemas tanto de caráter social quanto de caráter ambiental. Boa parte desses problemas não está ligada somente ao processo de urbanização em si, mas também à má distribuição de renda e às contradições sociais. PROBLEMAS SOCIAIS URBANOS Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão dasegregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o encarecimento dos locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras, o que contribui para que a grande maioria da população pobre busque por moradias em regiões ainda mais distantes. Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência. A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no espaço das grandes, médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da população que possui terrenos, mas que não possui condições de construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais caros para uma venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de doenças, como a dengue. Dentre os problemas sociais urbanos, entretanto, o principal é o processo defavelização. Esse se associa também à concentração de renda, ao desemprego e à falta de planejamento urbano. Muitas pessoas, por não disporem de condições financeiras para custear suas moradias, acabam não encontrando outra saída senão ocupar de forma irregular (através de invasões) áreas que geralmente não apresentam características favoráveis à habitação, como os morros com elevada declividade. PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS UBANOS
  13. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 13 A formação e proliferação de favelas é a principal denúncia das desigualdades sociais no espaço urbano e são elementos característicos das grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e muitas outras. Vale lembrar que esse não é um fenômeno exclusivo dos países pobres. A estimativa da ONU é de que, até 2030, mais de 2 bilhões de pessoas estarão morando em favelas em todo mundo. Problemas ambientais urbanos Muitos dos problemas ambientais urbanos estão diretamente ligados aos problemas sociais. Por exemplo: o processo de favelização contribui para a agressão ao meio ambiente, visto que as ocupações irregulares geralmente ocorrem em zonas de preservação ou em locais próximos a rios e cursos d’água. Ademais, sabe-se que os problemas ambientais, sejam eles urbanos ou não, são produtos da interferência do homem na natureza, transformando-a conforme seus interesses e explorando os seus recursos em busca de maximização dos lucros sem se preocupar com as consequências. As zonas segregadas, locais mais pobres da cidade, costumam ser palco das consequências da ação humana sobre o meio natural. Problemas como asenchentes são rotineiramente noticiados. E a culpa não é da chuva. Em alguns casos, o processo de inundação de uma determinada região é natural, ou seja, aconteceria com ou sem a intervenção humana. O problema é que, muitas vezes, por falta de planejamento público, loteamentos e bairros são construídos em regiões que compõem áreas de risco. Em outras palavras, em tempos de seca, casas são construídas em locais que fazem parte dos leitos dos rios e, quando esses rios passam pelas cheias, acabam inundando essas casas. Em outros casos, a formação de enchentes está ligada à poluição urbana ou às condições de infraestrutura, como a impermeabilização dos solos a partir da construção de ruas asfaltadas. A água, que normalmente infiltraria no solo, acaba não tendo para onde ir e deságua nos rios, que acumulam, transbordam e provocam enchentes. Cidade de Brisbane, na Austrália, sofrendo com inundações em 2011 Outro problema ambiental urbano bastante comum é o fenômeno das ilhas de calor, que ocorre nas regiões centrais das grandes cidades. Tal situação é consequência do processo de verticalização, ou seja, a formação de prédios que limitam a circulação do ar e, somada à retirada das árvores, contribui para a concentração do calor. É por isso que as regiões centrais ou muito urbanizadas estão sempre mais quentes que o restante da cidade. Para somar às ilhas de calor, existe também a inversão térmica, um fenômeno climático que dificulta a dispersão dos poluentes emitidos pela ação humana. Em virtude disso, gases tóxicos pairam sobre a superfície das cidades, provocando doenças respiratórias e o aumento das temperaturas. A falta de planejamento público e a ausência de uma maior consciência ambiental constituem os problemas ambientais urbanos, como a poluição das águas de rios, lagos e oceanos, o aumento das temperaturas, a ocorrência de chuvas ácidas (fruto da emissão de gases tóxicos na atmosfera), isso tudo somado às poluições visual e sonora.
  14. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 14 O Brasil já foi um país tipicamente agrário, no qual a agricultura era a grande responsável pelo Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo com a maior das parcelas, empregando boa parte da População Economicamente Ativa (PEA). Contudo, atualmente a agricultura brasileira participa com apenas 7,75% do PIB nacional, empregando apenas 24% da PEA. O que encontramos hoje é um país urbano- industrial, gerado através do processo ocorrido a partir do governo JK. Processo tal que se acelerou com a mecanização da agricultura, provocando a saída de muitos trabalhadores rurais do campo, devido à diminuição da mão-de-obra necessária, além da concentração de terra ocorrida, onde grandes agricultores englobaram as terras de pequenos produtores que faliram por não ter como se modernizar. Todo este processo gerou o que conhecemos por êxodo rural. Contraditoriamente, atualmente, o Brasil é um dos grandes exportadores agrícolas do mundo (soja, carne bovina, laranja, café, açúcar etc), devido a tal modernização, entretanto, ainda é problemática a questão da distribuição de terras, que a cada dia aumenta o número de conflitos no campo. SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL
  15. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO O IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA Sem dúvida alguma a informática proporcionou a partir da segunda metade do século passado, uma das transformações mais abrangentes que a tecnologia poderia engendrar, pois não se limitou a um campo estrito da indústria, do comércio e das comunicações. A tecnologia da informação pode ser pensada como revolução semelhante ao livro, que se tornou possível a partir da invenção da imprensa por Gutenberg no século 21. Até então, como afirmou o historiador francês Lê Pen, um livro levava cerca de dois anos para ser transcrito, o que o tornava objeto extremamente raro e inacessível na sociedade da época. O conhecimento, portanto, ficava restrito aos clérigos e para pequena elite que podia comprar livros. Com os livros passando a serem impressos em lotes de 200 ou mais exemplares e com custos significativamente menores do que as obras transcritas manualmente ao longo de anos, o acesso à cultura e à informação se tornou muito mais democrático, possibilitando aos estudantes e mesmo às poucas pessoas alfabetizadas na época a aquisição de livros que abririam as portas para novo mundo. Outro aspecto importante, é que os livros, não dependendo apenas da lenta transcrição que ocorria nos mosteiros, estabeleciam, também, maior liberdade de expressão para as mais diversas tendências. Assim, o mundo presenciou grande revolução na informação e na comunicação, que, guardadas as devidas proporções, foi de fato tão significativa como o surgimento da Internet. As transformações sociais, políticas e econômicas com a democratização do livro foram extremamente relevantes na época. As universidades puderam, a partir daí, ter acesso a bibliotecas mais amplas e diversificadas. As bíblias impressas e mais acessíveis, de certa forma, também criariam as condições para as dissidências no âmbito do Cristianismo com o surgimento da pluralidade de interpretações das Escrituras. As pesquisas científicas, os textos filosóficos e a literatura narrativa, em pouco tempo ganhavam o mundo abrindo as portas da cultura e do conhecimento a classe social emergente, a burguesia, que seria protagonista de nova revolução social e política no século 18. Dessa forma, não é exagero afirmar que a revolução da informática, guardadas as devidas proporções, pode ser comparada à invenção da imprensa há quase cinco séculos. Por sua vez, a informática no seu início, ficou limitada às operações administrativas das grandes empresas e posteriormente de governos, mas suas possibilidades e campos de aplicações foram se tornando infinitos, principalmente por ser capaz de processar milhões de dados ao mesmo tempo, tornando as pesquisas mais rápidas e precisas. Temos aí o exemplo recente das pesquisas do genoma humano, cujos dados se tornaram acessíveis a todo mundo científico, numa estratégia bem-sucedida, diga-se de passagem, ao se criar agentes multiplicadores no processamento de bilhões de informações que seriam inviáveis para único centro de processamento de dados. Se as suas vantagens foram múltiplas e expressivas para o desenvolvimento humano, não podemos esquecer que o rápido progresso proporcionado pela informática, em descompasso com o de inclusão de grande parte da população do terceiro mundo, gerou rapidamente novo tipo de analfabeto: o digital, cujo acesso ao mercado de trabalho e a informação se tornou ainda mais restrito, pois os avanços da tecnologia com o emprego de processos informatizados eliminam aqueles que são incapazes de operar máquinas e equipamentos sofisticados. Ainda, no campo social,
  16. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 16 apesar dos avanços operados no que se referem à Medicina, envolvendo o controle de doenças, tecnologias cirúrgicas, exames laboratoriais, parece ter tornado ainda mais distante a possibilidade de inserção dos mais pobres e na nova sociedade. A tecnologia da informação, pelas suas amplas possibilidades de utilização, pode, também, ter seu lado sombrio, construindo novas formas de controle da sociedade por Estados autoritários. E seria realmente assustador imaginar o nazismo ou outros tipos de totalitarismos controlando essas formas sofisticadas de controle social. Em contrapartida, os mais otimistas podem visualizar sociedades mais democráticas no futuro, com sistemas políticos utilizando a participação direta da população por meio da Internet, reduzindo a intermediação nas votações de projetos de interesse geral. De qualquer forma, as redes sociais tenderão a ampliar seu papel nas diversas formas de intervenção política na sociedade, inibindo a corrupção e despotismos de Estado, como já tivemos oportunidade de testemunhar nos últimos acontecimentos no Oriente Médio
  17. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 17 QUESTÃO AMBIENTAL À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos em função da tecnologia disponível. Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, trazendo a industrialização, com sua forma de produção e organização do trabalho, além da mecanização da agricultura, que inclui o uso intenso de agrotóxicos, e a urbanização com um processo de concentração populacional nas cidades. A tecnologia empregada evoluiu rapidamente com consequências indesejáveis que se agravam com igual rapidez. A exploração dos recursos naturais passou a ser feita de forma demasiadamente intensa. Recursos não-renováveis, como o petróleo, ameaçam escassear. De onde se retirava uma árvore, agora retiram-se centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo alguma água e produzindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. Essas diferenças são determinantes para a degradação do meio onde se insere o homem. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. E a riqueza, gerada num modelo econômico que propicia a concentração da renda, não impede o crescimento da miséria e da fome. Algumas das consequências indesejáveis desse tipo de ação humana são, por exemplo, o esgotamento do solo, a contaminação da água e a crescente violência nos centros urbanos. À medida que tal modelo de desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, surgiram manifestações e movimentos que refletiam a consciência de parcelas da população sobre o perigo que a humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente. Em países como o Brasil, preocupações com a preservação de espécies surgiram já há alguns séculos, como no caso do pau-brasil, por exemplo, em função de seu valor econômico. No final do século passado iniciaram-se manifestações pela preservação dos sistemas naturais que culminaram na criação de Parques Nacionais, como ocorreu nos Estados Unidos. É nesse contexto que, no final do século passado, surge a área do conhecimento que se chamou de Ecologia. O termo foi proposto em 1866 pelo biólogo Haeckel, e deriva de duas palavras gregas: oikos, que quer dizer “morada”, e logos, que significa “estudo”. A Ecologia começa como um novo ramo das Ciências Naturais, e seu estudo passa a sugerir novos campos do conhecimento como, por exemplo, a ecologia
  18. CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 18 humana e a economia ecológica. Mas só na década de 1970 o termo “ecologia” passa a ser conhecido do grande público. Com frequência, porém, ele é usado com outros sentidos e até como sinônimo de meio ambiente. Nas nações mais industrializadas passa-se a constatar uma deterioração na qualidade de vida que afeta a saúde tanto física quanto psicológica dos habitantes das grandes cidades. Por outro lado, os estudos ecológicos começam a tornar evidente que a destruição — e até a simples alteração — de um único elemento num ecossistema pode ser nociva e mesmo fatal para o sistema como um todo. Grandes extensões de monocultura, por exemplo, podem determinar a extinção regional de algumas espécies e a proliferação de outras. Vegetais e animais favorecidos pela plantação, ou cujos predadores foram exterminados, reproduzem-se de modo desequilibrado, prejudicando a própria plantação. Eles passam a ser considerados então uma “praga”. A indústria química oferece como solução o uso de praguicidas que acabam, muitas vezes, envenenando as plantas, o solo e a água. Problemas como esse vêm confirmar a hipótese, que já se levantava, de que poderia haver riscos sérios em se manter um alto ritmo de ocupação, invadindo e destruindo a natureza sem conhecimento das implicações que isso traria para a vida no planeta. Até por volta da metade do século XX, ao conhecimento científico da Ecologia somou-se um movimento ecológico voltado no início principalmente para a preservação de grandes áreas de ecossistemas “intocados” pelo homem, criando-se parques e reservas. Isso foi visto muitas vezes como uma preocupação poética de visionários, uma vez que pregavam o afastamento do homem desses espaços, inviabilizando sua exploração econômica. Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 60, intensificou-se a percepção de que a humanidade pode caminhar aceleradamente para o esgotamento ou a inviabilização de recursos indispensáveis à sua própria sobrevivência. E, assim sendo, que algo deveria ser feito para alterar as formas de ocupação do planeta estabelecidas pela cultura dominante. Esse tipo de constatação gerou o movimento de defesa do meio ambiente que luta para diminuir o acelerado ritmo de destruição dos recursos naturais ainda preservados e que busca alternativas que conciliem, na prática, a conservação da natureza com a qualidade de vida das populações que dependem dessa natureza
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