Concordância com verbos de particular interesse verbo ser
1. Entre as várias funções que esse pronome exerce, há
duas de particular interesse para CONCORDÂNCIA
verbal: quando é índice de indeterminação do sujeito e
quando é partícula apassivadora.
2.
Quando é índice de indeterminação do sujeito, o se acompanha
verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação, que
obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular:
Aos domingos, assiste-se a programas medonhos na televisão.
Aos sábados, costumava-se ir a bailes.
Confia-se em teses absurdas.
Era-se mais feliz no passado.
Quando se é consciente, luta-se pelo bem-estar social.
Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.
O VERBO E A PALAVRA SE
3.
Quando é pronome apassivador, o se acompanha verbos
transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação
da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar
com o sujeito da oração:
Destruiu-se a base de uma sociedade igualitária.
Destruíram-se as bases de uma sociedade igualitária.
Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde.
Não se pouparam esforços para despoluir o rio.
Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.
O VERBO E A PALAVRA SE
5.
O verbo haver, quando indica existência ou
acontecimento, é impessoal, devendo permanecer
sempre na terceira pessoa do singular:
Há graves problemas sociais no país.
Havia graves problemas sociais no país.
Sempre houve graves problemas sociais no país.
Parece haver graves problemas sociais no país.
Deve ter havido graves problemas sociais no país.
HAVER e FAZER
6.
Haver e fazer são impessoais quando indicam idéia de
tempo (cronológico ou meteorológico). Nesse caso, devem
permanecer na terceira pessoa do singular:
Há anos não o procuro.
Faz anos que não o procuro.
Havia anos que não nos encontrávamos. Fazia anos que
não nos encontrávamos. Deve fazer vinte anos que ela foi
embora.
HAVER e FAZER
7.
A CONCORDÂNCIA do verbo ser é absolutamente
particular, rica em detalhes. Em várias situações, esse
verbo deixa de concordar com o sujeito para
concordar com o predicativo. Em outras, pode
concordar com um ou com outro, de acordo com o
termo que se queira enfatizar
SER
8.
Quando colocado entre um substantivo comum no
singular e outro no plural, o verbo ser tende a ir para
o plural, independentemente da ordem dos
substantivos. Poderá ficar no singular por motivo de
ênfase:
No meio da chuva, o coração do seu carro são as
palhetas e os limpadores do para-brisa.
A cama são algumas tábuas retorcidas.
SER
9.
Quando colocado entre um nome próprio e um comum, o
verbo ser tende a concordar com o nome próprio. Entre
um pronome pessoal e um substantivo comum ou
próprio, o verbo concorda com o pronome:
Garrincha foi as mais incríveis diabruras com a bola.
O professor sou eu.
Eu sou Pedro das Neves.
Pedro das Neves sou eu.
SER
10.
Quando colocado entre um substantivo e um pronome
que não seja pessoal, o verbo ser tende a concordar com o
substantivo:
Tudo eram sorrisos naquele ambiente hipócrita.
Isso são manias de quem não tem o que fazer.
Quem são os escolhidos?
Dos dois primeiros casos, encontram-se, sobretudo em
textos literários, exemplos em que se opta pela
CONCORDÂNCIA com o pronome.
SER
11.
Nas expressões que indicam quantidade (medida,
peso, preço, valor), o verbo ser é invariável:
Cinco quilos é muito.
Mil reais é pouco para uma família viver em São
Paulo.
Dez minutos é muito tempo.
Com você, duas horas é pouco
SER
12.
Nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com a
expressão numérica mais próxima:
É uma hora.
São duas horas.
Eram quatro e vinte.
Já é meio-dia.
Já é uma e cinquenta e cinco.
São cinco para o meio-dia.
Hoje são trinta e um de dezembro. (Mas, cuidado: Hoje é
dia trinta e um de dezembro.)
SER
13.
14.
O infinitivo expressa um processo verbal sem
indicação de tempo. Em português, o infinitivo pode
ser impessoal, quando o que se considera é apenas o
processo verbal, e pessoal, quando se atribui a esse
processo verbal um agente. Observe:
É proibido conversar com o motorista. (impessoal)
É bom sairmos já. (pessoal, sujeito/agente nós)
FLEXÃO DO
INFINITIVO
15.
A forma não flexionada deve ser usada:
a) quando o verbo é usado indeterminadamente,
assumindo valor substantivo:
Dormir é fundamental para repor as energias.
Viajar é a melhor alternativa de lazer.
b) quando o infinitivo tem valor imperativo:
Direita, volver!
Honrar pai e mãe.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
16.
c) quando o infinitivo, regido de preposição de,
complementa um adjetivo e assume valor passivo:
Suas constantes manifestações de desagrado são ossos
duros de roer. (= de serem roídos)
Vivi situações difíceis de esquecer. ( de serem esquecidas)
FLEXÃO DO
INFINITIVO
17.
d) quando o infinitivo é regido de preposição e
funciona como complemento de um substantivo,
adjetivo ou verbo da oração anterior:
Foram obrigados a ficar.
Acusaram-nos de praticar atos suspeitos.
Eu os convenci a aceitar.
Estão dispostos a colaborar.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
18.
e) quando o infinitivo surge como verbo principal de
uma locução verbal:
Queiram, por gentileza, comparecer ao estacionamento.
Precisamos lutar para podermos vencer os jogos que
vamos disputar.
Estão a dizer que fui eu?
FLEXÃO DO
INFINITIVO
19.
f) quando o infinitivo é empregado numa oração
reduzida que complementa um verbo auxiliar
causativo (deixar, mandar, fazer) ou sensitivo (ver
sentir, ouvir perceber) e tem como sujeito um
pronome oblíquo:
Faça-os ficar.
Não os vi entrar.
Deixaram-nos sair.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
20.
A forma flexionada deve ser usada obrigatoriamente
quando tem sujeito diferente do sujeito da oração
anterior:
Suponho serem eles os responsáveis.
Lembrei-me da recomendação médica de tomares sol
todas as manhãs. (Pense no que aconteceria se não se
flexionasse o infinitivo neste caso.)
É hora de vocês passarem à ação. Ouvi gritarem meu
nome.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
21.
A flexão do infinitivo é optativa quando a oração
reduzida que complementa um auxiliar causativo ou
sensitivo apresentar como sujeito um substantivo.
Observe:
Mande os meninos entrarem. (ou entrar)
Ouvi os pássaros cantarem. (ou cantar)
Deixe os torcedores assistirem (ou assistir) ao treino.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
22.
Quando o sujeito da oração reduzida de infinitivo for
o mesmo da oração anterior, a flexão do infinitivo é
desnecessária. Observe:
Eles irão a Brasília para apresentar sua proposta ao
presidente.
Fizemos o possível e o impossível para aceitar sua
indicação.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
23.
Nesse caso, a flexão do infinitivo só se justifica se
existir a clara intenção e a necessidade de enfatizar o
agente do processo expresso pelo infinitivo:
Eles irão a Brasília para apresentarem sua proposta
ao presidente.
Fizemos o possível e o impossível para aceitarmos
sua indicação.
Os bons autores não recomendam essa flexão.
FLEXÃO DO
INFINITIVO
24.
O verbo parecer pode relacionar-se de duas maneiras
distintas com o infinitivo. Observe:
Elas parecem querer.
Elas parece quererem.
Na primeira frase, parecer é verbo auxiliar de querer.
Na segunda, ocorre na verdade um período composto.
Parece é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a
oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de
infinitivo "elas quererem". O desdobramento dessa
reduzida gera algo como "Parece que elas querem."
FLEXÃO DO
INFINITIVO