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2.REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA 
Na representação de sistemas elétricos de potência, pode-se desenhar 
integralmente a rede, inclusive o fio neutro (caso exista), resultando nos chamados 
diagramas multifilares. 
Sistemas trifásicos equilibrados podem ter sua representação simplificada com o 
uso de apenas uma das linhas e o neutro (equivalente monofásico). Costuma-se suprimir 
o neutro, o que nos leva ao Diagrama Unifilar. Nesse diagrama, a rede trifásica é 
desenhada com traço único e os componentes são identificados através de símbolos 
padronizados. Também, são indicados os tipos de ligação, fornecendo assim os dados 
mais significativos e importantes do sistema representado. Os símbolos padronizados 
são apresentados a seguir. 
M 
B 
B1 B2 
Máquina Rotativa 
Gerador C.A. 
Motor 
Barra ou Barramento B 
Transformador de 2 
Enrolamentos 
Transformador de 2 Enrolamentos 
(Notação Alemã) 
Transformador de 3 
Enrolamentos 
Transformador de 3 Enrolamentos 
(Notação Alemã) 
Ligação em Estrela ou Y 
Ligação em Estrela Aterrado ou Y 
Aterrado 
Ligação em Estrela Aterrado ou Y 
Aterrado através da Impedância ZN 
Ligação em Delta ou Triângulo Δ 
Linha de Transmissão entre as Barras 
B1 e B2 
Disjuntor a Óleo 
Disjuntor a Ar 
Chave Seccionadora 
Transformador de Potencial 
Transformador de Corrente 
Carga 
Fusível 
Barra Retificadora de um Link C.C. 
Barra Inversora de um Link C.C. 
Pára-raios 
Terra 
ZN 
A Figura 1 apresenta o diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência 
radial, contendo 3 geradores, uma linha de transmissão, dois transformadores e carga 
concentrada. Note que os tipos de conexão estão indicados no diagrama unifilar.
G1 
G2 
G3 
T1 T2 
Figura 1 – Diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência. 
A partir do diagrama unifilar, utilizando os modelos dos componentes do 
sistema elétrico, obtém-se o Diagrama de Impedâncias (Figura 2), utilizado nos 
cálculos de análise de sistemas de potência. 
VG1 VG2 VG3 
RG1 RG2 
RG3 
XG2 XG3 
XG1 
R1T1 X1T1 X2T1 R2T1 R1T2 X1T2 X2T2 R2T2 
RMT1 XMT1 RMT2 XMT2 
RLT XLT 
Y 
2 
Y 
2 RCarga 
XCarga 
Geradores 1 e 2 
Transformador 1 Linha de Transformador 2 
Transmissão Geradores 3 
Carga 
Figura 2 – Diagrama de impedâncias do sistema da Figura 1. 
A utilização de hipóteses simplificadoras que inclui, entre outras providências, a 
omissão de cargas estáticas, nos conduz ao Diagrama de reatâncias (Figura 3). Tal 
diagrama é empregado nos cálculos de curto-circuito. 
VG1 VG2 VG3 
XG2 XG3 XG1 
XeqT1 XLT XeqT2 
Figura 3 – Diagrama de reatâncias simplificado para o sistema da Figura 1.
2.1.Modelagem de Componentes 
Para cálculos de curto-circuito e estudos de proteção, a modelagem dos 
elementos componentes de sistemas de potência inclui simplificação de seus circuitos 
equivalentes, por fase, conforme mostrado a seguir. 
 Gerador: 
O modelo para gerador síncrono, válido também para motor síncrono, é 
constituído por uma fonte de tensão em série com uma reatância sub-transitória, 
conforme a Figura 4. 
VG 
X''d 
Figura 4 – Modelo do Gerador. 
 Transformador: 
O modelo completo de transformador, em seu tap nominal, por fase, é mostrado 
na Figura 5, onde: 
R1, R2 – representam as resistências dos enrolamentos primário e secundário, 
respectivamente; 
X1, X2 – representam as reatâncias dos enrolamentos primário e secundário, 
respectivamente; 
Rm – é a resistência elétrica que representa as perdas no núcleo (histerese e 
correntes parasitas); 
Xm – representa a reatância de magnetização; 
Ie – é a corrente de excitação. 
R1 X1 X2 R2 
Rm Xm 
Ie 
Figura 5 – Modelo completo do transformador.
A corrente de excitação é desprezível em grandes transformadores não 
saturados, pois é muito menor do que as correntes de curto-circuito. Por isso, despreza-se 
o ramo de magnetização sem grandes erros nos cálculos. O modelo resultante aparece 
na Figura 6(a). 
A resistência equivalente Re é muito pequena quando comparada a reatância 
equivalente de dispersão Xe. Dessa forma, a corrente de curto-circuito fica limitada, 
praticamente, pela reatância equivalente e o modelo final do transformador resulta 
naquele mostrado na Figura 6(b). 
Re Xe Xe 
(a) (b) 
Figura 6 – Representação simplificada do transformador. 
 Linhas de Transmissão: 
De modo geral, as linhas de transmissão funcionam como cargas trifásicas 
equilibradas. Mesmo não sendo transpostas e não tendo espaçamento equilateral, a 
assimetria resultante é desprezível e suas fases podem ser supostas equilibradas. 
A modelagem das linhas de transmissão depende do comprimento, do nível de 
tensão e da capacidade da respectiva linha. A classificação das linhas de transmissão em 
função do nível de tensão e do comprimento está resumida na Tabela 1. 
Tabela 1 – Classificação das LTs em função do nível de tensão e do comprimento 
VL<150 150<VL<400 VL>400 
Linha Curta L<80 L<40 L<20 
Linha Média 80<L<200 40<L<200 20<L<100 
VL – Tensão da 
Linha (kV) 
Linha Longa L>200 L>200 L>100 
L – Comprimento 
da Linha (km) 
O circuito que representa a LT contém um ramo de natureza indutiva ligado em 
série entre as barras terminais e um ramo de natureza capacitiva ligado em derivação 
nos terminais. Para linhas curtas, a pequena capacitância em derivação pode ser 
desprezada sem causar grandes erros nos cálculos. O modelo para linhas curtas é 
mostrado na Figura 7. 
RLT XLT 
Figura 7 – Modelo de linha de transmissão curta.
Linhas de transmissão médias podem ser representadas de duas maneiras. Na 
representação com o modelo π, a impedância série encontra-se entre dois capacitores 
ligados em paralelo, conforme mostrado na Figura 8. Nessa figura, representa a 
admitância total, em derivação, da LT). 
RLT XLT 
Y 
2 
Y 
2 
Figura 8 – Modelo π de linha média. 
No modelo T de linha média (Figura 9), a admitância total em derivação aparece 
concentrada no ramo central (em paralelo) e a impedância série aparece igualente 
dividida entre os outros dois ramos restantes. 
ZLT 
2 
Y 
ZLT 
2 
Figura 9 – Modelo T de linha média. 
Linhas longas podem ser representadas pelo modelo π, com modificações 
destinadas a considerar parâmetros uniformemente distribuídos ao longo da linha, ao 
invés de concentrados. 
Nos cálculos de curto-circuito, costuma-se desprezar os elementos transversais 
(em paralelo) muito menores do que os longitudinais. Para elevados níveis de tensão, 
pode-se ainda desprezar o valor da resistência série, em presença da reatância série da 
linha de transmissão. Para sistemas com baixos valores de tensão, não se pode desprezar 
a resistência das linhas, como, por exemplo, nos sistemas de distribuição. Dessa forma, 
o modelo simplificado resultante é mostrado na Figura 10. 
XLT 
Figura 10 – Modelo simplificado de linha de transmissão.
Em cálculos de curto-circuito as cargas dos sistemas de potência podem ser desprezadas. Além disso, costuma-se admitir que a tensão do sistema antes da ocorrência do curto é igual à tensão nominal, já que esse valor deve ser mantido em situações normais de funcionamento. Também, supõe-se que a corrente do sistema seja nula antes da falta. Na verdade, a corrente antes da falta é muito menor que a corrente de curto-circuito e está quase em fase com a tensão. 
Por outro lado, a corrente de curto-circuito é bastante elevada e muito indutiva, o que ocorre em decorrência das reatâncias presentes no sistema, fazendo com que a corrente de curto-circuito tenha defasagem de quase 90º em relação à tensão. Sendo assim, pode-se desprezar a corrente de carga para cálculos de curto-circuito. 
Por fim, vale ressaltar que a consideração da impedância da carga terá pouca influência no valor da corrente de curto circuito. 
2.2.Dados de Equipamentos Aplicáveis a Cálculos em p.u. 
Os fabricantes de equipamentos costumam fornecer dados de interesse para cálculos em p.u., referentes a sistemas de potência. Explicações sobre esses dados serão expostas a seguir: 
 Alternador Monofásico: 
São fornecidos os valores correspondentes a: 
 Potência aparente nominal; 
 Tensão nominal; 
 Freqüência; 
 Reatâncias sub-transitória (X”), transitória (X’) e síncrona (X), expressas em valores percentuais ou em p.u., tendo como valores bases a potência nominal da máquina e sua tensão nominal. 
Exemplo 1: Determine a reatância sub-transitória, em ohms, de um alternador monofásico de 150 kVA, 600 V, cujo fabricante informa ser esta reatância igual 20%. 
Solução: 
 Motor Monofásico: 
São fornecidos os valores referentes à: 
 Potência nominal (mecânica, disponível no eixo);
 Tensão nominal; 
 Freqüência; 
 Reatâncias sub-transitória (X”), transitória (X’) e de regime (X), expressas em valores percentuais ou em p.u., tendo como bases a tensão nominal e a potência aparente, correspondente à potência mecânica nominal fornecida no eixo da máquina. Normalmente, as potências no eixo dos motores são expressas em HP ou CV. Portanto, a potência aparente pode ser determinada através do rendimento (η) e do fator de potência (cos ϕ) da máquina. 
Observações: 
1 CV -------- 736 W 
1 HP -------- 746 W 
Exemplo 2: Certo motor síncrono de 500 HP, 600 V, reatância sub-transitória igual a 10%, funciona à plena carga com fator de potência unitário e rendimento igual a 88%. Determine o valor em ohms da sua reatância sub-transitória. 
Solução: 
 Transformador Monofásico de Dois Enrolamentos: 
São fornecidos os valores correspondentes à: 
 Potência aparente nominal; 
 Tensão nominal do lado de alta; 
 Tensão nominal do lado de baixa; 
 Reatância equivalente de dispersão, em % ou p.u. 
A placa de identificação ou o catálogo de um transformador apresenta apenas um valor de reatância de dispersão, dado em p.u. Isso ocorre porque o valor dessa reatância em p.u. é o mesmo, referido tanto do lado de AT quanto ao lado de BT. 
Observações:
Onde: é a relação de espiras do transformador. 
Exemplo 3: Um transformador monofásico com relação de espiras igual a 10, potência aparente 10 MVA e tensão nominal de 138/13,8 kV, cuja reatância equivalente referida ao secundário, Xe2, foi obtida através do ensaio de curto-circuito e é igual a 5 Ω. Calcular o valor desta reatância em p.u. em ambos os lados do transformador, tendo como base a tensão nominal do secundário. 
Solução: 
A reatância equivalente, referida ao lado primário, será: 
Logo, verifica-se que a reatância em p.u. do transformador têm valor único, não importando o lado ao qual esteja referido. Em p.u., tudo se passa como se o transformador tivesse relação de espiras igual a 1. Assim, a escolha adequada de bases para circuitos interligados ao transformador irá facilitar os cálculos em p.u. Basta que a potência base seja a mesma para todo o sistema e que as tensões base dos circuitos interligados por transformador tenham a mesma relação existente entre as tensões do respectivo transformador. Isso permite a combinação de todas as reatâncias do sistema em um único diagrama de reatâncias com valores em p.u. 
 Alternador Trifásico: 
São fornecidos valores referentes à: 
 Potência aparente nominal trifásica (total das três fases); 
 Tensão de linha nominal; 
 Freqüência; 
 Reatâncias sub-transitórias (X”d e X”q), transitória (X’d e X’q) e síncrona (Xd e Xq), por fase, expressas em % ou p.u., tendo como valores base a potência nominal da máquina e sua tensão nominal. 
Exemplo 4: De um alternador trifásico são conhecidos os seguintes valores nominais: potência aparente = 150 MVA; tensão = 13,8 kV; reatância transitória X’d = 20 %. Obtenha: a) o valor da reatância transitória em ohms; b) o valor da reatância transitória em p.u., tendo por base 50 MVA e 11 kV.
Solução: 
a) 
b) 
 Motor Trifásico: 
São informados os valores correspondentes à: 
 Potência nominal (mecânica, total, disponível no eixo); 
 Tensão de linha nominal; 
 Freqüência; 
 Reatâncias sub-transitória (X”d e X”q), transitória (X’d e X’q) e de regime (Xd e Xq), por fase, expressas em % ou p.u., tendo como bases a tensão nominal do motor e a potência aparente, correspondente à potência nominal fornecida no eixo da máquina. Normalmente, as potências dos motores são especificadas em HP ou em CV, no eixo, e, portanto, a potência aparente pode ser determinada a partir do rendimento e do fator de potência da máquina. Na falta de dados completos, pode-se usar as seguintes relações: 
- Motor de indução: kVA = HP; 
- Motor síncrono com fator de potência unitário: kVA = 0,85.HP; 
- Motor síncrono com fator de potência 0,8: kVA = 1,1.HP. 
Exemplo 5: Certo motor síncrono cuja tensão nominal é de 6,9 kV, tem potência de 3000 HP, reatância sub-transitória X”d igual a 15% e fator de potência igual a 0,8. Determine: a) o valor da reatância sub-transitória em ohms; b) o valor da reatância sub- transitória em p.u., na base de 5000 kVA e 12,5 kV. 
Solução: 
a) 
b) 
 Transformador Trifásico de Dois Enrolamentos: 
São fornecidos os valores referentes à:
 Potência aparente nominal trifásica (total das três fases); 
 Tensão de linha nominal, do lado de alta; 
 Tensão de linha nominal, do lado de baixa; 
 Reatância de dispersão equivalente, por fase em % ou p.u. Tal como ocorre para o transformador monofásico de dois de enrolamentos, o transformador trifásico apresenta um único valor de reatância em p.u. tanto para o lado de alta tensão, quanto para o lado de baixa tensão. 
Exemplo 6: Os valores nominais de um transformador trifásico de dois enrolamentos são os seguintes: 
- Potência: 5 MVA; 
- Tensão: 138 kV Y/13,8 kV Δ; 
- Reatância de dispersão por fase: X = 12%. 
Qual o valor da reatância de dispersão em ohms: 
a) Referida do lado de alta tensão? 
b) Referida do lado de baixa tensão? 
Solução: 
a) 
b) 
 Banco de Transformadores: 
Utilizado freqüentemente em sistemas de potência, o banco de transformadores é composto por 3 transformadores monofásicos, interligados de modo a se ter um equivalente trifásico. São possíveis as seguintes ligações: 
- Y-Y: Pouco usual, por envolver problemas com a corrente de excitação; 
- Δ-Δ: Apresenta a vantagem de permitir a remoção de um dos transformadores, sem interrupção do fornecimento de energia (ligação em V aberto). Com a remoção de um dos transformadores, a potência nominal do banco fica reduzida a 58% da potência inicial; 
- Y-Δ: normalmente empregada para transformar tensão elevada em tensão média ou tensão baixa. Permite aterramento do neutro no lado de alta tensão; 
- Δ-Y: geralmente utilizada para elevação de tensão. 
Dos transformadores monofásicos são fornecidos:
 Potência aparente nominal; 
 Tensão nominal, do lado de alta; 
 Tensão nominal do lado de baixa; 
 Reatância de dispersão em % ou em p.u. 
A potência do banco é igual a 3 vezes a potência individual dos transformadores 
monofásicos e a tensão de linha do banco depende do tipo de ligação dos 
transformadores monofásicos componentes. A reatância em p.u. do banco de 
transformadores, qualquer que seja o tipo de ligação, é igual à reatância em p.u. que 
cada transformador monofásico apresenta, conforme pode ser visto nos exemplos a 
seguir. 
Exemplo 7: Determine a reatância em p.u. do banco de transformadores monofásicos 
ligado em Y-Y, mostrado na Figura 11. A reatância de dispersão de cada transformador 
monofásico é de 10%, tendo por base suas grandezas nominais. 
X 
X 
X 
138 3 kV 13,8 3 kV 
(a) Banco Y-Y 
10 MVA 
138/13,8 kV 
X = 10% 
(b) Trafo Monofásico 
Figura 11 – Banco de transformadores monofásicos, ligação Y-Y. 
Solução: 
A reatância em ohms de cada transformador do banco no lado primário é: 
A partir dos dados dos transformadores monofásicos, pode-se obter a reatância 
do banco:
A reatância em p.u. do banco é: 
Portanto, a reatância em p.u. do banco tem o mesmo valor da reatância em p.u. 
de cada transformador que integra o banco. Para as demais ligações, chega-se a mesma 
conclusão. Pode-se dizer então que a reatância em p.u. do banco tem o mesmo valor da 
reatância em p.u do transformador monofásico que o compõe, independentemente do 
tipo de ligação. 
 Transformador Trifásico de Três Enrolamentos: 
O transformador trifásico de três enrolamentos costuma ser utilizado com uma 
das seguintes finalidades: 
- Interligação de três sistemas com níveis de tensão diferentes; 
- Interligação de dois sistemas com níveis de tensão diferentes e, adicionalmente, 
através do terciário, atendimento dos serviços auxiliares de subestações; 
- Interligação de dois sistemas com níveis de tensão diferentes e, adicionalmente, 
através do terciário operando em vazio, funcionando como filtro de seqüência zero para 
fins de proteção. 
No circuito equivalente por fase, em p.u., do transformador trifásico de três 
enrolamentos, mostrado na Figura 12, são considerados apenas os parâmetros 
longitudinais, tal como ocorre para o transformador de dois enrolamentos. Por outro 
lado, as impedâncias , e , em p.u., não levam em conta as resistências dos 
enrolamentos, pois estas são muito pequenas em relação às reatâncias dos mesmos. O 
ponto comum é fictício e nada tem a ver com o neutro do sistema. 
V1 
V3 
V2 
P 
S 
T 
ZP 
ZS 
ZT 
Barra de referência 
Figura 12 – Circuito equivalente do transformador trifásico de três enrolamentos. 
Os valores das impedâncias que constam do circuito equivalente são obtidos a 
partir de ensaios de curto-circuito do equipamento, usando dois enrolamentos e 
deixando o terceiro em aberto. Deste modo, os referidos ensaios fornecem:
- impedância de curto-circuito medida no primário, com o secundário curto- circuitado e o terciário aberto; o valor em ohms é referido ao primário (lado em que se fez a medida); 
- impedância de curto-circuito medida no primário, com o terciário curto-circuitado e o secundário aberto; o valor em ohms é referido ao primário (lado em que se fez a medida); 
- impedância de curto-circuito medida no secundário, com o terciário curto- circuitado e o primário aberto; o valor em ohms é referido ao secundário (lado em que se fez a medida). 
Após referir os valores obtidos nos ensaios a um mesmo enrolamento, pode-se obter seus valores em p.u. adotando-se potência base única e tensões base cujos valores mantenham as relações existentes entre as tensões de linha dos enrolamentos do transformador. Com as impedâncias , e expressas em p.u. e sendo: 
Calculam-se as impedâncias , e , em p.u., através das seguintes expressões: 
Exemplo 8: Certo transformador trifásico de três enrolamentos possui como características: 
- Primário: Ligação Y; 13,8 kV, 15 MVA; 
- Secundário: Ligação Y; 34,5 kV, 10 MVA; 
- Terciário: Ligação Δ; 4,2 kV; 7,5 MVA. 
Ensaios de curto-circuito realizados em laboratório indicaram os seguintes resultados, desprezando-se as resistências dos enrolamentos: 
- medidas no primário: = j 0,768 Ω, = j 0,834 Ω; 
- medidas no secundário: = j 6,532 Ω. 
Apresente o circuito equivalente por fase, em p.u., adotando Sbase = 15 MVA e Vbase = 13,8 kV.
Solução: 
O circuito equivalente solicitado deve ser feito com valores em p.u. na mesma 
base. Tem-se então: 
Assim: 
P 
S 
T 
j0,022 p.u. 
Barra de referência 
j0,038 p.u. 
j0,044 p.u. 
Figura 13 – Resultado do Exemplo 8. 
2.3.Diagrama de Reatâncias em p.u., por Fase, de um Sistema de Potência 
Para concluir o presente tema, apresenta-se um diagrama completo de reatâncias 
em p.u., por fase, de um sistema de potência. O respectivo diagrama unifilar aparece na 
Figura 14. 
Inicialmente, adota-se uma potência base para todo o sistema. Em seguida, 
escolhe-se uma tensão base num trecho do sistema e, a partir desse valor, resultam as 
tensões base nos demais trechos, em decorrência das relações de tensão nos
transformadores. Dessa forma, cada trecho possui sua respectiva base de tensão. Uma 
vez resolvido o problema, pode-se voltar aos valores reais multiplicando os valores em 
p.u. pela base da respectiva grandeza em cada lugar da rede. 
Na Figura 14, escolheu-se como base: 
- Potência base: 200 MVA (para todo o sistema); 
- Tensão base: 120 kV (na linha de transmissão); 
100 MVA 
0,2 p.u. 
50 MVA 
0,2 p.u. 
75 MVA 
0,1 p.u. 
75 MVA 
0,1 p.u. 
13,8/138 kV 
X = 40 Ω 
50 MVA 
0,1 p.u. 
138/13,8 kV 
G1 
G2 
G3 
T1 
T2 
T3 
50 MVA 
0,1 p.u. 
Figura 14 – Diagrama unifilar do sistema elétrico de potência. 
Nos trechos dos geradores G1, G2 e G3, a tensão base terá valor 12 kV, já que os 
transformadores têm relação de transformação igual a 10. 
Fazendo as devidas mudanças de base, obtém-se: 
O diagrama de reatâncias em p.u., por fase, nas bases estabelecidas, aparece na 
Figura 15. 
Note que muitos cálculos seriam evitados se:
a) Fosse escolhida como potência base 50 MVA, na qual já estão expressas as 
reatâncias de G1, G2 e G3; 
b) Fosse escolhido como tensão base na linha de transmissão o valor de 138 
kV, dispensando mudanças de base de tensão. 
VG1 VG2 VG3 
(G1) (G2) (G3) 
(T1) 
(T2) 
(LT) (T3) 
j 0,529 p.u. j 1,058 p.u. 
j 0,529 p.u. 
j 0,529 p.u. 
j 0,353 p.u. 
j 0,353 p.u. 
j 0,556 p.u. 
Figura 15 – Diagrama de reatâncias resultante.

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Representação de Sistemas Elétricos de Potência

  • 1. 2.REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA Na representação de sistemas elétricos de potência, pode-se desenhar integralmente a rede, inclusive o fio neutro (caso exista), resultando nos chamados diagramas multifilares. Sistemas trifásicos equilibrados podem ter sua representação simplificada com o uso de apenas uma das linhas e o neutro (equivalente monofásico). Costuma-se suprimir o neutro, o que nos leva ao Diagrama Unifilar. Nesse diagrama, a rede trifásica é desenhada com traço único e os componentes são identificados através de símbolos padronizados. Também, são indicados os tipos de ligação, fornecendo assim os dados mais significativos e importantes do sistema representado. Os símbolos padronizados são apresentados a seguir. M B B1 B2 Máquina Rotativa Gerador C.A. Motor Barra ou Barramento B Transformador de 2 Enrolamentos Transformador de 2 Enrolamentos (Notação Alemã) Transformador de 3 Enrolamentos Transformador de 3 Enrolamentos (Notação Alemã) Ligação em Estrela ou Y Ligação em Estrela Aterrado ou Y Aterrado Ligação em Estrela Aterrado ou Y Aterrado através da Impedância ZN Ligação em Delta ou Triângulo Δ Linha de Transmissão entre as Barras B1 e B2 Disjuntor a Óleo Disjuntor a Ar Chave Seccionadora Transformador de Potencial Transformador de Corrente Carga Fusível Barra Retificadora de um Link C.C. Barra Inversora de um Link C.C. Pára-raios Terra ZN A Figura 1 apresenta o diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência radial, contendo 3 geradores, uma linha de transmissão, dois transformadores e carga concentrada. Note que os tipos de conexão estão indicados no diagrama unifilar.
  • 2. G1 G2 G3 T1 T2 Figura 1 – Diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência. A partir do diagrama unifilar, utilizando os modelos dos componentes do sistema elétrico, obtém-se o Diagrama de Impedâncias (Figura 2), utilizado nos cálculos de análise de sistemas de potência. VG1 VG2 VG3 RG1 RG2 RG3 XG2 XG3 XG1 R1T1 X1T1 X2T1 R2T1 R1T2 X1T2 X2T2 R2T2 RMT1 XMT1 RMT2 XMT2 RLT XLT Y 2 Y 2 RCarga XCarga Geradores 1 e 2 Transformador 1 Linha de Transformador 2 Transmissão Geradores 3 Carga Figura 2 – Diagrama de impedâncias do sistema da Figura 1. A utilização de hipóteses simplificadoras que inclui, entre outras providências, a omissão de cargas estáticas, nos conduz ao Diagrama de reatâncias (Figura 3). Tal diagrama é empregado nos cálculos de curto-circuito. VG1 VG2 VG3 XG2 XG3 XG1 XeqT1 XLT XeqT2 Figura 3 – Diagrama de reatâncias simplificado para o sistema da Figura 1.
  • 3. 2.1.Modelagem de Componentes Para cálculos de curto-circuito e estudos de proteção, a modelagem dos elementos componentes de sistemas de potência inclui simplificação de seus circuitos equivalentes, por fase, conforme mostrado a seguir.  Gerador: O modelo para gerador síncrono, válido também para motor síncrono, é constituído por uma fonte de tensão em série com uma reatância sub-transitória, conforme a Figura 4. VG X''d Figura 4 – Modelo do Gerador.  Transformador: O modelo completo de transformador, em seu tap nominal, por fase, é mostrado na Figura 5, onde: R1, R2 – representam as resistências dos enrolamentos primário e secundário, respectivamente; X1, X2 – representam as reatâncias dos enrolamentos primário e secundário, respectivamente; Rm – é a resistência elétrica que representa as perdas no núcleo (histerese e correntes parasitas); Xm – representa a reatância de magnetização; Ie – é a corrente de excitação. R1 X1 X2 R2 Rm Xm Ie Figura 5 – Modelo completo do transformador.
  • 4. A corrente de excitação é desprezível em grandes transformadores não saturados, pois é muito menor do que as correntes de curto-circuito. Por isso, despreza-se o ramo de magnetização sem grandes erros nos cálculos. O modelo resultante aparece na Figura 6(a). A resistência equivalente Re é muito pequena quando comparada a reatância equivalente de dispersão Xe. Dessa forma, a corrente de curto-circuito fica limitada, praticamente, pela reatância equivalente e o modelo final do transformador resulta naquele mostrado na Figura 6(b). Re Xe Xe (a) (b) Figura 6 – Representação simplificada do transformador.  Linhas de Transmissão: De modo geral, as linhas de transmissão funcionam como cargas trifásicas equilibradas. Mesmo não sendo transpostas e não tendo espaçamento equilateral, a assimetria resultante é desprezível e suas fases podem ser supostas equilibradas. A modelagem das linhas de transmissão depende do comprimento, do nível de tensão e da capacidade da respectiva linha. A classificação das linhas de transmissão em função do nível de tensão e do comprimento está resumida na Tabela 1. Tabela 1 – Classificação das LTs em função do nível de tensão e do comprimento VL<150 150<VL<400 VL>400 Linha Curta L<80 L<40 L<20 Linha Média 80<L<200 40<L<200 20<L<100 VL – Tensão da Linha (kV) Linha Longa L>200 L>200 L>100 L – Comprimento da Linha (km) O circuito que representa a LT contém um ramo de natureza indutiva ligado em série entre as barras terminais e um ramo de natureza capacitiva ligado em derivação nos terminais. Para linhas curtas, a pequena capacitância em derivação pode ser desprezada sem causar grandes erros nos cálculos. O modelo para linhas curtas é mostrado na Figura 7. RLT XLT Figura 7 – Modelo de linha de transmissão curta.
  • 5. Linhas de transmissão médias podem ser representadas de duas maneiras. Na representação com o modelo π, a impedância série encontra-se entre dois capacitores ligados em paralelo, conforme mostrado na Figura 8. Nessa figura, representa a admitância total, em derivação, da LT). RLT XLT Y 2 Y 2 Figura 8 – Modelo π de linha média. No modelo T de linha média (Figura 9), a admitância total em derivação aparece concentrada no ramo central (em paralelo) e a impedância série aparece igualente dividida entre os outros dois ramos restantes. ZLT 2 Y ZLT 2 Figura 9 – Modelo T de linha média. Linhas longas podem ser representadas pelo modelo π, com modificações destinadas a considerar parâmetros uniformemente distribuídos ao longo da linha, ao invés de concentrados. Nos cálculos de curto-circuito, costuma-se desprezar os elementos transversais (em paralelo) muito menores do que os longitudinais. Para elevados níveis de tensão, pode-se ainda desprezar o valor da resistência série, em presença da reatância série da linha de transmissão. Para sistemas com baixos valores de tensão, não se pode desprezar a resistência das linhas, como, por exemplo, nos sistemas de distribuição. Dessa forma, o modelo simplificado resultante é mostrado na Figura 10. XLT Figura 10 – Modelo simplificado de linha de transmissão.
  • 6. Em cálculos de curto-circuito as cargas dos sistemas de potência podem ser desprezadas. Além disso, costuma-se admitir que a tensão do sistema antes da ocorrência do curto é igual à tensão nominal, já que esse valor deve ser mantido em situações normais de funcionamento. Também, supõe-se que a corrente do sistema seja nula antes da falta. Na verdade, a corrente antes da falta é muito menor que a corrente de curto-circuito e está quase em fase com a tensão. Por outro lado, a corrente de curto-circuito é bastante elevada e muito indutiva, o que ocorre em decorrência das reatâncias presentes no sistema, fazendo com que a corrente de curto-circuito tenha defasagem de quase 90º em relação à tensão. Sendo assim, pode-se desprezar a corrente de carga para cálculos de curto-circuito. Por fim, vale ressaltar que a consideração da impedância da carga terá pouca influência no valor da corrente de curto circuito. 2.2.Dados de Equipamentos Aplicáveis a Cálculos em p.u. Os fabricantes de equipamentos costumam fornecer dados de interesse para cálculos em p.u., referentes a sistemas de potência. Explicações sobre esses dados serão expostas a seguir:  Alternador Monofásico: São fornecidos os valores correspondentes a:  Potência aparente nominal;  Tensão nominal;  Freqüência;  Reatâncias sub-transitória (X”), transitória (X’) e síncrona (X), expressas em valores percentuais ou em p.u., tendo como valores bases a potência nominal da máquina e sua tensão nominal. Exemplo 1: Determine a reatância sub-transitória, em ohms, de um alternador monofásico de 150 kVA, 600 V, cujo fabricante informa ser esta reatância igual 20%. Solução:  Motor Monofásico: São fornecidos os valores referentes à:  Potência nominal (mecânica, disponível no eixo);
  • 7.  Tensão nominal;  Freqüência;  Reatâncias sub-transitória (X”), transitória (X’) e de regime (X), expressas em valores percentuais ou em p.u., tendo como bases a tensão nominal e a potência aparente, correspondente à potência mecânica nominal fornecida no eixo da máquina. Normalmente, as potências no eixo dos motores são expressas em HP ou CV. Portanto, a potência aparente pode ser determinada através do rendimento (η) e do fator de potência (cos ϕ) da máquina. Observações: 1 CV -------- 736 W 1 HP -------- 746 W Exemplo 2: Certo motor síncrono de 500 HP, 600 V, reatância sub-transitória igual a 10%, funciona à plena carga com fator de potência unitário e rendimento igual a 88%. Determine o valor em ohms da sua reatância sub-transitória. Solução:  Transformador Monofásico de Dois Enrolamentos: São fornecidos os valores correspondentes à:  Potência aparente nominal;  Tensão nominal do lado de alta;  Tensão nominal do lado de baixa;  Reatância equivalente de dispersão, em % ou p.u. A placa de identificação ou o catálogo de um transformador apresenta apenas um valor de reatância de dispersão, dado em p.u. Isso ocorre porque o valor dessa reatância em p.u. é o mesmo, referido tanto do lado de AT quanto ao lado de BT. Observações:
  • 8. Onde: é a relação de espiras do transformador. Exemplo 3: Um transformador monofásico com relação de espiras igual a 10, potência aparente 10 MVA e tensão nominal de 138/13,8 kV, cuja reatância equivalente referida ao secundário, Xe2, foi obtida através do ensaio de curto-circuito e é igual a 5 Ω. Calcular o valor desta reatância em p.u. em ambos os lados do transformador, tendo como base a tensão nominal do secundário. Solução: A reatância equivalente, referida ao lado primário, será: Logo, verifica-se que a reatância em p.u. do transformador têm valor único, não importando o lado ao qual esteja referido. Em p.u., tudo se passa como se o transformador tivesse relação de espiras igual a 1. Assim, a escolha adequada de bases para circuitos interligados ao transformador irá facilitar os cálculos em p.u. Basta que a potência base seja a mesma para todo o sistema e que as tensões base dos circuitos interligados por transformador tenham a mesma relação existente entre as tensões do respectivo transformador. Isso permite a combinação de todas as reatâncias do sistema em um único diagrama de reatâncias com valores em p.u.  Alternador Trifásico: São fornecidos valores referentes à:  Potência aparente nominal trifásica (total das três fases);  Tensão de linha nominal;  Freqüência;  Reatâncias sub-transitórias (X”d e X”q), transitória (X’d e X’q) e síncrona (Xd e Xq), por fase, expressas em % ou p.u., tendo como valores base a potência nominal da máquina e sua tensão nominal. Exemplo 4: De um alternador trifásico são conhecidos os seguintes valores nominais: potência aparente = 150 MVA; tensão = 13,8 kV; reatância transitória X’d = 20 %. Obtenha: a) o valor da reatância transitória em ohms; b) o valor da reatância transitória em p.u., tendo por base 50 MVA e 11 kV.
  • 9. Solução: a) b)  Motor Trifásico: São informados os valores correspondentes à:  Potência nominal (mecânica, total, disponível no eixo);  Tensão de linha nominal;  Freqüência;  Reatâncias sub-transitória (X”d e X”q), transitória (X’d e X’q) e de regime (Xd e Xq), por fase, expressas em % ou p.u., tendo como bases a tensão nominal do motor e a potência aparente, correspondente à potência nominal fornecida no eixo da máquina. Normalmente, as potências dos motores são especificadas em HP ou em CV, no eixo, e, portanto, a potência aparente pode ser determinada a partir do rendimento e do fator de potência da máquina. Na falta de dados completos, pode-se usar as seguintes relações: - Motor de indução: kVA = HP; - Motor síncrono com fator de potência unitário: kVA = 0,85.HP; - Motor síncrono com fator de potência 0,8: kVA = 1,1.HP. Exemplo 5: Certo motor síncrono cuja tensão nominal é de 6,9 kV, tem potência de 3000 HP, reatância sub-transitória X”d igual a 15% e fator de potência igual a 0,8. Determine: a) o valor da reatância sub-transitória em ohms; b) o valor da reatância sub- transitória em p.u., na base de 5000 kVA e 12,5 kV. Solução: a) b)  Transformador Trifásico de Dois Enrolamentos: São fornecidos os valores referentes à:
  • 10.  Potência aparente nominal trifásica (total das três fases);  Tensão de linha nominal, do lado de alta;  Tensão de linha nominal, do lado de baixa;  Reatância de dispersão equivalente, por fase em % ou p.u. Tal como ocorre para o transformador monofásico de dois de enrolamentos, o transformador trifásico apresenta um único valor de reatância em p.u. tanto para o lado de alta tensão, quanto para o lado de baixa tensão. Exemplo 6: Os valores nominais de um transformador trifásico de dois enrolamentos são os seguintes: - Potência: 5 MVA; - Tensão: 138 kV Y/13,8 kV Δ; - Reatância de dispersão por fase: X = 12%. Qual o valor da reatância de dispersão em ohms: a) Referida do lado de alta tensão? b) Referida do lado de baixa tensão? Solução: a) b)  Banco de Transformadores: Utilizado freqüentemente em sistemas de potência, o banco de transformadores é composto por 3 transformadores monofásicos, interligados de modo a se ter um equivalente trifásico. São possíveis as seguintes ligações: - Y-Y: Pouco usual, por envolver problemas com a corrente de excitação; - Δ-Δ: Apresenta a vantagem de permitir a remoção de um dos transformadores, sem interrupção do fornecimento de energia (ligação em V aberto). Com a remoção de um dos transformadores, a potência nominal do banco fica reduzida a 58% da potência inicial; - Y-Δ: normalmente empregada para transformar tensão elevada em tensão média ou tensão baixa. Permite aterramento do neutro no lado de alta tensão; - Δ-Y: geralmente utilizada para elevação de tensão. Dos transformadores monofásicos são fornecidos:
  • 11.  Potência aparente nominal;  Tensão nominal, do lado de alta;  Tensão nominal do lado de baixa;  Reatância de dispersão em % ou em p.u. A potência do banco é igual a 3 vezes a potência individual dos transformadores monofásicos e a tensão de linha do banco depende do tipo de ligação dos transformadores monofásicos componentes. A reatância em p.u. do banco de transformadores, qualquer que seja o tipo de ligação, é igual à reatância em p.u. que cada transformador monofásico apresenta, conforme pode ser visto nos exemplos a seguir. Exemplo 7: Determine a reatância em p.u. do banco de transformadores monofásicos ligado em Y-Y, mostrado na Figura 11. A reatância de dispersão de cada transformador monofásico é de 10%, tendo por base suas grandezas nominais. X X X 138 3 kV 13,8 3 kV (a) Banco Y-Y 10 MVA 138/13,8 kV X = 10% (b) Trafo Monofásico Figura 11 – Banco de transformadores monofásicos, ligação Y-Y. Solução: A reatância em ohms de cada transformador do banco no lado primário é: A partir dos dados dos transformadores monofásicos, pode-se obter a reatância do banco:
  • 12. A reatância em p.u. do banco é: Portanto, a reatância em p.u. do banco tem o mesmo valor da reatância em p.u. de cada transformador que integra o banco. Para as demais ligações, chega-se a mesma conclusão. Pode-se dizer então que a reatância em p.u. do banco tem o mesmo valor da reatância em p.u do transformador monofásico que o compõe, independentemente do tipo de ligação.  Transformador Trifásico de Três Enrolamentos: O transformador trifásico de três enrolamentos costuma ser utilizado com uma das seguintes finalidades: - Interligação de três sistemas com níveis de tensão diferentes; - Interligação de dois sistemas com níveis de tensão diferentes e, adicionalmente, através do terciário, atendimento dos serviços auxiliares de subestações; - Interligação de dois sistemas com níveis de tensão diferentes e, adicionalmente, através do terciário operando em vazio, funcionando como filtro de seqüência zero para fins de proteção. No circuito equivalente por fase, em p.u., do transformador trifásico de três enrolamentos, mostrado na Figura 12, são considerados apenas os parâmetros longitudinais, tal como ocorre para o transformador de dois enrolamentos. Por outro lado, as impedâncias , e , em p.u., não levam em conta as resistências dos enrolamentos, pois estas são muito pequenas em relação às reatâncias dos mesmos. O ponto comum é fictício e nada tem a ver com o neutro do sistema. V1 V3 V2 P S T ZP ZS ZT Barra de referência Figura 12 – Circuito equivalente do transformador trifásico de três enrolamentos. Os valores das impedâncias que constam do circuito equivalente são obtidos a partir de ensaios de curto-circuito do equipamento, usando dois enrolamentos e deixando o terceiro em aberto. Deste modo, os referidos ensaios fornecem:
  • 13. - impedância de curto-circuito medida no primário, com o secundário curto- circuitado e o terciário aberto; o valor em ohms é referido ao primário (lado em que se fez a medida); - impedância de curto-circuito medida no primário, com o terciário curto-circuitado e o secundário aberto; o valor em ohms é referido ao primário (lado em que se fez a medida); - impedância de curto-circuito medida no secundário, com o terciário curto- circuitado e o primário aberto; o valor em ohms é referido ao secundário (lado em que se fez a medida). Após referir os valores obtidos nos ensaios a um mesmo enrolamento, pode-se obter seus valores em p.u. adotando-se potência base única e tensões base cujos valores mantenham as relações existentes entre as tensões de linha dos enrolamentos do transformador. Com as impedâncias , e expressas em p.u. e sendo: Calculam-se as impedâncias , e , em p.u., através das seguintes expressões: Exemplo 8: Certo transformador trifásico de três enrolamentos possui como características: - Primário: Ligação Y; 13,8 kV, 15 MVA; - Secundário: Ligação Y; 34,5 kV, 10 MVA; - Terciário: Ligação Δ; 4,2 kV; 7,5 MVA. Ensaios de curto-circuito realizados em laboratório indicaram os seguintes resultados, desprezando-se as resistências dos enrolamentos: - medidas no primário: = j 0,768 Ω, = j 0,834 Ω; - medidas no secundário: = j 6,532 Ω. Apresente o circuito equivalente por fase, em p.u., adotando Sbase = 15 MVA e Vbase = 13,8 kV.
  • 14. Solução: O circuito equivalente solicitado deve ser feito com valores em p.u. na mesma base. Tem-se então: Assim: P S T j0,022 p.u. Barra de referência j0,038 p.u. j0,044 p.u. Figura 13 – Resultado do Exemplo 8. 2.3.Diagrama de Reatâncias em p.u., por Fase, de um Sistema de Potência Para concluir o presente tema, apresenta-se um diagrama completo de reatâncias em p.u., por fase, de um sistema de potência. O respectivo diagrama unifilar aparece na Figura 14. Inicialmente, adota-se uma potência base para todo o sistema. Em seguida, escolhe-se uma tensão base num trecho do sistema e, a partir desse valor, resultam as tensões base nos demais trechos, em decorrência das relações de tensão nos
  • 15. transformadores. Dessa forma, cada trecho possui sua respectiva base de tensão. Uma vez resolvido o problema, pode-se voltar aos valores reais multiplicando os valores em p.u. pela base da respectiva grandeza em cada lugar da rede. Na Figura 14, escolheu-se como base: - Potência base: 200 MVA (para todo o sistema); - Tensão base: 120 kV (na linha de transmissão); 100 MVA 0,2 p.u. 50 MVA 0,2 p.u. 75 MVA 0,1 p.u. 75 MVA 0,1 p.u. 13,8/138 kV X = 40 Ω 50 MVA 0,1 p.u. 138/13,8 kV G1 G2 G3 T1 T2 T3 50 MVA 0,1 p.u. Figura 14 – Diagrama unifilar do sistema elétrico de potência. Nos trechos dos geradores G1, G2 e G3, a tensão base terá valor 12 kV, já que os transformadores têm relação de transformação igual a 10. Fazendo as devidas mudanças de base, obtém-se: O diagrama de reatâncias em p.u., por fase, nas bases estabelecidas, aparece na Figura 15. Note que muitos cálculos seriam evitados se:
  • 16. a) Fosse escolhida como potência base 50 MVA, na qual já estão expressas as reatâncias de G1, G2 e G3; b) Fosse escolhido como tensão base na linha de transmissão o valor de 138 kV, dispensando mudanças de base de tensão. VG1 VG2 VG3 (G1) (G2) (G3) (T1) (T2) (LT) (T3) j 0,529 p.u. j 1,058 p.u. j 0,529 p.u. j 0,529 p.u. j 0,353 p.u. j 0,353 p.u. j 0,556 p.u. Figura 15 – Diagrama de reatâncias resultante.