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JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Homenagem do JB News aos Irmãos leitores de Rio Branco da
Grande Loja do Acre e do Grande Oriente do Brasil.
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – domingo, 4 de setembro de 2016
Bloco 1-Almanaque
Bloco 2-IrNewton Agrella – Produção Literária Maçônica Contemporânea
Bloco 3-IrJoão Ivo Girardi – A Maçonaria e a Independência do Brasil (Coluna do Ir. João Gira)
Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – Sobre as Influências da Igreja na História da Maçonaria e ...
Bloco 5-IrHercule Spoladore – O Processo Histórico – Independência do Brasil – Participação da Maçon.
Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – A Maçonaria e o Sentido da Vida
Bloco 7-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 4 de setembro. Versos do Irmão e Poeta Sinval
Santos da Silveira
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 2/33
Para Aprendizes Eternos, Pesquisadores Incansáveis, Cunhadas Curiosas,
Goteiras Incuráveis, Esotéricos de Plantão, Místicos Misteriosos e Festeiros de
Ágapes e Regabofes, este aqui é um site que está sempre de pé e à ordem!
www.artedaleitura.com
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e
www.google.com.br
Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 248º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Nova)
Faltam 118 para terminar este ano bissexto
Semana da Pátria. Dia da Criação (dos Judeus) e dia do Serventuário
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
LIVROS
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 3/33
 476 - Queda de Roma, delimitando o início da Idade Média.
 1479 - Assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo pelos representantes dos reinos de Castela e
Portugal colocando fim à Guerra de Sucessão de Castela.
 1781 - Fundação de Los Angeles, com o nome de El Pueblo de Nuestra Señora La Reina de los Ángeles
de Porciúncula.
 1842 - Casamento de Pedro II do Brasil com a princesa Teresa Cristina Maria de Bourbon.
 1856 - Pau dos Ferros torna-se município do Rio Grande do Norte.
 1865 - Início do governo de Joaquim António de Aguiar como presidente do Conselho de Ministros de
Portugal.
 1871 - É proclamada a República Francesa.
 1882 - Thomas Edison acende pela primeira vez, na central de eletricidade a iluminação elétrica
comercial.
 1888 - George Eastman registra a marca Kodak e recebe a patente por sua câmera que usa rolo de
filme.
 1910 - É fundado o município de Santa Rosa de Viterbo (inicialmente chamado Ibiquara).
 1911 - Início do governo de João Chagas como presidente do Ministério de Portugal.
 1930 - A cidade da Paraíba passa a chamar-se João Pessoa (Brasil).
 1935 - A Cidade pernambucana de Paulista é emancipada.
 1947 - Burkina Faso, país africano, é recriado com o nome de Alto Volta.
 1969 - Militantes do MR-8 seqüestram o embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick.
 1970 - Salvador Allende, da Unidade Popular, é eleito presidente do Chile por estreita margem. Por não
ter obtido a maioria dos votos, precisa ser confirmado pelo Congresso, conforme a lei então vigente.
 1972 - Mark Spitz, nadador norte-americano, tem o recorde de sete medalhas de ouro ganhas
nas Olimpíadas de Munique.
 1976 - George W. Bush é detido e multado por conduzir sob influência de álcool.
 1981 - Nasce Beyoncé knowles, sendo hoje comemorado o BeyDay
 1994 - É criado o serviço de apontadores português Sapo, em Aveiro.
 1998 - Criado o site de pesquisas Google.
 2004 - O estado norte-americano da Flórida é atingido pelo Furacão Frances.
1782 “Os membros presentes prometem não usar linguagem indecente contra um nobre Grão-Mestre.” Registro
na Ata da Grande Loja dos Antigos.
1822 Ata da 13ª. Sessão do Grande Oriente Brasileiro, presidida por Gonçalves Ledo. Assuntos Administrativos
1850 Promulgada a lei Eusébio de Queiroz () que proibia de forma definitiva o tráfico de escravos no Brasil.
1864 Fundação do Supremo Conselho do Egito.
1872 Nova eleição no Grande Oriente Unido: eleito Saldanha Marinho, em meio a irregularidades.
1929 Princípios Básicos para Reconhecimento de Potências ratificadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
EVENTOS HISTÓRICOS
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
Fatos maçônicos do dia
Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 4/33
O Ir Newton Agrella -
M I Gr 33 escreve aos domingos.
É membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464
e Loja Estrela do Brasil nr. 3214
REAA - GOSP - GOB
newagrella@gmail.com
"PRODUÇÃO LITERÁRIA MAÇÔNICA CONTEMPORÂNEA"
Observa-se uma certa letargia na produção de grandes Obras Literárias Maçônicas.
A impressão é que todas as nossas referências estão baseadas sempre nos antigos e
renomados autores maçons.
Sejam brasileiros como: Rizzardo da Camino, Theobaldo Varoli Filho, José Castellani,
Felipe Cocuzza, Nicola Aslan, Joaquim Gervásio de Figueiredo ou os consagrados autores
estrangeiros como: Albert Pike, Jules Boucher, Jean Palou, David Stevenson, W.Kirk
MacNulty, dentre outros.
Fato é que atualmente pouquíssimos livros sobre Maçonaria, plenos de essência e de
conteúdo substancial que fazem uma abordagem diferenciada ou com um perfil mais
definido sobre a essência da Ordem são dignos de nota.
O que se vê é uma sucessão de repertórios já conhecidos e de repetitivas referências
bibliográficas de obras e de autores que se perderam no tempo.
É bem verdade, que para uma Instituição cuja "tradição" é marca inegável de seu legado,
não se pode esperar "inovações" profundas sobre a própria essência filosófica que encerra
tanto o seu caráter cultista quanto o seu diletantismo iniciático contidos em seu arcabouço
esotérico.
Porém, isso não deve se constituir num impedimento para que a literatura maçônica se
renove e busque novas inspirações.
A expectativa pelo surgimento de novos autores que consigam traduzir os augustos
mistérios da Ordem, através de uma linguagem mais contemporânea sem perder o requinte,
o brilho e a liturgia gramatical parece-nos algo relativamente distante nos nossos dias.
2 – Produção Literária Maçônica Contemporânea
Newton Agrella
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 5/33
A Interpretação da cultura maçônica exige um cabedal de conhecimento histórico,
científico, antropológico e filosófico de modo que não se resvale pelo lugar-comum
chamado "religião".
De acordo com os textos e discursos esotéricos, o homem primitivo não era o selvagem de
parcos conhecimentos e de pouco entendimento que sugere a ciência materialista; era sim
um ser consciente de sua missão espiritual, feliz e desenvolvido, vivendo entre animais e
plantas em estado natural - destacando-se porém que o homem é um ser eminentemente
social, cuja sobrevivência está intimamente ligada à atividade comunitária.
A expectativa por novas obras e novos autores reside exatamente na capacidade do homem
formular novos conceitos, edificar novas idéias e conseguir abstrair do Universo uma
relação mais profunda que o leve a interpretar a "construção de seu templo" sob os ideais da
obra maçônica inspirado em novos modelos de referência evolutiva.
O tempo é um aliado natural...e a obra é reflexo de seu esforço.
A história da Maçonaria revela através de trilhas investigativas que há muitos documentos,
inscrições, e indícios dos primeiros manuscritos concernentes aos ensinamentos antigos da
Ordem que se perderam .
Vide a obra de Laurence Gardner - "A Sombra de Salomão " (a revelação dos segredos
perdidos dos franco-maçons) onde o mesmo seguiu um rastro de registros documentais e
acessou farto material que as Constituições Maçônicas alegam terem se perdido há mais de
três séculos - e conseguiu elaborar uma obra contemporânea e de importante contribuição
literária.
O incentivo à pesquisa é o primeiro passo e a busca por mais material consistente de
veracidade e de fontes fidedignas são o caminho para que se prodigalizem novas Obras.
Fraternalmente
Newton Agrella
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 6/33
O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja
“Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do
“Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite”
Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico
“Aquiles Garcia” 2016 da GLSC.
Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco.
A MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
“Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco ajudaram D. Pedro a criar o
Brasil – um país que tinha tudo para dar errado. E, no entanto, deu certo...”
(Laurentino Gomes).
A história do Brasil está repleta de mitos nos quais acontecimentos reais do passado se
confundem com situações imaginadas, construídas ou modificadas pelas gerações posteriores de
acordo com a conveniência ou a necessidade de cada momento. Um desses inúmeros mitos está
relacionado ao papel desempenhado pela Maçonaria em 1822. Por ele, a separação de Portugal teria
sido inteiramente tramada e decidida dentro das lojas maçônicas nos meses que antecederam o Grito
do Ipiranga.
A Maçonaria teve papel fundamental na Independência, mas é um erro apontá-la como um
grupo homogêneo. Nem de longe os maçons foram unânimes nas suas opiniões. Ao contrário, foi ali
que se travaram algumas das disputas mais acirradas do período e que envolveram ninguém menos
do que o jovem príncipe regente e futuro imperador Pedro I. Em 1822, a Maçonaria brasileira estava
dividida em duas grandes facções.
Ambas eram favoráveis à independência, mas uma delas, liderada por Joaquim Gonçalves Ledo,
defendia ideias republicanas. A outra, de José Bonifácio de Andrada e Silva, acreditava que a
solução era manter D. Pedro como imperador em regime de monarquia constitucional. Esses dois
grupos disputaram o poder de forma passional, envolvendo prisões, perseguições, exílios e expurgos.
Por curiosidade e interesse em vigiar e controlar as diversas correntes políticas da época.
D. Pedro participou ativamente das duas facções. Frequentava as lojas do grupo de Gonçalves
Ledo reunidas no Grande Oriente do Brasil, mas também esteve na fundação do Apostolado da
Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, dissidência liderada por José Bonifácio. Em lugar de
lojas, o Apostolado tinha palestras, batizadas significativamente de Independência ou Morte, União
e Tranquilidade e Firmeza e Lealdade.
Eleito arconte-rei na primeira sessão, D. Pedro jurou promover com todas as forças e à custa da
própria vida e fazenda a integridade, independência e felicidade do Brasil como reino
constitucional, opondo-se tanto ao despotismo que o altera como à anarquia que o dissolve.
Era o programa de governo de José Bonifácio. Nas lojas maçônicas foram estudadas, discutidas e
aprovadas várias decisões importantes, como o manifesto que resultou no Dia do Fico (9 de janeiro
3 – A Maçonaria e a Independência do Brasil
João Ivo Girardi
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 7/33
de 1822), a convocação da constituinte, os detalhes da aclamação de D. Pedro como defensor
perpétuo do Brasil e, finalmente, como imperador, no dia 12 de outubro.
Imensa foi a contribuição da Maçonaria para o movimento da Independência, afirmou o
historiador Octávio Tarquínio de Sousa. Essa atividade encoberta, esses juramentos em segredo
deixam fora de dúvida como a independência já estava decidida alguns meses antes de setembro de
1822 e como o príncipe se dera sem reservas à causa brasileira.
Numa época em que ainda não havia partidos políticos organizados, foi o trabalho das
sociedades secretas que levou a semente da independência às regiões mais distantes e isoladas do
território brasileiro. O historiador Manuel de Oliveira Lima diz que a Maçonaria funcionou em 1822
como uma escola de disciplina e de civismo e um laço de união entre esforços dispersos e
dispersivos.
Um exemplo é a distante vila de Parnaíba, responsável pelo primeiro grito da Independência no
Piauí em outubro daquele ano. A iniciativa partiu da loja maçônica local, liderada pelo juiz de fora
João Cândido de Deus e Silva e pelo coronel Simplício Dias da Silva. Formado em Coimbra, o
coronel Simplício era um dos homens mais ricos do Brasil. Tinha 1.200 escravos e no final do século
XVIII chegou a abater 40.000 bois por ano, transformados em carne de charque, banha e couro
curtido.
Depois da abertura dos portos, em 1808, esses produtos eram transportados por uma frota privada
de cinco navios que cruzavam o Atlântico em direção à Europa, aos Estados Unidos e às capitais do
nordeste e do sul do país - e sem nenhuma intermediação da metrópole, o que distanciava o coronel
dos interesses portugueses. Simplício acumulou uma fortuna tão grande que mantinha uma orquestra
particular nos seus domínios, requinte difícil de imaginar naquele tempo. Teria presenteado D. Pedro
com um cacho de bananas em tamanho natural, todo em ouro maciço incrustado com pedras
preciosas. Também sustentava uma capela e um pároco exclusivos na catedral da cidade, onde seu
túmulo exibe hoje uma variada simbologia maçônica, segundo estudo feito pelo historiador
piauiense Diderot Mavignier.]
No começo do século XIX, a Maçonaria era uma organização altamente subversiva, comparável
ao que seria a Internacional Comunista no século XX. Nas suas reuniões, conspirava-se pela
implantação das novas doutrinas políticas que estavam transformando o mundo. Cabia aos seus
agentes propagar essas novidades nas zonas quentes do planeta. A mais quente de todas era,
obviamente, a América que, depois de três séculos de colonização, começava a se libertar de suas
antigas metrópoles e a testar essas novas ideias políticas implantando regimes até então praticamente
desconhecidos, como a república.
A presença de militares e intelectuais maçons estrangeiros nas guerras de independência do
continente nesse período é marcante. Segundo o historiador Oliveira Lima, ela mostra bem que as
ideias subversivas dos tronos eram espalhadas pelas sociedades secretas, (...) e passavam de um
país para outro, de um continente a outro, com celeridade e eficácia.
No Brasil há dois casos exemplares. O primeiro é o do general francês Pierre Labatut, que
comandou as tropas brasileiras na guerra da Independência na Bahia. Labatut é ainda hoje um
personagem misterioso. As informações sobre ele são relativamente escassas. Sabe-se que nasceu na
cidade francesa de Cannes, serviu no Grande Exército de Napoleão Bonaparte, lutou contra os
ingleses nos Estados Unidos e, algum tempo depois, estava ao lado de Simón Bolívar fazendo a
independência da Venezuela. Teria chegado ao Rio de Janeiro depois de brigar com o grande
libertador da América espanhola. Curiosamente, sem que houvesse maiores referências sobre seu
passado, foi imediatamente contratado por D. Pedro para comandar o exército na Bahia. De onde
viria tanto prestígio? O historiador baiano Braz do Amaral dá uma pista: a indicação para o posto
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 8/33
partiu da Maçonaria. Seu nome fora sugerido a José Bonifácio pelo frei Francisco Sampaio,
importante líder maçônico do Rio de Janeiro, em cuja cela no convento de Santo Antônio foram
tramados alguns lances decisivos da Independência.
Outro historiador, o americano Neill Macaulay, afirma que, antes de embarcar para a Bahia,
Labatut prestou juramento em sessão do Grande Oriente, entidade máxima da Maçonaria brasileira.
Todos esses indícios sugerem que o general francês fosse um agente internacional empenhado
em disseminar as ideias plantadas pela Revolução Francesa.
Outro caso curioso é do português João Guilherme Ratcliff, um dos réus da Confederação do
Equador. Maçom e republicano, viajou por diversos países e aprendeu várias línguas. Ainda em
Portugal, foi um dos líderes da Revolução Liberal do Porto de 1820. No ano seguinte, redigiu o
decreto de banimento da rainha Carlota Joaquina, que se recusara a prestar juramento à nova
constituição liberal na volta da corte de D. João a Lisboa. Ratcliff pagaria um alto preço pela atitude.
Em 1823 fugiu de Portugal depois do golpe absolutista de D. Miguel que dissolveu as cortes
constituintes. Passou pela Inglaterra, pelos Estados Unidos e chegou a Pernambuco em plena
efervescência revolucionária. Logo foi preso e despachado para o Rio de Janeiro. Por decreto de 10
de setembro de 1824, D. Pedro I ordenou que ele e seus companheiros fossem breve, verbal e
sumarissimamente sentenciados. Condenado à morte na forca, fez do alto do patíbulo um discurso
antes de ser executado no dia 17 de março de 1825: Brasileiros! Eu morro inocente, pela causa da
razão, da justiça e da liberdade. Praza aos céus que o meu sangue seja o último que se derrama
no Brasil e no mundo por motivos políticos. Numa versão nunca comprovada, sua cabeça teria sido
salgada e enviada secretamente por D. Pedro à mãe, Carlota Joaquina, como vingança pelo decreto
de banimento de 1821.
As origens da Maçonaria se perdem nas brumas do tempo. Os primeiros grupos maçônicos teriam
surgido nos canteiros de obras da Idade Média, na construção das grandes catedrais que hoje
deslumbram turistas e peregrinos. Os profissionais responsáveis por essas obras eram altamente
qualificados, reunindo conhecimentos de arquitetura, engenharia, escultura, marcenaria, forja e
carpintaria, entre outras qualificações, o que lhes assegurava remuneração e tratamento
privilegiados. Para defender seus interesses, os mestres construtores se reuniam em guildas,
associações precursoras dos atuais sindicatos que serviam também de escola, onde o conhecimento
especializado era passado de uma geração para outra.
Na Inglaterra, os locais das reuniões eram chamados de lodges, mais tarde traduzidos para o
português como lojas. Em 1717, ano oficial do nascimento da Maçonaria, os quatro lodges de
Londres se unificaram numa única Grande Loja. A esta altura, porém, os maçons não guardavam
apenas segredos profissionais. Tinham uma agenda política. Empenhados em combater a tirania dos
reis absolutos, lutavam contra a escravidão e por leis que assegurassem direito de defesa, liberdade
de pensamento e de culto, participação no poder e ampliação das oportunidades para todos. Isso os
colocava em confronto com a nobreza que até então comandava os destinos dos povos.
A Maçonaria estaria por trás de virtualmente todas as grandes transformações ocorridas nos dois
séculos seguintes. Na Revolução Francesa, cunhou o lema liberdade, igualdade e fraternidade. Em
uma de suas lojas foi composta a Marselhesa, marcha revolucionária adotada depois como hino da
França. Três libertadores da América espanhola, Simón Bolívar, Bernardo O’Higgins e José de San
Martín, frequentaram a mesma loja em Londres, a Gran Reunión Americana, situada no número 27
da Grafton Street. Seu fundador, o venezuelano Francisco de Miranda, tinha sido colega de George
Washington, primeiro presidente americano, em uma loja maçônica da Filadélfia, nos Estados
Unidos.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 9/33
Em nenhum outro episódio a atuação da Maçonaria foi tão decisiva quanto na independência
americana. Dos 56 homens que assinaram a declaração de independência, cinquenta eram maçons,
incluindo Benjamin Franklin e o próprio George Washington, na época Grão-Mestre da Loja
Alexandria.
No Brasil, a Independência foi proclamada por um Grão-Mestre maçom, D. Pedro I. E a
República, por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. Entre os 12 presidentes da Primeira
República, oito eram maçons. O primeiro ministério era todo maçom, incluindo Rui Barbosa,
Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant. As primeiras lojas maçônicas teriam surgido no país
ainda no final do período colonial. Existem vagas referências, todas sem comprovação, da presença
de maçons na Inconfidência Mineira de 1789 e na Conjuração Baiana, também conhecida como
Revolta dos Alfaiates, de 1798. Álvares Maciel, principal ideólogo dos inconfidentes mineiros,
pertenceria a uma sociedade secreta chamada Illuminati. A própria bandeira desenhada pelos
rebeldes, um triângulo verde sobre fundo branco com as palavras Libertas Quae Sera Tamen
(Liberdade, ainda que tardia), seria uma referência à simbologia maçônica. Em Pernambuco, é
comprovada a presença da Maçonaria a partir de 1796, ano da fundação do Areópago de Itambé por
Manuel de Arruda Câmara, padre carmelita paraibano, médico pela Faculdade de Montpellier com
passagem por Coimbra e grande defensor das ideias políticas francesas. Arruda Câmara fora iniciado
na irmandade enquanto estava na Europa. De volta ao Brasil, resolveu propagar as novas doutrinas
sob o disfarce de academias científicas e literárias. Era uma forma de burlar a severa vigilância da
coroa portuguesa sobre a circulação dessas ideias. O Areópago de Itambé foi dissolvido cinco anos
mais tarde, quando a justiça real descobriu um complô para a criação de uma república em
Pernambuco com o apoio do então primeiro cônsul francês Napoleão Bonaparte. A proposta
ressurgiria em 1817. Entre os integrantes do Areópago de Arruda Câmara estava uma rica família de
senhores de engenho, os Cavalcanti, condenados a quatro anos de prisão acusados de participar da
conspiração republicana. Soltos, fundariam em um dos seus engenhos uma escola democrática
batizada de Academia Suassuna, na verdade mais um disfarce para o funcionamento de uma loja
maçônica.
Datam também desse período as divergências entre as diversas correntes da Maçonaria brasileira.
O historiador Evaldo Cabral de Mello afirma que a Revolução Pernambucana de 1817 foi uma
insurreição que escapou ao controle da Maçonaria portuguesa e fluminense. Segundo ele, enquanto
as lojas do Rio de Janeiro permaneceram até as vésperas da Independência controladas de perto pelo
Grande Oriente Lusitano, que defendia o ponto de vista da coroa portuguesa, o ramo de Pernambuco
filiou-se à Maçonaria inglesa por intermédio de Domingos José Martins, líder da rebelião de 1817.
Desde então, as lojas pernambucanas haviam-se tornado exclusivamente brasileiras, proibindo a
entrada de portugueses.
Uma curiosidade é que havia lojas maçônicas em funcionamento na própria corte do rei D.
João VI. Duas delas, fundadas no Rio de Janeiro em 1815, chamavam-se Beneficência e São João
de Bragança. O nome da segunda seria uma homenagem velada a D. João, suspeito de ter
conhecimento e tolerar as atividades da Maçonaria nas dependências do palácio real.
Um de seus ministros mais poderosos, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o conde de Linhares,
responsável pela mudança da família real portuguesa para o Brasil, teria sido maçom. As lojas foram
proibidas depois da Revolução Pernambucana de 1817, mas voltaram a funcionar em 1821.
No dia 17 de junho de 1822, todas elas se congregam no Grande Oriente do Brasil por
iniciativa de João Mendes Viana, grão-mestre da Comércio e Artes, do Rio de Janeiro. A data é
considerada o momento em que a Maçonaria fluminense rompeu definitivamente seus laços com o
Grande Oriente de Lisboa e se converteu à causa da Independência brasileira, seguindo o exemplo
das lojas pernambucanas. O então poderoso ministro José Bonifácio foi eleito grão-mestre, mas seria
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 10/33
substituído dois meses mais tarde por ninguém menos que o príncipe regente D. Pedro num golpe
tramado pelo grupo rival, de Joaquim Gonçalves Ledo.
A passagem de D. Pedro pela Maçonaria é meteórica. Pelo menos oficialmente. Iniciado na loja
Comércio e Artes no dia 2 de agosto de 1822 com o nome de Guatimozim - em homenagem ao
último imperador asteca -, foi promovido ao grau de mestre três dias mais tarde e elevado ao posto
máximo da organização, o de grão-mestre, dois meses depois. Exerceu a função por apenas 17 dias.
Em 21 de outubro (uma semana após a aclamação como imperador), mandou fechar e
investigar as lojas que o haviam ajudado a proclamar a Independência. Quatro dias mais tarde,
sem que as investigações sequer tivessem começado, determinou a reabertura dos trabalhos com seu
antigo vigor.
Há fortes indícios, porém, de que D. Pedro frequentasse as atividades da Maçonaria bem antes
disso. No Museu Imperial de Petrópolis há uma carta que o então príncipe regente escreveu a José
Bonifácio com vocabulário e sinais maçônicos no dia 20 de julho de 1822, data anterior à sua
iniciação oficial:
O Pequeno Ocidente toma a ousadia de fazer presentes ao Grande Oriente duas cartas da Bahia
e alguns papéis periódicos da mesma terra há pouco vindas. Terra a quem o Supremo Arquiteto do
Universo tão pouco propício tem sido. É o que se oferece por ora a remeter a este que em breve
espera ser seu súdito e I ∴ Pedro.
No canto superior esquerdo da página, há o desenho de um sol e a palavra Alatia, em que as letras
foram substituídas por esquadro, compasso, martelo, uma pá de pedreiro e um olho. A assinatura é
acompanhada do símbolo ∴, os três pontinhos em forma de pirâmide que indicam a filiação
maçônica.
O comportamento aparentemente errático e contraditório do imperador em relação à
Maçonaria é uma prova de que a instituição esteve longe de funcionar como um corpo monolítico
em 1822, decidindo de forma uníssona os destinos do país nas suas reuniões secretas. Ou que, numa
outra hipótese, tenha sido uma vítima inocente das arbitrariedades de D. Pedro I.
Segundo uma acusação muito comum entre os maçons atualmente, o imperador teria traído seu
juramento ao mandar fechar as lojas e proibir suas atividades. Pagaria por isso em 1831, ao ser
obrigado a abdicar o trono brasileiro em movimento outra vez liderado pela Maçonaria. Na verdade,
a Maçonaria usou os diferentes grupos de pressão na época da Independência e foi usada por eles, de
acordo com as circunstâncias do momento. No episódio do Dia do Fico, do Grito do Ipiranga e da
aclamação do imperador, saiu triunfante. Sairia vitoriosa novamente em 1831, na abdicação do
imperador. Na dissolução da constituinte, na Confederação do Equador e em outros momentos,
perdeu. Foi, portanto, um elemento importante no poderoso jogo de pressões que se estabeleceu no
momento em que o Brasil dava seus primeiros passos como nação independente, mas não o único
nem o mais decisivo.
Finalizando: Tudo começou em 1808: “Foi o único que me enganou”. Napoleão Bonaparte, nas
suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio da Ilha de Santa Helena, referindo-se a D.
João VI, rei do Brasil e de Portugal.
(Texto extraído e condensado dos Livros: 1808; 1822 e 1889 do escritor paranaense Laurentino
Gomes. Sabe-se que o premiado escritor não era maçom, mas que tinha em sua família membros da
Maçonaria e suas fontes bibliográficas são intensas nos livros e documentos maçônicos da época.
Imperdíveis).
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 11/33
O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves*
escreve às quartas-feiras e domingos.
Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
Santana do Livramento – RS
ronaldoviega@hotmail.com
SOBRE AS INFLUÊNCIAS DA IGREJA NA HISTÓRIA DA MAÇONARIA E
SOBRE ALGUNS TERMOS DE ORIGEM CATÓLICA POR ELA ADOTADOS:
UMA SÍNTESE.
“É sabido que a Maçonaria nasceu, cresceu e floresceu à sombra das Igrejas
cristãs. Todos os mais famosos e perfeitos Monumentos de Pedra, erigidos na
Europa pela Igreja Católica, após o Século XII, foram construídos pelos Maçons
Operativos. E isso não aconteceu gratuitamente. O Cristianismo foi assimilado
profundamente pelos pedreiros da Europa, deixando uma profunda e indestrutível
herança na estrutura da Maçonaria Operativa e, mesmo, na Maçonaria
Especulativa. Todavia, foi o caráter de livre-pensador, que o Maçom especulativo
assimilou, que o levou a entrar em atrito com sua antiga patroa e benfeitora _ a
Igreja Católica. Mas,mesmo assim, a Maçonaria nunca foi condenada por ser anti-
cristã, mas, sim _ de anticlerical e de deísta.” (Xico Trolha, pág. 44, 1997)
INTRODUÇÃO
Logo após a nossa Iniciação, na medida em que vamos familiarizando-nos com o
ambiente maçônico, em algumas situações ouviremos expressões que soam como se fossem
religiosas, e podendo nos remeterem ao universo específico de alguma religião em particular.
Este trabalho tem por objetivo mostrar algumas evidências provenientes do ambiente
católico, tecendo os comentários que se fizerem necessários, assim como, mostrando algo das
influências recebidas da Igreja pela Maçonaria no desenrolar da sua história, e ao mesmo tempo,
abrir uma porta para que outros trabalhos possam acrescentar mais informações.
E por que essa escolha recaiu em expressões ou influências com uma origem no
Catolicismo? Com certeza, temos visto bastante sobre os termos hebraicos ou próprios do
4 – SOBRE AS INFLUÊNCIAS DA IGREJA NA HISTÓRIA DA MAÇONARIA E SOBRE
ALGUNS TERMOS DE ORIGEM CATÓLICA POR ELA ADOTADOS: UMA SÍNTESE.
- José Ronaldo Viega Alves
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Judaísmo, eis que eles parecem estar em maior número na Maçonaria, sendo que já vem
merecendo atenção há bastante tempo, até pelo fato de que são muitas as palavras de passe, as
palavras sagradas, os nomes dos personagens bíblicos, cerimoniais, que aparecem em hebraico.
Portanto, o presente trabalho quer ser uma primeira incursão no assunto esse que aponta para a
presença dessa terminologia e demais influências católicas na Maçonaria.
TERMINOLOGIA E INFLUÊNCIAS ORIUNDAS DO CATOLICISMO EM DIVERSOS
RITOS
A influência católica na Maçonaria é destacada por muitos autores, sem grandes
aprofundamentos, mas, tem ficado claro que, durante os tempos da Maçonaria Operativa,
evidentemente ela foi muito mais acentuada.
Da obra “O Conceito de Deus na Maçonaria” de autoria de Valerio Alberton,
extraímos o seguinte trecho:
“No período OPERATIVO, o conceito de Deus é, inquestionavelmente, TRINITÁRIO e, mesmo
MARIANO e hagiográfico. Todos os documentos da época, os assim denominados OLD
CHARGES _ antigos deveres _ registram-no invariavelmente: em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo e, em geral, acrescentam o de Nossa Senhora e dos santos (daí a contestação dos
dissidentes da primeira Grande loja da Inglaterra, censurando-a por ter ignorado os dias santos,
além de se omitir com relação às orações e ter descristianizado os rituais); é o conceito ensinado
pela Igreja católica. Não é de se admirar, já que a Maçonaria aqueles tempos era toda católica
porque constituída pelas corporações de ofícios que viviam à sombra da Igreja.”
A Maçonaria em seus Ritos cuja vertente é a francesa, além das influências místico-
esotéricas recebidas principalmente durante o século XVIII, também assimilou algumas
influências provindas de algumas das religiões, sendo que de parte da religião católica, chega a ser
bastante notória.
No livro “Curso de Maçonaria Simbólica – 1º Tomo – Aprendiz”, o seu autor, o
Irmão Theobaldo Varoli Filho já cuidava de emitir uma nota dirigida aos Aprendizes apontando
para alguns dos aspectos que deixam evidenciadas tais influências:
“Nota do Autor ao Aprendiz _ Os maçons também tomaram dos católicos vários termos clericais.
O Rito Escocês Antigo e Aceito tem um ‘consistório’. O Rito Brasileiro, cuja parte filosófica é de
fundação recente, criou o seu ‘Supremo Conclave’. A palavra mais comum entre os maçons é
‘placet’, que significa realmente agrada, aprova e alude ao deferimento dos bispos, cardeais e
papas às diferentes petições e atos dos subordinados. A pronúncia verdadeira é ‘plácet’,
paroxítona, mas muitos maçons brasileiros não desistem da pronúncia ‘placê’, talvez por
gostarem mais do cavalo colocado nas corridas ou preferirem a palavra francesa ‘placé’ que
nada tem que ver com ‘placet’.”
No livro “Debatendo Tabus Maçônicos”, o Irmão Kennyo Ismail , cita algumas das
heranças que o R.E.A.A. recebeu:
“A ‘Sala da Loja’, como é conhecida tradicionalmente o local de reuniões das lojas, teve seu
status modificado para ‘Templo’.
_ Não somente adotou-se status de ‘Templo’, como também a necessidade de uma cerimônia
específica para ‘sagrá-lo’, característica típica das igrejas católicas.
_ A planta do Templo, geralmente retangular, ganhou um formato arredondado na parede do
Oriente, comum em várias igrejas. Algumas obediências abandonaram essa característica nas
plantas de seus rituais do REAA pelos custos de construção.
_ O Oriente tornou-se mais elevado que o Ocidente e ganhou uma ‘balaustrada’, uma grade
separando o Oriente do Ocidente, como em igrejas católicas seculares.
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_ A bolsa de coleta de dinheiro da Igreja passou a circular entre os membros da Loja, com fins de
solidariedade.”
SOBRE A HISTÓRIA E INFLUÊNCIA DA IGREJA NA EUROPA NA IDADE MÉDIA
O Irmão José Castellani também se debruçou sobre o assunto, sendo que em seu livro
“Origens Históricas e Místicas do Templo Maçônico”, começa por descrever uma história sobre a
formação da própria Igreja até chegar àquelas que são consideradas influências sobre a Maçonaria.
Na sequência, com base no texto de Castellani, elaboro com minhas palavras um
texto sucinto sobre o que ele expôs no livro citado em relação à história da Igreja que serve de
informação para compreendermos melhor acerca do domínio e da influência que a Igreja adquiriu
no período medieval.
Depois de Jesus haver sido executado, passado um tempo, Simão, filho de Jonas,
dirigiu-se a Roma com o propósito de divulgar o Cristianismo. Acontece que o seu nome original
já não era mais Simão, pois Jesus havia lhe dito: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja.”
Então Pedro, ou melhor, o apóstolo Pedro, saído da Palestina, desembarca em Roma e
a partir daí, a história registra um começo do Cristianismo pródigo em perseguições, e em
matanças promovidas pelo Império Romano.
Até que em 312 da era atual, Constantino, imperador romano, proclama um édito na
cidade de Milão onde concedia a liberdade de culto para os cristãos. Esse é considerado o início
oficial da Igreja.
Posteriormente, acontece um cisma no seio da Igreja que vai ocasionar o surgimento
da Igreja oriental, sediada em Constantinopla, e a ocidental com sede em Roma. A oriental
recebeu a denominação de Ortodoxa, enquanto a ocidental passou a se chamar de Católica, ou em
outras palavras, universal.
A Igreja Ortodoxa se opunha à aceitação de elementos estranhos e bárbaros, ao passo
que a Igreja Católica aceitando, legitimando e coroando novos reis em território europeu ganhou
assim, o domínio pleno das cortes, tornando-se a organização mais poderosa da Idade Média.
A DESCRIÇÃO DA INFLUÊNCIA DA IGREJA NA MAÇONARIA POR CASTELLANI
A partir do momento em que no livro que foi citado acima, Castellani entra na
questão das influências diretas da Igreja sobre a Maçonaria, transcrevo suas palavras na íntegra,
que dizem o seguinte:
“A sua grande influência acabou se estendendo à Maçonaria, pois, não pode ser esquecido o fato
de que as corporações de ofício nasceram à sombra da Igreja. Além da influência em muitos
pontos da doutrina, da filosofia e da liturgia da Maçonaria, os seus templos, as igrejas muito
contribuíram para a formação do templo maçônico.
Como já foi visto, as igrejas foram, na realidade, os principais arquétipos dos
templos maçônicos; como, todavia, a sua estrutura não era original, mas, sim, buscada no templo
de Jerusalém, considera-se, então, como o principal modelo, tanto das igrejas, quanto dos
templos da Maçonaria, o santuário hebraico. Assim, os maçons copiaram, primitivamente, das
igrejas, a orientação, a distribuição e mesmo parte da decoração.
Colocaram, no lugar do altar-mor das igrejas, o seu ALTAR, local mais íntimo e
sagrado do templo, onde eram feitos os juramentos e compromissos; colocaram, na parte
correspondente ao presbitério, onde ficam os clérigos auxiliares, os lugares para Dignidades
maçônicas e que é parte do Oriente; e colocaram, no restante do templo, os demais maçons, na
parte, que, nas igrejas, é destinada aos fiéis.
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A colocação, em alguns ritos, como, por exemplo, o Rito Escocês Antigo e Aceito de
uma grade ou balaustrada, que separe o Oriente do restante dos templos, também é baseada nas
igrejas, que, em sua maioria, apresentam essa separação. O hábito de colocar um triângulo
equilátero, ou DELTA, no frontispício da edificação onde fica o templo, também é herdado da
igreja (ainda podem ser vistas igrejas antigas, com esse símbolo em sua fachada) da mesma
maneira que o costume de colocar, na frente do edifício, colunatas da ordem jônica, ou da ordem
coríntia.”
UMA RELAÇÃO BEM ANTIGA
O Irmão Eleutério Nicolau da Conceição traz informações bem interessantes dessa
relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica. Vejamos:
“Construtores de mosteiros, abadias, igrejas e castelos, os pedreiros vinculavam-se naturalmente
à instituição religiosa à época dominante na Europa, a igreja católica romana. Antigos
manuscritos ingleses contendo rituais maçônicos fazem alusão à Virgem Maria e à Santa Madre
igreja, e podemos supor serem as primitivas cerimônias maçônicas reflexo de alguma forma dos
aspectos do culto e cerimônias religiosas católicas. Outras corporações operativas como as dos
marceneiros, seleiros, chapeleiros e outros, adotavam havia muito tempo essa prática.
Pesquisa arqueológica recente encontrou vestígios de lojas maçônicas nos átrios de
muitas igrejas europeias. Isso confirma que, ao contrário dos costumes do início do século XVIII,
quando na Inglaterra muitas lojas tinham como local de reuniões os salões privativos de tabernas
londrinas, as iniciações antigas eram preferencialmente realizadas ao abrigo dos átrios
eclesiais.”
SOBRE A RITUALÍSTICA MAÇÔNICA E CATÓLICA: UM TRABALHO
ESCLARECEDOR
Na revista “O Prumo” em suas edições 208, 209 e 210, foi publicada uma série de
artigos com o título de “A Liturgia da Missa Católica e a Ritualística da Sessão Maçônica” de
autoria do Irmão Luiz V. Cichoski, um dos nossos grandes pesquisadores maçônicos da
atualidade, com base em obras de autoria de J. M. Ragon e Helena P. Blavatsky, onde estes
autores viram ligações entre o cerimonial católico e o maçônico. O Irmão Luiz V. Cichosky faz
um estudo, uma analogia, as variações, entre a Missa Tridentina, aquela com quem conviveram os
primeiros ritualistas maçons, a Missa Moderna e a Ritualística Maçônica. Basicamente, esses
artigos tem o objetivo de responder à seguinte pergunta: Qual a relação existente entre a liturgia
cristã (missa) e o trabalho que se desenvolve durante uma sessão maçônica? Para quem se
interessa pelo assunto, o trabalho é de leitura obrigatória.
LITURGIA: UM TERMO CATÓLICO?
De acordo com o “Vade-Mécum” do Irmão João Ivo Girardi, no primeiro item
referente ao verbete LITURGIA, consta o seguinte:
“1. É o termo mais aplicado à religião e designa a forma e a ordem aprovadas pela autoridade
eclesiástica, para celebrar os ofícios divinos, especialmente o da missa; é também, o estudo dos
Ritos Sagrados. Todavia, pela própria etimologia, qualquer sociedade que realiza um cerimonial,
seja público, ou apenas reservado aos seus adeptos, em que exista uma ordenação e uma
determinada forma de desenvolvimento da cerimônia, estará exercendo uma função litúrgica.”
COMENTÁRIOS:
Como pudemos observar, o termo é bastante aplicado à religião, e como é fácil
inferir, à religião católica, já que ali o texto cita também a autoridade eclesiástica. No entanto, o
uso do termo pode ser adaptado, em razão de sua etimologia para qualquer cerimonial público ou
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reservado, o que abre espaço para uma liturgia maçônica, e que seria a ordem executada nas
cerimônias ou sessões maçônicas. Para encerrar o assunto, não podemos deixar de considerar as
palavras do ilustre Irmão Luiz Chitoski que ao se referir ao termo diz que “não se pode deixar de
reconhecer a imensa carga religiosa que carregam os termos liturgia, litúrgico e outros, que são
entendidos como o ‘serviço público oficial da Igreja’.
CONCLUSÃO
A proposta apresentada até aqui, teve como escopo central priorizar o Catolicismo ou
a Igreja Católica, ainda que signifique também falar indiretamente sobre o Cristianismo. Por outro
lado, em se enveredando pelo universo maçônico no que tange ao que tem inspiração cristã,
alargaríamos demais os horizontes, além de que, isso demandaria muito mais pesquisas, pois,
ainda que se restrinja aos graus simbólicos, é possível dizer que todos eles possuem alegorias,
expressões ou preceitos provindos do Cristianismo. O título, portanto, busca uma relação mais
direta com as influências católicas, e num primeiro momento, bastante generalizada. Sabendo do
quanto se pode pender para essa linha que usa o termo ‘cristão’, mas, sem especificar qual das
religiões, é que foram priorizadas as influências e a terminologia de origem católica, além de
finalizar o título com a expressão “uma síntese”, pois, isso permitirá então que esse trabalho tenha
endereço certo e seja mesmo um ponto de partida para todos aqueles Irmãos que quiserem se
aprofundar muito mais.
Houve um período da história da Maçonaria em que até mesmo preces eram usuais
em seu meio, e preces nitidamente católicas, quando por ocasião do início dos trabalhos. Isso
sucedeu por muito tempo, durante o Período Operativo da Maçonaria, bem no seio das confrarias,
tanto que em vários daqueles estatutos constavam os deveres de jurar lealdade tanto para o
Cristianismo como para a Igreja Católica, além da invocação de um santo protetor.
A Maçonaria foi descristianizada, digamos assim, e acabou se identificando bastante
com o Protestantismo inglês, o que provocou a retirada de muitas dessas práticas de origem
católica, embora muitos resquícios ainda permaneçam. Num futuro trabalho, é possível que se
entre no âmago da questão que envolve que ou qual Rito tende a conservar mais ou menos, os
resquícios dessas influências, a exemplo do que o Irmão Xico Trolha diz em seu livro “A
Descristianização da Maçonaria”: “Só para ilustrar este trabalho – o Rito Sueco é essencialmente
Cristão, e o Rito Escocês Retificado é de cunho puramente Católico.”
Algumas das influências são bastante nítidas, outras nem tanto, o que não impede de
afirmarmos que existiu uma absorção bem maior dessas influências no Período Operativo e não
foram de todo apagadas com aquilo que se convencionou chamar de descristianização da
Maçonaria.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Revistas:
O PRUMO, edições 208, 209 e 210, Mar/Abr, Mai/Jun e Jul/Ago de 2016: A Liturgia da Missa Católica e a
Ritualística da Sessão Maçônica (Parte 1, 2 e 3) ”- Artigos de autoria do Irmão Luiz V. Cichoski.
Livros:
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora ltda.
2ª Edição - 2008
ALBERTON, Valério. “O Conceito de Deus na Maçonaria” – Editora Aurora – 2ª Edição – 1981
CASTELLANI, José. “Origens Históricas e Místicas do Templo Maçônico” – Editora “A Gazeta Maçônica”- 1991
CONCEIÇÃO, Eleutério Nicolau da. “MAÇONARIA Raízes Históricas e Filosóficas” – Editora Cultural O
Prumo – 2ª Edição - 2006
ISMAIL, Kennyo. “DEBATENDO Tabus Maçônicos” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1ª Edição – 2016
TROLHA, Xico. (Francisco de Assis Carvalho) – “A Descristianização da Maçonaria” – Editora Maçônica “A
Trolha” Ltda. 1ª Edição - 1997
VAROLI FILHO, Theobaldo. “CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA” - 1º Tomo (Aprendiz) 2ª Edição -
Editora A Gazeta Maçônica S.A. - 1977
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O Ir Hercule Spoladore –
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”-
Londrina – PR – escreve aos domingos
hercule_spolad@sercomtel.com.br
O PROCESSO HISTÓRICO
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA
CRONOLOGIA DOS EVENTOS
NO FINAL DO SÉCULO XVII E INÍCIO DO SÉCULO XVIII, FILHOS DE BRASILEIROS E
PORTUGUESES ABASTADOS IAM ESTUDAR NA EUROPA. ENTRAVAM EM CONTATO
COM AS DOUTRINAÇÕES DO ILUMINISMO OU ILUSTRAÇÃO SENDO QUE
TAMBÉM A QUASE TOTALIDADE DELES SE TORNAVAM MAÇONS INICIADOS
PELAS LOJAS DA EUROPA.
1789 - CONJURAÇÃO MINEIRA - COMPROVADAMENTE MAÇONS: APENAS JOSÉ
ALVARES MACIEL E DOMINGOS VIDAL BARBOSA.
1796 - AREÓPAGO DE ITAMBÉ, O MAÇOM DR. MANUEL DE ARRUDA
CÂMARA. GERME DAS REVOLUÇÕES PERNAMBUCANAS.
14.0.7.1797 - LOJA “CAVALEIROS DA LUZ”, QUE TERIA SIDO FUNDADA A BORDO
DE UMA FRAGATA LA “PRENEUSE” QUE TERIA APORTADO EM ÁGUAS
TERRITORIAIS DA BAHIA, PELO MONSIEUR LACHER.
HOJE, APÓS ESTUDOS MAIS ATUALIZADOS E BEM PESQUISADOS ESTÁ
DESCARTADA ESTA HIPÓTESEPOIS.
CONSTATOU-SE QUE TAL FRAGATA NÃO TERIA ESTADO NAS COSTAS DA BAHIA,
NAQUELA OCASIÃO.
5 – O Processo Histórico – Independência do Brasil –
Participação da Maçonaria - - Hercule Spoladore
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1800 - SEMINÁRIO DE OLINDA FUNDADO PELO BISPO DOM JOSÉ DA CUNHA
AZEREDO COUTINHO E OS PADRES REVOLUCIONÁRIOS: JOÃO RIBEIRO,
PADRE MIGUELINHO, FREI JOSÉ LABOREIRO, TODOS MAÇONS.
29.07.1801 HOJE ACEITA-SE COMO A PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA REGULAR
FUNDADA NO BRASIL, A LOJA “REUNIÃO” A PARTIR DOS REMANESCENTES DE
UMA LOJA IRREGULAR DE NOME “UNIÃO” CONTANDO COM A APROVAÇÃO DO
CAVALHEIRO LAURENT RERESENTANTE DO G.O. ILLE DE FRANCE, QUE TINHA
PATENTE DO G.O.F. (GRANDE ORIENTE DA FRANÇA).
1802 ACADEMIA SUASUNA: FRANCISCO DE PAULA CAVALCANTI
FREI CANECA E OUTROS, A MAIORIA PADRES. TODOS MAÇONS.
22.01.1808 CHEGADA DA FAMÍLIA REAL EM SALVADOR – BAHIA.
28.01.1808 - D. JOÃO VI DETERMINA NA BAHIA, A ABERTURA DOS
PORTOS PARA TODAS AS NAÇÕES AMIGAS. VERDAEIRO EMBRIÃO DA
INDEPENDÊNCIA.
08.03.1808 D. JOÃO VI DESEMBARCA RIO DE JANEIRO
.
1814 À 09.06.1815 – DECISÃO DO CONGRESSO DE VIENA – PORTUGAL PARA SER
UM DOS OITO PAISES MAIS IMPORTANTES DO MUNDO, TERIA QUE ELEVAR O
BRASIL A REINO.
15.11.1815 – FUNDAÇÃO DA LOJA “COMÉRCIO E ARTES” RITO ADONHIRAMITA.
NÃO QUISERAM FILIAR-SE AO GRANDE ORIENTE LUSITANO JÁ PENSANDO NA
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. HOUVE PERSEGUIÇÃO POLÍTICA - O CONDE DOS
ARCOS FECHOU-A EM 30.03.1818. CONFORME CONSTA DO ALVARÁ PROIBINDO O
FUNCIONAMENTO DE SOCIEDADES SECRETAS, MAS OS MAÇONS CONTINUARAM A
TRABALHAR SECRETAMENTE ATRAVÉS DO CLUBE DA RESISTÊNCIA.
12.12.1815 BRASIL É ELEVADO A VICE-REINADO. ALGUNS HISTORIADORES
ACHAM QUE A INDEPENDÊNCIA FOI DESENHADA NESTA DATA.
1819 JOSÉ BONIFÁCIO UM DOS MAIORES CIENTISTAS DA EUROPA ENTRA PARA A
POLÍTICA E É ENVIADO PARA O BRASIL.
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26.04.1821 APÓS 13 ANOS A FAMÍLIA REAL VOLTA PARA PORTUGAL OUTRO
GRANDE PASSO PARA A INDEPENDÊNCIA. OS PORTUGUESES QUERIAM
RECOLONIZAR O BRASIL, MAS ERA TARDE DE MAIS. ELE ERA UM VICE REINO E
NÃO MAIS UMA COLONIA. NÃO TINHA VOLTA.
O5.06.1821 REERGUIDA A LOJA “COMÉRCIO E ARTES” A QUAL FOI
REINSTALADA EM 24/06/1821. QUASE 100 MEMBROS EM MENOS DE UM ANO. O
FOCO ERA TOTALMENTE REVOLUCIONÁRIO EM FAVOR DA INDEPENDÊNCIA.
09.01.1822 DIA DO FICO MILHARES DE ASSINATURAS COLHIDAS POR MAÇONS
DE SÃO PAULO, MINAS E RIO DE JANEIRO
15.01.1822 RETIRADA DAS TROPAS MPORTUGUESAS DO BRASIL.
18.01.1822 JOSÉ BONIFÁCIO CHEGA AO RIO DE JANEIRO E ASSUME MINISTÉRIO
DO REINO E DE ESTRANGEIROS.
13.05.1822 NA LOJA “COMÉRCIO E ARTES” O IRMÃO DOMINGOS ALVES BRANCO
MUNIZ BARRETO A MANDO DE GONÇALVES LEDO PROPÕE O TÍTULO DE
DEFENSOR PERPÉTUO DO BRASIL À PEDRO DE ALCÂNTARA E ESTE O ACEITA.
20.05.1822 FOI FUNDADA NO RIO DE JANEIRO A PRIMEIRA LOJA DO
R.E.A.A. FUNDADA POR MAÇONS ESTRANGEIROS QUE RESIDIAM NO RIO, A LOJA
“BOUCLIER D’HONNEUR’ (ESCUDO DE HONRA). E NESTE DIA TAMBEM FOI
FUNDADO O PRIMEIRO CAPÍTULO DO R.E.A.A. EM TERRAS BRASILEIRAS, (29
DIAS ANTES DA FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE BRASILIANO E 14 DIAS
ANTES DA FUNDAÇÃO DO APOSTOLADO)
QUANTO AO REEA - LOJA”EDUCAÇÃO E MORAL” EM 17.03.1829 TIDA COMO A
PRIMEIRA LOJA DO RITO, FOI EM REALIDADE A 2ª LOJA DO RITO NO PAIS
MONTEZUMA RECEBE EM BRUXELAS UMA PATENTE PARA FUNDAR UM
SUPREMO CONSELHO EM 12.03.1829. E SÓ O FEZ EM 12.11.1832
O GRANDE ORIENTE DO PASSEIO, DISSIDENTE DO GRANDE ORIENTE DO
BRASIL AO VALE DEO LAVRADIO, EM 13.09.1834 ADOTOU OFICIALMENTE O
REAA.
02.06.1822 É FUNDADO POR JOSÉ BONIFÁCIO O APOSTOLADO DA NOBRE
ORDEM DOS CAVALEIROS DE SANTA CRUZ, DANDO O TÍTULO DE ARCONTE-REI
PARA O PRÍNCIPE PEDRO DE ALCÂNTARA CUJO NOME SIMBÓLICO NO
APOSTOLADO FOI RÔMULO.
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O APOSTOLADO ERA UMA REPRODUÇÃO DO AREÓPAGO DE ITAMBÉ.
ERA FORMADO POR TRÊS PALESTRAS E VÁRIAS DECÚRIAS. UMA PALESTRA
CHAMAVA-SE INDEPENDÊNCIA OU MORTE A OUTRA FIRMEZA E LEALDADE E A
TERCEIRA NÃO SE SABE O SEU NOME.
CADA PALESTRA TINHA DOZE APÓSTOLOS E UM PRESIDENTE.
OS MEMBROS DO APOSTOLADO DENOMINAVAM-SE COLUNAS OU TRONO. O
TRATAMENTO ENTRE SI ERA DE CAMARADAS E OS RECEM INICIADOS ERAM
RECRUTAS.
SUA FINALIDADE DOGMÁTICA ERA SUSTENTAR A MONARQUIA
CONSTITUCIONAL E COMBATER COM TODAS AS FORÇAS OS IDEIAIS
REPUBLICANOS. MAS ERA FAVORÁVEL A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.
LEDO, NOBREGA CLEMENTE PEREIRA ERAM TAMBEM MEMBROS DESTE
GRÊMIO.
03.06.1822 O PRÍNCIPE CONVOCA UMA CONSTITUINTE QUE DESSE AO BRASIL “AS
BASES SOBRE QUE SE DEVA ERIGIR NOSSA INDEPENDÊNCIA” – REAÇÃO
VIOLENTA DA CORTE PORTUGUESA.
17.06.1822 FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE BRASILIANO, BRASÍLICO OU
BRASILIENSE. JOSÉ BONIFÁCIO FOI O SEU 1º GRÃO-MESTRE E GONÇALVES
LEDO 1° GRANDE VIGILANTE.
O GRANDE ORIENTE ERA UMA FACHADA. EM REALIDADE TRATAVA-SE DE UM
GRÊMIO POLÍTICO REVOLUCIONÁRIO.
01.08.1822 MANIFESTO DO PRÍNCIPE, ESCRITO POR LEDO. “O BRASIL JÁ É UM
VASTO IMPÉRIO E O POVO DO BRASIL JÁ É SOBERANO. ESTÁ DADO O GRANDE
PASSO DE VOSSA INDEPENDÊNCIA”.
10.08.1822 O PRÍNCIPE BAIXA DECRETO PROIBINDO DESEMBARQUE
DE TROPAS PORTUGUESAS NO BRASIL.
14.08.1822 JOSÉ BONIFÁCIO EM CIRCULAR ENVIADA A TODOS OS CORPOS
CONSULARES NO BRASIL “TENDO O BRASIL QUE SE CONSIDERA TÃO LIVRE
COMO PORTUGAL, SACUDIDO O JUGO DA SUJEIÇÃO E INFERIORIDADE, COM QUE
O REINO IRMÃO PRETENDIA ESCRAVISAR, PASSANDO A PROCLAMAR A
INDEPENDÊNCIA E A EXIGIR UMA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DENTRO DE SEU
PRÓPRIO TERRITÓRIO”.
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02.09.1822 A PRINCESA LEOPOLDINA EM SUBSTITUIÇÃO A D.PEDRO
QUE ESTAVA EM SÃO PAULO ASSUME POR FORÇA DE LEI O CARGO DE CHEFE
DO CONSELHO DE ESTADO E JUNTAMENTE COM JOSÉ BONIFÁCIO E TODO O
CONSELHO TOMAM A DECISÃO DE SOLICITAR DO PRÍNCIPE A INDEPENDÊNCIA.
O MENSAGEIRO PAULO BREGARO FOI INCUMBIDO DE LEVAR ESTA NOTÍCIA E
OUTRAS MÁS NOTÍCIAS VINDAS DA CORTE, ENCONTRANDO PEDRO DE
ALCÂNTARA ÀS MARGENS DO RIACHO IPIRANGA EM SÃO PAULO.
07.09.1822 GRITO DO IPIRANGA TESTEMUNHADO PELO MAÇOM CÔNEGO
BELCHIOR PINHEIRO DE OLIVEIRA (SÓCRATES) QUE EM 1826 FEZ O RELATO
POR ESCRITO, PAULO ANTONIO DO VALE, COMANDANTE DA GUARDA DE
D.PEDRO DEPOIS 1º BARÃO DE PINDAMONHANGABA DA COMITIVA DO PRÍNCIPE,
ANTONIO MARIANO DE AZEVEDO MARQUES EM SEU DIÁRIO PARTICULAR
RELATANDO A VOLTA DO PRÍNCIPE DE SANTOS.
RELATO DO GENTIL-HOMEM FRANCISCO DE CASTRO E MELLO PUBLICADO NO
“JORNAL DO COMÉRCIO”.
O 20 DE AGOSTO NÃO EXISTIU COMO QUEREM AINDA MUITOS HISTORIADORES E
ATRIBUEM A LEDO A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA. NO DIA 20/08/1822 NEM
SESSÃO HOUVE NO GRANDE ORIENTE BRASILIANO. A REFERIDA SESSÃO SÓ
OCORREU MO DIA 09/09/1822, DOIS DIAS APÓS O GRITO DO IPIRANGA.
18.09.1822 DECRETO CRIANDO O ESCUDO REAL E AS ARMAS DO REINO,
JUNTAMENTE COM A DIVISA “INDEPENDÊNCIA OU MORTE” NO BRAÇO
ESQUERDO DE QUEM ESTIVESSE DISPOSTO A DEFENDER O BRASIL.
FOI CRIADA A PRIMEIRA BANDEIRA NACIONAL IMPERIAL CONFECCIONADA
PELO PINTOR, PROFESSOR E MAÇOM JEAN BAPTISTE DEBRET, AUXILIADO POR
JOSÉ BONIFÁCIO.
ACRESCA-SE QUE O VERDE ERA A COR DA CASA DOS BRAGANÇA, E O AMARELO
ERA A COR DA CASA DE HABSBURG DA AÚSTRIA. A PARTIR DE 1889 COM A
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA O VERDE PASSOU A REPRESENTAR NOSSAS
MATAS O AMARELO NOSSO OURO (SOFISMA REPUBLICANO) E A COR AZUL
QUE FOI INTRODUZIDA NA BANDEIRA COM O DÍSTICO “ORDEM E PROGRESSO” DE
INSPIRAÇÃO POSITIVISTA, PASSOU A REPRESENTAR O NOSSO CÉU
04.10.1822 D.PEDRO FAZ O JURAMENTO E TORNA-SE O 2º GRÃO-MESTRE DO
GRANDE ORIENTE BRASILIANO OU BRASÍLICO.
12.10.1822 ACLAMAÇÃO DE D.PEDRO I NO RIO DE JANEIRO COMO IMPERADOR
CONSTITUCIONAL DO BRASIL, NO CAMPO DA ACLAMAÇÃO, HOJE PRAÇA DA
REPÚBLICA, PELO PRESIDENTE DO SENADO, O MAÇOM JOSÉ CLEMENTE
PEREIRA.
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21/10/1822 – D.PEDRO I MANDA FECHAR O GRANDE ORIENTE BRASILIANO, PARA
AVERIGUAÇÕES. E ESTE SÓM VOLTOU A FUNCIONAR EM 1831 APÓS A ABDICAÇÃO
DE D.PEDRO.
A SEGUIR TIVEMOS A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA COM MUITOS COMBATES
E MORTES QUE OS HISTORIADORES MINIMIZAM.
ACONTECIMENTOS PARALELOS OCORRIDOS LOGO APÓS A COROAÇÃO DE
D.PEDRO
OS ACONTECIMENTOS POLÍTICOS ENTRETANTO UM TANTO CONFUSOS, SE
PRECIPITARAM APÓS A NOTÍCIA QUE O GRUPO DE JOSÉ BONIFÁCIO ESPALHOU
A NOTICIA QUE O GRUPO DE LEDO PRETENDIA FAZER UMA REFORMA
MINISTERIAL O QUE IMPEDIU A VOLTA DO GRANDE ORIENTE AOS SEUS
TRABALHOS APÓS SEU FECHAMENTO PARA AVERIGUAÇÕES.
D.PEDRO I MANDA FECHAR O GRANDE ORIENTE BRASILIANO NO DIA 21/10/1822
PARA AVERIGUAÇÕES, POIS ESTE FOI DENUNCIADO PELO JOSÉ BONIFÁCIO COMO
UM GRÊMIO CONSPIRADOR.
GONÇALVES LEDO, NOBREGA E CLEMENTE COLHERAM TRÊS ASSINATURAS DO
IMPERADOR, EM BRANCO E EXIGIRAM DELE O JURAMENTO ANTECIPADO À
CONSTITUIÇÃO. BONIFÁCIO NÃO ACEITOU TAL SITUAÇÃO. FICOU FURIOSO.
A LUTA AGORA ERA FRANCA ENTRE O APOSTOLADO DE BONIFÁCIO E O
GRANDE ORIENTE DE LEDO. EM REALIDADE TODOS DISPUTAVAM AS
BENESSES IMPERIAIS. INTERESSES PRÓPRIOS E DE GRUPOS.
BONIFÁCIO SENTINDO-SE TRAÍDO PEDE DEMISSÃO DO MINISTÉRIO, PORÉM
D.PEDRO NÃO CONSEGUE FORMAR NOVO MINISTÉRIO.
CHAMA BONIFÁCIO DE VOLTA. O APOSTOLADO TRABALHOU NAS RUAS DO RIO
DE JANEIRO INCITANDO O POVO A PEDIR A VOLTA DE BONIFÁCIO.
PERSEGUIÇÃO EM MASSA CONTRA O GRUPO DE LEDO. PRISÕES ABARROTADAS.
LEDO ESCAPA DISFARÇADO DE BAIANA COM UM BALAIO NAS COSTAS. E FOGE
PARA A ARGENTINA EM 21.11.1822.
VÁRIOS DE SEUS CORRELIGIONÁRIOS FORAM DEPORTADOS.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 22/33
D.PEDRO CADA VEZ MAIS TIRANO. A CONSTITUIÇÃO DE 03.05.1823 ERA
CRITICADA POR BONIFÁCIO QUE COMEÇA A ACUSA-LO DE PERSEGUIDOR E
DÉSPOTA. BONIFÁCIO ERA AMIGO DA IMPERATRIZ LEOPOLDINA E INIMIGO
MORTAL DA MARQUESA DE SANTOS.
15.07.1823 COM A COSTELA FRATURADA APÓS UMA QUEDA DE UM CAVALO, E DE
TER RECEBIDO UMA CARTA ANÔNIMA ESCRITA NA LÍNGUA ALEMÃ, COM
CINQüENTA SOLDADOS, VAI ATÉ A SEDE DO APOSTOLADO E FECHA-O, POR
ACHAR AQUELA AGREMIAÇÃO, CONSPIRADORA CONTRA O REGIME.
12.11.1823 D.PEDRO DISSOLVE A CONSTITUINTE. BONIFÁCIO DEMITE-SE
DO MINISTÉRIO. FICA SOMENTE COMO DEPUTADO POR SÃO PAULO.
21.11.1823 D.PEDRO MANDA PRENDER OS ANDRADAS E SEUS SEGUIDORES QUE
SÃO EXILADOS EM 21/11/1823 PARA A FRANÇA. (FRANCISCO GOMES BRANDÃO
NÃO ERA AINDA MAÇOM FOI UM DOS EXILADOS.
ELE DEPOIS MUDOU O NOME PARA FRANCISCO G. ACAYABA MONTEZEMA QUE
SERIA FUNDADOR DO PRIMEIRO SUPREMO CONSELHO DO BRASIL.
COMO É A HISTÓRIA. LEDO E SEU GRUPO AGORA REABILITADOS, FIZERAM PARTE
DO PODER.
INCRIVEL COMO PODE O OUTRORA LIBERTÁRIO, COMBATIVO E GUERREIRO
LEDO ACEITAR UMA SITUAÇÃO COMO ESTA.
25.03.1824 - PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO BRASIL.
CHALAÇA, FRANCISCO GOMES DA SILVA, MAÇOM, SECRETÁRIO PARTICULAR
E ALCOVITEIRO DE D.PEDRO I EM SUAS MEMÓRIAS SE AUTOPROCLAMOU QUE
FOI ELE QUEM FEZ ESTA CONSTITUIÇÃO BASEADO NAS CONSTITUIÇÕES DA
BÉLGICA, POTRUGAL E FRANÇA INTRODUZINDO O QUARTO PODER, O
MODERADOR EXERCIDO PELO IMPERADOR. NA REALIDADE ESTE INSTRUMENTO
DAVA PODERES ILIMITADOS AO MESMO PORQUE ELE PODERIA ESTAR ACIMA
DOS TRÊS PODERES LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO E EXECUTIVO. O BRASIL TINHA
ATÉ ENTÃO, COMO GOVERNO UMA MONARQUIA CONTITUCIONAL.
OS DEPUTADOS APROVARAM A TAL CONSTITUIÇÃO, IMPOSTA PELO OPRESSOR E
TIRANO D.PEDRO I. O PODER SUBIU-LHE À CABEÇA.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 23/33
OS HISTORIADORES NÃO CONCORDAM COM ESTA AFIRMAÇÃO EMITIDA PELO
CHALAÇA. ELE NÃO MERECIA CONFIANÇA DE FORMA ALGUMA. ELE FOI UM
APROVEITADOR MENTIROSO, MAS SERVIA AOS PROPÓSITOS DE D.PEDRO EM
CERTA EPOCA.
09.03.1825 PORTUGAL FINALMENTE RECONHECE A INDEPENDÊNCIA
DO BRASIL.
D. PEDRO REINOU COMO QUIS, USOU E ABUSOU DO PODER, NÃO PERMITIU QUE A
MAÇONARIA FOSSE REABERTA, ATÉ QUE TEVE QUE ABDICAR EM 07.04.1831, APÓS
UMA SÉRIE DE DESMANDOS, QUANDO A SUA SITUAÇÃO POLÍTICA SE AGRAVOU
NO PÁIS E AINDA HAVIA PROBLEMAS EM PORTUGAL, COM A USURPAÇÃO DO
TRONO PORTUGUÊS PELO SEU IRMÃO MIGUEL.
ESTAS EM SÍNTESE SÃO ALGUMAS DAS FACETAS DA HISTÓRIA DA NOSSA
INDEPENDÊNCIA E DE SEU TEMPO.
HERCULE SPOLADORE –
LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”-LONDRINA – PR.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 24/33
O Irmão João Anatalino Rodrigues
escreve aos domingos
jjnatal@gmail.com -
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
A MAÇONARIA E O SENTIDO DA VIDA
O que é a vida?
Quando se considera o universo e a vida que nele habita somente como um acidente
cósmico sem sentido nem finalidade, perde-se o rumo da própria existência. Para que, então
se preocupar com os rumos do mundo e o próprio destino individual, se façamos o que
façamos, nada disso tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na voragem do
tempo?
Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um acidente cósmico um dia
produziu? Ou terá ela sido gestada como parte de algum projeto que
envolve, não somente o seu próprio desenvolvimento, mas um plano
bem maior, de escala cósmica? E se cada vida fosse o elo de uma
corrente que transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que
faz do universo um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora
se metamorfoseia e vai adquirindo contornos e qualidades que no fim, servem á uma
finalidade definida por uma Mente Universal?
São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas pela Maçonaria, quando se
interroga pelo sentido da vida. Um dos graus do ensinamento maçônico coloca exatamente
essa questão quando pergunta: “De onde viemos? O que somos? O que a morte fará de nós?
Que é o homem? É apenas um átomo, gestado no corpo da mulher e que progressivamente se
organiza, se harmoniza em suas inúmeras partes? Que cresce, pensa, cai, transforma-se e
volta á causa primária, deixando apenas reminiscência de sua última forma ou conservando
uma partícula essencial, mutável e mortal?”1
Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão metafísica que tem desafiado a
mente humana através de toda a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que
passa, um fenômeno despregado de qualquer sentido, que um dia aconteceu no universo como
resultado de causas exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade que se
manifesta e percorre um longo processo evolutivo que começou, um dia, num átomo que
rompeu, por um processo ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada?
Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista, advogada na tese que sustenta ter a
matéria as condições suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no universo,
inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença, estará negando qualquer virtude á prática que
1
O Cavaleiro do Arco Real- pgs. 14 -15 REAA
6 – A Maçonaria e o Sentido da Vida
João Anatalino Rodrigues
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 25/33
adotou. Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano,
fosse um acaso perpetrado por leis exclusivamente naturais, “um vírus”
inoculado na corrente sanguínea do universo, como o definiu uma vez
um romancista, então ele não teria um espírito, e não se poderia falar na
existência de um Criador, e nem haveria qualquer motivo para se buscar
uma comunicação com Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas
uma simulação fantasiosa. É nesse sentido que Anderson, em suas
Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se
ele bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso.” 2
Um processo dirigido
Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como toda prática iniciática não
passaria de uma distração infantil, que mentes incapazes de conviver com a realidade
desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a nossa existência não tem qualquer
finalidade além daquela que os nossos sentidos nos indicam. Mas, felizmente, temos razões
para pensar que as coisas não são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de
espírito, seres organizados por leis naturais que só obedecem ao determinismo dos grandes
números. O surgimento da vida em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora
bíblica da criação, é fruto de um processo dirigido e bem elaborado por quem o projetou e o
controla, ou seja, O Grande Arquiteto do Universo.
Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre nessa visão, mostrando como
o surgimento da vida resulta de uma síntese que a união dos átomos transforma em moléculas,
e estas, também por um processo de sínteses cada vez mais elaboradas, dão origem ao
fenômeno humano. Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia, esse grande
pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do coletivo, o limiar erguido entre os dois
mundos da Física e da Biologia. Enquanto se tratava apenas de um processo de mesclar as
moléculas e os átomos, podíamos, para explicar os comportamentos da Matéria, recorrer ás
leis numéricas da probabilidade, e contentarmo-nos com elas. A partir do momento em que a
mônada, adquirindo as dimensões e a espontaneidade superior da célula, tende a se
individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais complicado no Estofo do
Universo. Por duas razões, ao menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo
tomada em seu estágio granular, como uma espécie de fervilhar fortuito e amorfo.” 3
Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as bactérias em um processo de
fermentação. Ela é, sim, o resultado de um processo, mas esse processo está longe de ser
regido apenas pelas leis da natureza. Ela surge como consequência de um processo dirigido
como se fosse alguém, em uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um bolo,
ou para destilar uma bebida. Nesse processo as bactérias surgem como resultado do processo
empregado e não como obra do acaso, ou da evolução natural da mistura dos elementos. Por
isso a notável argúcia do nosso jesuíta complementa o seu pensamento dizendo: “(...) os
2
As Constituições, pg 12.
3
O Fenômeno Humano, citado, pg. 94.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 26/33
inumeráveis componentes que compunham, nos seus inícios, a película
viva da Terra, não parecem ter sido tomados ou juntados exaustivamente
ou ao acaso. Mas a sua admissão nesse invólucro primordial dá antes a
impressão de ter sido orientada por uma misteriosa seleção ou dicotomia
prévias (...).” 4
Recordando Plotino
Deus é a causa atuante de todas as coisas existentes no universo. Essa foi a
intuição que inspirou o filósofo Plotino há quase dois milênios atrás: “Imagine uma enorme
fogueira crepitando no meio da noite,” escreveu ele. “Do meio do fogo saltam centelhas em
todas as direções. Num amplo círculo ao redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns
quilômetros de distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira. À medida que nos
afastamos, a fogueira vai se transformando num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna
fraca na noite. E se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um ponto em que a luz do fogo
não mais consegue nos alcançar. Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se
estiver muito escuro não vamos enxergar nada. Nesse momento, contornos e sombras deixam
de existir".
"Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus - e as
trevas que estão lá fora são a matéria fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e
animais. Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as criaturas. Sobretudo, a
alma humana é uma centelha do fogo. Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco
desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até mesmo uma rosa ou uma
campânula possuem um brilho divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria
inanimada.” 5
Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola neoplatônica. O Gnosticismo
deve a ele algumas de suas concepções mais originais, especialmente a ideia de que o
verdadeiro conhecimento não pode ficar apenas no terreno intelectual, mas exige uma
experiência direta dos sentidos com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se
pode colocá-lo como precursor das chamadas escolas iniciáticas, ou seja, grupos que
desenvolviam rituais com a finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam.
Plotino é um dos inspiradores de famosos mestres do misticismo como Mestre Eckhart,
Papus, MacGregor Mathers e outros. Os autores maçons lhe votam um grande respeito e os
modernos gnósticos vêem nele um precursor das teses científicas que descrevem o universo
como um organismo único que se constrói através de uma rede de relações. Suas palavras são
por demais eloquentes e não necessitam de comentários explicativos. Se o universo existe é
porque tem uma causa de existir: essa causa é Deus.
Os rituais maçônicos e a doutrina da Cabala
4
Idem, pg. 95-Imagem de Teilhard de Chardin. Fonte Enciclopédia Barsa
5
Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras, São Paulo, 1995. Na imagem, o filósofo Plotino.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 27/33
Por isso é que os rituais maçônicos fazem muitas especulações sobre o sentido da vida e o
papel que nós exercemos na construção da Obra do Criador. Essas especulações nos levam á
conclusão de que nós não somos meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais
ocorridas na matéria física, sem qualquer conteúdo finalístico, como pensam os adeptos do
nihilismo, mas sim, unidades conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e consistência
na medida em que nós mesmos vamos encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do
universo. 6
E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a doutrina da Cabala. Para os
cabalistas, nosso corpo é como uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro.
Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe como jurisdição. E quando o
combustível, que é a energia encerrada em nossas células se esgota, apagamos. Nosso
organismo é o filamento que canaliza a energia e quando ele deixa de ter condição para
hospedá-la, ela o abandona. Mas a energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se perde nem
se extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir mesmo depois que a lâmpada que a
refletia se extingue.
Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão por algum tempo e depois se
apagarão. Cada uma a seu tempo, preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe cabe.
Assim a vida nos aparece como uma estrada cheia de luzes que se apagam e se acendem á
medida que o tempo passa por elas e avança para o futuro. Por isso encontraremos nos rituais
maçônicos, que tratam especificamente desse tema, expressões do tipo (...) Sois uma parcela
da vida universal, um germe que apareceu em um ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu
inconscientes transformações. Tivestes sensações, depois ideias incoerentes, que mais tarde,
foram se tornando precisas. Por fim vos considerastes capaz de perceber a verdade. Esta é a
luz que vistes. A humanidade levou séculos incontáveis antes de percebê-la. Nós
consideramos o estado atual da nossa espécie sem que saibamos se ela está em seu começo,
ou se prestes a alcançar o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada compreendemos do
mundo a qual ela pertence (...).7
Dessa forma, Cabala e Maçonaria concordam que o sentido de cada vida que vivemos é
fornecer o seu “quanta” de luz para a construção da Obra de Deus. E por essa razão
poderemos viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes quantas forem
necessárias para a complementação dessa obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz
resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso
Pai que está nos céus.” 8
Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos. Pela simples e singela razão
contida nessa metáfora, os maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da sua
Arte.
6
Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser
indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a vida tenha
aparecido no mundo para cumprir algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais, definindo-os
apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este conceito teve
origem na palavra latina nihil, que significa "nada". O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão Nietszche. Sartre
retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o Nada” e “a Náusea”.
7
Cf. o ritual Grau 14-REAA pg. 17/18.
8
Mateus, 5:16.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 28/33
(as letras em vermelho significam que a Loja completou
ou está completando aniversário)
GLSC -
http://www.mrglsc.org.br
GOSC
https://www.gosc.org.br
Data Nome da Loja Oriente
01.09.1952 Fraternidade Blumenauense nr. 06 Blumenau
05.09.1996 Fraternidade Chapecó nr. 63 Chapecó
08.09.1982 Sentinela do Sul nr. 29 Tubarão
17.09.1986 Universo nr. 43 Florianópolis
17.09.1993 Universo II – nr. 57 Florianópolis
17.09.2000 Universo III nr. 77 Florianópolis
20.09.1991 Acácia da Arte Real nr. 50 Florianópolis
22.09.1982 Fraternidade Josefense nr. 30 São José
25.09.1978 Harmonia e Fraternidade nr. 22 Joinville
27.09.2000 Colunas da Fraternidade nr. 78 Blumenau
Data Nome da Loja Oriente
03/09/1993 Treue Freundschaft Florianópolis
09/09/1969 Liberdade E Justiça Canoinhas
09/09/1991 Cavaleiros Da Luz Blumenau
16/09/2003 Ordem E Fraternidade Florianópolis
18/09/2009 Colunas Do Oriente Tijucas
20/09/1948 Luiz Balster Caçador
20/09/2008 Acácia Da Serra Rio Negrinho
25/09/2002 Fraternidade Tresbarrense Três Barras
27/09/2010 João Marcolino Costa Sto. Amaro da Imperatriz
28/09/1993 Colunas da Fraternidade Balneário Camboriú
30/09/2010 Triângulo Equilíbrio e Consciência Mafra
7 – Destaques (Resenha Final)
Lojas Aniversariantes de Santa Catarina
Mês de setembro
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 29/33
GOB/SC –
http://www.gob-sc.org.br/gobsc
Data Loja Oriente
01.09.64 Harmonia e Trabalho - 2816 Florianópolis
03.09.05 Retidão e Cultura - 3751 Florianópolis
08.09.04 Cruzeiro do Sul - 3631 Florianópolis
09.09.10 Reg. Guabirubense - 4100 Brusque
10.09.96 Reg. Lagunense - 2984 Laguna
11.09.10 Cruz e Sousa de Estudos e Pesq. do Rito de York Florianópolis
12.09.23 Paz e Amor V - 0998 São Francisco do Sul
12.09.97 Otávio Rosa 3184 São Pedro de Alcântara
15.09.94 Herbert Jurk - 2818 Rio dos Cedros
18.09.10 Frat. Guabirubense - 4116 Brusque
19.09.08 Cavaleiros Templários - 3968 Fraiburgo
22.09.09 Acácia De Itapoá-4044 Itapoá
30.09.93 União Catarinense - 2764 Florianópolis
Alma
“O corpo é como um templo; a alma é como uma centelha de
luz. O corpo é como um carro; a alma é como o motorista deste
carro. O corpo e o cérebro são como um computador; a alma é
quem programa e usa o computador. É dito que a alma é uma
estrela minúscula que vive no centro da testa, entre as
sobrancelhas. Aqueles que praticam a consciência da alma se
tornam auto soberanos.”
José Aparecido dos Santos
TIM: 044-9846-3552
E-mail: aparecido14@gmail.com
Visite nosso site: www.ourolux.com.br
"Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos".
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GOSC - Grande Oriente de Santa Catarina
A:.R:.B:.L:.S:. Fraternidade Catarinense nº 9
Circular n.° 001 / 2.016 / 2.017
Or de Florianópolis, 25 de julho de 2.016 da E V
Aos
IIr da Maçonaria Universal.
Ref Solicitação de doação para reconstrução de moradia popular.
S
F U
A ARBLS Fraternidade Catarinense nº 09, do Or de Florianópolis, solicita aos IIr o
auxílio financeiro para reconstrução de moradia popular da Sra. Sandra Relher. Esta senhora é
funcionária da empresa Khronos onde foi designada para limpeza e organização das nossas
instalações. Sua moradia está em estado calamitoso, e a Sra. Sandra não possui recursos para sua
reconstrução, com o agravante que seu marido sofre de esquizofrenia não podendo trabalhar.
Ainda abriga uma neta bebe filha de mãe solteira.
A Fraternidade Catarinense já iniciou um trabalho de captação destes recursos angariando em
conjunto com a Sra. Sandra, a quantia aproximada de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mas para a
conclusão total da obra ainda necessitamos de outros R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
Sabemos que o momento econômico / financeiro do país e delicado, mas com um pequeno esforço
de cada IIr poderemos dar à esta família um teto digno para morar. Toda quantia é bem vinda.
Se os IIr precisarem de mais informações temos um dossiê completo com fotos do local e
orçamento da reconstrução.
Dados para depósito:
Banco 756 (SICOOB Credisc)
Agência: 3258-1
Conta Corrente: 5228-0
CNPJ: 83.599.829/0001-80
Favorecido: Associação Maçônica Fraternidade Catarinense
Agradecemos de antemão a solidariedade dos IIr.
Fraternalmente,
IrJosé Ricardo de Menezes
VenMestda ARBLS Frat Cat
Rodovia SC-401 - km 4, nº 3803
Florianópolis/SC – Brasil – CEP 88.032-000
Fone: +55 (048) 3335-6090
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 31/33
Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴
MI da Loja Razão e Lealdade nº 21
Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI
Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no
JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO,
cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico /
Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6)
BREVIÁRIO MAÇÔNICO
Para o dia 2 de setembro
O Ocultismo
Durante o século XVIII, o ocultismo teve acentuados progressos, pois inicia-se,
ocultamente, uma reação à doutrina da Igreja.
Nesse mundo de especulações, a Maçonaria foi atingida, pois a sua preocupação era
encontrar nos rituais aquilo que estava oculto, usando para tanto os meios que a magia
oferecia.
Embora empírica, a ciência do ocultismo dominou todos setores do pensamento e da
elite. Dos inúmeros ritos maçônicos que eram praticados, grande parte deles surgiu
como sendo de “altos graus”, e obviamente o ideal maçônico foi perturbado e esses
ritos caíram em desuso.
A Maçonaria teve em Cagliostro o expoente máximo; a Igreja foi substituída pela
nova fé, mas como o campo científico era suspeito, paulatinamente, já no século XIX,
o ocultismo foi esmaecendo até restringir-se a grupos isolados.
Hoje, com o surgimento de novas ciências como a psicologia e ainda experimental
parapsicologia, o movimento ocultista passou para o plano esotérico e espiritual.
Com a evolução do comportamento e pensamento humanos, a razão está contribuindo
para que nada permaneça oculto, da forma como desejavam os ocultistas do passado.
De certa forma, a Maçonaria permanece “oculta”, e o maçom deve contribuir para
prosseguir com essa “política”.
Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 266.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 32/33
O Irmão e poeta Sinval Santos da Silveira *
escreve aos domingos no “Fechando a
Cortina”
A chuva fina, quase em vapor, cobre com
um manto fresco, as fartas flores do meu
torrão natal.
Um tímido sol, debruça seus raios sobre as
pétalas cheirosas e coloridas, parecendo
filhas do arco-íris, pinceladas do apaixonado artista.
O perfume, doce e agradável, se espalha
na colina, atraindo seres encantadores !
Borboletas, frágeis e delicadas, coloridas e
graciosas, parecendo pétalas soltas ao
vento, aplaudem o mágico momento.
JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 33/33
Esvoaçam os beija-flores, num frenesi de
bebedeira do néctar.
Em êxtase, Flora beija Zéfiro, recebendo
calorosos aplausos de uma incontável
plateia de panapaná !
Pássaros gorjeiam, como nunca, querendo
sua amada conquistar.
Novos ninhos parecem brotar em todo lugar.
Logo, os ovos criarão asas e cobrirão o céu
da minha Terra !
É hora de cantar e amar !
Nascer, viver e voar em direção ao infinito,
sem pressa de voltar.
É hora da primavera chegar !
Veja mais poemas do autor, Clicando no seu BLOG:
http://poesiasinval.blogspot.com
* Sinval Santos da Silveira -
MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 – Florianópolis

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  • 1. JB NEWS Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: Ir Jeronimo Borges Academia Catarinense Maçônica de Letras Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente Homenagem do JB News aos Irmãos leitores de Rio Branco da Grande Loja do Acre e do Grande Oriente do Brasil. Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – domingo, 4 de setembro de 2016 Bloco 1-Almanaque Bloco 2-IrNewton Agrella – Produção Literária Maçônica Contemporânea Bloco 3-IrJoão Ivo Girardi – A Maçonaria e a Independência do Brasil (Coluna do Ir. João Gira) Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – Sobre as Influências da Igreja na História da Maçonaria e ... Bloco 5-IrHercule Spoladore – O Processo Histórico – Independência do Brasil – Participação da Maçon. Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – A Maçonaria e o Sentido da Vida Bloco 7-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 4 de setembro. Versos do Irmão e Poeta Sinval Santos da Silveira
  • 2. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 2/33 Para Aprendizes Eternos, Pesquisadores Incansáveis, Cunhadas Curiosas, Goteiras Incuráveis, Esotéricos de Plantão, Místicos Misteriosos e Festeiros de Ágapes e Regabofes, este aqui é um site que está sempre de pé e à ordem! www.artedaleitura.com Nesta edição: Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e www.google.com.br Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores. 1 – ALMANAQUE Hoje é o 248º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Nova) Faltam 118 para terminar este ano bissexto Semana da Pátria. Dia da Criação (dos Judeus) e dia do Serventuário Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado. Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária. LIVROS
  • 3. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 3/33  476 - Queda de Roma, delimitando o início da Idade Média.  1479 - Assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo pelos representantes dos reinos de Castela e Portugal colocando fim à Guerra de Sucessão de Castela.  1781 - Fundação de Los Angeles, com o nome de El Pueblo de Nuestra Señora La Reina de los Ángeles de Porciúncula.  1842 - Casamento de Pedro II do Brasil com a princesa Teresa Cristina Maria de Bourbon.  1856 - Pau dos Ferros torna-se município do Rio Grande do Norte.  1865 - Início do governo de Joaquim António de Aguiar como presidente do Conselho de Ministros de Portugal.  1871 - É proclamada a República Francesa.  1882 - Thomas Edison acende pela primeira vez, na central de eletricidade a iluminação elétrica comercial.  1888 - George Eastman registra a marca Kodak e recebe a patente por sua câmera que usa rolo de filme.  1910 - É fundado o município de Santa Rosa de Viterbo (inicialmente chamado Ibiquara).  1911 - Início do governo de João Chagas como presidente do Ministério de Portugal.  1930 - A cidade da Paraíba passa a chamar-se João Pessoa (Brasil).  1935 - A Cidade pernambucana de Paulista é emancipada.  1947 - Burkina Faso, país africano, é recriado com o nome de Alto Volta.  1969 - Militantes do MR-8 seqüestram o embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick.  1970 - Salvador Allende, da Unidade Popular, é eleito presidente do Chile por estreita margem. Por não ter obtido a maioria dos votos, precisa ser confirmado pelo Congresso, conforme a lei então vigente.  1972 - Mark Spitz, nadador norte-americano, tem o recorde de sete medalhas de ouro ganhas nas Olimpíadas de Munique.  1976 - George W. Bush é detido e multado por conduzir sob influência de álcool.  1981 - Nasce Beyoncé knowles, sendo hoje comemorado o BeyDay  1994 - É criado o serviço de apontadores português Sapo, em Aveiro.  1998 - Criado o site de pesquisas Google.  2004 - O estado norte-americano da Flórida é atingido pelo Furacão Frances. 1782 “Os membros presentes prometem não usar linguagem indecente contra um nobre Grão-Mestre.” Registro na Ata da Grande Loja dos Antigos. 1822 Ata da 13ª. Sessão do Grande Oriente Brasileiro, presidida por Gonçalves Ledo. Assuntos Administrativos 1850 Promulgada a lei Eusébio de Queiroz () que proibia de forma definitiva o tráfico de escravos no Brasil. 1864 Fundação do Supremo Conselho do Egito. 1872 Nova eleição no Grande Oriente Unido: eleito Saldanha Marinho, em meio a irregularidades. 1929 Princípios Básicos para Reconhecimento de Potências ratificadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra. EVENTOS HISTÓRICOS Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas Fatos maçônicos do dia Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
  • 4. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 4/33 O Ir Newton Agrella - M I Gr 33 escreve aos domingos. É membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464 e Loja Estrela do Brasil nr. 3214 REAA - GOSP - GOB newagrella@gmail.com "PRODUÇÃO LITERÁRIA MAÇÔNICA CONTEMPORÂNEA" Observa-se uma certa letargia na produção de grandes Obras Literárias Maçônicas. A impressão é que todas as nossas referências estão baseadas sempre nos antigos e renomados autores maçons. Sejam brasileiros como: Rizzardo da Camino, Theobaldo Varoli Filho, José Castellani, Felipe Cocuzza, Nicola Aslan, Joaquim Gervásio de Figueiredo ou os consagrados autores estrangeiros como: Albert Pike, Jules Boucher, Jean Palou, David Stevenson, W.Kirk MacNulty, dentre outros. Fato é que atualmente pouquíssimos livros sobre Maçonaria, plenos de essência e de conteúdo substancial que fazem uma abordagem diferenciada ou com um perfil mais definido sobre a essência da Ordem são dignos de nota. O que se vê é uma sucessão de repertórios já conhecidos e de repetitivas referências bibliográficas de obras e de autores que se perderam no tempo. É bem verdade, que para uma Instituição cuja "tradição" é marca inegável de seu legado, não se pode esperar "inovações" profundas sobre a própria essência filosófica que encerra tanto o seu caráter cultista quanto o seu diletantismo iniciático contidos em seu arcabouço esotérico. Porém, isso não deve se constituir num impedimento para que a literatura maçônica se renove e busque novas inspirações. A expectativa pelo surgimento de novos autores que consigam traduzir os augustos mistérios da Ordem, através de uma linguagem mais contemporânea sem perder o requinte, o brilho e a liturgia gramatical parece-nos algo relativamente distante nos nossos dias. 2 – Produção Literária Maçônica Contemporânea Newton Agrella
  • 5. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 5/33 A Interpretação da cultura maçônica exige um cabedal de conhecimento histórico, científico, antropológico e filosófico de modo que não se resvale pelo lugar-comum chamado "religião". De acordo com os textos e discursos esotéricos, o homem primitivo não era o selvagem de parcos conhecimentos e de pouco entendimento que sugere a ciência materialista; era sim um ser consciente de sua missão espiritual, feliz e desenvolvido, vivendo entre animais e plantas em estado natural - destacando-se porém que o homem é um ser eminentemente social, cuja sobrevivência está intimamente ligada à atividade comunitária. A expectativa por novas obras e novos autores reside exatamente na capacidade do homem formular novos conceitos, edificar novas idéias e conseguir abstrair do Universo uma relação mais profunda que o leve a interpretar a "construção de seu templo" sob os ideais da obra maçônica inspirado em novos modelos de referência evolutiva. O tempo é um aliado natural...e a obra é reflexo de seu esforço. A história da Maçonaria revela através de trilhas investigativas que há muitos documentos, inscrições, e indícios dos primeiros manuscritos concernentes aos ensinamentos antigos da Ordem que se perderam . Vide a obra de Laurence Gardner - "A Sombra de Salomão " (a revelação dos segredos perdidos dos franco-maçons) onde o mesmo seguiu um rastro de registros documentais e acessou farto material que as Constituições Maçônicas alegam terem se perdido há mais de três séculos - e conseguiu elaborar uma obra contemporânea e de importante contribuição literária. O incentivo à pesquisa é o primeiro passo e a busca por mais material consistente de veracidade e de fontes fidedignas são o caminho para que se prodigalizem novas Obras. Fraternalmente Newton Agrella
  • 6. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 6/33 O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja “Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do “Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite” Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico “Aquiles Garcia” 2016 da GLSC. Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco. A MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL “Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado. E, no entanto, deu certo...” (Laurentino Gomes). A história do Brasil está repleta de mitos nos quais acontecimentos reais do passado se confundem com situações imaginadas, construídas ou modificadas pelas gerações posteriores de acordo com a conveniência ou a necessidade de cada momento. Um desses inúmeros mitos está relacionado ao papel desempenhado pela Maçonaria em 1822. Por ele, a separação de Portugal teria sido inteiramente tramada e decidida dentro das lojas maçônicas nos meses que antecederam o Grito do Ipiranga. A Maçonaria teve papel fundamental na Independência, mas é um erro apontá-la como um grupo homogêneo. Nem de longe os maçons foram unânimes nas suas opiniões. Ao contrário, foi ali que se travaram algumas das disputas mais acirradas do período e que envolveram ninguém menos do que o jovem príncipe regente e futuro imperador Pedro I. Em 1822, a Maçonaria brasileira estava dividida em duas grandes facções. Ambas eram favoráveis à independência, mas uma delas, liderada por Joaquim Gonçalves Ledo, defendia ideias republicanas. A outra, de José Bonifácio de Andrada e Silva, acreditava que a solução era manter D. Pedro como imperador em regime de monarquia constitucional. Esses dois grupos disputaram o poder de forma passional, envolvendo prisões, perseguições, exílios e expurgos. Por curiosidade e interesse em vigiar e controlar as diversas correntes políticas da época. D. Pedro participou ativamente das duas facções. Frequentava as lojas do grupo de Gonçalves Ledo reunidas no Grande Oriente do Brasil, mas também esteve na fundação do Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, dissidência liderada por José Bonifácio. Em lugar de lojas, o Apostolado tinha palestras, batizadas significativamente de Independência ou Morte, União e Tranquilidade e Firmeza e Lealdade. Eleito arconte-rei na primeira sessão, D. Pedro jurou promover com todas as forças e à custa da própria vida e fazenda a integridade, independência e felicidade do Brasil como reino constitucional, opondo-se tanto ao despotismo que o altera como à anarquia que o dissolve. Era o programa de governo de José Bonifácio. Nas lojas maçônicas foram estudadas, discutidas e aprovadas várias decisões importantes, como o manifesto que resultou no Dia do Fico (9 de janeiro 3 – A Maçonaria e a Independência do Brasil João Ivo Girardi
  • 7. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 7/33 de 1822), a convocação da constituinte, os detalhes da aclamação de D. Pedro como defensor perpétuo do Brasil e, finalmente, como imperador, no dia 12 de outubro. Imensa foi a contribuição da Maçonaria para o movimento da Independência, afirmou o historiador Octávio Tarquínio de Sousa. Essa atividade encoberta, esses juramentos em segredo deixam fora de dúvida como a independência já estava decidida alguns meses antes de setembro de 1822 e como o príncipe se dera sem reservas à causa brasileira. Numa época em que ainda não havia partidos políticos organizados, foi o trabalho das sociedades secretas que levou a semente da independência às regiões mais distantes e isoladas do território brasileiro. O historiador Manuel de Oliveira Lima diz que a Maçonaria funcionou em 1822 como uma escola de disciplina e de civismo e um laço de união entre esforços dispersos e dispersivos. Um exemplo é a distante vila de Parnaíba, responsável pelo primeiro grito da Independência no Piauí em outubro daquele ano. A iniciativa partiu da loja maçônica local, liderada pelo juiz de fora João Cândido de Deus e Silva e pelo coronel Simplício Dias da Silva. Formado em Coimbra, o coronel Simplício era um dos homens mais ricos do Brasil. Tinha 1.200 escravos e no final do século XVIII chegou a abater 40.000 bois por ano, transformados em carne de charque, banha e couro curtido. Depois da abertura dos portos, em 1808, esses produtos eram transportados por uma frota privada de cinco navios que cruzavam o Atlântico em direção à Europa, aos Estados Unidos e às capitais do nordeste e do sul do país - e sem nenhuma intermediação da metrópole, o que distanciava o coronel dos interesses portugueses. Simplício acumulou uma fortuna tão grande que mantinha uma orquestra particular nos seus domínios, requinte difícil de imaginar naquele tempo. Teria presenteado D. Pedro com um cacho de bananas em tamanho natural, todo em ouro maciço incrustado com pedras preciosas. Também sustentava uma capela e um pároco exclusivos na catedral da cidade, onde seu túmulo exibe hoje uma variada simbologia maçônica, segundo estudo feito pelo historiador piauiense Diderot Mavignier.] No começo do século XIX, a Maçonaria era uma organização altamente subversiva, comparável ao que seria a Internacional Comunista no século XX. Nas suas reuniões, conspirava-se pela implantação das novas doutrinas políticas que estavam transformando o mundo. Cabia aos seus agentes propagar essas novidades nas zonas quentes do planeta. A mais quente de todas era, obviamente, a América que, depois de três séculos de colonização, começava a se libertar de suas antigas metrópoles e a testar essas novas ideias políticas implantando regimes até então praticamente desconhecidos, como a república. A presença de militares e intelectuais maçons estrangeiros nas guerras de independência do continente nesse período é marcante. Segundo o historiador Oliveira Lima, ela mostra bem que as ideias subversivas dos tronos eram espalhadas pelas sociedades secretas, (...) e passavam de um país para outro, de um continente a outro, com celeridade e eficácia. No Brasil há dois casos exemplares. O primeiro é o do general francês Pierre Labatut, que comandou as tropas brasileiras na guerra da Independência na Bahia. Labatut é ainda hoje um personagem misterioso. As informações sobre ele são relativamente escassas. Sabe-se que nasceu na cidade francesa de Cannes, serviu no Grande Exército de Napoleão Bonaparte, lutou contra os ingleses nos Estados Unidos e, algum tempo depois, estava ao lado de Simón Bolívar fazendo a independência da Venezuela. Teria chegado ao Rio de Janeiro depois de brigar com o grande libertador da América espanhola. Curiosamente, sem que houvesse maiores referências sobre seu passado, foi imediatamente contratado por D. Pedro para comandar o exército na Bahia. De onde viria tanto prestígio? O historiador baiano Braz do Amaral dá uma pista: a indicação para o posto
  • 8. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 8/33 partiu da Maçonaria. Seu nome fora sugerido a José Bonifácio pelo frei Francisco Sampaio, importante líder maçônico do Rio de Janeiro, em cuja cela no convento de Santo Antônio foram tramados alguns lances decisivos da Independência. Outro historiador, o americano Neill Macaulay, afirma que, antes de embarcar para a Bahia, Labatut prestou juramento em sessão do Grande Oriente, entidade máxima da Maçonaria brasileira. Todos esses indícios sugerem que o general francês fosse um agente internacional empenhado em disseminar as ideias plantadas pela Revolução Francesa. Outro caso curioso é do português João Guilherme Ratcliff, um dos réus da Confederação do Equador. Maçom e republicano, viajou por diversos países e aprendeu várias línguas. Ainda em Portugal, foi um dos líderes da Revolução Liberal do Porto de 1820. No ano seguinte, redigiu o decreto de banimento da rainha Carlota Joaquina, que se recusara a prestar juramento à nova constituição liberal na volta da corte de D. João a Lisboa. Ratcliff pagaria um alto preço pela atitude. Em 1823 fugiu de Portugal depois do golpe absolutista de D. Miguel que dissolveu as cortes constituintes. Passou pela Inglaterra, pelos Estados Unidos e chegou a Pernambuco em plena efervescência revolucionária. Logo foi preso e despachado para o Rio de Janeiro. Por decreto de 10 de setembro de 1824, D. Pedro I ordenou que ele e seus companheiros fossem breve, verbal e sumarissimamente sentenciados. Condenado à morte na forca, fez do alto do patíbulo um discurso antes de ser executado no dia 17 de março de 1825: Brasileiros! Eu morro inocente, pela causa da razão, da justiça e da liberdade. Praza aos céus que o meu sangue seja o último que se derrama no Brasil e no mundo por motivos políticos. Numa versão nunca comprovada, sua cabeça teria sido salgada e enviada secretamente por D. Pedro à mãe, Carlota Joaquina, como vingança pelo decreto de banimento de 1821. As origens da Maçonaria se perdem nas brumas do tempo. Os primeiros grupos maçônicos teriam surgido nos canteiros de obras da Idade Média, na construção das grandes catedrais que hoje deslumbram turistas e peregrinos. Os profissionais responsáveis por essas obras eram altamente qualificados, reunindo conhecimentos de arquitetura, engenharia, escultura, marcenaria, forja e carpintaria, entre outras qualificações, o que lhes assegurava remuneração e tratamento privilegiados. Para defender seus interesses, os mestres construtores se reuniam em guildas, associações precursoras dos atuais sindicatos que serviam também de escola, onde o conhecimento especializado era passado de uma geração para outra. Na Inglaterra, os locais das reuniões eram chamados de lodges, mais tarde traduzidos para o português como lojas. Em 1717, ano oficial do nascimento da Maçonaria, os quatro lodges de Londres se unificaram numa única Grande Loja. A esta altura, porém, os maçons não guardavam apenas segredos profissionais. Tinham uma agenda política. Empenhados em combater a tirania dos reis absolutos, lutavam contra a escravidão e por leis que assegurassem direito de defesa, liberdade de pensamento e de culto, participação no poder e ampliação das oportunidades para todos. Isso os colocava em confronto com a nobreza que até então comandava os destinos dos povos. A Maçonaria estaria por trás de virtualmente todas as grandes transformações ocorridas nos dois séculos seguintes. Na Revolução Francesa, cunhou o lema liberdade, igualdade e fraternidade. Em uma de suas lojas foi composta a Marselhesa, marcha revolucionária adotada depois como hino da França. Três libertadores da América espanhola, Simón Bolívar, Bernardo O’Higgins e José de San Martín, frequentaram a mesma loja em Londres, a Gran Reunión Americana, situada no número 27 da Grafton Street. Seu fundador, o venezuelano Francisco de Miranda, tinha sido colega de George Washington, primeiro presidente americano, em uma loja maçônica da Filadélfia, nos Estados Unidos.
  • 9. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 9/33 Em nenhum outro episódio a atuação da Maçonaria foi tão decisiva quanto na independência americana. Dos 56 homens que assinaram a declaração de independência, cinquenta eram maçons, incluindo Benjamin Franklin e o próprio George Washington, na época Grão-Mestre da Loja Alexandria. No Brasil, a Independência foi proclamada por um Grão-Mestre maçom, D. Pedro I. E a República, por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. Entre os 12 presidentes da Primeira República, oito eram maçons. O primeiro ministério era todo maçom, incluindo Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant. As primeiras lojas maçônicas teriam surgido no país ainda no final do período colonial. Existem vagas referências, todas sem comprovação, da presença de maçons na Inconfidência Mineira de 1789 e na Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, de 1798. Álvares Maciel, principal ideólogo dos inconfidentes mineiros, pertenceria a uma sociedade secreta chamada Illuminati. A própria bandeira desenhada pelos rebeldes, um triângulo verde sobre fundo branco com as palavras Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade, ainda que tardia), seria uma referência à simbologia maçônica. Em Pernambuco, é comprovada a presença da Maçonaria a partir de 1796, ano da fundação do Areópago de Itambé por Manuel de Arruda Câmara, padre carmelita paraibano, médico pela Faculdade de Montpellier com passagem por Coimbra e grande defensor das ideias políticas francesas. Arruda Câmara fora iniciado na irmandade enquanto estava na Europa. De volta ao Brasil, resolveu propagar as novas doutrinas sob o disfarce de academias científicas e literárias. Era uma forma de burlar a severa vigilância da coroa portuguesa sobre a circulação dessas ideias. O Areópago de Itambé foi dissolvido cinco anos mais tarde, quando a justiça real descobriu um complô para a criação de uma república em Pernambuco com o apoio do então primeiro cônsul francês Napoleão Bonaparte. A proposta ressurgiria em 1817. Entre os integrantes do Areópago de Arruda Câmara estava uma rica família de senhores de engenho, os Cavalcanti, condenados a quatro anos de prisão acusados de participar da conspiração republicana. Soltos, fundariam em um dos seus engenhos uma escola democrática batizada de Academia Suassuna, na verdade mais um disfarce para o funcionamento de uma loja maçônica. Datam também desse período as divergências entre as diversas correntes da Maçonaria brasileira. O historiador Evaldo Cabral de Mello afirma que a Revolução Pernambucana de 1817 foi uma insurreição que escapou ao controle da Maçonaria portuguesa e fluminense. Segundo ele, enquanto as lojas do Rio de Janeiro permaneceram até as vésperas da Independência controladas de perto pelo Grande Oriente Lusitano, que defendia o ponto de vista da coroa portuguesa, o ramo de Pernambuco filiou-se à Maçonaria inglesa por intermédio de Domingos José Martins, líder da rebelião de 1817. Desde então, as lojas pernambucanas haviam-se tornado exclusivamente brasileiras, proibindo a entrada de portugueses. Uma curiosidade é que havia lojas maçônicas em funcionamento na própria corte do rei D. João VI. Duas delas, fundadas no Rio de Janeiro em 1815, chamavam-se Beneficência e São João de Bragança. O nome da segunda seria uma homenagem velada a D. João, suspeito de ter conhecimento e tolerar as atividades da Maçonaria nas dependências do palácio real. Um de seus ministros mais poderosos, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o conde de Linhares, responsável pela mudança da família real portuguesa para o Brasil, teria sido maçom. As lojas foram proibidas depois da Revolução Pernambucana de 1817, mas voltaram a funcionar em 1821. No dia 17 de junho de 1822, todas elas se congregam no Grande Oriente do Brasil por iniciativa de João Mendes Viana, grão-mestre da Comércio e Artes, do Rio de Janeiro. A data é considerada o momento em que a Maçonaria fluminense rompeu definitivamente seus laços com o Grande Oriente de Lisboa e se converteu à causa da Independência brasileira, seguindo o exemplo das lojas pernambucanas. O então poderoso ministro José Bonifácio foi eleito grão-mestre, mas seria
  • 10. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 10/33 substituído dois meses mais tarde por ninguém menos que o príncipe regente D. Pedro num golpe tramado pelo grupo rival, de Joaquim Gonçalves Ledo. A passagem de D. Pedro pela Maçonaria é meteórica. Pelo menos oficialmente. Iniciado na loja Comércio e Artes no dia 2 de agosto de 1822 com o nome de Guatimozim - em homenagem ao último imperador asteca -, foi promovido ao grau de mestre três dias mais tarde e elevado ao posto máximo da organização, o de grão-mestre, dois meses depois. Exerceu a função por apenas 17 dias. Em 21 de outubro (uma semana após a aclamação como imperador), mandou fechar e investigar as lojas que o haviam ajudado a proclamar a Independência. Quatro dias mais tarde, sem que as investigações sequer tivessem começado, determinou a reabertura dos trabalhos com seu antigo vigor. Há fortes indícios, porém, de que D. Pedro frequentasse as atividades da Maçonaria bem antes disso. No Museu Imperial de Petrópolis há uma carta que o então príncipe regente escreveu a José Bonifácio com vocabulário e sinais maçônicos no dia 20 de julho de 1822, data anterior à sua iniciação oficial: O Pequeno Ocidente toma a ousadia de fazer presentes ao Grande Oriente duas cartas da Bahia e alguns papéis periódicos da mesma terra há pouco vindas. Terra a quem o Supremo Arquiteto do Universo tão pouco propício tem sido. É o que se oferece por ora a remeter a este que em breve espera ser seu súdito e I ∴ Pedro. No canto superior esquerdo da página, há o desenho de um sol e a palavra Alatia, em que as letras foram substituídas por esquadro, compasso, martelo, uma pá de pedreiro e um olho. A assinatura é acompanhada do símbolo ∴, os três pontinhos em forma de pirâmide que indicam a filiação maçônica. O comportamento aparentemente errático e contraditório do imperador em relação à Maçonaria é uma prova de que a instituição esteve longe de funcionar como um corpo monolítico em 1822, decidindo de forma uníssona os destinos do país nas suas reuniões secretas. Ou que, numa outra hipótese, tenha sido uma vítima inocente das arbitrariedades de D. Pedro I. Segundo uma acusação muito comum entre os maçons atualmente, o imperador teria traído seu juramento ao mandar fechar as lojas e proibir suas atividades. Pagaria por isso em 1831, ao ser obrigado a abdicar o trono brasileiro em movimento outra vez liderado pela Maçonaria. Na verdade, a Maçonaria usou os diferentes grupos de pressão na época da Independência e foi usada por eles, de acordo com as circunstâncias do momento. No episódio do Dia do Fico, do Grito do Ipiranga e da aclamação do imperador, saiu triunfante. Sairia vitoriosa novamente em 1831, na abdicação do imperador. Na dissolução da constituinte, na Confederação do Equador e em outros momentos, perdeu. Foi, portanto, um elemento importante no poderoso jogo de pressões que se estabeleceu no momento em que o Brasil dava seus primeiros passos como nação independente, mas não o único nem o mais decisivo. Finalizando: Tudo começou em 1808: “Foi o único que me enganou”. Napoleão Bonaparte, nas suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio da Ilha de Santa Helena, referindo-se a D. João VI, rei do Brasil e de Portugal. (Texto extraído e condensado dos Livros: 1808; 1822 e 1889 do escritor paranaense Laurentino Gomes. Sabe-se que o premiado escritor não era maçom, mas que tinha em sua família membros da Maçonaria e suas fontes bibliográficas são intensas nos livros e documentos maçônicos da época. Imperdíveis).
  • 11. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 11/33 O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves* escreve às quartas-feiras e domingos. Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna” Santana do Livramento – RS ronaldoviega@hotmail.com SOBRE AS INFLUÊNCIAS DA IGREJA NA HISTÓRIA DA MAÇONARIA E SOBRE ALGUNS TERMOS DE ORIGEM CATÓLICA POR ELA ADOTADOS: UMA SÍNTESE. “É sabido que a Maçonaria nasceu, cresceu e floresceu à sombra das Igrejas cristãs. Todos os mais famosos e perfeitos Monumentos de Pedra, erigidos na Europa pela Igreja Católica, após o Século XII, foram construídos pelos Maçons Operativos. E isso não aconteceu gratuitamente. O Cristianismo foi assimilado profundamente pelos pedreiros da Europa, deixando uma profunda e indestrutível herança na estrutura da Maçonaria Operativa e, mesmo, na Maçonaria Especulativa. Todavia, foi o caráter de livre-pensador, que o Maçom especulativo assimilou, que o levou a entrar em atrito com sua antiga patroa e benfeitora _ a Igreja Católica. Mas,mesmo assim, a Maçonaria nunca foi condenada por ser anti- cristã, mas, sim _ de anticlerical e de deísta.” (Xico Trolha, pág. 44, 1997) INTRODUÇÃO Logo após a nossa Iniciação, na medida em que vamos familiarizando-nos com o ambiente maçônico, em algumas situações ouviremos expressões que soam como se fossem religiosas, e podendo nos remeterem ao universo específico de alguma religião em particular. Este trabalho tem por objetivo mostrar algumas evidências provenientes do ambiente católico, tecendo os comentários que se fizerem necessários, assim como, mostrando algo das influências recebidas da Igreja pela Maçonaria no desenrolar da sua história, e ao mesmo tempo, abrir uma porta para que outros trabalhos possam acrescentar mais informações. E por que essa escolha recaiu em expressões ou influências com uma origem no Catolicismo? Com certeza, temos visto bastante sobre os termos hebraicos ou próprios do 4 – SOBRE AS INFLUÊNCIAS DA IGREJA NA HISTÓRIA DA MAÇONARIA E SOBRE ALGUNS TERMOS DE ORIGEM CATÓLICA POR ELA ADOTADOS: UMA SÍNTESE. - José Ronaldo Viega Alves
  • 12. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 12/33 Judaísmo, eis que eles parecem estar em maior número na Maçonaria, sendo que já vem merecendo atenção há bastante tempo, até pelo fato de que são muitas as palavras de passe, as palavras sagradas, os nomes dos personagens bíblicos, cerimoniais, que aparecem em hebraico. Portanto, o presente trabalho quer ser uma primeira incursão no assunto esse que aponta para a presença dessa terminologia e demais influências católicas na Maçonaria. TERMINOLOGIA E INFLUÊNCIAS ORIUNDAS DO CATOLICISMO EM DIVERSOS RITOS A influência católica na Maçonaria é destacada por muitos autores, sem grandes aprofundamentos, mas, tem ficado claro que, durante os tempos da Maçonaria Operativa, evidentemente ela foi muito mais acentuada. Da obra “O Conceito de Deus na Maçonaria” de autoria de Valerio Alberton, extraímos o seguinte trecho: “No período OPERATIVO, o conceito de Deus é, inquestionavelmente, TRINITÁRIO e, mesmo MARIANO e hagiográfico. Todos os documentos da época, os assim denominados OLD CHARGES _ antigos deveres _ registram-no invariavelmente: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e, em geral, acrescentam o de Nossa Senhora e dos santos (daí a contestação dos dissidentes da primeira Grande loja da Inglaterra, censurando-a por ter ignorado os dias santos, além de se omitir com relação às orações e ter descristianizado os rituais); é o conceito ensinado pela Igreja católica. Não é de se admirar, já que a Maçonaria aqueles tempos era toda católica porque constituída pelas corporações de ofícios que viviam à sombra da Igreja.” A Maçonaria em seus Ritos cuja vertente é a francesa, além das influências místico- esotéricas recebidas principalmente durante o século XVIII, também assimilou algumas influências provindas de algumas das religiões, sendo que de parte da religião católica, chega a ser bastante notória. No livro “Curso de Maçonaria Simbólica – 1º Tomo – Aprendiz”, o seu autor, o Irmão Theobaldo Varoli Filho já cuidava de emitir uma nota dirigida aos Aprendizes apontando para alguns dos aspectos que deixam evidenciadas tais influências: “Nota do Autor ao Aprendiz _ Os maçons também tomaram dos católicos vários termos clericais. O Rito Escocês Antigo e Aceito tem um ‘consistório’. O Rito Brasileiro, cuja parte filosófica é de fundação recente, criou o seu ‘Supremo Conclave’. A palavra mais comum entre os maçons é ‘placet’, que significa realmente agrada, aprova e alude ao deferimento dos bispos, cardeais e papas às diferentes petições e atos dos subordinados. A pronúncia verdadeira é ‘plácet’, paroxítona, mas muitos maçons brasileiros não desistem da pronúncia ‘placê’, talvez por gostarem mais do cavalo colocado nas corridas ou preferirem a palavra francesa ‘placé’ que nada tem que ver com ‘placet’.” No livro “Debatendo Tabus Maçônicos”, o Irmão Kennyo Ismail , cita algumas das heranças que o R.E.A.A. recebeu: “A ‘Sala da Loja’, como é conhecida tradicionalmente o local de reuniões das lojas, teve seu status modificado para ‘Templo’. _ Não somente adotou-se status de ‘Templo’, como também a necessidade de uma cerimônia específica para ‘sagrá-lo’, característica típica das igrejas católicas. _ A planta do Templo, geralmente retangular, ganhou um formato arredondado na parede do Oriente, comum em várias igrejas. Algumas obediências abandonaram essa característica nas plantas de seus rituais do REAA pelos custos de construção. _ O Oriente tornou-se mais elevado que o Ocidente e ganhou uma ‘balaustrada’, uma grade separando o Oriente do Ocidente, como em igrejas católicas seculares.
  • 13. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 13/33 _ A bolsa de coleta de dinheiro da Igreja passou a circular entre os membros da Loja, com fins de solidariedade.” SOBRE A HISTÓRIA E INFLUÊNCIA DA IGREJA NA EUROPA NA IDADE MÉDIA O Irmão José Castellani também se debruçou sobre o assunto, sendo que em seu livro “Origens Históricas e Místicas do Templo Maçônico”, começa por descrever uma história sobre a formação da própria Igreja até chegar àquelas que são consideradas influências sobre a Maçonaria. Na sequência, com base no texto de Castellani, elaboro com minhas palavras um texto sucinto sobre o que ele expôs no livro citado em relação à história da Igreja que serve de informação para compreendermos melhor acerca do domínio e da influência que a Igreja adquiriu no período medieval. Depois de Jesus haver sido executado, passado um tempo, Simão, filho de Jonas, dirigiu-se a Roma com o propósito de divulgar o Cristianismo. Acontece que o seu nome original já não era mais Simão, pois Jesus havia lhe dito: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” Então Pedro, ou melhor, o apóstolo Pedro, saído da Palestina, desembarca em Roma e a partir daí, a história registra um começo do Cristianismo pródigo em perseguições, e em matanças promovidas pelo Império Romano. Até que em 312 da era atual, Constantino, imperador romano, proclama um édito na cidade de Milão onde concedia a liberdade de culto para os cristãos. Esse é considerado o início oficial da Igreja. Posteriormente, acontece um cisma no seio da Igreja que vai ocasionar o surgimento da Igreja oriental, sediada em Constantinopla, e a ocidental com sede em Roma. A oriental recebeu a denominação de Ortodoxa, enquanto a ocidental passou a se chamar de Católica, ou em outras palavras, universal. A Igreja Ortodoxa se opunha à aceitação de elementos estranhos e bárbaros, ao passo que a Igreja Católica aceitando, legitimando e coroando novos reis em território europeu ganhou assim, o domínio pleno das cortes, tornando-se a organização mais poderosa da Idade Média. A DESCRIÇÃO DA INFLUÊNCIA DA IGREJA NA MAÇONARIA POR CASTELLANI A partir do momento em que no livro que foi citado acima, Castellani entra na questão das influências diretas da Igreja sobre a Maçonaria, transcrevo suas palavras na íntegra, que dizem o seguinte: “A sua grande influência acabou se estendendo à Maçonaria, pois, não pode ser esquecido o fato de que as corporações de ofício nasceram à sombra da Igreja. Além da influência em muitos pontos da doutrina, da filosofia e da liturgia da Maçonaria, os seus templos, as igrejas muito contribuíram para a formação do templo maçônico. Como já foi visto, as igrejas foram, na realidade, os principais arquétipos dos templos maçônicos; como, todavia, a sua estrutura não era original, mas, sim, buscada no templo de Jerusalém, considera-se, então, como o principal modelo, tanto das igrejas, quanto dos templos da Maçonaria, o santuário hebraico. Assim, os maçons copiaram, primitivamente, das igrejas, a orientação, a distribuição e mesmo parte da decoração. Colocaram, no lugar do altar-mor das igrejas, o seu ALTAR, local mais íntimo e sagrado do templo, onde eram feitos os juramentos e compromissos; colocaram, na parte correspondente ao presbitério, onde ficam os clérigos auxiliares, os lugares para Dignidades maçônicas e que é parte do Oriente; e colocaram, no restante do templo, os demais maçons, na parte, que, nas igrejas, é destinada aos fiéis.
  • 14. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 14/33 A colocação, em alguns ritos, como, por exemplo, o Rito Escocês Antigo e Aceito de uma grade ou balaustrada, que separe o Oriente do restante dos templos, também é baseada nas igrejas, que, em sua maioria, apresentam essa separação. O hábito de colocar um triângulo equilátero, ou DELTA, no frontispício da edificação onde fica o templo, também é herdado da igreja (ainda podem ser vistas igrejas antigas, com esse símbolo em sua fachada) da mesma maneira que o costume de colocar, na frente do edifício, colunatas da ordem jônica, ou da ordem coríntia.” UMA RELAÇÃO BEM ANTIGA O Irmão Eleutério Nicolau da Conceição traz informações bem interessantes dessa relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica. Vejamos: “Construtores de mosteiros, abadias, igrejas e castelos, os pedreiros vinculavam-se naturalmente à instituição religiosa à época dominante na Europa, a igreja católica romana. Antigos manuscritos ingleses contendo rituais maçônicos fazem alusão à Virgem Maria e à Santa Madre igreja, e podemos supor serem as primitivas cerimônias maçônicas reflexo de alguma forma dos aspectos do culto e cerimônias religiosas católicas. Outras corporações operativas como as dos marceneiros, seleiros, chapeleiros e outros, adotavam havia muito tempo essa prática. Pesquisa arqueológica recente encontrou vestígios de lojas maçônicas nos átrios de muitas igrejas europeias. Isso confirma que, ao contrário dos costumes do início do século XVIII, quando na Inglaterra muitas lojas tinham como local de reuniões os salões privativos de tabernas londrinas, as iniciações antigas eram preferencialmente realizadas ao abrigo dos átrios eclesiais.” SOBRE A RITUALÍSTICA MAÇÔNICA E CATÓLICA: UM TRABALHO ESCLARECEDOR Na revista “O Prumo” em suas edições 208, 209 e 210, foi publicada uma série de artigos com o título de “A Liturgia da Missa Católica e a Ritualística da Sessão Maçônica” de autoria do Irmão Luiz V. Cichoski, um dos nossos grandes pesquisadores maçônicos da atualidade, com base em obras de autoria de J. M. Ragon e Helena P. Blavatsky, onde estes autores viram ligações entre o cerimonial católico e o maçônico. O Irmão Luiz V. Cichosky faz um estudo, uma analogia, as variações, entre a Missa Tridentina, aquela com quem conviveram os primeiros ritualistas maçons, a Missa Moderna e a Ritualística Maçônica. Basicamente, esses artigos tem o objetivo de responder à seguinte pergunta: Qual a relação existente entre a liturgia cristã (missa) e o trabalho que se desenvolve durante uma sessão maçônica? Para quem se interessa pelo assunto, o trabalho é de leitura obrigatória. LITURGIA: UM TERMO CATÓLICO? De acordo com o “Vade-Mécum” do Irmão João Ivo Girardi, no primeiro item referente ao verbete LITURGIA, consta o seguinte: “1. É o termo mais aplicado à religião e designa a forma e a ordem aprovadas pela autoridade eclesiástica, para celebrar os ofícios divinos, especialmente o da missa; é também, o estudo dos Ritos Sagrados. Todavia, pela própria etimologia, qualquer sociedade que realiza um cerimonial, seja público, ou apenas reservado aos seus adeptos, em que exista uma ordenação e uma determinada forma de desenvolvimento da cerimônia, estará exercendo uma função litúrgica.” COMENTÁRIOS: Como pudemos observar, o termo é bastante aplicado à religião, e como é fácil inferir, à religião católica, já que ali o texto cita também a autoridade eclesiástica. No entanto, o uso do termo pode ser adaptado, em razão de sua etimologia para qualquer cerimonial público ou
  • 15. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 15/33 reservado, o que abre espaço para uma liturgia maçônica, e que seria a ordem executada nas cerimônias ou sessões maçônicas. Para encerrar o assunto, não podemos deixar de considerar as palavras do ilustre Irmão Luiz Chitoski que ao se referir ao termo diz que “não se pode deixar de reconhecer a imensa carga religiosa que carregam os termos liturgia, litúrgico e outros, que são entendidos como o ‘serviço público oficial da Igreja’. CONCLUSÃO A proposta apresentada até aqui, teve como escopo central priorizar o Catolicismo ou a Igreja Católica, ainda que signifique também falar indiretamente sobre o Cristianismo. Por outro lado, em se enveredando pelo universo maçônico no que tange ao que tem inspiração cristã, alargaríamos demais os horizontes, além de que, isso demandaria muito mais pesquisas, pois, ainda que se restrinja aos graus simbólicos, é possível dizer que todos eles possuem alegorias, expressões ou preceitos provindos do Cristianismo. O título, portanto, busca uma relação mais direta com as influências católicas, e num primeiro momento, bastante generalizada. Sabendo do quanto se pode pender para essa linha que usa o termo ‘cristão’, mas, sem especificar qual das religiões, é que foram priorizadas as influências e a terminologia de origem católica, além de finalizar o título com a expressão “uma síntese”, pois, isso permitirá então que esse trabalho tenha endereço certo e seja mesmo um ponto de partida para todos aqueles Irmãos que quiserem se aprofundar muito mais. Houve um período da história da Maçonaria em que até mesmo preces eram usuais em seu meio, e preces nitidamente católicas, quando por ocasião do início dos trabalhos. Isso sucedeu por muito tempo, durante o Período Operativo da Maçonaria, bem no seio das confrarias, tanto que em vários daqueles estatutos constavam os deveres de jurar lealdade tanto para o Cristianismo como para a Igreja Católica, além da invocação de um santo protetor. A Maçonaria foi descristianizada, digamos assim, e acabou se identificando bastante com o Protestantismo inglês, o que provocou a retirada de muitas dessas práticas de origem católica, embora muitos resquícios ainda permaneçam. Num futuro trabalho, é possível que se entre no âmago da questão que envolve que ou qual Rito tende a conservar mais ou menos, os resquícios dessas influências, a exemplo do que o Irmão Xico Trolha diz em seu livro “A Descristianização da Maçonaria”: “Só para ilustrar este trabalho – o Rito Sueco é essencialmente Cristão, e o Rito Escocês Retificado é de cunho puramente Católico.” Algumas das influências são bastante nítidas, outras nem tanto, o que não impede de afirmarmos que existiu uma absorção bem maior dessas influências no Período Operativo e não foram de todo apagadas com aquilo que se convencionou chamar de descristianização da Maçonaria. FONTES BIBLIOGRÁFICAS: Revistas: O PRUMO, edições 208, 209 e 210, Mar/Abr, Mai/Jun e Jul/Ago de 2016: A Liturgia da Missa Católica e a Ritualística da Sessão Maçônica (Parte 1, 2 e 3) ”- Artigos de autoria do Irmão Luiz V. Cichoski. Livros: GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora ltda. 2ª Edição - 2008 ALBERTON, Valério. “O Conceito de Deus na Maçonaria” – Editora Aurora – 2ª Edição – 1981 CASTELLANI, José. “Origens Históricas e Místicas do Templo Maçônico” – Editora “A Gazeta Maçônica”- 1991 CONCEIÇÃO, Eleutério Nicolau da. “MAÇONARIA Raízes Históricas e Filosóficas” – Editora Cultural O Prumo – 2ª Edição - 2006 ISMAIL, Kennyo. “DEBATENDO Tabus Maçônicos” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 1ª Edição – 2016 TROLHA, Xico. (Francisco de Assis Carvalho) – “A Descristianização da Maçonaria” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1ª Edição - 1997 VAROLI FILHO, Theobaldo. “CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA” - 1º Tomo (Aprendiz) 2ª Edição - Editora A Gazeta Maçônica S.A. - 1977
  • 16. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 16/33 O Ir Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”- Londrina – PR – escreve aos domingos hercule_spolad@sercomtel.com.br O PROCESSO HISTÓRICO INDEPENDÊNCIA DO BRASIL PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA CRONOLOGIA DOS EVENTOS NO FINAL DO SÉCULO XVII E INÍCIO DO SÉCULO XVIII, FILHOS DE BRASILEIROS E PORTUGUESES ABASTADOS IAM ESTUDAR NA EUROPA. ENTRAVAM EM CONTATO COM AS DOUTRINAÇÕES DO ILUMINISMO OU ILUSTRAÇÃO SENDO QUE TAMBÉM A QUASE TOTALIDADE DELES SE TORNAVAM MAÇONS INICIADOS PELAS LOJAS DA EUROPA. 1789 - CONJURAÇÃO MINEIRA - COMPROVADAMENTE MAÇONS: APENAS JOSÉ ALVARES MACIEL E DOMINGOS VIDAL BARBOSA. 1796 - AREÓPAGO DE ITAMBÉ, O MAÇOM DR. MANUEL DE ARRUDA CÂMARA. GERME DAS REVOLUÇÕES PERNAMBUCANAS. 14.0.7.1797 - LOJA “CAVALEIROS DA LUZ”, QUE TERIA SIDO FUNDADA A BORDO DE UMA FRAGATA LA “PRENEUSE” QUE TERIA APORTADO EM ÁGUAS TERRITORIAIS DA BAHIA, PELO MONSIEUR LACHER. HOJE, APÓS ESTUDOS MAIS ATUALIZADOS E BEM PESQUISADOS ESTÁ DESCARTADA ESTA HIPÓTESEPOIS. CONSTATOU-SE QUE TAL FRAGATA NÃO TERIA ESTADO NAS COSTAS DA BAHIA, NAQUELA OCASIÃO. 5 – O Processo Histórico – Independência do Brasil – Participação da Maçonaria - - Hercule Spoladore
  • 17. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 17/33 1800 - SEMINÁRIO DE OLINDA FUNDADO PELO BISPO DOM JOSÉ DA CUNHA AZEREDO COUTINHO E OS PADRES REVOLUCIONÁRIOS: JOÃO RIBEIRO, PADRE MIGUELINHO, FREI JOSÉ LABOREIRO, TODOS MAÇONS. 29.07.1801 HOJE ACEITA-SE COMO A PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA REGULAR FUNDADA NO BRASIL, A LOJA “REUNIÃO” A PARTIR DOS REMANESCENTES DE UMA LOJA IRREGULAR DE NOME “UNIÃO” CONTANDO COM A APROVAÇÃO DO CAVALHEIRO LAURENT RERESENTANTE DO G.O. ILLE DE FRANCE, QUE TINHA PATENTE DO G.O.F. (GRANDE ORIENTE DA FRANÇA). 1802 ACADEMIA SUASUNA: FRANCISCO DE PAULA CAVALCANTI FREI CANECA E OUTROS, A MAIORIA PADRES. TODOS MAÇONS. 22.01.1808 CHEGADA DA FAMÍLIA REAL EM SALVADOR – BAHIA. 28.01.1808 - D. JOÃO VI DETERMINA NA BAHIA, A ABERTURA DOS PORTOS PARA TODAS AS NAÇÕES AMIGAS. VERDAEIRO EMBRIÃO DA INDEPENDÊNCIA. 08.03.1808 D. JOÃO VI DESEMBARCA RIO DE JANEIRO . 1814 À 09.06.1815 – DECISÃO DO CONGRESSO DE VIENA – PORTUGAL PARA SER UM DOS OITO PAISES MAIS IMPORTANTES DO MUNDO, TERIA QUE ELEVAR O BRASIL A REINO. 15.11.1815 – FUNDAÇÃO DA LOJA “COMÉRCIO E ARTES” RITO ADONHIRAMITA. NÃO QUISERAM FILIAR-SE AO GRANDE ORIENTE LUSITANO JÁ PENSANDO NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. HOUVE PERSEGUIÇÃO POLÍTICA - O CONDE DOS ARCOS FECHOU-A EM 30.03.1818. CONFORME CONSTA DO ALVARÁ PROIBINDO O FUNCIONAMENTO DE SOCIEDADES SECRETAS, MAS OS MAÇONS CONTINUARAM A TRABALHAR SECRETAMENTE ATRAVÉS DO CLUBE DA RESISTÊNCIA. 12.12.1815 BRASIL É ELEVADO A VICE-REINADO. ALGUNS HISTORIADORES ACHAM QUE A INDEPENDÊNCIA FOI DESENHADA NESTA DATA. 1819 JOSÉ BONIFÁCIO UM DOS MAIORES CIENTISTAS DA EUROPA ENTRA PARA A POLÍTICA E É ENVIADO PARA O BRASIL.
  • 18. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 18/33 26.04.1821 APÓS 13 ANOS A FAMÍLIA REAL VOLTA PARA PORTUGAL OUTRO GRANDE PASSO PARA A INDEPENDÊNCIA. OS PORTUGUESES QUERIAM RECOLONIZAR O BRASIL, MAS ERA TARDE DE MAIS. ELE ERA UM VICE REINO E NÃO MAIS UMA COLONIA. NÃO TINHA VOLTA. O5.06.1821 REERGUIDA A LOJA “COMÉRCIO E ARTES” A QUAL FOI REINSTALADA EM 24/06/1821. QUASE 100 MEMBROS EM MENOS DE UM ANO. O FOCO ERA TOTALMENTE REVOLUCIONÁRIO EM FAVOR DA INDEPENDÊNCIA. 09.01.1822 DIA DO FICO MILHARES DE ASSINATURAS COLHIDAS POR MAÇONS DE SÃO PAULO, MINAS E RIO DE JANEIRO 15.01.1822 RETIRADA DAS TROPAS MPORTUGUESAS DO BRASIL. 18.01.1822 JOSÉ BONIFÁCIO CHEGA AO RIO DE JANEIRO E ASSUME MINISTÉRIO DO REINO E DE ESTRANGEIROS. 13.05.1822 NA LOJA “COMÉRCIO E ARTES” O IRMÃO DOMINGOS ALVES BRANCO MUNIZ BARRETO A MANDO DE GONÇALVES LEDO PROPÕE O TÍTULO DE DEFENSOR PERPÉTUO DO BRASIL À PEDRO DE ALCÂNTARA E ESTE O ACEITA. 20.05.1822 FOI FUNDADA NO RIO DE JANEIRO A PRIMEIRA LOJA DO R.E.A.A. FUNDADA POR MAÇONS ESTRANGEIROS QUE RESIDIAM NO RIO, A LOJA “BOUCLIER D’HONNEUR’ (ESCUDO DE HONRA). E NESTE DIA TAMBEM FOI FUNDADO O PRIMEIRO CAPÍTULO DO R.E.A.A. EM TERRAS BRASILEIRAS, (29 DIAS ANTES DA FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE BRASILIANO E 14 DIAS ANTES DA FUNDAÇÃO DO APOSTOLADO) QUANTO AO REEA - LOJA”EDUCAÇÃO E MORAL” EM 17.03.1829 TIDA COMO A PRIMEIRA LOJA DO RITO, FOI EM REALIDADE A 2ª LOJA DO RITO NO PAIS MONTEZUMA RECEBE EM BRUXELAS UMA PATENTE PARA FUNDAR UM SUPREMO CONSELHO EM 12.03.1829. E SÓ O FEZ EM 12.11.1832 O GRANDE ORIENTE DO PASSEIO, DISSIDENTE DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL AO VALE DEO LAVRADIO, EM 13.09.1834 ADOTOU OFICIALMENTE O REAA. 02.06.1822 É FUNDADO POR JOSÉ BONIFÁCIO O APOSTOLADO DA NOBRE ORDEM DOS CAVALEIROS DE SANTA CRUZ, DANDO O TÍTULO DE ARCONTE-REI PARA O PRÍNCIPE PEDRO DE ALCÂNTARA CUJO NOME SIMBÓLICO NO APOSTOLADO FOI RÔMULO.
  • 19. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 19/33 O APOSTOLADO ERA UMA REPRODUÇÃO DO AREÓPAGO DE ITAMBÉ. ERA FORMADO POR TRÊS PALESTRAS E VÁRIAS DECÚRIAS. UMA PALESTRA CHAMAVA-SE INDEPENDÊNCIA OU MORTE A OUTRA FIRMEZA E LEALDADE E A TERCEIRA NÃO SE SABE O SEU NOME. CADA PALESTRA TINHA DOZE APÓSTOLOS E UM PRESIDENTE. OS MEMBROS DO APOSTOLADO DENOMINAVAM-SE COLUNAS OU TRONO. O TRATAMENTO ENTRE SI ERA DE CAMARADAS E OS RECEM INICIADOS ERAM RECRUTAS. SUA FINALIDADE DOGMÁTICA ERA SUSTENTAR A MONARQUIA CONSTITUCIONAL E COMBATER COM TODAS AS FORÇAS OS IDEIAIS REPUBLICANOS. MAS ERA FAVORÁVEL A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. LEDO, NOBREGA CLEMENTE PEREIRA ERAM TAMBEM MEMBROS DESTE GRÊMIO. 03.06.1822 O PRÍNCIPE CONVOCA UMA CONSTITUINTE QUE DESSE AO BRASIL “AS BASES SOBRE QUE SE DEVA ERIGIR NOSSA INDEPENDÊNCIA” – REAÇÃO VIOLENTA DA CORTE PORTUGUESA. 17.06.1822 FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE BRASILIANO, BRASÍLICO OU BRASILIENSE. JOSÉ BONIFÁCIO FOI O SEU 1º GRÃO-MESTRE E GONÇALVES LEDO 1° GRANDE VIGILANTE. O GRANDE ORIENTE ERA UMA FACHADA. EM REALIDADE TRATAVA-SE DE UM GRÊMIO POLÍTICO REVOLUCIONÁRIO. 01.08.1822 MANIFESTO DO PRÍNCIPE, ESCRITO POR LEDO. “O BRASIL JÁ É UM VASTO IMPÉRIO E O POVO DO BRASIL JÁ É SOBERANO. ESTÁ DADO O GRANDE PASSO DE VOSSA INDEPENDÊNCIA”. 10.08.1822 O PRÍNCIPE BAIXA DECRETO PROIBINDO DESEMBARQUE DE TROPAS PORTUGUESAS NO BRASIL. 14.08.1822 JOSÉ BONIFÁCIO EM CIRCULAR ENVIADA A TODOS OS CORPOS CONSULARES NO BRASIL “TENDO O BRASIL QUE SE CONSIDERA TÃO LIVRE COMO PORTUGAL, SACUDIDO O JUGO DA SUJEIÇÃO E INFERIORIDADE, COM QUE O REINO IRMÃO PRETENDIA ESCRAVISAR, PASSANDO A PROCLAMAR A INDEPENDÊNCIA E A EXIGIR UMA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DENTRO DE SEU PRÓPRIO TERRITÓRIO”.
  • 20. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 20/33 02.09.1822 A PRINCESA LEOPOLDINA EM SUBSTITUIÇÃO A D.PEDRO QUE ESTAVA EM SÃO PAULO ASSUME POR FORÇA DE LEI O CARGO DE CHEFE DO CONSELHO DE ESTADO E JUNTAMENTE COM JOSÉ BONIFÁCIO E TODO O CONSELHO TOMAM A DECISÃO DE SOLICITAR DO PRÍNCIPE A INDEPENDÊNCIA. O MENSAGEIRO PAULO BREGARO FOI INCUMBIDO DE LEVAR ESTA NOTÍCIA E OUTRAS MÁS NOTÍCIAS VINDAS DA CORTE, ENCONTRANDO PEDRO DE ALCÂNTARA ÀS MARGENS DO RIACHO IPIRANGA EM SÃO PAULO. 07.09.1822 GRITO DO IPIRANGA TESTEMUNHADO PELO MAÇOM CÔNEGO BELCHIOR PINHEIRO DE OLIVEIRA (SÓCRATES) QUE EM 1826 FEZ O RELATO POR ESCRITO, PAULO ANTONIO DO VALE, COMANDANTE DA GUARDA DE D.PEDRO DEPOIS 1º BARÃO DE PINDAMONHANGABA DA COMITIVA DO PRÍNCIPE, ANTONIO MARIANO DE AZEVEDO MARQUES EM SEU DIÁRIO PARTICULAR RELATANDO A VOLTA DO PRÍNCIPE DE SANTOS. RELATO DO GENTIL-HOMEM FRANCISCO DE CASTRO E MELLO PUBLICADO NO “JORNAL DO COMÉRCIO”. O 20 DE AGOSTO NÃO EXISTIU COMO QUEREM AINDA MUITOS HISTORIADORES E ATRIBUEM A LEDO A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA. NO DIA 20/08/1822 NEM SESSÃO HOUVE NO GRANDE ORIENTE BRASILIANO. A REFERIDA SESSÃO SÓ OCORREU MO DIA 09/09/1822, DOIS DIAS APÓS O GRITO DO IPIRANGA. 18.09.1822 DECRETO CRIANDO O ESCUDO REAL E AS ARMAS DO REINO, JUNTAMENTE COM A DIVISA “INDEPENDÊNCIA OU MORTE” NO BRAÇO ESQUERDO DE QUEM ESTIVESSE DISPOSTO A DEFENDER O BRASIL. FOI CRIADA A PRIMEIRA BANDEIRA NACIONAL IMPERIAL CONFECCIONADA PELO PINTOR, PROFESSOR E MAÇOM JEAN BAPTISTE DEBRET, AUXILIADO POR JOSÉ BONIFÁCIO. ACRESCA-SE QUE O VERDE ERA A COR DA CASA DOS BRAGANÇA, E O AMARELO ERA A COR DA CASA DE HABSBURG DA AÚSTRIA. A PARTIR DE 1889 COM A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA O VERDE PASSOU A REPRESENTAR NOSSAS MATAS O AMARELO NOSSO OURO (SOFISMA REPUBLICANO) E A COR AZUL QUE FOI INTRODUZIDA NA BANDEIRA COM O DÍSTICO “ORDEM E PROGRESSO” DE INSPIRAÇÃO POSITIVISTA, PASSOU A REPRESENTAR O NOSSO CÉU 04.10.1822 D.PEDRO FAZ O JURAMENTO E TORNA-SE O 2º GRÃO-MESTRE DO GRANDE ORIENTE BRASILIANO OU BRASÍLICO. 12.10.1822 ACLAMAÇÃO DE D.PEDRO I NO RIO DE JANEIRO COMO IMPERADOR CONSTITUCIONAL DO BRASIL, NO CAMPO DA ACLAMAÇÃO, HOJE PRAÇA DA REPÚBLICA, PELO PRESIDENTE DO SENADO, O MAÇOM JOSÉ CLEMENTE PEREIRA.
  • 21. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 21/33 21/10/1822 – D.PEDRO I MANDA FECHAR O GRANDE ORIENTE BRASILIANO, PARA AVERIGUAÇÕES. E ESTE SÓM VOLTOU A FUNCIONAR EM 1831 APÓS A ABDICAÇÃO DE D.PEDRO. A SEGUIR TIVEMOS A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA COM MUITOS COMBATES E MORTES QUE OS HISTORIADORES MINIMIZAM. ACONTECIMENTOS PARALELOS OCORRIDOS LOGO APÓS A COROAÇÃO DE D.PEDRO OS ACONTECIMENTOS POLÍTICOS ENTRETANTO UM TANTO CONFUSOS, SE PRECIPITARAM APÓS A NOTÍCIA QUE O GRUPO DE JOSÉ BONIFÁCIO ESPALHOU A NOTICIA QUE O GRUPO DE LEDO PRETENDIA FAZER UMA REFORMA MINISTERIAL O QUE IMPEDIU A VOLTA DO GRANDE ORIENTE AOS SEUS TRABALHOS APÓS SEU FECHAMENTO PARA AVERIGUAÇÕES. D.PEDRO I MANDA FECHAR O GRANDE ORIENTE BRASILIANO NO DIA 21/10/1822 PARA AVERIGUAÇÕES, POIS ESTE FOI DENUNCIADO PELO JOSÉ BONIFÁCIO COMO UM GRÊMIO CONSPIRADOR. GONÇALVES LEDO, NOBREGA E CLEMENTE COLHERAM TRÊS ASSINATURAS DO IMPERADOR, EM BRANCO E EXIGIRAM DELE O JURAMENTO ANTECIPADO À CONSTITUIÇÃO. BONIFÁCIO NÃO ACEITOU TAL SITUAÇÃO. FICOU FURIOSO. A LUTA AGORA ERA FRANCA ENTRE O APOSTOLADO DE BONIFÁCIO E O GRANDE ORIENTE DE LEDO. EM REALIDADE TODOS DISPUTAVAM AS BENESSES IMPERIAIS. INTERESSES PRÓPRIOS E DE GRUPOS. BONIFÁCIO SENTINDO-SE TRAÍDO PEDE DEMISSÃO DO MINISTÉRIO, PORÉM D.PEDRO NÃO CONSEGUE FORMAR NOVO MINISTÉRIO. CHAMA BONIFÁCIO DE VOLTA. O APOSTOLADO TRABALHOU NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO INCITANDO O POVO A PEDIR A VOLTA DE BONIFÁCIO. PERSEGUIÇÃO EM MASSA CONTRA O GRUPO DE LEDO. PRISÕES ABARROTADAS. LEDO ESCAPA DISFARÇADO DE BAIANA COM UM BALAIO NAS COSTAS. E FOGE PARA A ARGENTINA EM 21.11.1822. VÁRIOS DE SEUS CORRELIGIONÁRIOS FORAM DEPORTADOS.
  • 22. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 22/33 D.PEDRO CADA VEZ MAIS TIRANO. A CONSTITUIÇÃO DE 03.05.1823 ERA CRITICADA POR BONIFÁCIO QUE COMEÇA A ACUSA-LO DE PERSEGUIDOR E DÉSPOTA. BONIFÁCIO ERA AMIGO DA IMPERATRIZ LEOPOLDINA E INIMIGO MORTAL DA MARQUESA DE SANTOS. 15.07.1823 COM A COSTELA FRATURADA APÓS UMA QUEDA DE UM CAVALO, E DE TER RECEBIDO UMA CARTA ANÔNIMA ESCRITA NA LÍNGUA ALEMÃ, COM CINQüENTA SOLDADOS, VAI ATÉ A SEDE DO APOSTOLADO E FECHA-O, POR ACHAR AQUELA AGREMIAÇÃO, CONSPIRADORA CONTRA O REGIME. 12.11.1823 D.PEDRO DISSOLVE A CONSTITUINTE. BONIFÁCIO DEMITE-SE DO MINISTÉRIO. FICA SOMENTE COMO DEPUTADO POR SÃO PAULO. 21.11.1823 D.PEDRO MANDA PRENDER OS ANDRADAS E SEUS SEGUIDORES QUE SÃO EXILADOS EM 21/11/1823 PARA A FRANÇA. (FRANCISCO GOMES BRANDÃO NÃO ERA AINDA MAÇOM FOI UM DOS EXILADOS. ELE DEPOIS MUDOU O NOME PARA FRANCISCO G. ACAYABA MONTEZEMA QUE SERIA FUNDADOR DO PRIMEIRO SUPREMO CONSELHO DO BRASIL. COMO É A HISTÓRIA. LEDO E SEU GRUPO AGORA REABILITADOS, FIZERAM PARTE DO PODER. INCRIVEL COMO PODE O OUTRORA LIBERTÁRIO, COMBATIVO E GUERREIRO LEDO ACEITAR UMA SITUAÇÃO COMO ESTA. 25.03.1824 - PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO BRASIL. CHALAÇA, FRANCISCO GOMES DA SILVA, MAÇOM, SECRETÁRIO PARTICULAR E ALCOVITEIRO DE D.PEDRO I EM SUAS MEMÓRIAS SE AUTOPROCLAMOU QUE FOI ELE QUEM FEZ ESTA CONSTITUIÇÃO BASEADO NAS CONSTITUIÇÕES DA BÉLGICA, POTRUGAL E FRANÇA INTRODUZINDO O QUARTO PODER, O MODERADOR EXERCIDO PELO IMPERADOR. NA REALIDADE ESTE INSTRUMENTO DAVA PODERES ILIMITADOS AO MESMO PORQUE ELE PODERIA ESTAR ACIMA DOS TRÊS PODERES LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO E EXECUTIVO. O BRASIL TINHA ATÉ ENTÃO, COMO GOVERNO UMA MONARQUIA CONTITUCIONAL. OS DEPUTADOS APROVARAM A TAL CONSTITUIÇÃO, IMPOSTA PELO OPRESSOR E TIRANO D.PEDRO I. O PODER SUBIU-LHE À CABEÇA.
  • 23. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 23/33 OS HISTORIADORES NÃO CONCORDAM COM ESTA AFIRMAÇÃO EMITIDA PELO CHALAÇA. ELE NÃO MERECIA CONFIANÇA DE FORMA ALGUMA. ELE FOI UM APROVEITADOR MENTIROSO, MAS SERVIA AOS PROPÓSITOS DE D.PEDRO EM CERTA EPOCA. 09.03.1825 PORTUGAL FINALMENTE RECONHECE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. D. PEDRO REINOU COMO QUIS, USOU E ABUSOU DO PODER, NÃO PERMITIU QUE A MAÇONARIA FOSSE REABERTA, ATÉ QUE TEVE QUE ABDICAR EM 07.04.1831, APÓS UMA SÉRIE DE DESMANDOS, QUANDO A SUA SITUAÇÃO POLÍTICA SE AGRAVOU NO PÁIS E AINDA HAVIA PROBLEMAS EM PORTUGAL, COM A USURPAÇÃO DO TRONO PORTUGUÊS PELO SEU IRMÃO MIGUEL. ESTAS EM SÍNTESE SÃO ALGUMAS DAS FACETAS DA HISTÓRIA DA NOSSA INDEPENDÊNCIA E DE SEU TEMPO. HERCULE SPOLADORE – LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS “BRASIL”-LONDRINA – PR.
  • 24. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 24/33 O Irmão João Anatalino Rodrigues escreve aos domingos jjnatal@gmail.com - www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br A MAÇONARIA E O SENTIDO DA VIDA O que é a vida? Quando se considera o universo e a vida que nele habita somente como um acidente cósmico sem sentido nem finalidade, perde-se o rumo da própria existência. Para que, então se preocupar com os rumos do mundo e o próprio destino individual, se façamos o que façamos, nada disso tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na voragem do tempo? Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um acidente cósmico um dia produziu? Ou terá ela sido gestada como parte de algum projeto que envolve, não somente o seu próprio desenvolvimento, mas um plano bem maior, de escala cósmica? E se cada vida fosse o elo de uma corrente que transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que faz do universo um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora se metamorfoseia e vai adquirindo contornos e qualidades que no fim, servem á uma finalidade definida por uma Mente Universal? São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas pela Maçonaria, quando se interroga pelo sentido da vida. Um dos graus do ensinamento maçônico coloca exatamente essa questão quando pergunta: “De onde viemos? O que somos? O que a morte fará de nós? Que é o homem? É apenas um átomo, gestado no corpo da mulher e que progressivamente se organiza, se harmoniza em suas inúmeras partes? Que cresce, pensa, cai, transforma-se e volta á causa primária, deixando apenas reminiscência de sua última forma ou conservando uma partícula essencial, mutável e mortal?”1 Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão metafísica que tem desafiado a mente humana através de toda a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que passa, um fenômeno despregado de qualquer sentido, que um dia aconteceu no universo como resultado de causas exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade que se manifesta e percorre um longo processo evolutivo que começou, um dia, num átomo que rompeu, por um processo ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada? Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista, advogada na tese que sustenta ter a matéria as condições suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no universo, inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença, estará negando qualquer virtude á prática que 1 O Cavaleiro do Arco Real- pgs. 14 -15 REAA 6 – A Maçonaria e o Sentido da Vida João Anatalino Rodrigues
  • 25. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 25/33 adotou. Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano, fosse um acaso perpetrado por leis exclusivamente naturais, “um vírus” inoculado na corrente sanguínea do universo, como o definiu uma vez um romancista, então ele não teria um espírito, e não se poderia falar na existência de um Criador, e nem haveria qualquer motivo para se buscar uma comunicação com Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas uma simulação fantasiosa. É nesse sentido que Anderson, em suas Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso.” 2 Um processo dirigido Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como toda prática iniciática não passaria de uma distração infantil, que mentes incapazes de conviver com a realidade desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a nossa existência não tem qualquer finalidade além daquela que os nossos sentidos nos indicam. Mas, felizmente, temos razões para pensar que as coisas não são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de espírito, seres organizados por leis naturais que só obedecem ao determinismo dos grandes números. O surgimento da vida em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora bíblica da criação, é fruto de um processo dirigido e bem elaborado por quem o projetou e o controla, ou seja, O Grande Arquiteto do Universo. Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre nessa visão, mostrando como o surgimento da vida resulta de uma síntese que a união dos átomos transforma em moléculas, e estas, também por um processo de sínteses cada vez mais elaboradas, dão origem ao fenômeno humano. Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia, esse grande pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do coletivo, o limiar erguido entre os dois mundos da Física e da Biologia. Enquanto se tratava apenas de um processo de mesclar as moléculas e os átomos, podíamos, para explicar os comportamentos da Matéria, recorrer ás leis numéricas da probabilidade, e contentarmo-nos com elas. A partir do momento em que a mônada, adquirindo as dimensões e a espontaneidade superior da célula, tende a se individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais complicado no Estofo do Universo. Por duas razões, ao menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo tomada em seu estágio granular, como uma espécie de fervilhar fortuito e amorfo.” 3 Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as bactérias em um processo de fermentação. Ela é, sim, o resultado de um processo, mas esse processo está longe de ser regido apenas pelas leis da natureza. Ela surge como consequência de um processo dirigido como se fosse alguém, em uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um bolo, ou para destilar uma bebida. Nesse processo as bactérias surgem como resultado do processo empregado e não como obra do acaso, ou da evolução natural da mistura dos elementos. Por isso a notável argúcia do nosso jesuíta complementa o seu pensamento dizendo: “(...) os 2 As Constituições, pg 12. 3 O Fenômeno Humano, citado, pg. 94.
  • 26. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 26/33 inumeráveis componentes que compunham, nos seus inícios, a película viva da Terra, não parecem ter sido tomados ou juntados exaustivamente ou ao acaso. Mas a sua admissão nesse invólucro primordial dá antes a impressão de ter sido orientada por uma misteriosa seleção ou dicotomia prévias (...).” 4 Recordando Plotino Deus é a causa atuante de todas as coisas existentes no universo. Essa foi a intuição que inspirou o filósofo Plotino há quase dois milênios atrás: “Imagine uma enorme fogueira crepitando no meio da noite,” escreveu ele. “Do meio do fogo saltam centelhas em todas as direções. Num amplo círculo ao redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira. À medida que nos afastamos, a fogueira vai se transformando num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna fraca na noite. E se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um ponto em que a luz do fogo não mais consegue nos alcançar. Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se estiver muito escuro não vamos enxergar nada. Nesse momento, contornos e sombras deixam de existir". "Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus - e as trevas que estão lá fora são a matéria fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e animais. Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as criaturas. Sobretudo, a alma humana é uma centelha do fogo. Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até mesmo uma rosa ou uma campânula possuem um brilho divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria inanimada.” 5 Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola neoplatônica. O Gnosticismo deve a ele algumas de suas concepções mais originais, especialmente a ideia de que o verdadeiro conhecimento não pode ficar apenas no terreno intelectual, mas exige uma experiência direta dos sentidos com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se pode colocá-lo como precursor das chamadas escolas iniciáticas, ou seja, grupos que desenvolviam rituais com a finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam. Plotino é um dos inspiradores de famosos mestres do misticismo como Mestre Eckhart, Papus, MacGregor Mathers e outros. Os autores maçons lhe votam um grande respeito e os modernos gnósticos vêem nele um precursor das teses científicas que descrevem o universo como um organismo único que se constrói através de uma rede de relações. Suas palavras são por demais eloquentes e não necessitam de comentários explicativos. Se o universo existe é porque tem uma causa de existir: essa causa é Deus. Os rituais maçônicos e a doutrina da Cabala 4 Idem, pg. 95-Imagem de Teilhard de Chardin. Fonte Enciclopédia Barsa 5 Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras, São Paulo, 1995. Na imagem, o filósofo Plotino.
  • 27. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 27/33 Por isso é que os rituais maçônicos fazem muitas especulações sobre o sentido da vida e o papel que nós exercemos na construção da Obra do Criador. Essas especulações nos levam á conclusão de que nós não somos meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais ocorridas na matéria física, sem qualquer conteúdo finalístico, como pensam os adeptos do nihilismo, mas sim, unidades conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e consistência na medida em que nós mesmos vamos encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do universo. 6 E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a doutrina da Cabala. Para os cabalistas, nosso corpo é como uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro. Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe como jurisdição. E quando o combustível, que é a energia encerrada em nossas células se esgota, apagamos. Nosso organismo é o filamento que canaliza a energia e quando ele deixa de ter condição para hospedá-la, ela o abandona. Mas a energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se perde nem se extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir mesmo depois que a lâmpada que a refletia se extingue. Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão por algum tempo e depois se apagarão. Cada uma a seu tempo, preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe cabe. Assim a vida nos aparece como uma estrada cheia de luzes que se apagam e se acendem á medida que o tempo passa por elas e avança para o futuro. Por isso encontraremos nos rituais maçônicos, que tratam especificamente desse tema, expressões do tipo (...) Sois uma parcela da vida universal, um germe que apareceu em um ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu inconscientes transformações. Tivestes sensações, depois ideias incoerentes, que mais tarde, foram se tornando precisas. Por fim vos considerastes capaz de perceber a verdade. Esta é a luz que vistes. A humanidade levou séculos incontáveis antes de percebê-la. Nós consideramos o estado atual da nossa espécie sem que saibamos se ela está em seu começo, ou se prestes a alcançar o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada compreendemos do mundo a qual ela pertence (...).7 Dessa forma, Cabala e Maçonaria concordam que o sentido de cada vida que vivemos é fornecer o seu “quanta” de luz para a construção da Obra de Deus. E por essa razão poderemos viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes quantas forem necessárias para a complementação dessa obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” 8 Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos. Pela simples e singela razão contida nessa metáfora, os maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da sua Arte. 6 Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a vida tenha aparecido no mundo para cumprir algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais, definindo-os apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este conceito teve origem na palavra latina nihil, que significa "nada". O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão Nietszche. Sartre retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o Nada” e “a Náusea”. 7 Cf. o ritual Grau 14-REAA pg. 17/18. 8 Mateus, 5:16.
  • 28. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 28/33 (as letras em vermelho significam que a Loja completou ou está completando aniversário) GLSC - http://www.mrglsc.org.br GOSC https://www.gosc.org.br Data Nome da Loja Oriente 01.09.1952 Fraternidade Blumenauense nr. 06 Blumenau 05.09.1996 Fraternidade Chapecó nr. 63 Chapecó 08.09.1982 Sentinela do Sul nr. 29 Tubarão 17.09.1986 Universo nr. 43 Florianópolis 17.09.1993 Universo II – nr. 57 Florianópolis 17.09.2000 Universo III nr. 77 Florianópolis 20.09.1991 Acácia da Arte Real nr. 50 Florianópolis 22.09.1982 Fraternidade Josefense nr. 30 São José 25.09.1978 Harmonia e Fraternidade nr. 22 Joinville 27.09.2000 Colunas da Fraternidade nr. 78 Blumenau Data Nome da Loja Oriente 03/09/1993 Treue Freundschaft Florianópolis 09/09/1969 Liberdade E Justiça Canoinhas 09/09/1991 Cavaleiros Da Luz Blumenau 16/09/2003 Ordem E Fraternidade Florianópolis 18/09/2009 Colunas Do Oriente Tijucas 20/09/1948 Luiz Balster Caçador 20/09/2008 Acácia Da Serra Rio Negrinho 25/09/2002 Fraternidade Tresbarrense Três Barras 27/09/2010 João Marcolino Costa Sto. Amaro da Imperatriz 28/09/1993 Colunas da Fraternidade Balneário Camboriú 30/09/2010 Triângulo Equilíbrio e Consciência Mafra 7 – Destaques (Resenha Final) Lojas Aniversariantes de Santa Catarina Mês de setembro
  • 29. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 29/33 GOB/SC – http://www.gob-sc.org.br/gobsc Data Loja Oriente 01.09.64 Harmonia e Trabalho - 2816 Florianópolis 03.09.05 Retidão e Cultura - 3751 Florianópolis 08.09.04 Cruzeiro do Sul - 3631 Florianópolis 09.09.10 Reg. Guabirubense - 4100 Brusque 10.09.96 Reg. Lagunense - 2984 Laguna 11.09.10 Cruz e Sousa de Estudos e Pesq. do Rito de York Florianópolis 12.09.23 Paz e Amor V - 0998 São Francisco do Sul 12.09.97 Otávio Rosa 3184 São Pedro de Alcântara 15.09.94 Herbert Jurk - 2818 Rio dos Cedros 18.09.10 Frat. Guabirubense - 4116 Brusque 19.09.08 Cavaleiros Templários - 3968 Fraiburgo 22.09.09 Acácia De Itapoá-4044 Itapoá 30.09.93 União Catarinense - 2764 Florianópolis Alma “O corpo é como um templo; a alma é como uma centelha de luz. O corpo é como um carro; a alma é como o motorista deste carro. O corpo e o cérebro são como um computador; a alma é quem programa e usa o computador. É dito que a alma é uma estrela minúscula que vive no centro da testa, entre as sobrancelhas. Aqueles que praticam a consciência da alma se tornam auto soberanos.” José Aparecido dos Santos TIM: 044-9846-3552 E-mail: aparecido14@gmail.com Visite nosso site: www.ourolux.com.br "Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos".
  • 30. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 30/33 GOSC - Grande Oriente de Santa Catarina A:.R:.B:.L:.S:. Fraternidade Catarinense nº 9 Circular n.° 001 / 2.016 / 2.017 Or de Florianópolis, 25 de julho de 2.016 da E V Aos IIr da Maçonaria Universal. Ref Solicitação de doação para reconstrução de moradia popular. S F U A ARBLS Fraternidade Catarinense nº 09, do Or de Florianópolis, solicita aos IIr o auxílio financeiro para reconstrução de moradia popular da Sra. Sandra Relher. Esta senhora é funcionária da empresa Khronos onde foi designada para limpeza e organização das nossas instalações. Sua moradia está em estado calamitoso, e a Sra. Sandra não possui recursos para sua reconstrução, com o agravante que seu marido sofre de esquizofrenia não podendo trabalhar. Ainda abriga uma neta bebe filha de mãe solteira. A Fraternidade Catarinense já iniciou um trabalho de captação destes recursos angariando em conjunto com a Sra. Sandra, a quantia aproximada de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), mas para a conclusão total da obra ainda necessitamos de outros R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Sabemos que o momento econômico / financeiro do país e delicado, mas com um pequeno esforço de cada IIr poderemos dar à esta família um teto digno para morar. Toda quantia é bem vinda. Se os IIr precisarem de mais informações temos um dossiê completo com fotos do local e orçamento da reconstrução. Dados para depósito: Banco 756 (SICOOB Credisc) Agência: 3258-1 Conta Corrente: 5228-0 CNPJ: 83.599.829/0001-80 Favorecido: Associação Maçônica Fraternidade Catarinense Agradecemos de antemão a solidariedade dos IIr. Fraternalmente, IrJosé Ricardo de Menezes VenMestda ARBLS Frat Cat Rodovia SC-401 - km 4, nº 3803 Florianópolis/SC – Brasil – CEP 88.032-000 Fone: +55 (048) 3335-6090
  • 31. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 31/33 Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴ MI da Loja Razão e Lealdade nº 21 Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO, cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6) BREVIÁRIO MAÇÔNICO Para o dia 2 de setembro O Ocultismo Durante o século XVIII, o ocultismo teve acentuados progressos, pois inicia-se, ocultamente, uma reação à doutrina da Igreja. Nesse mundo de especulações, a Maçonaria foi atingida, pois a sua preocupação era encontrar nos rituais aquilo que estava oculto, usando para tanto os meios que a magia oferecia. Embora empírica, a ciência do ocultismo dominou todos setores do pensamento e da elite. Dos inúmeros ritos maçônicos que eram praticados, grande parte deles surgiu como sendo de “altos graus”, e obviamente o ideal maçônico foi perturbado e esses ritos caíram em desuso. A Maçonaria teve em Cagliostro o expoente máximo; a Igreja foi substituída pela nova fé, mas como o campo científico era suspeito, paulatinamente, já no século XIX, o ocultismo foi esmaecendo até restringir-se a grupos isolados. Hoje, com o surgimento de novas ciências como a psicologia e ainda experimental parapsicologia, o movimento ocultista passou para o plano esotérico e espiritual. Com a evolução do comportamento e pensamento humanos, a razão está contribuindo para que nada permaneça oculto, da forma como desejavam os ocultistas do passado. De certa forma, a Maçonaria permanece “oculta”, e o maçom deve contribuir para prosseguir com essa “política”. Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 266.
  • 32. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 32/33 O Irmão e poeta Sinval Santos da Silveira * escreve aos domingos no “Fechando a Cortina” A chuva fina, quase em vapor, cobre com um manto fresco, as fartas flores do meu torrão natal. Um tímido sol, debruça seus raios sobre as pétalas cheirosas e coloridas, parecendo filhas do arco-íris, pinceladas do apaixonado artista. O perfume, doce e agradável, se espalha na colina, atraindo seres encantadores ! Borboletas, frágeis e delicadas, coloridas e graciosas, parecendo pétalas soltas ao vento, aplaudem o mágico momento.
  • 33. JB News – Informativo nr. 2.164 – Florianópolis (SC) – Domingo, 4 de setembro de 2016 Pág. 33/33 Esvoaçam os beija-flores, num frenesi de bebedeira do néctar. Em êxtase, Flora beija Zéfiro, recebendo calorosos aplausos de uma incontável plateia de panapaná ! Pássaros gorjeiam, como nunca, querendo sua amada conquistar. Novos ninhos parecem brotar em todo lugar. Logo, os ovos criarão asas e cobrirão o céu da minha Terra ! É hora de cantar e amar ! Nascer, viver e voar em direção ao infinito, sem pressa de voltar. É hora da primavera chegar ! Veja mais poemas do autor, Clicando no seu BLOG: http://poesiasinval.blogspot.com * Sinval Santos da Silveira - MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 – Florianópolis