Este documento discute os princípios e métodos da produção biológica de produtos agrícolas de origem vegetal. Detalha as etapas de preparação do solo, compostagem, controle de pragas e doenças de acordo com os princípios da agricultura orgânica. Inclui informações sobre drenagem do solo, adição de matéria orgânica, controle de temperatura e umidade durante a compostagem.
1. V- Modo de Produção Biológico de
Produtos Agrícolas de Origem
Vegetal
2. Conteúdos
1. Culturas: Aromáticas, arvenses, citrinos, hortícolas, olival, pequenos
frutos, pomoídeas, prunoídeas, vinha e outras
1.1. Preparação e manutenção do solo
1.2. Fertilização
1.3. As principais pragas: ciclos, inimigos naturais, estratégias e meios de proteção
1.4. As principais doenças: biologia, métodos de previsão, estratégias e meios de
proteção
1.5. Gestão das adventícias (infestantes)
1.6. Outros aspetos
2. Exercício de identificação das pragas e doenças mais frequentes
4. Preparação do solo segundo os
princípios do MPB
Incorporação de matéria
orgânica (M.O.)
• Favorecimento da porosidade;
• Melhoria da estrutura e textura
do solo;
• Aumento da biodiversidade no
solo.
5. Boas práticas agrícolas de
trabalho do solo
• Alfaias adequadas;
• Incorporação de matéria
vegetal superficial;
• Mobilização adequada do
solo.
7. Formas e métodos de drenagem e de
conservação do solo
Drenagem
• Estudo do solo → estudo do perfil.
• Estudar as linhas de água → desenhar um canal principal e canais
secundários (se necessário) que convirjam para o principal.
• Quanto mais argiloso for o solo → maior a proximidade dos drenos /
canais.
8. Formas e métodos de drenagem
e de conservação do solo
Tipos de drenos
• Canais abertos
9. Tipos de drenos
Tubulares plásticos perfurados
• Vida útil longa;
• Custos elevados;
• Instalação rápida;
• Necessitam de ficar envolvidos em
material granuloso (ex. gravilha).
10. Manilha cerâmica
• Custos elevados de
instalação;
• Necessitam de estar
envoltos em material
granuloso (ex. gravilha).
12. Compostagem
COMPOSTO - DEFINIÇÃO
Material estável, (semelhante a terriço
de floresta), rico em húmus e
nutrientes minerais formado a
partir da decomposição de
matérias orgânicas por organismos
heterotróficos aeróbios.
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15. 15
1. MO INICIAL
a) Razão C/N adequada para os microrganismos fabricarem as suas
próprias proteínas: 25 - 40
C/N muito elevada (acima de 45), o nível de azoto é insuficiente →
decomposição lenta e pouco calor.
C/N baixa (inferior a 30), a atividade microbiana é muito intensa →
decomposição rápida e grande libertação de calor, por vezes excessiva.
20. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
1. MO INICIAL
a) Razão C/N adequada para os microrganismos fabricarem as suas
próprias proteínas: 25- 40
Compensações da razão C/N
C/N Alta → juntar farinha de sangue, guano, urtigas,...
Corretivos minerais → cinza, litotame, fosfatos, gesso ou carbonatos,
( 1-2 % do peso da pilha). Argilas ou o pó de rocha podem-se juntar
em maior quantidade.
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22. b) Esmiuçamento dos materiais
A estrutura da pilha deve permitir um bom arejamento, mas
não em demasia.
Pedaços demasiado grandes não permitem suficiente
contacto e retardam a decomposição.
Antes de juntar os materiais numa pilha, há que os destroçar.
Exemplo: varas de videira reduzidas a pedaços de 2-5 cm e
só depois juntar a outro material
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23. b) Esmiuçamento dos materiais
Existem Materiais com estrutura tão favorável que se
designam por M.O. estruturante.
Exemplo:
Estrume de bovino com ≥7 Kg de palha/animal/dia (C/N > 20) →
boa estrutura, sem percolação, com pouco N gasoso perdido
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30. 2. HUMIDADE
Os microrganismos precisam de água para a sua atividade
→ A pilha deve estar sempre húmida, com a MO bem
impregnada. Mas o excesso de água impede a circulação do
ar.
Massa de água = ± 50 – 60 % do peso da pilha
Para verificar a quantidade de água: apertar na mão um
punhado da pilha e devem escorrer entre os dedos 2 ou 3
gotas (como uma esponja húmida)
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34. 3. AREJAMENTO (O2)
Necessidade de oxigénio
Os microrganismos precisam de oxigénio (O2) para
poderem decompor a MO (fermentação aeróbia).
Na falta de O2 haverá uma fermentação anaeróbia,
com desprendimento de mau cheiro (por vezes o
Amoníaco e Metano), dando origem a um produto que
não terá as mesmas propriedades de um composto.
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35. 3. AREJAMENTO (O2)
— Necessidade de oxigénio
— Porosidade na pilha 35% (vol.)
Os pedaços das MO devem ter dimensões que assegurem uma boa
circulação do ar.
Demasiado grandes, não permitem o suficiente
contacto entre si.
Muito pequenos não permitem a circulação de ar.
Uma maneira de controlar melhor a suficiência de oxigénio, será, ter
à partida, uma pilha constituída por MO estruturante.
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36. 3. AREJAMENTO (O2)
— Necessidade de oxigénio
— Porosidade na pilha 35% (vol.)
— Dimensões da pilha
Uma dimensão muito grande, dificulta não só o
manuseamento da pilha mas também o arejamento do seu
interior.
Dimensões normais:
perfil próximo do trapézio,
1,5 a 2 metros de base
1,5 metros de altura
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44. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
4. TEMPERATURA
Não deve exceder os 65-70º C
As reações oxidativas provocadas pelos microrganismos libertam calor.
Acima dos 65-70ºC, o composto resultante terá uma qualidade
deficiente.
Um calor moderado, 65-70ºC, tem ação esterilizante
Reduz ou elimina o poder germinativo de muitas sementes de
infestantes
Elimina microrganismos patogénios, (não aguentam T ≥65-70º C)
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45. 4. TEMPERATURA
Não deve exceder os 65-70º C
Deve ser controlada
Para medir a temperatura usam-se termómetros
apropriados.
Introduzir uma barra de ferro até ao coração da pilha quando
for difícil aguentar a mão ao agarrar a sua extremidade,
então o calor é excessivo.
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48. 4. TEMPERATURA
Não deve exceder os 65-70º C
Deve ser controlada
Para baixar a temperatura:
Regar,
Introduzir na pilha MO com uma relação C/N mais alta.
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49. 4. TEMPERATURA
Não deve exceder os 65-70º C
Deve ser controlada
Para elevar a temperatura:
Revolver
Introduzir na pilha M.O. com uma relação
C/N mais baixa. 49
51. LOCAL DA COMPOSTAGEM
Fácil acesso
Área suficiente
Local abrigado dos ventos e do Sol (no inverno
pode ser conveniente para o arranque da
atividade microbiana)
Base anti-percolação (base em cimento ou outro
material impermeável, de preferência com
inclinação e com regadeiras de recolha).
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52. • Cobertura da pilha para evitar a penetração da
chuva e a dissipação de calor.
Os materiais para cobertura mais utilizados são a
terra, as palhas, plástico perfurado e outros
materiais porosos.
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67. SINAIS NEGATIVOS FREQUENTES
• Falta de O2
mau odor, aspeto de manteiga preta.
• Falta de H2O
massas esbranquiçadas constituídas por
estruturas de resistência de fungos e
actinomicetes.
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69. MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
Regar a pilha
Normalmente é juntar água até a pilha
absorver pouco mais do seu peso em água
(molha bem a mão, com o escorrimento de 2 ou
3 gotas)
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70. MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
Impregnação do material antes de juntar na pilha
Quando os materiais (madeira, mato pouco
triturado, etc.) não absorvem a água facilmente, é
preciso regar e calcar bem durante 2-3 semanas, para se
impregnaremantes de os juntar na pilha.
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71. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
Manutenção da humidade
Em princípio, será preciso proceder a
várias regas durante a compostagem. A cobertura da
pilha ajuda a manter a humidade.
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72. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
AREJAMENTO
Reviramento da pilha
Em caso falta de arejamento no
interior da pilha, uma das estratégias é o reviramento
(introduz ar e torna a pilha mais porosa)
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73. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
AREJAMENTO
Reviramento da pilha
Introdução de palhas
As palhas são MO estruturante, e como tal, introduzidas
pelo interior da pilha, aumentam a porosidade.
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74. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
AREJAMENTO
TEMPERATURA
Baixar as Temperaturas excessivas
Rega,
Introdução de palha ou outra MO com alta razão
C/N.
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75. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
AREJAMENTO
TEMPERATURA
Para Aumentar Temperatura
Adicionar material azotado (cortes de relva,
ervas, adubos orgânicos azotados,...).
Arejar.
Proteger de frio com uma cobertura.
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76. CONDIÇÕES ESSENCIAIS
MEDIDAS DE CONTROLO
Controlo da HUMIDADE
AREJAMENTO
TEMPERATURA
Para Aumentar Temperatura
Reativar com a adição de um fermento.
Fabrico de um fermento:
10 litros de água morna + 400 g de açúcar + fermento de pão.
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79. VANTAGENS DO COMPOSTO
Redução das perdas de nutrientes;
diminuição da volatilização e da desnitrificação (azoto)
diminuição da percolação (N, P, K,...)
Desodorização de matérias orgânicas
quando se utilizam como MO inicial resíduos de cozinha,
efluentes de gado,...
Destruição de certos patogénios e sementes de
Infestantes.
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80. VANTAGENS DO COMPOSTO
Diminuição do volume de MO a armazenar
O material ao compostar perde muito C e diminui de
volume.
Facilmente aplicável em Horticultura intensiva sem
pausas do solo para decompor MO frescas.
Sobre o prado não diminui apetência para a erva
Não deixa mau cheiro na erva para o gado pastar.
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83. ÁGUA
Importância do uso racional da água
A água doce própria para consumo humano e produção de
alimentos é <1% do total de água líquida do globo
terrestre.
(97% - água salgada; 2% - gelo)
Atualmente a produção agrícola utiliza mais de 70% da
água doce consumida no mundo.
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84. Rega
A rega visa atender as necessidades hídricas das culturas no
momento adequado.
A sua gestão adequada tem por objectivo maximizar a produção
agrícola, racionalizando o uso de mão-de-obra, energia e água.
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85. Métodos de Rega
Rega de superfície ou por gravidade;
Rega por aspersão;
Rega localizada ou microrrega;
Rega subterrânea;
Não existe um método melhor que o outro e sim o que
mais se adapta a cada situação particular.
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86. Rega de superfície ou por gravidade
A água é aplicada diretamente sobre a superfície do solo.
Modalidades:
Sulcos (infiltração);
Faixas (infiltração);
Canteiros (alagamento);
Regadeiras de nível (escorrimento);
Espalhamento de água (escorrimento).
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87. Sulcos
Consiste na condução da
água em pequenos
canais ou sulcos
situados paralelos às
fileiras das plantas,
durante o tempo
necessário para que a
água, infiltrada ao longo
do sulco, seja suficiente
para humedecer o solo
na zona radicular da
cultura.
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88. Faixas
É aplicado em culturas
cultivadas com
pequeno espaçamento
entre plantas (cereais,
forragens e pastagens)
e em pomares.
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89. Canteiros
• É aplicado em arrozais (alagamento permanente)
ou outras culturas (alagamento temporário).
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90. Rega de superfície (por gravidade):
Vantagens:
– Baixo custo inicial;
– Fácil operação;
– Não é afetada pelo vento;
– Baixo consumo de energia.
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91. Rega de superfície (por gravidade):
Desvantagens:
– Exige grande disponibilidade de água, terreno plano e
solos com baixa capacidade de infiltração;
– Baixa uniformidade.
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92. Rega por aspersão
A água é aplicada ao
solo na forma de chuva
artificial, através do
fracionamento do
jato de água em gotas.
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93. Rega por aspersão: vantagens
– Não exige sistematização do terreno;
– Fácil instalação em culturas já estabelecidas;
– Pode ser usada em diferentes tipos de solo;
– Permite regas noturnas, proteção contra geadas ou altas
Temperaturas;
– Eleva a humidade do ar;
– É eficiente, de rápida instalação e fácil operação e não
causa erosão (se a taxa de aplicação de água estiver de
acordo com a capacidade de infiltração do solo).
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94. Rega por aspersão: desvantagens
Custo inicial relativamente elevado, comparado com a rega
por superfície;
– A distribuição da água é afetada pelo vento;
– Facilita a disseminação de doenças;
– Pode causar compactação do solo (dependendo do
tamanho da gota).
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95. 95
Rega localizada
A água é aplicada ao solo directamente
na região das raízes, molhando apenas
parte do volume do solo.
Permite alta frequência de rega,
mantendo o solo com humidade
elevada.
Modalidades:
– Gotejamento
– Microaspersão
– Tubos perfurados ou porosos
97. Rega localizada: vantagens
– Alta eficiência da aplicação;
– Redução das perdas por escoamento superficial e por
percolação profunda;
– Economia de água, energia e mão-de-obra;
– Permite a automatização.
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98. Rega localizada: desvantagens
– Elevado custo de instalação;
– Sensibilidade ao entupimento;
– Não permite controlar o microclima;
– Pode condicionar limitações ao desenvolvimento do sistema
radicular;
– Se houver problemas de salinidade obriga à lavagem;
periódica do solo (acumulação gradual de sais na extremidade
do bolbo molhado).
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101. Fertirrigação: o que é?
A fertirrigação é uma técnica de adubação que utiliza a
água de rega para levar nutrientes ao solo cultivado
!!! Não confundir fertirrigação com hidroponia (cultivo de
plantas sem solo, em que as raízes são alimentadas por
uma solução nutritiva). A hidroponia é proibida em MPB
– Art. 4º do Reg. 889/2008 da Comissão.
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103. Fertirrigação: o seu uso em MPB
Em agricultura Biológica, a fertilidade e a atividade biológica dos solos
são mantidas e aumentadas pela rotação das culturas, incluindo
leguminosas e outras culturas para adubação verde, e pela
aplicação de estrume ou de matérias orgânicas, de
preferência compostados, provenientes da AB.
Os fertilizantes autorizados (Reg. 889/2008, anexo I) só podem ser
usados em complemento destas práticas de base e quando estas
não forem suficientes.
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104. Fertirrigação: o seu uso em MPB
Assim, em MPB, a fertirrigação só pode ser
usada em complemento das práticas de
fertilização de base e quando se justifica a
sua necessidade.
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105. Fertirrigação em MPB
Em Agricultura Biológica, a fertirrigação é utilizada para
suprir carências de nutrientes, e tem por base matérias
primas autorizadas no anexo 1 do Reg. 889/2008.
Para aplicação em rega por aspersão e, especialmente, em
rega localizada, os fertilizantes líquidos aplicados têm de
ser filtrados, de forma a evitar entupimentos no sistema
de rega.
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106. Exemplos de matérias usadas em
fertirrigação em MPB:
– Algas marinhas;
– Vinhaça de beterraba (K, N);
– Húmus / matérias orgânicas;
– Oligoelementos;
– Sais e extratos minerais de origem natural, não
sujeitos a processos de extração química;
– Extratos de plantas (chorumes);
- …..
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