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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Capa
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Dados do Livro
Francisco Klörs Werneck
Jesus dos 13 aos 30 Anos
Exemplar nº 0246
Para uso exclusivo de
Fernando Bicudo Salomão
Permitida apenas uma única reprodução,
em papel ou arquivo, para segurança.
Livraria Maçônica Paulo Fuchs
São Paulo, SP – 11 5510-0370 internet: www.livrariamaconica.com.br
agosto de 2002.
© Francisco Klörs Werneck – Todos os direitos reservados.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Indice
Capa
Dados do LivroIndice
Apresentação
Introdução
A Vida Desconhecida de Jesus Cristo
A Vida de Santo Issa
Sinópticos
Jesus e os Manuscritos do Mar Morto
Elementos Suplementares para o Estudo de
Jesus-Cristo
Retrato de Jesus
Outro Retrato de Jesus
Origem do Nascimento Virginal de Jesus
Nascimento de Jesus e a Astrologia
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Apresentação
Quem foi Jesus, chamado o Cristo, o Messias? Até hoje milhões de cristãos de todas as
religiões perguntam onde esteve ele durante os chamados 17 anos de sua vida desconhecida, e a
resposta mais cômoda que conseguem obter é a de que Jesus esteve trabalhando na oficina de
carpintaria de seu pai, José. Mas o próprio Novo Testamento se encarrega de desmentir essa
afirmativa quando diz que, ao regressar ele à sua terra natal, os judeus indagavam se não era ele
o filho do carpinteiro José, pois já não o conheciam mais, e ainda de onde lhe teria vindo toda
aquela sabedoria, conforme o Evangelho segundo Mateus, vers. 55/56 do cap. 13.
Esta falta de conhecimento de 17 dos 33 anos de vida de Jesus tem levado muita gente
à descrença e à afirmativa de que a sua vida foi forjada e copiada de grandes vultos religiosos de
longínquo passado. Para suprir esta surpreendente lacuna, o Dr. Francisco Klörs Werneck resolveu
dedicar-se ao assunto e, por mais de 40 anos seguidos, reuniu todo o material que pôde para
mostrar a pessoa de Jesus sob vários pontos de vista. Num imparcial e audacioso trabalho como
este, procurar reconstituir toda a sua vida de 33 anos e reconduzir as ovelhas perdidas ao seu
novo aprisco, ao rebanho do Mestre dos Mestres, que deve ser um só.
Francisco Klörs Werneck
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Introdução
Quando estudei o Espiritismo, estudei também e procurei compreender a extraordinária
figura do Cristo, sob o ponto de vista espiritualista, mas verifiquei, desde logo, a grande confusão
que gira em torno da sublime personalidade do rabi da Galiléia.
Li as seguintes obras (títulos em português):
Os Evangelhos;
A Vida de Jesus, de Ernest Renan; História do Cristo, de Giovani Papini; Jesus, de
Souza Carneiro;
Cristianismo Místico, do Yogi Ramacharaka;
Os Quatro Evangelhos, comunicações mediúnicas recebidas pela Sra. Colignon;
A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo, mensagens mediúnicas recebidas pela Sra. X.;
Novo Nuctemeron, livro ditado pelo espírito de Apolônio de Tiana;
Elucidações Evangélicas, mensagens espíritas compiladas por Antônio Luiz Sayão;
Jesus Perante a Cristandade; obra ditada pelo espírito de Francisco Leite
Bittencourt Sampaio;
A vida Desconhecida de Jesus-Cristo, de Nicolau Notovitch;
Jesus e Sua Doutrina, de A. Leterre;
Da Esfinge ao Cristo, de Edouard Schuré;
Os Grandes Iniciados, idem.
A Bíblia na Índia, de Louis Jacolliot;
O Cristo Nunca Existiu, de J. Brandes, etc.;
e muitos artigos e mensagens espíritas, daqui e do estrangeiro, a respeito d’Ele.
Nas obras mediúnicas de meu conhecimento, os espíritos comunicantes geralmente
vêem Jesus sob o prisma ou o aspecto pelo qual o conheceram na vida terrena, de modo que, como
estas obras já são conhecidas no vernáculo, vou recorrer a algumas obras publicadas no estrangeiro,
esperando que projetem alguma luz sobre esta questão que não é nova: quem foi realmente Jesus
e o que fez ele nos 17 anos desconhecidos de sua vida na Palestina? Passemos a elas.
No “Novo Nuctemeron”, obra ditada pelo espírito de Apolônio de Tiana à conhecida
médium inglesa Marjorie Livingstone e prefaciada por Sir Arthur Conan Doyle, vemos que no
Jesus carnal se encarnou o Cristo, o iniciado divino. Como esse livro é pouco conhecido, dele
extraio os seguintes trechos:
“O Iniciado Divino, o Filho de Deus, realizou para vós essa Descida na Matéria,
essa Ordália Perfeita, essa Oblata de si mesmo, esse Sacrifício até a morte”. (Cap. II)
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
“Podeis perguntar-me como o Iniciado Egípcio podia ver o Cristo 2000 anos antes
de ter Jesus nascido na Galiléia. A resposta é bem simples. Não devereis pensar que, porque
o Cristo ainda não se tinha manifestado na carne, ele não existia. Sua manifestação na
pessoa de Jesus de Nazaré não foi senão um incidente de sua vida eterna; para a vossa
Terra é talvez o mais importante de sua história”.
“Repito que a manifestação do Espírito Divino do Cristo Cósmico em Jesus de
Nazaré não foi senão um incidente, etc”.
“Antes do período da Encarnação em Jesus de Nazaré, os Iniciados veneravam e
temiam o Cristo de Deus, mas com incompreensão; depois da Encarnação, um amor pessoal
por ele surgiu na Humanidade”.
“...nós não podemos conceber uma alegria mais extática, um esplendor mais
radioso do que a Visão d’Aquele que era ao mesmo tempo Filho de Deus e filho do Homem”.
“Durante a vida de Jesus de Nazaré, Deus se manifestou diretamente no corpo do
Homem e dessa forma submeteu-se a leis naturais e a limitações físicas. Esse Ato Supremo
resumiu não somente todas as possibilidades do Bem pelo Homem, no plano material, mas
também em todos os ciclos do seu progresso. Deus, tendo assim se manifestado na carne,
pode também manifestar-se à vontade, de maneira reconhecível, em todos os planos
intermediários. Assim, ele é o Cristo, Jesus e Deus, porém a sua forma não é a mesma em
todas as esferas”. (Cap. VII)
“Em sua Encarnação, o Cristo tomou a semelhança humana e essa aparência
não foi senão o invólucro exterior dos diferentes estados do seu ser, ainda como Homem.
Quando deixou a carne, a forma de sua personalidade física permaneceu gravada em sua
Forma astral e espiritual, que ele havia tomado antes para chegar a um estado mais
denso pelo qual a Encarnação fosse possível. Deus não pode pôr-se em contato direto com
a matéria e vários estados da Natureza foram precisos antes que a corrente da Força
Divina pudesse ser suficientemente isolada para tal fim. O Cristo, tendo tomado uma
única vez sobre si todos os diferentes estados aos quais pode o Homem estar sujeito, pôde
retomar essas condições à vontade. Os que por sua grande virtude ou porque tenham um
ardente desejo ou grande necessidade de verem o Cristo o verão na forma que ele viveu na
Galiléia; os que passaram o véu da morte podem vê-lo na forma que ele reveste para visitar
as esferas intermediárias” (Cap. IX).
Resumindo: no corpo de Jesus humano encarnou-se o Cristo de Deus para conduzir
esta pobre humanidade por novos caminhos. É por isto que João, o Evangelista, disse que o Verbo
se fez carne e habitou entre nós e que, no começo, estava com Deus.
Para Jacolliot (A Bíblia na Índia); na vida de Jesus Cristo há fatos da de Iezus Crisma,
o reformador hindu. E, para Schuré (Da Esfinge ao Cristo), Jesus só existiu até o batismo no
Jordão, quando o espírito do Cristo se incorporou nele.
Segundo os teósofos, o corpo de Jiddu Krishnamurti seria o novo veículo pelo qual o
Cristo se manifestaria ao mundo (O .Cristo voltará, de Jean Deville), mas Krishnamurti dissolveu
a Ordem da Estrela e fundou nova corrente de pensamento.
Ao passo que o Abade Alta (O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários) nos diz, como
muitos outros autores, que o Cristo foi contemporâneo de Apolônio de Tiana, o teosofista australiano
Charles W. Leadbeater (Os Mestres e o Caminho) escreve que “O Mestre Jesus, que atingiu o
adeptado durante a encarnacão em que foi conhecido sob o nome de Apolônio de Tiana e que se
tornou mais tarde Shri Ramnujacharva, o grande re-formador religioso do sul da Índia, dirige o
sexto Raio, o da devoção ou Bhakti”.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Aludo, de passagem, à obra do Dr. Franz Hartmann intitulada “Vida de Jehoshua”,
segundo a qual Jesus seria filho espúrio de um legionário romano chamado Pandira e de Maria,
ainda não casada com José, e que seu nome era Jesus ben-Pandira.
A tal se contrapõe a nota “A” das anotações feitas no fim da obra do Prof. Petrucelli della
Gattina “Memórias de Judas”, baseada, ao que parece, em um evangelho apócrifo.
Diz a referida nota:
“O Talmud, capítulo VI, Sanhedrin, fala de ter sido lapidado um Jesus de Nazaré,
réu de magia, de sedução e de corrupção dos seus correligionários. No capítulo seguinte,
acha-se mencionado um outro Jesus, filho de Pandira e de Maria, bordadeira ou modista,
mulher de Studa, ou de uma Studa, mulher de Papus, filho de Jehuda. Esta Maria era da
Lydia e viveu perto de 70 anos depois de Maria, mãe do Jesus dos Cristãos. É este Jesus
que, diz Raban Maur, os judeus amaldiçoavam em todas as suas orações, como ímpio, filho
de um ímpio, o pagão Pandira e da adúltera Maria”.
Quanto ao livro de Binet-Sanglé, “A loucura de Jesus”, é um trabalho que se lê com
desgosto e tristeza ao mesmo tempo.
Um protestante, Charles T. Russell (Estudos das Escrituras) assim define a personalidade
de Jesus: “Antes do Cristo vir ao mundo, era ele um ser especial possuindo natureza espiritual,
não sendo, na acepção mais elevada, um ser divino. Essa natureza espiritual mudou--se quando
apareceu no mundo, transformando-se em perfeita natureza humana”.
Já para os budistas, Jesus é um Nirmanakaya, isto é, um ser humano muito evoluído,
o qual, por uma série de existências perfeitas, atingira o Nirvana.
A revista inglesa The Two Worlds, de Manchester, n° de 8-9-1939, dá notícia de um livro
sob o título “Vi o Mestre”, ditado por “Ray” e compilado por Grace Gibbons Grindling, no qual se lê
que Maria, mãe de Jesus, teve outros quatro filhos e que José era pai adotivo de Jesus. Trata-se de
uma coleção de comunicações de quem se diz chamar “Godfrey” e que teria perdido a vida na
guerra em outubro de 1915.
Mas, se esse livro teve por autor uma entidade espiritual não “credenciada”, já o mesmo
não aconteceu com outro livro a que se refere L’Astrosophie, de Cartago, Tunísia, n° de Maio de
1938. Tem o título de “Vida de Jesus” e traz o quilométrico sub-título de “Vida inédita e rigorosamente
verdadeira, ditada por João, o Evangelista, assistido pelos apóstolos Pedro e Paulo, assim como
pelo profeta Samuel ao qual se juntou o iniciado hindu Kirbi”.
Em 1938 apareceu na imprensa londrina um livro mediúnico que obteve enorme sucesso
e foi lido com grande avidez pelo público que se interessa por conhecer detalhes sobre o período da
vida de Jesus que vai dos 13 aos 30 anos. Essa interessante obra, de que possuo um exemplar
ofertado em 6 de dezembro daquele ano pelo apreciado escritor espírita português Frederico Duarte,
o F. Etraud da “Crônica Estrangeira” de The Two Worlds, de Manchester, cidade inglesa em que
residiu há muito tempo, foi ditada por um espírito que se deu o singelo nome de “Mensageiro”, em
vez de se adornar com qualquer nome bíblico ou evangélico para dar maior autoridade ao seu
ditado. Tem ela o título de “Fragmentos dos anos desconhecidos da vida de Jesus” e está dividida
nos seguintes capítulos: I - Introdução e Descrições; II - Jesus no Templo; III - Jesus no Deserto;
IV - Jesus no Tibet; V - A Decisão; VI - Jesus na Índia; VII - Jesus no Egito; VIII - Cerimônia de
Iniciação; IX - Jesus na Pérsia; X - Jesus volta ao Egito e XI - Consagração de Jesus.
Sobre a referida obra, colhemos no n° 28 de outubro de 1938, da citada revista inglesa,
os seguintes comentários feitos pelo Sr. F. C. Wentworth:
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
“Há um considerável número de livros tratando do pouco conhecido período da vida a
Jesus, que vai dos 13 aos 30 anos. Que sucedeu durante aquele tempo para transformá-lo de um
menino inteligente em um mestre cujos ensinos deviam influenciar civilizações? Registros daquele
lapso de tempo praticamente não existem. Informações tivemos de que em templos da Índia e
mosteiros do Tibet há documentos que tratam da iniciação de alguém chamado Jesus. Rumores
circulam de que documentos da biblioteca do Vaticano muito poderiam revelar se ela escapasse à
proibição imposta pelas autoridades papais, que acham não dever torná-los públicos, havendo,
portanto, sempre um ar de mistério a cobrir a resposta de uma questão que tem deixado atônitos
todos os que estudaram o desenvolvimento da personalidade de Jesus.
Uma obra acaba de aparecer, ditada a um médium sob a autoridade de um espírito
comunicante que diz ter tido conhecimento daquele período de tempo da vida desconhecida de
Jesus. A dificuldade existente no caso é a de não se poder comparar o livro com notícias conhecidas.
Ele deve ser aceito em seu mérito interior e em seu valor comparativo em documentos históricos,
que devem suportar as críticas que se farão sobre o trabalho.
O livro tem o título de Fragments of the hidden years of Jesus e foi ditado por um “Escriba”
que esclarece: “Estes escritos me foram transmitidos do Além, durante muitas sessões com
a médium Sra. Graddon-Thomas, que sempre esteve mergulhada em profundo estado de
transe. Um espírito que se deu o nome de ‘Mensageiro’ os ditou a mim e eu escrevi pela mão
dela. Nem eu e nem a médium poderíamos escrever este livro e minha responsabilidade
está limitada à transcrição do assunto”.
Este parágrafo deve ser lembrado ao serem lidos os capítulos tratando da iniciação de
Jesus nas escolas da Índia, Tibet, Egito e Pérsia. Pinta-se então um quadro íntimo do
desenvolvimento de suas faculdades de como foi ele treinado pelos sumos-sacerdotes de várias
ordens para fazer uso das qualidades superiores de sua consciência a fim de colher as vastas
reservas do poder invisível de que ia servir-se durante o curso do seu ministério.
A teoria de que Jesus passou através de escolas iniciáticas do Egito e de outros centros
de aprendizagem não é nova. Certos aspectos do seu ensino revelam influências que devem ser
traçadas a um ou outro desses centros iniciáticos, porquanto seus ensinamentos demonstram
que ele não desconhecia a obra de seus mestres e antecessores”.
Notei que o articulista disse acima: “A dificuldade existente no caso é a de não se
poder comparar livro com notícias conhecidas. Ele deve ser aceite seu mérito interior e em
seu valor comparativo com documentos históricos, que devem suportar as críticas que se
farão sobre o trabalho”. É o que vou tentar fazer, detendo-me mais demoradamente no livro de
Notovitch La vie inconnue de Jésus Christ, para depois passar a umas notícias análogas a que darei
o título Sinópticos”, isto é, Concordantes, e aos manuscritos mar Morto.
Darei a “Introdução” da obra de Notovitch, farei um resumo das peripécias de suas
viagens e do encontro dos manuscritos tibetanos e transcreverei, em versículos, tal como foi achada,
a “Vida de Santo Issa”.
Creio ter assim correspondido à curiosidade de muitos e atendido os inúmeros pedidos
que me têm si feitos.
Francisco Klörs Werneck
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
A Vida Desconhecida de Jesus Cristo
Conforme prometi linhas atrás, transcrevo a seguir a “Introdução” do supracitado livro
de Nicolau Notovitch, em que nele narra, resumidamente, as peripécias de sua viagem, o encontro
dos manuscritos tibetanos e as tentativas que fez para publicá-lo na França. Escreve Notovitch:
Depois da guerra da Turquia (1877/8), empreendi uma série de viagens ao Oriente.
Após ter visitado todas as localidades, ainda que de pouca importância, da península
balcânica, transportei-me, através do Cáucaso à Ásia Central e à Pérsia e, finalmente,
em 1887, parti para a Índia, país admirável que me atraía desde a minha infância.
O fim dessa viagem era o de conhecer e estudar, in loco, os povos que habitam a Índia,
seus costumes, sua arqueologia grandiosa e misteriosa e a natureza colossal e cheia de
majestade desse país.
Errando, sem plano prefixado, de um lugar para outro, cheguei até o Afeganistão
montanhoso, donde alcancei a Índia pelo trajeto pitoresco de Bolan e de Guernai.
Depois, subi o Indo até Raval Pindi, percorri o Pendjab, país dos cinco rios, visitei o
templo de ouro de Amritsa, o túmulo de Ranjid-Singh, rei do Pendjab, perto de Lahore,
dirigindo- me para o Kashmyr, o vale da felicidade eterna.
Aí comecei minhas peregrinações ao sabor da curiosidade até que cheguei ao Ladak,
onde formei o projeto de voltar à Rússia pelo Karakorum e o Turquestão chinês.
Certo dia, no decurso da visita que fiz a um convento budista, situado no meu caminho,
soube, do lama-chefe, que existiam, nos arquivos de Lhassa, memórias muito antigas,
que faziam referências à vida de Jesus Cristo e a nações do Oriente e que certos mosteiros
possuíam cópias e traduções de tais crônicas.
Como era pouco provável que eu fizesse ainda uma viagem por aqueles países, resolvi
transferir, para outra época posterior, minha volta à Europa, e, custasse o que custasse;
decidi-me ou a encontrar essas cópias nos grandes conventos ou a chegar ao Lhassa,
viagem que está longe de ser tão perigosa e tão difícil como se costuma dizer; demais,
achava-me tão habituado a toda sorte de perigos que eles já não podiam fazer-me recuar
um passo.
Durante minha permanência em Leh, capital do Ladack, visitei o grande convento de
Himis, situado nas cercanias da cidade.
O lama daquele convento me declarou que a biblioteca monástica continha algumas
cópias dos manuscritos em questão. Para que as autoridades não suspeitassem do
objetivo de minha visita ao convento e a fim de não encontrar obstáculos, dada a minha
qualidade de russo, fiz saber, numa viagem posterior ao Tibet, de retorno a Leh, que
voltava à Índia.
Deixei, novamente, a capital do Ladak. Uma queda infeliz, em conseqüência da qual
quebrei uma das pernas, forneceu-me inesperado pretexto para voltar ao convento,
onde me foram prestados os primeiros socorros médicos.
Aproveitei minha curta estada entre os lamas para obter do lama-chefe consentimento
para que me fossem mostrados os manuscritos relativos a Jesus-Cristo, existentes na
biblioteca do convento, e, ajudado por meu intérprete, que me traduzia a língua tibetana,
anotei, cuidadosamente, em meu caderno, o que o lama me dizia.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
A respeito desse mosteiro de Himis, mister se faz entremos em pormenores porque dois
mosteiros trazem este nome no Tibet. Aquele em que fui recolhido por estar ferido, e
cuidadosamente tratado e em que me foi comunicada a existência dos documentos que
entrego à curiosidade pública, é o mosteiro situado no Ladak, não longe de Leh, nas
proximidades do rio Indo e aos pés das montanhas, dominado pelo pico de Himis, de
18.733 pés de altitude. É, depois do mosteiro central do Lhassa, o mais povoado do
Tibet, sua biblioteca é a mais rica e seus monges os mais instruídos e estudiosos.
O outro Himis está situado no caminho de Khalsi a Leh e junto ao Shavlikangri, de
18.096 pés, ao norte do Indo. É uma aldeia com um pequeno mosteiro, muito pobre,
abrigando quatro ou cinco monges que se entregam comumente a trabalhos manuais,
fora das horas de suas maquinais orações.
Todos os que se acham um pouco familiarizados com o Tibet sabem, aliás, que é tão
impossível confundir essas duas localidades quanto o Paris e o Versailles da França
com o Paris e o Versailles do Connecticut.
Não tenho dúvida alguma quanto à autenticidade da crônica que me foi comunicada e
que me pareceu redigida, com muita exatidão, por historiadores brâmanes e, sobretudo,
por budistas da Índia e do Nepal.
Quis, de volta à Europa, publicar a tradução delas e, com esse fim, dirigi-me a vários
eclesiásticos universalmente conhecidos, rogando-lhes lessem minhas notas e dissessem
o que delas pensavam.
Monsenhor Platon, célebre metropolitano de Kiew, foi de opinião que o trabalho era de
grande importância, porém dissuadiu-me de fazer aparecer essas memórias acreditando
que sua publicação só poderia causar-me aborrecimentos. Por quê? Foi o que o venerável
prelado se recusou a dizer-me de modo explícito. Entretanto, como nossa conversa foi
na Rússia, onde a censura teria posto seu veto em semelhante obra, resolvi esperar.
Um ano depois me achava em Roma. Mostrei o manuscrito ao Cardeal Nina, muito
estimado pelo Santo Padre, o qual me respondeu textualmente o seguinte: “Que
necessidade há de imprimir-se isto? Ninguém lhe dará grande importância e vós
criareis uma multidão de inimigos. No entanto, sois tão jovem ainda! Se é uma
questão de dinheiro que vos interessa, pedirei para vós uma recompensa pelas
vossas notas, recompensa que vos indenizará das despesas feitas e do tempo
perdido”. Naturalmente que recusei.
Em Paris falei do meu projeto com o Cardeal Rotelli, que conheci em Constantinopla.
Ele também se opôs a que eu imprimisse o meu trabalho sob o pretexto de que era
prematuro. “A Igreja - acrescentou ele -sofre novamente correntes de idéias ateístas
e vós só fornecereis ensejo a caluniadores e detratores da doutrina evangélica.
Vo-lo digo no interesse de todas as igrejas cristãs”.
Fui, em seguida, procurar Jules Simon. Ele achou que minha comunicação era muito
interessante e me recomendou que pedisse a opinião de Ernest Renan a respeito da
melhor maneira de publicá-la. No dia seguinte, pela manhã, estava eu sentado no gabinete
do grande filósofo. No fim de nossa conversa, Renan me propôs que lhe confiasse as
memórias em questão, a fim de fazer um relatório delas à Academia. Tal proposta, como
se compreende bem, era muito sedutora e lisonjeava meu amor-próprio, todavia tornei
a levar a obra sob o pretexto de revê-la ainda uma vez.
Previa que, se aceitasse a proposta, só teria a honra de ter achado a crônica, ao passo
que ao ilustre autor da Vie de Jésus caberia toda a glória da publicação e seus
comentários.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Ora, eu me julgava bem preparado para publicar a tradução da crônica, fazendo-a
acompanhar de notas minhas; declinei, pois, da proposta que me fizera Renan. Para
não ferir a susceptibilidade do grande mestre, que respeito profundamente, resolvi
aguardar-lhe a morte, acontecimento fatal que não devia tardar, a julgar por sua fraqueza
geral.
Pouco depois da morte de Renan, escrevi a Jules Simon para pedir-lhe a opinião. Ele me
respondeu que me competia julgar da oportunidade de fazer aparecer as memórias.
Pus, então, em ordem, minhas notas, reservando-me o direito de provar a autenticidade
dessas crônicas.
Desenvolvo aqui os argumentos que devem convencer-nos da sinceridade e boa-fé dos
compiladores budistas. Junto, também, provas que atestam minha boa-fé e minha própria
sinceridade. Os maldizentes me demonstraram que essas provas, que eu havia julgado
inúteis em 1894, se tornaram necessárias em 1899.
Desejaria juntar provas ainda mais materiais: quero falar de fotografias muito curiosas
que bati no decurso de minhas excursões e que teriam falado a meu respeito às pessoas
mais desconfiadas. Infelizmente, quando de minha volta da Índia, examinei os negativos
e verifiquei que haviam ficado completamente estragados.
Foi por isto que, para ilustrar meu livro, recorri à extrema gentileza de meu amigo, o Sr.
d’Auvergne, que havia feito várias viagens ao Himalaia e que, graciosamente, me ofereceu
algumas provas.
Passo, sem mais delongas, ao prometido resumo da “Vida de Santo Issa”, segundo os
documentos tibetanos, que, a seguir, transcreverei em sua forma de versículos:
Os dois manuscritos em que o lama do convento de Himis leu, para que o autor ouvisse,
tudo o que se relaciona com Jesus, formam coleções de cópias diversas, escritas em língua
tibetana, tradução de alguns rolos pertencentes à biblioteca de Lhassa e trazidos da Índia,
do Nepal e de Magada, lá para o ano 200 depois de Cristo, para um convento construído no
monte Marbur, perto da cidade de Lhassa, onde então residia o Dalai-Lama.
Esses rolos foram escritos em língua pali, que certos lamas estudavam ainda, a fim de
poderem fazer traduções em dialeto tibetano. Os cronistas eram budistas pertencentes à
seita do buda Goutama.
Tais crônicas contêm a descrição da vida e das obras do “melhor dos filhos dos homens”,
santo Issa, um sábio israelita que, tendo vivido muitos anos entre os sacerdotes brâmanes
e budistas, voltou para o seu país, onde foi condenado à morte por ordem do governador
romano Pôncio Pilatos, depois de ter sido duas vezes absolvido por um tribunal composto
de sábios e anciãos da Judéia. As narrações conservadas nesses antiqüíssimos documentos,
redigidos segundo o testemunho de mercadores vindos da Judéia, com a notícia do martírio
de santo Issa, assemelham-se, em quase todos os pontos, às dos Evangelhos e mantêm
um nexo iniludível de analogia com., o que se sabe da vida de Jesus.
Em resumo, e seguindo tanto quanto possível a letra dos textos traduzidos, essas crônicas
budistas nos dizem que um jovem israelita, já conhecido na Galiléia aos treze anos “pelos
discursos edificantes em nome do Todo Poderoso”, abandonou ocultamente, naquela idade,
a casa paterna, e, numa caravana de mercadores, tomou o caminho da Índia “para se
aperfeiçoar na palavra divina e estudar as leis dos grandes Budas.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Chegando à Índia, os Djainitas, impressionados com a profunda sabedoria e alta inspiração
do jovem peregrino israelita, procuraram atraí-lo para a sua seita, mas Issa se afastou
pouco tempo depois para Djaguernat, onde os padres brâmanes o acolheram com carinho
e lhe “ensinaram a ler e compreender os Vedas, a curar com o auxílio de preces, a ensinar
e a explicar a Escritura Sagrada ao povo, a expulsar o espírito maligno do corpo do homem
e a lhe restituir a forma humana”. Em Djaguernat passou seis anos. No começo, a língua do
país, o sânscrito, as doutrinas religiosas, a filosofia, a medicina e as matemáticas constituem
o objetivo de seus estudos prediletos. Depois, suas prédicas, dirigidas de preferência às
classes miseráveis dos sudras, seus ataques reiterados à hierarquia dos deuses que
desnaturava o princípio do monoteísmo, a negação da origem divina dos Vedas irritaram
profundamente os padres brâmanes e os guerreiros, que resolveram dar- lhe morte. Avisado
em tempo pelos discípulos que a sua bondade e a magia da sua palavra tinham conquistado,
o jovem profeta encaminhou-se para as montanhas do Nepal, onde o Budismo florescia em
todo o seu esplendor.
O princípio da unidade divina era ali religiosamente conservado em sua pureza primitiva já
há quinhentos anos; quando o Príncipe Çakia-Muni fundara a doutrina budista. Seis anos
depois, Issa, já preparado para a explicação dos livros sagrados e iniciado nas doutrinas e
práticas religiosas dos sacerdotes budistas, resolveu tornar ao seu país. Completara 26
anos. As notícias das humilhações dos seus compatriotas e das calamidades que
devastavam a terra que ele deixara em criança decidiram-no a abandonar a Índia. Dirigiu-
se primeiro para o oeste, pregando a povos diferentes a suprema perfeição do homem e
combatendo a idolatria e os sacrifícios humanos.
A fama de sua palavra magnética espalhava-se pelos países vizinhos e, quando Issa entrou
na Pérsia, os sacerdotes locais, receosos do poder sugestivo das prédicas do peregrino
israelita, proibiram aos habitantes de acompanhá-lo e ouvi-lo.
Os adoradores de Zoroastro fizeram-no prender e submeter a um longo interrogatório,
depois do qual o profeta foi conduzido, à noite, fora das portas da cidade e abandonado na
estrada, na esperança de que as feras saberiam completar a sentença que os sacerdotes
persas não tinham ousado pronunciar.
O profeta seguiu viagem, despertando entusiasmo e alegria por campos e cidades, onde
uma multidão, sempre nova, vibrava ao calor de sua palavra iluminada.
Aos 29 anos de idade, apareceu Issa no país de Israel, a terra dos seus antepassados.
Diante do seu povo, cumulado de infortúnios e agitado pela perspectiva do advento de um
messias anunciado pelos profetas para restabelecer o reino de Israel, ele aconselhou a
humildade e a paciência pois o “dia da redenção dos pecados estava próximo”.
Milhares de pessoas o seguiam, animados da esperança de libertação e da restauração do
seu antigo culto e da crença dos seus ancestrais.
Os chefes das cidades por onde a palavra do profeta ia deitando um sulco de fogo, inquietos
com a sua popularidade crescente e assustadora, queixaram-se ao governador romano
Pôncio Pilatos, residente em Jerusalém, que as pregações de Issa levantavam o povo que o
ouvia e assim negligenciava os serviços do Estado.
Insinuaram-lhe a necessidade e a conveniência de impedir, por qualquer forma, a
continuação daquele estado de coisas, cujos resultados poderiam ser funestos à
administração romana daquela província conquistada.
Pilatos, não vendo em Issa mais do que um agitador, ordenou-lhe a prisão e, para não
exasperar o povo que o acompanhava por toda a parte, decidiu que o trouxessem a
Jerusalém, a fim de ser julgado no templo, pelos velhos sacerdotes hebreus e sábios anciãos.
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Nesse ínterim, Issa, que continuava a pregar de cidade em cidade, chegou a Jerusalém,
cujos habitantes acorreram em massa ao seu encontro, ansiosos por ouvir de sua boca as
palavras inflamadas com que ele havia mitigado os infortúnios das outras cidades de
Israel.
Os padres e os anciãos foram encarregados por Pilatos do julgamento do profeta no templo.
Depois de ouvirem de sua própria boca a declaração de que não procurava levantar o povo
de Israel contra as autoridades constituídas, mas que voltara de lugares distantes, onde
fora habitar em criança, para recordar aos israelitas a fé de seus antepassados e o
restabelecimento das leis mosaicas, eles se apresentaram ao governador romano e lhe
comunicaram ter absolvido o pregador judeu pela falsidade das acusações que lhe eram
imputadas.
Pilatos, encolerizado com o procedimento dos veneráveis juízes, fez acompanhar o profeta
de espiões encarregados de recolherem todas as palavras que ele dirigisse ao povo.
Issa prosseguiu em sua missão pelas cidades vizinhas, indicando os verdadeiros caminhos
do Criador, exortando os hebreus à paciência, prometendo-lhes uma pronta libertação e
explicando àqueles em que reconhecia assoldadados pelo governador que todos eles não
seriam libertos do poder de César mas dos erros grosseiros em que as suas almas viviam
mergulhadas.
Três anos durou o ministério de Issa. A sua popularidade crescia e era tido como o Messias
libertador anunciado pelos profetas. O governador romano, a quem os espiões declararam
nada ter ouvido que parecesse uma instigação à revolta contra as autoridades constituídas,
encarregou os soldados de o prenderem e conduzirem a um subterrâneo onde foi torturado
na intenção de se lhe arrancar uma confissão comprometedora. Os sacerdotes e os anciãos,
informados dos martírios infligidos ao seu profeta e da resistência heróica oposta a todos
os meios empregados para fazê-lo falar, dirigiram-se ao governador romano com o pedido
de o mandar pôr em liberdade na ocasião da festa da Páscoa, que se aproximava. Pilatos
recusou peremptoriamente a ceder aos pedidos dos velhos sacerdotes, mas consentiu em
que Issa comparecesse diante do Tribunal dos Anciãos para ser, em definitivo, julgado
antes da próxima festa.
Fizeram-no retirar da prisão, em lastimável estado de fraqueza, por motivo das torturas
sofridas. Sentado entre dois ladrões,. que deviam ser julgados ao mesmo tempo para atenuar
a importância de um acontecimento que apaixonava a população, diante do governador
romano, que presidia o Tribunal, e dos principais capitães, sacerdotes, sábios anciãos e
legistas, Issa foi submetido a um longo interrogatório do qual sobressaiu sua completa
inocência. O governador, irritado com a altivez de suas respostas, exigiu que os juízes
pronunciassem a pena capital. Os anciãos recusaram proferir essa sentença iníqua diante
das declarações ouvidas de todos. Pilatos recorre ao derradeiro expediente que o seu espírito
imaginara, para não deixar escapar a presa. Manda adiantar um dos seus espiões, que
afirma ter ouvido do profeta a anunciação do reino de Israel sobre a terra do qual Issa se
intitulava Chefe Supremo.
A cena narrada pelas crônicas budistas é de uma grandeza serena e única na história.
“Sereis perdoado”, disse o profeta ao traidor, “porque o que dizeis não vem de vós”, e,
depois, dirigindo-se a Pilatos: “Por quê humilhais vossa dignidade e induzis vossos inferiores
à mentira, quando, sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?” A estas palavras,
Pilatos, esquecido do seu cargo, exigiu dos Anciãos a condenação de Issa e a absolvição
dos dois ladrões.
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Os velhos juízes, depois de se consultarem entre si, declararam solenemente não assumir
a responsabilidade de condenar um inocente, levantaram-se e; depois de lavarem as mãos
num vaso sagrado, saíram anunciando: “Somos inocentes da morte do justo”.
O profeta e os dois ladrões foram crucificados no mesmo dia, por ordem de Pilatos, e os
seus corpos ficaram suspensos nas cruzes sob a guarda de soldados.
Ao pôr-do-sol, extinguiram-se os sofrimentos de Issa. Ele perdeu os sentidos e a alma
desse justo se separou do corpo para ir fundir-se na Divindade.
Assim terminaram os dias de santo Issa “reflexo do Espírito eterno sob a forma de um
homem que tinha redimido pecadores endurecidos, padecendo tantos sofrimentos”.
O governador romano, assustado com a severidade do seu proceder, mandou entregar o
corpo do profeta aos parentes para o sepultarem perto do lugar do suplício. Em breve, toda
uma multidão gemente e lacrimosa acorria em peregrinação ao santo sepulcro.
Três dias após, Pilatos, a quem tinha chegado rumores de um levante popular, ordenou a
seus soldados que retirassem, à noite, secretamente, o corpo de Issa do sepulcro e o
enterrassem em um lugar afastado.
No dia seguinte, encontrado o túmulo aberto e vazio, propalou-se que “O Juiz Supremo
recolhera, pelos seus anjos, os restos mortais do santo, no qual tinha habitado, sobre a
terra, uma partícula do espírito divino”.
Pilatos, enfurecido com a nova feição dos acontecimentos, começou a mover uma cruel
perseguição contra os mais íntimos discípulos de Issa, que foram obrigados a deixar o país
de Israel e pregar a outros povos o abandono dos seus erros grosseiros, a purificação das
suas almas e a “felicidade perfeita que aguarda os homens no mundo espiritual, onde, em
repouso e em toda a sua pureza, reside, numa majestade perfeita, o grande Criador”.
Os pagãos, termina a vetusta crônica, seus reis e seus guerreiros, ouviram os pregadores,
abandonaram as crenças absurdas que professavam, renegaram seus sacerdotes e ídolos
para celebrar os louvores do muito sábio Criador do Universo, do Rei dos Reis, cujo coração
está cheio de misericórdia infinita.
Assim falam, em suas linhas gerais, as narrações arquivadas nos antigos manuscritos
budistas, achados no Tibet.
Essa narrativa preenche a lacuna de 17 anos que existe na vida de Jesus-Cristo,
começando no vers. 52 do Capítulo 2 do Evangelho segundo Lucas: “E crescia Jesus em sabedoria
e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” e indo até o vers. 23 do Capítulo 3 do
mesmo Evangelho: “E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos”. Sobre a qual o Novo
Testamento nada nos diz.
A seguir, pois, a vida de Jesus, resumida acima. segundo os versículos dos manuscritos
tibetanos.
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A Vida de Santo Issa
I
1 - A terra estremeceu e os céus choraram por causa do grande crime que acabava
de ser cometido no país de Israel.
2 - Porque acabava de ser ali torturado e executado o grande justo Issa, em que
residia a alma do Universo.
3 - A qual se encarnara em um simples mortal a fim de fazer bem aos homens e de
exterminar os maus pensamentos.
4 - E de conduzir à vida da paz, do amor e do bem o homem degradado pelos
pecados, recordando-lhe o único e indivisível Criador cuja misericórdia é
infinita.
5 - Eis o que contam a respeito mercadores vindos de Israel.
II
1 - O povo de Israel, que habitava um solo fértil, dando duas colheitas por ano e
que possuía grandes rebanhos, provocou, por seus pecados, a justiça de Deus.
2 - Que lhe infligiu um castigo terrível, arrebatando-lhe a terra, o gado e toda a
sua fortuna; Israel foi reduzido à escravidão por ricos e poderosos faraós que
reinavam, então, no Egito.
3 - Esses trataram os israelitas pior do que a animais, os sobrecarregaram de
trabalhos difíceis e os puseram a ferro. Cobriram seus corpos de feridas e
chagas, sem lhes dar alimentos, nem lhes permitir que tivessem um teto.
4 - A fim de os manter em um estado de terror contínuo e de lhes tirar toda a
semelhança humana.
5 - Em sua grande calamidade, o povo de Israel, lembrando-se de seu protetor
celestial, se dirigiu a ele e lhe implorou graça e misericórdia.
6 - Um ilustre faraó reinava então no Egito, o qual ficou célebre por suas
numerosas vitórias, pelas riquezas que acumulara e os vastos palácios que seus
escravos erigiram por suas próprias mãos.
7 - Esse faraó tinha dois filhos, dos quais o mais moço se chamava Mossa. Sábios
israelitas lhe ensinaram diversas ciências.
8 - Mossa era amado no Egito por causa de sua bondade e da compaixão que
testemunhava a todos os que sofriam.
9 - Vendo que os israelitas não queriam, apesar dos intoleráveis sofrimentos que
suportavam, abandonar o seu Deus para adorar aqueles que a mão do homem
havia criado, os quais eram os deuses da nação egípcia.
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10 - Mossa acreditou no Deus invisível deles, que lhes não deixava abater as fracas
forças.
11 - E os preceptores israelitas animaram o ardor de Mossa e recorreram a ele,
pedindo-lhe para interceder junto ao faraó, seu pai, em favor de seus
correligionários.
12 - O príncipe Mossa pediu então a seu pai que abrandasse a sorte dos desgraçados
israelitas, mas o faraó levantou-se em cólera contra ele e aumentou os
tormentos que já suportavam esses escravos.
13 - Aconteceu que pouco tempo depois uma grande desgraça visitou o Egito: a
peste ali dizimou jovens e velhos, sãos e doentes, e o faraó acreditou em um
ressentimento de seus próprios deuses contra ele.
14 - Porém o príncipe Mossa disse a seu pai que era o Deus de seus escravos que
intercedia em favor desses infelizes e punia os egípcios.
15 - O faraó intimou então a Mossa, seu filho, a tomar todos os escravos da raça
judia e os conduzir fora da cidade, e fosse fundar, a uma grande distância da
capital, outra cidade e que ficasse com eles.
16 - Mossa fez saber aos escravos hebreus que ele os havia forrado em nome do seu
Deus, o Deus de Israel. Deixou com eles a cidade e a terra do Egito.
17 - E os conduziu para a terra que haviam perdido por seus pecados, deu-lhes leis
e lhes recomendou que orassem sempre ao Criador invisível cuja bondade é
infinita.
18 - Com a morte do príncipe Mossa, os israelitas observaram-lhe rigorosamente as
leis e assim Deus os recompensou dos males a que os expusera no Egito.
19 - Seu reino tornou-se o mais poderoso de toda a terra, seus reis foram célebres
por seus tesouros e uma longa paz reinou entre o povo de Israel.
III
1 – A fama das riquezas de Israel espalhou-se por toda a terra e as nações vizinhas
começaram a ter-lhe inveja.
2 - Mas o Altíssimo protegeu as armas vitoriosas dos hebreus e os pagãos não
ousaram atacá-los.
3 - Infelizmente, como o homem não obedece sempre a si mesmo, a fidelidade dos
hebreus a seu Deus não durou muito tempo.
4 - Começaram por esquecer todos os favores com que foram cumulados, não
invocavam senão raramente o nome de Deus e pediam proteção a mágicos e
feiticeiros.
5 - Os reis e os capitães substituíram as leis que lhes foram dadas por Mossa
pelas deles, o templo de Deus e as práticas do culto foram abandonados, o povo
entregou-se aos prazeres e perdeu sua pureza anterior.
6 - Vários séculos haviam escoado depois de sua saída do Egito quando Deus
começou novamente a puni-los por seus pecados.
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7 - Estrangeiros começaram a invadir o país de Israel, devastando terras,
arruinando aldeias e conduzindo seus habitantes ao cativeiro.
8 - Chegaram, certo dia, pagãos d’além mar, do país dos romanos, submeteram os
hebreus e instituíram chefes de exércitos que, por delegação do César, os
governaram.
9 - Destruíram os templos e obrigaram os habitantes a não mais adorar o Deus
invisível, mas a sacrificar vítimas aos deuses pagãos.
10 - Fizeram guerreiros dos que eram nobres, arrebataram esposas a seus maridos
e o baixo povo, reduzido à escravidão, foi enviado aos milhares por além mares.
11 - Quanto às crianças, foram passadas a fio de espada; bem logo, em todo o país
de Israel, só se escutaram soluços e gemidos.
12 - Em sua tristeza extrema, eles se lembraram do seu grande Deus, imploraram-
lhe a graça e lhe suplicaram perdão. Nosso Pai, em sua inesgotável, escutou-
lhes a prece.
IV
1 - Nesse tempo, chegou o momento em que o juiz, cheio de clemência, escolhera
para encarnar-se em um ser humano.
2 - E o Espírito eterno, que permanecia em estado de repouso completo e de
beatitude suprema, se despertou e se destacou, por um tempo indeterminado,
do Ser eterno.
3 - A fim de indicar, revestindo a imagem humana, os meios de se identificar com
a Divindade e alcançar a felicidade eterna.
4 - Para mostrar, com seu exemplo, como se podia chegar à pureza moral e
separar a alma do seu invólucro grosseiro, a fim de que ela atingisse o estado de
perfeição necessária para alcançar o reino do céu, que é imutável, e onde reina a
felicidade eterna.
5 - Logo depois, uma criança maravilhosa nasceu na terra de Israel; Deus, pela
boca dessa criança, falava das misérias corporais e da grandeza da alma.
6 - Os pais do recém-nascido eram pessoas pobres, pertencentes, por seu
nascimento, a uma família de notável piedade, que recordava sua antiga
grandeza na terra para exaltar o nome do Criador e lhe agradecer os castigos
que lhes aprouvera enviar.
7 - Para recompensá-la por não se ter deixado desviar do caminho da verdade,
Deus abençoou o primogênito dessa família, escolheu-o para seu eleito e o
enviou para sustentar os que haviam caído no mal e curar os que sofriam.
8 - A criança divina, a quem se deu o nome de Issa, começou, desde a mais tenra
idade, a falar do Deus único e invisível, exortando as almas transviadas a se
arrependerem e a se purificarem dos pecados que haviam cometido.
9 - Pessoas vinham escutá-lo de todas as partes e se maravilhavam das sentenças
que saíam da boca do menino; todos os israelitas eram acordes em dizer que o
Espírito eterno habitava o corpo dele.
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10 - Quando Issa atingiu a idade de treze anos, idade em que o israelita devia
casar- se.
11 - A casa em que seus país ganhavam a vida, mediante um trabalho modesto,
começou a ser lugar de reunião de pessoas ricas e nobres que queriam ter por
genro o jovem Issa, já célebre por seus discursos edificantes em nome do Todo
Poderoso.
12 - Foi então que o jovem Issa deixou ocultamente a casa paterna, saiu de
Jerusalém e, em companhia de mercadores, se dirigiu em direção ao Sindh.
13 - Com o fim de aperfeiçoar-se na palavra divina e instruir-se nas leis dos
grandes budas.
V
1 - Quando tinha 14 anos, o jovem Issa, abençoado de Deus, desceu o Sindh e se
estabeleceu entre os Árias, no país querido de Deus.
2 - A fama ia espalhar o nome da criança maravilhosa ao longo do Sindh setentrional;
quando ele atravessou o país dos cinco rios e o Radjiputan, os adeptos do deus
Djaine lhe pediram que permanecesse entre eles.
3 - Ele, porém, abandonou os adoradores transviados de Djaine e partiu para
Djaguernat, no país de Orsis, onde jazem os despojos mortais de Viassa-Krishna e
onde os padres brancos lhe fizeram cordial recepção.
4 - Eles o ensinaram a ler e a compreender os Vedas, a curar com o auxílio da prece,
a explicar a Escritura Sagrada ao povo, a expulsar o espírito maligno do corpo do
homem e a lhe restituir a imagem humana.
5 - Passou Issa seis anos em Djaguernat, em Radiagriha, em Benares e em outras
cidades santas; todo mundo o amava, porque Issa vivia em paz com os Veisas e os
Sudras, aos quais ensinava a Escritura Sagrada.
6 - Os Brâmanes e os Kchatrias, porém, lhe disseram que o grande Parabrâma lhe
proibia aproximar-se daqueles que havia criado de seu ventre e de seus pés.
7 - Que os Veisas só estavam autorizados a ouvir a leitura dos Vedas e isto apenas
nos dias de festas.
8 - Que era interdito aos Sudras não só o assistir à leitura dos Vedas como até mesmo
os contemplar, porque a condição deles era servir, para sempre e como escravos,
os Brâmanes, os Kchatrias e os próprios Veisas.
9 - “Só a morte pode libertá-los da servidão”, disse Parabrâma. “Deixá-los, pois, e
vinde adorar conosco os deuses que se irritarão contra vós se lhes desobedeceis”.
10 - Issa, porém, não lhes escutou as advertências e foi entre os Sudras pregar contra
o despotismo dos Brâmanes e dos Kchatrias.
11 - Ele se levantou veementemente contra o direito que se arroga um homem de
despojar seus semelhantes de seus direitos de homem, dizendo: “Deus, o Pai, não
estabeleceu diferença alguma entre seus filhos, que lhe são todos igualmente caros”.
12 - Issa negou a origem divina dos Vedas e dos Puranas, porque, ensinava ele aos que
o seguiam, uma lei foi dada ao homem para guiá-los em suas ações.
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13 - Temei vosso Deus, só dobreis os joelhos diante dele só e levai-Lhe as oferendas
que provenham de vossos ganhos”.
14 - Issa negou a Trimurti e a encarnação de Parabrâma em Vishnu, em Siva e em
outros deuses, porque dizia ele:
15 - “O juiz eterno, o Espírito eterno, compõe a alma única e indivisível do Universo, a
qual, sozinha, criou, contêm e vivifica o todo”.
16 - “Só ele é que quis e criou, só ele é que existe desde a eternidade e cuja existência
não terá fim; ele não tem semelhantes, nem no céu, nem na terra”.
17 - “O grande Criador não dividiu seu poder com pessoa alguma, ainda menos com
objetos inanimados, como vos foi ensinado, porque só ele é que possui a
onipotência”.
18 - “Ele quis e o mundo apareceu; por um pensamento divino ele reuniu as águas e
delas separou as partes secas do globo. Ele é a causa da vida misteriosa do homem,
em que soprou uma parte do seu ser”.
19 - “Ele subordinou ao homem as terras, as águas, os animais e tudo que criou e que
sozinho conserva em ordem imutável, fixando para cada coisa sua duração própria”.
20 - “A justiça de Deus descerá breve sobre o homem porque ele esqueceu seu Criador,
porque encheu seus templos de abominações e adora uma multidão de criaturas
que Deus lhe subordinou”.
21 - Porque, para agradar a pedras e metais, o homem sacrifica seres humanos, nos
quais reside uma parte do espírito do Altíssimo”.
22 - Porque humilha o que trabalha com o suor de sua fronte para adquirir o favor do
preguiçoso que está sentado em uma mesa cheia de iguarias”.
23 - “Aqueles que privam seus irmãos da felicidade divina por sua vez serão dela
privados, e os Brâmanes e os Kchatrias tornar-se-ão os Sudras dos Sudras”.
24 - “Porque no dia do juízo final, os Sudras e os Veisas serão perdoados por causa de
sua ignorância e Deus, ao contrário, fará cair sua punição sobre aqueles que se
arrogaram direitos divinos”.
25 - Os Veisas e os Sudras ficaram tomados de viva admiração e perguntaram a Issa
como era preciso orar para que não perdessem a felicidade.
26 - “Não adoreis os ídolos porque eles não vos ouvem; não escuteis os Vedas porque a
Verdade nele está adulterada; não vos creiais os primeiros em todo lugar e não
humilheis o vosso próximo”.
27 - Ajudai os pobres, sustentai os fracos, não façais mal a quem quer que seja, não
cobiceis o que não possuis e o que vedes em casa alheia”.
VI
1 - Os padres brancos e os guerreiros, tendo conhecimento das palavras que Issa
dirigia aos Sudras, decidiram-lhe a morte e enviaram, como esse intuito, seus
criados para procurar o jovem profeta.
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2 - Issa, porém, avisado do perigo pelos Sudras, deixou, ao cair da noite, os
subúrbios de Djaguernat, ganhou a montanha e se fixou no país dos
Guatâmidas, onde viu a luz do dia o grande buda Çakia-Muni, no meio do povo
que adorava o único e sublime Brama.
3 - Depois de ter aprendido a falar com perfeição a língua pali, o justo Issa
entregou-se ao estudo dos rolos sagrados dos Sutras.
4 - Seis anos após, Issa, que o Buda escolhera para espalhar a palavra santa,
sabia explicar perfeitamente os rolos sagrados.
5 - Issa deixou então o Nepal e o monte Himalaia, desceu o vale do Radjiputan e se
dirigiu para o oeste, pregando a povos diversos a suprema perfeição do homem.
6 - E o bem que é preciso fazer a seu próximo e que constitui o meio mais seguro
para absorver-se rapidamente no Espírito eterno. “Aquele que recuperava sua
pureza primitiva, dizia Issa, morria tendo obtido o perdão de suas faltas, e teria
o direito de contemplar a figura majestosa de Deus”.
7 - Atravessando territórios pagãos, o divino Issa ensinou que a adoração de
deuses visíveis era contrária à lei natural.
8 - “Porque o homem, dizia ele, não tivera em partilha o dom de ver a imagem de
Deus e de construir uma multidão de divindades à semelhança do Eterno”.
9 - “Além disso, é incompatível com a consciência humana fazer menos caso da
grandeza da pureza divina do que de animais ou de obras executadas pela mão
do homem em pedra ou metal”.
10 - “O Eterno legislador é um; não há outros deuses senão Ele; Ele não dividiu o
mundo com pessoa alguma, nem participou a ninguém de suas intenções.
11 - Do mesmo modo que um pai agiria para com seus filhos, da mesma maneira
Deus julgará os homens depois da morte, segundo suas leis misericordiosas.
Jamais Ele humilhará um seu filho, fazendo emigrar sua alma, como em um
purgatório, no corpo de um animal”.
12 - “A lei celeste, dizia o Criador pela boca de Issa, repudia a imolação de
sacrifícios humanos a uma estátua ou a um animal, porque Eu subordinei ao
homem todos os animais e tudo que contém o mundo”.
13 - “Tudo foi sacrificado ao homem que deve estar direta e intimamente ligado a
Mim seu Pai; assim será severamente julgado e castigado pela lei divina aquele
que me tiver arrebatado um filho”.
14 - “O homem nada. é diante do Juiz eterno, do mesmo modo que o animal o é
perante o homem”. 15 - “É por isto que vos digo: Abandonai vossos ídolos e não
executeis cerimônias que vos separam de nosso Pai e vos ligam a padres de
quem o céu se apartou”.
16 - “Porque são esses que vos separaram do verdadeiro Deus e cujas superstições
e crueldade vos conduzem à perversão do espírito e à perda de todo o senso
moral”.
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VII
1 - As palavras de Issa, tendo se espalhado entre os pagãos dos países que
atravessava, fizeram com que eles abandonassem seus ídolos.
2 - Isto vendo, os padres exigiram daquele que glorificava o nome do Deus
verdadeiro provas, diante do povo, das censuras que lhes dirigia e a
demonstração da nulidade de seus ídolos.
3 - E Issa lhes respondeu: “Se vossos ídolos e vossos animais são poderosos e
possuem realmente um poder sobrenatural, que eles me fulminem aqui neste
lugar”.
4 - “Fazei então um milagre, replicaram-lhe os padres, e que vosso Deus confunda
os nossos, se eles lhe inspiram desgosto”.
5 - Issa, porém, lhes replicou, dizendo: “Os milagres de nosso Deus começaram a
se produzir desde o primeiro dia em que o Universo foi criado; eles se produzem
em cada dia, em cada momento; aquele que não os vê está privado de um dos
mais belos dons da vida”.
6 - “Não é contra pedaços de pedras, de metais ou de paus, completamente
inanimados, que a justiça de Deus se fará, mas ela recairá sobre homens cujos
ídolos precisam ser destruídos para sua salvação”.
7 - “Do mesmo modo que uma pedra e um grão de areia, nulos como são para o
homem, até o momento em que os tome para deles fazer algo de útil”.
8 - Assim o homem deve esperar o grande favor que lhe concederá Deus
honrando-o com uma decisão”
9 - “Porém, desgraça sobre vós, inimigos dos homens, porque não é um favor que
recebereis, mas, ao contrário, a justiça divina, desgraça sobre vós se esperais
que ela ateste seu poder por meio de milagres”.
10 - “Porque não serão os ídolos que destruirá mas aqueles que os erigiram; seus
corações ficarão presas do fogo eterno e seus corpos lacerados irão saciar o
apetite de feras bravias”.
11 - “Deus expulsará os animais contaminados de seus rebanhos, porém chamará a
si aqueles que se transviaram por terem desconhecido a parcela celestial que
neles habitava”.
12 - Vendo a impotência de seus padres, os pagãos acreditaram em Issa e, tementes
a Deus, despedaçaram seus ídolos; quanto aos padres, esses fugiram para
escapar à vingança popular.
13 - Issa ensinou ainda aos pagãos que não se esforçassem por ver o Espírito eterno,
mas procurassem senti-lo pelo coração e, por uma alma verdadeiramente pura,
buscassem tornar- se dignos de seus favores.
14 - “Não somente, dizia-lhes ele, não executeis sacrifícios humanos, mas, em geral,
não imoleis nenhum animal a que a vida foi dada, porque tudo que foi criado o
foi para ser útil ao homem”.
15 - “Não furteis o bem alheio, porque seria levar de vosso próximo coisas que ele
adquiriu com o suor de seu rosto”.
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16 - “Não enganeis a ninguém a fim de que não sejais também enganados. Procurai
preparar-vos antes do juízo final, porque será então muito tarde”.
17 - “Não vos entregueis à devassidão, porque seria violar as leis de Deus”.
18 - “E alcançareis a beatitude suprema; não somente purificando-vos mas ainda
guiando os outros na senda que lhes permitirá conquistar a perfeição primitiva”.
VIII
1 - Os países vizinhos se encheram do ruído das prédicas de Issa e, quando ele
penetrou na Pérsia, os padres ficaram com medo e proibiram os habitantes de
ouvi-lo.
2 - Porém, quando viram todas as aldeias acolhê-lo com alegria e escutar-lhe
religiosamente os sermões, deram ordem para que o prendessem e o
conduzissem diante do grão-sacerdote, onde sofreu o seguinte interrogatório:
3 - “De que novo Deus falais vós? Ignorais, desgraçado, que o santo Zoroastro é o
único justo admitido à honra de receber comunicações do Ser supremo?”
4 - “O qual ordenou aos anjos que redigissem por escrito a palavra de Deus para
uso de seu povo, leis essas que foram dadas a Zoroastro no paraíso”.
5 - “Quem sois vós então que ousais blasfemar aqui contra nosso Deus e semear a
dúvida no coração dos crentes?”
6 - E Issa lhes respondeu: “Não é de um novo Deus que falo, mas de nosso Pai
Celestial, que existiu antes de todo o começo e existirá para todo o sempre”.
7 - “Foi dele que falei ao povo que, do mesmo modo que uma criança inocente, não
está ainda em situação de compreendê-lo só pela força única da inteligência e
de penetrar-lhe a sublimidade divina e espiritual”.
8 - “Mas, da mesma maneira que um recém-nascido reconhece no escuro o seio
materno, assim vosso povo, que foi induzido ao erro, reconheceu por instinto
seu Pai no Pai do qual sou profeta”.
9 - O Ser Eterno disse ao vosso povo, por minha boca: “Não adoreis o sol porque
ele é uma parte do mundo que criei para o homem”.
10 - “O sol se levanta a fim de vos aquecer durante o vosso trabalho; ele se deita
para vos conceder o repouso que fixei para mim mesmo”.
11 - “É a mim, e a mim só que deveis tudo que possuís, tudo que se acha ao redor
de vós, como acima de vós e abaixo de vós!”
12 - Mas, disseram os padres, como poderia viver um povo segundo as regras da
justiça se não tivesse preceptores?
13 - Issa lhes respondeu: “Quando os povos não tinham padres, a lei natural os
governou e eles conservaram a candura de suas almas”.
14 - “Suas almas estavam em Deus e, para se entreterem com o Pai, não
precisavam do auxílio intermediário de nenhum ídolo ou animal, nem do fogo,
assim como fazeis”.
23
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15 - “Pretendeis que é preciso adorar o sol, o gênio do Bem e do Mal. Vossa
doutrina é detestável, vo-lo digo eu, porque o sol não age espontaneamente, mas
pela vontade do Criador invisível que lhe deu começo”.
16 - “E ele quis que esse astro iluminasse o dia e aquecesse o trabalho e as
sementeiras do homem”.
17 - “O Espírito Eterno é a alma de tudo que existe de animado; cometeis um
grande pecado fracionando-o no espírito do Mal e o espírito do Bem, porque não
existe Deus fora do Bem”.
18 - “Quem semelhante a um pai de família não faz senão o bem a seus filhos, dos
quais perdoa as faltas se se arrependerem?”
19 - “O espírito do Mal reside na terra, no coração dos homens que desviam os
filhos de Deus do caminho reto”.
20 - “É por isto que vos digo:” “Temei o dia do juízo porque Deus infligirá terrível
castigo a todos aqueles que desviaram seus filhos do verdadeiro caminho e os
encheram de superstições e preconceitos”.
21 - “Aqueles que cegaram os vivos transmitiram o contágio aos de boa saúde e
ensinaram o culto das coisas que Deus submeteu ao homem para seu próprio
bem e para os auxiliar em seus trabalhos”.
22 - “Vossa doutrina. é, pois, fruto de vossos erros, porque, desejando aproximar de
vós o Deus da Verdade, criastes falsos deuses”.
23 - Após o terem ouvido, os magos resolveram não lhe fazer mal algum. Pela noite,
quando toda a cidade repousava, eles o conduziram para fora dos muros da
cidade e o abandonaram no grande caminho, na esperança de que ele não
tardaria em ser preso de feras.
24 - Issa, porém, protegido pelo senhor nosso Deus, continuou seu caminho sem
acidentes.
IX
1 - Issa, que o Criador tinha escolhido para recordar o verdadeiro Deus aos
humanos mergulhados nas depravações, tinha 29 anos quando voltou ao país
de Israel.
2 - Depois da partida de Issa, os pagãos haviam feito os israelitas suportar
sofrimentos ainda mais atrozes e estes se achavam tomados do maior
abatimento.
3 - Muitos deles já tinham começado a repudiar as leis de seu Deus e as de Mossa,
na esperança de abrandar seus ferozes conquistadores.
4 - Em vista de tal situação, Issa exortou seus compatriotas a não se
desesperarem porque o dia da redenção dos pecados estava próximo e lhes
despertou a crença que haviam tido no Deus de seus pais.
5 - “Filhos, não vos entregueis ao desespero, dizia o Pai Celestial pela boca de Issa,
porque escutei vossa voz e vossos lamentos chegaram até mim”.
24
Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
6 - “Não choreis mais, ó bem amados, porque vossos soluços tocaram o coração de
vosso Pai que vos perdoou, como perdoou vossos antepassados”.
7 - “Não abandoneis vossa família para vos entregardes à devassidão, não percais
a nobreza de vossos sentimentos e não adoreis ídolos que ficarão surdos à vossa
voz”.
8 - “Enchei meu templo com a vossa esperança e com a vossa paciência e não
abjureis a religião de vossos pais, porque eu os guiei e cumulei de benefícios”.
9 - “Levantai os que tombaram, dai de comer aos que têm fome e ide em auxílio
dos enfermos a fim de ficardes todos puros e sejais achados justos no dia do
juízo final que eu vos preparo”.
10 - Os israelitas acudiram em multidão para ouvir a palavra de Issa e lhe
perguntaram onde deviam agradecer ao Pai Celestial, pois seus inimigos lhes
tinham arrasado os templos e roubado os vasos sagrados.
11 - Issa lhes disse que Deus não considerava os templos edificados pela mão do
homem, mas que ouvia os corações humanos, que são seus verdadeiros
templos.
12 - “Entrai em vosso templo, em vosso coração, iluminai-o com bons pensamentos
e com paciência e a confiança inabaláveis que deveis ter por vosso Pai”.
13 - “E vossos vasos sagrados serão vossas mãos e vossos olhos; olhai e fazei o que
é agradável a Deus, porque, fazendo bem ao vosso próximo, executais uma
cerimônia que embeleza o templo onde mora Aquele que vos deu nascimento”.
14 - “Porque Deus vos criou à sua semelhança, inocentes, simples, corações cheios
de bondade e amor, não para a concepção de projetos maus, mas para serem o
santuário do amor e da justiça”.
15 - Não maculeis vosso coração, vo-lo digo eu, porque o Ser Eterno aí reside
sempre”.
16 - “Se quereis fazer obras cheias de piedade ou de amor, fazei-as com o coração
grande e que vossa ação não seja movida pela esperança de recompensa ou por
cálculo comercial”.
17 - “Porque essa ação não vos aproximará da salvação e caireis então em um
estado de degradação moral em que o roubo, a mentira e o assassínio passarão
por atos generosos”.
X
1 - Santo Issa ia de uma cidade a outra, levantando pela palavra de Deus a
coragem dos israelitas que estavam prestes a sucumbir sob o peso do
desespero. Milhares de homens o seguiam para ouvir-lhe as prédicas.
2 - Mas os chefes das cidades tiveram medo dele e fizeram saber ao governador
principal, que residia em Jerusalém, que um homem chamado Issa havia
chegado ao país, que sublevava o povo contra as autoridades com os seus
sermões e que o povo o escutava assiduamente e esquecia os trabalhos do
Estado, acrescentando que, dentro em pouco, ele seria desembaraçado de seus
governadores.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
3 - Então Pilatos, governador de Jerusalém, ordenou que prendessem o pregador
Issa, o conduzissem à cidade e o levassem à presença dos juízes, todavia, para
não excitar o descontentamento da população, Pilatos encarregou os padres e os
sábios, velhos hebreus, de julgá-lo no templo.
4 - Entrementes, Issa, continuando suas pregações chegou a Jerusalém e, tendo
sabido de sua vinda, todos os habitantes, que já o conheciam de nome,
correram à sua presença.
5 - Eles o saudaram respeitosamente e lhe abriram as portas do seu templo, a fim
de ouvir de sua boca, o que havia dito em outras cidades de Israel.
6 - E Issa lhes disse: A raça humana perece por causa de sua falta de fé, porque
as trevas e as tempestades tresmalharam o rebanho humano, que perdeu os
seus pastores”.
7 - Mas as tempestades não durarão sempre e as trevas não ocultarão
eternamente a luz; o céu tornar-se-á breve sereno, a claridade celeste espalhar-
se-á por toda a terra e as ovelhas desgarradas reunir-se-ão ao redor de seus
pastores”.
8 - “Não vos esforceis em procurar caminhos diretos na escuridão, com o risco de
cairdes em algum fosso, mas poupai vossas últimas forças, sustentai-vos uns
aos outros, colocai toda a vossa confiança em Deus e esperai que um primeiro
clarão apareça”.
9 - “Aquele que sustenta seu vizinho ampara a si próprio e aquele que protege sua
família sustenta seu povo e seu país”.
10 - “Porque, crede, sem dúvida, próximo está o dia em que sereis libertados das
trevas; reunir-vos-ei em uma só família e vosso inimigo estremecerá de medo,
ele que ignora o que é um favor do grande Deus”.
11 - Os padres e os anciãos que o escutavam, cheios de admiração diante de sua
linguagem, perguntaram-lhe se era verdade que ele tivesse tentado sublevar o
povo contra as autoridades do país, assim como que um abismo se lhes abre aos
pés”.
12 - “É possível insurgirmo-nos contra homens transviados aos quais as trevas
ocultaram o caminho e o destino, respondeu Issa. Não tenho feito senão avisar
os infelizes, como faço aqui no templo, para que não avancem mais longe por
estradas tenebrosas, porque um abismo se lhes abre aos pés”.
13 - “O poder terrestre é de duração efêmera e está submetido a uma imensidade de
mudanças. Não seria de grande utilidade revoltar-se alguém contra ele, porque
um poder sucede sempre a outro poder e assim será até o fim da existência
humana”.
14 - “Ao contrário, não vedes que os poderosos e os ricos semeiam entre os filhos de
Israel um espírito de rebelião contra o poder eterno do céu?”
15 - Então os anciões lhe perguntaram: “Quem sois vós e de que país viestes para
cá? Antes não ouvíamos falar de vós e ignorávamos mesmo o vosso nome”.
16 - “Sou israelita, respondeu Issa, e, no dia do meu nascimento, vi os muros de
Jerusalém e ouvi soluçar meus irmãos reduzidos à escravidão e se lamentarem
minhas irmãs, que foram conduzidas para as terras dos pagãos”.
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17 - “E minh’alma se entristeceu dolorosamente quando vi que meus irmãos haviam
esquecido o verdadeiro Deus. Ainda criança, deixei a casa paterna para ir viver
entre outros povos”.
18 - “Mas, tendo ouvido dizer que meus irmãos suportavam torturas ainda maiores,
voltei ao país que meus pais habitavam para recordar a meus irmãos a fé de
seus antepassados, a qual nos prega a paciência na terra para conseguir, lá no
alto, uma felicidade perfeita e sublime”.
19 - E os sábios anciãos lhe fizeram ainda esta pergunta: “Afirma-se que renegais
as leis de Mossa e que ensinais ao povo o abandono do templo de Deus”.
20 - Issa lhes respondeu; “Não se destrói o que foi dado por nosso Pai Celestial e o
que foi destruído pelos pecadores; recomendei-lhes que purificassem o coração
de todas as máculas, porque ele é que é o verdadeiro templo de Deus”.
21 - “Quanto às leis de Mossa, esforço-me em restabelecê-las no coração dos
homens e eu vos digo que ignorais seu verdadeiro alcance, porque não é a
vingança mas o perdão que elas ensinam. O sentido dessas leis está adulterado.
XI
1 - Tendo escutado Issa, os padres e sábios anciãos resolveram entre si não o
julgar, visto que Issa não fazia mal a ninguém. Apresentando-se diante de
Pilatos, instituído governador de Jerusalém pelo rei pagão do país dos Romanos,
assim falaram:
2 - “Vimos o homem a quem acusais de excitar nosso povo à revolta, ouvimos suas
prédicas e soubemos que ele é nosso compatriota”.
3 - “Os chefes das cidades vos enviaram falsos relatórios porque é um homem
justo que ensina ao povo a palavra de Deus. Depois de havê-lo interrogado,
resolvemos deixá-lo ir em paz”.
4 - O governador ficou possuído de violenta cólera e enviou para perto de Issa
criados seus, disfarçados, a fim de lhe espiarem todos os atos e de os comunicar
às autoridades com as menores palavras que dirigisse ao povo.
5 - Issa, entretanto, continuava a visitar as cidades vizinhas e a ensinar os
verdadeiros caminhos do Criador, exortando os hebreus à paciência e lhes
prometendo uma pronta libertação.
6 - Muitas pessoas o seguiram por toda a parte em que ia; algumas não o
abandonaram e o serviam.
7 - E Issa lhes dizia: “Não crede nos milagres feitos pelas mãos do homem, porque
aquele que domina a natureza é o único capaz de fazer coisas sobrenaturais, ao
passo que o homem é impotente para deter a corrente dos ventos e espalhar a
chuva”.
8 - Entretanto, há um milagre que é possível ao homem fazer: é aquele em que,
cheio de crença sincera, se dispõe a desenraizar do coração todos os maus
pensamentos e, para isso, não transita mais pelos caminhos da maldade”.
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9 - “E todas as coisas que se fizeram sem Deus são erros grosseiros, seduções e
encantamentos que só servem para demonstrar a que ponto a alma daquele que
pratica esta arte está cheia de devassidão, de mentira e de impureza”.
10 - “Não deis fé aos oráculos, porque só Deus conhece o futuro; aquele que recorre
aos adivinhos conspurca o templo que está em seu coração e dá prova de
desconfiança a respeito do Criador”.
11 - “A fé nos adivinhos e em seus oráculos destrói a simplicidade inata no homem
e sua pureza infantil; um poder infernal se apodera dele e força-o a cometer
toda sorte de crimes e a adorar ídolos”.
12 - “Ao passo que o Senhor nosso Deus, que não tem ninguém que se lhe iguale, é
um, todo poderoso, onisciente e onipresente; é ele que possui a sabedoria e toda
luz”.
13 - “É a ele que deveis dirigir-vos para serdes consolados de vossas tristezas,
auxiliados em vossos trabalhos, curados de vossas enfermidades; aquele que
recorrer a ele não sofrerá recusa”.
14 - “O segredo da natureza está nas mãos de Deus, porque o mundo, antes de
surgir, existia no fundo do seu pensamento divino; ele se tornou material e
visível pela vontade do Altíssimo”.
15 - “Quando vos quiserdes dirigir a ele, tornai-vos crianças, porque não conheceis
nem o passado, nem o presente, nem o futuro, e Deus é o Senhor do tempo”.
XII
1 - “Homem justo, perguntaram os servidores disfarçados do governador de
Jerusalém, diz-nos se nos é necessário executar a vontade de nosso César ou
esperar nossa próxima libertação”.
2 - E Issa, tendo reconhecido naquelas pessoas indivíduos comprados para o
seguir, quando o interrogavam, lhes respondeu: “Não vos anunciei que sereis
libertados do César; é a alma, mergulhada no erro, que terá sua libertação”.
3 - “Não pode haver família sem chefe, não poderá haver ordem em um povo sem
um César, ao qual é preciso obedecer cegamente porque só ele responderá por
seus atos perante o tribunal supremo”.
4 - “César possui um direito divino, perguntaram-lhe ainda os espiões, e é o
melhor dos mortais?”
5 - Entre os homens não há melhor, mas existem os enfermos aos quais os eleitos
e encarregados de uma missão devem tratar usando dos meios que lhe confere a
lei sagrada do Pai Celestial”.
6 - “Clemência e justiça, eis os mais altos dons concedidos a César e seu nome
será ilustre se assim se manter”.
7 - “Mas aquele que age de outro modo, que infringe os limites do poder que tem
sobre seu subordinado e vai até pôr sua vida em perigo, esse ofende o grande
juiz e lesa sua dignidade na opinião dos homens”.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
8 - Nesse ínterim, uma velha que se aproximara do grupo para melhor ouvir Issa,
foi afastada por um dos homens disfarçados, que se colocou diante dela.
9 - Então Issa lhe disse: “Não é bom que um filho afaste sua mãe para ocupar o
primeiro lugar, que deve ser dado a ela”.
10 - “Aquele que não respeita sua mãe, o ser mais sagrado depois de Deus, é
indigno do nome de filho”.
11 - “Escutai o que vou dizer-vos: “Respeitai a mulher porque ela é a mãe do
universo e toda a verdade da criação reside nela”.
12 - “É ela que é a base de tudo o que há de bom e belo, como é também o germe da
vida e da morte. Dela depende toda a existência do homem, porque é seu apoio
moral e natural em seus trabalhos”.
13 - “Ela nos dá à luz no meio de sofrimentos; com o suor do seu rosto vela nosso
crescimento e vós lhe causais as mais vivas angústias até os seus últimos dias.
Bendizei-a e adorai- a, porque ela é vossa única amiga e sustentáculo na terra”.
14 - “Respeitai-a, defendei-a, porque, assim procedendo, ganhar-lhe-eis amor,
sereis agradáveis a Deus e muitas faltas vos serão perdoadas”.
15 - “Da mesma maneira, amai vossas esposas e respeitai-as porque elas serão
mães amanhã e, mais tarde, avós de uma nação inteira”.
16 - “Sede dóceis para com a mulher; seu amor enobrece o homem, abranda-lhe o
coração endurecido, doma a fera e dela faz um cordeiro”.
17 - “A esposa e a mãe, tesouros inapreciáveis que Deus vos deu, são os mais belos
ornamentos do Universo e delas nascerá tudo que habitará o mundo”.
18 - “Assim como Deus outrora separou a luz das trevas e a terra das águas, a
mulher possui o divino talento de separar no homem as boas intenções dos
maus pensamentos”.
19 - “É por isto que vos digo: Depois de Deus, vossos melhores pensamentos devem
pertencer às mães e às esposas, à mulher, enfim, que é para vós o templo divino
em o qual obtereis mais facilmente a felicidade perfeita”.
20 - “Colocai neste templo vossa força moral; aí esquecereis vossas tristezas, vossos
insucessos e recobrareis as forças perdidas que vos serão necessárias no auxílio
de vosso próximo”.
21 - “Não as humilheis, porque, assim procedendo, humilhareis a vós mesmos e
perdereis o sentimento de amor, sem o qual nada aqui na terra existiria”.
22 - “Protegei vossa esposa para que ela vos proteja, vós e toda vossa família; tudo o
que fizerdes por vossa mãe, vossa esposa, por uma viúva ou uma outra mulher
na desgraça, o fareis por vosso Deus”.
XIII
1 - Santo Issa ensinou assim ao povo de Israel durante três anos, em cada cidade,
em cada aldeia, nos caminhos e nos campos, e tudo que anunciara se realizava.
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2 - Durante todo esse tempo, os espiões do governador Pilatos o observavam
estreitamente, mas sem nada ouvir dizer que se assemelhasse aos relatórios que
haviam sido enviados antes pelos chefes das cidades a seu respeito.
3 - O governador Pilatos, porém, assustado com a grande popularidade de Santo
Issa, que, a crer em seus adversários, queria sublevar o povo para se fazer rei,
ordenou a um de seus espiões que o acusasse.
4 - Mandou então que soldados procedessem à sua prisão e o encerrassem em um
cárcere subterrâneo, onde lhe fizeram agüentar suplícios vários com o fim de
forçá-lo a acusar-se a si próprio, o que daria margem a ser condenado à morte.
5 - O Santo, só pensando na felicidade de seus irmãos, suportou todos os
sofrimentos em nome do Criador.
6 - Os servidores de Pilatos continuaram a torturá-lo e o reduziram a um estado
de fraqueza extrema, mas Deus estava com ele e não permitiu que Issa
morresse.
7 - Cientes dos sofrimentos e das torturas que o Santo suportava, os principais
sacerdotes e os sábios anciãos foram rogar ao governador para pô-lo em
liberdade na ocasião de uma grande festa que se achava próxima.
8 - Mas o governador se recusou a fazê-lo. Pediram então para que Issa
comparecesse perante o tribunal dos Anciãos a fim de que fosse condenado ou
absolvido antes da festa, no que Pilatos consentiu.
9 - No dia seguinte, o governador fez reunir os principais capitães, padres, anciãos
e legistas com o fim de julgar Issa.
10 - Tiraram-no do cárcere e fizeram-no sentar-se diante do governador, entre dois
bandidos, que eram julgados no mesmo momento, e isso com o fim de mostrar à
multidão que ele não era o único a ser condenado.
11 - Pilatos, dirigindo-se a Issa, lhe perguntou: “O” homem, é verdade que sublevais
o povo contra as autoridades com o intuito de vos tornardes rei de Israel? “.
12 - “Ninguém se torna rei por sua própria vontade, respondeu-lhe Issa, e vos
mentiram afirmando que eu amotinava o povo. Eu só falei do Rei dos céus e foi
a ele que pedi ao povo que adorasse”.
13 - “Porque os filhos de Israel perderam sua pureza original e, se não tiverem o
auxílio do verdadeiro Deus, serão sacrificados e seus templos tombarão em
ruínas”.
14 - “O poder temporal mantém a ordem em um país e eu lhes ensinei o seguinte:
“Vivei de acordo com a vossa situação e a vossa fortuna, a fim de não
perturbardes a ordem pública, e os exortei também a se lembrarem de que a
desordem lhes reinava no coração e no espírito”.
15 - “Também o Rei dos céus os puniu e suprimiu seus reis nacionais, por isto, lhes
dizia eu, que, se se resignassem à sua sorte, em recompensa, o reino dos céus
lhes seria aberto”.
16 - Nesse momento introduziram-se as testemunhas, uma das quais depôs assim:
“Dissestes ao povo que o poder temporal não era nada junto do poder real, que
devia libertar breve os israelitas do jugo pagão”.
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Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
17 - “Bendito sejais vós, disse-lhe Issa, por terdes dito a verdade. O Rei dos céus é
maior e mais poderoso do que a lei terrestre e seu reino supera a todos os reinos
da terra”.
18 - “E o tempo não está longe em que, conforme a vontade divina, o povo de Israel
se purificará de seus pecados, porque foi dito que um precursor viria anunciar a
libertação do povo e a sua reunião em uma só família”.
19 - O governador, dirigindo-se aos juízes, exclamou: “Ouvis? O israelita Issa
confessa o crime de que é acusado. Julgai-o então conforme vossas leis e
pronunciai contra ele a pena capital”.
20 - “Não podemos condená-lo, responderam-lhe os padres e anciãos. Vós acabais
de ouvi-lo dizer que fazia alusão ao Rei dos céus e que nada pregou que
constituísse uma insubordinação contra a lei”.
21 - O governador mandou então entrar a testemunha que, por instigação sua,
tinha traído Issa e esse homem entrou e, dirigindo-se a Issa, lhe perguntou:
“Não vos fazíeis passar por rei de Israel quando dizíeis que aquele que reina nos
céus vos havia enviado para preparar seu povo?”
22 - Issa, tendo-o abençoado, lhe disse: “Sereis perdoado, porque o que dizeis não
vem de vós”. Depois, dirigindo-se ao governador, falou: “Porque humilhar vossa
dignidade e porque ensinar vossos subalternos a viver na mentira, quando,
mesmo sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?”
23 - Ditas que foram estas palavras, o governador ficou possuído de violenta cólera
e ordenou a condenação de Issa à morte e a absolvição dos dois bandidos.
24 - Os juízes, tendo se consultado entre si, disseram a Pilatos: “Não assumiremos
sobre nossas cabeças a grande culpa de condenar um inocente e de absolver
bandidos, coisas contrárias às nossas leis”.
25 - “Fazei, pois, o que vos agradar”. Isto dito, os padres e os sábios anciãos saíram
e lavaram as mãos em um vaso sagrado, dizendo: “Somos inocentes da morte do
justo”.
XIV
1 - Por ordem do governador, os soldados levaram Issa e os dois bandidos, que
conduziram para o local do suplício, onde foram pregados em cruzes que
ergueram na terra.
2 - Durante o dia inteiro os corpos de Issa e dos bandidos ficaram suspensos,
gotejando sangue, sob a guarda de soldados; o povo permanecia ao redor, ao
passo que os parentes dos supliciados oravam e choravam.
3 - Ao pôr do sol, os sofrimentos de Issa tiveram termo. Ele perdeu o conhecimento
e a alma desse justo se destacou do corpo para fundir-se na Divindade.
4 - Assim findou a existência terrena do reflexo do Espírito Eterno sob a forma de
um homem que, após intensos sofrimentos, salvara pecadores endurecidos.
5 - Pilatos, entretanto, assustado com a sua ação, mandou entregar o corpo do
santo a seus parentes para que o enterrassem junto ao local do suplicio; a
multidão foi orar junto ao seu sepulcro e encheu o ar de soluços e gemidos.
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6 - Três dias após, o governador enviou soldados para desenterrarem o corpo de
Issa e o inumarem em qualquer outro lugar, com medo de um levante popular.
7 - Na manhã seguinte, a multidão encontrou o túmulo aberto e vazio; logo o ruído
se espalhou de que o Juiz Supremo tinha enviado seus anjos para levar os
despojos mortais do santo em que tinha residido, na terra, uma parte do seu
espírito divino.
8 - Quando tal ruído chegou ao conhecimento de Pilatos, proibiu, sob pena de
escravidão e morte, que jamais se pronunciasse o nome de Issa e se orasse ao
Senhor por ele.
9 - O povo, porém, continuou a chorar e a glorificar em alta voz o seu mestre;
assim muitos entre eles foram conduzidos ao cativeiro, submetidos a torturas e
condenadas à morte.
10 - Os discípulos de Issa abandonaram o país de Israel e partiram para todas as
terras dos pagãos, pregando a necessidade de se abandonarem erros grosseiros,
de pensarem na salvação de suas almas e na felicidade perfeita que espera os
humanos no mundo espiritual, cheio de luzes, em que há o repouso, em toda a
sua pureza, no seio da majestade perfeita do grande Criador.
11 - Os pagãos, seus reis e guerreiros ouviram os pregadores, abandonaram as
antigas crenças absurdas, renegaram seus padres e ídolos para entoar hosanas
ao sapientíssimo Criador do Universo, ao Rei dos Reis, cujo coração é cheio de
uma misericórdia infinita”.
Aqui termina a narração da vida de Santo Issa, de acordo com os documentos encontrados
por Notovitch.
Há de parecer estranho que Mossa, o Moisés dos hebreus, apareça na narrativa como
um príncipe egípcio, mas leiamos o que escreveu Lisandro de la Torre na pág. 274 de sua obra “A
questão social e os cristãos sociais”: “Mas, quem era Moisés? A Bíblia apresenta-o como um
hebreu e diz que ele matou um egípcio e foi viver entre os hebreus e se casou com Séfora,
filha de Ragual. A fácil impunidade desse crime traiçoeiro robustece a suposição de que a
autoridade do Faraó era muito fraca nas paragens onde andava Moisés. Renan supõe que
Moisés não era hebreu, mas egípcio, pois seu nome não é hebraico, e o nome Mosé é egípcio
e parece-lhe verossímil que este foi o seu. Egípcio renegado, teria podido adquirir
ascendência entre os hebreus e conceber o plano do êxodo, que coincidia com o interesse de
sua segurança pessoal”.
Estrabão, historiador grego e autor de 17 livros sobre a sabedoria antiga e que viveu na
época do nascimento do Cristo, refere que o êxodo do Egito teve lugar da seguinte forma: “Moisés,
um sacerdote egípcio que também dirigia uma província egípcia, dali partiu porque não estava
satisfeito com o estado de coisas local e com ele partiram muitos outros pelas mesmas razões
religiosas”. O caso é que Moisés dizia que não estava direito que os egípcios elevassem touros e
animais selvagens à categoria de deuses, assim como não era justo que os gregos dessem aos seus
deuses formas humanas:
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Em “Tudo começou em Babel”, do escritor alemão Herbert Wendt, lê-se o seguinte: “Os
egípcios, que emigraram para a Palestina, então se aliaram às nações vizinhas, parte por
fins comerciais, parte por costumes religiosos. E então surgiu aí o inconsiderável reino
dos judeus. Moisés e .os chefes religiosos dos judeus não eram judeus mas egípcios de alta
categoria, rebelados contra a situação religiosa. O nome Moisés é sem dúvida egípcio e
aparece nos nomes de muitos faraós: Thutmoses, Ahmoses, Ramesés, por exemplo. A grande
façanha de Moisés foi a de que se mostrou capaz de ajudar um grande número desses
párias escravos a fugir do Egito, dar-lhes leis e uma religião e ainda reuni-los em uma
única nação na terra de Canaã. Foi desde aquele tempo que começou a história judaica”.
Na mesma parte de “O Povo Eleito” do supracitado livro de Wendt, aparece uma hipótese
levantada pelo Fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, médico e psiquiatra judeu vienense,
concordando com Estrabão e outros, que “Moisés e os demais chefes religiosos, que guiaram os
judeus ao fugirem do Egito, não foram judeus, mas sim egípcios que se revoltaram contra a
religião egípcia do Estado.
Acontece que Freud não pára aí, “continua dizendo que não somente Moisés e a
casta sacerdotal dos levitas foram egípcios mas a própria religião monoteísta que, durante
milênios tornou possível a sobrevivência dos judeus, foi egípcia também”. Lê-se também ali
que a gente que constituiu o depois chamado povo judeu, hebreu ou israelita tinha várias
procedências, isto é, que era uma mistura de raças unidas por idéias religiosas.
Mas, depois de tantos séculos, dizemos nós, quem vai acreditar que Mossa ou Moisés foi
mesmo egípcio e não hebreu como sempre constou.
Da mesma forma poder-se-á dizer que o autor deste trabalho é alemão ou filho de
alemães, quando eu nasci em Niterói, Capital do Estado do Rio de Janeiro, Estado em que nasceram
também os meus pais, com, salvo um avô materno alemão, uma longa geração de ascendentes
fluminenses, mineiros e paulistas.
Tudo pode acontecer.
Sinópticos
(Extratos de “El corazon de Ásia”, de
Nicolau Roerich, edição do
Museu Roerich, de New York, MCMXXX)
Antes de fazer dois pequenos extratos da citada obra, vou dizer quem foi Roerich, de
acordo com Ricardo Rojas, em seu prólogo:
“Conheço a extraordinária personalidade de Nicolau Roerich, sua inquieta vida
de viajor de vários continentes, sua origem russa, sua aclimatação americana, sua obra
de pintor, de pensador e de educador, que fazem dele uma das mais singulares figuras do
mundo internacional contemporâneo. Para honrá-lo e para dar ao seu vigoroso espírito um
instrumento de ação, erigiu-se em New York o magnífico Museu que leva o seu nome e que
tem nas principais nações membros honorários da estirpe de Bernard Shaw, na Inglaterra;
de Zuloaga, na Espanha e de Rabindranath Tagore na Índia”.
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Isto dito e deixando aos leitores o trabalho de comparação, passo, sem comentários, aos
seguintes e interessantes trechos do seu livro:
“Em Srinagar, ouvimos, pela primeira vez, a curiosa lenda acerca da visita do
Cristo ao lugar. Depois, vimos quão amplamente difundida na Índia, no Ladak e na Ásia
Central é a da viagem do Cristo a esses países, durante sua larga ausência de que fala o
Evangelho. Os muçulmanos de Srinagar nos contaram que o Cristo crucificado, ou Issa,
como o chamam, não morreu na cruz, mas só desmaiou. Seus discípulos raptaram seu
corpo, o esconderam e o curaram. Posteriormente o levaram para Srinagar, onde doutrinou
o povo e ali morreu. O túmulo do Mestre se acha nos alicerces de uma casa particular e se
conta que existe lá uma inscrição que diz que, naquele lugar, foi enterrado o filho de José.
Narra-se que perto da sepultura se dão curas milagrosas e que o ar está saturado de
aromas. Dessa forma os crentes de outras religiões desejam ter o Cristo consigo”. (pág. 26).
Este outro trecho concorda com o anterior e com a narrativa de Notovitch. Ei-lo:
“Em Leh encontramos novamente a lenda da visita do Cristo a esses lugares. O
chefe indu dos correios de Leh e vários ladakis budistas nos contaram que nesta cidade,
não longe do bazar, ainda existe uma lagoa na margem da qual se erguia uma velha
árvore à cuja sombra o Cristo pregou ao povo, antes de sua partida para a Palestina.
Ouvimos também outra lenda de como o Cristo, quando jovem, chegou à Índia em uma
caravana de mercadores e como foi aprendendo a suma sabedoria dos Himalaias. Ouvimos
várias versões desta lenda, que se difundiu amplamente pelo Ladak, Sinkiang e Mongólia,
mas todas elas concordam em um ponto: que, durante o tempo de sua ausência, o Cristo
esteve na Índia e na Ásia. Não importa como e de onde proveio a lenda; talvez seja de origem
nestoriana, mas notável é que a ela se referem com absoluta sinceridade”. (págs. 31 e 32)
Aqui me detenho para passar a outra notícia concordante, mas de origem extra-humana,
isto é, espiritual.
(Trecho do livro “Herculanum”, ditado pelo
espírito do conde J. W. Rochester à
médium Sra. W. Krijanowsky, na França
edição da Livraria da Federação Espírita Brasileira, 1935)
Quem fala é o espírito do ex-centurião romano Quirinus Cornelius (anteriormente Allan
Kardec, sacerdote, druida, depois João Huss, padre da Boêmia), em resposta à pergunta de Caius
Lucilius (depois conde de Rochester, a própria entidade comunicante): “Onde é que Jesus, de
origem tão humilde, adquirira o grande saber e a eloqüência com a qual escravizava os corações?”
Informa ele:
“A sua origem divina manifestou-se do berço, justamente por uma sabedoria que
ultrapassava a sua idade e isso em todas as fases de sua vida. Entretanto, eis o que ouvi
a respeito. Depois daquela conversa com o Mestre, tive o ensejo de, por intermédio de um
dos discípulos, travar relações com um judeu rico e ardoroso adepto da nova doutrina, a
propósito desta mesma pergunta que ora me fazes.
34
Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Pois bem, esse homem me contou que o Mestre, ainda criança, foi a Jerusalém
pela Páscoa, e, tendo por acaso se intrometido entre os doutores, a todos surpreendeu por
suas dissertações e raciocínios, inconcebíveis na sua idade. Entre esses doutores,
encontrava-se um velho rabino de Alexandria, abastado e sábio homem, que se interessou
pelo menino precoce e veio a proporcionar-lhe, mais tarde, uma viagem àquela cidade, a
fim de instruir-se. A morte do velho o impediu de facultar a Jesus uma posição independente,
mas, ainda, assim, ele viajou pela Índia e só regressou à Galiléia dois ou três anos antes
de começar a sua predicação. Sendo, ao demais, muito discreto, nenhum dos seus discípulos
conhecia os pormenores da sua vida, nesse período que passou longe da pátria.
Sua mãe, essa não o poderia ignorar, mas a verdade é que também se conservou
muda a respeito”.
Esta narrativa, que concorda com as anteriores, concorda ainda com as que se seguem.
(Nota n° 1, da obra “La sorcellerie des
campagnées”, de Charles Lancelin, autor de
“L’Occultisme et la Science” e “La Vie Posthume”)
O próprio Jesus foi um iniciado nos Mistérios do Egito. Encontro uma prova inegável
disto em um erro de tradução, evidentemente proposital, que fizeram, sucessivamente, todos os
tradutores oficiais do evangelho de Mateus. Ei-lo: o versículo 46 do Capítulo XXVII, deste autor,
está assim: “E, pela nona hora, Jesus deu um grande brado, dizendo: ‘Eli, Eli, lamma
sabachthani!’, isto é, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”
Todos os manuscritos gregos transcrevem como seguem estas quatro palavras hebraicas:
Eli, Eli, lamma sabachthani! Esta transcrição é unânime, pode-se, portanto, considerá-la como
absolutamente exata. Ela deve ser tanto mais exata porque não apresenta nenhuma dificuldade e
ser, por sua vez, substituída pelo hebraico em que, letra por letra, escreve-se (o hebreu não tem
vogal) desta maneira: “LI, LI, LHM ShBHh ThNI”. Ora, a tradução desta frase não é “Meu Deus,
meu Deus, por que me abandonastes?” e sim “Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificais!”
E esta frase era precisamente (com a única diferença proveniente da adaptação da idéia
a uma outra língua) a fórmula que terminava nos mistérios do Egito a prece de ação de graças do
iniciado: numa palavra, ela era sacramental e fazia parte de ritos misteriosos.
Vejo na tradução oficial um contra-senso proposital, porque as edições que contêm esta
passagem não deixam de enviar o leitor ao Salmo XII (XXI de certas traduções), vers. I, que é: “Oh,
meu Deus! Oh, meu Deus! por que me abandonastes?”
A tradução deste versículo do salmo é, com efeito, exata, porém o texto é muito diferente
do de Mateus; traz “LI, LI LMHHhZHTh-Ni” (ou acrescentando a transcrição dos pontos
massoréticos: hazabattva-ni), fazendo o leitor observar que não se deve confundir o Hh, do primeiro
texto, com o Hh, do segundo, pois, no primeiro caso, é um Hheth, aspiração gutural muito forte
que o grego substituiu por Chi, quando no segundo texto é um Agin, outra aspiração muito forte.
Para representar estes sons guturais das línguas semíticas, o alfabeto latino oferece uma só letra:
o H, para as aspirações fracas e Hh para as aspirações fortes.
Ora, a que homem de bom senso pode-se fazer crer que, entre todos os hebraizantes
oficiais que estudaram estes textos, não houvesse um só para fazer o simplicíssimo trabalho que
acabo de apresentar ao leitor e, por conseguinte, desvendar o erro? Donde deriva ele?
35
Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Simplesmente disto: que, na época em que o evangelho de Mateus foi traduzido, no
grego, por São Jerônimo, esta fórmula ritual era conhecida pelos padres contemporâneos, pois
ainda existia bom número de iniciados hierofantes. Dar uma tradução exata seria classificar Jesus,
ipso facto, entre os iniciados do Egito. E isto é tão verdadeiro que, embora tenha existido, ou ainda
com certeza exista nas câmaras secretas da biblioteca do Vaticano, nunca nos apresentaram o
texto original hebraico de Mateus, e que São Jerônimo, depois de se ter servido dele para firmar
sua própria tradução (que, na realidade, era uma adaptação muito abreviada), depois de nos ter
dado, do texto que ele próprio fez, a tradução errada, atualmente em voga, trata de heréticos todos
os outros comentários que não os seus e denuncia como heréticas todas as seitas cristãs ebionitas,
gnósticas, cabalistas, cevirtas, etc., que se serviram do livro original hebreu de Mateus. Contudo,
não se deve procurar a razão desse ostracismo no fato único que acabo de estudar, mas também
nessa outra causa que o livro de Mateus provava a existência, no ensino crístico, de uma doutrina
esotérica secreta que só devia ser conhecida por certos iniciados.
(Citação do livro “Cristianismo Místico”,
do Yogi Ramacharaka, edição do
Círculo Esotérico da Comunhão do
Pensamento, 1926, págs. 79/83)
Escreve Ramacharaka que, se não me engano, é o ocultista inglês William Walker
Atkinson:
Lendas e tradições de organizações e irmandades místicas e ocultistas nos dizem que,
depois do acontecimento do Templo, onde os pais o encontraram no meio dos doutores,
aproximaram-se de Jesus membros da organização secreta a que pertenciam os Magos e
fizeram os pais ver que não convinha que Jesus ficasse recluso na carpintaria, quando
tinha dado provas evidentes de um maravilhoso desenvolvimento espiritual e tão admirável
compreensão intelectual de assuntos gravíssimos. Depois de longa e séria consideração,
os progenitores de Jesus consentiram que ele seguisse o plano dos Magos e permitiram-
lhes levá-lo consigo para a sua terra e seus retiros a fim de receber ali as instruções que a
sua alma anelava e para as quais a sua mente estava preparada”.
É verdade que o Novo Testamento não corrobora essas lendas ocultistas, mas igualmente
é verdade que nada diz de contrário; passa com o silêncio por cima deste importante período
de dezessete anos. É notável que, quando Jesus apareceu no cenário da atividade de
João, este não o conheceu e, se Jesus tivesse passado aqueles anos em casa, João, seu
primo teria conhecido seus traços fisionômicos e sua aparência pessoal.
Os ensinos ocultistas nos dizem que aqueles dezessete anos da vida de Jesus, a respeito
dos quais os Evangelhos nada contam, foram aproveitados por ele para viagens a terras
longínquas, onde adolescente e moço foi instruído na sabedoria e ciência das diferentes
escolas. Segundo essas tradições, ele foi à Índia, ao Egito, à Pérsia e a outras regiões
distantes, vivendo alguns anos em cada centro importante e sendo iniciado nas diversas
irmandades, ordens e corporações que ali tinham suas sedes. Algumas tradições das ordens
egípcias falam de um jovem Mestre que esteve entre os irmãos daquela terra e do mesmo
modo há tradições análogas na Pérsia e na Índia.
Entre as lamasarias ocultas do Tibet e nos montes Himalaias podem se encontrar lendas e
histórias concernentes ao admirável Mestre que certa vez visitou tais paragens e observou
sua sabedoria e ciência secreta.
36
Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos
Além disso, há tradições entre os bramanistas, budistas e zoroastristas que narram a
história de um estranho instrutor que apareceu no seu meio, ensinou admiráveis verdades
e levantou contra si grande oposição dos sacerdotes das várias religiões da Índia e da
Pérsia, porque pregava contra a casta sacerdotal e o formalismo e também se opunha a
todas as formas de distinções e restrições das castas sociais. E tudo está também de
acordo com as lendas ocultistas que dizem que do seu vigésimo primeiro até quase ao
trigésimo ano de idade, Jesus exerceu seu ministério entre o povo da Índia, da Pérsia e das
terras vizinhas, voltando, finalmente, ao seu país natal onde foi ativo durante os últimos
anos de sua vida.
As lendas ocultistas nos informam que, em todas as terras que visitou, despertara a mais
amarga oposição aos sacerdotes, que sempre se opunha ao formalismo e ao poder sacerdotal
e procurara reconduzir o povo ao Espírito da Verdade, afastando-o das cerimônias e fórmulas
de que sempre se têm servido para ofuscar e nublar a Luz do Espírito.
Ele ensinou sempre a Paternidade de Deus e a Irmandade do Homem. Empenhou-se por
tornar as grandes verdades ocultas compreensíveis à massa do povo, que tinha perdido o
Espírito da Verdade em sua observância das formas externas e cerimônias pretensiosas.
Relata-se que, na Índia, atraiu sobre sua cabeça a ira dos brâmanes, que sustentavam a
distinção das castas, essa maldição da Índia. Ele morava na cabana dos sudras, a mais
baixa das castas hindus e por isso era olhado como pária pelas classes superiores.
Por toda a parte os sacerdotes e as castas superiores o consideravam como revoltoso e
perturbador da ordem social estabelecida. Era um agitador, um rebelde, um renegado
religioso, um socialista, um homem perigoso, um cidadão indesejável, na opinião das
autoridades daqueles países.
Os grãos da sabedoria, porém, foram semeados à direita e à esquerda e, nas doutrinas de
outros países orientais, se pode achar a Verdade, cuja semelhança com as doutrinas de
Jesus, que foram conservadas, demonstra que provêm da mesma fonte e deram muito que
pensar aos missionários cristãos que visitaram aquelas terras.
E assim, devagar e com paciência, Jesus foi regressando à sua pátria, à terra de Israel,
onde devia completar o seu ministério, trabalhando por três anos entre os seus compatriotas
e onde igualmente devia incitar contra si a oposição dos sacerdotes e das classes elevadas
que lhe trouxe finalmente o martírio e a morte. Ele era rebelde contra a ordem estabelecida
das coisas e encontrou o fado reservado a todos os que vivem acima de seu tempo.
E, como aconteceu desde os primeiros dias do seu ministério até o último, hoje, as
verdadeiras doutrinas do Homem das Dores tocam mais facilmente os corações do povo,
ao passo que são contrariadas e combatidas pelas pessoas que têm autoridade eclesiástica
ou temporal, embora se chamem seus sequazes e apresentem suas insígnias. Ele foi sempre
o amigo do pobre e oprimido, e odiado pelos homens do poder.
Assim, pois, vedes que os ensinos ocultistas mostram que Jesus tem sido um instrutor
mundial e não apenas um profeta judeu. O mundo inteiro foi seu auditório e todos os povos
seus ouvintes.
Ele plantou seus grãos de Verdade no seio de várias religiões e não numa só, e estas
sementes estão começando a dar os seus melhores frutos agora em nossos dias, quando
as nações começam a sentir a verdade da Paternidade de Deus e da Irmandade dos Homens
e o novo sentimento vai se tornando bastante forte para derrubar os velhos preconceitos
que separam irmão de irmão e um credo de outro credo. O Cristianismo, em seu sentido
verdadeiro, não é apenas um credo, é uma grande Verdade humana e divina, que há de
elevar-se por sobre todas as mesquinhas diferenças de raça e religião, para no fim iluminar
todos os homens, unindo-os todos num só rebanho da Fraternidade Universal.
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Jesus: Uma Visão Multifacetada de Seus 17 Anos Desconhecidos

  • 1. 1 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Capa
  • 2. 2 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Dados do Livro Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Exemplar nº 0246 Para uso exclusivo de Fernando Bicudo Salomão Permitida apenas uma única reprodução, em papel ou arquivo, para segurança. Livraria Maçônica Paulo Fuchs São Paulo, SP – 11 5510-0370 internet: www.livrariamaconica.com.br agosto de 2002. © Francisco Klörs Werneck – Todos os direitos reservados.
  • 3. 3 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Indice Capa Dados do LivroIndice Apresentação Introdução A Vida Desconhecida de Jesus Cristo A Vida de Santo Issa Sinópticos Jesus e os Manuscritos do Mar Morto Elementos Suplementares para o Estudo de Jesus-Cristo Retrato de Jesus Outro Retrato de Jesus Origem do Nascimento Virginal de Jesus Nascimento de Jesus e a Astrologia
  • 4. 4 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Apresentação Quem foi Jesus, chamado o Cristo, o Messias? Até hoje milhões de cristãos de todas as religiões perguntam onde esteve ele durante os chamados 17 anos de sua vida desconhecida, e a resposta mais cômoda que conseguem obter é a de que Jesus esteve trabalhando na oficina de carpintaria de seu pai, José. Mas o próprio Novo Testamento se encarrega de desmentir essa afirmativa quando diz que, ao regressar ele à sua terra natal, os judeus indagavam se não era ele o filho do carpinteiro José, pois já não o conheciam mais, e ainda de onde lhe teria vindo toda aquela sabedoria, conforme o Evangelho segundo Mateus, vers. 55/56 do cap. 13. Esta falta de conhecimento de 17 dos 33 anos de vida de Jesus tem levado muita gente à descrença e à afirmativa de que a sua vida foi forjada e copiada de grandes vultos religiosos de longínquo passado. Para suprir esta surpreendente lacuna, o Dr. Francisco Klörs Werneck resolveu dedicar-se ao assunto e, por mais de 40 anos seguidos, reuniu todo o material que pôde para mostrar a pessoa de Jesus sob vários pontos de vista. Num imparcial e audacioso trabalho como este, procurar reconstituir toda a sua vida de 33 anos e reconduzir as ovelhas perdidas ao seu novo aprisco, ao rebanho do Mestre dos Mestres, que deve ser um só. Francisco Klörs Werneck
  • 5. 5 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Introdução Quando estudei o Espiritismo, estudei também e procurei compreender a extraordinária figura do Cristo, sob o ponto de vista espiritualista, mas verifiquei, desde logo, a grande confusão que gira em torno da sublime personalidade do rabi da Galiléia. Li as seguintes obras (títulos em português): Os Evangelhos; A Vida de Jesus, de Ernest Renan; História do Cristo, de Giovani Papini; Jesus, de Souza Carneiro; Cristianismo Místico, do Yogi Ramacharaka; Os Quatro Evangelhos, comunicações mediúnicas recebidas pela Sra. Colignon; A Vida de Jesus Ditada por Ele Mesmo, mensagens mediúnicas recebidas pela Sra. X.; Novo Nuctemeron, livro ditado pelo espírito de Apolônio de Tiana; Elucidações Evangélicas, mensagens espíritas compiladas por Antônio Luiz Sayão; Jesus Perante a Cristandade; obra ditada pelo espírito de Francisco Leite Bittencourt Sampaio; A vida Desconhecida de Jesus-Cristo, de Nicolau Notovitch; Jesus e Sua Doutrina, de A. Leterre; Da Esfinge ao Cristo, de Edouard Schuré; Os Grandes Iniciados, idem. A Bíblia na Índia, de Louis Jacolliot; O Cristo Nunca Existiu, de J. Brandes, etc.; e muitos artigos e mensagens espíritas, daqui e do estrangeiro, a respeito d’Ele. Nas obras mediúnicas de meu conhecimento, os espíritos comunicantes geralmente vêem Jesus sob o prisma ou o aspecto pelo qual o conheceram na vida terrena, de modo que, como estas obras já são conhecidas no vernáculo, vou recorrer a algumas obras publicadas no estrangeiro, esperando que projetem alguma luz sobre esta questão que não é nova: quem foi realmente Jesus e o que fez ele nos 17 anos desconhecidos de sua vida na Palestina? Passemos a elas. No “Novo Nuctemeron”, obra ditada pelo espírito de Apolônio de Tiana à conhecida médium inglesa Marjorie Livingstone e prefaciada por Sir Arthur Conan Doyle, vemos que no Jesus carnal se encarnou o Cristo, o iniciado divino. Como esse livro é pouco conhecido, dele extraio os seguintes trechos: “O Iniciado Divino, o Filho de Deus, realizou para vós essa Descida na Matéria, essa Ordália Perfeita, essa Oblata de si mesmo, esse Sacrifício até a morte”. (Cap. II)
  • 6. 6 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos “Podeis perguntar-me como o Iniciado Egípcio podia ver o Cristo 2000 anos antes de ter Jesus nascido na Galiléia. A resposta é bem simples. Não devereis pensar que, porque o Cristo ainda não se tinha manifestado na carne, ele não existia. Sua manifestação na pessoa de Jesus de Nazaré não foi senão um incidente de sua vida eterna; para a vossa Terra é talvez o mais importante de sua história”. “Repito que a manifestação do Espírito Divino do Cristo Cósmico em Jesus de Nazaré não foi senão um incidente, etc”. “Antes do período da Encarnação em Jesus de Nazaré, os Iniciados veneravam e temiam o Cristo de Deus, mas com incompreensão; depois da Encarnação, um amor pessoal por ele surgiu na Humanidade”. “...nós não podemos conceber uma alegria mais extática, um esplendor mais radioso do que a Visão d’Aquele que era ao mesmo tempo Filho de Deus e filho do Homem”. “Durante a vida de Jesus de Nazaré, Deus se manifestou diretamente no corpo do Homem e dessa forma submeteu-se a leis naturais e a limitações físicas. Esse Ato Supremo resumiu não somente todas as possibilidades do Bem pelo Homem, no plano material, mas também em todos os ciclos do seu progresso. Deus, tendo assim se manifestado na carne, pode também manifestar-se à vontade, de maneira reconhecível, em todos os planos intermediários. Assim, ele é o Cristo, Jesus e Deus, porém a sua forma não é a mesma em todas as esferas”. (Cap. VII) “Em sua Encarnação, o Cristo tomou a semelhança humana e essa aparência não foi senão o invólucro exterior dos diferentes estados do seu ser, ainda como Homem. Quando deixou a carne, a forma de sua personalidade física permaneceu gravada em sua Forma astral e espiritual, que ele havia tomado antes para chegar a um estado mais denso pelo qual a Encarnação fosse possível. Deus não pode pôr-se em contato direto com a matéria e vários estados da Natureza foram precisos antes que a corrente da Força Divina pudesse ser suficientemente isolada para tal fim. O Cristo, tendo tomado uma única vez sobre si todos os diferentes estados aos quais pode o Homem estar sujeito, pôde retomar essas condições à vontade. Os que por sua grande virtude ou porque tenham um ardente desejo ou grande necessidade de verem o Cristo o verão na forma que ele viveu na Galiléia; os que passaram o véu da morte podem vê-lo na forma que ele reveste para visitar as esferas intermediárias” (Cap. IX). Resumindo: no corpo de Jesus humano encarnou-se o Cristo de Deus para conduzir esta pobre humanidade por novos caminhos. É por isto que João, o Evangelista, disse que o Verbo se fez carne e habitou entre nós e que, no começo, estava com Deus. Para Jacolliot (A Bíblia na Índia); na vida de Jesus Cristo há fatos da de Iezus Crisma, o reformador hindu. E, para Schuré (Da Esfinge ao Cristo), Jesus só existiu até o batismo no Jordão, quando o espírito do Cristo se incorporou nele. Segundo os teósofos, o corpo de Jiddu Krishnamurti seria o novo veículo pelo qual o Cristo se manifestaria ao mundo (O .Cristo voltará, de Jean Deville), mas Krishnamurti dissolveu a Ordem da Estrela e fundou nova corrente de pensamento. Ao passo que o Abade Alta (O Cristianismo do Cristo e o dos seus vigários) nos diz, como muitos outros autores, que o Cristo foi contemporâneo de Apolônio de Tiana, o teosofista australiano Charles W. Leadbeater (Os Mestres e o Caminho) escreve que “O Mestre Jesus, que atingiu o adeptado durante a encarnacão em que foi conhecido sob o nome de Apolônio de Tiana e que se tornou mais tarde Shri Ramnujacharva, o grande re-formador religioso do sul da Índia, dirige o sexto Raio, o da devoção ou Bhakti”.
  • 7. 7 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Aludo, de passagem, à obra do Dr. Franz Hartmann intitulada “Vida de Jehoshua”, segundo a qual Jesus seria filho espúrio de um legionário romano chamado Pandira e de Maria, ainda não casada com José, e que seu nome era Jesus ben-Pandira. A tal se contrapõe a nota “A” das anotações feitas no fim da obra do Prof. Petrucelli della Gattina “Memórias de Judas”, baseada, ao que parece, em um evangelho apócrifo. Diz a referida nota: “O Talmud, capítulo VI, Sanhedrin, fala de ter sido lapidado um Jesus de Nazaré, réu de magia, de sedução e de corrupção dos seus correligionários. No capítulo seguinte, acha-se mencionado um outro Jesus, filho de Pandira e de Maria, bordadeira ou modista, mulher de Studa, ou de uma Studa, mulher de Papus, filho de Jehuda. Esta Maria era da Lydia e viveu perto de 70 anos depois de Maria, mãe do Jesus dos Cristãos. É este Jesus que, diz Raban Maur, os judeus amaldiçoavam em todas as suas orações, como ímpio, filho de um ímpio, o pagão Pandira e da adúltera Maria”. Quanto ao livro de Binet-Sanglé, “A loucura de Jesus”, é um trabalho que se lê com desgosto e tristeza ao mesmo tempo. Um protestante, Charles T. Russell (Estudos das Escrituras) assim define a personalidade de Jesus: “Antes do Cristo vir ao mundo, era ele um ser especial possuindo natureza espiritual, não sendo, na acepção mais elevada, um ser divino. Essa natureza espiritual mudou--se quando apareceu no mundo, transformando-se em perfeita natureza humana”. Já para os budistas, Jesus é um Nirmanakaya, isto é, um ser humano muito evoluído, o qual, por uma série de existências perfeitas, atingira o Nirvana. A revista inglesa The Two Worlds, de Manchester, n° de 8-9-1939, dá notícia de um livro sob o título “Vi o Mestre”, ditado por “Ray” e compilado por Grace Gibbons Grindling, no qual se lê que Maria, mãe de Jesus, teve outros quatro filhos e que José era pai adotivo de Jesus. Trata-se de uma coleção de comunicações de quem se diz chamar “Godfrey” e que teria perdido a vida na guerra em outubro de 1915. Mas, se esse livro teve por autor uma entidade espiritual não “credenciada”, já o mesmo não aconteceu com outro livro a que se refere L’Astrosophie, de Cartago, Tunísia, n° de Maio de 1938. Tem o título de “Vida de Jesus” e traz o quilométrico sub-título de “Vida inédita e rigorosamente verdadeira, ditada por João, o Evangelista, assistido pelos apóstolos Pedro e Paulo, assim como pelo profeta Samuel ao qual se juntou o iniciado hindu Kirbi”. Em 1938 apareceu na imprensa londrina um livro mediúnico que obteve enorme sucesso e foi lido com grande avidez pelo público que se interessa por conhecer detalhes sobre o período da vida de Jesus que vai dos 13 aos 30 anos. Essa interessante obra, de que possuo um exemplar ofertado em 6 de dezembro daquele ano pelo apreciado escritor espírita português Frederico Duarte, o F. Etraud da “Crônica Estrangeira” de The Two Worlds, de Manchester, cidade inglesa em que residiu há muito tempo, foi ditada por um espírito que se deu o singelo nome de “Mensageiro”, em vez de se adornar com qualquer nome bíblico ou evangélico para dar maior autoridade ao seu ditado. Tem ela o título de “Fragmentos dos anos desconhecidos da vida de Jesus” e está dividida nos seguintes capítulos: I - Introdução e Descrições; II - Jesus no Templo; III - Jesus no Deserto; IV - Jesus no Tibet; V - A Decisão; VI - Jesus na Índia; VII - Jesus no Egito; VIII - Cerimônia de Iniciação; IX - Jesus na Pérsia; X - Jesus volta ao Egito e XI - Consagração de Jesus. Sobre a referida obra, colhemos no n° 28 de outubro de 1938, da citada revista inglesa, os seguintes comentários feitos pelo Sr. F. C. Wentworth:
  • 8. 8 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos “Há um considerável número de livros tratando do pouco conhecido período da vida a Jesus, que vai dos 13 aos 30 anos. Que sucedeu durante aquele tempo para transformá-lo de um menino inteligente em um mestre cujos ensinos deviam influenciar civilizações? Registros daquele lapso de tempo praticamente não existem. Informações tivemos de que em templos da Índia e mosteiros do Tibet há documentos que tratam da iniciação de alguém chamado Jesus. Rumores circulam de que documentos da biblioteca do Vaticano muito poderiam revelar se ela escapasse à proibição imposta pelas autoridades papais, que acham não dever torná-los públicos, havendo, portanto, sempre um ar de mistério a cobrir a resposta de uma questão que tem deixado atônitos todos os que estudaram o desenvolvimento da personalidade de Jesus. Uma obra acaba de aparecer, ditada a um médium sob a autoridade de um espírito comunicante que diz ter tido conhecimento daquele período de tempo da vida desconhecida de Jesus. A dificuldade existente no caso é a de não se poder comparar o livro com notícias conhecidas. Ele deve ser aceito em seu mérito interior e em seu valor comparativo em documentos históricos, que devem suportar as críticas que se farão sobre o trabalho. O livro tem o título de Fragments of the hidden years of Jesus e foi ditado por um “Escriba” que esclarece: “Estes escritos me foram transmitidos do Além, durante muitas sessões com a médium Sra. Graddon-Thomas, que sempre esteve mergulhada em profundo estado de transe. Um espírito que se deu o nome de ‘Mensageiro’ os ditou a mim e eu escrevi pela mão dela. Nem eu e nem a médium poderíamos escrever este livro e minha responsabilidade está limitada à transcrição do assunto”. Este parágrafo deve ser lembrado ao serem lidos os capítulos tratando da iniciação de Jesus nas escolas da Índia, Tibet, Egito e Pérsia. Pinta-se então um quadro íntimo do desenvolvimento de suas faculdades de como foi ele treinado pelos sumos-sacerdotes de várias ordens para fazer uso das qualidades superiores de sua consciência a fim de colher as vastas reservas do poder invisível de que ia servir-se durante o curso do seu ministério. A teoria de que Jesus passou através de escolas iniciáticas do Egito e de outros centros de aprendizagem não é nova. Certos aspectos do seu ensino revelam influências que devem ser traçadas a um ou outro desses centros iniciáticos, porquanto seus ensinamentos demonstram que ele não desconhecia a obra de seus mestres e antecessores”. Notei que o articulista disse acima: “A dificuldade existente no caso é a de não se poder comparar livro com notícias conhecidas. Ele deve ser aceite seu mérito interior e em seu valor comparativo com documentos históricos, que devem suportar as críticas que se farão sobre o trabalho”. É o que vou tentar fazer, detendo-me mais demoradamente no livro de Notovitch La vie inconnue de Jésus Christ, para depois passar a umas notícias análogas a que darei o título Sinópticos”, isto é, Concordantes, e aos manuscritos mar Morto. Darei a “Introdução” da obra de Notovitch, farei um resumo das peripécias de suas viagens e do encontro dos manuscritos tibetanos e transcreverei, em versículos, tal como foi achada, a “Vida de Santo Issa”. Creio ter assim correspondido à curiosidade de muitos e atendido os inúmeros pedidos que me têm si feitos. Francisco Klörs Werneck
  • 9. 9 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos A Vida Desconhecida de Jesus Cristo Conforme prometi linhas atrás, transcrevo a seguir a “Introdução” do supracitado livro de Nicolau Notovitch, em que nele narra, resumidamente, as peripécias de sua viagem, o encontro dos manuscritos tibetanos e as tentativas que fez para publicá-lo na França. Escreve Notovitch: Depois da guerra da Turquia (1877/8), empreendi uma série de viagens ao Oriente. Após ter visitado todas as localidades, ainda que de pouca importância, da península balcânica, transportei-me, através do Cáucaso à Ásia Central e à Pérsia e, finalmente, em 1887, parti para a Índia, país admirável que me atraía desde a minha infância. O fim dessa viagem era o de conhecer e estudar, in loco, os povos que habitam a Índia, seus costumes, sua arqueologia grandiosa e misteriosa e a natureza colossal e cheia de majestade desse país. Errando, sem plano prefixado, de um lugar para outro, cheguei até o Afeganistão montanhoso, donde alcancei a Índia pelo trajeto pitoresco de Bolan e de Guernai. Depois, subi o Indo até Raval Pindi, percorri o Pendjab, país dos cinco rios, visitei o templo de ouro de Amritsa, o túmulo de Ranjid-Singh, rei do Pendjab, perto de Lahore, dirigindo- me para o Kashmyr, o vale da felicidade eterna. Aí comecei minhas peregrinações ao sabor da curiosidade até que cheguei ao Ladak, onde formei o projeto de voltar à Rússia pelo Karakorum e o Turquestão chinês. Certo dia, no decurso da visita que fiz a um convento budista, situado no meu caminho, soube, do lama-chefe, que existiam, nos arquivos de Lhassa, memórias muito antigas, que faziam referências à vida de Jesus Cristo e a nações do Oriente e que certos mosteiros possuíam cópias e traduções de tais crônicas. Como era pouco provável que eu fizesse ainda uma viagem por aqueles países, resolvi transferir, para outra época posterior, minha volta à Europa, e, custasse o que custasse; decidi-me ou a encontrar essas cópias nos grandes conventos ou a chegar ao Lhassa, viagem que está longe de ser tão perigosa e tão difícil como se costuma dizer; demais, achava-me tão habituado a toda sorte de perigos que eles já não podiam fazer-me recuar um passo. Durante minha permanência em Leh, capital do Ladack, visitei o grande convento de Himis, situado nas cercanias da cidade. O lama daquele convento me declarou que a biblioteca monástica continha algumas cópias dos manuscritos em questão. Para que as autoridades não suspeitassem do objetivo de minha visita ao convento e a fim de não encontrar obstáculos, dada a minha qualidade de russo, fiz saber, numa viagem posterior ao Tibet, de retorno a Leh, que voltava à Índia. Deixei, novamente, a capital do Ladak. Uma queda infeliz, em conseqüência da qual quebrei uma das pernas, forneceu-me inesperado pretexto para voltar ao convento, onde me foram prestados os primeiros socorros médicos. Aproveitei minha curta estada entre os lamas para obter do lama-chefe consentimento para que me fossem mostrados os manuscritos relativos a Jesus-Cristo, existentes na biblioteca do convento, e, ajudado por meu intérprete, que me traduzia a língua tibetana, anotei, cuidadosamente, em meu caderno, o que o lama me dizia.
  • 10. 10 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos A respeito desse mosteiro de Himis, mister se faz entremos em pormenores porque dois mosteiros trazem este nome no Tibet. Aquele em que fui recolhido por estar ferido, e cuidadosamente tratado e em que me foi comunicada a existência dos documentos que entrego à curiosidade pública, é o mosteiro situado no Ladak, não longe de Leh, nas proximidades do rio Indo e aos pés das montanhas, dominado pelo pico de Himis, de 18.733 pés de altitude. É, depois do mosteiro central do Lhassa, o mais povoado do Tibet, sua biblioteca é a mais rica e seus monges os mais instruídos e estudiosos. O outro Himis está situado no caminho de Khalsi a Leh e junto ao Shavlikangri, de 18.096 pés, ao norte do Indo. É uma aldeia com um pequeno mosteiro, muito pobre, abrigando quatro ou cinco monges que se entregam comumente a trabalhos manuais, fora das horas de suas maquinais orações. Todos os que se acham um pouco familiarizados com o Tibet sabem, aliás, que é tão impossível confundir essas duas localidades quanto o Paris e o Versailles da França com o Paris e o Versailles do Connecticut. Não tenho dúvida alguma quanto à autenticidade da crônica que me foi comunicada e que me pareceu redigida, com muita exatidão, por historiadores brâmanes e, sobretudo, por budistas da Índia e do Nepal. Quis, de volta à Europa, publicar a tradução delas e, com esse fim, dirigi-me a vários eclesiásticos universalmente conhecidos, rogando-lhes lessem minhas notas e dissessem o que delas pensavam. Monsenhor Platon, célebre metropolitano de Kiew, foi de opinião que o trabalho era de grande importância, porém dissuadiu-me de fazer aparecer essas memórias acreditando que sua publicação só poderia causar-me aborrecimentos. Por quê? Foi o que o venerável prelado se recusou a dizer-me de modo explícito. Entretanto, como nossa conversa foi na Rússia, onde a censura teria posto seu veto em semelhante obra, resolvi esperar. Um ano depois me achava em Roma. Mostrei o manuscrito ao Cardeal Nina, muito estimado pelo Santo Padre, o qual me respondeu textualmente o seguinte: “Que necessidade há de imprimir-se isto? Ninguém lhe dará grande importância e vós criareis uma multidão de inimigos. No entanto, sois tão jovem ainda! Se é uma questão de dinheiro que vos interessa, pedirei para vós uma recompensa pelas vossas notas, recompensa que vos indenizará das despesas feitas e do tempo perdido”. Naturalmente que recusei. Em Paris falei do meu projeto com o Cardeal Rotelli, que conheci em Constantinopla. Ele também se opôs a que eu imprimisse o meu trabalho sob o pretexto de que era prematuro. “A Igreja - acrescentou ele -sofre novamente correntes de idéias ateístas e vós só fornecereis ensejo a caluniadores e detratores da doutrina evangélica. Vo-lo digo no interesse de todas as igrejas cristãs”. Fui, em seguida, procurar Jules Simon. Ele achou que minha comunicação era muito interessante e me recomendou que pedisse a opinião de Ernest Renan a respeito da melhor maneira de publicá-la. No dia seguinte, pela manhã, estava eu sentado no gabinete do grande filósofo. No fim de nossa conversa, Renan me propôs que lhe confiasse as memórias em questão, a fim de fazer um relatório delas à Academia. Tal proposta, como se compreende bem, era muito sedutora e lisonjeava meu amor-próprio, todavia tornei a levar a obra sob o pretexto de revê-la ainda uma vez. Previa que, se aceitasse a proposta, só teria a honra de ter achado a crônica, ao passo que ao ilustre autor da Vie de Jésus caberia toda a glória da publicação e seus comentários.
  • 11. 11 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Ora, eu me julgava bem preparado para publicar a tradução da crônica, fazendo-a acompanhar de notas minhas; declinei, pois, da proposta que me fizera Renan. Para não ferir a susceptibilidade do grande mestre, que respeito profundamente, resolvi aguardar-lhe a morte, acontecimento fatal que não devia tardar, a julgar por sua fraqueza geral. Pouco depois da morte de Renan, escrevi a Jules Simon para pedir-lhe a opinião. Ele me respondeu que me competia julgar da oportunidade de fazer aparecer as memórias. Pus, então, em ordem, minhas notas, reservando-me o direito de provar a autenticidade dessas crônicas. Desenvolvo aqui os argumentos que devem convencer-nos da sinceridade e boa-fé dos compiladores budistas. Junto, também, provas que atestam minha boa-fé e minha própria sinceridade. Os maldizentes me demonstraram que essas provas, que eu havia julgado inúteis em 1894, se tornaram necessárias em 1899. Desejaria juntar provas ainda mais materiais: quero falar de fotografias muito curiosas que bati no decurso de minhas excursões e que teriam falado a meu respeito às pessoas mais desconfiadas. Infelizmente, quando de minha volta da Índia, examinei os negativos e verifiquei que haviam ficado completamente estragados. Foi por isto que, para ilustrar meu livro, recorri à extrema gentileza de meu amigo, o Sr. d’Auvergne, que havia feito várias viagens ao Himalaia e que, graciosamente, me ofereceu algumas provas. Passo, sem mais delongas, ao prometido resumo da “Vida de Santo Issa”, segundo os documentos tibetanos, que, a seguir, transcreverei em sua forma de versículos: Os dois manuscritos em que o lama do convento de Himis leu, para que o autor ouvisse, tudo o que se relaciona com Jesus, formam coleções de cópias diversas, escritas em língua tibetana, tradução de alguns rolos pertencentes à biblioteca de Lhassa e trazidos da Índia, do Nepal e de Magada, lá para o ano 200 depois de Cristo, para um convento construído no monte Marbur, perto da cidade de Lhassa, onde então residia o Dalai-Lama. Esses rolos foram escritos em língua pali, que certos lamas estudavam ainda, a fim de poderem fazer traduções em dialeto tibetano. Os cronistas eram budistas pertencentes à seita do buda Goutama. Tais crônicas contêm a descrição da vida e das obras do “melhor dos filhos dos homens”, santo Issa, um sábio israelita que, tendo vivido muitos anos entre os sacerdotes brâmanes e budistas, voltou para o seu país, onde foi condenado à morte por ordem do governador romano Pôncio Pilatos, depois de ter sido duas vezes absolvido por um tribunal composto de sábios e anciãos da Judéia. As narrações conservadas nesses antiqüíssimos documentos, redigidos segundo o testemunho de mercadores vindos da Judéia, com a notícia do martírio de santo Issa, assemelham-se, em quase todos os pontos, às dos Evangelhos e mantêm um nexo iniludível de analogia com., o que se sabe da vida de Jesus. Em resumo, e seguindo tanto quanto possível a letra dos textos traduzidos, essas crônicas budistas nos dizem que um jovem israelita, já conhecido na Galiléia aos treze anos “pelos discursos edificantes em nome do Todo Poderoso”, abandonou ocultamente, naquela idade, a casa paterna, e, numa caravana de mercadores, tomou o caminho da Índia “para se aperfeiçoar na palavra divina e estudar as leis dos grandes Budas.
  • 12. 12 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Chegando à Índia, os Djainitas, impressionados com a profunda sabedoria e alta inspiração do jovem peregrino israelita, procuraram atraí-lo para a sua seita, mas Issa se afastou pouco tempo depois para Djaguernat, onde os padres brâmanes o acolheram com carinho e lhe “ensinaram a ler e compreender os Vedas, a curar com o auxílio de preces, a ensinar e a explicar a Escritura Sagrada ao povo, a expulsar o espírito maligno do corpo do homem e a lhe restituir a forma humana”. Em Djaguernat passou seis anos. No começo, a língua do país, o sânscrito, as doutrinas religiosas, a filosofia, a medicina e as matemáticas constituem o objetivo de seus estudos prediletos. Depois, suas prédicas, dirigidas de preferência às classes miseráveis dos sudras, seus ataques reiterados à hierarquia dos deuses que desnaturava o princípio do monoteísmo, a negação da origem divina dos Vedas irritaram profundamente os padres brâmanes e os guerreiros, que resolveram dar- lhe morte. Avisado em tempo pelos discípulos que a sua bondade e a magia da sua palavra tinham conquistado, o jovem profeta encaminhou-se para as montanhas do Nepal, onde o Budismo florescia em todo o seu esplendor. O princípio da unidade divina era ali religiosamente conservado em sua pureza primitiva já há quinhentos anos; quando o Príncipe Çakia-Muni fundara a doutrina budista. Seis anos depois, Issa, já preparado para a explicação dos livros sagrados e iniciado nas doutrinas e práticas religiosas dos sacerdotes budistas, resolveu tornar ao seu país. Completara 26 anos. As notícias das humilhações dos seus compatriotas e das calamidades que devastavam a terra que ele deixara em criança decidiram-no a abandonar a Índia. Dirigiu- se primeiro para o oeste, pregando a povos diferentes a suprema perfeição do homem e combatendo a idolatria e os sacrifícios humanos. A fama de sua palavra magnética espalhava-se pelos países vizinhos e, quando Issa entrou na Pérsia, os sacerdotes locais, receosos do poder sugestivo das prédicas do peregrino israelita, proibiram aos habitantes de acompanhá-lo e ouvi-lo. Os adoradores de Zoroastro fizeram-no prender e submeter a um longo interrogatório, depois do qual o profeta foi conduzido, à noite, fora das portas da cidade e abandonado na estrada, na esperança de que as feras saberiam completar a sentença que os sacerdotes persas não tinham ousado pronunciar. O profeta seguiu viagem, despertando entusiasmo e alegria por campos e cidades, onde uma multidão, sempre nova, vibrava ao calor de sua palavra iluminada. Aos 29 anos de idade, apareceu Issa no país de Israel, a terra dos seus antepassados. Diante do seu povo, cumulado de infortúnios e agitado pela perspectiva do advento de um messias anunciado pelos profetas para restabelecer o reino de Israel, ele aconselhou a humildade e a paciência pois o “dia da redenção dos pecados estava próximo”. Milhares de pessoas o seguiam, animados da esperança de libertação e da restauração do seu antigo culto e da crença dos seus ancestrais. Os chefes das cidades por onde a palavra do profeta ia deitando um sulco de fogo, inquietos com a sua popularidade crescente e assustadora, queixaram-se ao governador romano Pôncio Pilatos, residente em Jerusalém, que as pregações de Issa levantavam o povo que o ouvia e assim negligenciava os serviços do Estado. Insinuaram-lhe a necessidade e a conveniência de impedir, por qualquer forma, a continuação daquele estado de coisas, cujos resultados poderiam ser funestos à administração romana daquela província conquistada. Pilatos, não vendo em Issa mais do que um agitador, ordenou-lhe a prisão e, para não exasperar o povo que o acompanhava por toda a parte, decidiu que o trouxessem a Jerusalém, a fim de ser julgado no templo, pelos velhos sacerdotes hebreus e sábios anciãos.
  • 13. 13 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Nesse ínterim, Issa, que continuava a pregar de cidade em cidade, chegou a Jerusalém, cujos habitantes acorreram em massa ao seu encontro, ansiosos por ouvir de sua boca as palavras inflamadas com que ele havia mitigado os infortúnios das outras cidades de Israel. Os padres e os anciãos foram encarregados por Pilatos do julgamento do profeta no templo. Depois de ouvirem de sua própria boca a declaração de que não procurava levantar o povo de Israel contra as autoridades constituídas, mas que voltara de lugares distantes, onde fora habitar em criança, para recordar aos israelitas a fé de seus antepassados e o restabelecimento das leis mosaicas, eles se apresentaram ao governador romano e lhe comunicaram ter absolvido o pregador judeu pela falsidade das acusações que lhe eram imputadas. Pilatos, encolerizado com o procedimento dos veneráveis juízes, fez acompanhar o profeta de espiões encarregados de recolherem todas as palavras que ele dirigisse ao povo. Issa prosseguiu em sua missão pelas cidades vizinhas, indicando os verdadeiros caminhos do Criador, exortando os hebreus à paciência, prometendo-lhes uma pronta libertação e explicando àqueles em que reconhecia assoldadados pelo governador que todos eles não seriam libertos do poder de César mas dos erros grosseiros em que as suas almas viviam mergulhadas. Três anos durou o ministério de Issa. A sua popularidade crescia e era tido como o Messias libertador anunciado pelos profetas. O governador romano, a quem os espiões declararam nada ter ouvido que parecesse uma instigação à revolta contra as autoridades constituídas, encarregou os soldados de o prenderem e conduzirem a um subterrâneo onde foi torturado na intenção de se lhe arrancar uma confissão comprometedora. Os sacerdotes e os anciãos, informados dos martírios infligidos ao seu profeta e da resistência heróica oposta a todos os meios empregados para fazê-lo falar, dirigiram-se ao governador romano com o pedido de o mandar pôr em liberdade na ocasião da festa da Páscoa, que se aproximava. Pilatos recusou peremptoriamente a ceder aos pedidos dos velhos sacerdotes, mas consentiu em que Issa comparecesse diante do Tribunal dos Anciãos para ser, em definitivo, julgado antes da próxima festa. Fizeram-no retirar da prisão, em lastimável estado de fraqueza, por motivo das torturas sofridas. Sentado entre dois ladrões,. que deviam ser julgados ao mesmo tempo para atenuar a importância de um acontecimento que apaixonava a população, diante do governador romano, que presidia o Tribunal, e dos principais capitães, sacerdotes, sábios anciãos e legistas, Issa foi submetido a um longo interrogatório do qual sobressaiu sua completa inocência. O governador, irritado com a altivez de suas respostas, exigiu que os juízes pronunciassem a pena capital. Os anciãos recusaram proferir essa sentença iníqua diante das declarações ouvidas de todos. Pilatos recorre ao derradeiro expediente que o seu espírito imaginara, para não deixar escapar a presa. Manda adiantar um dos seus espiões, que afirma ter ouvido do profeta a anunciação do reino de Israel sobre a terra do qual Issa se intitulava Chefe Supremo. A cena narrada pelas crônicas budistas é de uma grandeza serena e única na história. “Sereis perdoado”, disse o profeta ao traidor, “porque o que dizeis não vem de vós”, e, depois, dirigindo-se a Pilatos: “Por quê humilhais vossa dignidade e induzis vossos inferiores à mentira, quando, sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?” A estas palavras, Pilatos, esquecido do seu cargo, exigiu dos Anciãos a condenação de Issa e a absolvição dos dois ladrões.
  • 14. 14 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Os velhos juízes, depois de se consultarem entre si, declararam solenemente não assumir a responsabilidade de condenar um inocente, levantaram-se e; depois de lavarem as mãos num vaso sagrado, saíram anunciando: “Somos inocentes da morte do justo”. O profeta e os dois ladrões foram crucificados no mesmo dia, por ordem de Pilatos, e os seus corpos ficaram suspensos nas cruzes sob a guarda de soldados. Ao pôr-do-sol, extinguiram-se os sofrimentos de Issa. Ele perdeu os sentidos e a alma desse justo se separou do corpo para ir fundir-se na Divindade. Assim terminaram os dias de santo Issa “reflexo do Espírito eterno sob a forma de um homem que tinha redimido pecadores endurecidos, padecendo tantos sofrimentos”. O governador romano, assustado com a severidade do seu proceder, mandou entregar o corpo do profeta aos parentes para o sepultarem perto do lugar do suplício. Em breve, toda uma multidão gemente e lacrimosa acorria em peregrinação ao santo sepulcro. Três dias após, Pilatos, a quem tinha chegado rumores de um levante popular, ordenou a seus soldados que retirassem, à noite, secretamente, o corpo de Issa do sepulcro e o enterrassem em um lugar afastado. No dia seguinte, encontrado o túmulo aberto e vazio, propalou-se que “O Juiz Supremo recolhera, pelos seus anjos, os restos mortais do santo, no qual tinha habitado, sobre a terra, uma partícula do espírito divino”. Pilatos, enfurecido com a nova feição dos acontecimentos, começou a mover uma cruel perseguição contra os mais íntimos discípulos de Issa, que foram obrigados a deixar o país de Israel e pregar a outros povos o abandono dos seus erros grosseiros, a purificação das suas almas e a “felicidade perfeita que aguarda os homens no mundo espiritual, onde, em repouso e em toda a sua pureza, reside, numa majestade perfeita, o grande Criador”. Os pagãos, termina a vetusta crônica, seus reis e seus guerreiros, ouviram os pregadores, abandonaram as crenças absurdas que professavam, renegaram seus sacerdotes e ídolos para celebrar os louvores do muito sábio Criador do Universo, do Rei dos Reis, cujo coração está cheio de misericórdia infinita. Assim falam, em suas linhas gerais, as narrações arquivadas nos antigos manuscritos budistas, achados no Tibet. Essa narrativa preenche a lacuna de 17 anos que existe na vida de Jesus-Cristo, começando no vers. 52 do Capítulo 2 do Evangelho segundo Lucas: “E crescia Jesus em sabedoria e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” e indo até o vers. 23 do Capítulo 3 do mesmo Evangelho: “E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos”. Sobre a qual o Novo Testamento nada nos diz. A seguir, pois, a vida de Jesus, resumida acima. segundo os versículos dos manuscritos tibetanos.
  • 15. 15 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos A Vida de Santo Issa I 1 - A terra estremeceu e os céus choraram por causa do grande crime que acabava de ser cometido no país de Israel. 2 - Porque acabava de ser ali torturado e executado o grande justo Issa, em que residia a alma do Universo. 3 - A qual se encarnara em um simples mortal a fim de fazer bem aos homens e de exterminar os maus pensamentos. 4 - E de conduzir à vida da paz, do amor e do bem o homem degradado pelos pecados, recordando-lhe o único e indivisível Criador cuja misericórdia é infinita. 5 - Eis o que contam a respeito mercadores vindos de Israel. II 1 - O povo de Israel, que habitava um solo fértil, dando duas colheitas por ano e que possuía grandes rebanhos, provocou, por seus pecados, a justiça de Deus. 2 - Que lhe infligiu um castigo terrível, arrebatando-lhe a terra, o gado e toda a sua fortuna; Israel foi reduzido à escravidão por ricos e poderosos faraós que reinavam, então, no Egito. 3 - Esses trataram os israelitas pior do que a animais, os sobrecarregaram de trabalhos difíceis e os puseram a ferro. Cobriram seus corpos de feridas e chagas, sem lhes dar alimentos, nem lhes permitir que tivessem um teto. 4 - A fim de os manter em um estado de terror contínuo e de lhes tirar toda a semelhança humana. 5 - Em sua grande calamidade, o povo de Israel, lembrando-se de seu protetor celestial, se dirigiu a ele e lhe implorou graça e misericórdia. 6 - Um ilustre faraó reinava então no Egito, o qual ficou célebre por suas numerosas vitórias, pelas riquezas que acumulara e os vastos palácios que seus escravos erigiram por suas próprias mãos. 7 - Esse faraó tinha dois filhos, dos quais o mais moço se chamava Mossa. Sábios israelitas lhe ensinaram diversas ciências. 8 - Mossa era amado no Egito por causa de sua bondade e da compaixão que testemunhava a todos os que sofriam. 9 - Vendo que os israelitas não queriam, apesar dos intoleráveis sofrimentos que suportavam, abandonar o seu Deus para adorar aqueles que a mão do homem havia criado, os quais eram os deuses da nação egípcia.
  • 16. 16 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 10 - Mossa acreditou no Deus invisível deles, que lhes não deixava abater as fracas forças. 11 - E os preceptores israelitas animaram o ardor de Mossa e recorreram a ele, pedindo-lhe para interceder junto ao faraó, seu pai, em favor de seus correligionários. 12 - O príncipe Mossa pediu então a seu pai que abrandasse a sorte dos desgraçados israelitas, mas o faraó levantou-se em cólera contra ele e aumentou os tormentos que já suportavam esses escravos. 13 - Aconteceu que pouco tempo depois uma grande desgraça visitou o Egito: a peste ali dizimou jovens e velhos, sãos e doentes, e o faraó acreditou em um ressentimento de seus próprios deuses contra ele. 14 - Porém o príncipe Mossa disse a seu pai que era o Deus de seus escravos que intercedia em favor desses infelizes e punia os egípcios. 15 - O faraó intimou então a Mossa, seu filho, a tomar todos os escravos da raça judia e os conduzir fora da cidade, e fosse fundar, a uma grande distância da capital, outra cidade e que ficasse com eles. 16 - Mossa fez saber aos escravos hebreus que ele os havia forrado em nome do seu Deus, o Deus de Israel. Deixou com eles a cidade e a terra do Egito. 17 - E os conduziu para a terra que haviam perdido por seus pecados, deu-lhes leis e lhes recomendou que orassem sempre ao Criador invisível cuja bondade é infinita. 18 - Com a morte do príncipe Mossa, os israelitas observaram-lhe rigorosamente as leis e assim Deus os recompensou dos males a que os expusera no Egito. 19 - Seu reino tornou-se o mais poderoso de toda a terra, seus reis foram célebres por seus tesouros e uma longa paz reinou entre o povo de Israel. III 1 – A fama das riquezas de Israel espalhou-se por toda a terra e as nações vizinhas começaram a ter-lhe inveja. 2 - Mas o Altíssimo protegeu as armas vitoriosas dos hebreus e os pagãos não ousaram atacá-los. 3 - Infelizmente, como o homem não obedece sempre a si mesmo, a fidelidade dos hebreus a seu Deus não durou muito tempo. 4 - Começaram por esquecer todos os favores com que foram cumulados, não invocavam senão raramente o nome de Deus e pediam proteção a mágicos e feiticeiros. 5 - Os reis e os capitães substituíram as leis que lhes foram dadas por Mossa pelas deles, o templo de Deus e as práticas do culto foram abandonados, o povo entregou-se aos prazeres e perdeu sua pureza anterior. 6 - Vários séculos haviam escoado depois de sua saída do Egito quando Deus começou novamente a puni-los por seus pecados.
  • 17. 17 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 7 - Estrangeiros começaram a invadir o país de Israel, devastando terras, arruinando aldeias e conduzindo seus habitantes ao cativeiro. 8 - Chegaram, certo dia, pagãos d’além mar, do país dos romanos, submeteram os hebreus e instituíram chefes de exércitos que, por delegação do César, os governaram. 9 - Destruíram os templos e obrigaram os habitantes a não mais adorar o Deus invisível, mas a sacrificar vítimas aos deuses pagãos. 10 - Fizeram guerreiros dos que eram nobres, arrebataram esposas a seus maridos e o baixo povo, reduzido à escravidão, foi enviado aos milhares por além mares. 11 - Quanto às crianças, foram passadas a fio de espada; bem logo, em todo o país de Israel, só se escutaram soluços e gemidos. 12 - Em sua tristeza extrema, eles se lembraram do seu grande Deus, imploraram- lhe a graça e lhe suplicaram perdão. Nosso Pai, em sua inesgotável, escutou- lhes a prece. IV 1 - Nesse tempo, chegou o momento em que o juiz, cheio de clemência, escolhera para encarnar-se em um ser humano. 2 - E o Espírito eterno, que permanecia em estado de repouso completo e de beatitude suprema, se despertou e se destacou, por um tempo indeterminado, do Ser eterno. 3 - A fim de indicar, revestindo a imagem humana, os meios de se identificar com a Divindade e alcançar a felicidade eterna. 4 - Para mostrar, com seu exemplo, como se podia chegar à pureza moral e separar a alma do seu invólucro grosseiro, a fim de que ela atingisse o estado de perfeição necessária para alcançar o reino do céu, que é imutável, e onde reina a felicidade eterna. 5 - Logo depois, uma criança maravilhosa nasceu na terra de Israel; Deus, pela boca dessa criança, falava das misérias corporais e da grandeza da alma. 6 - Os pais do recém-nascido eram pessoas pobres, pertencentes, por seu nascimento, a uma família de notável piedade, que recordava sua antiga grandeza na terra para exaltar o nome do Criador e lhe agradecer os castigos que lhes aprouvera enviar. 7 - Para recompensá-la por não se ter deixado desviar do caminho da verdade, Deus abençoou o primogênito dessa família, escolheu-o para seu eleito e o enviou para sustentar os que haviam caído no mal e curar os que sofriam. 8 - A criança divina, a quem se deu o nome de Issa, começou, desde a mais tenra idade, a falar do Deus único e invisível, exortando as almas transviadas a se arrependerem e a se purificarem dos pecados que haviam cometido. 9 - Pessoas vinham escutá-lo de todas as partes e se maravilhavam das sentenças que saíam da boca do menino; todos os israelitas eram acordes em dizer que o Espírito eterno habitava o corpo dele.
  • 18. 18 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 10 - Quando Issa atingiu a idade de treze anos, idade em que o israelita devia casar- se. 11 - A casa em que seus país ganhavam a vida, mediante um trabalho modesto, começou a ser lugar de reunião de pessoas ricas e nobres que queriam ter por genro o jovem Issa, já célebre por seus discursos edificantes em nome do Todo Poderoso. 12 - Foi então que o jovem Issa deixou ocultamente a casa paterna, saiu de Jerusalém e, em companhia de mercadores, se dirigiu em direção ao Sindh. 13 - Com o fim de aperfeiçoar-se na palavra divina e instruir-se nas leis dos grandes budas. V 1 - Quando tinha 14 anos, o jovem Issa, abençoado de Deus, desceu o Sindh e se estabeleceu entre os Árias, no país querido de Deus. 2 - A fama ia espalhar o nome da criança maravilhosa ao longo do Sindh setentrional; quando ele atravessou o país dos cinco rios e o Radjiputan, os adeptos do deus Djaine lhe pediram que permanecesse entre eles. 3 - Ele, porém, abandonou os adoradores transviados de Djaine e partiu para Djaguernat, no país de Orsis, onde jazem os despojos mortais de Viassa-Krishna e onde os padres brancos lhe fizeram cordial recepção. 4 - Eles o ensinaram a ler e a compreender os Vedas, a curar com o auxílio da prece, a explicar a Escritura Sagrada ao povo, a expulsar o espírito maligno do corpo do homem e a lhe restituir a imagem humana. 5 - Passou Issa seis anos em Djaguernat, em Radiagriha, em Benares e em outras cidades santas; todo mundo o amava, porque Issa vivia em paz com os Veisas e os Sudras, aos quais ensinava a Escritura Sagrada. 6 - Os Brâmanes e os Kchatrias, porém, lhe disseram que o grande Parabrâma lhe proibia aproximar-se daqueles que havia criado de seu ventre e de seus pés. 7 - Que os Veisas só estavam autorizados a ouvir a leitura dos Vedas e isto apenas nos dias de festas. 8 - Que era interdito aos Sudras não só o assistir à leitura dos Vedas como até mesmo os contemplar, porque a condição deles era servir, para sempre e como escravos, os Brâmanes, os Kchatrias e os próprios Veisas. 9 - “Só a morte pode libertá-los da servidão”, disse Parabrâma. “Deixá-los, pois, e vinde adorar conosco os deuses que se irritarão contra vós se lhes desobedeceis”. 10 - Issa, porém, não lhes escutou as advertências e foi entre os Sudras pregar contra o despotismo dos Brâmanes e dos Kchatrias. 11 - Ele se levantou veementemente contra o direito que se arroga um homem de despojar seus semelhantes de seus direitos de homem, dizendo: “Deus, o Pai, não estabeleceu diferença alguma entre seus filhos, que lhe são todos igualmente caros”. 12 - Issa negou a origem divina dos Vedas e dos Puranas, porque, ensinava ele aos que o seguiam, uma lei foi dada ao homem para guiá-los em suas ações.
  • 19. 19 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 13 - Temei vosso Deus, só dobreis os joelhos diante dele só e levai-Lhe as oferendas que provenham de vossos ganhos”. 14 - Issa negou a Trimurti e a encarnação de Parabrâma em Vishnu, em Siva e em outros deuses, porque dizia ele: 15 - “O juiz eterno, o Espírito eterno, compõe a alma única e indivisível do Universo, a qual, sozinha, criou, contêm e vivifica o todo”. 16 - “Só ele é que quis e criou, só ele é que existe desde a eternidade e cuja existência não terá fim; ele não tem semelhantes, nem no céu, nem na terra”. 17 - “O grande Criador não dividiu seu poder com pessoa alguma, ainda menos com objetos inanimados, como vos foi ensinado, porque só ele é que possui a onipotência”. 18 - “Ele quis e o mundo apareceu; por um pensamento divino ele reuniu as águas e delas separou as partes secas do globo. Ele é a causa da vida misteriosa do homem, em que soprou uma parte do seu ser”. 19 - “Ele subordinou ao homem as terras, as águas, os animais e tudo que criou e que sozinho conserva em ordem imutável, fixando para cada coisa sua duração própria”. 20 - “A justiça de Deus descerá breve sobre o homem porque ele esqueceu seu Criador, porque encheu seus templos de abominações e adora uma multidão de criaturas que Deus lhe subordinou”. 21 - Porque, para agradar a pedras e metais, o homem sacrifica seres humanos, nos quais reside uma parte do espírito do Altíssimo”. 22 - Porque humilha o que trabalha com o suor de sua fronte para adquirir o favor do preguiçoso que está sentado em uma mesa cheia de iguarias”. 23 - “Aqueles que privam seus irmãos da felicidade divina por sua vez serão dela privados, e os Brâmanes e os Kchatrias tornar-se-ão os Sudras dos Sudras”. 24 - “Porque no dia do juízo final, os Sudras e os Veisas serão perdoados por causa de sua ignorância e Deus, ao contrário, fará cair sua punição sobre aqueles que se arrogaram direitos divinos”. 25 - Os Veisas e os Sudras ficaram tomados de viva admiração e perguntaram a Issa como era preciso orar para que não perdessem a felicidade. 26 - “Não adoreis os ídolos porque eles não vos ouvem; não escuteis os Vedas porque a Verdade nele está adulterada; não vos creiais os primeiros em todo lugar e não humilheis o vosso próximo”. 27 - Ajudai os pobres, sustentai os fracos, não façais mal a quem quer que seja, não cobiceis o que não possuis e o que vedes em casa alheia”. VI 1 - Os padres brancos e os guerreiros, tendo conhecimento das palavras que Issa dirigia aos Sudras, decidiram-lhe a morte e enviaram, como esse intuito, seus criados para procurar o jovem profeta.
  • 20. 20 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 2 - Issa, porém, avisado do perigo pelos Sudras, deixou, ao cair da noite, os subúrbios de Djaguernat, ganhou a montanha e se fixou no país dos Guatâmidas, onde viu a luz do dia o grande buda Çakia-Muni, no meio do povo que adorava o único e sublime Brama. 3 - Depois de ter aprendido a falar com perfeição a língua pali, o justo Issa entregou-se ao estudo dos rolos sagrados dos Sutras. 4 - Seis anos após, Issa, que o Buda escolhera para espalhar a palavra santa, sabia explicar perfeitamente os rolos sagrados. 5 - Issa deixou então o Nepal e o monte Himalaia, desceu o vale do Radjiputan e se dirigiu para o oeste, pregando a povos diversos a suprema perfeição do homem. 6 - E o bem que é preciso fazer a seu próximo e que constitui o meio mais seguro para absorver-se rapidamente no Espírito eterno. “Aquele que recuperava sua pureza primitiva, dizia Issa, morria tendo obtido o perdão de suas faltas, e teria o direito de contemplar a figura majestosa de Deus”. 7 - Atravessando territórios pagãos, o divino Issa ensinou que a adoração de deuses visíveis era contrária à lei natural. 8 - “Porque o homem, dizia ele, não tivera em partilha o dom de ver a imagem de Deus e de construir uma multidão de divindades à semelhança do Eterno”. 9 - “Além disso, é incompatível com a consciência humana fazer menos caso da grandeza da pureza divina do que de animais ou de obras executadas pela mão do homem em pedra ou metal”. 10 - “O Eterno legislador é um; não há outros deuses senão Ele; Ele não dividiu o mundo com pessoa alguma, nem participou a ninguém de suas intenções. 11 - Do mesmo modo que um pai agiria para com seus filhos, da mesma maneira Deus julgará os homens depois da morte, segundo suas leis misericordiosas. Jamais Ele humilhará um seu filho, fazendo emigrar sua alma, como em um purgatório, no corpo de um animal”. 12 - “A lei celeste, dizia o Criador pela boca de Issa, repudia a imolação de sacrifícios humanos a uma estátua ou a um animal, porque Eu subordinei ao homem todos os animais e tudo que contém o mundo”. 13 - “Tudo foi sacrificado ao homem que deve estar direta e intimamente ligado a Mim seu Pai; assim será severamente julgado e castigado pela lei divina aquele que me tiver arrebatado um filho”. 14 - “O homem nada. é diante do Juiz eterno, do mesmo modo que o animal o é perante o homem”. 15 - “É por isto que vos digo: Abandonai vossos ídolos e não executeis cerimônias que vos separam de nosso Pai e vos ligam a padres de quem o céu se apartou”. 16 - “Porque são esses que vos separaram do verdadeiro Deus e cujas superstições e crueldade vos conduzem à perversão do espírito e à perda de todo o senso moral”.
  • 21. 21 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos VII 1 - As palavras de Issa, tendo se espalhado entre os pagãos dos países que atravessava, fizeram com que eles abandonassem seus ídolos. 2 - Isto vendo, os padres exigiram daquele que glorificava o nome do Deus verdadeiro provas, diante do povo, das censuras que lhes dirigia e a demonstração da nulidade de seus ídolos. 3 - E Issa lhes respondeu: “Se vossos ídolos e vossos animais são poderosos e possuem realmente um poder sobrenatural, que eles me fulminem aqui neste lugar”. 4 - “Fazei então um milagre, replicaram-lhe os padres, e que vosso Deus confunda os nossos, se eles lhe inspiram desgosto”. 5 - Issa, porém, lhes replicou, dizendo: “Os milagres de nosso Deus começaram a se produzir desde o primeiro dia em que o Universo foi criado; eles se produzem em cada dia, em cada momento; aquele que não os vê está privado de um dos mais belos dons da vida”. 6 - “Não é contra pedaços de pedras, de metais ou de paus, completamente inanimados, que a justiça de Deus se fará, mas ela recairá sobre homens cujos ídolos precisam ser destruídos para sua salvação”. 7 - “Do mesmo modo que uma pedra e um grão de areia, nulos como são para o homem, até o momento em que os tome para deles fazer algo de útil”. 8 - Assim o homem deve esperar o grande favor que lhe concederá Deus honrando-o com uma decisão” 9 - “Porém, desgraça sobre vós, inimigos dos homens, porque não é um favor que recebereis, mas, ao contrário, a justiça divina, desgraça sobre vós se esperais que ela ateste seu poder por meio de milagres”. 10 - “Porque não serão os ídolos que destruirá mas aqueles que os erigiram; seus corações ficarão presas do fogo eterno e seus corpos lacerados irão saciar o apetite de feras bravias”. 11 - “Deus expulsará os animais contaminados de seus rebanhos, porém chamará a si aqueles que se transviaram por terem desconhecido a parcela celestial que neles habitava”. 12 - Vendo a impotência de seus padres, os pagãos acreditaram em Issa e, tementes a Deus, despedaçaram seus ídolos; quanto aos padres, esses fugiram para escapar à vingança popular. 13 - Issa ensinou ainda aos pagãos que não se esforçassem por ver o Espírito eterno, mas procurassem senti-lo pelo coração e, por uma alma verdadeiramente pura, buscassem tornar- se dignos de seus favores. 14 - “Não somente, dizia-lhes ele, não executeis sacrifícios humanos, mas, em geral, não imoleis nenhum animal a que a vida foi dada, porque tudo que foi criado o foi para ser útil ao homem”. 15 - “Não furteis o bem alheio, porque seria levar de vosso próximo coisas que ele adquiriu com o suor de seu rosto”.
  • 22. 22 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 16 - “Não enganeis a ninguém a fim de que não sejais também enganados. Procurai preparar-vos antes do juízo final, porque será então muito tarde”. 17 - “Não vos entregueis à devassidão, porque seria violar as leis de Deus”. 18 - “E alcançareis a beatitude suprema; não somente purificando-vos mas ainda guiando os outros na senda que lhes permitirá conquistar a perfeição primitiva”. VIII 1 - Os países vizinhos se encheram do ruído das prédicas de Issa e, quando ele penetrou na Pérsia, os padres ficaram com medo e proibiram os habitantes de ouvi-lo. 2 - Porém, quando viram todas as aldeias acolhê-lo com alegria e escutar-lhe religiosamente os sermões, deram ordem para que o prendessem e o conduzissem diante do grão-sacerdote, onde sofreu o seguinte interrogatório: 3 - “De que novo Deus falais vós? Ignorais, desgraçado, que o santo Zoroastro é o único justo admitido à honra de receber comunicações do Ser supremo?” 4 - “O qual ordenou aos anjos que redigissem por escrito a palavra de Deus para uso de seu povo, leis essas que foram dadas a Zoroastro no paraíso”. 5 - “Quem sois vós então que ousais blasfemar aqui contra nosso Deus e semear a dúvida no coração dos crentes?” 6 - E Issa lhes respondeu: “Não é de um novo Deus que falo, mas de nosso Pai Celestial, que existiu antes de todo o começo e existirá para todo o sempre”. 7 - “Foi dele que falei ao povo que, do mesmo modo que uma criança inocente, não está ainda em situação de compreendê-lo só pela força única da inteligência e de penetrar-lhe a sublimidade divina e espiritual”. 8 - “Mas, da mesma maneira que um recém-nascido reconhece no escuro o seio materno, assim vosso povo, que foi induzido ao erro, reconheceu por instinto seu Pai no Pai do qual sou profeta”. 9 - O Ser Eterno disse ao vosso povo, por minha boca: “Não adoreis o sol porque ele é uma parte do mundo que criei para o homem”. 10 - “O sol se levanta a fim de vos aquecer durante o vosso trabalho; ele se deita para vos conceder o repouso que fixei para mim mesmo”. 11 - “É a mim, e a mim só que deveis tudo que possuís, tudo que se acha ao redor de vós, como acima de vós e abaixo de vós!” 12 - Mas, disseram os padres, como poderia viver um povo segundo as regras da justiça se não tivesse preceptores? 13 - Issa lhes respondeu: “Quando os povos não tinham padres, a lei natural os governou e eles conservaram a candura de suas almas”. 14 - “Suas almas estavam em Deus e, para se entreterem com o Pai, não precisavam do auxílio intermediário de nenhum ídolo ou animal, nem do fogo, assim como fazeis”.
  • 23. 23 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 15 - “Pretendeis que é preciso adorar o sol, o gênio do Bem e do Mal. Vossa doutrina é detestável, vo-lo digo eu, porque o sol não age espontaneamente, mas pela vontade do Criador invisível que lhe deu começo”. 16 - “E ele quis que esse astro iluminasse o dia e aquecesse o trabalho e as sementeiras do homem”. 17 - “O Espírito Eterno é a alma de tudo que existe de animado; cometeis um grande pecado fracionando-o no espírito do Mal e o espírito do Bem, porque não existe Deus fora do Bem”. 18 - “Quem semelhante a um pai de família não faz senão o bem a seus filhos, dos quais perdoa as faltas se se arrependerem?” 19 - “O espírito do Mal reside na terra, no coração dos homens que desviam os filhos de Deus do caminho reto”. 20 - “É por isto que vos digo:” “Temei o dia do juízo porque Deus infligirá terrível castigo a todos aqueles que desviaram seus filhos do verdadeiro caminho e os encheram de superstições e preconceitos”. 21 - “Aqueles que cegaram os vivos transmitiram o contágio aos de boa saúde e ensinaram o culto das coisas que Deus submeteu ao homem para seu próprio bem e para os auxiliar em seus trabalhos”. 22 - “Vossa doutrina. é, pois, fruto de vossos erros, porque, desejando aproximar de vós o Deus da Verdade, criastes falsos deuses”. 23 - Após o terem ouvido, os magos resolveram não lhe fazer mal algum. Pela noite, quando toda a cidade repousava, eles o conduziram para fora dos muros da cidade e o abandonaram no grande caminho, na esperança de que ele não tardaria em ser preso de feras. 24 - Issa, porém, protegido pelo senhor nosso Deus, continuou seu caminho sem acidentes. IX 1 - Issa, que o Criador tinha escolhido para recordar o verdadeiro Deus aos humanos mergulhados nas depravações, tinha 29 anos quando voltou ao país de Israel. 2 - Depois da partida de Issa, os pagãos haviam feito os israelitas suportar sofrimentos ainda mais atrozes e estes se achavam tomados do maior abatimento. 3 - Muitos deles já tinham começado a repudiar as leis de seu Deus e as de Mossa, na esperança de abrandar seus ferozes conquistadores. 4 - Em vista de tal situação, Issa exortou seus compatriotas a não se desesperarem porque o dia da redenção dos pecados estava próximo e lhes despertou a crença que haviam tido no Deus de seus pais. 5 - “Filhos, não vos entregueis ao desespero, dizia o Pai Celestial pela boca de Issa, porque escutei vossa voz e vossos lamentos chegaram até mim”.
  • 24. 24 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 6 - “Não choreis mais, ó bem amados, porque vossos soluços tocaram o coração de vosso Pai que vos perdoou, como perdoou vossos antepassados”. 7 - “Não abandoneis vossa família para vos entregardes à devassidão, não percais a nobreza de vossos sentimentos e não adoreis ídolos que ficarão surdos à vossa voz”. 8 - “Enchei meu templo com a vossa esperança e com a vossa paciência e não abjureis a religião de vossos pais, porque eu os guiei e cumulei de benefícios”. 9 - “Levantai os que tombaram, dai de comer aos que têm fome e ide em auxílio dos enfermos a fim de ficardes todos puros e sejais achados justos no dia do juízo final que eu vos preparo”. 10 - Os israelitas acudiram em multidão para ouvir a palavra de Issa e lhe perguntaram onde deviam agradecer ao Pai Celestial, pois seus inimigos lhes tinham arrasado os templos e roubado os vasos sagrados. 11 - Issa lhes disse que Deus não considerava os templos edificados pela mão do homem, mas que ouvia os corações humanos, que são seus verdadeiros templos. 12 - “Entrai em vosso templo, em vosso coração, iluminai-o com bons pensamentos e com paciência e a confiança inabaláveis que deveis ter por vosso Pai”. 13 - “E vossos vasos sagrados serão vossas mãos e vossos olhos; olhai e fazei o que é agradável a Deus, porque, fazendo bem ao vosso próximo, executais uma cerimônia que embeleza o templo onde mora Aquele que vos deu nascimento”. 14 - “Porque Deus vos criou à sua semelhança, inocentes, simples, corações cheios de bondade e amor, não para a concepção de projetos maus, mas para serem o santuário do amor e da justiça”. 15 - Não maculeis vosso coração, vo-lo digo eu, porque o Ser Eterno aí reside sempre”. 16 - “Se quereis fazer obras cheias de piedade ou de amor, fazei-as com o coração grande e que vossa ação não seja movida pela esperança de recompensa ou por cálculo comercial”. 17 - “Porque essa ação não vos aproximará da salvação e caireis então em um estado de degradação moral em que o roubo, a mentira e o assassínio passarão por atos generosos”. X 1 - Santo Issa ia de uma cidade a outra, levantando pela palavra de Deus a coragem dos israelitas que estavam prestes a sucumbir sob o peso do desespero. Milhares de homens o seguiam para ouvir-lhe as prédicas. 2 - Mas os chefes das cidades tiveram medo dele e fizeram saber ao governador principal, que residia em Jerusalém, que um homem chamado Issa havia chegado ao país, que sublevava o povo contra as autoridades com os seus sermões e que o povo o escutava assiduamente e esquecia os trabalhos do Estado, acrescentando que, dentro em pouco, ele seria desembaraçado de seus governadores.
  • 25. 25 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 3 - Então Pilatos, governador de Jerusalém, ordenou que prendessem o pregador Issa, o conduzissem à cidade e o levassem à presença dos juízes, todavia, para não excitar o descontentamento da população, Pilatos encarregou os padres e os sábios, velhos hebreus, de julgá-lo no templo. 4 - Entrementes, Issa, continuando suas pregações chegou a Jerusalém e, tendo sabido de sua vinda, todos os habitantes, que já o conheciam de nome, correram à sua presença. 5 - Eles o saudaram respeitosamente e lhe abriram as portas do seu templo, a fim de ouvir de sua boca, o que havia dito em outras cidades de Israel. 6 - E Issa lhes disse: A raça humana perece por causa de sua falta de fé, porque as trevas e as tempestades tresmalharam o rebanho humano, que perdeu os seus pastores”. 7 - Mas as tempestades não durarão sempre e as trevas não ocultarão eternamente a luz; o céu tornar-se-á breve sereno, a claridade celeste espalhar- se-á por toda a terra e as ovelhas desgarradas reunir-se-ão ao redor de seus pastores”. 8 - “Não vos esforceis em procurar caminhos diretos na escuridão, com o risco de cairdes em algum fosso, mas poupai vossas últimas forças, sustentai-vos uns aos outros, colocai toda a vossa confiança em Deus e esperai que um primeiro clarão apareça”. 9 - “Aquele que sustenta seu vizinho ampara a si próprio e aquele que protege sua família sustenta seu povo e seu país”. 10 - “Porque, crede, sem dúvida, próximo está o dia em que sereis libertados das trevas; reunir-vos-ei em uma só família e vosso inimigo estremecerá de medo, ele que ignora o que é um favor do grande Deus”. 11 - Os padres e os anciãos que o escutavam, cheios de admiração diante de sua linguagem, perguntaram-lhe se era verdade que ele tivesse tentado sublevar o povo contra as autoridades do país, assim como que um abismo se lhes abre aos pés”. 12 - “É possível insurgirmo-nos contra homens transviados aos quais as trevas ocultaram o caminho e o destino, respondeu Issa. Não tenho feito senão avisar os infelizes, como faço aqui no templo, para que não avancem mais longe por estradas tenebrosas, porque um abismo se lhes abre aos pés”. 13 - “O poder terrestre é de duração efêmera e está submetido a uma imensidade de mudanças. Não seria de grande utilidade revoltar-se alguém contra ele, porque um poder sucede sempre a outro poder e assim será até o fim da existência humana”. 14 - “Ao contrário, não vedes que os poderosos e os ricos semeiam entre os filhos de Israel um espírito de rebelião contra o poder eterno do céu?” 15 - Então os anciões lhe perguntaram: “Quem sois vós e de que país viestes para cá? Antes não ouvíamos falar de vós e ignorávamos mesmo o vosso nome”. 16 - “Sou israelita, respondeu Issa, e, no dia do meu nascimento, vi os muros de Jerusalém e ouvi soluçar meus irmãos reduzidos à escravidão e se lamentarem minhas irmãs, que foram conduzidas para as terras dos pagãos”.
  • 26. 26 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 17 - “E minh’alma se entristeceu dolorosamente quando vi que meus irmãos haviam esquecido o verdadeiro Deus. Ainda criança, deixei a casa paterna para ir viver entre outros povos”. 18 - “Mas, tendo ouvido dizer que meus irmãos suportavam torturas ainda maiores, voltei ao país que meus pais habitavam para recordar a meus irmãos a fé de seus antepassados, a qual nos prega a paciência na terra para conseguir, lá no alto, uma felicidade perfeita e sublime”. 19 - E os sábios anciãos lhe fizeram ainda esta pergunta: “Afirma-se que renegais as leis de Mossa e que ensinais ao povo o abandono do templo de Deus”. 20 - Issa lhes respondeu; “Não se destrói o que foi dado por nosso Pai Celestial e o que foi destruído pelos pecadores; recomendei-lhes que purificassem o coração de todas as máculas, porque ele é que é o verdadeiro templo de Deus”. 21 - “Quanto às leis de Mossa, esforço-me em restabelecê-las no coração dos homens e eu vos digo que ignorais seu verdadeiro alcance, porque não é a vingança mas o perdão que elas ensinam. O sentido dessas leis está adulterado. XI 1 - Tendo escutado Issa, os padres e sábios anciãos resolveram entre si não o julgar, visto que Issa não fazia mal a ninguém. Apresentando-se diante de Pilatos, instituído governador de Jerusalém pelo rei pagão do país dos Romanos, assim falaram: 2 - “Vimos o homem a quem acusais de excitar nosso povo à revolta, ouvimos suas prédicas e soubemos que ele é nosso compatriota”. 3 - “Os chefes das cidades vos enviaram falsos relatórios porque é um homem justo que ensina ao povo a palavra de Deus. Depois de havê-lo interrogado, resolvemos deixá-lo ir em paz”. 4 - O governador ficou possuído de violenta cólera e enviou para perto de Issa criados seus, disfarçados, a fim de lhe espiarem todos os atos e de os comunicar às autoridades com as menores palavras que dirigisse ao povo. 5 - Issa, entretanto, continuava a visitar as cidades vizinhas e a ensinar os verdadeiros caminhos do Criador, exortando os hebreus à paciência e lhes prometendo uma pronta libertação. 6 - Muitas pessoas o seguiram por toda a parte em que ia; algumas não o abandonaram e o serviam. 7 - E Issa lhes dizia: “Não crede nos milagres feitos pelas mãos do homem, porque aquele que domina a natureza é o único capaz de fazer coisas sobrenaturais, ao passo que o homem é impotente para deter a corrente dos ventos e espalhar a chuva”. 8 - Entretanto, há um milagre que é possível ao homem fazer: é aquele em que, cheio de crença sincera, se dispõe a desenraizar do coração todos os maus pensamentos e, para isso, não transita mais pelos caminhos da maldade”.
  • 27. 27 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 9 - “E todas as coisas que se fizeram sem Deus são erros grosseiros, seduções e encantamentos que só servem para demonstrar a que ponto a alma daquele que pratica esta arte está cheia de devassidão, de mentira e de impureza”. 10 - “Não deis fé aos oráculos, porque só Deus conhece o futuro; aquele que recorre aos adivinhos conspurca o templo que está em seu coração e dá prova de desconfiança a respeito do Criador”. 11 - “A fé nos adivinhos e em seus oráculos destrói a simplicidade inata no homem e sua pureza infantil; um poder infernal se apodera dele e força-o a cometer toda sorte de crimes e a adorar ídolos”. 12 - “Ao passo que o Senhor nosso Deus, que não tem ninguém que se lhe iguale, é um, todo poderoso, onisciente e onipresente; é ele que possui a sabedoria e toda luz”. 13 - “É a ele que deveis dirigir-vos para serdes consolados de vossas tristezas, auxiliados em vossos trabalhos, curados de vossas enfermidades; aquele que recorrer a ele não sofrerá recusa”. 14 - “O segredo da natureza está nas mãos de Deus, porque o mundo, antes de surgir, existia no fundo do seu pensamento divino; ele se tornou material e visível pela vontade do Altíssimo”. 15 - “Quando vos quiserdes dirigir a ele, tornai-vos crianças, porque não conheceis nem o passado, nem o presente, nem o futuro, e Deus é o Senhor do tempo”. XII 1 - “Homem justo, perguntaram os servidores disfarçados do governador de Jerusalém, diz-nos se nos é necessário executar a vontade de nosso César ou esperar nossa próxima libertação”. 2 - E Issa, tendo reconhecido naquelas pessoas indivíduos comprados para o seguir, quando o interrogavam, lhes respondeu: “Não vos anunciei que sereis libertados do César; é a alma, mergulhada no erro, que terá sua libertação”. 3 - “Não pode haver família sem chefe, não poderá haver ordem em um povo sem um César, ao qual é preciso obedecer cegamente porque só ele responderá por seus atos perante o tribunal supremo”. 4 - “César possui um direito divino, perguntaram-lhe ainda os espiões, e é o melhor dos mortais?” 5 - Entre os homens não há melhor, mas existem os enfermos aos quais os eleitos e encarregados de uma missão devem tratar usando dos meios que lhe confere a lei sagrada do Pai Celestial”. 6 - “Clemência e justiça, eis os mais altos dons concedidos a César e seu nome será ilustre se assim se manter”. 7 - “Mas aquele que age de outro modo, que infringe os limites do poder que tem sobre seu subordinado e vai até pôr sua vida em perigo, esse ofende o grande juiz e lesa sua dignidade na opinião dos homens”.
  • 28. 28 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 8 - Nesse ínterim, uma velha que se aproximara do grupo para melhor ouvir Issa, foi afastada por um dos homens disfarçados, que se colocou diante dela. 9 - Então Issa lhe disse: “Não é bom que um filho afaste sua mãe para ocupar o primeiro lugar, que deve ser dado a ela”. 10 - “Aquele que não respeita sua mãe, o ser mais sagrado depois de Deus, é indigno do nome de filho”. 11 - “Escutai o que vou dizer-vos: “Respeitai a mulher porque ela é a mãe do universo e toda a verdade da criação reside nela”. 12 - “É ela que é a base de tudo o que há de bom e belo, como é também o germe da vida e da morte. Dela depende toda a existência do homem, porque é seu apoio moral e natural em seus trabalhos”. 13 - “Ela nos dá à luz no meio de sofrimentos; com o suor do seu rosto vela nosso crescimento e vós lhe causais as mais vivas angústias até os seus últimos dias. Bendizei-a e adorai- a, porque ela é vossa única amiga e sustentáculo na terra”. 14 - “Respeitai-a, defendei-a, porque, assim procedendo, ganhar-lhe-eis amor, sereis agradáveis a Deus e muitas faltas vos serão perdoadas”. 15 - “Da mesma maneira, amai vossas esposas e respeitai-as porque elas serão mães amanhã e, mais tarde, avós de uma nação inteira”. 16 - “Sede dóceis para com a mulher; seu amor enobrece o homem, abranda-lhe o coração endurecido, doma a fera e dela faz um cordeiro”. 17 - “A esposa e a mãe, tesouros inapreciáveis que Deus vos deu, são os mais belos ornamentos do Universo e delas nascerá tudo que habitará o mundo”. 18 - “Assim como Deus outrora separou a luz das trevas e a terra das águas, a mulher possui o divino talento de separar no homem as boas intenções dos maus pensamentos”. 19 - “É por isto que vos digo: Depois de Deus, vossos melhores pensamentos devem pertencer às mães e às esposas, à mulher, enfim, que é para vós o templo divino em o qual obtereis mais facilmente a felicidade perfeita”. 20 - “Colocai neste templo vossa força moral; aí esquecereis vossas tristezas, vossos insucessos e recobrareis as forças perdidas que vos serão necessárias no auxílio de vosso próximo”. 21 - “Não as humilheis, porque, assim procedendo, humilhareis a vós mesmos e perdereis o sentimento de amor, sem o qual nada aqui na terra existiria”. 22 - “Protegei vossa esposa para que ela vos proteja, vós e toda vossa família; tudo o que fizerdes por vossa mãe, vossa esposa, por uma viúva ou uma outra mulher na desgraça, o fareis por vosso Deus”. XIII 1 - Santo Issa ensinou assim ao povo de Israel durante três anos, em cada cidade, em cada aldeia, nos caminhos e nos campos, e tudo que anunciara se realizava.
  • 29. 29 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 2 - Durante todo esse tempo, os espiões do governador Pilatos o observavam estreitamente, mas sem nada ouvir dizer que se assemelhasse aos relatórios que haviam sido enviados antes pelos chefes das cidades a seu respeito. 3 - O governador Pilatos, porém, assustado com a grande popularidade de Santo Issa, que, a crer em seus adversários, queria sublevar o povo para se fazer rei, ordenou a um de seus espiões que o acusasse. 4 - Mandou então que soldados procedessem à sua prisão e o encerrassem em um cárcere subterrâneo, onde lhe fizeram agüentar suplícios vários com o fim de forçá-lo a acusar-se a si próprio, o que daria margem a ser condenado à morte. 5 - O Santo, só pensando na felicidade de seus irmãos, suportou todos os sofrimentos em nome do Criador. 6 - Os servidores de Pilatos continuaram a torturá-lo e o reduziram a um estado de fraqueza extrema, mas Deus estava com ele e não permitiu que Issa morresse. 7 - Cientes dos sofrimentos e das torturas que o Santo suportava, os principais sacerdotes e os sábios anciãos foram rogar ao governador para pô-lo em liberdade na ocasião de uma grande festa que se achava próxima. 8 - Mas o governador se recusou a fazê-lo. Pediram então para que Issa comparecesse perante o tribunal dos Anciãos a fim de que fosse condenado ou absolvido antes da festa, no que Pilatos consentiu. 9 - No dia seguinte, o governador fez reunir os principais capitães, padres, anciãos e legistas com o fim de julgar Issa. 10 - Tiraram-no do cárcere e fizeram-no sentar-se diante do governador, entre dois bandidos, que eram julgados no mesmo momento, e isso com o fim de mostrar à multidão que ele não era o único a ser condenado. 11 - Pilatos, dirigindo-se a Issa, lhe perguntou: “O” homem, é verdade que sublevais o povo contra as autoridades com o intuito de vos tornardes rei de Israel? “. 12 - “Ninguém se torna rei por sua própria vontade, respondeu-lhe Issa, e vos mentiram afirmando que eu amotinava o povo. Eu só falei do Rei dos céus e foi a ele que pedi ao povo que adorasse”. 13 - “Porque os filhos de Israel perderam sua pureza original e, se não tiverem o auxílio do verdadeiro Deus, serão sacrificados e seus templos tombarão em ruínas”. 14 - “O poder temporal mantém a ordem em um país e eu lhes ensinei o seguinte: “Vivei de acordo com a vossa situação e a vossa fortuna, a fim de não perturbardes a ordem pública, e os exortei também a se lembrarem de que a desordem lhes reinava no coração e no espírito”. 15 - “Também o Rei dos céus os puniu e suprimiu seus reis nacionais, por isto, lhes dizia eu, que, se se resignassem à sua sorte, em recompensa, o reino dos céus lhes seria aberto”. 16 - Nesse momento introduziram-se as testemunhas, uma das quais depôs assim: “Dissestes ao povo que o poder temporal não era nada junto do poder real, que devia libertar breve os israelitas do jugo pagão”.
  • 30. 30 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 17 - “Bendito sejais vós, disse-lhe Issa, por terdes dito a verdade. O Rei dos céus é maior e mais poderoso do que a lei terrestre e seu reino supera a todos os reinos da terra”. 18 - “E o tempo não está longe em que, conforme a vontade divina, o povo de Israel se purificará de seus pecados, porque foi dito que um precursor viria anunciar a libertação do povo e a sua reunião em uma só família”. 19 - O governador, dirigindo-se aos juízes, exclamou: “Ouvis? O israelita Issa confessa o crime de que é acusado. Julgai-o então conforme vossas leis e pronunciai contra ele a pena capital”. 20 - “Não podemos condená-lo, responderam-lhe os padres e anciãos. Vós acabais de ouvi-lo dizer que fazia alusão ao Rei dos céus e que nada pregou que constituísse uma insubordinação contra a lei”. 21 - O governador mandou então entrar a testemunha que, por instigação sua, tinha traído Issa e esse homem entrou e, dirigindo-se a Issa, lhe perguntou: “Não vos fazíeis passar por rei de Israel quando dizíeis que aquele que reina nos céus vos havia enviado para preparar seu povo?” 22 - Issa, tendo-o abençoado, lhe disse: “Sereis perdoado, porque o que dizeis não vem de vós”. Depois, dirigindo-se ao governador, falou: “Porque humilhar vossa dignidade e porque ensinar vossos subalternos a viver na mentira, quando, mesmo sem ela, tendes o poder de condenar um inocente?” 23 - Ditas que foram estas palavras, o governador ficou possuído de violenta cólera e ordenou a condenação de Issa à morte e a absolvição dos dois bandidos. 24 - Os juízes, tendo se consultado entre si, disseram a Pilatos: “Não assumiremos sobre nossas cabeças a grande culpa de condenar um inocente e de absolver bandidos, coisas contrárias às nossas leis”. 25 - “Fazei, pois, o que vos agradar”. Isto dito, os padres e os sábios anciãos saíram e lavaram as mãos em um vaso sagrado, dizendo: “Somos inocentes da morte do justo”. XIV 1 - Por ordem do governador, os soldados levaram Issa e os dois bandidos, que conduziram para o local do suplício, onde foram pregados em cruzes que ergueram na terra. 2 - Durante o dia inteiro os corpos de Issa e dos bandidos ficaram suspensos, gotejando sangue, sob a guarda de soldados; o povo permanecia ao redor, ao passo que os parentes dos supliciados oravam e choravam. 3 - Ao pôr do sol, os sofrimentos de Issa tiveram termo. Ele perdeu o conhecimento e a alma desse justo se destacou do corpo para fundir-se na Divindade. 4 - Assim findou a existência terrena do reflexo do Espírito Eterno sob a forma de um homem que, após intensos sofrimentos, salvara pecadores endurecidos. 5 - Pilatos, entretanto, assustado com a sua ação, mandou entregar o corpo do santo a seus parentes para que o enterrassem junto ao local do suplicio; a multidão foi orar junto ao seu sepulcro e encheu o ar de soluços e gemidos.
  • 31. 31 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos 6 - Três dias após, o governador enviou soldados para desenterrarem o corpo de Issa e o inumarem em qualquer outro lugar, com medo de um levante popular. 7 - Na manhã seguinte, a multidão encontrou o túmulo aberto e vazio; logo o ruído se espalhou de que o Juiz Supremo tinha enviado seus anjos para levar os despojos mortais do santo em que tinha residido, na terra, uma parte do seu espírito divino. 8 - Quando tal ruído chegou ao conhecimento de Pilatos, proibiu, sob pena de escravidão e morte, que jamais se pronunciasse o nome de Issa e se orasse ao Senhor por ele. 9 - O povo, porém, continuou a chorar e a glorificar em alta voz o seu mestre; assim muitos entre eles foram conduzidos ao cativeiro, submetidos a torturas e condenadas à morte. 10 - Os discípulos de Issa abandonaram o país de Israel e partiram para todas as terras dos pagãos, pregando a necessidade de se abandonarem erros grosseiros, de pensarem na salvação de suas almas e na felicidade perfeita que espera os humanos no mundo espiritual, cheio de luzes, em que há o repouso, em toda a sua pureza, no seio da majestade perfeita do grande Criador. 11 - Os pagãos, seus reis e guerreiros ouviram os pregadores, abandonaram as antigas crenças absurdas, renegaram seus padres e ídolos para entoar hosanas ao sapientíssimo Criador do Universo, ao Rei dos Reis, cujo coração é cheio de uma misericórdia infinita”. Aqui termina a narração da vida de Santo Issa, de acordo com os documentos encontrados por Notovitch. Há de parecer estranho que Mossa, o Moisés dos hebreus, apareça na narrativa como um príncipe egípcio, mas leiamos o que escreveu Lisandro de la Torre na pág. 274 de sua obra “A questão social e os cristãos sociais”: “Mas, quem era Moisés? A Bíblia apresenta-o como um hebreu e diz que ele matou um egípcio e foi viver entre os hebreus e se casou com Séfora, filha de Ragual. A fácil impunidade desse crime traiçoeiro robustece a suposição de que a autoridade do Faraó era muito fraca nas paragens onde andava Moisés. Renan supõe que Moisés não era hebreu, mas egípcio, pois seu nome não é hebraico, e o nome Mosé é egípcio e parece-lhe verossímil que este foi o seu. Egípcio renegado, teria podido adquirir ascendência entre os hebreus e conceber o plano do êxodo, que coincidia com o interesse de sua segurança pessoal”. Estrabão, historiador grego e autor de 17 livros sobre a sabedoria antiga e que viveu na época do nascimento do Cristo, refere que o êxodo do Egito teve lugar da seguinte forma: “Moisés, um sacerdote egípcio que também dirigia uma província egípcia, dali partiu porque não estava satisfeito com o estado de coisas local e com ele partiram muitos outros pelas mesmas razões religiosas”. O caso é que Moisés dizia que não estava direito que os egípcios elevassem touros e animais selvagens à categoria de deuses, assim como não era justo que os gregos dessem aos seus deuses formas humanas:
  • 32. 32 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Em “Tudo começou em Babel”, do escritor alemão Herbert Wendt, lê-se o seguinte: “Os egípcios, que emigraram para a Palestina, então se aliaram às nações vizinhas, parte por fins comerciais, parte por costumes religiosos. E então surgiu aí o inconsiderável reino dos judeus. Moisés e .os chefes religiosos dos judeus não eram judeus mas egípcios de alta categoria, rebelados contra a situação religiosa. O nome Moisés é sem dúvida egípcio e aparece nos nomes de muitos faraós: Thutmoses, Ahmoses, Ramesés, por exemplo. A grande façanha de Moisés foi a de que se mostrou capaz de ajudar um grande número desses párias escravos a fugir do Egito, dar-lhes leis e uma religião e ainda reuni-los em uma única nação na terra de Canaã. Foi desde aquele tempo que começou a história judaica”. Na mesma parte de “O Povo Eleito” do supracitado livro de Wendt, aparece uma hipótese levantada pelo Fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, médico e psiquiatra judeu vienense, concordando com Estrabão e outros, que “Moisés e os demais chefes religiosos, que guiaram os judeus ao fugirem do Egito, não foram judeus, mas sim egípcios que se revoltaram contra a religião egípcia do Estado. Acontece que Freud não pára aí, “continua dizendo que não somente Moisés e a casta sacerdotal dos levitas foram egípcios mas a própria religião monoteísta que, durante milênios tornou possível a sobrevivência dos judeus, foi egípcia também”. Lê-se também ali que a gente que constituiu o depois chamado povo judeu, hebreu ou israelita tinha várias procedências, isto é, que era uma mistura de raças unidas por idéias religiosas. Mas, depois de tantos séculos, dizemos nós, quem vai acreditar que Mossa ou Moisés foi mesmo egípcio e não hebreu como sempre constou. Da mesma forma poder-se-á dizer que o autor deste trabalho é alemão ou filho de alemães, quando eu nasci em Niterói, Capital do Estado do Rio de Janeiro, Estado em que nasceram também os meus pais, com, salvo um avô materno alemão, uma longa geração de ascendentes fluminenses, mineiros e paulistas. Tudo pode acontecer. Sinópticos (Extratos de “El corazon de Ásia”, de Nicolau Roerich, edição do Museu Roerich, de New York, MCMXXX) Antes de fazer dois pequenos extratos da citada obra, vou dizer quem foi Roerich, de acordo com Ricardo Rojas, em seu prólogo: “Conheço a extraordinária personalidade de Nicolau Roerich, sua inquieta vida de viajor de vários continentes, sua origem russa, sua aclimatação americana, sua obra de pintor, de pensador e de educador, que fazem dele uma das mais singulares figuras do mundo internacional contemporâneo. Para honrá-lo e para dar ao seu vigoroso espírito um instrumento de ação, erigiu-se em New York o magnífico Museu que leva o seu nome e que tem nas principais nações membros honorários da estirpe de Bernard Shaw, na Inglaterra; de Zuloaga, na Espanha e de Rabindranath Tagore na Índia”.
  • 33. 33 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Isto dito e deixando aos leitores o trabalho de comparação, passo, sem comentários, aos seguintes e interessantes trechos do seu livro: “Em Srinagar, ouvimos, pela primeira vez, a curiosa lenda acerca da visita do Cristo ao lugar. Depois, vimos quão amplamente difundida na Índia, no Ladak e na Ásia Central é a da viagem do Cristo a esses países, durante sua larga ausência de que fala o Evangelho. Os muçulmanos de Srinagar nos contaram que o Cristo crucificado, ou Issa, como o chamam, não morreu na cruz, mas só desmaiou. Seus discípulos raptaram seu corpo, o esconderam e o curaram. Posteriormente o levaram para Srinagar, onde doutrinou o povo e ali morreu. O túmulo do Mestre se acha nos alicerces de uma casa particular e se conta que existe lá uma inscrição que diz que, naquele lugar, foi enterrado o filho de José. Narra-se que perto da sepultura se dão curas milagrosas e que o ar está saturado de aromas. Dessa forma os crentes de outras religiões desejam ter o Cristo consigo”. (pág. 26). Este outro trecho concorda com o anterior e com a narrativa de Notovitch. Ei-lo: “Em Leh encontramos novamente a lenda da visita do Cristo a esses lugares. O chefe indu dos correios de Leh e vários ladakis budistas nos contaram que nesta cidade, não longe do bazar, ainda existe uma lagoa na margem da qual se erguia uma velha árvore à cuja sombra o Cristo pregou ao povo, antes de sua partida para a Palestina. Ouvimos também outra lenda de como o Cristo, quando jovem, chegou à Índia em uma caravana de mercadores e como foi aprendendo a suma sabedoria dos Himalaias. Ouvimos várias versões desta lenda, que se difundiu amplamente pelo Ladak, Sinkiang e Mongólia, mas todas elas concordam em um ponto: que, durante o tempo de sua ausência, o Cristo esteve na Índia e na Ásia. Não importa como e de onde proveio a lenda; talvez seja de origem nestoriana, mas notável é que a ela se referem com absoluta sinceridade”. (págs. 31 e 32) Aqui me detenho para passar a outra notícia concordante, mas de origem extra-humana, isto é, espiritual. (Trecho do livro “Herculanum”, ditado pelo espírito do conde J. W. Rochester à médium Sra. W. Krijanowsky, na França edição da Livraria da Federação Espírita Brasileira, 1935) Quem fala é o espírito do ex-centurião romano Quirinus Cornelius (anteriormente Allan Kardec, sacerdote, druida, depois João Huss, padre da Boêmia), em resposta à pergunta de Caius Lucilius (depois conde de Rochester, a própria entidade comunicante): “Onde é que Jesus, de origem tão humilde, adquirira o grande saber e a eloqüência com a qual escravizava os corações?” Informa ele: “A sua origem divina manifestou-se do berço, justamente por uma sabedoria que ultrapassava a sua idade e isso em todas as fases de sua vida. Entretanto, eis o que ouvi a respeito. Depois daquela conversa com o Mestre, tive o ensejo de, por intermédio de um dos discípulos, travar relações com um judeu rico e ardoroso adepto da nova doutrina, a propósito desta mesma pergunta que ora me fazes.
  • 34. 34 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Pois bem, esse homem me contou que o Mestre, ainda criança, foi a Jerusalém pela Páscoa, e, tendo por acaso se intrometido entre os doutores, a todos surpreendeu por suas dissertações e raciocínios, inconcebíveis na sua idade. Entre esses doutores, encontrava-se um velho rabino de Alexandria, abastado e sábio homem, que se interessou pelo menino precoce e veio a proporcionar-lhe, mais tarde, uma viagem àquela cidade, a fim de instruir-se. A morte do velho o impediu de facultar a Jesus uma posição independente, mas, ainda, assim, ele viajou pela Índia e só regressou à Galiléia dois ou três anos antes de começar a sua predicação. Sendo, ao demais, muito discreto, nenhum dos seus discípulos conhecia os pormenores da sua vida, nesse período que passou longe da pátria. Sua mãe, essa não o poderia ignorar, mas a verdade é que também se conservou muda a respeito”. Esta narrativa, que concorda com as anteriores, concorda ainda com as que se seguem. (Nota n° 1, da obra “La sorcellerie des campagnées”, de Charles Lancelin, autor de “L’Occultisme et la Science” e “La Vie Posthume”) O próprio Jesus foi um iniciado nos Mistérios do Egito. Encontro uma prova inegável disto em um erro de tradução, evidentemente proposital, que fizeram, sucessivamente, todos os tradutores oficiais do evangelho de Mateus. Ei-lo: o versículo 46 do Capítulo XXVII, deste autor, está assim: “E, pela nona hora, Jesus deu um grande brado, dizendo: ‘Eli, Eli, lamma sabachthani!’, isto é, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Todos os manuscritos gregos transcrevem como seguem estas quatro palavras hebraicas: Eli, Eli, lamma sabachthani! Esta transcrição é unânime, pode-se, portanto, considerá-la como absolutamente exata. Ela deve ser tanto mais exata porque não apresenta nenhuma dificuldade e ser, por sua vez, substituída pelo hebraico em que, letra por letra, escreve-se (o hebreu não tem vogal) desta maneira: “LI, LI, LHM ShBHh ThNI”. Ora, a tradução desta frase não é “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” e sim “Meu Deus, meu Deus, quanto me glorificais!” E esta frase era precisamente (com a única diferença proveniente da adaptação da idéia a uma outra língua) a fórmula que terminava nos mistérios do Egito a prece de ação de graças do iniciado: numa palavra, ela era sacramental e fazia parte de ritos misteriosos. Vejo na tradução oficial um contra-senso proposital, porque as edições que contêm esta passagem não deixam de enviar o leitor ao Salmo XII (XXI de certas traduções), vers. I, que é: “Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! por que me abandonastes?” A tradução deste versículo do salmo é, com efeito, exata, porém o texto é muito diferente do de Mateus; traz “LI, LI LMHHhZHTh-Ni” (ou acrescentando a transcrição dos pontos massoréticos: hazabattva-ni), fazendo o leitor observar que não se deve confundir o Hh, do primeiro texto, com o Hh, do segundo, pois, no primeiro caso, é um Hheth, aspiração gutural muito forte que o grego substituiu por Chi, quando no segundo texto é um Agin, outra aspiração muito forte. Para representar estes sons guturais das línguas semíticas, o alfabeto latino oferece uma só letra: o H, para as aspirações fracas e Hh para as aspirações fortes. Ora, a que homem de bom senso pode-se fazer crer que, entre todos os hebraizantes oficiais que estudaram estes textos, não houvesse um só para fazer o simplicíssimo trabalho que acabo de apresentar ao leitor e, por conseguinte, desvendar o erro? Donde deriva ele?
  • 35. 35 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Simplesmente disto: que, na época em que o evangelho de Mateus foi traduzido, no grego, por São Jerônimo, esta fórmula ritual era conhecida pelos padres contemporâneos, pois ainda existia bom número de iniciados hierofantes. Dar uma tradução exata seria classificar Jesus, ipso facto, entre os iniciados do Egito. E isto é tão verdadeiro que, embora tenha existido, ou ainda com certeza exista nas câmaras secretas da biblioteca do Vaticano, nunca nos apresentaram o texto original hebraico de Mateus, e que São Jerônimo, depois de se ter servido dele para firmar sua própria tradução (que, na realidade, era uma adaptação muito abreviada), depois de nos ter dado, do texto que ele próprio fez, a tradução errada, atualmente em voga, trata de heréticos todos os outros comentários que não os seus e denuncia como heréticas todas as seitas cristãs ebionitas, gnósticas, cabalistas, cevirtas, etc., que se serviram do livro original hebreu de Mateus. Contudo, não se deve procurar a razão desse ostracismo no fato único que acabo de estudar, mas também nessa outra causa que o livro de Mateus provava a existência, no ensino crístico, de uma doutrina esotérica secreta que só devia ser conhecida por certos iniciados. (Citação do livro “Cristianismo Místico”, do Yogi Ramacharaka, edição do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, 1926, págs. 79/83) Escreve Ramacharaka que, se não me engano, é o ocultista inglês William Walker Atkinson: Lendas e tradições de organizações e irmandades místicas e ocultistas nos dizem que, depois do acontecimento do Templo, onde os pais o encontraram no meio dos doutores, aproximaram-se de Jesus membros da organização secreta a que pertenciam os Magos e fizeram os pais ver que não convinha que Jesus ficasse recluso na carpintaria, quando tinha dado provas evidentes de um maravilhoso desenvolvimento espiritual e tão admirável compreensão intelectual de assuntos gravíssimos. Depois de longa e séria consideração, os progenitores de Jesus consentiram que ele seguisse o plano dos Magos e permitiram- lhes levá-lo consigo para a sua terra e seus retiros a fim de receber ali as instruções que a sua alma anelava e para as quais a sua mente estava preparada”. É verdade que o Novo Testamento não corrobora essas lendas ocultistas, mas igualmente é verdade que nada diz de contrário; passa com o silêncio por cima deste importante período de dezessete anos. É notável que, quando Jesus apareceu no cenário da atividade de João, este não o conheceu e, se Jesus tivesse passado aqueles anos em casa, João, seu primo teria conhecido seus traços fisionômicos e sua aparência pessoal. Os ensinos ocultistas nos dizem que aqueles dezessete anos da vida de Jesus, a respeito dos quais os Evangelhos nada contam, foram aproveitados por ele para viagens a terras longínquas, onde adolescente e moço foi instruído na sabedoria e ciência das diferentes escolas. Segundo essas tradições, ele foi à Índia, ao Egito, à Pérsia e a outras regiões distantes, vivendo alguns anos em cada centro importante e sendo iniciado nas diversas irmandades, ordens e corporações que ali tinham suas sedes. Algumas tradições das ordens egípcias falam de um jovem Mestre que esteve entre os irmãos daquela terra e do mesmo modo há tradições análogas na Pérsia e na Índia. Entre as lamasarias ocultas do Tibet e nos montes Himalaias podem se encontrar lendas e histórias concernentes ao admirável Mestre que certa vez visitou tais paragens e observou sua sabedoria e ciência secreta.
  • 36. 36 Francisco Klörs Werneck Jesus dos 13 aos 30 Anos Além disso, há tradições entre os bramanistas, budistas e zoroastristas que narram a história de um estranho instrutor que apareceu no seu meio, ensinou admiráveis verdades e levantou contra si grande oposição dos sacerdotes das várias religiões da Índia e da Pérsia, porque pregava contra a casta sacerdotal e o formalismo e também se opunha a todas as formas de distinções e restrições das castas sociais. E tudo está também de acordo com as lendas ocultistas que dizem que do seu vigésimo primeiro até quase ao trigésimo ano de idade, Jesus exerceu seu ministério entre o povo da Índia, da Pérsia e das terras vizinhas, voltando, finalmente, ao seu país natal onde foi ativo durante os últimos anos de sua vida. As lendas ocultistas nos informam que, em todas as terras que visitou, despertara a mais amarga oposição aos sacerdotes, que sempre se opunha ao formalismo e ao poder sacerdotal e procurara reconduzir o povo ao Espírito da Verdade, afastando-o das cerimônias e fórmulas de que sempre se têm servido para ofuscar e nublar a Luz do Espírito. Ele ensinou sempre a Paternidade de Deus e a Irmandade do Homem. Empenhou-se por tornar as grandes verdades ocultas compreensíveis à massa do povo, que tinha perdido o Espírito da Verdade em sua observância das formas externas e cerimônias pretensiosas. Relata-se que, na Índia, atraiu sobre sua cabeça a ira dos brâmanes, que sustentavam a distinção das castas, essa maldição da Índia. Ele morava na cabana dos sudras, a mais baixa das castas hindus e por isso era olhado como pária pelas classes superiores. Por toda a parte os sacerdotes e as castas superiores o consideravam como revoltoso e perturbador da ordem social estabelecida. Era um agitador, um rebelde, um renegado religioso, um socialista, um homem perigoso, um cidadão indesejável, na opinião das autoridades daqueles países. Os grãos da sabedoria, porém, foram semeados à direita e à esquerda e, nas doutrinas de outros países orientais, se pode achar a Verdade, cuja semelhança com as doutrinas de Jesus, que foram conservadas, demonstra que provêm da mesma fonte e deram muito que pensar aos missionários cristãos que visitaram aquelas terras. E assim, devagar e com paciência, Jesus foi regressando à sua pátria, à terra de Israel, onde devia completar o seu ministério, trabalhando por três anos entre os seus compatriotas e onde igualmente devia incitar contra si a oposição dos sacerdotes e das classes elevadas que lhe trouxe finalmente o martírio e a morte. Ele era rebelde contra a ordem estabelecida das coisas e encontrou o fado reservado a todos os que vivem acima de seu tempo. E, como aconteceu desde os primeiros dias do seu ministério até o último, hoje, as verdadeiras doutrinas do Homem das Dores tocam mais facilmente os corações do povo, ao passo que são contrariadas e combatidas pelas pessoas que têm autoridade eclesiástica ou temporal, embora se chamem seus sequazes e apresentem suas insígnias. Ele foi sempre o amigo do pobre e oprimido, e odiado pelos homens do poder. Assim, pois, vedes que os ensinos ocultistas mostram que Jesus tem sido um instrutor mundial e não apenas um profeta judeu. O mundo inteiro foi seu auditório e todos os povos seus ouvintes. Ele plantou seus grãos de Verdade no seio de várias religiões e não numa só, e estas sementes estão começando a dar os seus melhores frutos agora em nossos dias, quando as nações começam a sentir a verdade da Paternidade de Deus e da Irmandade dos Homens e o novo sentimento vai se tornando bastante forte para derrubar os velhos preconceitos que separam irmão de irmão e um credo de outro credo. O Cristianismo, em seu sentido verdadeiro, não é apenas um credo, é uma grande Verdade humana e divina, que há de elevar-se por sobre todas as mesquinhas diferenças de raça e religião, para no fim iluminar todos os homens, unindo-os todos num só rebanho da Fraternidade Universal.