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A gênese da fome no Sul: 
integração no mercado mundial, 
acesso à terra e êxodo rural 
Sociologia V 
1
A articulação necessária e complementar entre a miséria colonial e a 
pujança dos impérios ocidentais, especialmente o Império britânico 
decadente, na época vitoriana. 
HOLOCAUSTOS COLONIAIS 
MIKE DAVIS 
2
A fome como resultado. 
• A miséria mais concreta, medida nos números 
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impressão mais bruta e direta provocada pela 
leitura deste livro, que desvela fatos de uma 
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tão bem sublinhadas. Para Davis, poucos 
historiadores conseguiram perceber que o final 
do século XIX trouxe uma “radical divisão de 
águas na história da humanidade”. Uma das 
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identificava que “a verdadeira origem das fomes 
nos últimos cinqüenta anos foi a livre 
comercialização de grãos, combinada com a falta 
de rendimentos locais” (p. 19). 
3
Fome: Império e Capital 
• As secas mais destrutivas que o mundo já 
conhecera resultaram não apenas da coincidência 
dos ciclos meteorológicos com os ciclos da 
depressão econômica, espe- cialmente a partir da 
crise de 1873, mas, sobretudo, da política 
econômica imperial que dominou as economias 
coloniais com novos e refinados mecanismos de 
exploração. As ondas de mortes pela fome 
ocorridas em três grandes picos (1876-1879; 
1889- 1891; 1896-1902) representam um dos 
mais terríveis processos de genocídio da história 
contemporânea. 
4
Conexões 
• Processos econômicos internacionais mostram a 
outra faceta da época áurea da ascensão 
capitalista, apresentada como uma era de 
indústria, progresso e expansão civilizatória. A 
acumulação de capital no centro do sistema se 
deu, mais uma vez, com uma imensa extração 
de renda da periferia, cujo custo foi algo em 
torno de ao menos 50 milhões de mortos de 
fome, especialmente na China e na Índia. 
• As políticas econômicas adotadas pelo governo 
inglês na Índia essa provocaram a catástrofe 
social. 
5
Contorno do problema. 
• Três aspectos da nova relação entre a periferia 
colonial e o centro europeu do sistema foram 
decisivos para os terríveis resultados ocorridos: a 
incorporação forçada da produção de pequenos 
proprietários de terra nos circuitos financeiros e 
de mercadorias controlados do exterior; a queda 
nos preços mundiais dos produtos da agricultura 
tropical; e a confiscação pelo imperialismo da 
autonomia fiscal local, que impediu a 
manutenção de políticas tradicionais de proteção 
aos camponeses em épocas de seca, 
especialmente com o colapso dos sistemas de 
abastecimento de água e irrigação. 
6
Clima e Terceiro Mundo. 
• Uma parte do livro é dedicada à história da 
meteorologia e da identificação do fenô- meno do 
aquecimento das águas do Pacífico, chamado de El 
Niño, assim como o fenôme- no oposto, de 
esfriamento das águas, chamado de La Niña. As 
pesquisas em climatologia puderam identificar 
precisamente as flutuações na temperatura dos 
oceanos e suas consequências nos ciclos 
meteorológicos numa escala de muitas décadas até os 
dias atuais, quando o aquecimento global 
antropogênico aumenta os desequilíbrios climáticos e 
a oscilação da temperatura dos oceanos. 
7
Fome e Política 
• As fomes do período contemporâneo foram 
atribuídas à fenômenos climáticos 
incontroláveis e à própria responsabilidade 
dos nativos, supostamente incapazes de ga-rantir 
alimentação para si próprios. A obra de 
Mike Davis vem mostrar as causas políti- cas e 
econômicas desses desastres que 
consolidaram o poder dos Impérios europeus 
e fadaram os povos asiáticos a uma miséria 
crônica e estrutural. 
8
Levantes e insurreições. 
• As reações por meio de insurreições e levantes, 
especialmente os de tipo messiânico, foram 
generalizadas. Desde os boxers na China, passando pelos 
rebeldes filipinos, até chegar ao movimento de Canudos 
e à pregação do Padre Cícero no sertão do Ceará, 
encontram-se as mesmas causas estruturais: 
desagregação das comunidades tradicionais devido a 
integração de suas economias de subsistência aos 
ditames do mercado mundial, que impôs a grande 
plantação de agro-exportação (no caso do Ceará o 
algodão foi o responsável pelo desmatamento e 
desagregação da estrutura de subsistência tradicional). 
Nenhuma destas rebeliões, contudo, pôde ser vitoriosa 
diante dos exércitos europeus e mercenários, armados 
de fuzis de repetição e de meios ágeis de transporte. 
9
Climatologia e Política 
• A análise de Mike Davis abrange a história, a 
climatologia e a teoria social para elaborar uma 
ecologia política da fome que serve de 
instrumento para a compreensão da dinâmica de 
estabelecimento da hegemonia dos impérios 
contemporâneos, especialmente a Inglaterra e os 
Estados Unidos, diante da maioria do planeta. É 
uma obra indispensável para a compreensão das 
desigualdades do mundo atual e de sua gênese 
histórica, baseadas não em fenômenos 
“naturais” mas numa deliberada política 
imperial de dominação, opressão e genocídio 
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  • 1. A gênese da fome no Sul: integração no mercado mundial, acesso à terra e êxodo rural Sociologia V 1
  • 2. A articulação necessária e complementar entre a miséria colonial e a pujança dos impérios ocidentais, especialmente o Império britânico decadente, na época vitoriana. HOLOCAUSTOS COLONIAIS MIKE DAVIS 2
  • 3. A fome como resultado. • A miséria mais concreta, medida nos números astronômicos dos milhões de mortos, é a impressão mais bruta e direta provocada pela leitura deste livro, que desvela fatos de uma “história secreta” cujas proporções nunca foram tão bem sublinhadas. Para Davis, poucos historiadores conseguiram perceber que o final do século XIX trouxe uma “radical divisão de águas na história da humanidade”. Uma das exceções foi Karl Polanyi que, em 1944, já identificava que “a verdadeira origem das fomes nos últimos cinqüenta anos foi a livre comercialização de grãos, combinada com a falta de rendimentos locais” (p. 19). 3
  • 4. Fome: Império e Capital • As secas mais destrutivas que o mundo já conhecera resultaram não apenas da coincidência dos ciclos meteorológicos com os ciclos da depressão econômica, espe- cialmente a partir da crise de 1873, mas, sobretudo, da política econômica imperial que dominou as economias coloniais com novos e refinados mecanismos de exploração. As ondas de mortes pela fome ocorridas em três grandes picos (1876-1879; 1889- 1891; 1896-1902) representam um dos mais terríveis processos de genocídio da história contemporânea. 4
  • 5. Conexões • Processos econômicos internacionais mostram a outra faceta da época áurea da ascensão capitalista, apresentada como uma era de indústria, progresso e expansão civilizatória. A acumulação de capital no centro do sistema se deu, mais uma vez, com uma imensa extração de renda da periferia, cujo custo foi algo em torno de ao menos 50 milhões de mortos de fome, especialmente na China e na Índia. • As políticas econômicas adotadas pelo governo inglês na Índia essa provocaram a catástrofe social. 5
  • 6. Contorno do problema. • Três aspectos da nova relação entre a periferia colonial e o centro europeu do sistema foram decisivos para os terríveis resultados ocorridos: a incorporação forçada da produção de pequenos proprietários de terra nos circuitos financeiros e de mercadorias controlados do exterior; a queda nos preços mundiais dos produtos da agricultura tropical; e a confiscação pelo imperialismo da autonomia fiscal local, que impediu a manutenção de políticas tradicionais de proteção aos camponeses em épocas de seca, especialmente com o colapso dos sistemas de abastecimento de água e irrigação. 6
  • 7. Clima e Terceiro Mundo. • Uma parte do livro é dedicada à história da meteorologia e da identificação do fenô- meno do aquecimento das águas do Pacífico, chamado de El Niño, assim como o fenôme- no oposto, de esfriamento das águas, chamado de La Niña. As pesquisas em climatologia puderam identificar precisamente as flutuações na temperatura dos oceanos e suas consequências nos ciclos meteorológicos numa escala de muitas décadas até os dias atuais, quando o aquecimento global antropogênico aumenta os desequilíbrios climáticos e a oscilação da temperatura dos oceanos. 7
  • 8. Fome e Política • As fomes do período contemporâneo foram atribuídas à fenômenos climáticos incontroláveis e à própria responsabilidade dos nativos, supostamente incapazes de ga-rantir alimentação para si próprios. A obra de Mike Davis vem mostrar as causas políti- cas e econômicas desses desastres que consolidaram o poder dos Impérios europeus e fadaram os povos asiáticos a uma miséria crônica e estrutural. 8
  • 9. Levantes e insurreições. • As reações por meio de insurreições e levantes, especialmente os de tipo messiânico, foram generalizadas. Desde os boxers na China, passando pelos rebeldes filipinos, até chegar ao movimento de Canudos e à pregação do Padre Cícero no sertão do Ceará, encontram-se as mesmas causas estruturais: desagregação das comunidades tradicionais devido a integração de suas economias de subsistência aos ditames do mercado mundial, que impôs a grande plantação de agro-exportação (no caso do Ceará o algodão foi o responsável pelo desmatamento e desagregação da estrutura de subsistência tradicional). Nenhuma destas rebeliões, contudo, pôde ser vitoriosa diante dos exércitos europeus e mercenários, armados de fuzis de repetição e de meios ágeis de transporte. 9
  • 10. Climatologia e Política • A análise de Mike Davis abrange a história, a climatologia e a teoria social para elaborar uma ecologia política da fome que serve de instrumento para a compreensão da dinâmica de estabelecimento da hegemonia dos impérios contemporâneos, especialmente a Inglaterra e os Estados Unidos, diante da maioria do planeta. É uma obra indispensável para a compreensão das desigualdades do mundo atual e de sua gênese histórica, baseadas não em fenômenos “naturais” mas numa deliberada política imperial de dominação, opressão e genocídio organizado. 10