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Hotelaria Hospitalar
A hotelaria hospitalar não fazia parte do contexto do hospital brasileiro até há
menos de 10 anos. Desde que o médico fosse competente e o hospital
aparentemente limpo, nada mais importava para o paciente. Nesse período,
quem buscava o hospital para cuidar da saúde era também o paciente,
significando que ao entrar no ambiente hospitalar ele deixava de ser cidadão,
de ter vontade própria, de ter direitos e passava a ser passivo (daí o nome,
paciente), obedecendo às ordens médicas e da enfermagem. Esse tempo
passou. Agora quem busca o hospital não é mais paciente: é um cidadão que
sabe de seus direitos e suas responsabilidades. Ele vai a procura de solução
para seus problemas e sente-se com direito de ser bem atendido. É um cliente
que vai comprar um produto, que é o tratamento e a assistência que o hospital
oferece.
A partir desse momento, o hospital começa a perceber que precisa
corresponder não só às necessidades do cliente, mas também às suas
expectativas. Começa a se preocupar com a concorrência e parte em busca de
um diferencial para atrair o cliente. Já não basta a competência do médico, do
enfermeiro e nem a aparência limpa do hospital. O cliente quer ciência e
tecnologia, mas também conforto e segurança. Quer que seus medos sejam
minimizados e o ambiente branco e aparentemente estéril do hospital
tradicional não lhe é favorável. Ele quer continuar em contato com o mundo,
agora não só através do telefone, mas ele quer televisão, jornais, revistas.
Enfim, o paciente não quer se sentir excluído da sociedade e exige um
ambiente com aspecto que lembre mais um hotel e que cause menos estresse.
Nesse momento, o hospital reconhece que precisa mudar o seu conceito de
hospedagem para proporcionar ao cliente em vez de um ambiente frio e
impessoal, um ambiente agradável e humanizado, ainda que muito complexo.
Pela sua preocupação com o bem-estar, a hotelaria hospitalar é voltada para
uma contínua busca da excelência, conciliando os objetivos do hospital com o
ato de hospedar, sem perder de vista a especificidade de sua clientela. Embora
o foco principal seja o tratamento e a assistência, o hospital passa a investir
nos serviços que envolvem a hospedagem, reconhecendo o paciente e o seu
acompanhante como clientes.
A estrutura da hotelaria hospitalar varia de amplitude de um hospital para outro,
principalmente porque ainda não é um serviço completamente sedimentado e,
como tal, não faz parte do cenário rotineiro de todo hospital. Em geral, a
estrutura básica da hotelaria é constituída pela governança (lavanderia,
rouparia, camareiras, higiene, limpeza e gerenciamento de resíduos sólidos),
nutrição e dietética. Muitos hospitais já contam com lanchonete e restaurante.
Fazem parte também paisagismo, jardinagem, segurança pessoal e
patrimonial, recepção, serviços de atendimento, manutenção, estacionamento,
loja de conveniência, floricultura, áreas de lazer (cybercafé, sala de jogos,
brinquedoteca, por exemplo). Além disso, poderá disponibilizar para o cliente
que não quer perder contato com seu escritório, toda infra-estrutura de apoio,
como fax, xerox, internet e motoboy.
Desde o momento em que o hospital passou a se preocupar com a qualidade
do atendimento, a humanização do serviço prestado passou a ter uma enorme
importância, pois atender pessoas com problemas de saúde requer uma
maneira especial de comunicação, o que exige treinamento do pessoal que
presta o serviço. Pode parecer óbvio que o atendimento no hospital deva ser
essencialmente humano, mas na realidade isso ainda não é uma verdade para
todas as instituições.
Segundo o Manual de Humanização do Ministério da Saúde, publicado no ano
passado, "humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para
que o sofrimento humano, as percepções de dor ou de prazer sejam
humanizadas, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam
reconhecidas pelo outro. É preciso, ainda, que esse sujeito ouça do outro
palavras de reconhecimento. É pela linguagem que fazemos as descobertas de
meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos desumanizamos
reciprocamente. Em resumo: sem comunicação, não há humanização. A
humanização depende de nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do
diálogo com nossos semelhantes".
Somente ciência e tecnologia não bastam para atender bem o cliente. Ao
contrário, quando apenas esses aspectos são considerados, o atendimento é
desumano, pois não considera o sentimento das pessoas envolvidas. A
hotelaria hospitalar tem importante papel a desempenhar para agregar valor à
qualidade da assistência prestada ao cliente, não só de maneira direta, como
também por meio das interfaces com os diversos serviços hospitalares.
Não é suficiente apenas fazer mudanças na estrutura organizacional do
hospital, remanejando serviços ou criando novos para se implantar o conceito
de hotelaria hospitalar. É necessário – aliás, fundamental –, uma mudança na
cultura organizacional.
Todos sabem que mudanças envolvem resistências. O ser humano sente-se
muito mais seguro quando tudo permanece igual. Mudanças em geral
envolvem valores e crenças, daí a dificuldade que as pessoas sentem em
mudar suas atitudes, conceitos, enfim, sua maneira de dar sentido ao seu
trabalho. Se cultura organizacional "é um conjunto de crenças, valores e
normas partilhados pelos colaboradores" pode-se inferir que a implantação do
novo conceito de hotelaria hospitalar vai requerer uma firme liderança,
definição clara de objetivos e, acima de tudo, treinamento de todos os
membros da equipe para que compreendam e aceitem essas mudanças.
Dessa maneira, a mudança passa a ser vista como uma oportunidade e não
como uma ameaça, sendo abraçada pela equipe e não mais evitada.
A implantação de um novo conceito de hotelaria hospitalar envolve
planejamento. O primeiro passo é a revisão de todos os fluxos da estrutura
física do hospital, dos processos e das interfaces entre todos os serviços
existentes para que seja feito um diagnóstico. É necessário que todos os
serviços básicos da hotelaria hospitalar – governança, segurança patrimonial,
estacionamento, paisagismo e jardinagem, nutrição e dietética –, tenham a sua
gestão focada no cliente e na qualidade da assistência prestada. De acordo
com a criatividade e o padrão de qualidade de serviço a ser oferecido, a
hotelaria hospitalar ainda pode proporcionar ao cliente aquilo que ele nem
espera, como por exemplo, salão de beleza, loja de conveniência, agregando
dessa maneira, um diferencial competitivo ao hospital.
Se hotelaria "quer dizer hospitalidade, ato de hospedar, de acolher com
satisfação e prazer" é indispensável que as pessoas que acolhem o cliente no
hospital estejam conscientes da importância do seu papel e que busquem
continuamente sua capacitação para prestar um serviço que proporcione o
encantamento do cliente. Somente a estrutura física e equipamentos de ponta
não serão suficientes. As pessoas é que fazem a diferença no atendimento,
sendo indispensável o reconhecimento, pela empresa de saúde e pelo próprio
serviço de hotelaria hospitalar, para criar condições para motivar e reter os
talentos que agregam valor à assistência prestada.

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Hotelaria Hospitalar: humanizando a assistência

  • 1. Hotelaria Hospitalar A hotelaria hospitalar não fazia parte do contexto do hospital brasileiro até há menos de 10 anos. Desde que o médico fosse competente e o hospital aparentemente limpo, nada mais importava para o paciente. Nesse período, quem buscava o hospital para cuidar da saúde era também o paciente, significando que ao entrar no ambiente hospitalar ele deixava de ser cidadão, de ter vontade própria, de ter direitos e passava a ser passivo (daí o nome, paciente), obedecendo às ordens médicas e da enfermagem. Esse tempo passou. Agora quem busca o hospital não é mais paciente: é um cidadão que sabe de seus direitos e suas responsabilidades. Ele vai a procura de solução para seus problemas e sente-se com direito de ser bem atendido. É um cliente que vai comprar um produto, que é o tratamento e a assistência que o hospital oferece. A partir desse momento, o hospital começa a perceber que precisa corresponder não só às necessidades do cliente, mas também às suas expectativas. Começa a se preocupar com a concorrência e parte em busca de um diferencial para atrair o cliente. Já não basta a competência do médico, do enfermeiro e nem a aparência limpa do hospital. O cliente quer ciência e tecnologia, mas também conforto e segurança. Quer que seus medos sejam minimizados e o ambiente branco e aparentemente estéril do hospital tradicional não lhe é favorável. Ele quer continuar em contato com o mundo, agora não só através do telefone, mas ele quer televisão, jornais, revistas. Enfim, o paciente não quer se sentir excluído da sociedade e exige um ambiente com aspecto que lembre mais um hotel e que cause menos estresse. Nesse momento, o hospital reconhece que precisa mudar o seu conceito de hospedagem para proporcionar ao cliente em vez de um ambiente frio e impessoal, um ambiente agradável e humanizado, ainda que muito complexo.
  • 2. Pela sua preocupação com o bem-estar, a hotelaria hospitalar é voltada para uma contínua busca da excelência, conciliando os objetivos do hospital com o ato de hospedar, sem perder de vista a especificidade de sua clientela. Embora o foco principal seja o tratamento e a assistência, o hospital passa a investir nos serviços que envolvem a hospedagem, reconhecendo o paciente e o seu acompanhante como clientes. A estrutura da hotelaria hospitalar varia de amplitude de um hospital para outro, principalmente porque ainda não é um serviço completamente sedimentado e, como tal, não faz parte do cenário rotineiro de todo hospital. Em geral, a estrutura básica da hotelaria é constituída pela governança (lavanderia, rouparia, camareiras, higiene, limpeza e gerenciamento de resíduos sólidos), nutrição e dietética. Muitos hospitais já contam com lanchonete e restaurante. Fazem parte também paisagismo, jardinagem, segurança pessoal e patrimonial, recepção, serviços de atendimento, manutenção, estacionamento, loja de conveniência, floricultura, áreas de lazer (cybercafé, sala de jogos, brinquedoteca, por exemplo). Além disso, poderá disponibilizar para o cliente que não quer perder contato com seu escritório, toda infra-estrutura de apoio, como fax, xerox, internet e motoboy. Desde o momento em que o hospital passou a se preocupar com a qualidade do atendimento, a humanização do serviço prestado passou a ter uma enorme importância, pois atender pessoas com problemas de saúde requer uma maneira especial de comunicação, o que exige treinamento do pessoal que presta o serviço. Pode parecer óbvio que o atendimento no hospital deva ser essencialmente humano, mas na realidade isso ainda não é uma verdade para todas as instituições. Segundo o Manual de Humanização do Ministério da Saúde, publicado no ano passado, "humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento humano, as percepções de dor ou de prazer sejam humanizadas, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro. É preciso, ainda, que esse sujeito ouça do outro palavras de reconhecimento. É pela linguagem que fazemos as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso, nos desumanizamos reciprocamente. Em resumo: sem comunicação, não há humanização. A humanização depende de nossa capacidade de falar e de ouvir, depende do diálogo com nossos semelhantes".
  • 3. Somente ciência e tecnologia não bastam para atender bem o cliente. Ao contrário, quando apenas esses aspectos são considerados, o atendimento é desumano, pois não considera o sentimento das pessoas envolvidas. A hotelaria hospitalar tem importante papel a desempenhar para agregar valor à qualidade da assistência prestada ao cliente, não só de maneira direta, como também por meio das interfaces com os diversos serviços hospitalares. Não é suficiente apenas fazer mudanças na estrutura organizacional do hospital, remanejando serviços ou criando novos para se implantar o conceito de hotelaria hospitalar. É necessário – aliás, fundamental –, uma mudança na cultura organizacional. Todos sabem que mudanças envolvem resistências. O ser humano sente-se muito mais seguro quando tudo permanece igual. Mudanças em geral envolvem valores e crenças, daí a dificuldade que as pessoas sentem em mudar suas atitudes, conceitos, enfim, sua maneira de dar sentido ao seu trabalho. Se cultura organizacional "é um conjunto de crenças, valores e normas partilhados pelos colaboradores" pode-se inferir que a implantação do novo conceito de hotelaria hospitalar vai requerer uma firme liderança, definição clara de objetivos e, acima de tudo, treinamento de todos os membros da equipe para que compreendam e aceitem essas mudanças. Dessa maneira, a mudança passa a ser vista como uma oportunidade e não como uma ameaça, sendo abraçada pela equipe e não mais evitada. A implantação de um novo conceito de hotelaria hospitalar envolve planejamento. O primeiro passo é a revisão de todos os fluxos da estrutura física do hospital, dos processos e das interfaces entre todos os serviços existentes para que seja feito um diagnóstico. É necessário que todos os serviços básicos da hotelaria hospitalar – governança, segurança patrimonial, estacionamento, paisagismo e jardinagem, nutrição e dietética –, tenham a sua gestão focada no cliente e na qualidade da assistência prestada. De acordo com a criatividade e o padrão de qualidade de serviço a ser oferecido, a hotelaria hospitalar ainda pode proporcionar ao cliente aquilo que ele nem espera, como por exemplo, salão de beleza, loja de conveniência, agregando dessa maneira, um diferencial competitivo ao hospital.
  • 4. Se hotelaria "quer dizer hospitalidade, ato de hospedar, de acolher com satisfação e prazer" é indispensável que as pessoas que acolhem o cliente no hospital estejam conscientes da importância do seu papel e que busquem continuamente sua capacitação para prestar um serviço que proporcione o encantamento do cliente. Somente a estrutura física e equipamentos de ponta não serão suficientes. As pessoas é que fazem a diferença no atendimento, sendo indispensável o reconhecimento, pela empresa de saúde e pelo próprio serviço de hotelaria hospitalar, para criar condições para motivar e reter os talentos que agregam valor à assistência prestada.