O documento discute como as emoções, empatia e disponibilidade psicológica afetam a aprendizagem online e híbrida. A oficina online analisou como esses fatores psicológicos influenciam a participação dos estudantes e identificou que o receio da exposição online, estímulos neurológicos e disponibilidade psicológica impactam o engajamento e aprendizagem.
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Emoções, empatia e disponibilidade psicológica na aprendizagem online e na híbrida.
1. Emoções, empatia e disponibilidade psicológica na aprendizagem online e na híbrida
Por Enilton Rocha, 28 abr. 2023.
O tema da oficina online de ontem, na WR3 EaD, foi sobre emoções, empatia e disponibilidade
psicológica na aprendizagem online e na híbrida.
A dúvida central apresentada como objeto de reflexões e de produções durante a oficina foi:
Por que os espaços digitais de aprendizagem online, que teoricamente contribuem para a
aproximação de pessoas que estão distantes fisicamente, que supostamente poderiam se
conectar de modo diferente, ao vivo, em contextos diferentes, com pessoas diferentes, mas que
muitas vezes são arredias, que se comportam como ouvintes passivos ou de pouca ação em
interações e interatividades a distância?
Após analisarmos relatos, depoimentos e vídeos de casos de uso relacionados a essa pergunta
conseguimos identificar algumas evidências, vestígios que contribuíram fortemente para os
diálogos, inquietações e discussões:
1. O receio da exposição online
O ensino e a aprendizagem online possuem alguns pressupostos que se não observados
podem favorecer o receio à exposição.
Nesse sentido, a Austrália tentou amenizar essa variável de influência negativa na
aprendizagem online, colocando, na época, a figura dos avatares do Second Life para a
identificação visual dos estudantes, na expectativa de que com esse artifício eles estariam
mais à vontade ou protegidos para se libertarem do receio à exposição. A ideia não surtiu
efeito e foi muito criticada pelos educadores e professores daquele país.
Acredita-se considerar como elementos de impacto nos resultados da aprendizagem online
os contextos e planejamento; o propósito formativo; o ferramental tecnológico; o mundo
digital e humanização da aprendizagem, bem como a aprendizagem e avaliação (Rocha,
Enilton 2021). Esses pressupostos, se considerados, podem contribuir fortemente para a
redução das desigualdades e favorecer a inclusão e o acesso na aprendizagem online,
especialmente no que diz respeito à humanização em ambientes digitais de aprendizagem e
ao processo de interação entre pares e entre estudantes e os professores.
2. Influências da neurociência na aprendizagem
Segundo Guerra, Leonor (2023), os elementos ou evidências das bases neurocientíficas da
aprendizagem devem fazer parte do dia a dia das salas de aula, visto que para ela “a
aprendizagem é biológica”. Se considerarmos os estímulos de um ambiente de
aprendizagem, tais como: atenção, motivação, emoção, percepção, sensação e significado,
recomendados por ela, creio que algumas respostas poderão esclarecer a pergunta feita aos
participantes da oficina. A neurociência na aprendizagem ainda é pouco conhecida e
explorada mundo afora e no Brasil ela ainda não saiu do papel, nas escolas públicas, podendo
ser considerada como uma das grandes lacunas no processo de melhoria da qualidade
principalmente no ensino básico. Como pensar em melhorar os diálogos entre professor e
estudante sem observar os estímulos gerados em ambientes de aprendizagem? Sem
considerar, por exemplo, as reações biológicas da atenção, motivação, emoção, percepção e
significado? (Guerra, 2023). Nesse sentido, tanto as discussões como relatos apresentados
durante a oficina nos levaram a crer que a neurociência na aprendizagem talvez seja a base
2. de observação e análises para compreendermos comportamentos tais como apatia, evasão
e resistências em ambientes de aprendizagem.
3. Disponibilidade psicológica
Termo derivado da andragogia, em atitudes e agendas secretas do adulto durante o processo
de aprendizagem, nos ajudou a compreender e supostamente responder algumas das
questões postas durante a oficina. A disponibilidade psicológica (Rocha, 2021), no contexto
da aprendizagem híbrida e da online, traz alguns elementos que são fundamentais para
avaliarmos comportamentos em espaços digitais de aprendizagem, considerando o impacto
que eles representam nas ações internas e externas de adultos nesses espaços. Considera-
se como disponibilidade psicológica a autocritica para disponibilidade e aceitação
verdadeira, a autocritica para o positivismo tóxico, a disponibilidade e a iniciativa não
conduzidas, a boa vontade não induzida, a comunicação não violenta e a saúde mental para
os desafios e o começar de novo. Se compreendermos o quanto esses elementos podem
impactar na qualidade da aprendizagem do adulto, talvez tenhamos muitas respostas para
os desencontros nas salas de aula, quer virtuais ou presenciais. Desencontros nos diálogos
entre professores e estudantes, na capacidade de transformação do estudante, do professor
e do ambiente de aprendizagem. No potencial de desenvolvimento da aprendizagem
significativo-ativa.
Enfim, diferentemente do que imaginamos ou acreditamos, a empatia, as emoções e a
disponibilidade psicológica são fatores preponderantes e precisam estar presentes no dia a dia
das salas de aula, sob pena de não atingirmos o propósito e as metas de aprendizagem previstos.
O olhar para o conceito de “aprendizagem biológica”, destacada neste texto, talvez seja o
caminho para repensar a construção de currículos, de estratégicas de aplicação das teorias de
aprendizagem, que vão além do ensino básico, tais como andragogia, heutagogia, hebegogia e
cibergogia. Caminho para repensar os ambientes escolares, a humanização dos ambientes de
interação e interatividade online e híbridos. Repensar os espaços sociais e físicos das escolas.
Referências:
ANDRADE, SAULO CARMO DE; SANTOS, MARIA DE FÁTIMA LUZ. O design instrucional e o design
educacional sob a ótica de uma educação progressista. Acesso em 20 jun. 2021. Disponível em: desigm
educacional ou instrucional.pdf
COSENZA, RAMON M.; GUERRA, LEONOR B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Recurso
eletrônico. Porto Alegre: Artmed. 2011. Acesso em 20 fev. 2022. Disponível em
https://www.google.com.br/books/edition/Neuroci%C3%AAncia_e_Educa%C3%A7%C3%A3o/BEIkPQD6l
eUC?hl=pt-BR&gbpv=1
ROCHA, ENILTON F. Persona e design instrucional: documento orientador do programa de treinamento
Endowment Funds de CT&I, CGEE. WR3 EaD, 2021.
_________ Os dez pressupostos andragógicos da aprendizagem do
adulto: um olhar diferenciado na educação do adulto. Acesso em: 18 abr. 2023. Disponível
em: https://www.abed.org.br/arquivos/os_10_pressupostos_andragogicos_ENILTON.pdf
_________ROCHA, ENILTON F. Desafios da aula online (Mapa Conceitual - Extrato de diálogos com alguns
professores durante a pandemia 2020.
Acesso em 27 abr. 2023. Disponível em: https://wr3ead.com.br/wp-content/uploads/2023/04/desafios-
da-aula-online2.jpg