1. O documento discute o papel e desafios dos tutores no processo de ensino-aprendizagem na educação a distância.
2. Os tutores desempenham um papel importante na mediação entre professores e alunos, oferecendo orientação, esclarecimento de dúvidas e monitoramento do aprendizado.
3. No entanto, é necessário que os tutores recebam preparo adequado para auxiliar de forma efetiva na aprendizagem dos alunos à distância.
1. 1
OS DESAFIOS E PAPEL DO TUTOR NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Solange Vilarim de Araujo
Curso de Pós-Graduação em Metodologias e Gestão para a Educação a Distância
Polo de Dourados/MS
RESUMO
O presente artigo tem como objeto de estudo o papel do tutor no ambiente de
ensino-aprendizagem em educação a distância, refletindo sobre sua contribuição
para uma educação de qualidade e para um bom aprendizado ao acadêmico. O
problema de pesquisa é se os tutores estão realmente preparados para auxiliar na
mediação e no aprendizado dos alunos, contribuindo para a sua formação
acadêmica e profissional. A metodologia utilizada foi o método dialético e pesquisa
bibliográfica, através da discussão entre as ideias dos autores que tratam da EAD e
do papel e dos desafios do tutor. O sistema de tutoria é muito mais que um aspecto
estrutural e de apoio ao estudante: pressupõe fluência tecnológica, orientação,
acompanhamento pedagógico, monitoramento e avaliação. O papel do tutor na EAD
é muito importante, suas orientações devem focar aspectos do conhecimento
ajudando o estudante na conquista de autonomia e construção de competências
investigativas enquanto ações que concretizam aprendizagem e desenvolvimento do
aluno, isso implica que os desafios deste profissional ainda são grandes.
Palavras-chave: ensino-aprendizagem; EAD; tutor.
2. 2
INTRODUÇÃO
Os modelos de Educação a Distância (EaD) vem evoluindo com relação aos
recursos educacionais, performance docente e discente no que se refere à
necessidade de selecionar informações e transformá-las em conhecimento. O
aprimoramento tecnológico como consequência das transformações sociais,
culturais e científicas da sociedade gera remodelações pedagógicas e curriculares
em virtude das possibilidades concretas de interação e interatividade.
Esta pesquisa será necessária para aprender sobre a importância do tutor,
que servirá de base para o conhecimento desta pesquisadora, que também exerce a
função de tutora presencial em uma Universidade.
É necessário conhecer sobre a própria prática, para que seja possível lidar
com os obstáculos e ter mais iniciativa para contribuir com o processo ensino-aprendizagem
dos nossos alunos.
As atribuições dos tutores na modalidade a distância precisam ser
estabelecidas com maior consistência operacional nas políticas públicas e editais
enquanto diretrizes indutoras da qualidade curricular, pedagógica e de gestão das
instituições credenciada para oferta de cursos na modalidade a distância.
O nosso problema de pesquisa é se os tutores estão realmente preparados
para auxiliar na mediação e no aprendizado dos alunos, contribuindo para a sua
formação acadêmica e profissional, isso nos levou a efetuar essa pesquisa e estudo
em diversos autores que tratam do assunto, a fim de responder esta problemática.
O objetivo desta pesquisa é avaliar os desafios e o papel do tutor na
mediação e sua contribuição para um real aprendizado dos alunos na educação a
distancia, delimitando se busca: identificar as dificuldades e desafios dos tutores;
avaliar a contribuição da tutoria no processo de ensino-aprendizagem dos alunos;
refletir sobre o papel e importância do tutor para um ensino de qualidade em EAD.
Iremos abordar os principais conceitos de EAD, afunilando para o papel do
tutor e destacando seus desafios e perspectivas, através da discussão das ideias
apresentadas por autores especialistas nesta modalidade de educação.
3. 3
METODOLOGIA
O método de pesquisa utilizado é o método dialético. A dialética fornece as
bases para uma interpretação dinâmica da realidade, que estabelece que os fatos
sociais não podem ser entendidos quando considerados isolados, abstraído de suas
influências políticas, econômicas, culturais, etc. (GIL, 2002, p 32).
O tipo de pesquisa a ser realizada é a pesquisa bibliográfica, pois utilizaremos
fontes ou documentos escritos originais primários com o objetivo de adquirirmos
informações referente a temática e compreender as considerações dos autores que
falam sobre o assunto, através de artigos científicos eletrônicos.
Quanto ao tipo de abordagem utilizaremos a pesquisa qualitativa. A pesquisa
qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,
isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números. (UNIP, 2012, p.4).
Dessa forma faremos um paralelo entre a opinião dos autores especialistas
sobre tutoria e educação a distancia, através de comparações e reflexão sobre suas
ideias.
1 INTRODUÇÃO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Como este artigo se propõe a falar do papel de um profissional da educação a
distância - o tutor, se faz necessário que se introduza o conceito de EAD, suas
perspectivas e metodologias. Para Moran:
A educação a distância está se transformando em referência para
uma mudança profunda na educação como um todo. É uma opção
importante para aprender ao longo da vida, para a formação
continuada, para aceleração profissional, para conciliar estudo e
trabalho. (MORAN, 2011, p.3).
Para Moran (2011) ainda há resistências e preconceitos, mas aumenta a
percepção de que o Brasil só pode conseguir superar sua defasagem educacional
através do uso intensivo de tecnologias em rede, da flexibilização dos tempos e
espaços de aprendizagem, da gestão integrada de modelos presenciais e digitais.
4. 4
Segundo este autor:
A EaD é cada vez mais complexa, porque está crescendo em todos
os campos, com modelos diferentes, rápida evolução das redes,
mobilidade tecnológica, pela abrangência dos sistemas de
comunicação digitais. [...] denominamos EaD a educação continuada,
o treinamento em serviço, a formação supletiva, a formação
profissional, a qualificação docente, a especialização acadêmica, a
complementação dos cursos presenciais. (MORAN, 2011, p.4).
Saraiva (2006, p.5) relata que a EAD, segundo o Decreto n.º 2494 do MEC
(1998), é uma modalidade de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a
mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e
veiculados pelos diversos meios de comunicação.
Conceituando Moran (2011, p.6) afirma que Educação a distância pode ser
definida como um processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, em
que professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. É ainda
ensino-aprendizagem em que professores e alunos não estão normalmente juntos,
fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet. Acrescenta que também podem ser
utilizados outros meios como o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o
telefone, o fax e tecnologias semelhantes. (MORAN, 2011, p.6).
Segundo o Artigo 1º do Decreto Lei nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005,
que regulamenta a EaD no Brasil:
Caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional
na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de
informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos
diversos. (BRASIL, 2005, p.1).
Para Haguenauer (2005, p.1) a Educação apoiada pelas novas tecnologias
digitais foi enormemente impulsionada assim que a banda larga começou a se
firmar, e a internet passou a ser potencialmente um veículo para a comunicação a
distancia e assíncrona. A autora afirma:
Acredito que, em breve o termo educação a distancia possa deixar
de existir. Não se fala ao telefone “a distancia”, simplesmente fala-se
ao telefone. [...] não se ensina ou se aprende “a distancia”,
simplesmente ensina-se ou aprende-se, com uso das tecnologias
disponíveis, de forma presencial ou não presencial. [...] a medida que
me aprofundo neste assunto convenço-me de que a questão central
5. 5
não é o uso das novas tecnologias, mas sim o resgate e a aplicação
dos conhecimentos já desenvolvidos por pesquisadores das áreas de
educação, psicologia da aprendizagem, comunicação, cognição,
entre outras. (HAGUENAUER, 2005, p.1).
Podemos entender que a autora reflete que o mais importante é a
aprendizagem e o conhecimento e não a metodologia utilizada, se é presencial ou a
distancia.
Para Saraiva (2006, p.4) ao penetrar nesta forma de educação somos
instados, pressionados, praticamente arremessados à reflexão e visitação crítica dos
processos de subjetivação e aprendizagem:
Trata-se de levar em conta as modificações que se operam nos
modos de percepção, nas possibilidades de interconectividade, nos
conceitos de tempo e de espaço, nos diferentes estilos cognitivos,
enfim, nos modos de existir, ser e estar que, numa ecologia
emergente, encontram novas formas para se expressar e extravasar.
Os conceitos, os pressupostos e as práticas educativas que guiaram
muitas de nossas concepções sobre o intrigante processo de
construção de conhecimentos pelos sujeitos ficam, no novo suporte
de armazenamento e transmissão da informação, submetidos a uma
nova interpelação: as relações a distância. Com isso, as habituais
referências de tempo e espaço constitutivas dos sujeitos se
perspectivam sob novas óticas. (SARAIVA, 2006, p.4).
Podemos perceber nestas reflexões que estes autores trouxeram que a EAD
traz um novo modelo de pensar a educação através da introdução de novas
metodologias de estudo e prova que a aprendizagem não significa a presença física
do aluno e do professor, neste sentido rompe com ideias preconceituosas e abre
novas possibilidades as pessoas que querem se capacitar e se especializar mesmo
num contexto de globalização e correria do dia a dia, onde o tempo deve ser
devidamente organizado para conseguirmos executar todas as nossas atividades,
cotidianas e profissionais.
2 PAPEL DO TUTOR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Para Silva et al (2011, p.4) a organização das atividades desenvolvidas não
presencialmente deve fazer parte de um planejamento pedagógico geral, no sentido
de complementar e promover a melhoria de qualidade do processo de ensino-
6. 6
aprendizagem, de forma diferenciada de recursos utilizados em cursos presenciais,
em que possam apresentar articulação com os conteúdos apresentados no processo
de ensino, mantendo-se o diálogo entre educador educando-objetos do
conhecimento. Conclui que o papel do tutor se insere justamente nesse contexto de
interação.
Percebemos que os autores destacam que o tutor deve utilizar diversas
metodologias de trabalho, como forma de auxiliar na aprendizagem dos alunos.
Para Jaeger e Accorssi (2006, apud SILVA et al, 2011, p.5) o tutor:
Tem como papel central o apoio docente a um professor. Esse apoio
geralmente se dá em uma das disciplinas de um curso, na sua
preparação de material didático e no acompanhamento das
atividades desenvolvidas. Espera-se também que este seja
responsável pelas ferramentas de avaliação, assim como, na análise
dos trabalhos dos alunos. Além disso, tem por tarefa o
encaminhamento de dúvidas dos alunos aos professores,
promovendo maior interatividade entre os mesmos, e com o corpo
docente. Atua, ainda, no esclarecimento de dúvidas dos alunos
através de e-mail, fórum, telefone ou pessoalmente, no recebimento
e controle de entrega dos trabalhos. (JAEGER; ACCORSSI, 2006,
apud SILVA et al, 2011, p.5).
Os autores destacam ainda que um ponto fundamental é estar atento as
necessidades do aluno, fazendo pontes entre as demandas dos alunos e propostas
do professor, podendo agir de maneira a solucionar as questões tanto teóricas
quanto de situações do dia-a-dia. Isso quer dizer que o tutor deverá estar atento no
nível de interatividade dos alunos, para então identificar quais alunos não estão
interagindo e tentar resgatar esta relação. (JAEGER; ACCORSSI, 2006, apud SILVA
et al, 2011, p.5).
Estas demandas e funções do tutor nos traz a reflexão de que é um papel
muito importante, devendo estar presente a todo instante e, como destaca os
autores citados anteriormente deve se atentar a interatividade dos alunos, ou seja,
verificar se realmente estão participando das aulas, das atividades e se estão
entendendo o conteúdo abordado e sanando as dúvidas.
Segundo Silva et al (2011, p.9) o papel de tutor, no sentido de aprimorar o
trabalho de acompanhamento ao aluno, nos moldes da Educação à Distância é
novo, no contexto da tecnologia da informação e comunicação, no campo da
educação. Para que ocorra a eficácia no trabalho do tutor, é preciso uma
7. 7
organização do sistema, com orientações precisas e objetivas, de forma a respaldar
o trabalho deste profissional, na sua conectividade com o aluno.
Entendemos que os autores relatam que para o tutor desempenhar o seu
papel corretamente deve ser orientado e capacitado, um exemplo disso é a
formação continuada desenvolvida em diversas universidades.
Para Leal (2011, p.2) o papel do tutor na perspectiva de construção do
conhecimento, deve ser aquele que instiga a participação do aluno evitando a
desistência, o desalento, que não segue receitas prontas, mas que construa com os
alunos novos olhares e busca pelo saber. A autora afirma que o papel do tutor está
numa prática articulada com o diálogo e orientações acadêmicas que gerem
reflexões sobre a unidade do saber e a capacidade do aprendente criar e gerar
conhecimento.
A autora complementa que seu papel ultrapassa questões técnicas, é um
educador a distancia:
Aquele que coordena a seleção de conteúdos, que discute as
estratégias de aprendizagem, que suscita a criação de percursos
acadêmicos, que problematiza o conhecimento, que estabelece o
diálogo com o aluno, que media problemas de aprendizagem,
sugere, instiga, acolhe. Enfim, um professor no espaço virtual,
exercendo a sua função de formar o aluno. (LEAL, 2011, p.2)
Com esta definição de professor, percebemos que a autora nos traz a
reflexão da abrangência que tem o papel do tutor, tornando-o um responsável pela
formação do aluno.
Leitzke et al (2011, p.2) relatando a experiência de dois anos da tutoria
presencial num curso de graduação na modalidade à distância da Universidade
Federal de Pelotas, destacam que:
A tutoria pode ser entendida como uma ação orientadora global,
chave para articular a instrução e o educativo. O sistema tutorial
compreende, desta forma, um conjunto de ações educativas que
contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas
dos alunos, orientando-os a obterem crescimento intelectual e
autonomia, e para ajudá-los a tomar decisões em vista de seus
desempenhos e suas circunstâncias de participação como aluno.
(SOUZA et al., 2007 apud LEITZKE et al, 2011, p.2).
Segundo Dandolini (2007, p.2) o sistema de tutoria deve trabalhar com os
seguintes objetivos: auxiliar os alunos na construção autônoma do conhecimento,
8. 8
motivar os alunos para o trabalho cooperativo e colaborativo, auxiliar os alunos a
organizarem seus estudos, provocar questionamentos e sanar suas dúvidas.
Para Leitzke et al (2011, p.2) para termos a garantia de que haja
comunicação entre todos os agentes envolvidos no curso o papel do tutor é
imprescindível pois é ele que está entre os alunos e os professores e coordenação.
De acordo com Peters (2006 apud LEITZKE, 2011, p.2) a tutoria entra como
uma peça indispensável no processo de orientação dos alunos de um curso a
distância. Complementando Leitzke et al (2011) afirma que o tutor aos poucos deve
fazer com que os alunos percebam o quanto o trabalho colaborativo pode ajudar no
processo ensino-aprendizagem. Para auxiliar o aluno nesse processo é necessário
que o tutor assuma o papel de orientador e motivador e que o material didático e os
métodos utilizados sejam adequados (Buchanan, 2000 apud Leitzke et al, 2011,
p.2).
Leitzke et al (2011, p.3) destacam que:
Outra função que o tutor tem que assumir é o da cobrança constante
do comprometimento com o tempo de estudo que o educando deve
dedicar á sua formação. O aluno da EAD tende a pensar que por ser
um curso a distância não exigirá muito do seu tempo. Os que assim
pensam estão completamente errados. O curso a distância requer
autodisciplina, gerenciamento do tempo dedicado aos estudos e uma
densidade de interesse por parte do aprendiz. Embora se saiba que
tais posturas devem partir do aluno, a presença do tutor no pólo
lembrando e cobrando para que todos tenham êxito em sua jornada,
é de extrema relevância.
Outra função do tutor, em destaque ao tutor presencial Leitzke et al (2011,
p.3) destacam: convidar para participar dos grupos de estudos e agendar encontros
para estes grupos, para os autores o tutor dá o “chute inicial” e os alunos continuam
o “jogo” onde os significados são criados em conjunto por meio da participação e
interação com os colegas.
Segundo Schneider e Mallmann (2011, p.2) o tutor é o profissional que
compartilha com o professor a responsabilidade pela prática dialógico-problematizadora
promove interação de modo a atingir os objetivos da formação e,
principalmente, orienta o desenvolvimento da capacidade de análise e resolução de
problemas. Para as autoras:
A atribuição central do tutor em EaD é promover o diálogo-problematizador
em torno dos conteúdos curriculares de acordo com
o planejamento dos recurso educacionais e atividades de estudo
propostas pelo professor da disciplina. Assim, o tutor precisa
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desenvolver fluência tecnológica para implementar monitoramento
eletrônico em torno da interatividade e interação, colaboração
(autoria e coautoria) essenciais no processo ensino-aprendizagem a
distância. (SCHNEIDER; MALLMANN, 2011, p.9).
Podemos refletir com estas considerações destes autores que o papel do
tutor é complexo, por isso pensamos em destacar quais os desafios que este
profissional tem na contemporaneidade, diante da modalidade EAD.
3 DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O TUTOR NA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Segundo Silva et al (2011, p.2) o uso das tecnologias, cada vez mais presente
no cotidiano, cria novas relações, novos conhecimentos e novas maneiras de
aprender e de pensar, que transforma o mundo numa grande aldeia globalizada e
socializada:
As instituições de ensino superior estão atentas a realidade, no
contexto da informatização, por considerar a modalidade distância
um meio de educar e de formar o cidadão, cujas atividades garantem
os desafios necessários à promoção da aprendizagem, além de
atender as reais necessidades e interesses do próprio aluno, em
interação constante com o mundo, com as pessoas e com uma
infinidade de possibilidades de informação via pesquisa no processo
de construção do seu conhecimento. (SILVA et al, 2011, p.2).
Com esta fala percebemos que o papel do tutor na educação a distancia
perpassa por desafios a serem enfrentados para efetivar esta construção do
conhecimento.
Um desafio a ser enfrentado é lidar com a tecnologia, pois as dificuldades não
são apenas dos alunos, mas também dos tutores. Para Silva et al (2011, p.4)
diferentes tipos de ambientes virtuais de aprendizagem têm sido apresentados, com
suas vantagens e características de uso, como é o caso do Moodle - Modular Object
Oriented Dynami Learning Environment que oferece inúmeros recursos online.
Segundo Moran:
A forma de conquistar o aluno para que permaneça entretido na
“Moodlesfera” de seu curso é através do uso integrado dos recursos
que o professor dispõe: a modelagem do ambiente, sua mediação
10. 10
pedagógica constante e um planejamento de atividades que serão
desenvolvidas dentro e fora dos ambientes. Essa estratégica
representa a metodologia de uso do ambiente virtual. (MORAN,
2007, p. 258).
Em sua concepção ainda preliminar por ainda não ter uma experiência
consolidada em EAD Leal (2011, p.2) compreende o papel do tutor enquanto
categoria acadêmica baseada no compromisso com a formação de alunos que
pensem e sejam capazes de discutir e elaborar conhecimento.
Um tutor educador, que tenha percorrido um caminho que o leve ao
pensar livre, descarnado de preceitos tecnológicos que obtusam as
mentes criativas. Um tutor que compreenda o papel da universidade,
num contexto a distancia, como lócus do debate, da criação, que se
permita desconstruir e reconstruir significados na sua ação formativa
e na construção do saber científico. Um tutor capaz de se indignar
com a vulgaridade de propostas alienantes; capaz de elaborar um
contra-discurso ideológico; que sobretudo, seja aberto a mudanças,
aos novos paradigmas tecnológicos. (LEAL, 2011, p.2).
A autora complementa que o tutor deve ser um profissional com condições de
aprender e aprender com competência para fazer da educação a distancia, um
espaço de virtualidade criativa, poético, formativa e comprometidos com a formação
de alunos críticos e sujeitos pensantes. Parece lugar comum, mas não nos parecer
ser exaustivo repetir esta questão, por ser por demais presente. (LEAL, 2011, p.2).
Com a fala desta autora percebemos que são muitos os desafios para o tutor,
que deve estar muito comprometido com seus alunos e fazer da EAD um ambiente
agradável e interessante aos discentes.
Um dos grandes desafios do tutor segundo Leal (2011, p.2) é trabalhar a
complexidade do saber fazer educativo na visão do aprender a aprender, na ótica
reflexiva da construção do saber e ainda, propiciar momentos em que o aluno
aprenda a ler e a reler o mundo, apropriar-se do conhecimento, a redimensionar
valores, a rever atitudes.
Schneider e Mallmann (2011, p.3) afirmam que o sistema de tutoria é muito
mais que um aspecto estrutural e de apoio ao estudante: pressupõe fluência
tecnológica, orientação, acompanhamento pedagógico, monitoramento e avaliação.
Para as autoras:
A tutoria é fundamental para que a mediação do processo ensino-aprendizagem
ocorra de forma dialógico-problematizadora
desdobrada em interatividade, interação, colaboração (autoria e
coautoria) e autonomia. O princípio da interação requer o
reconhecimento das potencialidades de cada um na resolução dos
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desafios. Implica na organização e diálogo em torno dos problemas e
reflexão compartilhada em torno das soluções encontradas
possibilitando que os conhecimentos possam ser construídos e
reconstruídos numa ação pró-ativa dos estudantes. (SCHNEIDER;
MALLMANN, 2011, p.2).
Percebemos que os desafios para o tutor são intensos e diversos, atuando na
resolução de conflitos e na mediação entre os alunos e a instituição de ensino,
exercendo papel fundamental neste processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tutor interfere diretamente no processo ensino-aprendizagem ocupando
espaços didáticos em cursos na modalidade a distância.
A partir das pesquisas realizadas percebemos que é necessário compreender
características, possibilidades, potencialidades e limitações de diferentes formas de
ensino, inclusive da educação a distância, das tecnologias e dos recursos
disponíveis.
O papel do tutor na EAD é muito importante, suas orientações devem focar
aspectos do conhecimento ajudando o estudante na conquista de autonomia e
construção de competências investigativas enquanto ações que concretizam
aprendizagem e desenvolvimento psíquico.
Citando Schneider e Mallmann (2011) podemos enfatizar que o estudante que
é instigado pelo tutor a pesquisar, criticar, interagir com o grupo, desenvolver
habilidades e trabalhar com competências, será capaz de transformar sua realidade,
seu mundo e a sociedade à sua volta. Isso significa dizer que o processo de ensino-aprendizagem
perpassa pelo tutor que, exercendo seu papel com eficiência terá um
resultado positivo e satisfatório.
Os autores trazem diferentes conceitos, mas o que podemos concluir é que
eles relatam que a Educação a Distancia é uma modalidade que veio para ficar, que
acompanha o processo de globalização e utilização de tecnologias e que o tutor
desempenha papel fundamental nessa modalidade.
O tutor é um grande responsável no processo de ensino-aprendizagem na
EAD, pois tem o papel de acompanhar os alunos, realizar a mediação, resolução de
12. 12
conflitos tanto pedagógicos quanto administrativos, devendo ter o seu papel
esclarecido, pois é um profissional requisitado cada vez mais com o crescimento de
instituições de ensino na modalidade de EAD.
Em suma, conclui-se que, diante de sua importância o tutor deve ser
comprometido com o seu trabalho, sendo responsável e articulador para que seja
possível uma educação de qualidade e uma efetiva aprendizagem dos alunos,
devendo ser capacitado pelas instituições para exercer suas atribuições de acordo
com o que preconiza a legislação em educação a distancia.
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