O documento descreve a rotina de exames complementares recomendados para a primeira consulta de pré-natal segundo o Ministério da Saúde, incluindo hemograma, tipagem sanguínea, glicemia de jejum, sorologias para HIV, sífilis e toxoplasmose, além de exames para rastreamento de outras infecções. Também fornece detalhes sobre o monitoramento de gestantes Rh negativo para evitar aloimunização e doença hemolítica perinatal.
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Exames complementares - rotina da primeira consulta
Portanto, os itens a seguir, além de proporem o estudo da rotina de exames complementares referentes
à primeira consulta de pré-natal segundo o MS
Hemograma. (exames séricos gerais)
Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto, se o Rh for negativo. (exames séricos gerais)
Glicemia em jejum. (exames séricos gerais)
Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR. (exames séricos sorológicos)
Teste rápido diagnóstico anti-HIV ou sorologia anti-HIV. (exames séricos sorológicos)
Sorologia para toxoplasmose IgM e IgG. (exames séricos sorológicos)
Sorologia para hepatite B, preconizada apenas a pesquisa do HBsAg. (exames séricos sorológicos)
Urina tipo I, também chamada de sumário de urina. (exmes não seéricos)
Citopatológico de colo de útero, se necessário. (exmes não seéricos)
Exame da secreção vaginal, se identificada a indicação clínica durante a anamnese. (exmes não
seéricos)
Parasitológico de fezes, se houver indicação clínica. (exmes não seéricos)
Ultrassonografia obstétrica.
Exames séricos gerais
✓ Hemograma. ✓ Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto, se o Rh for negativo. ✓ Glicemia em
jejum. ( TSH – Zugaib, 2020. /Pesquisa de anticorpos irregulares (PAIC) – Zugaib, 2020)
Hemograma → devido à hemodiluição gravídica, apesar do aumento absoluto do número de eritrócitos, os
níveis de hemoglobina tendem a ser mais baixos durante a gestação, não devendo motivar o diagnóstico
de anemia a partir dos valores de referência utilizados em mulheres não grávidas.
os valores mínimos de hemoglobina considerados normais durante a gestação são de:
• 11 g/dL durante o 1º trimestre.
• 10,5 g/dL durante o 2º e 3º trimestres.
(hemoglobina maior do que 11 g/dL na gestante demonstra ausência de anemia.) - Frente a níveis normais
de hemoglobina, a reposição profilática de sulfato ferroso deve ser proposta
a gestante tende a apresentar discretas leucocitose e plaquetopenia. Lembre-se disso especialmente
para avaliar quadros infecciosos durante a gravidez. Leucocitose que não excede 14.000/mm3 tende a se
relacionar ao aumento fisiológico, especialmente do número de neutrófilos.
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Tipagem sanguinea e coombs indireto → O grande objetivo de conhecer o tipo sanguíneo materno é evitar
ou garantir assistência adequada
para doença hemolítica perinatal
(DHPN). A incompatibilidade Rh é a
principal causa de aloimunização
materna, sendo fundamental que as
gestantes Rh negativas sejam
identificadas, assim como a tipagem
sanguínea do parceiro, sempre que
possível nesses casos.
A aloimunização materna pode ser
rastreada já no início do pré-natal,
solicitando-se a tipagem sanguínea
materna e por meio de dois exames:
• Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI).
• Coombs indireto.
Qualquer um deles permite que a presença de anticorpos antieritrocitários no plasma materno seja
identificada, sendo que a pesquisa de anticorpos irregulares identificará que anticorpo especificamente
está presente.
Perceba que, uma vez que gestantes Rh positivo não têm risco de serem aloimunizadas pelo fator Rh,
elas não demandarão cuidados específicos nesse sentido, devendo-se seguir a rotina prénatal habitual
nesse caso. No entanto, caso a gestante seja Rh negativo, ela terá risco de ser aloimunizada caso o
feto seja Rh positivo, o que só poderá ocorrer se o parceiro for Rh positivo. Portanto, gestantes Rh
negativo com parceiros Rh negativo também deverão ser seguidas conforme rotina pré-natal
habitual, uma vez que não apresentam risco de aloimunização pelo fator Rh.
Dessa forma, será a gestante Rh negativo com parceiro Rh positivo ou do qual não conheçamos a
tipagem sanguínea que deverá ser monitorada durante todo o pré-natal pelo risco de ser
aloimunizada pelos eritrócitos do feto, que pode ser Rh positivo, nesse caso. Quando há risco de
aloimunização materna e o Coombs indireto ou PAI são negativos, a gestante deverá ser rastreada
para o risco de aloimunização até o final da gestação ou até a 28ª semana de gravidez, quando
receberá a imunoglobulina anti-D profilaticamente
Rastreamento de aloimunização materna é realizado pelo Coombs indireto ou pela PAI, mensalmente
quando o Coombs indireto ou PAI já se apresenta positivo, significa que essa gestante já foi previamente
aloimunizada e deverá ser seguida em serviço que ofereça seguimento com medicina fetal para
monitoramento fetal, uma vez que, nesse caso, há risco de o feto apresentar doença hemolítica perinatal,
relacionada aos títulos de anticorpos antieritrocitários maternos ≥ 1/16.
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Felizmente, a aloimunização materna e a DHPN
relacionadas ao antígeno anti-D podem ser
evitadas pelo uso da imunoglobulina anti-D
A profilaxia dessas complicações é realizada ao
se prescrever, para toda gestante Rh negativo
com Coombs ou PAI negativos, imunoglobulina
anti–D 300 µg via intramuscular sempre que
estiver em situações de alto risco de exposição
aos antígenos eritrocitários do feto.
Gestante Rh negativo, DU fraco ou positivo - O D fraco é considerado uma variante que expressa menos
o antígeno eritrocitário D. Para sua prova, o importante é que você saiba que gestantes Rh negativo, mas
que apresentam DU positivo ou fraco devem ser seguidas como as gestantes Rh positivo, ou seja, não
devem receber imunoglobulina anti-D profilaticamente.
Puérpera Rh negativo, Coombs indireto positivo - O Coombs indireto de puérperas Rh negativo pode estar
positivo após o parto, mas não se tratar de um caso de aloimunização se a gestante recebeu a
imunoglobulina anti-D por volta da 28ª semana de gestação
Estima-se que os anticorpos poderão ser identificados por até 12 semanas após a realização da dose de
imunoglobulina. Nesse caso, a puérpera deverá receber outra dose de imunoglobulina anti-D, se o recém-
nascido for Rh positivo, até 72 horas após o parto, uma vez que o Coombs indireto poderá estar positivo
devido aos baixos títulos de anticorpos ainda circulantes e que foram passivamente adquiridos. A nova
dose de imunoglobulina precisa ser realizada, porque, durante o parto, a exposição materna ao sangue
fetal é bem maior e não será adequadamente neutralizada se nova dose de imunoglobulina não for
realizada. 1 mL de sangue fetal precisa de 10 µg de imunoglobulina para ser neutralizado.
Coombs indireto x Coombs direto - Mais uma vez, tenha bastante atenção para, na pressa da prova, não
ler a questão sem cuidado. O exame utilizado para o seguimento da gestante Rh negativo é o Coombs
INDIRETO. O Coombs direto pode ser realizado para detecção de anticorpos antieritrocitários no
sangue do recém-nascido.
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Glicemia de jejum → o rastreamento do diabetes na gestação deve ser realizado em dois momentos: no
início do pré-natal, pela realização da glicemia de jejum, e entre a 24ª e a 28ª semana de gestação,
apenas para as gestantes com glicemia de jejum normal no início da gestação, pela realização do teste
oral de tolerância à glicose 75g.
Sendo que basta um único valor alterado para o diagnóstico
do diabetes durante a gestação, sem indicação de nenhum
outro exame para confirmação do diagnóstico.
TSH → A gestação interfere no metabolismo da tireoide, que precisa atender ao aumento da demanda
energética do período gestacional e de desenvolvimento fetal, sendo fisiológico ocorrer o aumento dos
hormônios tireoidianos no início da gestação. O rastreamento de alterações da função da tireoide
durante a gestação é controverso na literatura médica. Há sociedades que advogam para que o
rastreamento seja universal, e outras que recomendam que a pesquisa seja indicada apenas para grávidas
que apresentem fatores de risco para disfunção tireoidiana. - 1º trimestre: 0,1 < TSH < 2,5 = normal
Exames séricos sorológicos
✓ Sorologia para HIV(MS) e sífilis(MS).
✓ Sorologia para toxoplasmose(MS) e rubéola.
✓ Sorologia para hepatite B(MS) e C.
Sorologia para HIV → O rastreamento da infecção pelo vírus do HIV deve ser universal, isto é, deve ser
solicitado para todas as gestantes, e não apenas para aquelas que apresentam fatores de risco. O
Ministério da Saúde preconiza que o teste rápido seja realizado na primeira consulta de pré-natal para
que o diagnóstico e início do tratamento não sejam retardados, especialmente quando o resultado da
sorologia laboratorial não for ficar disponível em menos de 15 dias da data da coleta. Diante de um
resultado positivo, é sempre necessária a realização de outro teste para confirmação do diagnóstico
Quando a grávida não apresenta infecções oportunistas ou níveis de LT-CD4 menores do que 350
cels/mm3 , recomenda-se aguardar o fim do primeiro trimestre para iniciar o uso da TARV.
Por outro lado, o início da TARV não deve ser retardado enquanto se aguarda o resultado dos níveis de
LT-CD4 ou da carga viral, especialmente nos casos em que a gestante inicia o pré-natal tardiamente. O
principal objetivo do tratamento é que a carga viral se torne indetectável o mais rápido possível, sendo,
inclusive, o marcador utilizado a partir da 34ª semana de gestação, quando deve ser novamente
solicitada, para determinação da via de parto com o intuito de reduzir o risco de transmissão vertical.
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gestantes com carga
viral indetectável
após a 34ª semana
de gestação, é
recomendado
manter a TARV via
oral de uso habitual,
não sendo
necessário
prescrever AZT
injetável no parto.
Vale lembrar que a infecção materna pelo HIV é contraindicação absoluta da amamentação,
independentemente do controle clínico da gestante, de sua carga viral ou do uso regular da TARV.
Tarv - Tenofovir (TDF) + Lamivudina (3TC) + Raltegravir (RAL)
Sorologia para sifilis - O rastreamento da sífilis durante a gestação é universal, devendo ser solicitado
para todas as gestantes na primeira consulta de pré-natal. Há dois tipos de exames que podem ser
solicitados para o rastreamento do Treponema pallidum, agente causador da sífilis:
✓ Testes treponêmicos – detectam anticorpos específicos contra o Treponema pallidum. São os primeiros
a tornarem-se reagentes, porém não podem ser utilizados no monitoramento do tratamento, por
permanecerem positivos.
✓ Testes não treponêmicos – detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para o Treponema
pallidum e podem ser utilizados para controle do tratamento e cura por serem expressos em títulos.
para
confirmação do
diagnóstico, é
necessário ter
um exame de
cada grupo
positivo, ou seja,
um exame
treponêmico e
um não
treponêmico.
Apesar de serem necessários dois exames positivos para o diagnóstico da sífilis, o início do tratamento
não deve ser retardado pela espera do resultado do segundo exame, visando, dessa forma, reduzir o
risco de transmissão vertical da infecção para o feto. O único tratamento reconhecidamente eficaz para
a sífilis na gestação é o uso de benzilpenicilina benzatina intramuscular, que atravessa a barreira
placentária. Sendo assim, caso a gestante seja alérgica a esse antibiótico, deverá ser dessensibilizada,
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uma vez que outros tratamentos, como a eritromicina, não são reconhecidos pelo Center for Disease
Control and Prevention como tratamento da gestante com sífilis.
o parceiro deve sempre ser tratado concomitantemente à gestante, de modo a interromper a cadeia de
transmissão e evitar, especialmente, a transmissão vertical, mesmo que sua sorologia seja negativa.
Nesse caso, diagnostica-se
sífilis presumida e realiza-
se o tratamento com
penicilina benzatina 2,4
milhões de UI,
intramuscular, dose única.
Geralmente, as gestantes
estão ASSINTOMÁTICAS,
e não é possível determinar
o tempo de infecção. Nesse
caso, ela é classificada
como INDETERMINADA, e
o tratamento deve ser como
o da LATENTE TARDIA. •
Penicilina benzatina
2.400.000 UI, IM, semanal, por 3 semanas
sorologia para HIV e para sífilis, sendo que o Ministério da Saúde preconiza que o rastreamento de
ambas as infecções seja realizado ao menos em três momentos durante a gestação: • No início do pré-
natal. • No terceiro trimestre. • Na admissão da maternidade para parto
sorologia para toxoplasmose → a toxoplasmose durante a gestação pode acarretar consequências como
abortamentos, óbitos fetais e malformações fetais graves, especialmente se a infecção ocorrer durante
o primeiro trimestre de gestação. Isso ocorre porque, apesar de o risco de transmissão vertical ser
menor no primeiro trimestre, devido à menor vascularização placentária em comparação à do terceiro
trimestre, o risco de consequências graves para o feto é bem maior se a infecção ocorrer durante o
período de maior organogênese fetal
A situação que representa maior desafio diagnóstico é quando tanto o anticorpo IgM quanto o IgG estão
positivos. Nesse caso, para elucidação diagnóstica, será necessário realizar o teste de avidez para IgG.
Quando o teste revela avidez baixa (< 60), trata-se de uma infecção recente e, quando a avidez é alta (>
60), diagnostica-se infecção tardia. Isso ocorre porque o IgM pode se manter positivo por até um ano.
Porém, é fundamental destacar que o teste de avidez para IgG só é útil se a gestante estiver com menos
de 16 semanas. Após essa idade gestacional, quando a gestante não tem sorologia prévia, não é possível
garantir que a infecção ocorreu antes do início da gestação, portanto deve-se seguir o caso como uma
infecção recente.
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Sorologia para rubeola → Esteja atento para orientar gestantes suscetíveis para rubéola: • Receber
imunização já durante o puerpério, uma vez que a vacina tripla viral não é contraindicada durante a
amamentação. • Evitar contato com pessoas com sintomas de doenças exantemáticas e procurar
atendimento médico caso isso ocorra ou apresente sintomas. É possível prescrever imunoglobulina
hiperimune até 6 dias após contato para atenuar manifestações clínicas, embora não previna a
transmissão vertical.
É importante ressaltar que o
acometimento fetal grave
está associado à transmissão
transplacentária durante o
primeiro trimestre, não
havendo relatos de síndrome
da rubéola congênita quanto a
transmissão acontece após a
20ª semana de gestação.
Além disso, apesar de a
imunização para rubéola ser
contraindicada durante a
gestação pelo risco potencial
por tratarse de vacina de vírus atenuado, a vacinação inadvertida durante a gravidez não requer qualquer
conduta adicional a não ser acompanhamento da gestante e indicação de que não há relatos na literatura
médica de acometimento fetal relacionado à vacinação.
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Sorologia para heaptite B → A transmissão vertical de hepatite relaciona-se com o aumento do risco de a
doença cronificar. Devido à idade precoce de infecção, 90% dos recém-nascidos desenvolvem a forma
crônica da doença, sendo fundamental o rastreamento da hepatite B durante o pré-natal para que se
ofereça os cuidados necessários às gestantes infectadas e a seus recém-nascidos, além de identificar as
grávidas suscetíveis à doença e, dessa forma, orientá-las quanto à imunização. A vacina contra hepatite B
é produzida a partir de vírus inativo e recomendada durante a gestação para mulheres suscetíveis à
doença. Essa patologia não interfere na escolha da via de parto
O Ministério da Saúde recomenda a solicitação do antígeno de superfície (HBsAg) na primeira consulta
de pré-natal para todas as gestantes, sendo que o HBsAg é o primeiro marcador que se torna positivo
quando há infecção pelo vírus da hepatite B, além de ser o responsável pelo diagnóstico de infecção
crônica quando se mantém positivo por mais de seis meses ou 24 semanas. Gestantes identificadas com
HBsAg reagente devem ter a pesquisa sorológica completada, assim como a pesquisa da função hepática,
e devem ser encaminhadas para pré-natal de alto risco.
a imunidade contra o vírus da hepatite B é verificada pela presença do anticorpo contra o antígeno de
superfície (antiHBs). Ele pode estar presente após a resolução da doença ou após a vacinação. O
Ministério da Saúde recomenda que seja solicitado para gestantes que não sabem se foram vacinadas
contra a doença. Esteja atento, porque o rastreamento para hepatite B deve ser repetido durante o
terceiro trimestre para gestantes suscetíveis à doença e sem histórico de vacinação e deve ser
orientado que o esquema vacinal seja completado para aquelas que já o iniciaram.
Sorologia para hepatite C → a orientação é de que a sorologia para hepatite C seja solicitada apenas em
situações de risco para infecção, como transfusões de sangue, múltiplos parceiros ou uso de drogas
injetáveis pela própria gestante ou por seu parceiro.
Apesar de o tratamento para hepatite C não ser realizado durante a gestação, a identificação de
gestantes com sorologia positiva permite que a gestante e os recém-nascidos sejam monitorados e
acompanhados. Lembre-se de que não existe profilaxia para hepatite C.
Exames não séricos
Urina tipo 1 e urocultura → mulheres grávidas são mais pré-dispostas a apresentar infecção urinária
(ITU), devido à estase urinária, à glicosúria e ao aumento da produção urinária. Além disso, a ITU é a
complicação clínica mais comum durante a gravidez e associa-se ao aumento do risco de abortamento,
trabalho de parto prematuro, rotura de membranas, corioamnionite, entre outras complicações
obstétricas, sendo, portanto, fundamental seu diagnóstico e tratamento corretos. Seu principal agente
etiológico é a Escherichia coli, mas agentes como Klebsiella, Enterobacter, Proteus, Enteroccocus e
Streptoccocus do grupo B também estão associados à ITU na gestação. A ITU pode apresentar-se
basicamente em três formas clínicas: Bacteriúria assintomática, cistite aguda e pielonefrite.
A bacteriúria assintomática é definida quando se observa urocultura com mais de 100 mil colônias por mL
e a gestante apresentase assintomática. É uma condição que pode evoluir para formas sintomáticas
(cistite ou pielonefrite) e deve sempre ser tratada durante a gestação. Uma vez que, em grande parte
das vezes, o exame de urina I estará normal nos casos de bacteriúria assintomática, é essencial que a
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urocultura seja solicitada para toda grávida, por isso esse exame está entre os obrigatórios a serem
solicitados durante a primeira consulta de pré-natal e no terceiro trimestre
Sempre que possível, o tratamento de qualquer uma das formas clínicas da ITU deve ser guiado pelo
teste antibiograma, porém isso não deve retardar o início do tratamento das formas sintomáticas da
doença. Nesses casos, é recomendado iniciar a antibioticoterapia imediatamente após a coleta da
urocultura com antibiograma, que será importante para troca do antibiótico, se necessário, de acordo
com o perfil de sensibilidade detectado. Os principais antibióticos utilizados para tratamento de
infecção urinária durante a gestação são:
✓ Cefalexina. ✓ Nitrofurantoína. ✓ Fosfomicina trometamol. ✓ Cefadroxil. ✓ Amoxicilina. ✓ Ampicilina.
Outro aspecto importante é que o tratamento da gestante com PIELONEFRITE deve ser realizado
preferencialmente em ambiente hospitalar, promovendo hidratação adequada e antibioticoterapia
endovenosa. Além disso, gestantes que apresentam quadro de pielonefrite durante a gravidez devem ser
orientadas a utilizar antibioticoprofilaxia, em geral realizada com 100 mg/dia de nitrofurantoína, e a
realizar nova urocultura de controle após uma ou duas semanas do fim do tratamento para confirmação
de que a bacteriúria foi erradicada.
CCO → gestação é um momento oportuno para realizar o rastreamento do colo uterino em mulheres que
procuram o serviço de saúde por estarem grávidas, mas não para avaliações de rotina quando não estão
grávidas. A coleta do colpocitológico do colo uterino durante a gestação segue os mesmos critérios de
rastreamento utilizados para mulheres não gestantes. A via de parto mantém-se de acordo com a
indicação obstétrica independentemente dos resultados colpocitológicos, a não ser que a lesão obstrua o
canal de parto ou seja claramente invasora. Portanto, apenas o diagnóstico de câncer de colo uterino
interfere na decisão sobre a resolução da gestação,
Parasitológico de fezes → Diante disso, o Ministério da Saúde recomenda que o exame parasitológico de
fezes seja solicitado para todas as gestantes com indicação clínica, especialmente aquelas expostas a
maior risco de adquirir parasitoses intestinais.
Exames complementares – rotina de seguimento pré-natal
Teste oral de tolerância à glicose 75 g – entre a 24ª e a 28ª semana de gestação.
Sorologia para HIV e sífilis – após a 28ª semana de gestação.
Urocultura – após a 28ª semana de gestação.
Swab anal e vaginal para pesquisa de estreptococo do grupo B - entre a 35ª e a 37ª semana de
gestação.
Coombs indireto para gestante Rh negativo e marido Rh positivo – mensalmente até aplicar a
imunoglobulina anti-D com 28 semanas
de gestação.
Toxoplasmose – mensalmente, se mãe
suscetível (IgM e IgG negativos).
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Swab anal e vaginal para pesquisa de estreptococo do grupo b → O estreptococo do grupo B
(Streptococcus agalactiae) é uma bactéria que pode colonizar de forma assintomática o trato
gastrointestinal e geniturinário, mas que pode causar infecção sintomática no recém-nascido,
relacionando-se a doença respiratória, sepse e meningite.
É transmitida da mãe para o bebê no momento do parto, sendo que o rastreamento materno para
identificação das mulheres colonizadas pelo estreptococo do grupo B e a realização da
antibioticoprofilaxia anteparto são medidas relacionadas à prevenção da infecção neonatal. A colonização
materna por essa bactéria não contraindica o parto vaginal.
a maiorias dos protocolos preconiza a coleta do swab anal e vaginal para cultura do estreptococo do grupo
B de forma sistemática entre a 35ª e a 37ª semana de gestação, como forma de rastrear a colonização
do trato genital e intestinal materno.
É importante saber que gestantes com urocultura que identifique o estreptococo do grupo B, em qualquer
momento da gestação da gestação, já devem ser consideradas como de risco para transmissão da
bactéria no momento do parto.
antibioticoprofilaxia para prevenir a infecção neonatal, sendo que ela só será considerada adequada
quando forem realizadas ao menos duas doses de antibiótico, pelo menos quatro horas antes do parto.
A antibioticoprofilaxia não é necessária
nos casos indicados acima quando a cultura
para estreptococo do grupo B é
sabidamente negativa.
Orientações gerais
Imunização
Tenha sempre em mente que, durante a gravidez, não devem ser realizadas as vacinas vivas pelo risco
potencial de causarem a doença, enquanto as vacinas inativadas não oferecem esse risco. As vacinas
contra hepatite B e contra tétano e difteria (dT) podem ser realizadas durante a gestação caso a
gestante não apresente esquema vacinal completo, enquanto as vacinas contra influenza e contra tétano,
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difteria e coqueluche (dTpa) devem ser oferecidas a todas as gestantes independentemente de
imunização prévia
Outro aspecto importante a respeito
da imunização durante a gestação é
lembrar de que, embora a vacinal
tríplice viral contra caxumba,
sarampo e rubéola não seja
recomendada durante a gestação, por
ser produzida a partir de vírus vivos
atenuados, ela pode ser realizada
durante o puerpério sem interferir na
amamentação.
No entanto, a vacina contra febre amarela,
além de não ser recomendada durante a
gestação, a menos que o risco de contrair a
doença seja maior do que o risco
relacionado à vacina, também não deve ser
administrada em lactantes de bebês com
menos de seis meses de vida.
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Suplementação
Acido folico
A deficiência do ácido fólico é frequente, já que ele é facilmente perdido pelo cozimento dos alimentos.
As maiores fontes de folato são: vegetais verdes (espinafre, repolho, brócolis, aspargo), além de nosso
prato nacional (arroz, feijão e carnes), laranja e levedo de cerveja.
A suplementação do ácido fólico é a única suplementação realmente necessária, pois reduz o risco de
defeitos de fechamento do tubo neural (espinha bífida, anencefalia, encefalocele). DOSE
RECOMENDADA: 400 µg por dia. Início: 1 mês antes da concepção até 12 semanas de gestação.
GRUPOS DE ALTO RISCO: indicar 4 a 5 mg por dia (dose 10 vezes maior!). São gestantes consideradas
do grupo de alto risco: lactente anterior com defeito de tubo neural, obesidade, uso de
anticonvulsivantes (carbamazepina e ácido valproico), síndromes de má absorção (doença celíaca),
diabetes insulinodependente, alcoolismo, cirurgia bariátrica (redução do estômago). Também vários
fármacos prejudicam o metabolismo do folato, como 5-fluoruracila, metformina, metotrexato, fenitoína,
fenobarbital, sulfassalazina, triantereno e trimetoprima.
Sulfato ferroso
MS 2005 → recomenda a suplementação de 40 mg/dia de ferro elementar (200 mg de sulfato ferroso) 1
hora antes das refeições. Ela está indicada acima de 20 semanas de gestação e mantida no pós-parto e no
pós-aborto por 3 meses.
OMS 2013 → recomenda suplementação diaria de ferro e ácido fólico em gestantes, de 30 a 60 mg de
ferro elementar e 400 µg de ácido fólico diário durante toda a gestação.
Febrasgo → recomenda que o ferro deve ser suplementado na dosagem de 30 mg por dia nas mulheres
não anêmicas. Ela ajuda a diminuir o risco de anemia materna no momento do parto. Deve-se evitar a
suplementação do ferro no período da embriogênese devido ao maior estresse oxidativo trofoblástico e
ao maior risco de diabetes e pré-eclâmpsia. É recomendada a suplementação com base na ferritina. Se
menor do que 30 mg/mL, iniciar o ferro no primeiro trimestre; se entre 30 e 70 ng/mL, no segundo
trimestre; se > 70 ng/mL, não suplementar ferro
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Zugaib 2020 → está recomendada a suplementação de ferro da 16a semana de gestação até 8 semanas
após o parto na dose de 60 mg/dia de ferro elementar ou 300 mg de sulfato ferroso ou ferro quelato
glicinato
As gestantes com anemia (no 1o ou no 3o trimestre, com Hb < 11 g/dL ou, no segundo trimestre, < 10,7
g/dL ou ferritina sérica < 30 ng/ dL) devem receber suplementação com ferro elementar adicional de 30
a 120 mg por dia até correção da anemia.
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Gestação de alto risco →