1. A Crônica Brasileira e o registro do cotidiano
Acadêmicas: Ana Claudia M. Ribeiro
Eduarda Müller
2. A crônica é um gênero narrativo, e narra fatos históricos de maneira
cronológica, e aborda temas da atualidade. Sua origem é grega e vem da
palavra Cronos - que é o deus grego do tempo. Uma das mais famosas
crônicas da história da literatura brasileira como "narração histórica” é a
“Carta de Achamento Do Brasil” de Pero Vaz de Caminha, na qual são
narrados ao rei português D. Manuel, o descobrimento do Brasil, e como
foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui.
Com o desenvolvimento da imprensa no século XIX, a crônica passou a
fazer parte dos jornais e apareceu pela primeira vez em 1799 no “Journal de
Débats”, publicado em Paris.
3. O nascimento da crônica
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É
dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as
pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente
sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos
atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua,
outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la
glace est rompue está começada a crônica. (...)” (Machado de Assis.
"Crônicas Escolhidas". São Paulo: Editora Ática, 1994).
4. A crônica se diferencia do jornal por não buscar exatidão na
informação, e também se difere da notícia que procura relatar os fatos
que acontecem, já a crônica os analisa, apresenta um colorido
emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista
por outro ângulo, singular. A preocupação com o leitor é que faz com
que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos
problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos
pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.
5. Na crônica, o leitor acompanha o acontecimento como uma
testemunha guiada pelo olhar do cronista, que tem a pretensão de
registrar de maneira pessoal o acontecimento. O autor dá a um fato
corriqueiro uma perspectiva, que o transforma em fato singular e
único.
6. Características das crônicas:
Narração curta;
Descreve fatos da vida cotidiana;
Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;
Possui personagens comuns;
Segue um tempo cronológico determinado;
Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;
Linguagem simples.
7. O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais
próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas
etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial
demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e
a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas.
8. Alguns cronistas são: Fernando Sabino, Rubem Braga, Luis
Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de
Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles,
Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial,
Arnaldo Jabor, dentre outros.
9. Classificação das Crônicas:
• Crônica Lírica: onde o autor descreve os fatos com nostalgia e sentimentalismo;
• Crônica Humorística: o autor faz graça com o cotidiano;
• Crônica-Ensaio: o cronista, ironicamente, tece uma crítica ao que acontece nas
relações sociais e de poder;
• Crônica Filosófica: o autor faz uma reflexão de um fato ou evento;
• Crônica Jornalística: o autor apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos que
podem ser: policiais, esportivos, políticos, etc.
10. A função da crônica não é a de informar, sua relação mais
próxima com o jornal está com o fato diário, fato este que se torna
mote do cronista. Cabe avaliar em cada cronista se este mote é o
que sufoca a crônica ao papel degradável do jornal. Quando
lemos este gênero buscamos uma leitura breve, agradável, com
fluência. Busca esta que encontramos também nos textos
jornalísticos, exceto pelo já exposto: informação.
11. Segundo descreve o autor Eduardo Portella: “A crônica literária
brasileira sempre tem procurado ser uma crônica urbana: um
registro dos acontecimentos da cidade, a história da vida da
cidade, a cidade feita letra. Seria, portanto, um gênero dos mais
cosmopolitas. Mas nesse cosmopolitismo nada existe que se
possa confundir com descaracterizações nacionais. Há nos
cronistas, e nos referimos ao cronista da grande cidade, do Rio
por exemplo, um apego provinciano pela sua metrópole, que é,
aliás, um dos seus segredos. E é em nome desse apego que ele
protesta diante das deformações do progresso, que ele aplaude o
que a cidade possui de autenticamente seu. E, desta maneira, luta
para transcender com ela”. (Portella 1977: 85)
12. A linguagem coloquial é um aspecto importantíssimo na
construção da crônica, pois através de “autores que abusam da
primeira pessoa, do comentário e da liberdade de adotarem um
idioma ora poético, ora jornalístico, ora irônico, ora perplexo,
quase sempre bem-humorado”.
13. Referências:
NERY, Alfredina. Crônica: gênero entre jornalismo e literatura. Uol, 31/07/2005. Disponível em:
<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/cronica-genero-entre-jornalismo-e-literatura.htm> Acesso em:
20/12/2016
VILARINHO, Sabrina. "Crônica "; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/redacao/cronica.htm>.
Acesso em 22 de dezembro de 2016.
MARTINS, Priscila Rosa. Revisitando a crônica brasileira. UEL, Londrina – dezembro de 2010. Disponível em:
<http://www.uel.br/pos/letras/EL/vagao/EL6Art12.pdf> Acesso em: 16/12/2016
SABOR DA CRÔNICA. Crônicas – faça sua crônica. Alô escola, 2014. Disponível em:
<cmais.com.br/aloescola/literatura/cronicas/facasuacronica.htm> Acesso: 16/12/2016
MARTINS, Fábio C. 6 Dicas para escrever uma crônica. Folhetim Online, 2012. Disponível em:
<http://www.folhetimonline.com.br/2012/06/25/dicas-6-dicas-para-escrever-uma-cronica/> Acesso em: 19/12/2016