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Crônic
a
DO
COTIDIANO:
DO REAL
AO
IMAGINÁRIO
Prof. Alex Mendes
O que é uma
crônica, afinal?
A crônica é um gênero textual de
características
predominantemente narrativas.
Dentro das esferas de produção
do discurso em sociedade, esse
texto está localizado em duas:
literária e jornalística,
simultaneamente.
Caracter
ísticas
essencia
is da
crônica
momento, por instâncias de
narração ou de comentários de
fatos que têm por trás de si,
uma história, uma linha
narrativa pressuposta. Por isso
a crônica tem a função de
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Além disso, a crônica
apresenta, de maneira mais ou
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personagens comuns, tipos
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A crônica
jornalística
O nascimento da crônica moderna se dá
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colaborações de escritores, jornalistas ou
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cotidianos noticiados. O nome “crônica”
vem do grego Κρόνος, tempo. O gênero faz
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de sua existência. Apesar dessa origem
nobre, a crônica se volta para o comum, o
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jornalística por completo,
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crônica complementa a
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dentro da exatidão dos
fatos, a crítica, o humor e
o tipo de opinião que não
Um gênero
independent
e e versátil
principais funções é trazer leveza para
os jornais, sempre cheios de notícias
pesadas, funestas e preocupantes. No
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como quando durante os piores
momentos da pandemia, ou mesmo
numa guerra, a crônica engrossa o
coro das críticas e denúncias, usando
sua versatilidade e proximidade com o
público. Não nos esqueçamos da
crônica esportiva, especialmente a
que aproxima, inclui o futebol na
literatura, com textos cuja
grandiosidade literária que incluem o
mundo competitivo e masculinizado
do futebol numa esfera de
sensibilidade poética, da arte literária.
A crônica
literária
Do jornal à
coletânea
publicada
pelas
grandes
editoras
A crônica tornou-se um gênero livresco a partir do momento
em que seus textos apresentaram uma característica essencial
das obras literárias: a possibilidade de permanência no tempo,
devido à sua relevância como obra de arte da escrita, ou pelo
menos por sua capacidade de se referir a fatos comentados ou
narrados que tenham uma característica de “universalidade”
(que ultrapassem seu tempo e que tenham características que
possam ser entendidas fora do contexto social exato em que
foram produzidos). Apesar de que textos literários possam ter
um valor local, regional, a temática particular pode ser
superada, quando sua trama apresenta valores e assuntos que
falem de um modo amplo ao gênero humano, apesar das
características específicas dos fatos. Exemplo: o filme
coreano “Parasita”, de Bong Joon-ho (2019) foi concebido
para ser uma crônica das desigualdades sociais da cultura sul-
coreana, no entanto mostrou-se como uma obra universal
sobre o tema, assim como o romance “Os Miseráveis”, de
Victor Hugo (1862) ou a novela literária “Vidas Secas”, de
Graciliano Ramos (1938).
embaixador do Brasil no Marrocos, tendo
viajado por muitos lugares do mundo, a
trabalho. Dedicou-se exclusivamente ao
gênero crônica, como literatura. Seus textos
saíram direto dos jornais para coletâneas
publicadas. Seu sucesso se deve
duplamente ao seu talento imenso como
escritor e ao espaço de publicação
privilegiado que tinha nos principais jornais
do país. Rubem Braga era muito ligado à
política e exerceu feroz oposição a Getúlio
Vargas. Durante a Ditadura Militar, sua verve
fez contumaz crítica ao Estado e seus
aparelhos de opressão, embora tenha sido
Rubem Braga: o olhar sobre o Rio de
Janeiro do século XX.
correspondente internacional e empregado das
Organizações Globo, tendo terminado a sua vida
em uma confortável cobertura em Ipanema, onde
tinha um jardim e criava pássaros. Assim como a
grande maioria dos nossos escritores, Rubem
Braga nos mostra o ponto de vista da classe
média alta aburguesada que tem, acima de tudo,
o privilégio do uso da palavra e de espaços em
que serão lidos, celebrados e cultuados. Esse
autor não só cultivou a crônica de modo
exclusivo, como a definiu como um texto
literário de expressão. Sua morte, em 1990, é
apontada por críticos, como o fim da crônica
como o século XX a concebeu. Para críticos, a
crônica, atualmente, é um gênero que tende ao
desuso, devido à predominância dos gêneros
Rubem Braga: o olhar sobre o Rio de
Janeiro do século XX.
Stanislaw ponte preta: jornalismo e
humor e contestação
Sérgio Porto criou esse pseudônimo na década de
1950, a partir de então passou a colaborar em
diversos jornais do país com suas crônicas bem-
humoradas, cínicas e com boa dose de crítica aos
poderosos. Também de classe média alta, Sérgio
era escritor de teatro, crítico de música e um
intelectual muito respeitado na classe artística e
jornalística brasileira, apesar de suas ligações
com a cultura popular, o rádio, a TV, os concursos
de beleza com vedetes badaladas. Suas
características boêmias refletem na sua literatura
extremamente bem-humorada e crítica. Seu
Stanislaw ponte preta: jornalismo,
humor e contestação
A crônica de Ponte Preta imitava de maneira
humorística a notícia, em narrativas muito
próximas da realidade, ou como na sua obra
“FEBEAPA – Festival de Besteiras que Assolam o
País” em três volumes, em que a notícia é imitada
em críticas mordazes, ainda que sejam ficção. Seu
humor vai do escracho ao refinamento, seu foco é
no comportamento idiota da burguesia e da classe
dominante brasileira. E nesse ponto, assim como
outros escritores famosos do século passado,
Ponte Preta também é de origem burguesa, e tem
Luís Fernando veríssimo: a inteligência
absurda do humor brasileiro
Filho de um renomado escritor brasileiro, Erico
Verissimo, Luís Fernando nasceu em Porto Alegre, em
1936, mas morou parte de sua infância e adolescência
nos Estados Unidos, quando seu pai foi trabalhar na
Califórnia e no Distrito de Columbia. Retornou na
década de 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro na
década seguinte, tendo trabalhado na imprensa
carioca como revisor de textos, colunista e escritor de
crônicas. Publicou seu primeiro livro de textos
narrativos (contos e crônicas) na década de 1970. Luís
Fernando Veríssimo, além de escritor e jornalista,
Luís Fernando veríssimo: a inteligência
absurda do humor brasileiro
Veríssimo seguiu a grande tradição da crônica
brasileira ao criticar o governo de forma humorada,
com foco nos absurdos das ações dos poderosos,
tendo como plano de fundo histórico a decadência
do regime militar na década de 1980. No momento
atual, Verissimo deixou de atuar diariamente como
jornalista e cronista, tendo aderido a formas mais
longas de narração, como romances. Seus livros
continuam sendo sucesso de vendagem, a obra de
Luís Fernando Veríssimo é um sucesso da cultura
Escreve
ndo a
crônica
jornalístico e livre, não há uma
fórmula, uma receita de crônica que
seja exatamente repetível. De fato, a
crônica e o conto podem se
misturar, porque ambos são
narrações curtas e as formas mais
livres do conto podem ser
semelhante às crônicas modernas. A
característica essencial da crônica,
de um modo geral, é a presença do
comentário, do ponto de vista do
autor, seja ela um texto em primeira
ou terceira pessoa. Esse comentário
sempre foca em algo do cotidiano,
mesmo que isso aborde as
temáticas mais diversas. Ou seja, a
partir do cotidiano, a crônica pode
abordar diversos assuntos,
Escrevendo
a crônica
cultural” dos leitores
podem ser abordados
nesse texto.
A âncora da crônica na
realidade não impede
que o texto aborde o
absurdo, o insólito, o
fantástico. Diferente do
conto de fadas,
fantasioso, a crônica
aborda o imaginário
com vistas a criticar a
realidade.
o ideal é que a crônica
parta de um fato narrável,
noticioso ou não, que haja
um mínimo de narração e,
a partir dele, o autor possa
desenvolver suas
reflexões, críticas, mostrar
seu ponto de vista poético
ou ainda fazer humor.
ESCREVENDO A
CRÔNICA
Escrevend
o a crônica
preciso para crônicas.
Mas textos produzidos
para jornal obedecem a
limites de palavras que
caibam no espaço
destinado. O gênero
precisa ser curto para
não cair para o âmbito
do conto mais longo ou
do ensaio subjetivo. As
crônicas precisam ser
acessíveis, então a
linguagem precisa
atingir a todo o público
do jornal, revista, site
Escrevend
o a crônica
suas ideias,
considerações de
críticas da maneira mais
inteligente o possível.
A crônica é um texto
que, na sua origem,
busca agradar e mudar
um pouco o leitor de
ares. Nem sempre a
temática da crônica
deve ser pesada, as
críticas devem, apesar
da seriedade, divertir
quem as lê, na medida
Prática de
leitura:
crônica
“Super-
homem”,
de Alex
mendes
Leia crônicas dos autores
citados
Noitinha em
Vila Isabel,
de Rubem
Braga
A velhinha
contrabandis
ta, de
Stanislaw
Ponte Preta
Defenestraçã
o, de Luís
Fernando
Veríssimo
Contato
Alex Mendes
Graduado em Letras (UEG-2003), Mestre em Letras e Linguística (UFG, 2013).
Professor de Língua Portuguesa e Inglesa, Coordenador de Área das Linguagens e suas
Tecnologias
Col. Est. Laurentino Martins. CRE – Goianésia /GO

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  • 2. O que é uma crônica, afinal? A crônica é um gênero textual de características predominantemente narrativas. Dentro das esferas de produção do discurso em sociedade, esse texto está localizado em duas: literária e jornalística, simultaneamente.
  • 3. Caracter ísticas essencia is da crônica momento, por instâncias de narração ou de comentários de fatos que têm por trás de si, uma história, uma linha narrativa pressuposta. Por isso a crônica tem a função de comentar o cotidiano podendo, portanto, nascer de uma notícia ou de um fato amplamente conhecido por todos. Além disso, a crônica apresenta, de maneira mais ou menos frequente, características como: prosa poética; humor, sátira ou ironia; personagens comuns, tipos populares; tempo cronológico determinado; oralidade, coloquialismo na escrita; linguagem simples; narrativa
  • 4. A crônica jornalística O nascimento da crônica moderna se dá no século XIX. Os jornais de grande circulação passaram a receber colaborações de escritores, jornalistas ou não, que comentassem os temas cotidianos noticiados. O nome “crônica” vem do grego Κρόνος, tempo. O gênero faz alusão aos textos históricos da época da Idade Média e Moderna, que contavam a vida dos reis, a partir de fatos cotidianos de sua existência. Apesar dessa origem nobre, a crônica se volta para o comum, o dia-a-dia, para as pessoas mais simples, para o fato noticioso que gera muitas matérias jornalísticas e merece, para além dos textos informativos, a opinião de alguém que seja capaz de comentar de
  • 5. Para além da notícia e seu rigor recursos literários. Nesse tipo de texto, o fato e a opinião dividem espaços iguais, organizando-se em torno de uma ideia que não se afasta da matéria jornalística por completo, mas a aborda de maneira mais leve, em alguns casos. Em outros, a crônica complementa a notícia, trazendo para dentro da exatidão dos fatos, a crítica, o humor e o tipo de opinião que não
  • 6. Um gênero independent e e versátil principais funções é trazer leveza para os jornais, sempre cheios de notícias pesadas, funestas e preocupantes. No entanto, em momentos extremos, como quando durante os piores momentos da pandemia, ou mesmo numa guerra, a crônica engrossa o coro das críticas e denúncias, usando sua versatilidade e proximidade com o público. Não nos esqueçamos da crônica esportiva, especialmente a que aproxima, inclui o futebol na literatura, com textos cuja grandiosidade literária que incluem o mundo competitivo e masculinizado do futebol numa esfera de sensibilidade poética, da arte literária.
  • 8. Do jornal à coletânea publicada pelas grandes editoras A crônica tornou-se um gênero livresco a partir do momento em que seus textos apresentaram uma característica essencial das obras literárias: a possibilidade de permanência no tempo, devido à sua relevância como obra de arte da escrita, ou pelo menos por sua capacidade de se referir a fatos comentados ou narrados que tenham uma característica de “universalidade” (que ultrapassem seu tempo e que tenham características que possam ser entendidas fora do contexto social exato em que foram produzidos). Apesar de que textos literários possam ter um valor local, regional, a temática particular pode ser superada, quando sua trama apresenta valores e assuntos que falem de um modo amplo ao gênero humano, apesar das características específicas dos fatos. Exemplo: o filme coreano “Parasita”, de Bong Joon-ho (2019) foi concebido para ser uma crônica das desigualdades sociais da cultura sul- coreana, no entanto mostrou-se como uma obra universal sobre o tema, assim como o romance “Os Miseráveis”, de Victor Hugo (1862) ou a novela literária “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos (1938).
  • 9. embaixador do Brasil no Marrocos, tendo viajado por muitos lugares do mundo, a trabalho. Dedicou-se exclusivamente ao gênero crônica, como literatura. Seus textos saíram direto dos jornais para coletâneas publicadas. Seu sucesso se deve duplamente ao seu talento imenso como escritor e ao espaço de publicação privilegiado que tinha nos principais jornais do país. Rubem Braga era muito ligado à política e exerceu feroz oposição a Getúlio Vargas. Durante a Ditadura Militar, sua verve fez contumaz crítica ao Estado e seus aparelhos de opressão, embora tenha sido Rubem Braga: o olhar sobre o Rio de Janeiro do século XX.
  • 10. correspondente internacional e empregado das Organizações Globo, tendo terminado a sua vida em uma confortável cobertura em Ipanema, onde tinha um jardim e criava pássaros. Assim como a grande maioria dos nossos escritores, Rubem Braga nos mostra o ponto de vista da classe média alta aburguesada que tem, acima de tudo, o privilégio do uso da palavra e de espaços em que serão lidos, celebrados e cultuados. Esse autor não só cultivou a crônica de modo exclusivo, como a definiu como um texto literário de expressão. Sua morte, em 1990, é apontada por críticos, como o fim da crônica como o século XX a concebeu. Para críticos, a crônica, atualmente, é um gênero que tende ao desuso, devido à predominância dos gêneros Rubem Braga: o olhar sobre o Rio de Janeiro do século XX.
  • 11. Stanislaw ponte preta: jornalismo e humor e contestação Sérgio Porto criou esse pseudônimo na década de 1950, a partir de então passou a colaborar em diversos jornais do país com suas crônicas bem- humoradas, cínicas e com boa dose de crítica aos poderosos. Também de classe média alta, Sérgio era escritor de teatro, crítico de música e um intelectual muito respeitado na classe artística e jornalística brasileira, apesar de suas ligações com a cultura popular, o rádio, a TV, os concursos de beleza com vedetes badaladas. Suas características boêmias refletem na sua literatura extremamente bem-humorada e crítica. Seu
  • 12. Stanislaw ponte preta: jornalismo, humor e contestação A crônica de Ponte Preta imitava de maneira humorística a notícia, em narrativas muito próximas da realidade, ou como na sua obra “FEBEAPA – Festival de Besteiras que Assolam o País” em três volumes, em que a notícia é imitada em críticas mordazes, ainda que sejam ficção. Seu humor vai do escracho ao refinamento, seu foco é no comportamento idiota da burguesia e da classe dominante brasileira. E nesse ponto, assim como outros escritores famosos do século passado, Ponte Preta também é de origem burguesa, e tem
  • 13. Luís Fernando veríssimo: a inteligência absurda do humor brasileiro Filho de um renomado escritor brasileiro, Erico Verissimo, Luís Fernando nasceu em Porto Alegre, em 1936, mas morou parte de sua infância e adolescência nos Estados Unidos, quando seu pai foi trabalhar na Califórnia e no Distrito de Columbia. Retornou na década de 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro na década seguinte, tendo trabalhado na imprensa carioca como revisor de textos, colunista e escritor de crônicas. Publicou seu primeiro livro de textos narrativos (contos e crônicas) na década de 1970. Luís Fernando Veríssimo, além de escritor e jornalista,
  • 14. Luís Fernando veríssimo: a inteligência absurda do humor brasileiro Veríssimo seguiu a grande tradição da crônica brasileira ao criticar o governo de forma humorada, com foco nos absurdos das ações dos poderosos, tendo como plano de fundo histórico a decadência do regime militar na década de 1980. No momento atual, Verissimo deixou de atuar diariamente como jornalista e cronista, tendo aderido a formas mais longas de narração, como romances. Seus livros continuam sendo sucesso de vendagem, a obra de Luís Fernando Veríssimo é um sucesso da cultura
  • 15. Escreve ndo a crônica jornalístico e livre, não há uma fórmula, uma receita de crônica que seja exatamente repetível. De fato, a crônica e o conto podem se misturar, porque ambos são narrações curtas e as formas mais livres do conto podem ser semelhante às crônicas modernas. A característica essencial da crônica, de um modo geral, é a presença do comentário, do ponto de vista do autor, seja ela um texto em primeira ou terceira pessoa. Esse comentário sempre foca em algo do cotidiano, mesmo que isso aborde as temáticas mais diversas. Ou seja, a partir do cotidiano, a crônica pode abordar diversos assuntos,
  • 16. Escrevendo a crônica cultural” dos leitores podem ser abordados nesse texto. A âncora da crônica na realidade não impede que o texto aborde o absurdo, o insólito, o fantástico. Diferente do conto de fadas, fantasioso, a crônica aborda o imaginário com vistas a criticar a realidade.
  • 17. o ideal é que a crônica parta de um fato narrável, noticioso ou não, que haja um mínimo de narração e, a partir dele, o autor possa desenvolver suas reflexões, críticas, mostrar seu ponto de vista poético ou ainda fazer humor. ESCREVENDO A CRÔNICA
  • 18. Escrevend o a crônica preciso para crônicas. Mas textos produzidos para jornal obedecem a limites de palavras que caibam no espaço destinado. O gênero precisa ser curto para não cair para o âmbito do conto mais longo ou do ensaio subjetivo. As crônicas precisam ser acessíveis, então a linguagem precisa atingir a todo o público do jornal, revista, site
  • 19. Escrevend o a crônica suas ideias, considerações de críticas da maneira mais inteligente o possível. A crônica é um texto que, na sua origem, busca agradar e mudar um pouco o leitor de ares. Nem sempre a temática da crônica deve ser pesada, as críticas devem, apesar da seriedade, divertir quem as lê, na medida
  • 21. Leia crônicas dos autores citados Noitinha em Vila Isabel, de Rubem Braga A velhinha contrabandis ta, de Stanislaw Ponte Preta Defenestraçã o, de Luís Fernando Veríssimo
  • 22. Contato Alex Mendes Graduado em Letras (UEG-2003), Mestre em Letras e Linguística (UFG, 2013). Professor de Língua Portuguesa e Inglesa, Coordenador de Área das Linguagens e suas Tecnologias Col. Est. Laurentino Martins. CRE – Goianésia /GO