O documento discute como a resposta à pandemia de coronavírus está sendo usada para promover os interesses do capitalismo neoliberal e da redução populacional. O autor argumenta que as medidas de confinamento irão causar desemprego em massa e prejudicar crianças e estudantes, enquanto grandes empresas protegem seus lucros em paraísos fiscais. Também critica o tratamento dado a idosos em lares e imigrantes durante a crise.
2110 - As últimas eleições autárquicas. Detalhe de um campeonato (2)
O que se esconde na sombra da campanha do coronavírus
1. grazia.tanta@gmail.com 3/05/2020 1
O que se esconde na sombra da campanha do coronavírus
Toda a narrativa ancorada no coronavírus baseia-se em duas taras
que se cruzam para controlar a Humanidade – o capitalismo nesta
sua fase neoliberal e genocida; e os propósitos de redução do
efetivo de seres humanos. A segunda componente não é muito
visível em Portugal mas a primeira teve a sua peça principal no
layoff simplificado e no desemprego que se lhe seguirá
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Sumário
0 – Prólogo
1 - O regime oligárquico e autoritário em seu esplendor
2 - A vida dos confinados
3 - As grandes instâncias globais
0 - Prólogo
Como intérprete das normas globais e neoliberais, António Costa aplicou-as a um país
pobre, periférico e politicamente estagnado. E disse:
"Ninguém tenha ilusão de que a partir de maio vamos viver como
vivíamos"… “mas ninguém tenha a ilusão que a partir de maio vamos viver
como vivíamos até ao mês de fevereiro, porque vamos ter de viver com
este vírus até termos vacina e isso não vai acontecer nos próximos meses"
Já sabíamos. Desta vez foi o coronavírus, como poderia ter sido outra coisa
qualquer; excesso ou falta de chuva, um incêndio ou, uma evolução nefasta dos
ignotos mercados;
Talvez o dueto Costa-Marcelo precise explicar porque fecharam infantários, escolas
e universidades quando se sabe que as crianças não incubam coronavírus e afins e
que os mais jovens passam por ela sem problemas de maior; a própria DG de
Saúde vem informando que não há vítimas mortais com menos de 40 anos. E
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devem explicar qual é o modelo mais inteligente de tratar a crise pandémica – o
modelo concentracionário e impositivo em curso ou, o modelo sueco baseado no
bom senso de cada pessoa, sem a militarização da vida coletiva.
Porque desconheceram que com esse fecho, pais ou mães teriam de ficar em casa
com as crianças e antecipar as férias ou perder salário; e que ficariam na
inatividade educadores de infância, professores e auxiliares?
Porque pouco se importaram em prejudicar o decurso do ano letivo, com o
confinamento para alunos do secundário e superior, sabendo que, mesmo com
algum acompanhamento online, terão deficiências na recolha de conhecimentos e,
os mais novos, no desenvolvimento da sua sociabilidade?
Porque consideraram ser saudável manter crianças e jovens confinados em casa,
isolados, com avós, pais ou mães, muitos destes readaptados a trabalhar online,
num ambiente de clausura para toda a família?
Mais de 86% dos infetados em Portugal (num total de 25000 em 30/4, e
correspondentes a 0.2% da população) estão em casa e não a passear, divertidos,
na procura de vírus em vizinhos, colegas e amigos. Assim, o total de infetados “à
solta” corresponde a 0.03% da população; isto é, 3500 pessoas, uma por cada
quadrado de terra com mais de 5 km de lado! E, não é nada garantido que isso
conduza a uma contaminação para os próximos… com ou sem máscara.
No caso do surto detetado em Ovar, com naturalidade foi declarada, a 17 de
março, uma cerca sanitária de um mês, para toda a população; e, pouco depois foi
todo o país que entrou em quarentena, incluindo os 80 concelhos onde não se
registou caso algum até 30/5. E… quem foram os imbecis que fecharam as escolas
nas ilhas do Corvo e Sta. Maria, sem que lá houvesse qualquer caso de covid-19,
mesmo vindo a nado?
Todo este espalhafato mediático e assustador não contemplará uma encenação
montada para reestruturar alguns setores da economia, mormente na área do
comércio e da restauração? E, proceder à concentração de capital, à cartelização
desses negócios? E de justificar despedimentos a preço de saldo, através do layoff
simplificado (criado à sombra da crise sanitária) tornados assim mais rápidos e
baratos dada a prestimosa contribuição da Segurança Social?
Este candente tema revela, uma vez mais, a putrefação do regime político,
protagonizado por oligarcas incompetentes, ignorantes, vaidosos elementos da
ordem dos galiformes; neste caso, com gravata em vez de crista… Infelizmente, não
são exclusivo das terras lusitanas; imbecis e safardanas apresentam altas
densidades entre as classes políticas…
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Que valia tem para o povo toda a turba de deputados e partidos que se renderam,
servilmente, ao plano de Costa e de Marcelus Augustulus, traduzido de um email
do Neil Ferguson1
, campeão das falsificações estatísticas? Ao que parece, apenas
com a tímida abstenção do PCP;
E, não é lenitivo saber-se de que há verdadeiros trastes e desequilibrados nas
lideranças de países de maior gabarito, porque o modelo global de organização
económica e política, de facto, é daqueles proveniente. Como será na próxima
epidemia/pandemia, certamente dentro de poucos anos?
1 - O regime oligárquico e autoritário em seu esplendor
Só os ingénuos duvidariam que algo de muito importante não iria acontecer, com a
sucessão de estados de emergência articulados entre o governo e o PR, com
preocupações nítidas de confinamento legislativo para o mundo do trabalho e da
população não ativa; desta vez, completamente alheados da habitual ladainha do
crescimento, da redução do deficit… e da competitividade que, transitoriamente,
deixou de ser a grande razão para se ser digno de estar no mundo.
Mas, pela voz tonitruante de Costa (ver a sua frase no início deste texto) a coisa ficou
oficializada. Todos seremos obrigados a ficar mais ou menos confinados, à espera que
a vacina para esta gripe - ainda em preparação e que só surgirá (?), lá para outubro,
made in Switzerland, se entretanto não aparecer um competidor mais lesto (em
Tubingen? Na China?); que seja imposto por Trump um remdesivir ou, que o
coronavírus abandone o terreno, para preparar a próxima mutação. Costa aliás, apenas
traduziu a opinião do norte-americano Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de
Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), muito envolvido nos projetos de Bill Gates para
o decrescimento populacional.
Para um povo de gente modesta, com pendor para a obediência, o elogio perante a
crise pandémica cabe, legitimamente, aos profissionais de saúde, por todas as razões
inerentes à sua função, pelos particulares riscos que correm; e que, no caso dos
enfermeiros, são pagos a uns 6.2 euros por hora… um pouco menos do que receberiam
a trabalhar nas limpezas2
; e ainda, coletivamente, o aplauso para o SNS, tão maltratado
pelos corruptos governos, sempre inclinados para o favorecimento dos grupos
privados.
1
Neil Ferguson é o chefe do Departamento de Epidemiologia de Doenças Infecciosas, incluído no Imperial
College de Londres, um dos muitos subsidiados pela benemérita Melinda & Bill Gates Foundation,
2
Recentemente abordámos a questão dos salários pagos na enfermagem em Portugal. Aqui
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Estranhamente, as forças policiais – com uma dimensão relativa em Portugal excessiva3
para os padrões europeus – tiveram oportunidade de passar mais tempo ao ar livre da
primavera, fora do confinamento nas esquadras, onde a regra é nada haver para fazer
que não esperar o próximo vencimento. É curiosa, a troca de confinamentos; a
população é obrigada a estar em casa, em troca com as polícias que saíram para a rua.
Outros apoios poderiam surgir da tropa, como por exemplo, aconteceu em Espanha, na
desinfeção de lares; e, como desejado por Marcelo, o sumo pontífice dos militares.
Porém, há questões que obstam a que isso aconteça.
Uma, quiçá a principal, é a rivalidade corporativa entre militares e polícias, com estas a
quererem os louros da operação só para si; por outro lado, a dimensão excessiva dos
corpos policiais (já atrás referida) ficaria mais a nu se os militares também entrassem
em cena. A dimensão da infeção em Portugal é muito menor do que em Espanha - em
termos absolutos e relativos - não havendo oportunidade para atropelos corporativos
no combate ao vírus. Neste contexto, as forças militares terão de ficar à espera de algo
mais ponderoso do que a crise do covid-19 que, em termos nacionais continua a não
ser, nem galopante, nem com um nível de desastre nacional; e, entretanto Marcelo e os
seus generais, esperam, perfilados, que o Pentágono ordene o local de destino para
mais uns pelotões lusos.
Como achamos importante alguma descontração em tempos de quarentena, referimos
um caso caricato acontecido durante uma transferência de idosos de um lar de Vila
Real para um hospital militar, no Porto. Isso, porque um polícia havia pedido a
identificação a um militar que se apresentara armado (não sabemos se esperava…
alvejar algum vírus).
É estranho que os confinados, com rendimentos comparativamente baixos e agora
encolhidos por despedimentos e layoffs aceitem a situação pacificamente enquanto os
grandes patrões confinam os seus lucros onde o vírus dos impostos é menos letal – em
offshores. É também estranho que os entes viventes em Portugal agradeçam a quantos
são mandatados para vigiar a sua própria clausura, por tempo não determinado, com
saídas precárias e vigiadas, ameaçados com multas, coimas e processos de
desobediência, pouco reconhecíveis por detrás de máscaras, temerosos de se cruzaram
com alguém dos 0.2% da população tocados pelo coronavírus (incluindo, portanto os
mortos e os recuperados).
3
Na Europa ocidental, os países com maior número de polícias por 100000 habitantes são: Espanha – 506, Portugal
– 463, Irlanda do Norte – 435, Itália – 411, França – 391. Pela sua riqueza em polícias, Portugal deveria ser integrado
nos Balcãs. Para comparação, os menores indicadores encontram-se na Finlândia (156) e Noruega (159)
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Em grande parte, os contaminados são oriundos de depósitos de velhos debilitados,
doentes e pobres, com os quais o ditoso Estado tem treinado um “distanciamento
social”, remetendo para Misericórdias e “empresários” a gestão desses depósitos de
velhos. E a que ternamente chamam lares, ornados com nomes de santos ou termos
ternurentos que ocultam a triste realidade dos internados, muitos deles já com
capacidades mentais muito diminuídas, abandonados, doentes, acamados, prostrados,
semimortos. Esses, de facto, cumprem… escrupulosamente o confinamento e, não
incorrem em multas!
De acordo com a OMS, é nos ditos lares de idosos que se regista cerca de metade dos
mortos com covid-19! Em Portugal, essa proporção reduz-se para 40.9%, de acordo
com afirmação de Graça Freitas no dia 23/4 (327 óbitos nesses locais). Uma sociedade
que não trata bem os seus “mais velhos”, como se diz em África, aproxima-se de ser um
vasto grupo de trogloditas. Esta crise sanitária vem revelar que, no seu afã consumista
e produtivista, as sociedades animadas pelo espírito capitalista, na sua pior versão,
neoliberal, praticam de modo dulcificado o que os nazis faziam a doentes mentais ou
membros de “raças” inferiores – um extermínio planificado.
Outro grupo de socialmente diminuídos e até discriminados é o de mais de uma
centena de imigrantes contaminados, amontoados em Lisboa num “hostel” (com 4 ou 5
a viver em cada quarto) mesmo que a situação já tivesse sido reportada às “autoridades
competentes”. Migrantes, pobres e islâmicos, recordam-nos que o racismo teve o seu
despontar na Península Ibérica, no final do século XVI.
2 - A vida dos confinados
Para os trabalhadores com piores salários houve e há dois destinos – desemprego e
layoff (simplificado, em contraste com a típica e pesada burocracia) – sobretudo, se
trabalhavam em restaurantes e áreas turísticas, fazendo o desemprego aumentar 40%
no Algarve, de acordo com o IEFP (dados de março). E, nos locais onde a necessidade
de exercer atividade era essencial para a sobrevivência do negócio e do emprego, lá
estava a polícia para aplicar penalizações e encerrar o espaço, cega às consequências
económicas… como se houvesse coronavírus em cada esquina. Perante as conhecidas
fragilidades financeiras das empresas portuguesas, a situação poderá ir bem além, com
desemprego subsequente a encerramentos e falências, numa espiral que não se sabe
onde vai parar. Para o total do país, a variação do desemprego face a março do ano
passado foi apenas de 3%; veremos o que acontecerá nos próximos meses…
Num inquérito recente da Deco realizado em março e, certamente, com conclusões já
alteradas pela rápida evolução das variáveis essenciais, sobressaem estes elementos:
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Trabalhadores temporariamente inativos – 30%
Com horário reduzido – 19%
Com perda de emprego – 9%
Com teletrabalho total (30%) e parcial (19%)
Mal-estar psicológico com o confinamento – 60%
O desemprego atinge mais as mulheres (13%) do que os homens (4%)
Por seu turno, o Banco de Portugal, na semana de 20/24 de abril revelou que 80% das
empresas reduziram o volume de negócios e 59% diminuíram o efetivo de pessoal. No
capitulo da redução da faturação em mais de 50%, situavam-se 39% das empresas e,
26% destas haviam reduzido em mais de 50% o volume de pessoal. O layoff
simplificado terá atingido 54% das empresas. Sabe-se também que até ao início de
abril, foram aprovados 62431 processos de layoff, envolvendo 38465 empresas (área do
alojamento e restauração, 26% e comércio 22%) e 359000 trabalhadores; daí que perto
de metade sejam empresas com 10 trabalhadores, em média. O valor médio de cada
compensação paga pela Segurança Social é de… € 421.8! Um pequeno totoloto...
Perante esta situação, um minúsculo superavit orçamental - como era norma na
contabilidade criativa de Salazar – e com que Centeno pretendeu adornar a sua
imagem de mago das finanças, nada significa; Centeno passou de brilhante a baço e foi
largamente engolido pela sombra do coronavírus… como também pelo protagonismo
do Siza Vieira.
A criatividade também não falta nas catedrais da finança – o FMI aponta para uma
queda de 8% do PIB em Portugal e a Moody’s 4% (o que faz lembrar a quebra
verificada em 2012, de 4.4%); e daí ressaltam sinais para os ditos “investidores” que
compram dívida pública para, em troca, terem dinheiro fresco do BCE. Tudo indica que
o volume da divida pública portuguesa, relativamente constante em termos de
percentagem do PIB nos últimos anos4
, vá disparar para valores pouco auspiciosos; que
as agências de rating não deixarão de adornar com subidas das taxas de juro. Ficando
por se saber se será possível suportar uma dívida maior; mas sabendo-se que camadas
sociais serão as sacrificadas.
Os bancos, simpaticamente, permitem que as famílias (não sabemos que requisitos
estas têm de apresentar) possam adiar as prestações de empréstimos para habitação
por seis meses; mostram uma face benévola porque sabem não incorrerem em
4
Essa estabilidade deve-se em grande parte a um adiamento da maturidades (o momento do
pagamento) – de um pouco abaixo de 8 anos em 2017 para uns 10.5 anos a partir de 2018 ) para
aproveitamento dos juros baixos/negativos. Veremos como irá crescer a dívida no rescaldo da chegada
do coronavírus e das medidas radicais que se irão traduzir, deliberadamente, num grande pecado – a
redução do PIB!
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qualquer risco, uma vez que têm hipoteca sobre a morada dos devedores; e por isso a
banca não teve problemas em aceitar 250000 moratórias.
Da experiência de variadas proibições, inibições e obrigações, mais ou menos ainda em
curso, virão como custos faturados através da carga fiscal, diretamente ou, através do
aumento da dívida pública; mesmo que ocorra alguma facilidade proveniente de uma
menor desigualdade entre os estados-membros da UE.
É evidente a criação duma psicologia de medo, associada ao confinamento. As casas
tornaram-se verdadeiras prisões, com os seus moradores incomodados e irritáveis, com
as crianças mais pequenas sem contacto com os seus amigos de escola ou de
brincadeiras; com o aviso de que lá fora andam polícias à solta a impor o
encarceramento (re)definido a toda a hora; com a frenética enxurrada de informações
inúteis, repetidas para encher os tempos de emissão. Isso, sem prejuízo do trabalho de
informação levado a cabo, particularmente pela Graça Freitas ou na página da DGS; e
isso, embora em janeiro ela tivesse dado a cara afirmando que não havia razão para
alarme...
Doses adicionais de écran não evitam que os confinados se sintam menos prisioneiros,
quando veem as polícias passarem pelas ruas desertas a verificar o cumprimento das
ordens governamentais, incomodando, por qualquer motivo – ou mesmo sem motivo –
quem ande pela rua… sem passear o cão. Nunca no planeta houve espaços tão
alargados como prisões, tal número de prisioneiros ou de carcereiros; é a
desumanização neoliberal em todo o seu esplendor.
Por outro lado, a frenética necessidade de Marcelo em aparecer – no écran, sobretudo
mas, também numa plantação de tomates5
- adequa-se à postura de Costa como o
pivot da pátria, que traz a oposição pela trela e açaimada, sequer capaz de contrariar
um estado de emergência, capa para uma reestruturação do tecido económico, para
um aumento da “produtividade”, com a eliminação do trabalho para perto de um
milhão de pessoas, entre os quais, as mulheres serão as mais afetadas; e, reduzindo os
sindicatos a simples powerpoints que adornam uma (des)consertação social.
5
Sempre que vos tocam à porta, vejam pelo óculo ou pela janela se não é o Marcelo a oferecer-se para uma selfie
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Marcelo agarrou firmemente a questão do estado de emergência subalternizando
Costa que em nada se deverá ter importado. Todos os danos gerados na plebe com
quarentenas e intromissões na vida privada, com layoffs e despedimentos, com toda a
psicologia de insegurança quando se sai de casa, tudo isso é repartido entre o grande
líder Marcelo e o querido líder o executivo Costa.
Quanto à oposição, António Costa está tranquilo. Se as coisas correrem menos mal
desarma a sua principal concorrência - PSD e BE/PC - cuja única arma é dar relevo ao
que não correr bem e afirmar que poderia ter sido melhor. Para o que corre mal, pode
Costa dizer que a concorrência nunca apresentou alternativas válidas e a oposição dirá
que … faria o mesmo mas de forma mais competente. Como não podem estar em jogo,
no terreno, o governo e a dita oposição, tudo se resume à conversa do Faria dizendo o
que faria.
3 - As grandes instâncias globais
É verdade que há uma crise sanitária, em torno do covid-19, que atingiu, ao momento
(30 de abril) 3.3 M de pessoas, dos quais perto de um terço estão recuperados; e, conta
com perto de 235000 mortos. Uma crise que concentra 77% dos casos na Europa e na
América do Norte (em conjunto, apenas com 15% da população global), para além da
China e do Irão onde a parcela de recuperados é superior a 75% do total. A crise ainda
poderá vir a alastrar pelo resto do globo, numa escala que se desconhece, dependente
dos meios existentes ou disponibilizados, a zonas mais pobres do planeta.
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Houve vários surtos epidémicos de caráter localizado, em África, na Ásia Meridional ou
no Sudeste Asiático, desde o princípio do século e que, pouco preocuparam os
europeus ou os norte-americanos - (H1N1, a gripe A) em 2009, a MERS-CoV em 2012
(Middle Eastern Respiratory Syndrom Coronavirus), a Gripe Aviária (H7N9), o Ébola
(EVD) em 2014 ou, o vírus Zika em 2015. A gripe A e a atual coronavírus são as únicas
que a OMS decretou como pandemias, inferindo que todas as outras tiveram âmbitos
geográficos (Ébola) ou sociais (HIV), restritos.
Esta sucessão evoca vários aspetos da atual subserviência dos meios sanitários e
políticos nacionais face às projeções efetuadas e aos interesses que as inspiram. Sabe-
se que a Fundação Melinda e Bill Gates tem uma posição de grande destaque como
financiadora da OMS e que se virá a reforçar o seu papel depois de Trump ter
suspendido a contribuição para a organização; dito de outro modo, a OMS estará mais
sensível aos interesses e idiossincrasias messiânicas de Gates do que a abordagens
sobre a saúde dos humanos em geral. Ora, uma ideia há muito prosseguida pelo casal
Gates é a de uma redução da população mundial; uma continuidade da agenda de
Malthus. E para isso, preocupa-se muito com a vacinação nos países mais pobres do
dito Sul (África e Índia, sobretudo) para conter o crescimento populacional, ignorando
que em 1999, por exemplo, uma projeção da Unesco apontava para a possibilidade de
alimentação de 12000 M de pessoas com os conhecimentos da época. É evidente que
as desigualdades sociais e económicas, o consumo desbragado, a destruição do
ambiente e dos solos, os efeitos das guerras promovidas pelo chamado Ocidente, etc
impedem uma vida longa e saudável para grande parte da Humanidade. Gates escusa
de se preocupar tanto com a natalidade e de se focar na sua redução. Não há um
problema de excessiva natalidade no planeta; há apenas na cabeça das elites
genocidas.
Em 2017, o Pentágono terá avisado Trump de que poderia surgir uma nova crise
sanitária na sequência de gripes anteriores; e, apontado para a criação de reservas de
ventiladores, máscaras e camas, sem qualquer eco… naturalmente, dado o perfil do
destinatário.
Mais recentemente, entre janeiro e fevereiro, Trump terá sido alertado para o perigo de
pandemia 12 vezes até… que aconselhou, com a sua imensa criatividade, a toma de
desinfetantes domésticos. Mas Trump não está sozinho na leviandade e na
incapacidade! O seu amigo Boris Johnson, na mesma época, faltou a cinco reuniões de
emergência, sobre o covid-19, convocadas pelo seu próprio gabinete. Os deuses
acharam que era demais e inocularam-lhe um coronavírus… Estes factos - como em
muitos outros casos, nos EUA e fora dali - levantam, a questão da ausência de
democracia nos regimes políticos em geral, mesmo naqueles onde ninguém é preso
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por questões de opinião. Entre duas eleições, os ungidos usufruem de um poder
próximo de ditatorial, raramente sendo, de imediato, sancionados.
Então e eu? Fico de fora? -
O perfil infra-humano de Trump revela-se em toda a sua brutalidade quando propôs a
uma empresa de Tubinguen - a CureVac – a compra de uma vacina para o coronavírus
para aplicação exclusiva nos EUA, por $ 1 bilião. A proposta foi recusada liminarmente
pelo governo alemão. Mas demonstra os valores, a qualidade do indivíduo e, o que é
mais importante”, a qualidade do regime dos EUA, dito “democrático”.
Esse mesmo regime avançou com $ 2500 biliões para o sistema financeiro e grandes
empresas, deixando $ 500 biliões para apoios sociais e ao desemprego, quando o
coronavírus já assolava Nova York. Aí se vê a facilidade - intercalada por períodos de
instabilidade - com que o sistema financeiro se tornou o grande determinante da
economia mundial, colocando todas as outras atividades a funcionar para alicerçar a
especulação financeira. A economia global vive suspensa da instabilidade dos ditos
mercados financeiros; e estes, por sua vez, replicam, ampliando, as desventuras da
economia relacionada com a produção de bens e serviços, monitorando, na sombra, os
governos nacionais, num plano adequado ao gabarito de cada estado-nação. E isso, é
transparente no plano de apoios acima referido, rapidamente decidido e, em todo o
detalhe, entre o Senado e o governo dos EUA; a despeito da animosidade entre Nancy
Pelosi e Trump. Os Estados são encarregados de assumirem a dívida necessária para
manter o sistema financeiro em constante e acrescida acumulação; a intervirem em
empresas sempre que o sistema disso necessite (em breve, eventualmente, na TAP
onde os valentes empresários não têm dinheiro ou conhecimentos); ou, a colocar
populações presas em casa a arcar com os efeitos sanitários das disfunções do
capitalismo.
O acima referido Neil Ferguson é o responsável por um modelo de previsão com um
vasto espólio de convenientes dislates; mas que continua a exercer um papel de
autoridade nesta área, porque inscrito na rede de instituições ligadas à saúde, pagas
pelo casal Gates.
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No princípio do ano corrente procedeu a estimativas para os casos de covid-19 no
pressuposto de que na China teria havido subestimação do número de infetados.
Assim, na Grã-Bretanha, inicialmente tinha sido pensado, para fazer face ao covid-19,
um modelo baseado no isolamento dos infetados, com a sociedade e a economia a
funcionarem normalmente, como adoptado na Suécia. Porém, quando Ferguson
apresentou uma previsão de 500000 mortos, o governo inglês (com um… Boris à
testa…), aterrado, emitiu logo uma quarentena geral, como aliás foi feito na paróquia
lusa e no resto da Europa. Em Portugal, teve-se também em mira a situação em
Espanha... colando-lhe os aproveitamentos economicistas acima referidos. Ferguson
juntou a esta última grave falha, outra, em 2002, quando apontou para 50000/150000
as vítimas inglesas da doença das vacas loucas que nunca passaram das… 178; para a
N1H1 que em 2009/10 abateu 18449 pessoas num total de 651000 casos, ele teria
calculado 55000. E há mais…
Ainda recentemente, Anthony Fauci diretor do National Institute of Allergy and
Infectious Diseases (NIAID) dos EUA, ao receber a previsão (Ferguson made) de uma
infeção que atingiria 80% da população do país (cerca de 260 M de pessoas…) e 2.2
M de mortos pela covid-19, confrontou Trump com esse número e aquele logo
avançou com as …drásticas medidas tradicionais… confinamento, punições, controlos
policiais, paragem da atividade económica, com despedimentos massivos…
Ferguson será assim tão burro para nunca se preocupar com o seu modelo de
previsão? Claro que não. O Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) tem
sede em Seattle, a terra de Bill Gates, que o criou e vem financiando, tal como acontece
com a OMS, através da sua Fundação, que também financia o Imperial College London,
onde brilha o… Ferguson.
O papel de Bill Gates e da sua fundação é o de avaliar estratégias médico-sanitárias
para o decrescimento da população mundial e estudar instrumentos para a controlar e
monitorizar, mormente aliciando as populações mais pobres do planeta, em África ou
na Índia, por exemplo. Nessa sua cruzada que constitui, hoje, a sua principal atividade,
gasta os recursos da sua fabulosa fortuna, bem como dos rendimentos do software que
utilizamos quase todos, sem prejuízo dos investimentos em algo tão controverso como
a Monsanto, conhecida pela utilização massiva de OGM – organismos geneticamente
modificados.
Quando chegará o momento em que a ideologia de decrescimento da população
passará por vacinações obrigatórias sob orientação de instituições privadas financiadas
por multimilionários que pagam as despesas, com o agradecimento de Estados
deficitários, falidos e das oligarquias corruptas que os gerem? E, como também gerem
e manipulam os mercados eleitorais, as populações transformam-se em máquinas de
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sustentação do capitalismo, sem vontade própria, submetidas a um ciclo de vida com o
momento do nascimento definido, a inoculação obrigatória de vacinas, a comida
essencialmente processada e inflada de matéria transgénica, gorduras e açúcares; o
ensino meramente utilitário com vocações definidas por programas e questionários
com caráter obrigatório e em que as pessoas se reduzem à expressão de capital
humano, na continuidade do que vem sendo apontado e definido na estratégia do
Banco Mundial, há décadas. E, dentro da mesma lógica de terror, quando serão os
Estados, mandatados por maníacos, que decidirão o momento da morte dos indivíduos
que, depois de medida a sua utilidade através de métricas rígidas, depois de avaliados
os custos e os proveitos da sua existência, serão abatidos pelos Estados logo que os
custos superem os proveitos? Os lares de idosos e as pensões miseráveis são apenas
aproximações, ainda distantes de novos Auschwitz.
Colocamos em seguida – e para finalizar - as opiniões de especialistas sobre o
comportamento das gripes, sempre muito centrado nas variações climáticas durante o
ano, bem como na experiência de anos de cálculos, cujo conjunto obedece,
naturalmente, à chamada lei dos grandes números. Segundo esta, quanto maior é o
volume de dados sucessivamente recolhidos maior é a sua previsibilidade, daí se
podendo efetuar, por exemplo, o cálculo da probabilidade de acontecerem valores
mais afastados da média. E que, o surgimento de dados muito afastados da média,
num dado momento não garante que não se possa repetir no momento seguinte;
embora a probabilidade dessa dupla ocorrência seja constituída pela multiplicação das
probabilidades das duas ocorrências.
Como é evidente, os cálculos efetuados pelos membros das classes políticas têm pouco
de científico, resultando de um misto de avaliação da oportunidade de uma dada
medida, dos proventos corruptos em jogo e, com o grau de aceitação dos
contemplados com os efeitos dessa medida – os povos.
Knut Wittkowski
https://www.youtube.com/watch?v=k0Q4naYOYDw (1)
https://www.youtube.com/watch?time_continue=88&v=lGC5sGdz4kg&feature=emb_logo (2)
Johan Giesicke
https://unherd.com/thepost/coming-up-epidemiologist-prof-johan-giesecke-shares-lessons-from-sweden/
André Dias
https://eco.sapo.pt/opiniao/um-seculo-de-epidemiologia-diz-nos-outra-coisa/
https://www.youtube.com/watch?v=BDQJw5FqgY4
13. grazia.tanta@gmail.com 3/05/2020 13
entrevistas a Neil Ferguson
https://unherd.com/thepost/imperials-prof-neil-ferguson-responds-to-the-swedish-critique/
https://cointimes.com.br/neil-ferguson-explica-projecao-de-estudo-sobre-coronavirus/
Este e outros textos em:
http://grazia-tanta.blogspot.com/
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
https://pt.scribd.com/uploads