Este documento discute três tópicos principais:
1) A reunião de Marcelo Rebelo de Sousa com banqueiros portugueses para discutir apoio à economia durante a pandemia.
2) As propostas do governo e da oposição para linhas de crédito para empresas e a garantia do estado nesses empréstimos.
3) A dívida de longo prazo das empresas à Segurança Social portuguesa, que tem aumentado nos últimos anos.
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A inspiração de Marcelo depois de ver os tomates em Vila Franca
Depois de duas semanas de clausura, a preparar a sua pré-candidatura, Marcelo
regressa ao seu habitual mediatismo. E, desta vez, é a sério; sem o folclore de
selfies, beijinhos ou abraços mas, com Costa, nas suas costas, a aplaudir.
Marcelo, o dito supremo magistrado da nação, lidera o processo do estado de
emergência, ofertando a Costa todas as medidas de caráter restritivo nas
relações laborais, promulgadas em nome do vírus.
Como todos sabem que o sagrado PIB irá cair, à sombra dos efeitos do Covid
19, é fácil tornar o vírus num bom aliado para a destruição de PME e obter uma
maior concentração de capital; esta, surge assim, caída dos céus, como uma
inevitabilidade, sabendo-se que o Covid 19 não irá reclamar pela autoria dos
danos que vem provocando. O desemprego vai aumentar? Paciência, é o
funcionamento do “mercado de trabalho”, um nebuloso chavão que permite
todas as interpretações; e a causa é o vírus, claro.
Costa aproveita porque se está nas tintas para a eleição presidencial, garantida
que tem a mansidão da oposição ao governo, por tática (PSD) ou, porque nada
têm a dizer ou a fazer, quanto ao resto dos animadores de S. Bento. E, portanto,
está de pedra e cal no governo até 2023, deixando a chamada oposição
par(a)lamentar num papel de… embrulho, o que acontece desde 2015 ou,
mesmo antes. O estado pós-fascista em todo o seu esplendor!
Costa assistirá ao antigo leitor de contracapas fazer a sua pré-campanha
eleitoral e apresentar-se como o cobrador dos favores que o regime tem feito
ao sistema financeiro; aliás, sublinhado por Marcelo aos banqueiros, com frases
tão claras quanto oportunas, tais como:
“A banca deve ao país, por causa das circunstâncias que todos conhecemos”
- e que todos sabemos desde a nacionalização do BPN, ao empréstimo da
troika, à estreia mundial do Fundo de Resolução ditada por Draghi a um
gaguejante Costa (o Carlos), o descalabro do chamado BES, com o abutre
Lone Star… Marcelo fez bem em lembrar pois, toda a gente já se havia
esquecido!
“Cada português contribuiu para viabilizar bancos”, € 2300, per capita, mais
precisamente;
“É uma ocasião de retribuir aos portugueses”. Ninguém vai receber os € 2300,
nem empréstimos a taxas de 1% mas… bastante acima disso;
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"Linhas de crédito e [as] faça[m] chegar às empresas, que agilize, facilite,
porque os processos bancários às vezes são demorados e difíceis". Claro que
aqui os banqueiros terão concordado com S. Exa
. (como em quase tudo)
porque cada concessão de crédito, naturalmente, não deixará de ter em
conta a viabilidade do negócio e as garantias oferecidas pelo candidato a
devedor; é uma questão técnica, referida só para encher a inutilidade do
encontro;
“Como (a banca) vê as medidas tomadas pelo governo” … claro que vê, pois
governo algum toma medidas que toquem os interesses da banca, sem
previamente ter o seu aval. Que o diga Sócrates, quando os bancos, em
6/4/2011, sob a sábia liderança do Costa (Carlos) decidiram convocar novas
eleições e mandar Sócrates estudar para Paris com uma nutrida bolsa
concedida pelo amigo Santos Silva;
"Saio desta reunião com a sensação de que a banca portuguesa está a
acompanhar de forma atenta a situação do nosso país,…”. Fabuloso! Ficamos
sabendo que os bancos, tal como os vendedores de gelados, estão sempre a
ver novas oportunidades de negócio! O que se aprende com este PR! Mais
do que com o anterior que era um grunho, que cuspia mais do que falava.
Mas para não se pensar que o PR diz vulgaridades, vamos referir a espantosa
proposta de Rui Rio, cujo conteúdo faz pensar é um rematado disparate e uma
forma clara de defraudar o dinheiro público. Vejamos, Rio pretende uma linha
de crédito às empresas, não de € 3000 M propostos pelo governo mas de €
10000 M… com 90% GARANTIDOS PELO ESTADO!!! E, ao que sabemos, a
fabulosa CIP pretende 30 a 35000 M, o que nos levou a mandar uma mensagem
ao primeiro-ministro a solicitar uns 40000 M para gozarmos umas merecidas
férias quando terminar a quarentena. No aproveitar é que está o ganho…
Em termos mais realistas, o erário público distribui pelos fabulosos empresários
à portuguesa € 10000 M e eles podem gastar sem grandes responsabilidades
porque quem acarreta com os desvarios, os desvios e os azares é o… Estado!!!
Dito de modo mais claro, de quem paga impostos!
Onde está o risco empresarial?
Na realidade, o proposto insere-se numa linha de atuação muito antiga que
consiste no não cumprimento de deveres por parte das empresas e, de
empresários, mais vocacionados para a rapina, para a compra de altas
cilindradas do que para o investimento ou para um ganho de dimensão. Para o
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efeito, o aparelho de Estado é desconexo, minado pela corrupção e que surge
como a salvação de empresários há muitas décadas habituados a essa prática. E
Rui Rio parece inserido nessa mesma lógica, por compadrio ou ignorância.
O caso mais gravoso e dos mais antigos é o que se passa na Segurança Social,
há muitas dezenas de anos, com o silêncio comprometido de governos e
oposições. A dívida de médio/longo prazo – na sua esmagadora maioria devida
por empresas, com prejuízo para quem recebe pensões de merda - para com a
instituição, em milhões de euros é:
2012 2013 2014 2015 2016 2017
6791,7 7388,4 7932,9 8463,0 8944,6 9118,6
Que ninguém estranhe que ainda não se conheça a Conta da Segurança Social
para 2018; é normal haver mais de dois anos de atraso. Aliás, há uma cultura,
soprada benevolentemente pelos governos e assumida pelos funcionários de
que “temos de os (empresários) ajudar pois são eles que financiam a Segurança
Social”, numa lógica mesclada de espírito caritativo e de imbecilidade.
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