SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 65
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
INSTITUTO UNIVERSIDADE VIRTUAL – UFC VIRTUAL
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS
SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA
APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE
SOBRAL
2016
FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS
SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA
APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE
Monografia apresentada a Especialização
em Educação a Distância do
Departamento de Ciências Humanas da
Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para a obtenção do Título
de Especialista em Educação a Distância.
Orientador: Prof. Dr. Gilvandenys Leite
Sales.
Co-orientadora: Prof. MSc Alexandra Joca
Gonçalves
SOBRAL
2016
FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS
SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA
APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE
Monografia apresentada a Especialização
em Educação a Distância junto ao
Instituto Universidade Virtual - UFC
Virtual, da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para a
obtenção do Título de Especialista em
Educação a Distância.
Aprovada em 17 de novembro de 2016, pela banca examinadora constituída pelos
professores:
Prof. Dr. Gilvandenys Leite Sales (Orientador)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
Prof. MSc Alexandra Joca Gonçalves (Co-orientadora)
Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC)
Prof. MSc Eliana Alves Moreira Leite (SME)
Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza
A Jesus Cristo, por sua Divina
Misericórdia em minha vida.
A meus pais, Vicente (in memorian) e
Dolores, por acreditar em minhas
potencialidades.
AGRADECIMENTOS
Ao meu querido esposo Edmilson Farias, pelo incentivo e
companheirismo, aos meus filhos Gabriel e Enya, pelo amor gratuito.
À minha amiga Cilene Maria Freitas, pelos incentivos sempre e
contribuições em todos os meus trabalhos acadêmicos.
À todos os professores do Curso de Especialização em Educação a
Distância, em especial aos queridos Adriano Silveira Machado e Eliana Alves
Moreira Leite pelos conhecimentos proporcionados.
À coordenação do Curso de Especialização em Educação a Distância, em
nome do prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos e do prof. Nelson Vasconcelos.
À também querida profª Maria José Araújo Souza, pela disponibilidade e
conversas quando esta pesquisa ainda estava tão obscura em minha mente.
Aos meus queridos e companheiros de muitos trabalhos em colaboração
Alex Martins, Geórgia Clara, Neuton Júnior e Alemilda Aragão, pela troca de
saberes.
À Alexandra Joca, por sua gentileza e disponibilidade a cada solicitação e
à Siany Góes, por sua colaboração em dados da pesquisa.
Ao meu querido orientador, prof. Denys Sales, por seus incentivos e tão
sábias contribuições à minha pesquisa.
―Se protegêssemos os cânions contra as
tormentas, jamais veríamos a beleza de
seus entalhes.‖ (Elizabeth Klüber-Rossi)
RESUMO
Diante dos recursos atuais incrementados pelas tecnologias digitais, não se pode
mais conceber que em processos ensino-aprendizagem, estes não se façam
presentes, entretanto, faz-se necessário adequar metodologias às suas aplicações.
Nesta pesquisa propõe-se uma análise das Metodologias Ativas Sala de Aula
Invertida (Flipped Classroom) e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio,
que visam colaborar para o estudante perceber-se responsável pela construção do
próprio conhecimento, promovendo sua autonomia e mobilizando suas habilidades
cognitivas para transformá-las em conhecimentos conectados com a realidade em
que está inserido. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar o uso da Sala de Aula
Invertida como metodologia pedagógica na Educação a Distância - EaD,
exclusivamente no Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA Moodle, e foi realizado
junto à 1ª turma da Especialização em Educação a Distância da Universidade
Federal do Ceará - UFC. Os dados foram coletados por meio da disciplina Avaliação
Educacional em Educação a Distância no AVA Help Class Online, com maior
relevância às informações do fórum de discussão da Aula 3 - Concepções Atuais de
Avaliação, e da observação e participação da autora, como aluna da referida
disciplina. Os resultados possibilitaram reconhecer os referenciais teóricos da Sala
de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, bem
como os pilares/princípios que as sustentam (Ambiente Flexível, Cultura de
Aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado), e se os
mesmos foram empregados no planejamento e estruturação do fórum de discussão
abordado nesta pesquisa. Destacaram-se, ainda, as potencialidades e dificuldades
no uso destas Metodologias Ativas no processo ensino-aprendizagem na EaD. Por
meio deste estudo, pode-se verificar que o fórum de discussão analisado não
utilizou, em seu planejamento e estruturação, a Metodologia Ativa Sala de Aula
Invertida nem o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, pois não seguiu
os referenciais teóricos, nem os pilares pedagógicos, sugeridos por seus
idealizadores, mas sim, outros referenciais que não os expostos nesta pesquisa.
Palavras-chaves: Metodologia Ativa; Educação a Distância; Sala de Aula Invertida.
ABSTRACT
Faced with all the current resources applied by the digital Technologies, It is not
acceptable anymore that in learning-teaching process, these resources are not used,
however, it is necessary to make some methodological adjustments when it is
applied. In this research it is proposed the analysis of Flipped Classroom
methodologies and Inverted method of learning, which it aims to encourage students
to notice that they are responsible for their own learning, providing their autonomy
and putting into practice their cognitive abilities in order to turn into connected
knowledge with the reality they are in. The research had as a goal to evaluate the
use of Flipped classroom as a pedagogical methodology in the Distance Learning
(EAD), mainly in the Virtual Interface of learning – AVA Moodle, and it was developed
with the first Specialization (course) group in Distance Learning from the Federal
University of Ceará (UFC). The information were taken through the Educational
Evaluation in Distance learning subject in the AVA Help Class Online, giving more
relevance to the information regarded to the discussion forum from class 3 – Current
conception of Evaluation, in addition involvement and observation of the subject
author. The results enabled to know the theories regarded to Flipped classroom and
its methods, as well as its principles (Flexible interface, learning culture, intentional
content or directed and qualified educator), and if the same were applied in the forum
planning developed in this subject. It is still highlighted the capabilities and difficulties
in the use of these methodologies in learning-teaching process in Distance learning
(EAD). It is possible to check out that in the forum discussion analyzed were not used
the Flipped classroom methodology neither the inverted method of learning, since the
theories were not followed, neither the pedagogical bases, which were suggested by
their creators, but rather, another references that are not exposed in this research.
Keywords: Active Methodology; Distance Learning; Flipped Classroom
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Taxonomia de Bloom ................................................................................27
Figura 2 - Taxonomia de Bloom baseada no Modelo Invertido de Aprendizagem para
o Domínio.................................................................................................29
Figura 3: Objetivos de Aprendizagem para a Unidade Didática Teoria Atômica
utilizando a Taxonomia de Bloom.............................................................30
Figura 4 - Apresentação da disciplina no AVA Help Class Online.............................41
Figura 5 - Apresentação da Aula 3 no AVA Help Class Online .................................42
Figura 6 - Mensagem enviada por Tutor 1 ................................................................44
Figura 7 - Mensagem enviada por Tutor 2 ................................................................44
Figura 8 - Estudantes inscritos na disciplina .............................................................45
Figura 9 - Divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum de discussão....46
Figura 10: Perguntas norteadoras do Fórum nos Pequenos Grupos........................47
Figura 11: Perguntas norteadoras do Fórum Geral - Todos os participantes............47
Figura 12 - Comentário do Aluno 1 do Grupo 11.......................................................50
Figura 13 - Comentário do Aluno 2 do Grupo 9.........................................................50
Figura 14 - Comentário do Aluno 3 do Grupo Fórum Geral ......................................50
Figura 15: Verbo de ação utilizado nas perguntas norteadoras nos Pequenos Grupos
........................................................................................................................56
Figura 16 - Verbo de ação utilizado no questionamento para o Fórum Geral - Todos
os participantes...............................................................................................57
Quadro 1 - Número de estudantes por grupo............................................................45
Gráfico 1 – Número de participações do Tutor 2 nas discussões com os grupos.....54
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10
2 AS METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO...................................................16
3 A METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM)
............................................................................................................................20
3.1 Surgimento da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)................................20
3.2 Caracterização da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) ..........................22
3.3 A mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio .............24
3.4 Aporte Teórico para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio........26
3.5 Pilares/Princípios Pedagógicos das Metodologias..............................................30
4 A SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) NA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA .............................................................................................................34
4.1 O Fórum de Discussão na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de
Aprendizagem para o Domínio..................................................................................36
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................40
5.1 Caracterização da Pesquisa................................................................................40
5.2 A proposta da Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da Aula 3 .............43
6 ANÁLISE E DISCUSSÕES ....................................................................................49
6.1 Análise do Fórum quanto aos Pilares/Princípios da Sala de Aula Invertida e do
Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio .................................................49
6.1.1 Análise quanto a Flexibilidade do Ambiente.....................................................49
6.1.2 Análise quanto a Cultura de Aprendizagem .....................................................51
6.1.3 Análise quanto ao Conteúdo Intencional ou Dirigido........................................52
6.1.4 Análise quanto ao Educador Qualificado..........................................................53
6.2 Análise do Fórum quanto aos referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom.....55
6.3 Identificação das potencialidades e dificuldades no uso da Sala de Aula Invertida
e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio .........................................58
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................60
REFERÊNCIAS .......................................................................................................62
10
1 INTRODUÇÃO
No mundo contemporâneo, o imediatismo, a globalização, a necessidade
de constante atualização, a enxurrada de informações, as modificações nos campos
social, político, cultural e econômico e a comunicação vêm provocando mudanças
nas relações entre os seres humanos e destes com o meio em que vive. Essas
relações são cada vez mais incrementadas e influenciadas pelo uso das Tecnologias
Digitais da Informação e Comunicação - TDIC, enfatizando a internet e suas redes
sociais.
Essas transformações no mundo globalizado acabam por exigir o perfil de
um profissional mais competente, mais informado e mais dinâmico, que possa
competir nesta sociedade. A internet vem possibilitando a inserção das tecnologias
na educação, interferindo no modo de aprender e ampliando o espaço da sala de
aula. Por meio dela podemos aprender em qualquer lugar, de variadas formas e com
a colaboração de diferentes pessoas.
Impulsionada pela internet, a Educação a Distância - EaD vem, cada vez
mais, conquistando espaço no cenário educativo. Modalidade esta que rompe com
os limites físicos e temporais do aprendizado e possibilita ao indivíduo buscar uma
qualificação profissional e/ou acadêmica, proporcionando inovações ao processo
educacional.
Através do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, a EaD no
Brasil é definida no:
Art. 1º. Para os fins deste Decreto, caracteriza--se a Educação a Distância
como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
(BRASIL, 2005)
A EaD, utilizando-se da internet e das TDIC, vem permitindo cada vez
mais transformar a educação, possibilitando ser realizada totalmente a distância ou
de forma híbrida - blended learning ou b-learning, ou seja, mescla momentos em
espaços presenciais e virtuais, utilizando-se, por vezes, de Ambientes Virtuais de
Aprendizagem - AVA. Essa forma de EaD, também intitulada b-learning ou
11
aprendizagem híbrida, combina métodos de ensino-aprendizagem presencial e a
distância, caracterizando, assim, o ensino híbrido por:
(...) um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo
menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de
controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e
pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua
residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p.7).
No contexto atual, onde se vive e convive numa sociedade altamente
conectada, o modo como os indivíduos aprendem também vem se modificando. A
aquisição de conhecimentos não acontece de forma linear e formal, mas com a
interação e colaboração em rede.
O mesmo acontece com o ensinar, onde os espaços de aprendizagem
estão permeados por tecnologias. Cada vez mais o b-learning vem se fazendo
presente no cotidiano. Diante disso, faz-se necessário dinamizar o processo
educacional integrando novos modelos pedagógicos que estejam ancorados nos
quatros pilares da educação do século XXI que, segundo Delors (2012), são:
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a
ser.
Mediante as competências e habilidades desenvolvidas no âmbito
educacional o estudante tem a possibilidade de construir seu conhecimento, como
também realizar mudanças comportamentais e atitudinais para a vida em
comunidade.
Dentre as possibilidades de tornar o processo de ensino-aprendizagem
mais próximo da realidade e que atenda as competências necessárias ao novo perfil
do estudante, faz-se necessário e urgente reelaborar novas práticas, por meio de
metodologias que instiguem à um sujeito mais proativo, mais autônomo, crítico e
reflexivo sobre os desafios impostos pela sociedade contemporânea, de onde se
identifica a necessidade da implantação de metodologias ativas.
Para tanto, a inserção de metodologias ativas aproximam a formação do
indivíduo com sua realidade de vida, transformando as informações adquiridas ao
longo do processo formativo em conhecimentos significativos, que colaboram para o
desenvolvimento de uma consciência crítica, articulando teoria e prática. Logo, as
12
metodologias ativas possibilitam ao estudante entrar em contato com problemas e
desafios cotidianos da realidade, em que o aluno é o protagonista central,
responsável pelo seu caminhar na busca do conhecimento. Já o professor,
manifesta-se como um facilitador das experiências referentes ao processo de
ensino-aprendizagem.
De acordo com Lopes (2015, p. 352),
O conceito de metodologia ativa está fundamentado nas ideias de John
Dewey, desde a década de 1930, sobre aluno ativo e construção do
conhecimento em situações que superem a tradicional aula expositiva, em
que a finalidade é reprodução e memorização do conteúdo de ensino. O
professor deixa de ser o centro do processo, o detentor do conhecimento, e
passa a ser aquele que facilita a aprendizagem. O foco passa a ser o aluno,
suas necessidades e interesses. A discussão sobre ―como se ensina‖ faz
sentido apenas quando inserida em outra, mais ampla, sobre ―como se
aprende‖.
Utilizar-se de metodologias ativas no contexto da EaD, em especial em
AVA, é fazer uso das ferramentas disponíveis com a finalidade de buscar um
aprendizado mais autônomo e inovador, onde a aprendizagem significativa é o ponto
de partida de todo o planejamento do processo de ensino-aprendizagem.
Os AVA proporcionam a interação e a colaboração dos indivíduos na
construção do conhecimento, formando uma rede de saberes. Para Santos (2005),
―um AVA é um espaço que proporciona a significação onde indivíduos e objetos
técnicos se relacionam, possibilitando a construção do conhecimento, e,
consequentemente, a aprendizagem‖.
Para Almeida (2003, p.331), os Ambientes Virtuais de Aprendizagem
(AVA) são:
(...) sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte
de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação.
Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar
informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas
e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista
atingir determinados objetivos.
O AVA oferece suporte ao processo ensino-aprendizagem como
plataforma que integra ferramentas tecnológicas (síncronas e assíncronas) que
viabilizam o aprendizado. Como ferramentas síncronas, pode-se destacar o chat e a
13
videoconferência, e como ferramentas assíncronas tem-se a tarefa, o wiki, o correio,
o fórum de discussão, entre outras.
Dentre as diversas plataformas de educação a distância utilizadas em
instituições de ensino abordar-se-á o Moodle nesta pesquisa, que, segundo Costa
Neto (2013 apud Giraldo et al., 2013), é o AVA mais utilizado no Brasil e no mundo.
Citando Ribeiro e Mendonça (2007, p. 10),
O Moodle permite a adequação das necessidades das instituições e dos
usuários, isto acontece por ser um ambiente open source que ao ser
utilizado e modificado por várias pessoas do mundo recebe contribuições de
melhorias e novas ideias de funcionalidade, ajudando para o
aperfeiçoamento do sistema.
Na dinâmica diferenciada para construção do conhecimento a que se
propõem os AVA, a proposta de inserção da metodologia ativa Sala de Aula
Invertida ou Flipped Classroom, como metodologia pedagógica a ser utilizada em
fóruns de discussão, é abordada neste estudo.
De acordo com Santos (2005, p. 228), os fóruns de discussão
são interfaces de comunicação assíncrona, pois permitem o registro e a
partilha das narrativas e sentidos entre os sujeitos envolvidos. Emissão e
recepção se imbricam e se confundem permitindo que a mensagem
circulada seja comentada por todos os sujeitos do processo de
comunicação.
Por sua característica assíncrona e colaborativa, o estudante tem um
tempo de reflexão maior em suas postagens e possibilita a realização de pesquisas
que venham a contribuir com a construção e reconstrução do seu conhecimento.
A inserção da Sala de Aula Invertida na EaD possibilita utilizar-se dos
benefícios de uma metodologia já empregada no ensino presencial, como despertar
a curiosidade e pró-atividade do estudante, sua autonomia e aprendizagem
contínua.
Neste estudo, propõe-se analisar a utilização da Metodologia Ativa Sala
de Aula Invertida, ou Flipped Classroom, em um fórum de discussão do AVA
Moodle. Delimitou-se a pesquisa a partir da percepção dos alunos e professores da
Disciplina de Avaliação Educacional em Educação a Distância, do Curso de
Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará - UFC.
14
Considerando a contemporaneidade do uso dos AVA como suporte a EaD
e a inquietação em conhecer quais princípios e referenciais teóricos a Metodologia
Ativa Sala de Aula Invertida deve apresentar, visando potencializar o processo de
ensino-aprendizagem em fórum de discussão, justifica a realização do estudo.
Reconhecendo a importância da Sala de Aula Invertida para a construção
da autonomia do estudante, entende-se que a utilização adequada de seus
princípios potencializará o processo ensino-aprendizagem na EaD, de modo a
conceber condições favoráveis para que o estudante assuma o papel de
protagonista na busca do seu conhecimento.
Nesse contexto, o presente estudo busca responder aos seguintes
questionamentos: Por que inserir as Metodologias Ativas na Educação? Como
funciona a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom na EaD?
Quais os pilares dessa metodologia e os referenciais teóricos? Esses pilares e
referenciais teóricos foram seguidos na construção do fórum de discussão utilizando
a Sala de Aula Invertida?
Deste modo, a pesquisa apresenta como objetivo geral: Avaliar o uso da
Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom como metodologia pedagógica na EaD,
em especial, no fórum de discussão do AVA Moodle.
Como caminhos para se atingir tal meta, traçam-se os seguintes objetivos
específicos:
● Identificar como a metodologia funciona na EaD;
● Identificar os pilares e os referenciais teóricos da Sala de Aula Invertida;
● Descrever sua utilização em fórum de discussão no AVA Moodle;
● Descrever sua utilização no fórum de discussão da referida disciplina;
● Identificar potencialidades e dificultadores no uso da Sala de Aula Invertida
na EaD.
O envolvimento com a temática se deu na utilização das metodologias
ativas na docência de cursos técnicos, em experiências passadas de ensino e a
curiosidade de sua incorporação em cursos na modalidade EaD. Além disso, faz
parte do cotidiano de trabalho com a EaD, no que concerne em colaborar com o
planejamento e tutoria de cursos a distância e administrar o AVA Moodle da escola
em que se exerce funções de docente e administração do ambiente.
15
Este trabalho está organizado em seis capítulos que serão,
resumidamente, apresentados a seguir:
No primeiro capítulo, delineia-se sobre a Metodologia Ativa, seu
surgimento e alguns autores que a defendem. Elencam-se, ainda, algumas
metodologias ativas empregadas na educação e em outras áreas, como a saúde.
No segundo capítulo, aborda-se sobre a Metodologia Ativa Sala de Aula
Invertida ou Flipped Classroom, expondo sobre seu surgimento e caracterização.
Aborda também sobre os pilares/princípios que sustentam a metodologia e o aporte
teórico utilizado para sua criação e sua transformação para o Modelo Invertido de
Aprendizagem para o Domínio.
A apresentação da utilização da Sala de Aula Invertida ou Flipped
Classroom na EaD faz-se no terceiro capítulo, bem como sua inserção no fórum de
discussão do AVA Moodle.
Visualizam-se os procedimentos metodológicos da pesquisa no quarto
capítulo, o qual mostrará a aplicação da metodologia Sala de Aula Invertida ou
Flipped Classroom em um dos fórum de discussão utilizado na disciplina Avaliação
Educacional em Educação a Distância, do Curso de Especialização em Educação a
Distância da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Discutem-se os resultados no capítulo quinto, o qual fará análises do uso
do referencial teórico abordado pelos seus idealizadores e a utilização de seus
pilares/princípios na implantação da metodologia pelo docente.
Por fim, no sexto capítulo, traz-se as considerações finais do trabalho e as
possibilidades de investigações posteriores.
16
2 AS METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO
A educação contemporânea vem apontando que já não bastam somente
informações e conteúdos ministrados na escola para a formação do indivíduo de
forma integrada e efetiva para a vida em sociedade. Faz-se necessário o
desenvolvimento, no âmbito escolar, de habilidades e competências que englobem o
indivíduo como um todo, desenvolvendo sua capacidade cognitiva e o seu agir com
as informações recebidas ao longo do processo, transformando-as em
conhecimentos conectados com o mundo.
A formação do estudante visa a aplicação dos conhecimentos adquiridos
no ambiente educacional na resolução de situações em sua vida profissional e em
sociedade, onde as competências relacionadas ao profissional contemporâneo vem
se transformando rapidamente e os conhecimentos tornando-se defasados. Em
virtude disso, torna-se essencial a utilização de metodologias que proporcionem ao
estudante a busca de sua autonomia no aprender a aprender.
Visando reestruturar a educação com estratégias pedagógicas que
desenvolvam uma educação transformadora, que colaborem para a formação de um
sujeito autônomo, capaz de utilizar-se dos conhecimentos adquiridos para modificar
a sociedade em que está inserido, é que professores, que antes dominavam e
controlavam o conhecimento dentro do ambiente educacional, estão oportunizando
aos estudantes o papel de protagonistas do processo ensino-aprendizagem, por
meio de metodologias ativas.
Segundo Rosso e Taglieber (1992), ―as metodologias ativas são
processos que possibilitam fluir naturalmente o ímpeto e a energia, próprios do
desenvolvimento cognitivo e a vontade natural de aprender do estudante,
direcionando-o à aprendizagem‖.
De acordo com Berbel (2011), as bases para a utilização de metodologias
ativas surgem com a Escola Nova, proposta por John Dewey (1859-1952), filósofo,
psicólogo e pedagogo norte-americano. Segundo Dewey, o ideal pedagógico da
Escola Nova difunde que o estudante aprende pela ação, aprende fazendo, e
pregava métodos ativos de ensino e centrados no aluno.
17
Rosso e Taglieber (1992) trazem a contribuição de Piaget para as
metodologias ativas, na obra intitulada Psicologia e Pedagogia (1980), onde o
psicólogo e filósofo faz a análise de novos métodos de ensino e indica a
necessidade de métodos ativos nos processos educativos.
Experiências realizadas há mais de 30 anos, no Canadá (em MacMaster)
e na Holanda (em Maastricht), em Escolas Médicas para países da África, Ásia e
América Latina, são exemplos exitosos de utilização das metodologias ativas na
formação de profissionais da área da saúde, em especial a metodologia
Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning - PBL). No Brasil,
a experiência na formação de Auxiliares de Enfermagem em Minas Gerais e no Rio
de Janeiro já vem ocorrendo há duas décadas (BERBEL, 1998).
A proposta de inserção de metodologias ativas na educação é tornar o
processo educativo mais dinâmico, atraente para os alunos e possibilitar novas
formas de desenvolver o processo de aprender, em que o estudante é protagonista
no seu processo de formação, sendo confrontado com experiências reais ou
simuladas, que vão exigir do mesmo a mobilização de seu potencial cognitivo à
busca de soluções.
Segundo Mitre et al. (2008, p. 2137) ―o estudante precisa assumir um
papel cada vez mais ativo, descondicionando-se da atitude de mero receptor de
conteúdos, buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos
objetivos da aprendizagem‖.
Paulo Freire (2006) e Berbel (2011) são defensores do uso das
metodologias ativas. Ressaltam que, por meio destas, o estudante desenvolve sua
autonomia, isto é, passa de sujeito passivo e receptor, para um sujeito ativo que
aprende superando desafios, resolvendo problemas e construindo novos
conhecimentos a partir de experiências previamente adquiridas ao longo de sua vida
escolar ou social.
Segundo Clemente e Moreira (2014), o pedagogo e filósofo Paulo Freire
(1983) defende a utilização das metodologias ativas na educação de adultos quando
percebe que é a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção
do conhecimento, ancorados a partir dos conhecimentos prévios do sujeito, que
impulsionam sua aprendizagem.
18
Em aparte aos conceitos abordados por Freire e a educação presencial,
verifica-se a estreita relação dos mesmos com a EaD, a qual, frequentemente, é
adotada como modalidade de ensino-aprendizagem do público adulto, reportando-se
à andragogia (ciência que estuda a educação do adulto) para apoiar seus métodos
pedagógicos e o desenvolvimento da autonomia, tão necessário ao estudante da
EaD.
Esses conceitos reforçam a inserção de metodologias ativas na promoção
de um aluno autônomo e ativo na construção de seu aprendizado, como os inferidos
pelos benefícios ocasionados pela inserção de problemas que remetam à situações
reais, onde são considerados os conhecimentos prévios do estudante.
Visando proporcionar uma aprendizagem mais autônoma aos estudantes,
Berbel (2011) propõe algumas metodologias ativas que atendem a esse propósito:
● Estudo de caso – Ao estudante são propostos problemas para análise
que levem a tomada de decisões;
● Método de projetos – Modalidade que associa atividades de ensino,
pesquisa e extensão, aproximando o aluno da sua realidade cotidiana;
● Pesquisa científica – Encorajada junto a estudantes de ensino superior,
onde os mesmos são inseridos como colaboradores em projetos de
professores, estabelecendo uma parceria que possibilita um
conhecimento mais elaborado;
● Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning - PBL) –
Modalidade que possibilita ao aluno estudar diversas situações buscando
se capacitar na aquisição do conhecimento autônomo para a resolução de
situações problemas reais. É uma metodologia formativa, pois estimula
uma atitude ativa do estudante em busca do conhecimento e não
somente a absorção de informações.
● Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez – Possibilita
colocar em prática uma pedagogia problematizadora, em que o estudante
vai seguindo etapas (observação da realidade e definição de um
problema, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à
realidade) para alcançar a capacidade de se tornar um agente
transformador da sociedade. A problematização estimula o estudante a
19
fazer a relação prática-teoria-prática, considerando durante o processo
ensino-aprendizagem a realidade social.
As Metodologias Ativas citadas acima, dentre outras, a saber: gamificação
da sala de aula, Flipped Classroom e Peer Instruction- PI, objetivam aproximar o
discente de desafios e problemas que mobilizem seu poder cognitivo para o
enfrentamento de situações reais, formando-o para o pensamento crítico e reflexivo
e, consequentemente, um posicionamento ético em sociedade.
Na seção a seguir, delineia-se sobre o alcance da Metodologia Ativa objeto desta
pesquisa.
20
3 A METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED
CLASSROOM)
Nesta seção, aborda-se sobre a metodologia Sala de Aula Invertida ou
Flipped Classroom: surgimento, caracterização, a mudança para o Modelo Invertido
de Aprendizagem para o Domínio e seu aporte teórico e, por fim, os
pilares/princípios que a sustentam.
3.1 Surgimento da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)
Alguns autores trazem referências sobre as experiências iniciais com a
Sala de Aula Invertida. Fonseca et al. (2015) aborda, inicialmente, o princípio da
metodologia a partir da experiência de Walwoord e Johnson Anderson, que já em
1998, antecipadamente ao trabalho em sala, utiliza-se de ensaios e questionários
para a inserção do conteúdo em casa. Em sala de aula, o docente buscava uma
aprendizagem ativa dos estudantes, na análise e resolução de problemas.
Valente (2014) considera que a proposta inicial foi apresentada por Lage,
Platt e Treglia (2000) e designada de ―inverted classroom‖ e usada pela primeira vez
em 1996, numa disciplina de Microeconomia. Os resultados da experiência foram
publicados em 2000, entretanto a metodologia não foi disseminada. Um dos fatores
foi a dificuldade de preparação do material a ser utilizado pelo aluno quando se
encontrasse fora da sala de aula, atentando para os primórdios de desenvolvimento
e disseminação da tecnologia, na década de 90.
Trevelin et al. (2013), Cordeiro (2014), Schneider (2013) e Barbosa et al.
(2015) atribuem a proposta inicial da Sala de Aula Invertida à Jonathan Bergmann e
Aaron Sams, em 2008, com a nomenclatura Flipped Classroom.
Bergmann e Sams (2016), da escola de Química denominada Woodland
Park High School, no Colorado, Estados Unidos, começaram a utilizar outras
estratégias para recuperar aulas perdidas por alunos, os quais necessitavam
ausentar-se por um período de tempo maior. Os referidos professores começaram a
gravar aulas e disponibilizar para o acesso aos estudantes, que, dessa forma, não
seriam prejudicados e conseguiriam acompanhar o restante da turma. Após a
21
visualização dos vídeos, os estudantes teriam um momento presencial para
encontro junto aos professores com o objetivo de sanar possíveis dúvidas
(SCHNEIDER et al., 2013).
A experiência inicial teve tanto êxito que Bergmann e Sams decidiram
inverter a lógica de suas aulas e disponibilizar os vídeos para todos os seus alunos.
Assim, os discentes acessariam o conteúdo da aula exposto por meio de vídeos, em
qualquer lugar e a qualquer momento, e, posteriormente, encontrar-se-iam com os
professores para abordar o conteúdo da aula de forma mais aprofundada e
complexa, aplicando-o em situações reais do cotidiano (SCHNEIDER et al., 2013).
A inversão da sala de aula, propriamente dita, pela utilização de vídeos
on-line, surge de uma reflexão de Sams sobre em que momento os estudantes
necessitavam essencialmente da presença física do educador, que acontecia com o
surgimento de dúvidas e, não, para a exposição do conteúdo em si. A partir de
então, os referidos professores passaram a sugerir os vídeos aos alunos para serem
assistidos em casa, e o tempo em sala de aula era utilizado para atividades práticas
de laboratório e trabalhos com resolução de problemas de ciências. Dessa proposta,
nasceu a Sala de Aula Invertida (BERGMANN; SAMS, 2016).
Percebe-se que surgiram experiências anteriores a Bergmann e Sams. A
Khan Academy (www.khanacademy.org), hoje uma instituição que disponibiliza na
internet vídeo-aulas de diversos conteúdos educacionais (matemática, física,
química, entre outros) para jovens e adultos, também surgiu com a iniciativa de seu
idealizador Salman Khan, em 2004, com gravações de vídeos que colaborassem
nos conteúdos escolares de sua prima, pois permitiria sua visualização por várias
vezes, para dirimir dúvidas (TREVELIN et al., 2013).
Porém, a percepção de visualizar a Sala de Aula Invertida como uma
nova estratégia no processo ensino-aprendizagem foi mesmo dos professores
Bergmann e Sams, inclusive fundando uma organização sem fins lucrativos (sítio na
rede mundial) para disseminar a metodologia: a Flipped Learning Network, que dá
indicações para docentes na utilização da Sala de Aula Invertida.
22
3.2 Caracterização da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)
A ideia da Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom é, como a
nomenclatura sugere, justamente inverter a prática tradicional e expositiva da sala
de aula. Utilizam-se das TDIC para disponibilizar o conteúdo a ser estudado
anteriormente a explanação do professor, modificando a maneira do aluno aprender,
ou seja, invertendo-a.
A proposta colabora para a busca do conhecimento de maneira mais
autônoma e ativa, otimizando o tempo de encontro com o docente e seus pares, no
intuito de promover discussões mais complexas; como também realizar atividades
que remetam a situações reais, onde o estudante tem a possibilidade de colocar em
prática o conhecimento adquirido para a solução de problemas.
De acordo com a organização Flipped Learning Network,
A aprendizagem invertida é uma abordagem pedagógica em que a instrução
direta se move da dimensão da aprendizagem em grupo para a dimensão
da aprendizagem individual, transformando o espaço do grupo em um
ambiente de aprendizado dinâmico e interativo no qual o facilitador orienta
os alunos na aplicação de conceitos e envolvimento criativo com o conteúdo
do curso.
Grande parte dos artigos referenciados neste estudo utilizam a
nomenclatura Sala de Aula Invertida (SCHNEIDER et al., 2013) (BARBOSA et al.,
2015) (VALENTE, 2014). Cordeiro (2014) opta pelo uso da Flipped Classroom como
Aula Invertida, e, Fonseca et al. (2015) a intitula de Aprendizagem Invertida.
Qualquer que seja a terminologia utilizada para fazer referência a
metodologia, a mesma só acontece se o processo educativo for centrado no
estudante. O professor não mais desempenha o papel de transmissor de
informações, agora ampara os discentes na busca ativa da construção do
conhecimento.
Apesar dos idealizadores utilizarem-se de vídeos para inverter a sala de
aula, professores podem se utilizar de outras mídias que busquem atingir os
mesmos objetivos: do aluno se apropriar do conteúdo anteriormente ao momento
presencial da aula com o grupo e com o professor. Dessa forma, o tempo de sala de
aula que seria para expor o conteúdo, agora, é utilizado para realização de
23
atividades mais úteis e envolventes, visando centralizar a sala de aula na
aprendizagem e no aluno.
Por outro lado, a adoção da Sala de Aula Invertida possibilitaria, ainda,
aos estudantes ter mais tempo livre para criar seu próprio conteúdo - blogs,
produção de vídeos, criação de podcasts e outros produtos educacionais - e
demonstrar conhecimento adquirido sobre diversos tópicos, que revelem a aquisição
dos objetivos de aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016).
Devido ao aluno se apropriar, anteriormente, do conteúdo proposto pelo
professor, esse apoderamento acontece no seu ritmo, o que possibilita analisar de
forma mais minuciosa suas potenciais dificuldades, para no momento do encontro
com o grupo e com o professor, expor suas dúvidas e poder dispor da ocasião para
relacionar o conteúdo teórico a prática, ou seja, à situações reais de aprendizagem.
Essencialmente por esse intuito, a aprendizagem torna-se personalizável.
De acordo com Trevelin et al. (2013 apud BERGMANN, OVERMYER e
WILIE, 2012), para além de simples gravação e visualização de vídeos, a Sala de
Aula Invertida promove a interação entre docentes e discentes; promove a
autonomia dos estudantes, que passam a ser responsáveis por seu próprio
aprendizado; impulsiona a aprendizagem construtivista e oferece aos estudantes um
conteúdo que permite ser acessado quando e quantas vezes o mesmo sentir
necessidade.
Valente (2014 apud Educase, 2012) aponta que a Sala de Aula Invertida
proporciona ao aluno um estudo anterior ao momento da aula e, desse modo, torna-
a um ambiente de aprendizagem mais ativo, que pode ser utilizado para
aprofundamentos sobre o tema proposto e resolução de atividades práticas, ou seja,
tarefas que necessitem de maior carga cognitiva.
Corroborando com os autores citados acima, Bergmann e Sams (2016)
abordam algumas razões, dentre as várias expressas na obra intitulada Sala de Aula
Invertida: Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem (2016), pelas quais os
educadores devem inverter a sala de aula:
● O estudante aprende no seu próprio ritmo, principalmente se a
inversão da aula for realizada por meio de vídeo, pois o discente tem a
24
possibilidade de retroceder e avançar a exposição do professor de
acordo com seu ritmo de aprendizado e necessidade;
● A metodologia intensifica a interação aluno-professor, na medida em
que há mais tempo para a aproximação entre eles no momento
presencial, possibilitando ao professor conhecer mais de perto as
dificuldades do aluno;
● A inversão permite realizar a diferenciação no aprendizado de cada
estudante, possibilitando aumentar ou diminuir a carga de atividades
de acordo com o conhecimento que já foi adquirido por ele.
A Sala de Aula Invertida ocasiona algumas modificações no processo
educativo. O professor, também, apresenta-se com outro perfil, ou seja, é
responsável por direcionar todas as suas iniciativas pedagógicas, visando promover
um ambiente que traga para o foco da metodologia a aprendizagem e o estudante.
E, sobretudo, sempre se questionar se os alunos estão aprendendo e o que ainda
há para ser realizado para ajudá-los no novo processo de aprender, sob
intervenções, caso necessárias.
3.3 A mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio
A Sala de Aula Invertida proporcionou a Bergmann e Sams (2016)
disseminarem a metodologia por todos os Estados Unidos e outros países, como
experiências relatadas na Coréia do Sul, que vinham transformando a forma de
ensinar do educador - que passou a focalizar suas estratégias pedagógicas para o
aluno e seu aprendizado - e de aprender do discente, trazendo resultados exitosos
se comparado ao método tradicional.
Tão grande foi o espanto dos autores ao realizar uma atividade com os
alunos que, ainda conseguindo excelentes resultados durante o ano letivo,
demonstraram que não dominavam os conteúdos essenciais estudados naquele
período. Mesmo invertendo a aula, refletiram que a imposição de um currículo com
objetivos de aprendizagem comuns a todos os alunos, a serem adquiridos sem
considerar o ritmo individual, talvez não proporcionasse o domínio dos temas
propostos.
25
Então, a proposta de Bergmann e Sams, para atender as necessidades
dos discentes, foi adotar um novo modelo de Sala de Aula Invertida o qual
considerasse o ritmo de aprendizagem individual do aluno.
Para tanto, a metodologia foi reestruturada e passou, além de inverter a
sala de aula, a considerar elementos da Aprendizagem para o Domínio (Mastery
Learning), em que o estudante avança de acordo com o seu ritmo de aquisição de
conhecimentos, atingindo objetivos sequenciais de aprendizagem. Sendo assim,
surge o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio.
No Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio todos os
elementos da Sala de Aula Invertida são preservados e há uma individualização
ainda maior do processo educativo. Neste, o estudante só avança para o objetivo de
aprendizagem seguinte quando houver a aquisição do anterior, respeitando seu
próprio ritmo de aprendizagem.
No novo modelo, o ônus da aprendizagem é totalmente dos alunos. Para
ter êxito no processo, o estudante deve responsabilizar-se pela própria
aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016).
Não há mais um ritmo imposto por um currículo a cumprir num
determinado bimestre ou o ritmo imposto pelo professor, que sugere a atividade que
o aluno deve realizar para testar a aquisição dos objetivos educacionais. É o
estudante que impõe o ritmo de aprendizagem e, quando se sente capacitado, faz
avaliações que atestam se o objetivo foi atingido de maneira plena ou suficiente.
Somente a partir de então, o estudante vai em busca de alcançar um novo objetivo
de aprendizagem.
De acordo com Bergmann e Sams (2016), os principais componentes da
Aprendizagem para o Domínio são:
● Os estudantes trabalham em pequenos grupos ou de forma individual,
em ritmo adequado;
● Por meio de avaliações formativas, o professor avalia o nível de
compreensão dos estudantes;
● Quando o estudante sente-se seguro para testar a aquisição dos
objetivos de aprendizagem, realiza avaliações somativas. Se for
26
constatado que tal objetivo não foi adquirido, possibilita-se ao aluno
meios de recuperação.
Ressalta-se que a Aprendizagem para o Domínio não é um método novo;
foi popularizada por Benjamin Bloom e utilizado como referencial teórico do Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio.
A seguir, fala-se mais sobre a utilização do método como aporte teórico
do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio.
3.4 Aporte Teórico para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio
O referencial teórico, utilizado por Bergmann e Sams, para o Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio surge da Aprendizagem para o Domínio,
que consiste na aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, obedecendo
seu próprio ritmo. Neste caso, o discente visa a aquisição dos objetivos de
aprendizagem não para realizar um determinado exame, mas por se responsabilizar
por seu aprendizado.
Os objetivos educacionais, seguindo o método, são alcançados por meio
da Taxonomia de Bloom, criada por Benjamin S. Bloom e seus colaboradores M. D.
Englehart, E. J. Furst, W. H. Hill e D. Krathwohl, em 1956, a pedido da Associação
Norte Americana de Psicologia (American Psycological Association) (FONSECA et
al., 2015; SCHNEIDER et al., 2013; FERRAZ; BELHOT, 2010). O objetivo era
discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos de processos educacionais
(FERRAZ; BELHOT, 2010 apud LOMENA, 2006).
Inicialmente, Bloom e seus colaboradores dividiram os objetivos
instrucionais em três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor. O domínio cognitivo
relaciona-se a aprendizagem, a aquisição de conhecimentos; o afetivo, a
sentimentos e posturas; e o domínio psicomotor, relaciona-se a habilidades físicas
específicas. Dentre os domínios discorridos, o cognitivo é utilizado por educadores
do mundo inteiro na elaboração dos objetivos de aprendizagem e, principalmente, na
elaboração de avaliações.
Para colaborar com o aprendizado de um grupo heterogêneo de
estudantes, buscando a aprendizagem de todos, seria necessário que as estratégias
27
utilizadas pelos educadores e a organização dos processos de aprendizagem, para
estimular o desenvolvimento intelectual, fossem pautados numa mesma direção, ou
seja, com a utilização de uma taxonomia padrão para a classificação dos objetivos
de aprendizagem (FERRAZ; BELHOT, 2010).
A taxonomia de Bloom do Domínio Cognitivo é dividida em 6 categorias
com complexidades crescentes, onde o estudante parte da categoria mais simples
para a mais complexa. O nível consecutivo só é adquirido quando as habilidades do
nível anterior são atingidas. Conforme Ferraz e Belhot (2010, p. 424),
a taxonomia proposta não é apenas um esquema para classificação, mas
uma possibilidade de organização hierárquica dos processos cognitivos de
acordo com níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento
cognitivo desejado e planejado.
Visualizam-se as categorias do domínio cognitivo que mostra que o
estudante vai adquirindo uma habilidade após a outra, do nível mais básico para o
mais complexo (Figura 1). Dessa forma, o professor pode planejar suas estratégias
de forma a colaborar com o discente no alcance das habilidades, propondo objetivos
de aprendizagem do mais simples para o mais complicado.
Figura 1 – Taxonomia de Bloom
Fonte: Elaborada pela autora com base em Ferraz e Belhot (2010)
AprendizagemsegundoBloom
HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM SUPERIOR
ComplexidadeCrescente
Entender
Aplicar
Analisar
Sintetizar
Criar
Lembrar
HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM INFERIOR
28
Apesar de alguns críticos atribuírem um enfoque tecnicista à taxonomia,
alegando o controle do comportamento individual a um ensino pré-definido, a
taxonomia de Bloom possibilitou a padronização da linguagem no meio acadêmico e
novas abordagens sobre os objetivos instrucionais (SCHNEIDER et al., 2013)
(FERRAZ; BELHOT, 2010).
A proposta do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio de
Bergmann e Sams é inverter a sequência de habilidades de pensamentos proposta
por Bloom em sua taxonomia.
Para isso, inicialmente, o educador definiria os objetivos de aprendizagem
de forma clara e utilizando os verbos da taxonomia, conforme o domínio cognitivo a
ser adquirido pelo estudante. Como na Sala de Aula Invertida, o discente inicia a
construção do seu conhecimento e, consequente, aquisição dos objetivos de
aprendizagem de forma autônoma e no seu próprio ritmo, por meio dos materiais
disponibilizados pelo professor.
Ao propor objetivos de aprendizagem que se utilizam dos verbos da
Taxonomia de Bloom, o professor possibilita ao estudante galgar e construir seu
conhecimento partindo dos objetivos de aprendizagem mais simples para o mais
complexo, garantindo dessa forma, uma sequência de objetivos que o levem
(discente) ao domínio das habilidades de ordem superior.
Apresenta-se, portanto, a inversão da Taxonomia de Bloom e a proposta
de Bergmann e Sams para a Sala de Aula Invertida (Figura 2).
29
Estudo em
sala
com
professor e
pares
Estudo autônomo
Figura 2 - Taxonomia de Bloom baseada no Modelo Invertido de Aprendizagem para
o Domínio
Fonte: Elaborada pela autora com base em Ferraz e Belhot (2010)
Durante o processo de aquisição dos objetivos educacionais, faz-se
necessário que o professor acompanhe o aprendizado do aluno por meio de
avaliações formativas, sendo essencial uma avaliação somativa final para a
verificação plena ou suficiente da aquisição dos objetivos de aprendizagem.
Observa-se uma proposta de aplicação da Taxonomia de Bloom nos
objetivos de aprendizagem da Unidade Didática Teoria Atômica (Figura 3), utilizada
por Bergmann e Sams no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio
(BERGMANN; SAMS, 2016).
HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM SUPERIOR
AprendizagemInvertida
Sintetizar
Analisar
Aplicar
Entender
Lembra
r
Criar
HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM INFERIOR
30
Figura 3: Objetivos de Aprendizagem para a Unidade Didática Teoria Atômica
utilizando a Taxonomia de Bloom
Fonte: BERGMANN; SAMS (2016)
3.5 Pilares/Princípios Pedagógicos das Metodologias
Sugeridos por Bergmann e Sams, e em conformidade com a Flipped
Learning Network para o desenvolvimento das Metodologias Ativas Sala de Aula
Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, faz-se necessário
que o educador incorpore em sua prática pedagógica os quatro pilares a seguir:
31
Flexible Environment – Ambiente Flexível
Learning Culture – Cultura de Aprendizagem
Intentional Content – Conteúdo Intencional ou Dirigido
Professional Educator – Educador Qualificado
Fonte: Adaptado do Site Flipped Learning Network
Nos parágrafos seguintes, explana-se cada um dos pilares citados:
Ambiente Flexível, Cultura de aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e
Educador Qualificado, no contexto da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido
de Aprendizagem para o Domínio.
Para que o estudante possa atingir os objetivos de aprendizagem pelo
Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ou pela Sala de Aula Invertida,
faz-se necessário que o educador crie um ambiente propício à aprendizagem. Isso
no que concerne a diversificação de estratégias pedagógicas e disponibilidade dos
meios utilizados para o estudo individual, ou colaborativo, no caso de trabalhos em
grupos, ou mesmo em ambientes onde os estudantes se ajudam e buscam construir
o conhecimento de forma coletiva e colaborativa.
Desenvolver esse Ambiente Flexível pode ocorrer pela estruturação de
atividades como a aprendizagem por projetos, criando uma sala de aula movida
pelos problemas trazidos pelos alunos ou de seus interesses; um ambiente que
estimule a criatividade por atividades assíncronas, onde os discentes têm a
possibilidade de trabalhar em tarefas diferentes, em momentos diferentes,
empenhados e engajados na própria aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016)
Além de flexível, esse ambiente educacional necessita também ser
acessível a todos os alunos. Ao pensar em se utilizar de uma ferramenta
32
pedagógica, o educador deve se questionar se todos os estudantes terão o mesmo
acesso a ela. Caso o professor queira seguir utilizando a ferramenta, deve ser
criativo e utilizar-se de outros meios para que esta possa chegar até os estudantes,
permitindo a equidade no processo educativo.
Por exemplo, o educador pretende disponibilizar um vídeo on-line de um
certo conteúdo para o aluno, mas nem todos, por morar na zona rural, tem internet
de qualidade. A solução seria disponibilizar o tal vídeo também por mídia DVD para
ser visualizado em um computador ou mesmo numa televisão.
Modificar a cultura do professor como centro do processo educativo,
detentor de todos os saberes e responsável por transferir o conhecimento ao
discente, é o que preconiza a Cultura de Aprendizagem na utilização da metodologia
Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, que
centraliza na aprendizagem do estudante o processo educativo, apoiando-o no
protagonismo do próprio aprendizado.
Nessa nova Cultura de Aprendizagem, o tempo em sala de aula é
utilizado para explorar e aprofundar conhecimentos, de forma individual ou
colaborativa, onde o estudante é ensinado a aprender a aprender e busca alcançar,
com compromisso, os objetivos de aprendizagem - pois sua meta é aprender - e não
somente cumprir com as obrigações escolares e passar de ano.
Tanto na Sala de Aula Invertida como no Modelo Invertido de
Aprendizagem para o Domínio, o estudante vai adquirir o conteúdo teórico de forma
individualizada. Por esse motivo, esse conteúdo deve ser repassado pelo educador,
por meio de um vídeo ou qualquer outra ferramenta pedagógica, de forma
intencional a ajudá-lo a atingir os objetivos de aprendizagem, sempre no seu próprio
ritmo. Lembra-se que o momento presencial ainda pode e deve ser utilizado para
esclarecer possíveis dúvidas ou equívocos no entendimento sobre o conteúdo
estudado pelo discente.
Para que o educador faça a opção por inverter sua Sala de Aula ou
utilizar o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio deve, inicialmente,
apropriar-se da implementação das metodologias, observando sua peculiaridades e,
ao planejar suas estratégias pedagógicas, considerar todos os pilares/princípios
anteriormente apresentados.
33
Nestas propostas de Metodologias Ativas, faz-se necessário a habilidade
de um professor reflexivo sobre sua prática docente, pois ajustes no processo serão
essenciais para ajudar aos estudantes a alcançarem os objetivos de aprendizagem.
Para isso, faz-se essencial a realização de avaliações formativas, visando
acompanhar o caminhar do discente no seu processo de aprender, garantido, por
meio do feedback, que esse estudante está obtendo progressos na formação e na
aquisição dos objetivos educacionais.
Acima de tudo, o educador que decide incorporar a Sala de Aula Invertida
ou o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio deve renunciar ao controle
do processo de aprendizagem, que passa a ser desempenhado pelo estudante, o
qual deve ser o foco de todo o processo educativo.
34
4 A SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) NA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA
Ao referir-se a implantação da Sala de Aula Invertida ou do Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio na EaD, cujas metodologias baseiam-se
em referenciais teóricos e pilares/princípios pedagógicos, esses terão que ser
respeitados, independente de sua utilização na educação presencial ou a distância.
Cordeiro (2014) traz uma reflexão interessante, que surge na inserção da
estratégia pedagógica Flipped Classroom na EaD. Na visão da autora, a modalidade
já segue a metodologia de ensino em que o estudante tem contato anteriormente
com o conteúdo, realizado por meio dos AVA, na maioria das vezes.
Dessa forma, como estruturar a Sala de Aula Invertida ou o Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio na EaD? Schneider et al. (2013) defende
que a inserção da Sala de Aula Invertida deve ser organizada como blended
learning, que mistura elementos das modalidades presenciais e a distância.
Para os autores, o estudante inicia seu auto-estudo por meio das mídias
sugeridas pelo educador (vídeo, hiperlinks e hipertextos, entre outros recursos),
onde adquire as habilidades de ordem inferiores; posteriormente, pratica a pesquisa
e a interação com os pares e professor por meio das ferramentas disponíveis no
ambiente virtual; e, por fim, adquire as habilidades de ordem superiores nos
encontros presenciais, onde terá a oportunidade de realizar ações de criar e
sintetizar.
Consensua-se com os autores que, os objetivos de aprendizagem
propostos pelo educador, em atividades que utilizam as ferramentas dos AVA,
devem levar o estudante a adquirir - no seu ritmo e buscando atingir os objetivos de
forma sequencial e progressiva, do mais simples para o mais complexo - as
habilidades de ordem superiores e não somente o nível de conhecimento, mas sua
aplicação e análise.
As diversas ferramentas síncronas e assíncronas podem ser utilizadas
para diversificar as estratégias pedagógicas do professor na tentativa de aquisição
dos objetivos educacionais pelo estudante, de forma individual ou colaborativa. O
educador pode disponibilizar uma vídeoaula, uma apostila instrutiva ou qualquer
35
outro meio para o estudo individual do discente e aquisição das habilidades de
ordem inferiores, que é o Lembrar e o Entender.
Salienta-se que as mídias escolhidas pelo docente devem estar
acessíveis a todos os alunos e a todo momento, reforçando ainda mais o conceito
de Ambiente Flexível para o uso das metodologias Sala de Aula Invertida e Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio.
A Cultura de Aprendizagem já é inerente a EaD, pois tem o estudante
como centro do processo de aprendizagem e a cultura do aprender, que acontece
com suas próprias reflexões, com a vivência de seus pares e com a experiência do
educador. Nessa perspectiva, é interessante, para fomentar a Cultura de
Aprendizagem na EaD, a inserção de momentos presenciais, onde os discentes
podem interagir e trocar saberes de forma mais intensa com seus pares e professor,
valendo-se desse momento para a criação de laços entre o grupo de alunos e
docente.
Orientando-se pelos objetivos de aprendizagem, o educador deve
escolher, dentre as ferramentas disponíveis nos AVA (síncronas ou assíncronas), as
que possam contribuir para um melhor entendimento do Conteúdo Intencional
proposto para a etapa em que se encontra, visto que esse aluno vai, inicialmente,
estudar sozinho e no seu próprio ritmo. Então, a relação conteúdo e ferramenta no
ambiente deve ser bem planejada pelo docente para o êxito da aprendizagem do
estudante.
Além de conhecer as especificidades da EaD, o professor que vai
conduzir algum curso, disciplina ou unidade didática que adote as Metodologias
Ativas Sala de Aula Invertida ou Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio,
vai necessitar conhecer também sobre a utilização da Taxonomia de Bloom. Isto
deve-se a necessidade de propor objetivos educacionais que realmente façam o
estudante aprender, procurando trazer objetivos mais simples no início do percurso
da aprendizagem, e, posteriormente, objetivos mais complexos, que farão o discente
chegar a um domínio cognitivo mais à nível da criação, síntese e aplicação.
As ferramentas e recursos disponíveis no AVA podem auxiliar o professor
a fornecer o feedback tão necessário ao estudante no seu percurso de
aprendizagem, principalmente pela especificidade de estar sozinho, inicialmente,
36
para a aquisição dos conhecimentos teóricos nessas modalidades. O feedback tem
cunho formativo e busca avaliar a trajetória do aluno na aquisição do objetivos de
aprendizagem.
Elenca-se o Quiz, que pode ser utilizado para medir a aquisição dos
conhecimentos no nível de ordem inferior (lembrar e entender), em que o feedback é
realizado automaticamente pelo próprio AVA; ou a ferramenta Tarefa, que pode
trazer um estudo de caso que mobilize os conteúdos adquiridos até aquele
momento, para a aquisição dos conhecimentos de ordem superiores, onde o
feedback é realizado de forma mais detalhada pelo educador, trazendo indícios
sobre a aquisição ou não dos objetivos de aprendizagem pelo discente.
Independentemente da ferramenta utilizada para fazer a verificação da
aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, o feedback fornecido por meio
delas deve ser realizado ao longo da jornada da aprendizagem, e não somente ao
final do processo.
O aluno é o centro do processo educativo e é o responsável por sua
aprendizagem na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de Aprendizagem
para o Domínio. Porém, para o êxito no uso das modalidades, que é o real
aprendizado do estudante, faz-se necessário que o professor conheça como as
metodologias devem ser implementadas, utilizando-se de seu referencial teórico e
dos pilares que as norteiam, no intuito de definir como empregar os recursos
disponíveis no AVA (suas ferramentas) para colaborar na aquisição dos objetivos de
aprendizagem.
Dessa forma, parte-se para a exposição da aplicação da Sala de Aula
Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na ferramenta do
AVA abordada neste estudo: o fórum de discussão.
4.1 O Fórum de Discussão na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de
Aprendizagem para o Domínio
De orientação construtivista e colaborativa, que sugere que o estudante
aprenda construindo seu aprendizado por meio da interação e troca entre os pares,
37
o fórum de discussão é uma ferramenta assíncrona do AVA Moodle que legitima o
diálogo reflexivo entre os participantes.
Segundo Bicalho e Oliveira (2012 apud PALLOFF, PRATT, 2002), o fórum
de discussão é uma ferramenta de interação de orientação construtivista que é
utilizada nos modelos de EaD, a qual colabora na construção de comunidades de
aprendizagem online.
Por sua característica assíncrona, permite que os participantes postem
suas reflexões sobre o tema abordado, as quais ficam gravadas permanentemente
para o acesso e comentários do grupo durante o prazo de duração do respectivo
fórum, que pode ser por um prazo determinado pela coordenação, ou por todo o
período de realização do curso, de acordo com o planejamento realizado.
Essa ferramenta permite aos participantes um tempo maior para
realizarem pesquisas, que aprofundem seus conhecimentos em relação ao tema, e
elaborarem suas reflexões (por meio de postagens) de forma mais fundamentada,
relacionando suas ideias e agregando conhecimentos por meio da discussão com a
participação dos seus pares, assim como do professor.
Normalmente, um fórum em seu formato tradicional traz questões
norteadoras propostas pelo professor que, previamente, disponibilizou referências
(artigos, vídeos, hiperlinks, entre outras) para o embasamento teórico do estudante,
a fim de responder aos questionamentos. É estabelecido um prazo para a interação
do grupo, em que o aluno tanto responde às perguntas propostas como interage
com as mensagens postadas por seus pares e professor/tutor.
Caso a proposta do curso seja de avaliar o fórum de maneira somativa,
são estabelecidos critérios no planejamento e disponibilização de uma ferramenta
que informe como deve ser a participação do estudante: número mínimo de
postagens, critérios relacionados a qualidade das postagens, entre outros.
Fazendo um contraponto com o fórum tradicional, um fórum que atenda
aos referenciais teóricos e pilares/princípios da Sala de Aula Invertida e do Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio, inicialmente, deve possibilitar ao
discente ser agente ativo na construção do seu aprendizado, almejando sempre sua
autonomia e favorecendo uma Cultura de Aprendizagem. E como estimular a Cultura
de Aprendizagem dentro do fórum?
38
Além de indicar os recursos (arquivo, vídeo, URL, livro, página) no AVA,
necessários para o estudante adquirir os conhecimentos teóricos referentes ao
objetivo educacional a que se propõe, o professor/tutor deve sugerir algumas fontes
confiáveis para estimular a pesquisa, criando a cultura da busca do aprender no
aluno, para agregar outros conhecimentos além dos trazidos pelo educador.
Enfatiza-se que, os recursos devem estar sempre disponíveis no ambiente virtual
para acesso do discente, primando pela equidade ao acesso de todos os
estudantes.
A grande diferenciação entre o fórum tradicional e o fórum utilizando as
Metodologias Ativas abordadas neste estudo parte de como o professor vai utilizá-lo
para a aquisição dos objetivos de aprendizagem. Se o objetivo de aprendizagem
proposto é somente lembrar ou entender determinado conteúdo, o professor pode
fazer uso de perguntas norteadoras que farão o estudante trazer em sua exposição
(postagem no fórum) o que aprendeu com o referencial teórico e suas pesquisas
sobre o tema abordado.
Inicialmente, o professor indicou um conteúdo específico e dirigido para o
embasamento teórico do estudante, no intuito de responder aos questionamentos
propostos. Ao utilizar-se somente de questionamentos, que necessita apenas que o
aluno lembre do que estudou para respondê-los, o professor estimulou no discente
as habilidades de ordem inferiores.
Se o objetivo de aprendizagem relaciona-se com a criação, síntese,
análise ou aplicação de determinado conteúdo, ou seja, as habilidades de ordem
superiores, o professor irá propor no fórum uma atividade mais complexa (análise de
estudo de caso, resolução de problema, construção de jogos, criação de objeto ou
artefato, entre outras), onde o estudante tenha que mobilizar os conhecimentos
adquiridos em seus estudos individuais para a realização da mesma, produzindo seu
próprio conhecimento.
Ressalta-se que o fórum é uma ferramenta assíncrona e colaborativa,
onde o professor pode propor ao aluno a execução de uma atividade que pode ser
realizada de forma individual e, a posteriori, haver a discussão com os pares.
Parte-se do princípio de que o fórum de discussão deve estar estruturado
para proporcionar a aquisição das habilidades de forma progressiva, onde o
39
professor vai explorando, através dos objetivos de aprendizagem, os domínios
cognitivos, do mais simples para o mais complexo.
O educador, considerando a atividade proposta para a ferramenta fórum,
pode, de acordo com os níveis cognitivos já dominados pelos estudantes, propor
atividades a serem realizadas individualmente, que tragam discussões mais
complexas para o debate em grupo, avançando nos níveis e aquisição das
habilidades cognitivas. Sugere-se, ainda, a realização de encontros presenciais
durante o período de duração do fórum, onde o culminar dessas atividades possam
ser acompanhadas também de modo presencial pelo professor, na verificação da
aquisição dos objetivos educacionais.
De acordo com todas as características citadas acima, percebe-se que a
utilização de Metodologias Ativas, em especial a Sala de Aula Invertida e o Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio, necessita da ressignificação do papel do
educador, que deve transferir a autoria do processo de aprendizagem para o aluno,
que constrói seu próprio conhecimento.
Faz-se necessário ainda a qualificação em relação ao uso das
metodologias, para que proponha aos discentes atividades que estimulem essa
busca por si só e o faça com inserção de propostas pedagógicas que favoreçam a
aquisição dos objetivos de aprendizagem, em um Ambiente Flexível e em que
prevaleça a Cultura de Aprendizagem, estimulando o aluno a atingir habilidades de
ordem superior e, com isso, contribuindo para a formação de um indivíduo crítico e
transformador da realidade em que está inserido.
40
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo, abordam-se os procedimentos metodológicos e
investigativos da utilização da Sala de Aula Invertida em fórum de discussão em
AVA utilizado pelos alunos da Especialização em Educação a Distância da
Universidade Federal do Ceará (UFC).
5.1 Caracterização da Pesquisa
Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem quanti-
qualitativa, com análise de TDIC, em especial o fórum de discussão do AVA Moodle.
Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva objetiva caracterizar determinado conjunto
de indivíduos ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre possíveis
variáveis. Já a investigação exploratória, possibilita um maior conhecimento do
objeto em estudo, visando torná-lo claro ou a constituir hipóteses.
O estudo foi desenvolvido com a 1ª turma da Especialização em
Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará, iniciada em 28 de agosto
de 2014, que encontra-se em andamento. Este curso, em nível de pós-graduação
Lato Sensu (Especialização) na modalidade semipresencial, é constituído por onze
disciplinas obrigatórias, com carga horária de 448 horas-aula, sendo 96 horas-aula
presenciais e 352 horas-aula a distância.
O curso tem como público alvo os professores e técnicos administrativos
de instituições públicas de ensino, tutores de programas governamentais e não
governamentais vinculados à área de Educação a Distância que sejam portadores
de diploma de graduação em qualquer área do conhecimento, desde que,
devidamente credenciado pelos Conselhos Nacional e/ou Estadual de Educação.
O ingresso dos alunos foi realizado através de seleção, constituída por
prova escrita sobre os conhecimentos do candidato acerca da Educação a Distância.
Foram disponibilizadas 66 vagas. Os momentos a distância foram realizados nos
AVA Solar e Moodle, alternando-os de acordo com os interesses das disciplinas.
Na matriz curricular do curso, a disciplina de Avaliação Educacional em
Educação a Distância apresenta carga horária de 48 horas-aula, onde 6 horas-aula
41
seriam presenciais e 42 horas-aula a distância, mas não aconteceram encontros
presenciais durante o período da disciplina. Foi a oitava a ser ministrada no curso,
tendo seu início em 24 de agosto e término em 26 de outubro de 2015. A disciplina
foi ministrada utilizando-se o AVA Moodle Help Class Online, com acesso pelo
http://www.helpclassonline.com.br/moodle/, e com uma tela inicial da disciplina no
ambiente virtual Moodle (Figura 4).
Figura 4 - Apresentação da disciplina no AVA Help Class Online
Fonte: AVA Help Class Online
A disciplina foi dividida em quatro aulas: Aula 1 - O processo de Avaliação
da Aprendizagem em EaD; Aula 2 - Avaliação Institucional de cursos em EaD; Aula
3 - Concepções Atuais de Avaliação e Aula 4 - A Avaliação do Rendimento
Educacional e os Aspectos Legais em EaD. O fórum de discussão utilizando a Sala
de Aula Invertida analisado neste estudo foi realizado na Aula 3. Apresenta-se a
Aula 3 no AVA (Figura 5), onde está inserido o fórum que será analisado nesta
pesquisa.
42
Figura 5 - Apresentação da Aula 3 no AVA Help Class Online
Fonte: AVA Help Class Online
Além de ser obrigatória, a disciplina foi utilizada como fonte de pesquisa
para mestrandos de cursos do Instituto Federal do Ceará (IFCE), de mestrados
profissionais e acadêmicos. Participaram da disciplina um professor titular, 10 tutores
43
e 76 alunos inscritos na plataforma, número este maior ao número de estudantes
que informava o edital do processo seletivo. Como sujeitos da pesquisa, foram
considerados os participantes do fórum de discussão da Aula 3 que se propõem a
utilizar a metodologia da Sala de Aula Invertida, que são: o professor titular da
disciplina, dois tutores e os 76 alunos inscritos na disciplina.
Os dados foram coletados por meio da disciplina Avaliação Educacional
em Educação a Distância no AVA Help Class Online, em especial as informações do
fórum de discussão da Aula 3, e a observação e participação da autora como aluna
da referida disciplina.
5.2 A proposta da Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da Aula 3
O fórum de discussão disposto na Aula 3 da referida disciplina foi
planejado por uma aluna do Curso de Mestrado Profissional em Computação
Aplicada UECE/IFCE - MPCOMP, da 13ª turma, com início em janeiro de 2014, que
tem como objeto de pesquisa a inserção da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida
aplicada a um fórum de discussão integrando uma proposta de avaliação seguindo o
Modelo Learning Vectors1
de Sales (2010) ou, simplesmente, Modelo LV.
Conforme agenda do curso, que pode ser visualizada no lado esquerdo
(Figura 3), a Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação teve seu início em 6 de
setembro e previsão de término em 06 de outubro de 2015, mas as atividades do
fórum foram prorrogadas até 15 de outubro, como um período de ajustes da
atividade. Chamado de FÓRUM GERAL, o fórum de discussão foi dividido em dois
momentos. No primeiro momento, os 76 estudantes foram separados em pequenos
grupos e numerados sequencialmente de 1 a 11, onde estes grupos menores
discutiram sobre 4 questões norteadoras. A formação dos pequenos grupos havia
sido realizada em uma atividade da aula anterior, permanecendo sem alterações.
No segundo momento, um grupo nomeado de FÓRUM GERAL - TODOS
OS PARTICIPANTES foi criado e todos os alunos da disciplina responderam a um
questionamento único. Tanto os questionamentos feitos nos grupos menores quanto
1
O Modelo Learning Vectors (LV) propõe uma avaliação formativa mediada por uma linguagem
iconográfica e feedbacks constantes.
44
o realizado no grupo onde todos os estudantes participavam, tinham relação entre si
e com o tema proposto para a aula (Concepções Atuais de Avaliação).
Previamente à abertura, os tutores (Tutor 1 e Tutor 2) enviaram
mensagens pelo AVA sobre o funcionamento diferenciado do fórum. Tais
mensagens foram automaticamente encaminhadas para o e-mail do estudante, no
início, cadastrado na plataforma (Figuras 6 e 7). Denominou-se Tutor 1, aquele, dos
dois tutores, que primeiro encaminhou a mensagem para os alunos.
Figura 6 - Mensagem enviada por Tutor 1
Fonte: E-mail da autora
Figura 7 - Mensagem enviada por Tutor 2
Fonte: E-mail da autora
45
Percebe-se que os tutores tiveram o zelo de comunicar aos estudantes do
início do fórum, estimulando-os a participar, mas, não se visualiza nenhuma
informação sobre o uso da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped
Classroom. Informa-os sobre a divisão em pequenos grupos e, a posteriori, a união
de todos os participantes no grupo FÓRUM GERAL.
A divisão dos pequenos grupos, já realizada em uma atividade da aula
anterior, permaneceu com a mesma composição e número de alunos (Quadro 1).
Quadro 1 - Número de estudantes por grupo
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Grupo 11
Número
de alunos
6 6 7 5 7 7 6 6 7 0 7
Fonte: AVA Help Class Online
Percebe-se que, a formação dos pequenos grupos (Quadro 1) totaliza 64
estudantes, dos 76 estudantes inscritos na disciplina (Figura 8). Faz-se necessário
uma ressalva quanto ao número de participantes. Deve-se excetuar, dos 76
inscritos, dois participantes que foram utilizados para teste do administrador do
Moodle. Não se tem informações sobre o Grupo 10 não alocar estudantes.
Figura 8 - Estudantes inscritos na disciplina
Fonte: AVA Help Class Online
46
Apresenta-se (Figura 9) a divisão dos estudantes por grupos na
ferramenta fórum.
Figura 9 - Divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum de discussão
Fonte: AVA Help Class Online
As sugestões de leitura e o vídeo disponíveis para embasamento teórico
não se direcionam ao fórum em especial, mas utilizadas para toda a Aula 3. Os 4
(quatro) textos indicados referem-se a avaliação baseada em sistemas dinâmicos
não-lineares e o vídeo no Youtube aborda sobre o papel da avaliação na
aprendizagem.
Portanto, os questionamentos propostos no fórum de discussão, tanto as
perguntas nos pequenos grupos, como as perguntas no grupo geral com todos os
participantes, foram respondidas utilizando-se as referências citadas e os
conhecimentos prévios dos estudantes sobre avaliação. Visualizam-se as
referências disponíveis para acesso dos discentes (Figura 5).
Quanto às perguntas que nortearam os fóruns (pequenos grupos e geral -
todos os participantes), investigam o conhecimento dos estudantes acerca da
avaliação. Os questionamentos nos pequenos grupos (Figura 10) fazem um paralelo
entre a avaliação no ensino presencial e a distância; questionam também de que
47
forma deve-se avaliar o estudante; se os atuais métodos de avaliação trazem
elementos suficientes sobre sua aprendizagem e se o sentido fundamental da ação
avaliativa é o motivo (avaliar a aprendizagem do estudante) ou transformação do
aluno em todos os sentidos.
Por conseguinte, os questionamentos instigam a discussão sobre o tema
avaliação, que pode ser realizada utilizando os conhecimentos prévios e faz
perguntas que necessitam que o estudante tenha realizado a leitura dos textos de
fundamentação teórica sobre os métodos não-lineares disponíveis para a Aula 3.
Figura 10: Perguntas norteadoras do Fórum nos Pequenos Grupos
Fonte: AVA Help Class Online
O questionamento do Fórum Geral (Figura 11) busca fazer uma reflexão
sobre como avaliar a participação do estudante em atividades na EaD: colaboração,
participação e empenho do aluno na realização das mesmas.
Figura 11: Perguntas norteadoras do Fórum Geral - Todos os participantes
Fonte: AVA Help Class Online
48
Por fim, no capítulo a seguir, faz-se a análise dos resultados da aplicação
da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da disciplina
Avaliação Educacional em EaD, evidenciando os referenciais teóricos da Taxonomia
de Bloom e os pilares/princípios da metodologia propostos por Bergmann e Sams,
assim como a análise dos dados quantitativos e qualitativos coletados por meio do
AVA.
49
6 ANÁLISE E DISCUSSÕES
Neste capítulo, analisa-se o fórum de discussão da Aula 3 - Concepções
Atuais de Avaliação da Disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância,
criado utilizando-se da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped
Classroom, à luz do referencial teórico abordado por Bergmann e Sams, bem como
os pilares/princípios necessários para sua implementação.
Antes de abordar a análise dos pilares/princípios das metodologias no uso
do fórum, salienta-se que, em momento algum do contato do professor titular da
disciplina ou dos tutores envolvidos, nem anteriormente ao início da disciplina, nem
no AVA durante sua realização, foi informado aos estudantes que a Metodologia
Ativa Sala de Aula Invertida seria utilizada no fórum.
6.1 Análise do Fórum quanto aos Pilares/Princípios da Sala de Aula Invertida e
do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio
6.1.1 Análise quanto a Flexibilidade do Ambiente
Para este tópico, tanto as indicações do site Flipped Learning Network
como em Bergmann e Sams (2016) abordam que o ambiente deve ser propício a
aquisição dos objetivos e respeitar o ritmo do estudante.
Como trata-se da análise do fórum, não há como diversificar no uso da
ferramenta, mas é possível estimular a criatividade dos estudantes quanto às suas
participações. Percebe-se que, no enunciado do fórum e em suas questões, não
houve o estímulo ao estudante de se utilizar de outras fontes de pesquisa ou outra
ação para aflorar sua criatividade e curiosidade. Essa observação vale tanto para o
fórum nos pequenos grupos (Figura 10) como no Fórum Geral - Todos os
participantes (Figura 11).
Porém, alguns alunos, tanto nos pequenos grupos (Figuras 12 e 13) como
no Fórum Geral (Figura 14), trazem artigos diferentes dos que foram propostos no
referencial teórico, com citações de autores, para complementar e enriquecer sua
fala.
50
Figura 12 - Comentário do Aluno 1 do Grupo 11
Fonte: AVA Help Class On-line
Figura 13 - Comentário do Aluno 2 do Grupo 9
Fonte: AVA Help Class On-line
Figura 14 - Comentário do Aluno 3 do Grupo Fórum Geral
Fonte: AVA Help Class On-line
51
Para atender a flexibilidade do ambiente, considera-se que o mesmo deve
respeitar que o estudante tenha seu ritmo de aprendizado e que o prazo para
participação do aluno no fórum deve respeitar esse ritmo. Julga-se que o prazo foi
suficiente, pois o fórum nos pequenos grupos iniciou com as perguntas norteadoras
do Tutor 1 no dia 12 de setembro e a última postagem de um aluno do Grupo 9 foi
realizada em 14 de outubro.
No Fórum Geral, os questionamentos propostos foram lançados em 16 de
setembro e as últimas postagens dos estudantes foram realizadas até 14 de
outubro. Observa-se que o período para o término das postagens que seria em 06
de outubro (Figura 4) foi excedido, apresentando indícios que o prazo foi prorrogado
para atender ao ritmo dos discentes.
Verifica-se que, o fórum aqui em estudo apoia-se em um dos
componentes da aprendizagem para o domínio, o qual sugere que os alunos
trabalham em pequenos grupos ou individualmente, em ritmo adequado
(BERGMANN; SAMS, 2016)
Quanto a disponibilidade das mídias para um Ambiente Flexível, como a
proposta do curso é ser híbrido ou b-learning, mesmo o aluno estando ciente de que
deverá ter acesso a internet para utilizar-se do ambiente virtual, seria condizente que
o referencial teórico, para embasamento da Aula 3, estivesse disponível também em
outra forma de acesso que não a on-line, em um CD-Rom ou DVD-Rom, por
exemplo.
6.1.2 Análise quanto a Cultura de Aprendizagem
Assim como na EaD, o fórum de discussão proporciona a Cultura de
Aprendizagem na medida em que coloca o estudante como centro do processo
educativo, facultando-lhe ser um sujeito mais autônomo e responsável por seu
próprio aprendizado, proporcionando a interação aluno-aluno e aluno-professor,
onde o estudante aprende com suas próprias reflexões e por meio da troca com o
outro.
52
Este conceito relaciona-se diretamente com os objetivos de
aprendizagem, pois o estudante vai em busca da aquisição desses objetivos,
aprendendo sempre e em todo lugar, aprendendo a aprender.
A Cultura do Aprender, no fórum em estudo, teria sido ainda mais
estimulada se tivesse ocorrido pelo menos um encontro presencial, onde a troca de
saberes entre os pares e professores acontecesse de forma mais intensa, com
atividades que instigassem o estudante, fazendo-o mobilizar todos os
conhecimentos adquiridos até aquele momento, visando a resolução de tarefas ou a
realização de outras atividades propostas.
6.1.3 Análise quanto ao Conteúdo Intencional ou Dirigido
Há uma íntima relação entre os objetivos de aprendizagem e os
conteúdos a que o estudante terá acesso para fundamentação teórica no AVA. No
caso do fórum, objeto desta pesquisa, os objetivos de aprendizagem não foram
apresentados aos estudantes.
O conteúdo para embasamento foi disponibilizado somente no AVA. Um
dos materiais de referência foi um vídeo disponível no Youtube sobre o tema
Avaliação2
, de forma bem generalizada, sem haver direcionamento para o tema
proposto pela Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação. O vídeo não apresentou
nenhuma informação sobre autoria. Constata-se não ser de nenhuma instituição de
ensino, pois não há créditos nem no seu início e nem no final. Neste, sugerem-se
ainda livros para leitura sobre aprendizagem escolar e avaliação, que apresentam-se
próximo a sua conclusão.
Os textos 1 e 2 (Figura 4) são capítulos da Tese de Doutorado de Sales
(2010), que abordam sobre a concepção e implementação do Modelo de Avaliação
não-linear Learning Vectors – LV.
O texto 3 (Figura 4), sobre a avaliação da aprendizagem em fórum de
discussão em AVA, porém voltada mais para uma ótica organizacional. O texto 4
(Figura 4), sobre a importância da linguagem para o ser humano e algumas
2
Vídeo O papel da Avaliação na aprendizagem, disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=NyV47Ty3JzA>. Acesso em: 11 out. 2016.
53
distinções da ontologia da linguagem que contribuem para um melhor
relacionamento em comunidades, inclusive as virtuais.
Os dois últimos textos (3 e 4) fazem parte da dissertação de mestrado de
Araújo (2004), com o tema Uma aplicação da dinâmica não-linear para a avaliação
de desempenho de Comunidades Virtuais de Aprendizagem - Além da tela do
computador: Linguagem, Emocionalidade e Corporalidade.
Os textos apresentados na Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação
versam sobre o mesmo tema: avaliação não-linear, que é utilizada para avaliar a
aprendizagem dos estudantes nos AVA. Mas, se o estudante não conhecer nada
sobre as formas atuais de avaliação? Será que os textos indicados são suficientes
para o embasamento do estudante em relação ao tema proposto da aula?
Novamente, como não foi informado qual é ou quais são os objetivos de
aprendizagem para esta aula, identifica-se uma incógnita, em saber se os textos e o
vídeo sugeridos são intencionais e dirigidos para colaborar com o estudante na
aquisição do(s) objetivo(s) de aprendizagem.
6.1.4 Análise quanto ao Educador Qualificado
No que se refere ao Educador Qualificado, quanto às Metodologias
Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio,
percebe-se que o professor titular e os tutores que acompanharam os estudantes,
durante esta aula, ou não tinham muito domínio em relação às metodologias em
análise, não utilizando para o planejamento do fórum os referenciais teóricos da
Taxonomia de Bloom e os Pilares/princípios da metodologia propostos por
Bergmann e Sams, ou estruturaram o fórum utilizando outro referencial teórico que
não os abordados anteriormente. Portanto, não há como saber quais os referenciais
teóricos empregados, pois nada foi informado, nem por e-mail, nem no ambiente
virtual.
Para colaborar com o estudante na busca dos objetivos educacionais e
acompanhar seus progressos na formação, faz-se necessário ao professor fornecer
feedback constante durante a realização das atividades do fórum.
54
Retomando-se a ferramenta fórum em estudo, o Tutor 1 lançou os
questionamentos e o Tutor 2 interagiu com os estudantes, tanto nos pequenos
grupos, como no grupo Fórum Geral - Todos os participantes. Percebe-se que o
Tutor 2 foi atuante, participando de forma efetiva nos pequenos grupos e no Fórum
Geral (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Número de participações do Tutor 2 nas discussões com os grupos
Fonte: AVA Help Class Online
Após análise dos grupos, identificou-se que, do total de participações do
Tutor 2 (103 postagens) e, considerando sua expertise na condução do processo de
ensino e sobre o conteúdo abordado, são considerados também feedback do
aprendizado dos estudantes. Para Bergmann e Sams (2016), o feedback deve ser
imediato e é um elemento crítico para os modelos Sala de Aula Invertida e Modelo
Invertido de Aprendizagem para o Domínio, uma vez que os estudantes devem
dominar o objetivo de cada módulo ou unidade para poder avançar para o seguinte.
Ocorre que, das 103 postagens, um total de 51,4% (ou seja, 53
postagens) foram realizadas fora do prazo de duração do fórum, tanto nos pequenos
grupos como no Fórum Geral. As postagens de feedback realizadas, mesmo fora do
0 30 60 90 120 150 180
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
Grupo 6
Grupo 7
Grupo 8
Grupo 9
Grupo 10
Grupo 11
Fórum Geral
Nº participações do tutor
Nº participações dos
estudantes
Nº participações totais
55
prazo, somente terão o efeito de corrigir erros ou omissões que impeçam o
estudante de dominar os objetivos de aprendizagem, se os mesmos ainda tiverem
acesso ao fórum, o que não aconteceu durante a disciplina, pois visualiza-se na
Figura 4 que uma aula abre somente após a conclusão da anterior.
6.2 Análise do Fórum quanto aos referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom
A ideia básica da Aprendizagem para o Domínio, que se utiliza dos verbos
da Taxonomia de Bloom para concretizar a metodologia, consiste na aquisição de
uma série de objetivos de aprendizagem numa hierarquia do menor para o mais
complexo e no ritmo de aprendizagem do estudante, ou seja, é o acompanhar do
educador naquilo que se espera que o estudante saiba ao final do processo
educativo.
A utilização da Taxonomia colabora na definição dos objetivos de
aprendizagem e possibilita ao educador criar, desde objetivos mais básicos, por
meios da utilização dos verbos de nível inferior, até os objetivos mais complexos,
fazendo o estudante adquirir as habilidades do nível superior.
Nesses casos, o professor direciona o aprendizado por meio do uso dos
verbos da taxonomia para a aquisição dos objetivos de aprendizagem. De acordo
com Galhardi e Azevedo (2013), apesar de ter sido formulada na década de 50, a
Taxonomia ainda é uma ferramenta útil e eficaz no planejamento e implementação
das aulas, na organização e criação das estratégias de ensino propostas na
aquisição dos objetivos educacionais.
No fórum deste estudo, os objetivos de aprendizagem não foram
apresentados para os alunos na plataforma, nem através de e-mail, o que não
proporcionou um maior direcionamento ao aprendizado. Em virtude disso, faz-se
uma análise dos verbos ou termos utilizados nas perguntas norteadoras do fórum
para buscar entender o que o professor titular da disciplina, ou os tutores,
esperavam que o estudante soubesse ao final do processo.
Costa et al. (2014) apresenta um estudo sobre os verbos da Taxonomia
de Bloom, oriundos da descrição de atividades realizadas em cursos ou disciplinas
ministradas por meio do AVA Moodle. Os autores criaram um algoritmo para ajudar a
56
definir em que classificação cognitiva da Taxonomia as atividades propostas no
ambiente poderiam ser empregadas, através do verbo que se apresenta no
enunciado da atividade. Alicerçado neste, o professor pode definir em que nível
cognitivo encontram-se os objetivos de aprendizagem e, consequentemente, a ação
que se espera que o aluno execute.
Por meio deste estudo, Costa et al. (2014) conseguiram associar cada
ferramenta do AVA a uma classificação cognitiva da Taxonomia de Bloom. Nos
achados dos autores, a ferramenta Fórum de discussão compreende os níveis
cognitivos Compreensão e Aplicação.
Para além do estudo de Costa et al. (2014), a Aprendizagem para o
Domínio considera que o professor pode estimular o estudante na aquisição dos
objetivos de aprendizagem e, por conseguinte, dos níveis cognitivos de ordem mais
inferiores até os de ordem mais superiores, utilizando-se dos verbos da taxonomia
nas atividades propostas para o fórum. Estas podem, por exemplo, ser questões
norteadoras, que estão no nível da compreensão, ou a análise de um estudo de
caso, que envolve o nível da aplicação, como aborda os autores.
Observa-se que o verbo de ação utilizado no fórum nos pequenos grupos
(Figura 15) solicita ao estudante Discutir (grifo da autora) sobre os questionamentos
norteadores, onde o verbo discutir encontra-se no nível da compreensão (habilidade
de ordem inferior) na Taxonomia de Bloom, conforme Ferraz e Belhot (2010).
Figura 15: Verbo de ação utilizado nas perguntas norteadoras nos Pequenos Grupos
Fonte: AVA Help Class Online
57
Espera-se que no Fórum Geral, o objetivo de aprendizagem seja mais
complexo, pois a habilidade de ordem inferior, que é compreender - verbo discutir -
sobre o tema abordado, já foi testado nas discussões nos fóruns dos pequenos
grupos, pois, lembrando Bergmann e Sams (2016), o aluno aprende no seu ritmo e
de forma progressiva, adquirindo as habilidades menos complexas e buscando
atingir as habilidades mais complexas.
Observa-se que o verbo de ação utilizado é Explicitar (grifo da autora)
(Figura 16), que não se encontra na Taxonomia de Bloom apresentada em Ferraz e
Belhot (2010). Porém, o verbo explicitar no Dicionário Mini Aurélio tem como
significado ―Tornar explícito‖ e a palavra ―Explícito‖ significa ―Explicado‖. Então, o
professor titular ou o tutor solicita para o estudante ―Explicar seu entendimento
sobre‖.
Figura 16 - Verbo de ação utilizado no questionamento para o Fórum Geral - Todos
os participantes
Fonte: AVA Help Class Online
Novamente, o nível do objetivo de aprendizagem posto pelo professor
titular da disciplina ou pelo tutor continua na habilidade da compreensão. Desta
forma, o estudante não foi estimulado a adquirir as habilidades cognitivas do nível
superior. Não houve um conhecimento progressivo e uma sequência didática de
aprendizagem, que é adquirido por meio de processos educacionais de níveis
cognitivos, do mais simples para o mais complexo.
Percebe-se como a Aprendizagem para o Método, por meio da
Taxonomia de Bloom, pode colaborar nas estratégias pedagógicas do professor
para que o aluno adquira os objetivos de aprendizagem propostos para a etapa em
que se encontra.
58
6.3 Identificação das potencialidades e dificuldades no uso da Sala de Aula
Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio
De acordo com as vastas experiências de Bergmann e Sams (2016) com
as Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem
para o Domínio, e relacionando-as com o objeto de estudo desta pesquisa, que são
a modalidade EaD, os AVA e suas ferramentas, relacionam-se, a seguir, algumas
potencialidades no seu uso.
Identifica-se como uma importante potencialidade a centralização do
processo educativo na aprendizagem e no estudante, o que o faz responsabilizar-se
pela construção do seu próprio conhecimento.
Essa centralização já existe quando se fala sobre a modalidade EaD,
porém, pode ser mais incentivada com estratégias pedagógicas que colaborem para
que o discente alcance as habilidades de ordem superior e com a inserção de
momentos presenciais, em vista a fortalecer tanto o AVA como os encontros
presenciais, como espaços de aprendizagem onde o estudante traça, com a
colaboração do professor, um planejamento de como e quando dominar o conteúdo
e, consequentemente, atingir os objetivos de aprendizagem.
Salienta-se como outra potencialidade a personalização do processo de
ensino; na medida em que o professor elabora objetivos de aprendizagem e,
individualmente e no seu próprio ritmo, o aluno busca a aquisição dos objetivos
numa sequência didática de aprendizagem.
Pela inversão do processo educativo utilizando essas metodologias, o
estudante entra em contato com o material de estudo anteriormente. Porém, na EaD
essa inversão já acontece, em virtude do material didático estar disponível
previamente, na grande maioria das vezes, em ambientes virtuais.
O que deve diferenciar a utilização ou não das metodologias Sala de Aula
Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio é esse material
didático ter como alvo a aquisição dos objetivos de aprendizagem, não somente
abordando conteúdos instrucionais, mas os apresentando numa sequência lógica de
aprendizagem significativa, onde o discente tem a possibilidade de utilizá-lo a favor
da sua aprendizagem, podendo visualizá-lo por diversas vezes, em ritmo próprio.
59
Outra diferenciação manifesta-se pela metodologia didática utilizada na
construção de um material que promova a compreensão e o aprofundamento.
Portanto, o estudante ter contato prévio com o material instrucional é outro ponto
positivo do uso das metodologias.
Como limitações, no uso da Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de
Aprendizagem para o Domínio, cita-se a dificuldade de implantação das
metodologias, pois o educador necessita, além de renunciar ao controle do processo
de aprendizagem, o que para alguns é doloroso, conhecer suas características e sua
implementação, que não se limita em disponibilizar material instrucional no AVA,
mas pensar em estratégias pedagógicas que levem o estudante a aquisição dos
objetivos de aprendizagem.
A isto, alia-se o uso dos verbos da Taxonomia de Bloom no intuito de
construir atividades que sejam progressivas no aprendizado do estudante,
proporcionando-o perpassar e adquirir habilidades tanto do nível inferior como as de
nível superior. Para essa implementação, sugere-se ainda a adoção dos
pilares/princípios propostos pela Flipped Learning Network.
Por empregar as TDIC e os AVA, pode-se tornar um dificultador se o
professor disponibilizar previamente o material instrucional somente por meio de
uma única mídia, um vídeo, por exemplo, causando muita dependência tecnológica.
Deve-se criar um ambiente justo e igualitário no que concerne ao acesso ao material
e ao aprendizado.
Dessa forma, confirma-se o que expõe Valente (2014) quando aborda
que, o estudante que tem acesso a informação de sua casa e dispõe de acesso à
tecnologia, encontra-se em vantagem em relação ao aluno que não dispõe desses
recursos tecnológicos.
60
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto atual, onde a velocidade das transformações sofridas pela
sociedade impõem um novo ritmo na formação e aquisição de conhecimento, faz-se
necessário modificações, também, no perfil do estudante do século XXI, o qual
tornar-se-á um futuro profissional para o mercado de trabalho.
Ademais, a utilização das Metodologias Ativas vêm colaborar para o
estudante perceber-se responsável pela construção do próprio conhecimento,
promovendo sua autonomia e mobilizando suas habilidades cognitivas,
transformando-as em conhecimentos conectados com a realidade em que está
inserido.
Cabe ao professor, ao utilizar-se das Metodologias Ativas, renunciar ao
controle do processo de aprendizagem, onde não há mais a presença de uma
instrução direta, mas há promoção de um ensino mais individualizado e estímulo a
pesquisa, respeitando o ritmo de aprendizagem do estudante.
Para utilizar-se da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de
Aprendizagem para o Domínio conforme os referenciais teóricos empregados por
Bergmann e Sams (2016), o docente fará uso dos verbos da Taxonomia de Bloom
no planejamento de suas atividades pedagógicas.
A finalidade da utilização dos verbos da Taxonomia é desenvolver
objetivos educacionais que proporcionem uma sequência pedagógica de
aprendizagem, onde o estudante aprende no seu próprio ritmo, adquirindo as
habilidades de forma sequencial, iniciando pela habilidades de ordem inferior
(Lembrar e Entender) e progredindo na aquisição dos objetivos de aprendizagem,
chegando a aquisição das habilidades de ordem superior (Aplicar, Analisar,
Sintetizar e Criar), perpassando, dessa forma, todo o conteúdo necessário para sua
formação.
Conforme apresentado em seções anteriores, para a incorporação da
Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na
prática do docente, faz-se necessário a adoção dos pilares pedagógicos sugerida
pela Flipped Learning Network: Ambiente Flexível, Cultura de Aprendizagem,
Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado, onde o educador deve ter
Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD
Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD
Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD
Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD

090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso
090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso
090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de casoMilton JB Sobreiro
 
Projeto de pesquis cpead atualizado
Projeto de pesquis cpead atualizadoProjeto de pesquis cpead atualizado
Projeto de pesquis cpead atualizadoDaniela Menezes
 
Fascículo – educação a distância UEMANET
Fascículo – educação a distância UEMANETFascículo – educação a distância UEMANET
Fascículo – educação a distância UEMANETAristefano DE Sousa Gomes
 
2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf
2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf
2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdfDjBarbosaJeronimo
 
1 o desafio de uma interação de qualidade na ea d
1   o desafio de uma interação de qualidade na ea d1   o desafio de uma interação de qualidade na ea d
1 o desafio de uma interação de qualidade na ea dFabio Pacheco
 
o desafio de uma interação de qualidade na ea d
  o desafio de uma interação de qualidade na ea d  o desafio de uma interação de qualidade na ea d
o desafio de uma interação de qualidade na ea dFabio Pacheco
 
Guia dol grupo ser - v3 (1)
Guia  dol   grupo ser - v3 (1)Guia  dol   grupo ser - v3 (1)
Guia dol grupo ser - v3 (1)Juliana Paiva
 
Tarefa etapa2 claudine-alvarenga-silva
Tarefa etapa2 claudine-alvarenga-silvaTarefa etapa2 claudine-alvarenga-silva
Tarefa etapa2 claudine-alvarenga-silvaClaudine Alvarenga
 
Guia de orientação para aare v1 revisado
Guia de orientação para aare v1 revisadoGuia de orientação para aare v1 revisado
Guia de orientação para aare v1 revisadoMara Dutra
 
Caminho metodológico experimentação
Caminho metodológico experimentaçãoCaminho metodológico experimentação
Caminho metodológico experimentaçãoValmir Heckler
 
Monografia Pós Graduação EaD
Monografia Pós Graduação EaDMonografia Pós Graduação EaD
Monografia Pós Graduação EaDNilton Silva
 
Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...
Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...
Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...asustecnologia
 
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIATORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIAProfessorPrincipiante
 
Ação formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveira
Ação formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveiraAção formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveira
Ação formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveiraSamira Tavares
 
Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?
Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?
Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?Antonio Dias de Figueiredo
 
Apresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento cursoApresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento cursoMaria Do Carmo Souza
 
Apresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento cursoApresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento cursoMaria Do Carmo Souza
 

Semelhante a Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD (20)

090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso
090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso
090521 pós ead-m-sobreiro-teleaula - estudo de caso
 
Projeto de pesquis cpead atualizado
Projeto de pesquis cpead atualizadoProjeto de pesquis cpead atualizado
Projeto de pesquis cpead atualizado
 
Sociologia da educacao (1)
Sociologia da educacao (1)Sociologia da educacao (1)
Sociologia da educacao (1)
 
Podcast
PodcastPodcast
Podcast
 
Fascículo – educação a distância UEMANET
Fascículo – educação a distância UEMANETFascículo – educação a distância UEMANET
Fascículo – educação a distância UEMANET
 
2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf
2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf
2011 - Nhamuave, Felisberto Alberto.pdf
 
1 o desafio de uma interação de qualidade na ea d
1   o desafio de uma interação de qualidade na ea d1   o desafio de uma interação de qualidade na ea d
1 o desafio de uma interação de qualidade na ea d
 
o desafio de uma interação de qualidade na ea d
  o desafio de uma interação de qualidade na ea d  o desafio de uma interação de qualidade na ea d
o desafio de uma interação de qualidade na ea d
 
Guia dol grupo ser - v3 (1)
Guia  dol   grupo ser - v3 (1)Guia  dol   grupo ser - v3 (1)
Guia dol grupo ser - v3 (1)
 
Tarefa etapa2 claudine-alvarenga-silva
Tarefa etapa2 claudine-alvarenga-silvaTarefa etapa2 claudine-alvarenga-silva
Tarefa etapa2 claudine-alvarenga-silva
 
Guia de orientação para aare v1 revisado
Guia de orientação para aare v1 revisadoGuia de orientação para aare v1 revisado
Guia de orientação para aare v1 revisado
 
Caminho metodológico experimentação
Caminho metodológico experimentaçãoCaminho metodológico experimentação
Caminho metodológico experimentação
 
Monografia Pós Graduação EaD
Monografia Pós Graduação EaDMonografia Pós Graduação EaD
Monografia Pós Graduação EaD
 
Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...
Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...
Institucionalização (Sistemática) das representações sociais sobre a deficiêN...
 
eBook - Educacao Inclusiva.pdf
eBook - Educacao Inclusiva.pdfeBook - Educacao Inclusiva.pdf
eBook - Educacao Inclusiva.pdf
 
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIATORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
 
Ação formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveira
Ação formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveiraAção formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveira
Ação formação continuada profatendimentoespecializado giovanar_oliveira
 
Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?
Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?
Que Universidade na Era das Pedagogias Emergentes?
 
Apresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento cursoApresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento curso
 
Apresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento cursoApresent sobre o encerramento curso
Apresent sobre o encerramento curso
 

Mais de Gilvandenys Leite Sales

Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal
Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal
Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal Gilvandenys Leite Sales
 
Dimensionamento geral de bombas linha de bombeamento
Dimensionamento geral de bombas   linha de bombeamentoDimensionamento geral de bombas   linha de bombeamento
Dimensionamento geral de bombas linha de bombeamentoGilvandenys Leite Sales
 
Ensino sob Medida e Sala de Aula Invertida
Ensino sob Medida e Sala de Aula InvertidaEnsino sob Medida e Sala de Aula Invertida
Ensino sob Medida e Sala de Aula InvertidaGilvandenys Leite Sales
 
Adeus provas chatas metodologias ativas peer instruction
Adeus provas chatas metodologias ativas peer instructionAdeus provas chatas metodologias ativas peer instruction
Adeus provas chatas metodologias ativas peer instructionGilvandenys Leite Sales
 
Avaliacão Formativa no Moodle por Learning Vectors
Avaliacão Formativa no Moodle por Learning VectorsAvaliacão Formativa no Moodle por Learning Vectors
Avaliacão Formativa no Moodle por Learning VectorsGilvandenys Leite Sales
 
Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020
Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020
Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020Gilvandenys Leite Sales
 
Planejamento para o ensino e a aprendizagem
Planejamento para o ensino e a aprendizagemPlanejamento para o ensino e a aprendizagem
Planejamento para o ensino e a aprendizagemGilvandenys Leite Sales
 
GIFs Aplicados na Avaliação formativa no Moodle
GIFs Aplicados na Avaliação formativa no MoodleGIFs Aplicados na Avaliação formativa no Moodle
GIFs Aplicados na Avaliação formativa no MoodleGilvandenys Leite Sales
 
Prof denys sales interactive computer worldcist 17
Prof denys sales  interactive computer worldcist 17Prof denys sales  interactive computer worldcist 17
Prof denys sales interactive computer worldcist 17Gilvandenys Leite Sales
 
Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017
Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017
Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017Gilvandenys Leite Sales
 
Prof Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagem
Prof Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagemProf Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagem
Prof Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagemGilvandenys Leite Sales
 
Regras de convivência parc cézanne 2015
Regras de convivência parc cézanne 2015Regras de convivência parc cézanne 2015
Regras de convivência parc cézanne 2015Gilvandenys Leite Sales
 

Mais de Gilvandenys Leite Sales (20)

Reflexão da luz espelhos planos
Reflexão da luz espelhos planosReflexão da luz espelhos planos
Reflexão da luz espelhos planos
 
Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal
Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal
Etapas do pré-processamento de produtos de origem vegetal
 
Dimensionamento geral de bombas linha de bombeamento
Dimensionamento geral de bombas   linha de bombeamentoDimensionamento geral de bombas   linha de bombeamento
Dimensionamento geral de bombas linha de bombeamento
 
Ensino sob Medida e Sala de Aula Invertida
Ensino sob Medida e Sala de Aula InvertidaEnsino sob Medida e Sala de Aula Invertida
Ensino sob Medida e Sala de Aula Invertida
 
Adeus provas chatas metodologias ativas peer instruction
Adeus provas chatas metodologias ativas peer instructionAdeus provas chatas metodologias ativas peer instruction
Adeus provas chatas metodologias ativas peer instruction
 
Avaliacão Formativa no Moodle por Learning Vectors
Avaliacão Formativa no Moodle por Learning VectorsAvaliacão Formativa no Moodle por Learning Vectors
Avaliacão Formativa no Moodle por Learning Vectors
 
Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020
Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020
Contrato didático Jornada de Metodologias Ativa_2020
 
Planejamento para o ensino e a aprendizagem
Planejamento para o ensino e a aprendizagemPlanejamento para o ensino e a aprendizagem
Planejamento para o ensino e a aprendizagem
 
Normas para Produtos de Origem Animal
Normas para Produtos de Origem AnimalNormas para Produtos de Origem Animal
Normas para Produtos de Origem Animal
 
Leite: ser ou não ser? Eis a questão!
Leite: ser ou não ser? Eis a questão!Leite: ser ou não ser? Eis a questão!
Leite: ser ou não ser? Eis a questão!
 
GIFs Aplicados na Avaliação formativa no Moodle
GIFs Aplicados na Avaliação formativa no MoodleGIFs Aplicados na Avaliação formativa no Moodle
GIFs Aplicados na Avaliação formativa no Moodle
 
Avaliar é uma arte
Avaliar é uma arteAvaliar é uma arte
Avaliar é uma arte
 
Moodle moot anais 2010
Moodle moot anais 2010Moodle moot anais 2010
Moodle moot anais 2010
 
Prof denys sales interactive computer worldcist 17
Prof denys sales  interactive computer worldcist 17Prof denys sales  interactive computer worldcist 17
Prof denys sales interactive computer worldcist 17
 
Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017
Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017
Prof Denys Sales Flipped Classroom worldcist 2017
 
Prof Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagem
Prof Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagemProf Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagem
Prof Denys Sales - Para onde caminha o ensino e a aprendizagem
 
Salade aula invertida e fórum moodle
Salade aula invertida e fórum moodleSalade aula invertida e fórum moodle
Salade aula invertida e fórum moodle
 
Denys sales FGF para onde caminha a ead
Denys sales FGF para onde caminha a eadDenys sales FGF para onde caminha a ead
Denys sales FGF para onde caminha a ead
 
O que é um Mapa Conceitual
O que é um Mapa Conceitual O que é um Mapa Conceitual
O que é um Mapa Conceitual
 
Regras de convivência parc cézanne 2015
Regras de convivência parc cézanne 2015Regras de convivência parc cézanne 2015
Regras de convivência parc cézanne 2015
 

Último

"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppthistoria Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.pptErnandesLinhares1
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 

Último (20)

CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppthistoria Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 

Análise Flipped Classroom Fórum Moodle EaD

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC INSTITUTO UNIVERSIDADE VIRTUAL – UFC VIRTUAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE SOBRAL 2016
  • 2. FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE Monografia apresentada a Especialização em Educação a Distância do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Educação a Distância. Orientador: Prof. Dr. Gilvandenys Leite Sales. Co-orientadora: Prof. MSc Alexandra Joca Gonçalves SOBRAL 2016
  • 3. FABRÍCIA ROCHA DE MENEZES FARIAS SALA DE AULA INVERTIDA OU FLIPPED CLASSROOM: UMA ANÁLISE DE SUA APLICAÇÃO EM FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA MOODLE Monografia apresentada a Especialização em Educação a Distância junto ao Instituto Universidade Virtual - UFC Virtual, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Educação a Distância. Aprovada em 17 de novembro de 2016, pela banca examinadora constituída pelos professores: Prof. Dr. Gilvandenys Leite Sales (Orientador) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Prof. MSc Alexandra Joca Gonçalves (Co-orientadora) Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC) Prof. MSc Eliana Alves Moreira Leite (SME) Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza
  • 4. A Jesus Cristo, por sua Divina Misericórdia em minha vida. A meus pais, Vicente (in memorian) e Dolores, por acreditar em minhas potencialidades.
  • 5. AGRADECIMENTOS Ao meu querido esposo Edmilson Farias, pelo incentivo e companheirismo, aos meus filhos Gabriel e Enya, pelo amor gratuito. À minha amiga Cilene Maria Freitas, pelos incentivos sempre e contribuições em todos os meus trabalhos acadêmicos. À todos os professores do Curso de Especialização em Educação a Distância, em especial aos queridos Adriano Silveira Machado e Eliana Alves Moreira Leite pelos conhecimentos proporcionados. À coordenação do Curso de Especialização em Educação a Distância, em nome do prof. Francisco Herbert Lima Vasconcelos e do prof. Nelson Vasconcelos. À também querida profª Maria José Araújo Souza, pela disponibilidade e conversas quando esta pesquisa ainda estava tão obscura em minha mente. Aos meus queridos e companheiros de muitos trabalhos em colaboração Alex Martins, Geórgia Clara, Neuton Júnior e Alemilda Aragão, pela troca de saberes. À Alexandra Joca, por sua gentileza e disponibilidade a cada solicitação e à Siany Góes, por sua colaboração em dados da pesquisa. Ao meu querido orientador, prof. Denys Sales, por seus incentivos e tão sábias contribuições à minha pesquisa.
  • 6. ―Se protegêssemos os cânions contra as tormentas, jamais veríamos a beleza de seus entalhes.‖ (Elizabeth Klüber-Rossi)
  • 7. RESUMO Diante dos recursos atuais incrementados pelas tecnologias digitais, não se pode mais conceber que em processos ensino-aprendizagem, estes não se façam presentes, entretanto, faz-se necessário adequar metodologias às suas aplicações. Nesta pesquisa propõe-se uma análise das Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, que visam colaborar para o estudante perceber-se responsável pela construção do próprio conhecimento, promovendo sua autonomia e mobilizando suas habilidades cognitivas para transformá-las em conhecimentos conectados com a realidade em que está inserido. Assim, o estudo teve como objetivo avaliar o uso da Sala de Aula Invertida como metodologia pedagógica na Educação a Distância - EaD, exclusivamente no Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA Moodle, e foi realizado junto à 1ª turma da Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará - UFC. Os dados foram coletados por meio da disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância no AVA Help Class Online, com maior relevância às informações do fórum de discussão da Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação, e da observação e participação da autora, como aluna da referida disciplina. Os resultados possibilitaram reconhecer os referenciais teóricos da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, bem como os pilares/princípios que as sustentam (Ambiente Flexível, Cultura de Aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado), e se os mesmos foram empregados no planejamento e estruturação do fórum de discussão abordado nesta pesquisa. Destacaram-se, ainda, as potencialidades e dificuldades no uso destas Metodologias Ativas no processo ensino-aprendizagem na EaD. Por meio deste estudo, pode-se verificar que o fórum de discussão analisado não utilizou, em seu planejamento e estruturação, a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida nem o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, pois não seguiu os referenciais teóricos, nem os pilares pedagógicos, sugeridos por seus idealizadores, mas sim, outros referenciais que não os expostos nesta pesquisa. Palavras-chaves: Metodologia Ativa; Educação a Distância; Sala de Aula Invertida.
  • 8. ABSTRACT Faced with all the current resources applied by the digital Technologies, It is not acceptable anymore that in learning-teaching process, these resources are not used, however, it is necessary to make some methodological adjustments when it is applied. In this research it is proposed the analysis of Flipped Classroom methodologies and Inverted method of learning, which it aims to encourage students to notice that they are responsible for their own learning, providing their autonomy and putting into practice their cognitive abilities in order to turn into connected knowledge with the reality they are in. The research had as a goal to evaluate the use of Flipped classroom as a pedagogical methodology in the Distance Learning (EAD), mainly in the Virtual Interface of learning – AVA Moodle, and it was developed with the first Specialization (course) group in Distance Learning from the Federal University of Ceará (UFC). The information were taken through the Educational Evaluation in Distance learning subject in the AVA Help Class Online, giving more relevance to the information regarded to the discussion forum from class 3 – Current conception of Evaluation, in addition involvement and observation of the subject author. The results enabled to know the theories regarded to Flipped classroom and its methods, as well as its principles (Flexible interface, learning culture, intentional content or directed and qualified educator), and if the same were applied in the forum planning developed in this subject. It is still highlighted the capabilities and difficulties in the use of these methodologies in learning-teaching process in Distance learning (EAD). It is possible to check out that in the forum discussion analyzed were not used the Flipped classroom methodology neither the inverted method of learning, since the theories were not followed, neither the pedagogical bases, which were suggested by their creators, but rather, another references that are not exposed in this research. Keywords: Active Methodology; Distance Learning; Flipped Classroom
  • 9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Taxonomia de Bloom ................................................................................27 Figura 2 - Taxonomia de Bloom baseada no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio.................................................................................................29 Figura 3: Objetivos de Aprendizagem para a Unidade Didática Teoria Atômica utilizando a Taxonomia de Bloom.............................................................30 Figura 4 - Apresentação da disciplina no AVA Help Class Online.............................41 Figura 5 - Apresentação da Aula 3 no AVA Help Class Online .................................42 Figura 6 - Mensagem enviada por Tutor 1 ................................................................44 Figura 7 - Mensagem enviada por Tutor 2 ................................................................44 Figura 8 - Estudantes inscritos na disciplina .............................................................45 Figura 9 - Divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum de discussão....46 Figura 10: Perguntas norteadoras do Fórum nos Pequenos Grupos........................47 Figura 11: Perguntas norteadoras do Fórum Geral - Todos os participantes............47 Figura 12 - Comentário do Aluno 1 do Grupo 11.......................................................50 Figura 13 - Comentário do Aluno 2 do Grupo 9.........................................................50 Figura 14 - Comentário do Aluno 3 do Grupo Fórum Geral ......................................50 Figura 15: Verbo de ação utilizado nas perguntas norteadoras nos Pequenos Grupos ........................................................................................................................56 Figura 16 - Verbo de ação utilizado no questionamento para o Fórum Geral - Todos os participantes...............................................................................................57 Quadro 1 - Número de estudantes por grupo............................................................45 Gráfico 1 – Número de participações do Tutor 2 nas discussões com os grupos.....54
  • 10. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 2 AS METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO...................................................16 3 A METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) ............................................................................................................................20 3.1 Surgimento da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)................................20 3.2 Caracterização da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) ..........................22 3.3 A mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio .............24 3.4 Aporte Teórico para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio........26 3.5 Pilares/Princípios Pedagógicos das Metodologias..............................................30 4 A SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .............................................................................................................34 4.1 O Fórum de Discussão na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio..................................................................................36 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................40 5.1 Caracterização da Pesquisa................................................................................40 5.2 A proposta da Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da Aula 3 .............43 6 ANÁLISE E DISCUSSÕES ....................................................................................49 6.1 Análise do Fórum quanto aos Pilares/Princípios da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio .................................................49 6.1.1 Análise quanto a Flexibilidade do Ambiente.....................................................49 6.1.2 Análise quanto a Cultura de Aprendizagem .....................................................51 6.1.3 Análise quanto ao Conteúdo Intencional ou Dirigido........................................52 6.1.4 Análise quanto ao Educador Qualificado..........................................................53 6.2 Análise do Fórum quanto aos referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom.....55 6.3 Identificação das potencialidades e dificuldades no uso da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio .........................................58 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................60 REFERÊNCIAS .......................................................................................................62
  • 11. 10 1 INTRODUÇÃO No mundo contemporâneo, o imediatismo, a globalização, a necessidade de constante atualização, a enxurrada de informações, as modificações nos campos social, político, cultural e econômico e a comunicação vêm provocando mudanças nas relações entre os seres humanos e destes com o meio em que vive. Essas relações são cada vez mais incrementadas e influenciadas pelo uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC, enfatizando a internet e suas redes sociais. Essas transformações no mundo globalizado acabam por exigir o perfil de um profissional mais competente, mais informado e mais dinâmico, que possa competir nesta sociedade. A internet vem possibilitando a inserção das tecnologias na educação, interferindo no modo de aprender e ampliando o espaço da sala de aula. Por meio dela podemos aprender em qualquer lugar, de variadas formas e com a colaboração de diferentes pessoas. Impulsionada pela internet, a Educação a Distância - EaD vem, cada vez mais, conquistando espaço no cenário educativo. Modalidade esta que rompe com os limites físicos e temporais do aprendizado e possibilita ao indivíduo buscar uma qualificação profissional e/ou acadêmica, proporcionando inovações ao processo educacional. Através do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, a EaD no Brasil é definida no: Art. 1º. Para os fins deste Decreto, caracteriza--se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005) A EaD, utilizando-se da internet e das TDIC, vem permitindo cada vez mais transformar a educação, possibilitando ser realizada totalmente a distância ou de forma híbrida - blended learning ou b-learning, ou seja, mescla momentos em espaços presenciais e virtuais, utilizando-se, por vezes, de Ambientes Virtuais de Aprendizagem - AVA. Essa forma de EaD, também intitulada b-learning ou
  • 12. 11 aprendizagem híbrida, combina métodos de ensino-aprendizagem presencial e a distância, caracterizando, assim, o ensino híbrido por: (...) um programa de educação formal no qual um aluno aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino online, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p.7). No contexto atual, onde se vive e convive numa sociedade altamente conectada, o modo como os indivíduos aprendem também vem se modificando. A aquisição de conhecimentos não acontece de forma linear e formal, mas com a interação e colaboração em rede. O mesmo acontece com o ensinar, onde os espaços de aprendizagem estão permeados por tecnologias. Cada vez mais o b-learning vem se fazendo presente no cotidiano. Diante disso, faz-se necessário dinamizar o processo educacional integrando novos modelos pedagógicos que estejam ancorados nos quatros pilares da educação do século XXI que, segundo Delors (2012), são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a ser. Mediante as competências e habilidades desenvolvidas no âmbito educacional o estudante tem a possibilidade de construir seu conhecimento, como também realizar mudanças comportamentais e atitudinais para a vida em comunidade. Dentre as possibilidades de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais próximo da realidade e que atenda as competências necessárias ao novo perfil do estudante, faz-se necessário e urgente reelaborar novas práticas, por meio de metodologias que instiguem à um sujeito mais proativo, mais autônomo, crítico e reflexivo sobre os desafios impostos pela sociedade contemporânea, de onde se identifica a necessidade da implantação de metodologias ativas. Para tanto, a inserção de metodologias ativas aproximam a formação do indivíduo com sua realidade de vida, transformando as informações adquiridas ao longo do processo formativo em conhecimentos significativos, que colaboram para o desenvolvimento de uma consciência crítica, articulando teoria e prática. Logo, as
  • 13. 12 metodologias ativas possibilitam ao estudante entrar em contato com problemas e desafios cotidianos da realidade, em que o aluno é o protagonista central, responsável pelo seu caminhar na busca do conhecimento. Já o professor, manifesta-se como um facilitador das experiências referentes ao processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Lopes (2015, p. 352), O conceito de metodologia ativa está fundamentado nas ideias de John Dewey, desde a década de 1930, sobre aluno ativo e construção do conhecimento em situações que superem a tradicional aula expositiva, em que a finalidade é reprodução e memorização do conteúdo de ensino. O professor deixa de ser o centro do processo, o detentor do conhecimento, e passa a ser aquele que facilita a aprendizagem. O foco passa a ser o aluno, suas necessidades e interesses. A discussão sobre ―como se ensina‖ faz sentido apenas quando inserida em outra, mais ampla, sobre ―como se aprende‖. Utilizar-se de metodologias ativas no contexto da EaD, em especial em AVA, é fazer uso das ferramentas disponíveis com a finalidade de buscar um aprendizado mais autônomo e inovador, onde a aprendizagem significativa é o ponto de partida de todo o planejamento do processo de ensino-aprendizagem. Os AVA proporcionam a interação e a colaboração dos indivíduos na construção do conhecimento, formando uma rede de saberes. Para Santos (2005), ―um AVA é um espaço que proporciona a significação onde indivíduos e objetos técnicos se relacionam, possibilitando a construção do conhecimento, e, consequentemente, a aprendizagem‖. Para Almeida (2003, p.331), os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) são: (...) sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. O AVA oferece suporte ao processo ensino-aprendizagem como plataforma que integra ferramentas tecnológicas (síncronas e assíncronas) que viabilizam o aprendizado. Como ferramentas síncronas, pode-se destacar o chat e a
  • 14. 13 videoconferência, e como ferramentas assíncronas tem-se a tarefa, o wiki, o correio, o fórum de discussão, entre outras. Dentre as diversas plataformas de educação a distância utilizadas em instituições de ensino abordar-se-á o Moodle nesta pesquisa, que, segundo Costa Neto (2013 apud Giraldo et al., 2013), é o AVA mais utilizado no Brasil e no mundo. Citando Ribeiro e Mendonça (2007, p. 10), O Moodle permite a adequação das necessidades das instituições e dos usuários, isto acontece por ser um ambiente open source que ao ser utilizado e modificado por várias pessoas do mundo recebe contribuições de melhorias e novas ideias de funcionalidade, ajudando para o aperfeiçoamento do sistema. Na dinâmica diferenciada para construção do conhecimento a que se propõem os AVA, a proposta de inserção da metodologia ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom, como metodologia pedagógica a ser utilizada em fóruns de discussão, é abordada neste estudo. De acordo com Santos (2005, p. 228), os fóruns de discussão são interfaces de comunicação assíncrona, pois permitem o registro e a partilha das narrativas e sentidos entre os sujeitos envolvidos. Emissão e recepção se imbricam e se confundem permitindo que a mensagem circulada seja comentada por todos os sujeitos do processo de comunicação. Por sua característica assíncrona e colaborativa, o estudante tem um tempo de reflexão maior em suas postagens e possibilita a realização de pesquisas que venham a contribuir com a construção e reconstrução do seu conhecimento. A inserção da Sala de Aula Invertida na EaD possibilita utilizar-se dos benefícios de uma metodologia já empregada no ensino presencial, como despertar a curiosidade e pró-atividade do estudante, sua autonomia e aprendizagem contínua. Neste estudo, propõe-se analisar a utilização da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida, ou Flipped Classroom, em um fórum de discussão do AVA Moodle. Delimitou-se a pesquisa a partir da percepção dos alunos e professores da Disciplina de Avaliação Educacional em Educação a Distância, do Curso de Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará - UFC.
  • 15. 14 Considerando a contemporaneidade do uso dos AVA como suporte a EaD e a inquietação em conhecer quais princípios e referenciais teóricos a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida deve apresentar, visando potencializar o processo de ensino-aprendizagem em fórum de discussão, justifica a realização do estudo. Reconhecendo a importância da Sala de Aula Invertida para a construção da autonomia do estudante, entende-se que a utilização adequada de seus princípios potencializará o processo ensino-aprendizagem na EaD, de modo a conceber condições favoráveis para que o estudante assuma o papel de protagonista na busca do seu conhecimento. Nesse contexto, o presente estudo busca responder aos seguintes questionamentos: Por que inserir as Metodologias Ativas na Educação? Como funciona a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom na EaD? Quais os pilares dessa metodologia e os referenciais teóricos? Esses pilares e referenciais teóricos foram seguidos na construção do fórum de discussão utilizando a Sala de Aula Invertida? Deste modo, a pesquisa apresenta como objetivo geral: Avaliar o uso da Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom como metodologia pedagógica na EaD, em especial, no fórum de discussão do AVA Moodle. Como caminhos para se atingir tal meta, traçam-se os seguintes objetivos específicos: ● Identificar como a metodologia funciona na EaD; ● Identificar os pilares e os referenciais teóricos da Sala de Aula Invertida; ● Descrever sua utilização em fórum de discussão no AVA Moodle; ● Descrever sua utilização no fórum de discussão da referida disciplina; ● Identificar potencialidades e dificultadores no uso da Sala de Aula Invertida na EaD. O envolvimento com a temática se deu na utilização das metodologias ativas na docência de cursos técnicos, em experiências passadas de ensino e a curiosidade de sua incorporação em cursos na modalidade EaD. Além disso, faz parte do cotidiano de trabalho com a EaD, no que concerne em colaborar com o planejamento e tutoria de cursos a distância e administrar o AVA Moodle da escola em que se exerce funções de docente e administração do ambiente.
  • 16. 15 Este trabalho está organizado em seis capítulos que serão, resumidamente, apresentados a seguir: No primeiro capítulo, delineia-se sobre a Metodologia Ativa, seu surgimento e alguns autores que a defendem. Elencam-se, ainda, algumas metodologias ativas empregadas na educação e em outras áreas, como a saúde. No segundo capítulo, aborda-se sobre a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom, expondo sobre seu surgimento e caracterização. Aborda também sobre os pilares/princípios que sustentam a metodologia e o aporte teórico utilizado para sua criação e sua transformação para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. A apresentação da utilização da Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom na EaD faz-se no terceiro capítulo, bem como sua inserção no fórum de discussão do AVA Moodle. Visualizam-se os procedimentos metodológicos da pesquisa no quarto capítulo, o qual mostrará a aplicação da metodologia Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom em um dos fórum de discussão utilizado na disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância, do Curso de Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará (UFC). Discutem-se os resultados no capítulo quinto, o qual fará análises do uso do referencial teórico abordado pelos seus idealizadores e a utilização de seus pilares/princípios na implantação da metodologia pelo docente. Por fim, no sexto capítulo, traz-se as considerações finais do trabalho e as possibilidades de investigações posteriores.
  • 17. 16 2 AS METODOLOGIAS ATIVAS E A EDUCAÇÃO A educação contemporânea vem apontando que já não bastam somente informações e conteúdos ministrados na escola para a formação do indivíduo de forma integrada e efetiva para a vida em sociedade. Faz-se necessário o desenvolvimento, no âmbito escolar, de habilidades e competências que englobem o indivíduo como um todo, desenvolvendo sua capacidade cognitiva e o seu agir com as informações recebidas ao longo do processo, transformando-as em conhecimentos conectados com o mundo. A formação do estudante visa a aplicação dos conhecimentos adquiridos no ambiente educacional na resolução de situações em sua vida profissional e em sociedade, onde as competências relacionadas ao profissional contemporâneo vem se transformando rapidamente e os conhecimentos tornando-se defasados. Em virtude disso, torna-se essencial a utilização de metodologias que proporcionem ao estudante a busca de sua autonomia no aprender a aprender. Visando reestruturar a educação com estratégias pedagógicas que desenvolvam uma educação transformadora, que colaborem para a formação de um sujeito autônomo, capaz de utilizar-se dos conhecimentos adquiridos para modificar a sociedade em que está inserido, é que professores, que antes dominavam e controlavam o conhecimento dentro do ambiente educacional, estão oportunizando aos estudantes o papel de protagonistas do processo ensino-aprendizagem, por meio de metodologias ativas. Segundo Rosso e Taglieber (1992), ―as metodologias ativas são processos que possibilitam fluir naturalmente o ímpeto e a energia, próprios do desenvolvimento cognitivo e a vontade natural de aprender do estudante, direcionando-o à aprendizagem‖. De acordo com Berbel (2011), as bases para a utilização de metodologias ativas surgem com a Escola Nova, proposta por John Dewey (1859-1952), filósofo, psicólogo e pedagogo norte-americano. Segundo Dewey, o ideal pedagógico da Escola Nova difunde que o estudante aprende pela ação, aprende fazendo, e pregava métodos ativos de ensino e centrados no aluno.
  • 18. 17 Rosso e Taglieber (1992) trazem a contribuição de Piaget para as metodologias ativas, na obra intitulada Psicologia e Pedagogia (1980), onde o psicólogo e filósofo faz a análise de novos métodos de ensino e indica a necessidade de métodos ativos nos processos educativos. Experiências realizadas há mais de 30 anos, no Canadá (em MacMaster) e na Holanda (em Maastricht), em Escolas Médicas para países da África, Ásia e América Latina, são exemplos exitosos de utilização das metodologias ativas na formação de profissionais da área da saúde, em especial a metodologia Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning - PBL). No Brasil, a experiência na formação de Auxiliares de Enfermagem em Minas Gerais e no Rio de Janeiro já vem ocorrendo há duas décadas (BERBEL, 1998). A proposta de inserção de metodologias ativas na educação é tornar o processo educativo mais dinâmico, atraente para os alunos e possibilitar novas formas de desenvolver o processo de aprender, em que o estudante é protagonista no seu processo de formação, sendo confrontado com experiências reais ou simuladas, que vão exigir do mesmo a mobilização de seu potencial cognitivo à busca de soluções. Segundo Mitre et al. (2008, p. 2137) ―o estudante precisa assumir um papel cada vez mais ativo, descondicionando-se da atitude de mero receptor de conteúdos, buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos objetivos da aprendizagem‖. Paulo Freire (2006) e Berbel (2011) são defensores do uso das metodologias ativas. Ressaltam que, por meio destas, o estudante desenvolve sua autonomia, isto é, passa de sujeito passivo e receptor, para um sujeito ativo que aprende superando desafios, resolvendo problemas e construindo novos conhecimentos a partir de experiências previamente adquiridas ao longo de sua vida escolar ou social. Segundo Clemente e Moreira (2014), o pedagogo e filósofo Paulo Freire (1983) defende a utilização das metodologias ativas na educação de adultos quando percebe que é a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção do conhecimento, ancorados a partir dos conhecimentos prévios do sujeito, que impulsionam sua aprendizagem.
  • 19. 18 Em aparte aos conceitos abordados por Freire e a educação presencial, verifica-se a estreita relação dos mesmos com a EaD, a qual, frequentemente, é adotada como modalidade de ensino-aprendizagem do público adulto, reportando-se à andragogia (ciência que estuda a educação do adulto) para apoiar seus métodos pedagógicos e o desenvolvimento da autonomia, tão necessário ao estudante da EaD. Esses conceitos reforçam a inserção de metodologias ativas na promoção de um aluno autônomo e ativo na construção de seu aprendizado, como os inferidos pelos benefícios ocasionados pela inserção de problemas que remetam à situações reais, onde são considerados os conhecimentos prévios do estudante. Visando proporcionar uma aprendizagem mais autônoma aos estudantes, Berbel (2011) propõe algumas metodologias ativas que atendem a esse propósito: ● Estudo de caso – Ao estudante são propostos problemas para análise que levem a tomada de decisões; ● Método de projetos – Modalidade que associa atividades de ensino, pesquisa e extensão, aproximando o aluno da sua realidade cotidiana; ● Pesquisa científica – Encorajada junto a estudantes de ensino superior, onde os mesmos são inseridos como colaboradores em projetos de professores, estabelecendo uma parceria que possibilita um conhecimento mais elaborado; ● Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning - PBL) – Modalidade que possibilita ao aluno estudar diversas situações buscando se capacitar na aquisição do conhecimento autônomo para a resolução de situações problemas reais. É uma metodologia formativa, pois estimula uma atitude ativa do estudante em busca do conhecimento e não somente a absorção de informações. ● Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez – Possibilita colocar em prática uma pedagogia problematizadora, em que o estudante vai seguindo etapas (observação da realidade e definição de um problema, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade) para alcançar a capacidade de se tornar um agente transformador da sociedade. A problematização estimula o estudante a
  • 20. 19 fazer a relação prática-teoria-prática, considerando durante o processo ensino-aprendizagem a realidade social. As Metodologias Ativas citadas acima, dentre outras, a saber: gamificação da sala de aula, Flipped Classroom e Peer Instruction- PI, objetivam aproximar o discente de desafios e problemas que mobilizem seu poder cognitivo para o enfrentamento de situações reais, formando-o para o pensamento crítico e reflexivo e, consequentemente, um posicionamento ético em sociedade. Na seção a seguir, delineia-se sobre o alcance da Metodologia Ativa objeto desta pesquisa.
  • 21. 20 3 A METODOLOGIA ATIVA SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) Nesta seção, aborda-se sobre a metodologia Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom: surgimento, caracterização, a mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio e seu aporte teórico e, por fim, os pilares/princípios que a sustentam. 3.1 Surgimento da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) Alguns autores trazem referências sobre as experiências iniciais com a Sala de Aula Invertida. Fonseca et al. (2015) aborda, inicialmente, o princípio da metodologia a partir da experiência de Walwoord e Johnson Anderson, que já em 1998, antecipadamente ao trabalho em sala, utiliza-se de ensaios e questionários para a inserção do conteúdo em casa. Em sala de aula, o docente buscava uma aprendizagem ativa dos estudantes, na análise e resolução de problemas. Valente (2014) considera que a proposta inicial foi apresentada por Lage, Platt e Treglia (2000) e designada de ―inverted classroom‖ e usada pela primeira vez em 1996, numa disciplina de Microeconomia. Os resultados da experiência foram publicados em 2000, entretanto a metodologia não foi disseminada. Um dos fatores foi a dificuldade de preparação do material a ser utilizado pelo aluno quando se encontrasse fora da sala de aula, atentando para os primórdios de desenvolvimento e disseminação da tecnologia, na década de 90. Trevelin et al. (2013), Cordeiro (2014), Schneider (2013) e Barbosa et al. (2015) atribuem a proposta inicial da Sala de Aula Invertida à Jonathan Bergmann e Aaron Sams, em 2008, com a nomenclatura Flipped Classroom. Bergmann e Sams (2016), da escola de Química denominada Woodland Park High School, no Colorado, Estados Unidos, começaram a utilizar outras estratégias para recuperar aulas perdidas por alunos, os quais necessitavam ausentar-se por um período de tempo maior. Os referidos professores começaram a gravar aulas e disponibilizar para o acesso aos estudantes, que, dessa forma, não seriam prejudicados e conseguiriam acompanhar o restante da turma. Após a
  • 22. 21 visualização dos vídeos, os estudantes teriam um momento presencial para encontro junto aos professores com o objetivo de sanar possíveis dúvidas (SCHNEIDER et al., 2013). A experiência inicial teve tanto êxito que Bergmann e Sams decidiram inverter a lógica de suas aulas e disponibilizar os vídeos para todos os seus alunos. Assim, os discentes acessariam o conteúdo da aula exposto por meio de vídeos, em qualquer lugar e a qualquer momento, e, posteriormente, encontrar-se-iam com os professores para abordar o conteúdo da aula de forma mais aprofundada e complexa, aplicando-o em situações reais do cotidiano (SCHNEIDER et al., 2013). A inversão da sala de aula, propriamente dita, pela utilização de vídeos on-line, surge de uma reflexão de Sams sobre em que momento os estudantes necessitavam essencialmente da presença física do educador, que acontecia com o surgimento de dúvidas e, não, para a exposição do conteúdo em si. A partir de então, os referidos professores passaram a sugerir os vídeos aos alunos para serem assistidos em casa, e o tempo em sala de aula era utilizado para atividades práticas de laboratório e trabalhos com resolução de problemas de ciências. Dessa proposta, nasceu a Sala de Aula Invertida (BERGMANN; SAMS, 2016). Percebe-se que surgiram experiências anteriores a Bergmann e Sams. A Khan Academy (www.khanacademy.org), hoje uma instituição que disponibiliza na internet vídeo-aulas de diversos conteúdos educacionais (matemática, física, química, entre outros) para jovens e adultos, também surgiu com a iniciativa de seu idealizador Salman Khan, em 2004, com gravações de vídeos que colaborassem nos conteúdos escolares de sua prima, pois permitiria sua visualização por várias vezes, para dirimir dúvidas (TREVELIN et al., 2013). Porém, a percepção de visualizar a Sala de Aula Invertida como uma nova estratégia no processo ensino-aprendizagem foi mesmo dos professores Bergmann e Sams, inclusive fundando uma organização sem fins lucrativos (sítio na rede mundial) para disseminar a metodologia: a Flipped Learning Network, que dá indicações para docentes na utilização da Sala de Aula Invertida.
  • 23. 22 3.2 Caracterização da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) A ideia da Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom é, como a nomenclatura sugere, justamente inverter a prática tradicional e expositiva da sala de aula. Utilizam-se das TDIC para disponibilizar o conteúdo a ser estudado anteriormente a explanação do professor, modificando a maneira do aluno aprender, ou seja, invertendo-a. A proposta colabora para a busca do conhecimento de maneira mais autônoma e ativa, otimizando o tempo de encontro com o docente e seus pares, no intuito de promover discussões mais complexas; como também realizar atividades que remetam a situações reais, onde o estudante tem a possibilidade de colocar em prática o conhecimento adquirido para a solução de problemas. De acordo com a organização Flipped Learning Network, A aprendizagem invertida é uma abordagem pedagógica em que a instrução direta se move da dimensão da aprendizagem em grupo para a dimensão da aprendizagem individual, transformando o espaço do grupo em um ambiente de aprendizado dinâmico e interativo no qual o facilitador orienta os alunos na aplicação de conceitos e envolvimento criativo com o conteúdo do curso. Grande parte dos artigos referenciados neste estudo utilizam a nomenclatura Sala de Aula Invertida (SCHNEIDER et al., 2013) (BARBOSA et al., 2015) (VALENTE, 2014). Cordeiro (2014) opta pelo uso da Flipped Classroom como Aula Invertida, e, Fonseca et al. (2015) a intitula de Aprendizagem Invertida. Qualquer que seja a terminologia utilizada para fazer referência a metodologia, a mesma só acontece se o processo educativo for centrado no estudante. O professor não mais desempenha o papel de transmissor de informações, agora ampara os discentes na busca ativa da construção do conhecimento. Apesar dos idealizadores utilizarem-se de vídeos para inverter a sala de aula, professores podem se utilizar de outras mídias que busquem atingir os mesmos objetivos: do aluno se apropriar do conteúdo anteriormente ao momento presencial da aula com o grupo e com o professor. Dessa forma, o tempo de sala de aula que seria para expor o conteúdo, agora, é utilizado para realização de
  • 24. 23 atividades mais úteis e envolventes, visando centralizar a sala de aula na aprendizagem e no aluno. Por outro lado, a adoção da Sala de Aula Invertida possibilitaria, ainda, aos estudantes ter mais tempo livre para criar seu próprio conteúdo - blogs, produção de vídeos, criação de podcasts e outros produtos educacionais - e demonstrar conhecimento adquirido sobre diversos tópicos, que revelem a aquisição dos objetivos de aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016). Devido ao aluno se apropriar, anteriormente, do conteúdo proposto pelo professor, esse apoderamento acontece no seu ritmo, o que possibilita analisar de forma mais minuciosa suas potenciais dificuldades, para no momento do encontro com o grupo e com o professor, expor suas dúvidas e poder dispor da ocasião para relacionar o conteúdo teórico a prática, ou seja, à situações reais de aprendizagem. Essencialmente por esse intuito, a aprendizagem torna-se personalizável. De acordo com Trevelin et al. (2013 apud BERGMANN, OVERMYER e WILIE, 2012), para além de simples gravação e visualização de vídeos, a Sala de Aula Invertida promove a interação entre docentes e discentes; promove a autonomia dos estudantes, que passam a ser responsáveis por seu próprio aprendizado; impulsiona a aprendizagem construtivista e oferece aos estudantes um conteúdo que permite ser acessado quando e quantas vezes o mesmo sentir necessidade. Valente (2014 apud Educase, 2012) aponta que a Sala de Aula Invertida proporciona ao aluno um estudo anterior ao momento da aula e, desse modo, torna- a um ambiente de aprendizagem mais ativo, que pode ser utilizado para aprofundamentos sobre o tema proposto e resolução de atividades práticas, ou seja, tarefas que necessitem de maior carga cognitiva. Corroborando com os autores citados acima, Bergmann e Sams (2016) abordam algumas razões, dentre as várias expressas na obra intitulada Sala de Aula Invertida: Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem (2016), pelas quais os educadores devem inverter a sala de aula: ● O estudante aprende no seu próprio ritmo, principalmente se a inversão da aula for realizada por meio de vídeo, pois o discente tem a
  • 25. 24 possibilidade de retroceder e avançar a exposição do professor de acordo com seu ritmo de aprendizado e necessidade; ● A metodologia intensifica a interação aluno-professor, na medida em que há mais tempo para a aproximação entre eles no momento presencial, possibilitando ao professor conhecer mais de perto as dificuldades do aluno; ● A inversão permite realizar a diferenciação no aprendizado de cada estudante, possibilitando aumentar ou diminuir a carga de atividades de acordo com o conhecimento que já foi adquirido por ele. A Sala de Aula Invertida ocasiona algumas modificações no processo educativo. O professor, também, apresenta-se com outro perfil, ou seja, é responsável por direcionar todas as suas iniciativas pedagógicas, visando promover um ambiente que traga para o foco da metodologia a aprendizagem e o estudante. E, sobretudo, sempre se questionar se os alunos estão aprendendo e o que ainda há para ser realizado para ajudá-los no novo processo de aprender, sob intervenções, caso necessárias. 3.3 A mudança para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio A Sala de Aula Invertida proporcionou a Bergmann e Sams (2016) disseminarem a metodologia por todos os Estados Unidos e outros países, como experiências relatadas na Coréia do Sul, que vinham transformando a forma de ensinar do educador - que passou a focalizar suas estratégias pedagógicas para o aluno e seu aprendizado - e de aprender do discente, trazendo resultados exitosos se comparado ao método tradicional. Tão grande foi o espanto dos autores ao realizar uma atividade com os alunos que, ainda conseguindo excelentes resultados durante o ano letivo, demonstraram que não dominavam os conteúdos essenciais estudados naquele período. Mesmo invertendo a aula, refletiram que a imposição de um currículo com objetivos de aprendizagem comuns a todos os alunos, a serem adquiridos sem considerar o ritmo individual, talvez não proporcionasse o domínio dos temas propostos.
  • 26. 25 Então, a proposta de Bergmann e Sams, para atender as necessidades dos discentes, foi adotar um novo modelo de Sala de Aula Invertida o qual considerasse o ritmo de aprendizagem individual do aluno. Para tanto, a metodologia foi reestruturada e passou, além de inverter a sala de aula, a considerar elementos da Aprendizagem para o Domínio (Mastery Learning), em que o estudante avança de acordo com o seu ritmo de aquisição de conhecimentos, atingindo objetivos sequenciais de aprendizagem. Sendo assim, surge o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. No Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio todos os elementos da Sala de Aula Invertida são preservados e há uma individualização ainda maior do processo educativo. Neste, o estudante só avança para o objetivo de aprendizagem seguinte quando houver a aquisição do anterior, respeitando seu próprio ritmo de aprendizagem. No novo modelo, o ônus da aprendizagem é totalmente dos alunos. Para ter êxito no processo, o estudante deve responsabilizar-se pela própria aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016). Não há mais um ritmo imposto por um currículo a cumprir num determinado bimestre ou o ritmo imposto pelo professor, que sugere a atividade que o aluno deve realizar para testar a aquisição dos objetivos educacionais. É o estudante que impõe o ritmo de aprendizagem e, quando se sente capacitado, faz avaliações que atestam se o objetivo foi atingido de maneira plena ou suficiente. Somente a partir de então, o estudante vai em busca de alcançar um novo objetivo de aprendizagem. De acordo com Bergmann e Sams (2016), os principais componentes da Aprendizagem para o Domínio são: ● Os estudantes trabalham em pequenos grupos ou de forma individual, em ritmo adequado; ● Por meio de avaliações formativas, o professor avalia o nível de compreensão dos estudantes; ● Quando o estudante sente-se seguro para testar a aquisição dos objetivos de aprendizagem, realiza avaliações somativas. Se for
  • 27. 26 constatado que tal objetivo não foi adquirido, possibilita-se ao aluno meios de recuperação. Ressalta-se que a Aprendizagem para o Domínio não é um método novo; foi popularizada por Benjamin Bloom e utilizado como referencial teórico do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. A seguir, fala-se mais sobre a utilização do método como aporte teórico do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. 3.4 Aporte Teórico para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio O referencial teórico, utilizado por Bergmann e Sams, para o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio surge da Aprendizagem para o Domínio, que consiste na aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, obedecendo seu próprio ritmo. Neste caso, o discente visa a aquisição dos objetivos de aprendizagem não para realizar um determinado exame, mas por se responsabilizar por seu aprendizado. Os objetivos educacionais, seguindo o método, são alcançados por meio da Taxonomia de Bloom, criada por Benjamin S. Bloom e seus colaboradores M. D. Englehart, E. J. Furst, W. H. Hill e D. Krathwohl, em 1956, a pedido da Associação Norte Americana de Psicologia (American Psycological Association) (FONSECA et al., 2015; SCHNEIDER et al., 2013; FERRAZ; BELHOT, 2010). O objetivo era discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos de processos educacionais (FERRAZ; BELHOT, 2010 apud LOMENA, 2006). Inicialmente, Bloom e seus colaboradores dividiram os objetivos instrucionais em três domínios: cognitivo, afetivo e psicomotor. O domínio cognitivo relaciona-se a aprendizagem, a aquisição de conhecimentos; o afetivo, a sentimentos e posturas; e o domínio psicomotor, relaciona-se a habilidades físicas específicas. Dentre os domínios discorridos, o cognitivo é utilizado por educadores do mundo inteiro na elaboração dos objetivos de aprendizagem e, principalmente, na elaboração de avaliações. Para colaborar com o aprendizado de um grupo heterogêneo de estudantes, buscando a aprendizagem de todos, seria necessário que as estratégias
  • 28. 27 utilizadas pelos educadores e a organização dos processos de aprendizagem, para estimular o desenvolvimento intelectual, fossem pautados numa mesma direção, ou seja, com a utilização de uma taxonomia padrão para a classificação dos objetivos de aprendizagem (FERRAZ; BELHOT, 2010). A taxonomia de Bloom do Domínio Cognitivo é dividida em 6 categorias com complexidades crescentes, onde o estudante parte da categoria mais simples para a mais complexa. O nível consecutivo só é adquirido quando as habilidades do nível anterior são atingidas. Conforme Ferraz e Belhot (2010, p. 424), a taxonomia proposta não é apenas um esquema para classificação, mas uma possibilidade de organização hierárquica dos processos cognitivos de acordo com níveis de complexidade e objetivos do desenvolvimento cognitivo desejado e planejado. Visualizam-se as categorias do domínio cognitivo que mostra que o estudante vai adquirindo uma habilidade após a outra, do nível mais básico para o mais complexo (Figura 1). Dessa forma, o professor pode planejar suas estratégias de forma a colaborar com o discente no alcance das habilidades, propondo objetivos de aprendizagem do mais simples para o mais complicado. Figura 1 – Taxonomia de Bloom Fonte: Elaborada pela autora com base em Ferraz e Belhot (2010) AprendizagemsegundoBloom HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM SUPERIOR ComplexidadeCrescente Entender Aplicar Analisar Sintetizar Criar Lembrar HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM INFERIOR
  • 29. 28 Apesar de alguns críticos atribuírem um enfoque tecnicista à taxonomia, alegando o controle do comportamento individual a um ensino pré-definido, a taxonomia de Bloom possibilitou a padronização da linguagem no meio acadêmico e novas abordagens sobre os objetivos instrucionais (SCHNEIDER et al., 2013) (FERRAZ; BELHOT, 2010). A proposta do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio de Bergmann e Sams é inverter a sequência de habilidades de pensamentos proposta por Bloom em sua taxonomia. Para isso, inicialmente, o educador definiria os objetivos de aprendizagem de forma clara e utilizando os verbos da taxonomia, conforme o domínio cognitivo a ser adquirido pelo estudante. Como na Sala de Aula Invertida, o discente inicia a construção do seu conhecimento e, consequente, aquisição dos objetivos de aprendizagem de forma autônoma e no seu próprio ritmo, por meio dos materiais disponibilizados pelo professor. Ao propor objetivos de aprendizagem que se utilizam dos verbos da Taxonomia de Bloom, o professor possibilita ao estudante galgar e construir seu conhecimento partindo dos objetivos de aprendizagem mais simples para o mais complexo, garantindo dessa forma, uma sequência de objetivos que o levem (discente) ao domínio das habilidades de ordem superior. Apresenta-se, portanto, a inversão da Taxonomia de Bloom e a proposta de Bergmann e Sams para a Sala de Aula Invertida (Figura 2).
  • 30. 29 Estudo em sala com professor e pares Estudo autônomo Figura 2 - Taxonomia de Bloom baseada no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio Fonte: Elaborada pela autora com base em Ferraz e Belhot (2010) Durante o processo de aquisição dos objetivos educacionais, faz-se necessário que o professor acompanhe o aprendizado do aluno por meio de avaliações formativas, sendo essencial uma avaliação somativa final para a verificação plena ou suficiente da aquisição dos objetivos de aprendizagem. Observa-se uma proposta de aplicação da Taxonomia de Bloom nos objetivos de aprendizagem da Unidade Didática Teoria Atômica (Figura 3), utilizada por Bergmann e Sams no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio (BERGMANN; SAMS, 2016). HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM SUPERIOR AprendizagemInvertida Sintetizar Analisar Aplicar Entender Lembra r Criar HABILIDADES DE PENSAMENTO DE ORDEM INFERIOR
  • 31. 30 Figura 3: Objetivos de Aprendizagem para a Unidade Didática Teoria Atômica utilizando a Taxonomia de Bloom Fonte: BERGMANN; SAMS (2016) 3.5 Pilares/Princípios Pedagógicos das Metodologias Sugeridos por Bergmann e Sams, e em conformidade com a Flipped Learning Network para o desenvolvimento das Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, faz-se necessário que o educador incorpore em sua prática pedagógica os quatro pilares a seguir:
  • 32. 31 Flexible Environment – Ambiente Flexível Learning Culture – Cultura de Aprendizagem Intentional Content – Conteúdo Intencional ou Dirigido Professional Educator – Educador Qualificado Fonte: Adaptado do Site Flipped Learning Network Nos parágrafos seguintes, explana-se cada um dos pilares citados: Ambiente Flexível, Cultura de aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado, no contexto da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. Para que o estudante possa atingir os objetivos de aprendizagem pelo Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio ou pela Sala de Aula Invertida, faz-se necessário que o educador crie um ambiente propício à aprendizagem. Isso no que concerne a diversificação de estratégias pedagógicas e disponibilidade dos meios utilizados para o estudo individual, ou colaborativo, no caso de trabalhos em grupos, ou mesmo em ambientes onde os estudantes se ajudam e buscam construir o conhecimento de forma coletiva e colaborativa. Desenvolver esse Ambiente Flexível pode ocorrer pela estruturação de atividades como a aprendizagem por projetos, criando uma sala de aula movida pelos problemas trazidos pelos alunos ou de seus interesses; um ambiente que estimule a criatividade por atividades assíncronas, onde os discentes têm a possibilidade de trabalhar em tarefas diferentes, em momentos diferentes, empenhados e engajados na própria aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016) Além de flexível, esse ambiente educacional necessita também ser acessível a todos os alunos. Ao pensar em se utilizar de uma ferramenta
  • 33. 32 pedagógica, o educador deve se questionar se todos os estudantes terão o mesmo acesso a ela. Caso o professor queira seguir utilizando a ferramenta, deve ser criativo e utilizar-se de outros meios para que esta possa chegar até os estudantes, permitindo a equidade no processo educativo. Por exemplo, o educador pretende disponibilizar um vídeo on-line de um certo conteúdo para o aluno, mas nem todos, por morar na zona rural, tem internet de qualidade. A solução seria disponibilizar o tal vídeo também por mídia DVD para ser visualizado em um computador ou mesmo numa televisão. Modificar a cultura do professor como centro do processo educativo, detentor de todos os saberes e responsável por transferir o conhecimento ao discente, é o que preconiza a Cultura de Aprendizagem na utilização da metodologia Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, que centraliza na aprendizagem do estudante o processo educativo, apoiando-o no protagonismo do próprio aprendizado. Nessa nova Cultura de Aprendizagem, o tempo em sala de aula é utilizado para explorar e aprofundar conhecimentos, de forma individual ou colaborativa, onde o estudante é ensinado a aprender a aprender e busca alcançar, com compromisso, os objetivos de aprendizagem - pois sua meta é aprender - e não somente cumprir com as obrigações escolares e passar de ano. Tanto na Sala de Aula Invertida como no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, o estudante vai adquirir o conteúdo teórico de forma individualizada. Por esse motivo, esse conteúdo deve ser repassado pelo educador, por meio de um vídeo ou qualquer outra ferramenta pedagógica, de forma intencional a ajudá-lo a atingir os objetivos de aprendizagem, sempre no seu próprio ritmo. Lembra-se que o momento presencial ainda pode e deve ser utilizado para esclarecer possíveis dúvidas ou equívocos no entendimento sobre o conteúdo estudado pelo discente. Para que o educador faça a opção por inverter sua Sala de Aula ou utilizar o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio deve, inicialmente, apropriar-se da implementação das metodologias, observando sua peculiaridades e, ao planejar suas estratégias pedagógicas, considerar todos os pilares/princípios anteriormente apresentados.
  • 34. 33 Nestas propostas de Metodologias Ativas, faz-se necessário a habilidade de um professor reflexivo sobre sua prática docente, pois ajustes no processo serão essenciais para ajudar aos estudantes a alcançarem os objetivos de aprendizagem. Para isso, faz-se essencial a realização de avaliações formativas, visando acompanhar o caminhar do discente no seu processo de aprender, garantido, por meio do feedback, que esse estudante está obtendo progressos na formação e na aquisição dos objetivos educacionais. Acima de tudo, o educador que decide incorporar a Sala de Aula Invertida ou o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio deve renunciar ao controle do processo de aprendizagem, que passa a ser desempenhado pelo estudante, o qual deve ser o foco de todo o processo educativo.
  • 35. 34 4 A SALA DE AULA INVERTIDA (FLIPPED CLASSROOM) NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ao referir-se a implantação da Sala de Aula Invertida ou do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na EaD, cujas metodologias baseiam-se em referenciais teóricos e pilares/princípios pedagógicos, esses terão que ser respeitados, independente de sua utilização na educação presencial ou a distância. Cordeiro (2014) traz uma reflexão interessante, que surge na inserção da estratégia pedagógica Flipped Classroom na EaD. Na visão da autora, a modalidade já segue a metodologia de ensino em que o estudante tem contato anteriormente com o conteúdo, realizado por meio dos AVA, na maioria das vezes. Dessa forma, como estruturar a Sala de Aula Invertida ou o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na EaD? Schneider et al. (2013) defende que a inserção da Sala de Aula Invertida deve ser organizada como blended learning, que mistura elementos das modalidades presenciais e a distância. Para os autores, o estudante inicia seu auto-estudo por meio das mídias sugeridas pelo educador (vídeo, hiperlinks e hipertextos, entre outros recursos), onde adquire as habilidades de ordem inferiores; posteriormente, pratica a pesquisa e a interação com os pares e professor por meio das ferramentas disponíveis no ambiente virtual; e, por fim, adquire as habilidades de ordem superiores nos encontros presenciais, onde terá a oportunidade de realizar ações de criar e sintetizar. Consensua-se com os autores que, os objetivos de aprendizagem propostos pelo educador, em atividades que utilizam as ferramentas dos AVA, devem levar o estudante a adquirir - no seu ritmo e buscando atingir os objetivos de forma sequencial e progressiva, do mais simples para o mais complexo - as habilidades de ordem superiores e não somente o nível de conhecimento, mas sua aplicação e análise. As diversas ferramentas síncronas e assíncronas podem ser utilizadas para diversificar as estratégias pedagógicas do professor na tentativa de aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, de forma individual ou colaborativa. O educador pode disponibilizar uma vídeoaula, uma apostila instrutiva ou qualquer
  • 36. 35 outro meio para o estudo individual do discente e aquisição das habilidades de ordem inferiores, que é o Lembrar e o Entender. Salienta-se que as mídias escolhidas pelo docente devem estar acessíveis a todos os alunos e a todo momento, reforçando ainda mais o conceito de Ambiente Flexível para o uso das metodologias Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. A Cultura de Aprendizagem já é inerente a EaD, pois tem o estudante como centro do processo de aprendizagem e a cultura do aprender, que acontece com suas próprias reflexões, com a vivência de seus pares e com a experiência do educador. Nessa perspectiva, é interessante, para fomentar a Cultura de Aprendizagem na EaD, a inserção de momentos presenciais, onde os discentes podem interagir e trocar saberes de forma mais intensa com seus pares e professor, valendo-se desse momento para a criação de laços entre o grupo de alunos e docente. Orientando-se pelos objetivos de aprendizagem, o educador deve escolher, dentre as ferramentas disponíveis nos AVA (síncronas ou assíncronas), as que possam contribuir para um melhor entendimento do Conteúdo Intencional proposto para a etapa em que se encontra, visto que esse aluno vai, inicialmente, estudar sozinho e no seu próprio ritmo. Então, a relação conteúdo e ferramenta no ambiente deve ser bem planejada pelo docente para o êxito da aprendizagem do estudante. Além de conhecer as especificidades da EaD, o professor que vai conduzir algum curso, disciplina ou unidade didática que adote as Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida ou Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, vai necessitar conhecer também sobre a utilização da Taxonomia de Bloom. Isto deve-se a necessidade de propor objetivos educacionais que realmente façam o estudante aprender, procurando trazer objetivos mais simples no início do percurso da aprendizagem, e, posteriormente, objetivos mais complexos, que farão o discente chegar a um domínio cognitivo mais à nível da criação, síntese e aplicação. As ferramentas e recursos disponíveis no AVA podem auxiliar o professor a fornecer o feedback tão necessário ao estudante no seu percurso de aprendizagem, principalmente pela especificidade de estar sozinho, inicialmente,
  • 37. 36 para a aquisição dos conhecimentos teóricos nessas modalidades. O feedback tem cunho formativo e busca avaliar a trajetória do aluno na aquisição do objetivos de aprendizagem. Elenca-se o Quiz, que pode ser utilizado para medir a aquisição dos conhecimentos no nível de ordem inferior (lembrar e entender), em que o feedback é realizado automaticamente pelo próprio AVA; ou a ferramenta Tarefa, que pode trazer um estudo de caso que mobilize os conteúdos adquiridos até aquele momento, para a aquisição dos conhecimentos de ordem superiores, onde o feedback é realizado de forma mais detalhada pelo educador, trazendo indícios sobre a aquisição ou não dos objetivos de aprendizagem pelo discente. Independentemente da ferramenta utilizada para fazer a verificação da aquisição dos objetivos educacionais pelo estudante, o feedback fornecido por meio delas deve ser realizado ao longo da jornada da aprendizagem, e não somente ao final do processo. O aluno é o centro do processo educativo e é o responsável por sua aprendizagem na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio. Porém, para o êxito no uso das modalidades, que é o real aprendizado do estudante, faz-se necessário que o professor conheça como as metodologias devem ser implementadas, utilizando-se de seu referencial teórico e dos pilares que as norteiam, no intuito de definir como empregar os recursos disponíveis no AVA (suas ferramentas) para colaborar na aquisição dos objetivos de aprendizagem. Dessa forma, parte-se para a exposição da aplicação da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na ferramenta do AVA abordada neste estudo: o fórum de discussão. 4.1 O Fórum de Discussão na Sala de Aula Invertida e no Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio De orientação construtivista e colaborativa, que sugere que o estudante aprenda construindo seu aprendizado por meio da interação e troca entre os pares,
  • 38. 37 o fórum de discussão é uma ferramenta assíncrona do AVA Moodle que legitima o diálogo reflexivo entre os participantes. Segundo Bicalho e Oliveira (2012 apud PALLOFF, PRATT, 2002), o fórum de discussão é uma ferramenta de interação de orientação construtivista que é utilizada nos modelos de EaD, a qual colabora na construção de comunidades de aprendizagem online. Por sua característica assíncrona, permite que os participantes postem suas reflexões sobre o tema abordado, as quais ficam gravadas permanentemente para o acesso e comentários do grupo durante o prazo de duração do respectivo fórum, que pode ser por um prazo determinado pela coordenação, ou por todo o período de realização do curso, de acordo com o planejamento realizado. Essa ferramenta permite aos participantes um tempo maior para realizarem pesquisas, que aprofundem seus conhecimentos em relação ao tema, e elaborarem suas reflexões (por meio de postagens) de forma mais fundamentada, relacionando suas ideias e agregando conhecimentos por meio da discussão com a participação dos seus pares, assim como do professor. Normalmente, um fórum em seu formato tradicional traz questões norteadoras propostas pelo professor que, previamente, disponibilizou referências (artigos, vídeos, hiperlinks, entre outras) para o embasamento teórico do estudante, a fim de responder aos questionamentos. É estabelecido um prazo para a interação do grupo, em que o aluno tanto responde às perguntas propostas como interage com as mensagens postadas por seus pares e professor/tutor. Caso a proposta do curso seja de avaliar o fórum de maneira somativa, são estabelecidos critérios no planejamento e disponibilização de uma ferramenta que informe como deve ser a participação do estudante: número mínimo de postagens, critérios relacionados a qualidade das postagens, entre outros. Fazendo um contraponto com o fórum tradicional, um fórum que atenda aos referenciais teóricos e pilares/princípios da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, inicialmente, deve possibilitar ao discente ser agente ativo na construção do seu aprendizado, almejando sempre sua autonomia e favorecendo uma Cultura de Aprendizagem. E como estimular a Cultura de Aprendizagem dentro do fórum?
  • 39. 38 Além de indicar os recursos (arquivo, vídeo, URL, livro, página) no AVA, necessários para o estudante adquirir os conhecimentos teóricos referentes ao objetivo educacional a que se propõe, o professor/tutor deve sugerir algumas fontes confiáveis para estimular a pesquisa, criando a cultura da busca do aprender no aluno, para agregar outros conhecimentos além dos trazidos pelo educador. Enfatiza-se que, os recursos devem estar sempre disponíveis no ambiente virtual para acesso do discente, primando pela equidade ao acesso de todos os estudantes. A grande diferenciação entre o fórum tradicional e o fórum utilizando as Metodologias Ativas abordadas neste estudo parte de como o professor vai utilizá-lo para a aquisição dos objetivos de aprendizagem. Se o objetivo de aprendizagem proposto é somente lembrar ou entender determinado conteúdo, o professor pode fazer uso de perguntas norteadoras que farão o estudante trazer em sua exposição (postagem no fórum) o que aprendeu com o referencial teórico e suas pesquisas sobre o tema abordado. Inicialmente, o professor indicou um conteúdo específico e dirigido para o embasamento teórico do estudante, no intuito de responder aos questionamentos propostos. Ao utilizar-se somente de questionamentos, que necessita apenas que o aluno lembre do que estudou para respondê-los, o professor estimulou no discente as habilidades de ordem inferiores. Se o objetivo de aprendizagem relaciona-se com a criação, síntese, análise ou aplicação de determinado conteúdo, ou seja, as habilidades de ordem superiores, o professor irá propor no fórum uma atividade mais complexa (análise de estudo de caso, resolução de problema, construção de jogos, criação de objeto ou artefato, entre outras), onde o estudante tenha que mobilizar os conhecimentos adquiridos em seus estudos individuais para a realização da mesma, produzindo seu próprio conhecimento. Ressalta-se que o fórum é uma ferramenta assíncrona e colaborativa, onde o professor pode propor ao aluno a execução de uma atividade que pode ser realizada de forma individual e, a posteriori, haver a discussão com os pares. Parte-se do princípio de que o fórum de discussão deve estar estruturado para proporcionar a aquisição das habilidades de forma progressiva, onde o
  • 40. 39 professor vai explorando, através dos objetivos de aprendizagem, os domínios cognitivos, do mais simples para o mais complexo. O educador, considerando a atividade proposta para a ferramenta fórum, pode, de acordo com os níveis cognitivos já dominados pelos estudantes, propor atividades a serem realizadas individualmente, que tragam discussões mais complexas para o debate em grupo, avançando nos níveis e aquisição das habilidades cognitivas. Sugere-se, ainda, a realização de encontros presenciais durante o período de duração do fórum, onde o culminar dessas atividades possam ser acompanhadas também de modo presencial pelo professor, na verificação da aquisição dos objetivos educacionais. De acordo com todas as características citadas acima, percebe-se que a utilização de Metodologias Ativas, em especial a Sala de Aula Invertida e o Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, necessita da ressignificação do papel do educador, que deve transferir a autoria do processo de aprendizagem para o aluno, que constrói seu próprio conhecimento. Faz-se necessário ainda a qualificação em relação ao uso das metodologias, para que proponha aos discentes atividades que estimulem essa busca por si só e o faça com inserção de propostas pedagógicas que favoreçam a aquisição dos objetivos de aprendizagem, em um Ambiente Flexível e em que prevaleça a Cultura de Aprendizagem, estimulando o aluno a atingir habilidades de ordem superior e, com isso, contribuindo para a formação de um indivíduo crítico e transformador da realidade em que está inserido.
  • 41. 40 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo, abordam-se os procedimentos metodológicos e investigativos da utilização da Sala de Aula Invertida em fórum de discussão em AVA utilizado pelos alunos da Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará (UFC). 5.1 Caracterização da Pesquisa Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem quanti- qualitativa, com análise de TDIC, em especial o fórum de discussão do AVA Moodle. Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva objetiva caracterizar determinado conjunto de indivíduos ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre possíveis variáveis. Já a investigação exploratória, possibilita um maior conhecimento do objeto em estudo, visando torná-lo claro ou a constituir hipóteses. O estudo foi desenvolvido com a 1ª turma da Especialização em Educação a Distância da Universidade Federal do Ceará, iniciada em 28 de agosto de 2014, que encontra-se em andamento. Este curso, em nível de pós-graduação Lato Sensu (Especialização) na modalidade semipresencial, é constituído por onze disciplinas obrigatórias, com carga horária de 448 horas-aula, sendo 96 horas-aula presenciais e 352 horas-aula a distância. O curso tem como público alvo os professores e técnicos administrativos de instituições públicas de ensino, tutores de programas governamentais e não governamentais vinculados à área de Educação a Distância que sejam portadores de diploma de graduação em qualquer área do conhecimento, desde que, devidamente credenciado pelos Conselhos Nacional e/ou Estadual de Educação. O ingresso dos alunos foi realizado através de seleção, constituída por prova escrita sobre os conhecimentos do candidato acerca da Educação a Distância. Foram disponibilizadas 66 vagas. Os momentos a distância foram realizados nos AVA Solar e Moodle, alternando-os de acordo com os interesses das disciplinas. Na matriz curricular do curso, a disciplina de Avaliação Educacional em Educação a Distância apresenta carga horária de 48 horas-aula, onde 6 horas-aula
  • 42. 41 seriam presenciais e 42 horas-aula a distância, mas não aconteceram encontros presenciais durante o período da disciplina. Foi a oitava a ser ministrada no curso, tendo seu início em 24 de agosto e término em 26 de outubro de 2015. A disciplina foi ministrada utilizando-se o AVA Moodle Help Class Online, com acesso pelo http://www.helpclassonline.com.br/moodle/, e com uma tela inicial da disciplina no ambiente virtual Moodle (Figura 4). Figura 4 - Apresentação da disciplina no AVA Help Class Online Fonte: AVA Help Class Online A disciplina foi dividida em quatro aulas: Aula 1 - O processo de Avaliação da Aprendizagem em EaD; Aula 2 - Avaliação Institucional de cursos em EaD; Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação e Aula 4 - A Avaliação do Rendimento Educacional e os Aspectos Legais em EaD. O fórum de discussão utilizando a Sala de Aula Invertida analisado neste estudo foi realizado na Aula 3. Apresenta-se a Aula 3 no AVA (Figura 5), onde está inserido o fórum que será analisado nesta pesquisa.
  • 43. 42 Figura 5 - Apresentação da Aula 3 no AVA Help Class Online Fonte: AVA Help Class Online Além de ser obrigatória, a disciplina foi utilizada como fonte de pesquisa para mestrandos de cursos do Instituto Federal do Ceará (IFCE), de mestrados profissionais e acadêmicos. Participaram da disciplina um professor titular, 10 tutores
  • 44. 43 e 76 alunos inscritos na plataforma, número este maior ao número de estudantes que informava o edital do processo seletivo. Como sujeitos da pesquisa, foram considerados os participantes do fórum de discussão da Aula 3 que se propõem a utilizar a metodologia da Sala de Aula Invertida, que são: o professor titular da disciplina, dois tutores e os 76 alunos inscritos na disciplina. Os dados foram coletados por meio da disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância no AVA Help Class Online, em especial as informações do fórum de discussão da Aula 3, e a observação e participação da autora como aluna da referida disciplina. 5.2 A proposta da Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da Aula 3 O fórum de discussão disposto na Aula 3 da referida disciplina foi planejado por uma aluna do Curso de Mestrado Profissional em Computação Aplicada UECE/IFCE - MPCOMP, da 13ª turma, com início em janeiro de 2014, que tem como objeto de pesquisa a inserção da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida aplicada a um fórum de discussão integrando uma proposta de avaliação seguindo o Modelo Learning Vectors1 de Sales (2010) ou, simplesmente, Modelo LV. Conforme agenda do curso, que pode ser visualizada no lado esquerdo (Figura 3), a Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação teve seu início em 6 de setembro e previsão de término em 06 de outubro de 2015, mas as atividades do fórum foram prorrogadas até 15 de outubro, como um período de ajustes da atividade. Chamado de FÓRUM GERAL, o fórum de discussão foi dividido em dois momentos. No primeiro momento, os 76 estudantes foram separados em pequenos grupos e numerados sequencialmente de 1 a 11, onde estes grupos menores discutiram sobre 4 questões norteadoras. A formação dos pequenos grupos havia sido realizada em uma atividade da aula anterior, permanecendo sem alterações. No segundo momento, um grupo nomeado de FÓRUM GERAL - TODOS OS PARTICIPANTES foi criado e todos os alunos da disciplina responderam a um questionamento único. Tanto os questionamentos feitos nos grupos menores quanto 1 O Modelo Learning Vectors (LV) propõe uma avaliação formativa mediada por uma linguagem iconográfica e feedbacks constantes.
  • 45. 44 o realizado no grupo onde todos os estudantes participavam, tinham relação entre si e com o tema proposto para a aula (Concepções Atuais de Avaliação). Previamente à abertura, os tutores (Tutor 1 e Tutor 2) enviaram mensagens pelo AVA sobre o funcionamento diferenciado do fórum. Tais mensagens foram automaticamente encaminhadas para o e-mail do estudante, no início, cadastrado na plataforma (Figuras 6 e 7). Denominou-se Tutor 1, aquele, dos dois tutores, que primeiro encaminhou a mensagem para os alunos. Figura 6 - Mensagem enviada por Tutor 1 Fonte: E-mail da autora Figura 7 - Mensagem enviada por Tutor 2 Fonte: E-mail da autora
  • 46. 45 Percebe-se que os tutores tiveram o zelo de comunicar aos estudantes do início do fórum, estimulando-os a participar, mas, não se visualiza nenhuma informação sobre o uso da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom. Informa-os sobre a divisão em pequenos grupos e, a posteriori, a união de todos os participantes no grupo FÓRUM GERAL. A divisão dos pequenos grupos, já realizada em uma atividade da aula anterior, permaneceu com a mesma composição e número de alunos (Quadro 1). Quadro 1 - Número de estudantes por grupo Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Grupo 11 Número de alunos 6 6 7 5 7 7 6 6 7 0 7 Fonte: AVA Help Class Online Percebe-se que, a formação dos pequenos grupos (Quadro 1) totaliza 64 estudantes, dos 76 estudantes inscritos na disciplina (Figura 8). Faz-se necessário uma ressalva quanto ao número de participantes. Deve-se excetuar, dos 76 inscritos, dois participantes que foram utilizados para teste do administrador do Moodle. Não se tem informações sobre o Grupo 10 não alocar estudantes. Figura 8 - Estudantes inscritos na disciplina Fonte: AVA Help Class Online
  • 47. 46 Apresenta-se (Figura 9) a divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum. Figura 9 - Divisão dos estudantes por grupos na ferramenta fórum de discussão Fonte: AVA Help Class Online As sugestões de leitura e o vídeo disponíveis para embasamento teórico não se direcionam ao fórum em especial, mas utilizadas para toda a Aula 3. Os 4 (quatro) textos indicados referem-se a avaliação baseada em sistemas dinâmicos não-lineares e o vídeo no Youtube aborda sobre o papel da avaliação na aprendizagem. Portanto, os questionamentos propostos no fórum de discussão, tanto as perguntas nos pequenos grupos, como as perguntas no grupo geral com todos os participantes, foram respondidas utilizando-se as referências citadas e os conhecimentos prévios dos estudantes sobre avaliação. Visualizam-se as referências disponíveis para acesso dos discentes (Figura 5). Quanto às perguntas que nortearam os fóruns (pequenos grupos e geral - todos os participantes), investigam o conhecimento dos estudantes acerca da avaliação. Os questionamentos nos pequenos grupos (Figura 10) fazem um paralelo entre a avaliação no ensino presencial e a distância; questionam também de que
  • 48. 47 forma deve-se avaliar o estudante; se os atuais métodos de avaliação trazem elementos suficientes sobre sua aprendizagem e se o sentido fundamental da ação avaliativa é o motivo (avaliar a aprendizagem do estudante) ou transformação do aluno em todos os sentidos. Por conseguinte, os questionamentos instigam a discussão sobre o tema avaliação, que pode ser realizada utilizando os conhecimentos prévios e faz perguntas que necessitam que o estudante tenha realizado a leitura dos textos de fundamentação teórica sobre os métodos não-lineares disponíveis para a Aula 3. Figura 10: Perguntas norteadoras do Fórum nos Pequenos Grupos Fonte: AVA Help Class Online O questionamento do Fórum Geral (Figura 11) busca fazer uma reflexão sobre como avaliar a participação do estudante em atividades na EaD: colaboração, participação e empenho do aluno na realização das mesmas. Figura 11: Perguntas norteadoras do Fórum Geral - Todos os participantes Fonte: AVA Help Class Online
  • 49. 48 Por fim, no capítulo a seguir, faz-se a análise dos resultados da aplicação da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida no fórum de discussão da disciplina Avaliação Educacional em EaD, evidenciando os referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom e os pilares/princípios da metodologia propostos por Bergmann e Sams, assim como a análise dos dados quantitativos e qualitativos coletados por meio do AVA.
  • 50. 49 6 ANÁLISE E DISCUSSÕES Neste capítulo, analisa-se o fórum de discussão da Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação da Disciplina Avaliação Educacional em Educação a Distância, criado utilizando-se da Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom, à luz do referencial teórico abordado por Bergmann e Sams, bem como os pilares/princípios necessários para sua implementação. Antes de abordar a análise dos pilares/princípios das metodologias no uso do fórum, salienta-se que, em momento algum do contato do professor titular da disciplina ou dos tutores envolvidos, nem anteriormente ao início da disciplina, nem no AVA durante sua realização, foi informado aos estudantes que a Metodologia Ativa Sala de Aula Invertida seria utilizada no fórum. 6.1 Análise do Fórum quanto aos Pilares/Princípios da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio 6.1.1 Análise quanto a Flexibilidade do Ambiente Para este tópico, tanto as indicações do site Flipped Learning Network como em Bergmann e Sams (2016) abordam que o ambiente deve ser propício a aquisição dos objetivos e respeitar o ritmo do estudante. Como trata-se da análise do fórum, não há como diversificar no uso da ferramenta, mas é possível estimular a criatividade dos estudantes quanto às suas participações. Percebe-se que, no enunciado do fórum e em suas questões, não houve o estímulo ao estudante de se utilizar de outras fontes de pesquisa ou outra ação para aflorar sua criatividade e curiosidade. Essa observação vale tanto para o fórum nos pequenos grupos (Figura 10) como no Fórum Geral - Todos os participantes (Figura 11). Porém, alguns alunos, tanto nos pequenos grupos (Figuras 12 e 13) como no Fórum Geral (Figura 14), trazem artigos diferentes dos que foram propostos no referencial teórico, com citações de autores, para complementar e enriquecer sua fala.
  • 51. 50 Figura 12 - Comentário do Aluno 1 do Grupo 11 Fonte: AVA Help Class On-line Figura 13 - Comentário do Aluno 2 do Grupo 9 Fonte: AVA Help Class On-line Figura 14 - Comentário do Aluno 3 do Grupo Fórum Geral Fonte: AVA Help Class On-line
  • 52. 51 Para atender a flexibilidade do ambiente, considera-se que o mesmo deve respeitar que o estudante tenha seu ritmo de aprendizado e que o prazo para participação do aluno no fórum deve respeitar esse ritmo. Julga-se que o prazo foi suficiente, pois o fórum nos pequenos grupos iniciou com as perguntas norteadoras do Tutor 1 no dia 12 de setembro e a última postagem de um aluno do Grupo 9 foi realizada em 14 de outubro. No Fórum Geral, os questionamentos propostos foram lançados em 16 de setembro e as últimas postagens dos estudantes foram realizadas até 14 de outubro. Observa-se que o período para o término das postagens que seria em 06 de outubro (Figura 4) foi excedido, apresentando indícios que o prazo foi prorrogado para atender ao ritmo dos discentes. Verifica-se que, o fórum aqui em estudo apoia-se em um dos componentes da aprendizagem para o domínio, o qual sugere que os alunos trabalham em pequenos grupos ou individualmente, em ritmo adequado (BERGMANN; SAMS, 2016) Quanto a disponibilidade das mídias para um Ambiente Flexível, como a proposta do curso é ser híbrido ou b-learning, mesmo o aluno estando ciente de que deverá ter acesso a internet para utilizar-se do ambiente virtual, seria condizente que o referencial teórico, para embasamento da Aula 3, estivesse disponível também em outra forma de acesso que não a on-line, em um CD-Rom ou DVD-Rom, por exemplo. 6.1.2 Análise quanto a Cultura de Aprendizagem Assim como na EaD, o fórum de discussão proporciona a Cultura de Aprendizagem na medida em que coloca o estudante como centro do processo educativo, facultando-lhe ser um sujeito mais autônomo e responsável por seu próprio aprendizado, proporcionando a interação aluno-aluno e aluno-professor, onde o estudante aprende com suas próprias reflexões e por meio da troca com o outro.
  • 53. 52 Este conceito relaciona-se diretamente com os objetivos de aprendizagem, pois o estudante vai em busca da aquisição desses objetivos, aprendendo sempre e em todo lugar, aprendendo a aprender. A Cultura do Aprender, no fórum em estudo, teria sido ainda mais estimulada se tivesse ocorrido pelo menos um encontro presencial, onde a troca de saberes entre os pares e professores acontecesse de forma mais intensa, com atividades que instigassem o estudante, fazendo-o mobilizar todos os conhecimentos adquiridos até aquele momento, visando a resolução de tarefas ou a realização de outras atividades propostas. 6.1.3 Análise quanto ao Conteúdo Intencional ou Dirigido Há uma íntima relação entre os objetivos de aprendizagem e os conteúdos a que o estudante terá acesso para fundamentação teórica no AVA. No caso do fórum, objeto desta pesquisa, os objetivos de aprendizagem não foram apresentados aos estudantes. O conteúdo para embasamento foi disponibilizado somente no AVA. Um dos materiais de referência foi um vídeo disponível no Youtube sobre o tema Avaliação2 , de forma bem generalizada, sem haver direcionamento para o tema proposto pela Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação. O vídeo não apresentou nenhuma informação sobre autoria. Constata-se não ser de nenhuma instituição de ensino, pois não há créditos nem no seu início e nem no final. Neste, sugerem-se ainda livros para leitura sobre aprendizagem escolar e avaliação, que apresentam-se próximo a sua conclusão. Os textos 1 e 2 (Figura 4) são capítulos da Tese de Doutorado de Sales (2010), que abordam sobre a concepção e implementação do Modelo de Avaliação não-linear Learning Vectors – LV. O texto 3 (Figura 4), sobre a avaliação da aprendizagem em fórum de discussão em AVA, porém voltada mais para uma ótica organizacional. O texto 4 (Figura 4), sobre a importância da linguagem para o ser humano e algumas 2 Vídeo O papel da Avaliação na aprendizagem, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NyV47Ty3JzA>. Acesso em: 11 out. 2016.
  • 54. 53 distinções da ontologia da linguagem que contribuem para um melhor relacionamento em comunidades, inclusive as virtuais. Os dois últimos textos (3 e 4) fazem parte da dissertação de mestrado de Araújo (2004), com o tema Uma aplicação da dinâmica não-linear para a avaliação de desempenho de Comunidades Virtuais de Aprendizagem - Além da tela do computador: Linguagem, Emocionalidade e Corporalidade. Os textos apresentados na Aula 3 - Concepções Atuais de Avaliação versam sobre o mesmo tema: avaliação não-linear, que é utilizada para avaliar a aprendizagem dos estudantes nos AVA. Mas, se o estudante não conhecer nada sobre as formas atuais de avaliação? Será que os textos indicados são suficientes para o embasamento do estudante em relação ao tema proposto da aula? Novamente, como não foi informado qual é ou quais são os objetivos de aprendizagem para esta aula, identifica-se uma incógnita, em saber se os textos e o vídeo sugeridos são intencionais e dirigidos para colaborar com o estudante na aquisição do(s) objetivo(s) de aprendizagem. 6.1.4 Análise quanto ao Educador Qualificado No que se refere ao Educador Qualificado, quanto às Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, percebe-se que o professor titular e os tutores que acompanharam os estudantes, durante esta aula, ou não tinham muito domínio em relação às metodologias em análise, não utilizando para o planejamento do fórum os referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom e os Pilares/princípios da metodologia propostos por Bergmann e Sams, ou estruturaram o fórum utilizando outro referencial teórico que não os abordados anteriormente. Portanto, não há como saber quais os referenciais teóricos empregados, pois nada foi informado, nem por e-mail, nem no ambiente virtual. Para colaborar com o estudante na busca dos objetivos educacionais e acompanhar seus progressos na formação, faz-se necessário ao professor fornecer feedback constante durante a realização das atividades do fórum.
  • 55. 54 Retomando-se a ferramenta fórum em estudo, o Tutor 1 lançou os questionamentos e o Tutor 2 interagiu com os estudantes, tanto nos pequenos grupos, como no grupo Fórum Geral - Todos os participantes. Percebe-se que o Tutor 2 foi atuante, participando de forma efetiva nos pequenos grupos e no Fórum Geral (Gráfico 1). Gráfico 1 - Número de participações do Tutor 2 nas discussões com os grupos Fonte: AVA Help Class Online Após análise dos grupos, identificou-se que, do total de participações do Tutor 2 (103 postagens) e, considerando sua expertise na condução do processo de ensino e sobre o conteúdo abordado, são considerados também feedback do aprendizado dos estudantes. Para Bergmann e Sams (2016), o feedback deve ser imediato e é um elemento crítico para os modelos Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, uma vez que os estudantes devem dominar o objetivo de cada módulo ou unidade para poder avançar para o seguinte. Ocorre que, das 103 postagens, um total de 51,4% (ou seja, 53 postagens) foram realizadas fora do prazo de duração do fórum, tanto nos pequenos grupos como no Fórum Geral. As postagens de feedback realizadas, mesmo fora do 0 30 60 90 120 150 180 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Grupo 11 Fórum Geral Nº participações do tutor Nº participações dos estudantes Nº participações totais
  • 56. 55 prazo, somente terão o efeito de corrigir erros ou omissões que impeçam o estudante de dominar os objetivos de aprendizagem, se os mesmos ainda tiverem acesso ao fórum, o que não aconteceu durante a disciplina, pois visualiza-se na Figura 4 que uma aula abre somente após a conclusão da anterior. 6.2 Análise do Fórum quanto aos referenciais teóricos da Taxonomia de Bloom A ideia básica da Aprendizagem para o Domínio, que se utiliza dos verbos da Taxonomia de Bloom para concretizar a metodologia, consiste na aquisição de uma série de objetivos de aprendizagem numa hierarquia do menor para o mais complexo e no ritmo de aprendizagem do estudante, ou seja, é o acompanhar do educador naquilo que se espera que o estudante saiba ao final do processo educativo. A utilização da Taxonomia colabora na definição dos objetivos de aprendizagem e possibilita ao educador criar, desde objetivos mais básicos, por meios da utilização dos verbos de nível inferior, até os objetivos mais complexos, fazendo o estudante adquirir as habilidades do nível superior. Nesses casos, o professor direciona o aprendizado por meio do uso dos verbos da taxonomia para a aquisição dos objetivos de aprendizagem. De acordo com Galhardi e Azevedo (2013), apesar de ter sido formulada na década de 50, a Taxonomia ainda é uma ferramenta útil e eficaz no planejamento e implementação das aulas, na organização e criação das estratégias de ensino propostas na aquisição dos objetivos educacionais. No fórum deste estudo, os objetivos de aprendizagem não foram apresentados para os alunos na plataforma, nem através de e-mail, o que não proporcionou um maior direcionamento ao aprendizado. Em virtude disso, faz-se uma análise dos verbos ou termos utilizados nas perguntas norteadoras do fórum para buscar entender o que o professor titular da disciplina, ou os tutores, esperavam que o estudante soubesse ao final do processo. Costa et al. (2014) apresenta um estudo sobre os verbos da Taxonomia de Bloom, oriundos da descrição de atividades realizadas em cursos ou disciplinas ministradas por meio do AVA Moodle. Os autores criaram um algoritmo para ajudar a
  • 57. 56 definir em que classificação cognitiva da Taxonomia as atividades propostas no ambiente poderiam ser empregadas, através do verbo que se apresenta no enunciado da atividade. Alicerçado neste, o professor pode definir em que nível cognitivo encontram-se os objetivos de aprendizagem e, consequentemente, a ação que se espera que o aluno execute. Por meio deste estudo, Costa et al. (2014) conseguiram associar cada ferramenta do AVA a uma classificação cognitiva da Taxonomia de Bloom. Nos achados dos autores, a ferramenta Fórum de discussão compreende os níveis cognitivos Compreensão e Aplicação. Para além do estudo de Costa et al. (2014), a Aprendizagem para o Domínio considera que o professor pode estimular o estudante na aquisição dos objetivos de aprendizagem e, por conseguinte, dos níveis cognitivos de ordem mais inferiores até os de ordem mais superiores, utilizando-se dos verbos da taxonomia nas atividades propostas para o fórum. Estas podem, por exemplo, ser questões norteadoras, que estão no nível da compreensão, ou a análise de um estudo de caso, que envolve o nível da aplicação, como aborda os autores. Observa-se que o verbo de ação utilizado no fórum nos pequenos grupos (Figura 15) solicita ao estudante Discutir (grifo da autora) sobre os questionamentos norteadores, onde o verbo discutir encontra-se no nível da compreensão (habilidade de ordem inferior) na Taxonomia de Bloom, conforme Ferraz e Belhot (2010). Figura 15: Verbo de ação utilizado nas perguntas norteadoras nos Pequenos Grupos Fonte: AVA Help Class Online
  • 58. 57 Espera-se que no Fórum Geral, o objetivo de aprendizagem seja mais complexo, pois a habilidade de ordem inferior, que é compreender - verbo discutir - sobre o tema abordado, já foi testado nas discussões nos fóruns dos pequenos grupos, pois, lembrando Bergmann e Sams (2016), o aluno aprende no seu ritmo e de forma progressiva, adquirindo as habilidades menos complexas e buscando atingir as habilidades mais complexas. Observa-se que o verbo de ação utilizado é Explicitar (grifo da autora) (Figura 16), que não se encontra na Taxonomia de Bloom apresentada em Ferraz e Belhot (2010). Porém, o verbo explicitar no Dicionário Mini Aurélio tem como significado ―Tornar explícito‖ e a palavra ―Explícito‖ significa ―Explicado‖. Então, o professor titular ou o tutor solicita para o estudante ―Explicar seu entendimento sobre‖. Figura 16 - Verbo de ação utilizado no questionamento para o Fórum Geral - Todos os participantes Fonte: AVA Help Class Online Novamente, o nível do objetivo de aprendizagem posto pelo professor titular da disciplina ou pelo tutor continua na habilidade da compreensão. Desta forma, o estudante não foi estimulado a adquirir as habilidades cognitivas do nível superior. Não houve um conhecimento progressivo e uma sequência didática de aprendizagem, que é adquirido por meio de processos educacionais de níveis cognitivos, do mais simples para o mais complexo. Percebe-se como a Aprendizagem para o Método, por meio da Taxonomia de Bloom, pode colaborar nas estratégias pedagógicas do professor para que o aluno adquira os objetivos de aprendizagem propostos para a etapa em que se encontra.
  • 59. 58 6.3 Identificação das potencialidades e dificuldades no uso da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio De acordo com as vastas experiências de Bergmann e Sams (2016) com as Metodologias Ativas Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, e relacionando-as com o objeto de estudo desta pesquisa, que são a modalidade EaD, os AVA e suas ferramentas, relacionam-se, a seguir, algumas potencialidades no seu uso. Identifica-se como uma importante potencialidade a centralização do processo educativo na aprendizagem e no estudante, o que o faz responsabilizar-se pela construção do seu próprio conhecimento. Essa centralização já existe quando se fala sobre a modalidade EaD, porém, pode ser mais incentivada com estratégias pedagógicas que colaborem para que o discente alcance as habilidades de ordem superior e com a inserção de momentos presenciais, em vista a fortalecer tanto o AVA como os encontros presenciais, como espaços de aprendizagem onde o estudante traça, com a colaboração do professor, um planejamento de como e quando dominar o conteúdo e, consequentemente, atingir os objetivos de aprendizagem. Salienta-se como outra potencialidade a personalização do processo de ensino; na medida em que o professor elabora objetivos de aprendizagem e, individualmente e no seu próprio ritmo, o aluno busca a aquisição dos objetivos numa sequência didática de aprendizagem. Pela inversão do processo educativo utilizando essas metodologias, o estudante entra em contato com o material de estudo anteriormente. Porém, na EaD essa inversão já acontece, em virtude do material didático estar disponível previamente, na grande maioria das vezes, em ambientes virtuais. O que deve diferenciar a utilização ou não das metodologias Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio é esse material didático ter como alvo a aquisição dos objetivos de aprendizagem, não somente abordando conteúdos instrucionais, mas os apresentando numa sequência lógica de aprendizagem significativa, onde o discente tem a possibilidade de utilizá-lo a favor da sua aprendizagem, podendo visualizá-lo por diversas vezes, em ritmo próprio.
  • 60. 59 Outra diferenciação manifesta-se pela metodologia didática utilizada na construção de um material que promova a compreensão e o aprofundamento. Portanto, o estudante ter contato prévio com o material instrucional é outro ponto positivo do uso das metodologias. Como limitações, no uso da Sala de Aula Invertida e Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio, cita-se a dificuldade de implantação das metodologias, pois o educador necessita, além de renunciar ao controle do processo de aprendizagem, o que para alguns é doloroso, conhecer suas características e sua implementação, que não se limita em disponibilizar material instrucional no AVA, mas pensar em estratégias pedagógicas que levem o estudante a aquisição dos objetivos de aprendizagem. A isto, alia-se o uso dos verbos da Taxonomia de Bloom no intuito de construir atividades que sejam progressivas no aprendizado do estudante, proporcionando-o perpassar e adquirir habilidades tanto do nível inferior como as de nível superior. Para essa implementação, sugere-se ainda a adoção dos pilares/princípios propostos pela Flipped Learning Network. Por empregar as TDIC e os AVA, pode-se tornar um dificultador se o professor disponibilizar previamente o material instrucional somente por meio de uma única mídia, um vídeo, por exemplo, causando muita dependência tecnológica. Deve-se criar um ambiente justo e igualitário no que concerne ao acesso ao material e ao aprendizado. Dessa forma, confirma-se o que expõe Valente (2014) quando aborda que, o estudante que tem acesso a informação de sua casa e dispõe de acesso à tecnologia, encontra-se em vantagem em relação ao aluno que não dispõe desses recursos tecnológicos.
  • 61. 60 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS No contexto atual, onde a velocidade das transformações sofridas pela sociedade impõem um novo ritmo na formação e aquisição de conhecimento, faz-se necessário modificações, também, no perfil do estudante do século XXI, o qual tornar-se-á um futuro profissional para o mercado de trabalho. Ademais, a utilização das Metodologias Ativas vêm colaborar para o estudante perceber-se responsável pela construção do próprio conhecimento, promovendo sua autonomia e mobilizando suas habilidades cognitivas, transformando-as em conhecimentos conectados com a realidade em que está inserido. Cabe ao professor, ao utilizar-se das Metodologias Ativas, renunciar ao controle do processo de aprendizagem, onde não há mais a presença de uma instrução direta, mas há promoção de um ensino mais individualizado e estímulo a pesquisa, respeitando o ritmo de aprendizagem do estudante. Para utilizar-se da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio conforme os referenciais teóricos empregados por Bergmann e Sams (2016), o docente fará uso dos verbos da Taxonomia de Bloom no planejamento de suas atividades pedagógicas. A finalidade da utilização dos verbos da Taxonomia é desenvolver objetivos educacionais que proporcionem uma sequência pedagógica de aprendizagem, onde o estudante aprende no seu próprio ritmo, adquirindo as habilidades de forma sequencial, iniciando pela habilidades de ordem inferior (Lembrar e Entender) e progredindo na aquisição dos objetivos de aprendizagem, chegando a aquisição das habilidades de ordem superior (Aplicar, Analisar, Sintetizar e Criar), perpassando, dessa forma, todo o conteúdo necessário para sua formação. Conforme apresentado em seções anteriores, para a incorporação da Sala de Aula Invertida e do Modelo Invertido de Aprendizagem para o Domínio na prática do docente, faz-se necessário a adoção dos pilares pedagógicos sugerida pela Flipped Learning Network: Ambiente Flexível, Cultura de Aprendizagem, Conteúdo Intencional ou Dirigido e Educador Qualificado, onde o educador deve ter