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ECKHOUT, Albert (1610?-1665?). Nascido e falecido em Groningen (Países Baixos). Um dos
pintores que trabalharam para o Conde Maurício de Nassau em Recife, entre 1637 e 1644. Era
sobrinho do pintor Gheert Roeleffs, com quem pode ter estudado, mas faltam dados sobre data
de nascimento e morte, acerca de sua formação e de sua produção anterior à vinda para o
Brasil. Em fins de 1636 embarcou para Recife em companhia de Nassau e nessa cidade
trabalhou até 1644, com possíveis viagens à Bahia (onde teria ido em 1641 para executar, por
deferência do Conde, o retrato jamais localizado do Vice-Rei Jorge de Mascarenhas, Marquês
de Montalvão), ao Chile e à costa africana (Ghana ou Angola). Regressando à Europa, em
março de 1645 estava em Groningen e em 1647 em Amersfoort, onde se casou. Recomendado
por Nassau, parte em 1653 para Dresden, trabalhando pelos próximos dez anos para o Eleitor
João Jorge II. Em 1664 seu nome é mencionado num documento hoje conservado nos
arquivos de Groningen, sendo essa a última referência histórica a seu respeito. Na verdade, e
ao contrário de seu companheiro Frans Post, Eckhout caiu em quase total esquecimento, não
sendo citado por exemplo nos velhos léxicos de pinturas, só sendo resgatado em pleno Séc.
XX, graças principalmente a estudiosos como Argeu Guimarães e Thomas Thomsen.

Durante a permanência no Brasil, Eckhout incumbiu-se de pintar os habitantes, a fauna e a
flora do país, enquanto Post se ocupava dos cenários naturais, que representou em paisagens.
Há quem admita uma colaboração entre ambos, Post incumbindo-se de fazer as paisagens que
ocupam os últimos planos das pinturas de tipos étnicos de Eckhout, embora tal cooperação
nunca tenha sido comprovada. Em 1654, em retribuição à Ordem do Elefante Branco que
recebera um ano antes do Rei da Dinamarca, Nassau presenteou-o com 26 pinturas, entre elas
23 originais de Nassau: dois retratos do próprio Conde, "oito peças grandes, brasileiras, com
figuras, e doze com frutas das Índias, mais uma com brasileiros". Perderam-se num incêndio os
retratos do Conde, mas as demais obras de Eckhout ainda hoje podem ser vistas no Museu de
Copenhague, sem falar em que em 1967, 1994 e 1998 estiveram expostas no Rio de Janeiro e
em São Paulo. Muito embora sobre tais obras diversos autores tenham já se manifestado, até
bem pouco eram elas encaradas mais como documentos do que como obras de arte,
chegando Ribeiro Couto a afirmar, em 1942, que "não nasceram da emoção"... apenas
informam e instruem". Na verdade, hoje a tendência é se considerar Albert Eckhout como pintor
mais importante até do que o tão mais conhecido Frans Post, levando em conta não apenas a
qualidade do que produziu como a modernidade dessa produção, sendo Post artista tão mais
conservador.

As pinturas etnográficas de Eckhout, como Índio Tapuia, Mulato do Brasil etc., obedecem a
um esquema composicional único, com predominância de elementos verticais em oposição a
um horizonte baixo, geralmente a um terço da altura do quadro. Solitários, os personagens
fitam face a face o espectador, destacando-se em meio à vegetação no exato centro do espaço
pictórico. Acompanham-nos por vezes animais que sublinham a índole de cada retratado -
domésticos, no caso dos Tupi já domesticados, peçonhentos, em se tratando dos indomáveis
Tapuia. Um estudioso da obra de Eckhout, Enrico Schaeffer, observou com perspicácia que os
personagens de suas pinturas "não possuem, com raras exceções, como por exemplo a Dança
dos índios, geralmente considerada a sua obra-prima, aqueles movimentos dinâmicos do
Barroco, mas sim a dureza estática de muitas obras dos pintores renascentistas, especialmente
daqueles pintores menores da primeira metade do século anterior". De fato, inexiste na pintura
de Eckhout a sugestão de movimento, tudo sendo representado em imobilidade, em meio a
uma atmosfera rarefeita. Por outro lado, muito embora certas plantas e vegetais possam ser
facilmente identificáveis, há espécies botânicas estilizadas, que por vezes chegam a lembrar as
florestas imaginárias do Douanier Rousseau. Tal estilização contribui poderosamente para a
aparência singularmente sinistra da Mulher Tapuia, que posa impassível tendo ainda nas
mãos os restos de horrível banquete.

Muito mais modernas parecem-nos sem dúvida as naturezas-mortas, nas quais repercute
longinquamente a lição de Caravaggio, se bem que lhes falte o que sobra nas do italiano -
lirismo, aquela "elegance of every stalk, every vein, every twig" de que falou Berenson. Tanto
às naturezas-mortas de Caravaggio quanto às de Eckhout falta a sugestão de espaço, tudo se
desenvolvendo como que no vácuo, tal como ocorre (a comparação é ainda de Berenson) na
pintura chinesa de flores. Mas nem seria necessário recorrer a Caravaggio para encontrar os
precursores das naturezas-mortas de Eckhout: achamo-los na própria Holanda, com Pieter
Aertsen, ou em Flandres, com Joachin Beuckelaer, um e outro de um prosaísmo que faria
escola nos Países Baixos. De qualquer modo, não há como negar serem as naturezas-mortas
de Eckhout uma inovação, ao tempo em que foram produzidas.

Entre os "presentes" que Nassau ofertou ao Eleitor de Brandeburgo em 1652 e ao Rei da
França em 1678 achavam-se diversos originais de Eckhout pintados no Brasil. Outras obras
suas podem ter ficado em poder do Conde e se perderam, quem sabe, nos incêndios que
irromperam no Nassauischer em 1695 e na Mauritshuis em 1704, enquanto a Guerra de
1939-45 daria cabo de muitas, destruídas ou de paradeiro ignorado. Por isso mesmo reveste-
se de grande importância a localização, em 1976, do Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae
(que se julgava destruído em 1945, sob os escombros da Biblioteca de Berlim), na Biblioteca
da Universidade Jaggielonska de Cracóvia, na Polônia. São centenas de pinturas a óleo e
desenhos, a maioria podendo ser atribuída a Eckhout, embora talvez seja ainda cedo para
conclusões. Quanto às pinturas de Eckhout feitas em Dresden entre 1653 e 1663, delas
restaram as 80 representações de pássaros e aves brasileiros do pavilhão de Hoflössnitz em
Radebeul, inteira ou parcialmente de sua autoria, tendo-se perdido ao fim da II Guerra Mundial
as decorações do Castelo de Schwedt-a-d-Oder, entre elas uma cena brasileira de atmosfera
tipicamente eckhoutiana.

Resta uma derradeira menção ao importante papel desempenhado pelas obras de Eckhout e
dos demais pintores de Nassau para a eclosão e o posterior desenvolvimento do gosto pelo
Exotismo nas artes decorativas européias do Séc. XVIII, graças ao enorme sucesso alcançado
pelas Tapeçarias das Índias, nelas inspiradas.

                                   Mulher tupinambá, 1641.

                                Mameluca, óleo s/ tela, 1641;
                                       2,67 X 1,60.

                                  Mestiço, óleo s/ tela, 1641;
                                         2,65 X 1,63.

                                   Negro, óleo s/ tela, 1641;
                             2,64 X 1,62, Museu de Copenhague.

                            Dança tapuia, óleo s/ madeira, s/ data;
                             1,68 X 2,94, Museu de Copenhague.

                         Composição com cocos, óleo s/ tela, s/ data;
                            0,90 X 0,90, Museu de Copenhague.

                               Mulher tapuia, óleo s/ tela, 1643;
                             2,66 X 1,59, Museu de Copenhague.

                               Homem tapuia, óleo s/ tela, 1643;
                             2,66 X 1,59, Museu de Copenhague.

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Eckhout, albert

  • 1. ECKHOUT, Albert (1610?-1665?). Nascido e falecido em Groningen (Países Baixos). Um dos pintores que trabalharam para o Conde Maurício de Nassau em Recife, entre 1637 e 1644. Era sobrinho do pintor Gheert Roeleffs, com quem pode ter estudado, mas faltam dados sobre data de nascimento e morte, acerca de sua formação e de sua produção anterior à vinda para o Brasil. Em fins de 1636 embarcou para Recife em companhia de Nassau e nessa cidade trabalhou até 1644, com possíveis viagens à Bahia (onde teria ido em 1641 para executar, por deferência do Conde, o retrato jamais localizado do Vice-Rei Jorge de Mascarenhas, Marquês de Montalvão), ao Chile e à costa africana (Ghana ou Angola). Regressando à Europa, em março de 1645 estava em Groningen e em 1647 em Amersfoort, onde se casou. Recomendado por Nassau, parte em 1653 para Dresden, trabalhando pelos próximos dez anos para o Eleitor João Jorge II. Em 1664 seu nome é mencionado num documento hoje conservado nos arquivos de Groningen, sendo essa a última referência histórica a seu respeito. Na verdade, e ao contrário de seu companheiro Frans Post, Eckhout caiu em quase total esquecimento, não sendo citado por exemplo nos velhos léxicos de pinturas, só sendo resgatado em pleno Séc. XX, graças principalmente a estudiosos como Argeu Guimarães e Thomas Thomsen. Durante a permanência no Brasil, Eckhout incumbiu-se de pintar os habitantes, a fauna e a flora do país, enquanto Post se ocupava dos cenários naturais, que representou em paisagens. Há quem admita uma colaboração entre ambos, Post incumbindo-se de fazer as paisagens que ocupam os últimos planos das pinturas de tipos étnicos de Eckhout, embora tal cooperação nunca tenha sido comprovada. Em 1654, em retribuição à Ordem do Elefante Branco que recebera um ano antes do Rei da Dinamarca, Nassau presenteou-o com 26 pinturas, entre elas 23 originais de Nassau: dois retratos do próprio Conde, "oito peças grandes, brasileiras, com figuras, e doze com frutas das Índias, mais uma com brasileiros". Perderam-se num incêndio os retratos do Conde, mas as demais obras de Eckhout ainda hoje podem ser vistas no Museu de Copenhague, sem falar em que em 1967, 1994 e 1998 estiveram expostas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Muito embora sobre tais obras diversos autores tenham já se manifestado, até bem pouco eram elas encaradas mais como documentos do que como obras de arte, chegando Ribeiro Couto a afirmar, em 1942, que "não nasceram da emoção"... apenas informam e instruem". Na verdade, hoje a tendência é se considerar Albert Eckhout como pintor mais importante até do que o tão mais conhecido Frans Post, levando em conta não apenas a qualidade do que produziu como a modernidade dessa produção, sendo Post artista tão mais conservador. As pinturas etnográficas de Eckhout, como Índio Tapuia, Mulato do Brasil etc., obedecem a um esquema composicional único, com predominância de elementos verticais em oposição a um horizonte baixo, geralmente a um terço da altura do quadro. Solitários, os personagens fitam face a face o espectador, destacando-se em meio à vegetação no exato centro do espaço pictórico. Acompanham-nos por vezes animais que sublinham a índole de cada retratado - domésticos, no caso dos Tupi já domesticados, peçonhentos, em se tratando dos indomáveis Tapuia. Um estudioso da obra de Eckhout, Enrico Schaeffer, observou com perspicácia que os personagens de suas pinturas "não possuem, com raras exceções, como por exemplo a Dança dos índios, geralmente considerada a sua obra-prima, aqueles movimentos dinâmicos do Barroco, mas sim a dureza estática de muitas obras dos pintores renascentistas, especialmente daqueles pintores menores da primeira metade do século anterior". De fato, inexiste na pintura de Eckhout a sugestão de movimento, tudo sendo representado em imobilidade, em meio a uma atmosfera rarefeita. Por outro lado, muito embora certas plantas e vegetais possam ser facilmente identificáveis, há espécies botânicas estilizadas, que por vezes chegam a lembrar as florestas imaginárias do Douanier Rousseau. Tal estilização contribui poderosamente para a aparência singularmente sinistra da Mulher Tapuia, que posa impassível tendo ainda nas mãos os restos de horrível banquete. Muito mais modernas parecem-nos sem dúvida as naturezas-mortas, nas quais repercute longinquamente a lição de Caravaggio, se bem que lhes falte o que sobra nas do italiano - lirismo, aquela "elegance of every stalk, every vein, every twig" de que falou Berenson. Tanto às naturezas-mortas de Caravaggio quanto às de Eckhout falta a sugestão de espaço, tudo se desenvolvendo como que no vácuo, tal como ocorre (a comparação é ainda de Berenson) na pintura chinesa de flores. Mas nem seria necessário recorrer a Caravaggio para encontrar os precursores das naturezas-mortas de Eckhout: achamo-los na própria Holanda, com Pieter Aertsen, ou em Flandres, com Joachin Beuckelaer, um e outro de um prosaísmo que faria
  • 2. escola nos Países Baixos. De qualquer modo, não há como negar serem as naturezas-mortas de Eckhout uma inovação, ao tempo em que foram produzidas. Entre os "presentes" que Nassau ofertou ao Eleitor de Brandeburgo em 1652 e ao Rei da França em 1678 achavam-se diversos originais de Eckhout pintados no Brasil. Outras obras suas podem ter ficado em poder do Conde e se perderam, quem sabe, nos incêndios que irromperam no Nassauischer em 1695 e na Mauritshuis em 1704, enquanto a Guerra de 1939-45 daria cabo de muitas, destruídas ou de paradeiro ignorado. Por isso mesmo reveste- se de grande importância a localização, em 1976, do Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae (que se julgava destruído em 1945, sob os escombros da Biblioteca de Berlim), na Biblioteca da Universidade Jaggielonska de Cracóvia, na Polônia. São centenas de pinturas a óleo e desenhos, a maioria podendo ser atribuída a Eckhout, embora talvez seja ainda cedo para conclusões. Quanto às pinturas de Eckhout feitas em Dresden entre 1653 e 1663, delas restaram as 80 representações de pássaros e aves brasileiros do pavilhão de Hoflössnitz em Radebeul, inteira ou parcialmente de sua autoria, tendo-se perdido ao fim da II Guerra Mundial as decorações do Castelo de Schwedt-a-d-Oder, entre elas uma cena brasileira de atmosfera tipicamente eckhoutiana. Resta uma derradeira menção ao importante papel desempenhado pelas obras de Eckhout e dos demais pintores de Nassau para a eclosão e o posterior desenvolvimento do gosto pelo Exotismo nas artes decorativas européias do Séc. XVIII, graças ao enorme sucesso alcançado pelas Tapeçarias das Índias, nelas inspiradas. Mulher tupinambá, 1641. Mameluca, óleo s/ tela, 1641; 2,67 X 1,60. Mestiço, óleo s/ tela, 1641; 2,65 X 1,63. Negro, óleo s/ tela, 1641; 2,64 X 1,62, Museu de Copenhague. Dança tapuia, óleo s/ madeira, s/ data; 1,68 X 2,94, Museu de Copenhague. Composição com cocos, óleo s/ tela, s/ data; 0,90 X 0,90, Museu de Copenhague. Mulher tapuia, óleo s/ tela, 1643; 2,66 X 1,59, Museu de Copenhague. Homem tapuia, óleo s/ tela, 1643; 2,66 X 1,59, Museu de Copenhague.