1. foto Rachid Waqued
Campo Grande (MS) – A volta aos trilhos do Trem do Pantanal abriu
caminho para um novo projeto da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul,
direcionado a ensinar crianças e jovens a conhecer o valor do patrimônio cultural do
Estado. Os bens patrimoniais na rota do Trem vão se tornar conteúdo de sala de
aula em 17 escolas de Campo Grande, Terenos, Aquidauana, Miranda, Dois Irmãos
do Buriti, e dos distritos de Indubrasil, Piraputanga, Taunay, Camisão e Palmeiras.
O projeto de educação patrimonial “Educar para proteger – Na Rota do Trem
do Pantanal” – irá capacitar professores e ensinar alunos do Ensino Fundamental ao
Ensino Médio sobre a importância dos trilhos e de todo o complexo que envolve o
transporte ferroviário para essas regiões.
No lançamento hoje (4), na Estação do Distrito de Indubrasil, ponto de
partida do trem, o governador André Puccinelli, disse que o projeto vai significar o
resgate da memória cultural e do sentimento de preservação. “Os pequenos se
espelham nos exemplos, e nós temos a obrigação de oferecer os bons exemplos, de
fazer com que eles caminhem para um sentimento de pertencionismo”, afirmou.
O diretor-presidente da Fundação de Cultura, Américo Calheiros, destacou:
“Não adianta ficarmos presos à preservação só através da legislação, do
tombamento do patrimônio. Temos que promover junto à nossa comunidade a
atenção a esses bens”.
A iniciativa tem a parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur) das
Secretarias de Educação de Mato Grosso do Sul e dos municípios da rota do trem.
Serão desenvolvidos programas de formação de professores, com oficinas
pedagógicas e de ação educativa sobre patrimônio. Técnicos do Iphan nacional
participarão desse treinamento. As primeiras oficinas acontecem de 24 a 28 de
agosto, com participação de Indubrasil e Terenos.
A superintendente regional do Instituto, Maria Margareth Lima, disse que o
patrimônio ferroviário é o que está recebendo mais atenção da entidade nesse
momento.
A gestão e a administração desse patrimônio estão passando ao Iphan e
muito dele está inventariado e já tem destinação. “Além do inventário, estamos
conduzindo outros trabalhos, como o repasse das estações de valor ao Estado, e o
tombamento provisório do complexo ferroviário de Campo Grande”, afirmou. “O
2. patrimônio cultural é uma grande alavanca do turismo. Nosso patrimônio nessa
área ainda não é visível, mas como a união de todos, podemos torná-lo um
patrimônio a ser bem explorado e gerador de renda”, anima-se.
Alunos, professores e direção de escolas incluídas no projeto estão animados
com a perspectiva de estudar a cultura da rota do trem. “Essas crianças fazem
parte desse lugar, elas são vizinhas da estação. É preciso aprender desde cedo que
isso tudo é valioso e que elas precisam cuidar. Se não aprenderem agora, quando
chegarem aos 15, 16 anos, não vão dar valor”, diz Nancy Arlete da Costa Duarte,
professora do 5º ano da Escola Estadual Antonio Nogueira da Fonseca, de Terenos.
A educadora conta que levou as crianças para a festa de retorno do trem,
em 8 de maio, e que ela ainda planeja viajar a bordo dele. O entusiasmo com o
trem e o projeto é para ela um misto de alegria pessoal profissional. “Estou ansiosa
para fazer as oficinas, e vou divulgar o que eu aprender não só com os alunos
daqui, mas da outra escola onde eu dou aula, e na minha família também!”, diz,
enfática.
Para a escritora Elizabeth Fonseca, o projeto tem sabor ainda mais especial.
Neta de Antônio Nogueira da Fonseca, pioneiro da região do hoje distrito de
Indubrasil, ela coleciona lembranças e histórias, que quer ver guardas e valorizadas
pela comunidade. “Fico emocionada. Meu avô chegou aqui em 1941. Em 1942 ele
fez o loteamento. A estação pequena aqui ao lado era de dois braços, tinha dois
ramais. Por aqui passou a Maria Fumaça, a Litorina, o trem a diesel. E agora as
crianças vão entender o significado de toda essa historia”.