A Guerra do Contestado (1912-1916) foi um conflito armado entre os moradores da região do Contestado, rica em erva-mate e madeira, e as tropas dos estados do Paraná e Santa Catarina que disputavam o território. O conflito teve causas políticas, econômicas e messiânicas e envolveu cerca de 10.000 rebeldes liderados por monges contra 7.000 soldados do exército brasileiro. Após quatro anos de combates, as tropas oficiaiais derrotaram os revoltosos famintos
2. Guerra do Contestado 1912-1916.
• Período Histórico: Outubro de 1912 a agosto
de 1916
• Envolvidos:
– população cabocla;
– representantes do poder
estadual e federal brasileiro;
• Palco do Conflito: região rica em erva-mate e
madeira pretendida pelo Paraná e Santa
Catarina (Contestado).
3. CAUSAS DO CONFLITO:
• Questão da divisa entre Paraná e Santa Catarina;
• Ausência do governo no território disputado;
• Presença do capital internacional;
– Brazil Railway Company, de propriedade do empresário Percival
Farquhar, que também era dono da Southern Brazil Lumber and
Colonization Company.
• Conflitos fundiários decorrentes da instalação da ferrovia;
• Estratificação social centrada no coronelismo;
• Sistema econômico regional pautado no extrativismo
florestal;
• Disputas políticas localizadas.
4. Envolvidos:
• 10.000 soldados do Exército Encantado de São Sebastião;
• 7.000 soldados do Exército Brasileiro e 1.000 civis contratados.
• Presidentes envolvidos:
– Hermes da Fonseca (1910/1914)
– Venceslau Brás (1914/1918)
• Governadores envolvidos:
• Santa Catarina:
– Vidal Ramos (1910/1914)
– Felipe Schimitd (1914/1918)
• Paraná:
– Carlos Cavalcanti (1912/1916)
– Afonso Camargo (1916/1920)
5. Área localizada entre os rios do Peixe e Peperi-guaçu, estendendo aos territórios de
curitibanos e campos novos.Região disputada pelos dois estados desde 1853, quando da
criação da Província do Paraná, permanecendo em litígio até o período republicano.
6. A CONSTRUÇÃO DA
ESTRADA DE FERRO.
• Originalmente, os moradores da região eram:
• posseiros caboclos e pequenos fazendeiros que viviam da
comercialização daqueles produtos.
• No final do século XIX, o governo brasileiro autorizou a
construção de uma estrada de ferro ligando os Estados
de São Paulo e Rio Grande do Sul.
– desapropriou uma faixa de terra, de aproximadamente 30
km de largura,
• uma espécie de "corredor" por onde passaria a linha férrea.
7.
8. A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE
FERRO.
• A responsável pela construção: a empresa norte-americana Brazil
Railway Company, de propriedade do empresário Percival Farquhar,
que também era dono da Southern Brazil Lumber and Colonization
Company, uma empresa de extração madeireira.
– Com isso, os pequenos fazendeiros que trabalhavam na extração da
madeira foram arruinados pelo domínio da Lumber sobre as florestas da
região.
• A construção da estrada acabou atraindo muitos trabalhadores para a
região onde ocorreria a Guerra do Contestado.
– Com o fim das obras, o grande número de migrantes que se deslocou
para o local ficou sem emprego e, consequentemente, numa situação
econômica bastante precária.
9. • Os termos do acordo firmado com o governo
brasileiro levaram, de uma só vez:
– à expulsão dos posseiros que trabalhavam no local,
– à falência de vários pequenos fazendeiros que viviam da
extração da madeira
– formação de um contingente de mão-de-obra disponível e
desempregada ao fim da construção.
• Outro elemento importante para o início do
conflito:
– o messianismo: A região era frequentada por monges que faziam
trabalhos sociais e espirituais e, vez ou outra, envolviam-se também com
questões políticas - o que lhes dava certo destaque entre os moradores
daquela localidade.
Os principais elementos político-econômicos que
levaram à eclosão da Guerra do Contestado.
10. • O primeiro deles, o monge Giovanni "João" Maria
D'Agostini, era imigrante italiano e residiu
em Sorocaba (São Paulo), mudando-se em seguida para
o Rio Grande do Sul, onde viveu entre os anos de 1844 e
1848.
– Sua prisão foi decretada em 1848, pelo General Francisco José d’Andréa
(Barão de Caçapava), mediante o temor de levantes e concentrações
populares que começavam a ser comuns naquela região, ficando o monge
foi proibido de voltar ao Rio Grande do Sul. Refugiou-se na Ilha do
Arvoredo (SC), depois em Lapa (PR), na serra do Monge, e em Lages (SC),
desaparecendo misteriosamente em seguida.
João Maria D’Agostini
11. • O segundo monge.
• surgiu também misteriosamente,
no Paraná e Santa Catarina, tendo vivido
entre os anos de 1886 e 1908, havendo,
na ocasião, uma identificação com o
primeiro, de quem utilizava os mesmos
métodos, com curas por ervas, conselhos
e água de fontes.
• Acredita-se que seu verdadeiro nome é
Atanás Marcaf
João Maria de Jesus.
12. MONGE JOSÉ MARIA
• O terceiro monge, José Maria, surgiu em 1911 no município
de Campos Novos (SC), e foi, segundo alguns historiadores,
um ex-militar. De acordo com um laudo da polícia de Vila de
Palmas, no Paraná, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena
de Boaventura, um soldado desertor condenado por estupro.
Dizia ser irmão do primeiro monge e adotou o nome de José
Maria de Santo Agostinho.
– Utilizava, também, os mesmos métodos de cura dos anteriores, mas,
ao contrário do isolamento, organizava agrupamentos, fundando os
“Quadros Santos”, acampamentos com vida própria, e os “Pares de
França”, uma guarda especial formada por 24 homens que o
acompanhavam(numa alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade
Média).
13. MONGE JOSÉ MARIA
• Tudo pertencia a todos.
• O comércio convencional foi abolido, sendo apenas permitidas
trocas.
• É de destacar a importância atribuída às mulheres nesta
sociedade. A virgindade era particularmente valorizada.
• Bandeira da "Monarquia Celestial".
– Branca com uma cruz verde, evoca os estandartes das antigas ordens
monástico militares como as dos templários, por exemplo.
• Para o monge, a república era a "lei do diabo".
• Nomeou "imperador do Brasil" um fazendeiro analfabeto,
nomeou a comunidade de "Quadro Santo“.
14. • A mobilização na região passou a incomodar o governo
federal não apenas por crescer rapidamente, com a
formação de novas comunidades, mas também porque
os rebeldes passaram a associar os problemas
econômicos e sociais à República.
– Ao mesmo tempo, os coronéis locais ficaram incomodados
com o surgimento de lideranças paralelas, como José
Maria.
– Já a Igreja, diante do messianismo que envolvia o
movimento, também defendeu a intervenção na região.
A GUERRA:
15. A GUERRA:
• De forma autoritária e repressiva, os governos do Paraná e de
Santa Catarina, articulados com o presidente Hermes da
Fonseca, começaram a combater os rebeldes.
– são enviadas tropas do Regimento de Segurança do Paraná, sob
o comando do coronel João Gualberto, que junto com José
Maria, morre no combate.
• Principais Redutos: Irani, Taquaruçú, Caraguatá, Santa Maria.
– Uniram-se ao grupo os fazendeiros prejudicados pela presença
da Lumber na região.
Embora tenham tido pouco sucesso nos dois primeiros anos
do conflito, as forças oficiais obtiveram, a partir de 1914,
sucessivas vitórias sobre os revoltosos .
– Com a nomeação do General Setembrino de Carvalho para o
comando das operações contra os fanáticos, a guerra muda de
posição.
16. A GUERRA:
• Famintos e com cada vez mais baixas, diante do conflito
prolongado, da força e crueldade das tropas oficiais e
da epidemia de tifo, os revoltos caminharam para a
derrota final, consumada em agosto de 1916 com a
prisão de Deodato Manuel Ramos, último líder do
Contestado.
17.
18. A GUERRA:
• Na data de 12 de outubro de 1916, os
governadores Filipe Schmidt [Santa Catarina] e
Afonso Camargo [Paraná] assinaram um
acordo e o município de “Campos do Irani”
passou a se chamar Concórdia.