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Psicologia, Ciência e
Profissão
DOCENTES: AMANDA CASTILHO DE MATTOS
ELIGIANE SANTOS
Na aula anterior...
- A psicologia por uma sociedade
mais democrática e igualitária
- O papel do(a) psicólogo(a) no
contexto atual das relações
humanas
- Temas atuais de estudos e
pesquisas dos(as) psicólogos(as)
2
Aula 12
Contextos de atuação
profissional
VISIBILIDADE DE PRÁTICAS
PSICOLÓGICAS ATUAIS EM
ALGUMAS ÁREAS DE
ATUAÇÃO
3
4
Psicologia e saúde pública
Ao longo dos anos, foi discutido sobre o
conceito de saúde e doença e o
tratamento adequado, pensando tanto na
dimensão física do ser humano, quanto
na psíquica.
As especificidades variavam de acordo
com a época, o perfil econômico e
político da sociedade e sua organização. Foto de Tima Miroshnichenko no Pexels
5
 Em 1793, Philippe Pinel (1745-1826) trouxe uma
importante reflexão sobre a internação dos chamados
doentes mentais, quando considerou que a reclusão e
isolamento dos pacientes levavam a uma alienação e
estimulava a criação de um mundo e linguagem próprios.
 Essa condição de reclusão e aniquilamento do sujeito,
através da privação do convívio social, confirmava a
inadequação do modelo de confinamento hospitalar,
característica da instituição médica clássica (TENÓRIO,
2001 apud CIMINO; LEITE, 2016).
6
 Franco Basaglia (1924 - 1980), psiquiatra italiano,
discordou enfaticamente dos tratamentos dados aos
pacientes dessas instituições.
 Essa situação pôde ser vista com frequência nos hospitais
psiquiátricos brasileiros, a exemplo do Hospital Colônia
de Barbacena, instituição essa visitada por Basaglia em
1979 (ANTUNES; BOTELHO; COSTA, 2013 apud CIMINO;
LEITE, 2016).
7
Tal contexto histórico foi o marco disparador da necessidade de
inserir o doente mental na sociedade, tarefa assumida pela Reforma
Psiquiátrica. Datada na virada da década de 1970 para a de 1980,
fundamentava-se nas críticas de maus tratos, abandono, fraudes no
financiamento e em todos os excessos e desvios constatados nos
hospícios (TENÓRIO, 2001).
A Reforma objetivava responder às questões sociais, políticas,
clínicas e, principalmente, à crise do modelo hospitalocêntrico e
aos esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes
psiquiátricos. Buscava possibilitar a recuperação da cidadania dos
asilados, defendendo a convivência social com a loucura e, nessa
direção, um processo de politização na prática clínica, com novas
formulações em relação a essa prática e propostas de reformulação
legal nas políticas públicas de saúde.
8
O movimento da Reforma Psiquiátrica teve como meta
principal a luta antimanicomial convocando a todos para a
discussão e reconstrução da relação com o louco e a
loucura. O marco dessa luta foi a VIII Conferência Nacional
de Saúde realizada em 1986, essa conferência teve um
papel primordial em todo o movimento desencadeado pela
crítica ao modelo hospitalocêntrico e apresentou as bases
da Reforma Sanitária:
9
Concepção ampliada de Saúde, entendida numa perspectiva de articulação
de práticas sociais e econômicas;
Saúde como direito de cidadania e dever do Estado;
Instituição de um Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como princípios
fundamentais a universalidade, a integralidade das ações, a descentralização
e hierarquização dos serviços de saúde;
Participação popular e controle social dos serviços públicos de Saúde.
10
I Conferência Nacional de Saúde Mental (1987).
“Implantação e privilegiamento das equipes
multiprofissionais na rede básica e nos hospitais e de
práticas ambulatoriais destinadas a reverter o modelo
assistencial organicista e medicalizante que havia”
(DIMENSTEIN, 1998, p.63 apud CIMINO; LEITE, 2016, p.15).
11
É nesse momento histórico que o profissional de Psicologia
passa a atuar na rede pública de saúde, inserindo-se no
setor público de atenção à saúde mental. Desde a criação
da Psicologia como profissão, em 1962, a ação do psicólogo
estava voltada para a atuação na clínica privada, na escola
e na indústria. A partir da década de 1980, uma nova
problemática se impõe à Psicologia, advinda da inserção
dos psicólogos na rede pública de saúde sob a influência da
Reforma Psiquiátrica.
12
No entanto, apesar desse novo direcionamento “[...] os
cursos universitários de psicologia, particularmente os de
graduação, se mostraram geralmente inertes frente aos
desafios dos novos campos de atuação profissional na área
pública, repetindo os padrões hegemônicos de formação
voltados para uma prática clínica nos consultórios
privados.” (VASCONCELOS, 2004, p. 76 apud CIMINO; LEITE,
2016, p.15).
13
Nesse sentido, o psicólogo brasileiro – inserido na rede
pública – deparou-se com questionamentos sobre sua
prática, até então fundados em modelos técnico-científicos
derivados da Ciência da Natureza Moderna e
transportados para a constituição da Psicologia sem uma
explicitação e diferenciação de seu objeto de estudo,
gerando os grandes sistemas psicológicos sustentados por
uma pseudo unidade da Psicologia (CIMINO; BARRETO,
2013).
“[...] em decorrência desse tipo de formação e da cultura
mais difusa na categoria, os psicólogos que entraram na
rede pública se mostraram completamente despreparados
para os novos desafios e serviços que encontraram,
tendendo a repetir nos serviços ambulatoriais, com clientela
oriunda principalmente das classes populares, o padrão de
prática hegemônico nas clínicas privadas.”
(VASCONCELOS, 2004, p. 76).
14
15
Assim, a prática do psicólogo na Saúde Pública tem se ancorado,
predominantemente, nos saberes da clínica psicológica tradicional
sem que haja revisão e/ou contextualização, e colabora com a
percepção social da psicologia como sinônimo de psicoterapia.
Esse cenário aponta para a necessidade de um redirecionamento
da prática psicológica indicando a urgência de uma atuação
atravessada por uma série de questionamentos político-sociais e
comprometida com a dimensão ético-política da profissão. Assinala,
assim, para a necessidade de construção de modalidades de prática
que atendam a essa nova demanda, contextualizando as
problemáticas emergentes das diversas comunidades atendidas.
16
Esse ‘outro’ modo de implicação da prática no contexto da
saúde coletiva acolhe, de modo efetivo, a demanda das classes
sociais menos favorecidas, o que vem gerando uma revolução
no que se refere aos modelos dos serviços psicológicos
tradicionais, que são voltados para o atendimento de uma
minoria pertencente às classes média e alta.
O crescente envolvimento com os serviços ofertados pelas
Unidades Básicas de Saúde, vinculadas à assistência em Saúde
Pública, “vem gerando desafios e angústia para os psicólogos
compromissados com uma transformação pessoal. Para que
esta se efetive, faz-se necessária outra postura, outra forma de
conceber as relações sociais, o homem, a vida” (ANDRADE;
MORATO, 2004).
17
Retomando o foco da Reforma psiquiátrica, novos mecanismos
de cuidado foram apresentados no Projeto de Lei 3657 de 1989
– “Lei da Reforma Psiquiátrica”, aprovado somente em abril de
2001. Apresentava artigos que apontavam para modificações
substanciais, no entanto ainda indicava uma postura tímida em
relação à substituição asilar.
É importante ressaltar que a referida Lei regulamenta o
funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),
além de deliberar também assistência em outros dispositivos,
como por exemplo, os Serviços Residenciais Terapêuticos,
criando moradia para clientela egressa de longa permanência
institucional.
18
Tal perspectiva coincide com a proposta de uma “clínica
ampliada”, que aponta para a necessidade de buscar
outros saberes/fazeres extraclínicos, necessários à
reformulação do conceito de doença mental oriundo da
clinica tradicional.
Esse olhar supõe uma não valorização da doença ou da
sintomatologia tradicional, privilegiando um voltar-se para
a existência da pessoa doente em sua totalidade,
valorizando tanto as condições objetivas de vida, como as
subjetivas (TENÓRIO, 2001).
19
Dificuldades na atuação
 Pesquisas já assinalam diversas dificuldades encontradas pelos
psicólogos que atuam na Saúde Pública. Os resultados apontam
para três principais fatores dificultadores:
 A inadequação da formação acadêmica para a atuação do psicólogo
em instituições de Saúde Pública;
 Dificuldade de adaptar-se às condições de perfil profissional exigido
pelo SUS e;
 A transposição do modelo hegemônico de clínica psicológica
tradicional para o setor público. (DIMENSTEIN, 1998; YAMAMOTO;
CUNHA, 1998; LIMA, 2005; CARVALHO; BOSI; FREIRE, 2009).
20
Assim, um horizonte de possibilidades se faz necessário para o
atendimento das diferentes demandas da clientela usuária dos
serviços, de forma a contemplar o compromisso ético-político
da profissão. Como proposta, a psicologia fenomenológica
existencial vem desenvolvendo pesquisas e trabalhos que
contemplem diferentes possibilidades de prática psicológica, as
quais têm se mostrado eficazes no atendimento ao sofrimento
contemporâneo, entre eles destacam-se:
 Plantão psicológico,
 Psicodiagnóstico colaborativo e
 Oficinas de criatividade.
21
Plantão Psicológico
 Surgiu nos anos 1960, sendo considerado um serviço
inovador de atenção psicológica prestado à população. É
um atendimento destinado a pessoas que necessitam de
uma ajuda especializada, no momento da demanda,
ampliando suas compreensões acerca da situação vivida
e busca de soluções concretas e circunscritas à realidade
sociocultural da clientela atendida (BARRETO, 2009). Pode
ser implantado em ambiente clínico, educacional,
comunitário ou institucional.
22
Psicodiagnóstico colaborativo
Se constitui como uma proposta diagnóstica que
considera o cliente como um parceiro ativo do
processo (YEHIA, 2009). Nesse sentido, cliente e
psicólogo(a) participam e constroem em conjunto as
possibilidades diagnósticas de modo a beneficiar o cliente
com intervenções durante o processo, através de uma
compreensão mútua para a solução dos problemas.
23
Oficina de Criatividade
Trata-se de atividades realizadas em grupos – que podem
ser oferecidas em diferentes contextos – e utiliza recursos
expressivos para o acesso à experiência do cliente
(CUPERTINO, 2008). Tal modalidade de prática aponta para
o trabalho do psicólogo – voltado para uma postura de
facilitador do processo de transformação – gerado a partir
do esclarecimento da demanda dos clientes.
24
Percepções dos profissionais no trabalho em uma
policlínica
I) Acolhimento do usuário: O acolhimento segue o modelo
de clínica ambulatorial em que o usuário do serviço busca
uma ajuda, seja para um acompanhamento inicial ou para
dar continuidade ao tratamento iniciado em algum dos
serviços da rede pública, e é atendido dentro de uma das
modalidades de prática oferecidas.
25
 Os psicólogos afirmam que, entre os casos que foram
encaminhados e aqueles que são considerados urgentes, os
últimos são priorizados.
 Nesse sentido, percebemos posturas diferentes em relação à
grande procura, que gera a lista de espera, uma vez que alguns
psicólogos, pelo modo de marcação da Policlínica, sequer têm
acesso ao número de usuários que não são atendidos.
 Já alguns profissionais relatam que, diante da grande procura e
aliada ao pequeno número de profissionais para o atendimento
aos usuários, muitas vezes se faz necessário uma ‘seleção’
daqueles que serão atendidos, já que não há vagas para todos.
26
 Em relação às queixas dos usuários, os profissionais relatam
que o modelo da clínica psicológica em ambulatório não
consegue vislumbrar a totalidade do contexto em que o
usuário do serviço convive, uma vez que o contexto é muito
amplo e abrange uma problemática muito complexa. Nesse
sentido, indicam a necessidade de uma maior articulação
entre os serviços públicos, como forma de otimizar suas
intervenções e obter um suporte social.
27
II) Compreensão de sofrimento: Em relação à compreensão
do sofrimento vivenciado pelos usuários das Policlínicas, os
psicólogos ressaltam que ele possui íntima ligação com os
fatores familiares, culturais, econômicos, políticos e sociais.
Diante de tamanha amplitude, os recursos clínicos se
mostram insuficientes para responder às queixas, que
trazem sofrimentos muito concretos.
28
 Para além de tal percepção, os psicólogos entrevistados
reconhecem também o fato de, no geral, o público não
conhecer o trabalho de um psicólogo, frequentando o
serviço porque foi encaminhado ou porque quer ser
medicado.
 Tal situação demanda um trabalho psicoeducativo por parte
do psicólogo, para que haja o reconhecimento da
importância do investimento do usuário no atendimento
psicológico oferecido.
29
Dimenstein (1998), ao pesquisar sobre a prática do psicólogo
no contexto da Saúde Pública, aponta que modelo clínico na
formação e prática profissional do psicólogo influencia até os
dias atuais para a predominância dessa visão clássica da
psicologia que, desde o seu nascimento, dedica-se a prestar
serviços às classes mais abastardas. Nessa direção,
reconhecem os fatores culturais e econômicos como fatores
invibilizadores do acompanhamento, uma vez que os
usuários, às vezes, não possuem sequer condições
financeiras de se locomoverem até a Policlínica.
30
III) Modalidades de prática: Apesar da ênfase na psicoterapia
individual, foram encontradas também as seguintes modalidades de
prática:
 Oficina diagnóstica;
 Plantão psicológico;
 Ludoterapia e;
 Atendimentos em grupo para crianças, adolescentes e adultos.
 As práticas desenvolvidas enfatizam a dimensão subjetiva do
sofrimento vivido pelos usuários e revelam a limitação da ação
clínica para acolher a demanda trazida vinculada às questões
concretas que envolvem condições econômicas, culturais, violência,
falta de moradia, entre outros.
31
 Essas possibilidades de atendimentos foram implantadas
para responder ao grande número de clientela e à
complexidade da demanda, de modo a garantir o
acolhimento e acompanhamento ao sofrimento no serviço
prestado.
 Apesar da implantação de novas modalidades de prática, o
atendimento é considerado insuficiente e é ressaltada para a
necessidade de ampliação do número de atendimento e de
criação de outras modalidades de prática psicológica.
32
No entanto a maioria dos
serviços realizados pelos
psicólogos entrevistados
privilegia o modelo de
atendimento individual, em
alguns casos norteados pela
perspectiva da psicoterapia
breve, na tentativa de
responder ao grande número.
Fonte: https://secad.artmed.com.br/blog/psicologia/primeira-consulta-
psicoterapia/
33
IV) Sentimento frente às dificuldades: através do relato dos
psicólogos, percebemos que a experiência do atendimento nas
Policlínicas gera diversos sentimentos, no entanto o sentimento
de impotência frente às diversas dificuldades encontradas
perpassa as narrativas de muitos dos psicólogos.
 Tal contexto evidencia os limites da prática psicológica
exercida, apontando para a insuficiência da intervenção
psicológica frente ao grande número de pacientes e
complexidade da demanda apresentada, confirmando a
especificidade da clínica psicológica e das interfaces que a
rodeiam.
34
V) Formação acadêmica: os psicólogos afirmam não terem tido apoio
de sua formação acadêmica para atuação no serviço público de saúde.
As teorias e técnicas aprendidas são importadas e não se adaptam à
realidade brasileira.
 Tal contexto demanda grande flexibilidade em nível profissional e
pessoal por parte do psicólogo, além da necessidade de estudos
complementares.
 Além dos fatores já discutidos sobre a identidade/formação
profissional do ponto de vista histórico, Dias e Muller (2008)
apontam também o desconhecimento e desvalorização da atuação
do psicólogo do serviço público, como reflexos de uma formação
que, muitas vezes, não atende às necessidades dessa população.
QUAIS AS ATUAÇÕES DO
PSICÓLOGO
ORGANIZACIONAL
VOCÊS CONHECEM?
35
Interação
36
Psicologia Organizacional
Ao longo de seu percurso histórico, a Psicologia Organizacional
e do Trabalho (POT) passou por um vasto conjunto de
mudanças. Desde sua origem voltada ao trabalho no contexto
industrial, no início do século do século XX, passando pela
descoberta de um novo objeto de estudo e investigação nos
anos 1950 (as organizações) (PEIXOTO; BASTOS, 2019), até os
dias atuais, a área ampliou seu foco de atuação, incorporou
diferentes metodologias e olhares, descobriu novos objetos.
Entretanto, uma característica básica pode ser observada ao
longo de sua história, uma profunda sinergia entre os domínios
da ciência e da profissão, caracterizando aqui o que chamamos
de uma profissão de base científica.
37
Estudos que descrevem o exercício profissional dos psicólogos
de POT no país indicam que a maioria desses profissionais se
mantém atuando nos subcampos ligados às organizações e à
gestão de pessoas:
 Recrutamento e a seleção de pessoas;
 Avaliação de desempenho;
 Treinamento;
 Ações ligadas ao comportamento organizacional (BASTOS; GONDIM;
RODRIGUES, 2010; BASTOS; RODRIGUES, 2014; GONDIM; BASTOS;
PEIXOTO, 2010).
38
Já no campo acadêmico, é possível observar uma situação
semelhante, com o predomínio de pesquisas que abordam
temas que se relacionam com uma agenda própria,
deixando de lado questões técnicas do trabalho. Assim, a
produção de conhecimento se volta principalmente para
temáticas ligadas ao comportamento organizacional, a
construção e a avaliação de medidas, relações de trabalho
e saúde do trabalhador (CAMPOS et al, 2011).
39
As discrepâncias observadas entre teoria e prática, aliadas ao
predomínio de profissionais executando principalmente atividades
operacionais e de baixa complexidade, certamente contribui para uma
visão incompleta da identidade profissional. Essa discrepância pode
ser explicada por diversos fatores:
 a deficiência na formação do psicólogo para atuar no contexto do
trabalho;
 a necessidade de apropriação de bases teóricas e filosóficas para
alicerçar a prática e;
 a necessidade de inovação na atividade profissional do psicólogo no
contexto do trabalho (COELHO-LIMA; COSTA; YAMAMOTO, 2011).
40
Essa lacuna na formação e na
articulação entre teoria e
prática se reflete da
dificuldade de profissionais
que atuam no contexto das
organizações de trabalho em
lidar com situações de crise,
como é o caso da pandemia da
Covid-19, em função de
limitações nos repertórios
comportamentais. https://saberalei.com.br/direito-do-trabalho-na-pandemia/
41
Crise pode ser compreendida como “um evento
de baixa probabilidade e alto impacto que
ameaça a viabilidade da organização e é
caracterizada pela ambiguidade de causa, efeito
e meios de resolução, bem como pela crença de
que as decisões devem ser tomadas
rapidamente” (PEARSON; CLAIR, 1998, p. 60).
42
É sabido que é por meio do planejamento e da gestão que as
organizações conseguem melhor se preparar para lidar com
eventos inesperados e disruptivos, a fim de evitar
consequências mais graves. Porém, tradicionalmente, os
profissionais que atuam no campo da gestão de pessoas em
geral e, especificamente os psicólogos, costumam não ser
adequadamente preparados para lidar com esse tipo de
situação. O panorama de crise que se instaurou diante do
avanço da Covid-19 se soma e potencializa os problemas já
existentes nas organizações de trabalho, ampliando seus
impactos sobre os trabalhadores e as organizações.
43
Para responder às demandas trazidas pela Covid-19, é necessário
que os psicólogos do trabalho e da organização atuem no sentido
de aplicar o conhecimento do campo para promover, de forma
complementar, buscando uma melhoria no bem-estar dos
indivíduos no trabalho e atuando no gerenciamento de riscos nas
organizações (MOLINO et al, 2020).
Fonte: https://www.phonoway.com.br/cloud/home-office
44
O referencial de transição foi originalmente desenvolvido
por Nancy Schlossberg (1981, 1984) no âmbito da
psicologia do aconselhamento. Ela estava preocupada em
compreender como indivíduos mudam ao longo do tempo
e como são afetados nesse processo. Seu modelo propõe
que o importante é avaliar a forma como as diversas
transições que uma pessoa enfrenta ao longo da vida são
percebidas.
Referencial de Transição de Schlossberg
45
Partindo de uma perspectiva desenvolvimental, ela sugere que
cada pessoa passa por um conjunto específico de experiências
de vida, sendo que cada uma delas abre, potencialmente,
novos caminhos e possibilidades, em um processo de
diferenciação.
Por outro lado, esses processos de desenvolvimento precisam
ser compreendidos no contexto específico no qual ocorrem.
Escolhas, recursos, aspirações, padrões de vida, modelos de
referência, possibilidades de atuação, todos eles ocorrem
dentro dos limites que são estabelecidos pelo contexto.
46
 O processo de transição tem seu início quando a pessoa se
depara com uma situação que traz em si algum tipo de
mudança na forma como ela experimenta algum aspecto
significativo de sua existência.
 Essa situação exige um processo de adaptação ao novo, que
usualmente envolve desenvolver novos papéis sociais,
modificar repertórios comportamentais ou assumir uma nova
posição na vida. Para que isso ocorra, é necessário que o
indivíduo mobilize recursos pessoais que lhe permitam lidar
com a situação desconhecida (PEIXOTO; CÔRTES; BASTOS,
2020).
47
Adultos em processo de transição normalmente necessitam de
algum tipo de ajuda, uma vez que essas experiências costumam
desencadear o medo e a insegurança.
São exemplos de transições: as mudanças de carreira, a entrada
no mundo do trabalho e os diversos aspectos das relações
interpessoais, tais como casamento, separação, nascimento e
morte.
Ainda que o processo de mudança seja individual, existe uma
estrutura básica na transição que é bastante estável. E é
justamente esse o ponto que a torna um referencial útil para
que possamos compreender a realidade.
48
 O processo de transição se caracteriza como um ajuste
adaptativo que envolve basicamente três etapas distintas:
 Aproximação da transição: é nesse momento que a pessoa se dá
conta de que algo está para mudar em sua vida. Ela identifica a
natureza da mudança e avalia os impactos potenciais em sua vida.
Mudanças antecipadas permitem planejamento e avaliação.
Mudanças não antecipadas, normalmente, desencadeiam
processos de adaptação mais custosos pois não permitem que o
indivíduo se prepare para seu enfrentamento.
49
 Lidando com a transição: nesse ponto os indivíduos lançam mão de
seus recursos de coping de modo a lidar com as consequências de
sua situação. O modelo propõe quatro fatores principais que
influem nessa capacidade do indivíduo: a situação (o momento em
que a transição ocorre), o self (as características individuais), o
suporte (percebido e disponível) e estratégias (com a pessoa navega
pela situação).
 Assumindo o controle: aqui o ponto focal consiste em compreender
que, ainda que não seja possível controlar aquilo que acontece com
o indivíduo, é possível, por meio da mobilização de seus recursos
de coping, gerenciar ou manejar os efeitos da transição em maior
ou menor grau.
50
 Exemplo:
 O primeiro evento/gatilho identificado surge no dia 16 de março,
quando um decreto municipal estabeleceu a suspensão dos
trabalhos e determinou o isolamento social no município.
 Até esse momento, trabalhava-se como uma perspectiva de que
esse tipo de medida eventualmente seria necessário, mas não havia
uma indicação clara de quando isso se daria.
 Tem-se a impressão de que as empresas e profissionais não usaram
esse momento inicial, de aproximação, para uma avaliação e um
planejamento do que poderia vir a ser feito em caso de um
agravamento da situação sanitária.
51
 Se houvessem procedido dessa maneira, certamente parte
significativa das consequências psicossociais posteriormente
observadas teriam sido evitadas ou, pelo menos, amenizadas.
 Com isso, aquilo que poderia ter sido uma transição antecipada, na
prática, se apresentou com todas as características de uma transição
não antecipada.
 A esse respeito, Anderson et al. (2012) apontam que a não
preparação para situações inesperadas tem sido uma característica
bastante comum em condições de desastres naturais, mesmo em
situações nas quais existe a probabilidade que elas ocorram.
52
Apesar do noticiário sobre a pandemia, é a necessidade de
suspender as atividades presenciais e mover os
trabalhadores para home office que se apresentou como
um evento disruptivo, onde os psicólogos se sentem
perdidos e desorientados. Suas práticas tradicionais já não
se aplicam da mesma forma. Essa situação vem
acompanhada por insegurança, medo e tensão, elementos
que, em alguma medida, estão presentes por todo o
período investigado ainda que em diferentes graus de
intensidade.
53
A transição desencadeia nos indivíduos um processo de
mobilização de recursos institucionais e pessoais (coping)
que lhes permitam lidar com a situação de alguma forma,
ao mesmo tempo em que tentam estabelecer algum grau
de controle e de estabilidade em relação ao processo de
transição. Nesse ambiente conturbado e confuso, e diante
da falta de experiência com situações semelhantes, o
comportamento das organizações e dos profissionais
assume um caráter reativo.
54
Existe a expectativa de que venha do governo um conjunto
de orientações e instruções sobre como proceder, afinal, a
relação de emprego é regulada por um conjunto legislativo
específico que precisa ser observado sob pena de sanções.
Entretanto, o que se vê nesse período inicial foi uma ação
desordenada e descoordenada das diversas instâncias do
poder público, o que amplificou a confusão ao invés de
reduzi-la.
55
 No dia 22 de março é publicada uma medida provisória (MP 927), a
primeira de uma série, tratando de questões trabalhistas. Ela previu,
entre outras coisas, a possibilidade de suspensão ou redução
temporária de contratos e desligamentos. No período que se segue,
ela foi repetidamente contestada, alterada e substituída, sendo
finalmente revogada pela Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
6377, no dia 8 de maio de 2020.
 Ao não prover os elementos necessários para estabilizar a situação,
a ação do governo pode ser lida como outro evento disruptivo dessa
dinâmica, desencadeando um novo processo de transição. Nesse
contexto, aumentam as pressões sobre o trabalhador, inclusive com
demissões e afastamentos.
56
Começamos a perceber que as possibilidades dos
psicólogos de lidar com a situação têm relação direta com a
natureza do trabalho. Eles começam a ser mais
demandados e passam a sentir o impacto dessa situação.
Nesse momento, percebemos as primeiras diferenças no
trabalho realizado pelo profissional de psicologia em
relação ao que antes eles faziam, que adquire mais ou
menos amplitude em função de características específicas
da organização na qual ele atua.
57
Psicologia Escolar
As formas de intervenção de psicólogos escolares e
educacionais estão fortemente atreladas à formação
disponibilizada pelos cursos de graduação em psicologia no
país.
As discussões em torno dessa questão foram iniciadas ao
final da década de 1970 quando se passou a questionar
para quem trabalhava e a quem servia o psicólogo escolar
(PATTO, 1997).
58
A problematização em torno de ações remediativas e
adaptacionistas, implementadas nos primórdios da entrada
de psicólogos nas escolas e ainda observadas nos dias
atuais, conduziu um debate intenso no interior da
psicologia escolar e educacional entre as décadas de 1990 e
2000, no sentido de redimensionar e propor formas de
atuação que denotassem um olhar mais crítico, ampliado e
comprometido da psicologia com as demandas
educacionais
59
Conforme Antunes (2008, p. 473), passou-se cada vez mais
a reivindicar dos psicólogos uma atuação que se
direcionasse para “a formação de professores, a
intervenção no âmbito das relações escola-família-
comunidade, e o processo grupal estabelecido na
instituição escolar”. Assim, começava a ser forjado um
movimento de crítica no interior da psicologia escolar e
educacional orientado por uma ação do psicólogo
efetivamente comprometido com o cotidiano da escola em
sua função essencialmente pedagógica.
60
 Pesquisas sobre as Percepções dos estudantes de psicologia sobre as
questões, situações ou temas que deveriam ser alvo do trabalho do(a)
psicólogo(a) escolar
Grupo 1: os temas que deveriam ser trabalhados pelos psicólogos nas
escolas seriam problemas de ordem individualizante (quatorze falas) tais
como:
 conflitos;
 problemas pessoais;
 individualidade e subjetividade;
 o emocional do aluno;
 as dificuldades do aluno quanto a prestar atenção;
 a incapacidade e falta de habilidade do aluno;
 questões de comportamento, entre outros.
61
Grupo 2: os resultados da entrevista apontaram que a
família (7 falas) é o tema mais recorrente. Nesta categoria,
foram citados pelos participantes:
 o relacionamento entre a família;
 orientação e trabalho com os pais;
 questões familiares;
 família como ambiente social da criança.
62
Os resultados do Grupo 1 e Grupo 2 apontam para a ideia de que o
problema está ora na criança, ora na família, corroborando uma visão
tradicional do contexto escolar e do que se entende como cerne de
trabalho do psicólogo escolar e educacional.
Neves (2011), estabelece como um dos níveis de atuação a família,
mas no sentido de formar parceria para trabalhar a queixa escolar: a
família é convocada para dar sua versão da queixa escolar, para
elucidar questões relativas à história de escolarização dos estudantes.
O trabalho com a família ocorre após todas as possibilidades de
trabalho no primeiro nível (instituição) se exaurirem e tem como
núcleo central buscar informações sobre o aluno com os docentes e a
escola e sua relação com uma determinada queixa escolar.
63
Quanto a promoção do processo de ensino-aprendizagem:
Grupo 1: fala sobre uma aprendizagem que depende majoritariamente
do professor, sem envolver todos os atores imbricados nessa relação,
como pode-se observar em termos utilizados pelos estudantes, tais
como: tornar o assunto mais atrativo, ajudar para que os alunos
tenham uma aprendizagem melhor, entre outros.
Grupo 2: demonstraram que todos os atores escolares contribuem no
processo de ensino-aprendizagem. Entende-se assim que a articulação
da psicologia com a educação precisa ser feita por um profissional que
efetive intervenções que privilegiem a promoção da aprendizagem e
propiciem o desenvolvimento humano nos diversos contextos de
educação formal e informal.
64
Ainda foram mencionados pelos graduandos como questões,
situações ou temas que deveriam ser alvo do trabalho do
psicólogo escolar e educacional, problemas de origem
neurológica e cognitiva, tais como identificação do transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); déficit de
aprendizagem; e a observação de comportamento do aluno.
Em contrapartida, as falas dos participantes do Grupo 2 se
organizaram na categoria espaço institucional como sendo o
principal tema que deveria ser alvo do trabalho do psicólogo
escolar e educacional.
65
Sobre isso, Marinho-Araujo (2014) defende que o aluno precisa ser
visto em sua totalidade e com todas as nuances que atravessam a sua
vivência na instituição. Assim sendo, considera-se que a resposta do
Grupo 1, focando no aluno de forma individual, não contempla o
espaço escolar, pois “isola o indivíduo e sua subjetividade do mundo
social e isenta as instituições” (TRIGUEIRO, 2015, p. 227).
Considera-se, portanto, que a visão do Grupo 2 é a mais aproximada
do que se entende como alvo do trabalho do psicólogo escolar e
educacional, pois sabe-se que as dificuldades encontradas nesse
contexto são multideterminadas e necessitam ser vistas e trabalhadas
dessa forma.
66
A escola é um importante campo de atuação do psicólogo escolar e
educacional, atravessado por divergências e contradições, mas, de forma
dialética, um espaço que pode favorecer transformação. No entanto, não é o
único espaço, pois as possibilidades são variadas, tais como:
 educação básica, que inclui o ensino infantil (creches e pré-escolas);
 o ensino fundamental; o ensino médio;
 a educação profissional técnica de nível médio;
 educação de jovens e adultos (EJA);
 educação profissional e tecnológica;
 educação superior e;
 a educação especial. (MARINHO-ARAUJO, 2014; BRASIL, 1996)
Revisão
67
https://pixabay.com/361516/
68
Unidade 3
 Diretrizes curriculares nacionais para o curso de
Psicologia
 O perfil do estudante de psicologia
 Estágios e formações complementares em Psicologia
69
Unidade 4
 Resolução ética dos serviços psicológicos realizados por
meios tecnológicos de comunicação a distância
 O papel do(a) Psicólogo (a): A psicologia por uma sociedade
mais democrática e igualitária; O papel do(a) psicólogo(a) no
contexto atual das relações humanas
 Visibilidade de práticas psicológicas atuais em algumas áreas
de atuação
CIMINO, A. P. N. et al. Psicologia e Saúde Pública: cartografia das modalidades de prática
psicológica nas policlínicas. Ver. Psicologia e Saúde, v. 8, n. 1, jan/jun. 2016, p. 14-23. Disponível
em < https://pssaucdb.emnuvens.com.br/pssa/article/view/483 Acesso em 15 Abr. 2021
SANTOS, Elisa Alves dos et al . Percepções de Graduandos de Psicologia Acerca do Trabalho do
Psicólogo Escolar e Educacional. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 40, e189579, 2020
. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932020000100114&lng=pt&nrm=iso . Acessos em 16 abr. 2021.
PEIXOTO, Adriano de Lemos Alves; VASCONCELOS, Eveli Freire de; BENTIVI, Daiane Rose
Cunha. Covid-19 e os Desafios Postos à Atuação Profissional em Psicologia Organizacional e do
Trabalho: uma Análise de Experiências de Psicólogos Gestores. Psicol. cienc. prof., Brasília , v.
40, e244195, 2020 . Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932020000100657&lng=en&nrm=iso
. Acesso em 16 Apr. 2021.
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Psicologia na Saúde Pública

  • 1. Psicologia, Ciência e Profissão DOCENTES: AMANDA CASTILHO DE MATTOS ELIGIANE SANTOS
  • 2. Na aula anterior... - A psicologia por uma sociedade mais democrática e igualitária - O papel do(a) psicólogo(a) no contexto atual das relações humanas - Temas atuais de estudos e pesquisas dos(as) psicólogos(as) 2
  • 3. Aula 12 Contextos de atuação profissional VISIBILIDADE DE PRÁTICAS PSICOLÓGICAS ATUAIS EM ALGUMAS ÁREAS DE ATUAÇÃO 3
  • 4. 4 Psicologia e saúde pública Ao longo dos anos, foi discutido sobre o conceito de saúde e doença e o tratamento adequado, pensando tanto na dimensão física do ser humano, quanto na psíquica. As especificidades variavam de acordo com a época, o perfil econômico e político da sociedade e sua organização. Foto de Tima Miroshnichenko no Pexels
  • 5. 5  Em 1793, Philippe Pinel (1745-1826) trouxe uma importante reflexão sobre a internação dos chamados doentes mentais, quando considerou que a reclusão e isolamento dos pacientes levavam a uma alienação e estimulava a criação de um mundo e linguagem próprios.  Essa condição de reclusão e aniquilamento do sujeito, através da privação do convívio social, confirmava a inadequação do modelo de confinamento hospitalar, característica da instituição médica clássica (TENÓRIO, 2001 apud CIMINO; LEITE, 2016).
  • 6. 6  Franco Basaglia (1924 - 1980), psiquiatra italiano, discordou enfaticamente dos tratamentos dados aos pacientes dessas instituições.  Essa situação pôde ser vista com frequência nos hospitais psiquiátricos brasileiros, a exemplo do Hospital Colônia de Barbacena, instituição essa visitada por Basaglia em 1979 (ANTUNES; BOTELHO; COSTA, 2013 apud CIMINO; LEITE, 2016).
  • 7. 7 Tal contexto histórico foi o marco disparador da necessidade de inserir o doente mental na sociedade, tarefa assumida pela Reforma Psiquiátrica. Datada na virada da década de 1970 para a de 1980, fundamentava-se nas críticas de maus tratos, abandono, fraudes no financiamento e em todos os excessos e desvios constatados nos hospícios (TENÓRIO, 2001). A Reforma objetivava responder às questões sociais, políticas, clínicas e, principalmente, à crise do modelo hospitalocêntrico e aos esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. Buscava possibilitar a recuperação da cidadania dos asilados, defendendo a convivência social com a loucura e, nessa direção, um processo de politização na prática clínica, com novas formulações em relação a essa prática e propostas de reformulação legal nas políticas públicas de saúde.
  • 8. 8 O movimento da Reforma Psiquiátrica teve como meta principal a luta antimanicomial convocando a todos para a discussão e reconstrução da relação com o louco e a loucura. O marco dessa luta foi a VIII Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, essa conferência teve um papel primordial em todo o movimento desencadeado pela crítica ao modelo hospitalocêntrico e apresentou as bases da Reforma Sanitária:
  • 9. 9 Concepção ampliada de Saúde, entendida numa perspectiva de articulação de práticas sociais e econômicas; Saúde como direito de cidadania e dever do Estado; Instituição de um Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como princípios fundamentais a universalidade, a integralidade das ações, a descentralização e hierarquização dos serviços de saúde; Participação popular e controle social dos serviços públicos de Saúde.
  • 10. 10 I Conferência Nacional de Saúde Mental (1987). “Implantação e privilegiamento das equipes multiprofissionais na rede básica e nos hospitais e de práticas ambulatoriais destinadas a reverter o modelo assistencial organicista e medicalizante que havia” (DIMENSTEIN, 1998, p.63 apud CIMINO; LEITE, 2016, p.15).
  • 11. 11 É nesse momento histórico que o profissional de Psicologia passa a atuar na rede pública de saúde, inserindo-se no setor público de atenção à saúde mental. Desde a criação da Psicologia como profissão, em 1962, a ação do psicólogo estava voltada para a atuação na clínica privada, na escola e na indústria. A partir da década de 1980, uma nova problemática se impõe à Psicologia, advinda da inserção dos psicólogos na rede pública de saúde sob a influência da Reforma Psiquiátrica.
  • 12. 12 No entanto, apesar desse novo direcionamento “[...] os cursos universitários de psicologia, particularmente os de graduação, se mostraram geralmente inertes frente aos desafios dos novos campos de atuação profissional na área pública, repetindo os padrões hegemônicos de formação voltados para uma prática clínica nos consultórios privados.” (VASCONCELOS, 2004, p. 76 apud CIMINO; LEITE, 2016, p.15).
  • 13. 13 Nesse sentido, o psicólogo brasileiro – inserido na rede pública – deparou-se com questionamentos sobre sua prática, até então fundados em modelos técnico-científicos derivados da Ciência da Natureza Moderna e transportados para a constituição da Psicologia sem uma explicitação e diferenciação de seu objeto de estudo, gerando os grandes sistemas psicológicos sustentados por uma pseudo unidade da Psicologia (CIMINO; BARRETO, 2013).
  • 14. “[...] em decorrência desse tipo de formação e da cultura mais difusa na categoria, os psicólogos que entraram na rede pública se mostraram completamente despreparados para os novos desafios e serviços que encontraram, tendendo a repetir nos serviços ambulatoriais, com clientela oriunda principalmente das classes populares, o padrão de prática hegemônico nas clínicas privadas.” (VASCONCELOS, 2004, p. 76). 14
  • 15. 15 Assim, a prática do psicólogo na Saúde Pública tem se ancorado, predominantemente, nos saberes da clínica psicológica tradicional sem que haja revisão e/ou contextualização, e colabora com a percepção social da psicologia como sinônimo de psicoterapia. Esse cenário aponta para a necessidade de um redirecionamento da prática psicológica indicando a urgência de uma atuação atravessada por uma série de questionamentos político-sociais e comprometida com a dimensão ético-política da profissão. Assinala, assim, para a necessidade de construção de modalidades de prática que atendam a essa nova demanda, contextualizando as problemáticas emergentes das diversas comunidades atendidas.
  • 16. 16 Esse ‘outro’ modo de implicação da prática no contexto da saúde coletiva acolhe, de modo efetivo, a demanda das classes sociais menos favorecidas, o que vem gerando uma revolução no que se refere aos modelos dos serviços psicológicos tradicionais, que são voltados para o atendimento de uma minoria pertencente às classes média e alta. O crescente envolvimento com os serviços ofertados pelas Unidades Básicas de Saúde, vinculadas à assistência em Saúde Pública, “vem gerando desafios e angústia para os psicólogos compromissados com uma transformação pessoal. Para que esta se efetive, faz-se necessária outra postura, outra forma de conceber as relações sociais, o homem, a vida” (ANDRADE; MORATO, 2004).
  • 17. 17 Retomando o foco da Reforma psiquiátrica, novos mecanismos de cuidado foram apresentados no Projeto de Lei 3657 de 1989 – “Lei da Reforma Psiquiátrica”, aprovado somente em abril de 2001. Apresentava artigos que apontavam para modificações substanciais, no entanto ainda indicava uma postura tímida em relação à substituição asilar. É importante ressaltar que a referida Lei regulamenta o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de deliberar também assistência em outros dispositivos, como por exemplo, os Serviços Residenciais Terapêuticos, criando moradia para clientela egressa de longa permanência institucional.
  • 18. 18 Tal perspectiva coincide com a proposta de uma “clínica ampliada”, que aponta para a necessidade de buscar outros saberes/fazeres extraclínicos, necessários à reformulação do conceito de doença mental oriundo da clinica tradicional. Esse olhar supõe uma não valorização da doença ou da sintomatologia tradicional, privilegiando um voltar-se para a existência da pessoa doente em sua totalidade, valorizando tanto as condições objetivas de vida, como as subjetivas (TENÓRIO, 2001).
  • 19. 19 Dificuldades na atuação  Pesquisas já assinalam diversas dificuldades encontradas pelos psicólogos que atuam na Saúde Pública. Os resultados apontam para três principais fatores dificultadores:  A inadequação da formação acadêmica para a atuação do psicólogo em instituições de Saúde Pública;  Dificuldade de adaptar-se às condições de perfil profissional exigido pelo SUS e;  A transposição do modelo hegemônico de clínica psicológica tradicional para o setor público. (DIMENSTEIN, 1998; YAMAMOTO; CUNHA, 1998; LIMA, 2005; CARVALHO; BOSI; FREIRE, 2009).
  • 20. 20 Assim, um horizonte de possibilidades se faz necessário para o atendimento das diferentes demandas da clientela usuária dos serviços, de forma a contemplar o compromisso ético-político da profissão. Como proposta, a psicologia fenomenológica existencial vem desenvolvendo pesquisas e trabalhos que contemplem diferentes possibilidades de prática psicológica, as quais têm se mostrado eficazes no atendimento ao sofrimento contemporâneo, entre eles destacam-se:  Plantão psicológico,  Psicodiagnóstico colaborativo e  Oficinas de criatividade.
  • 21. 21 Plantão Psicológico  Surgiu nos anos 1960, sendo considerado um serviço inovador de atenção psicológica prestado à população. É um atendimento destinado a pessoas que necessitam de uma ajuda especializada, no momento da demanda, ampliando suas compreensões acerca da situação vivida e busca de soluções concretas e circunscritas à realidade sociocultural da clientela atendida (BARRETO, 2009). Pode ser implantado em ambiente clínico, educacional, comunitário ou institucional.
  • 22. 22 Psicodiagnóstico colaborativo Se constitui como uma proposta diagnóstica que considera o cliente como um parceiro ativo do processo (YEHIA, 2009). Nesse sentido, cliente e psicólogo(a) participam e constroem em conjunto as possibilidades diagnósticas de modo a beneficiar o cliente com intervenções durante o processo, através de uma compreensão mútua para a solução dos problemas.
  • 23. 23 Oficina de Criatividade Trata-se de atividades realizadas em grupos – que podem ser oferecidas em diferentes contextos – e utiliza recursos expressivos para o acesso à experiência do cliente (CUPERTINO, 2008). Tal modalidade de prática aponta para o trabalho do psicólogo – voltado para uma postura de facilitador do processo de transformação – gerado a partir do esclarecimento da demanda dos clientes.
  • 24. 24 Percepções dos profissionais no trabalho em uma policlínica I) Acolhimento do usuário: O acolhimento segue o modelo de clínica ambulatorial em que o usuário do serviço busca uma ajuda, seja para um acompanhamento inicial ou para dar continuidade ao tratamento iniciado em algum dos serviços da rede pública, e é atendido dentro de uma das modalidades de prática oferecidas.
  • 25. 25  Os psicólogos afirmam que, entre os casos que foram encaminhados e aqueles que são considerados urgentes, os últimos são priorizados.  Nesse sentido, percebemos posturas diferentes em relação à grande procura, que gera a lista de espera, uma vez que alguns psicólogos, pelo modo de marcação da Policlínica, sequer têm acesso ao número de usuários que não são atendidos.  Já alguns profissionais relatam que, diante da grande procura e aliada ao pequeno número de profissionais para o atendimento aos usuários, muitas vezes se faz necessário uma ‘seleção’ daqueles que serão atendidos, já que não há vagas para todos.
  • 26. 26  Em relação às queixas dos usuários, os profissionais relatam que o modelo da clínica psicológica em ambulatório não consegue vislumbrar a totalidade do contexto em que o usuário do serviço convive, uma vez que o contexto é muito amplo e abrange uma problemática muito complexa. Nesse sentido, indicam a necessidade de uma maior articulação entre os serviços públicos, como forma de otimizar suas intervenções e obter um suporte social.
  • 27. 27 II) Compreensão de sofrimento: Em relação à compreensão do sofrimento vivenciado pelos usuários das Policlínicas, os psicólogos ressaltam que ele possui íntima ligação com os fatores familiares, culturais, econômicos, políticos e sociais. Diante de tamanha amplitude, os recursos clínicos se mostram insuficientes para responder às queixas, que trazem sofrimentos muito concretos.
  • 28. 28  Para além de tal percepção, os psicólogos entrevistados reconhecem também o fato de, no geral, o público não conhecer o trabalho de um psicólogo, frequentando o serviço porque foi encaminhado ou porque quer ser medicado.  Tal situação demanda um trabalho psicoeducativo por parte do psicólogo, para que haja o reconhecimento da importância do investimento do usuário no atendimento psicológico oferecido.
  • 29. 29 Dimenstein (1998), ao pesquisar sobre a prática do psicólogo no contexto da Saúde Pública, aponta que modelo clínico na formação e prática profissional do psicólogo influencia até os dias atuais para a predominância dessa visão clássica da psicologia que, desde o seu nascimento, dedica-se a prestar serviços às classes mais abastardas. Nessa direção, reconhecem os fatores culturais e econômicos como fatores invibilizadores do acompanhamento, uma vez que os usuários, às vezes, não possuem sequer condições financeiras de se locomoverem até a Policlínica.
  • 30. 30 III) Modalidades de prática: Apesar da ênfase na psicoterapia individual, foram encontradas também as seguintes modalidades de prática:  Oficina diagnóstica;  Plantão psicológico;  Ludoterapia e;  Atendimentos em grupo para crianças, adolescentes e adultos.  As práticas desenvolvidas enfatizam a dimensão subjetiva do sofrimento vivido pelos usuários e revelam a limitação da ação clínica para acolher a demanda trazida vinculada às questões concretas que envolvem condições econômicas, culturais, violência, falta de moradia, entre outros.
  • 31. 31  Essas possibilidades de atendimentos foram implantadas para responder ao grande número de clientela e à complexidade da demanda, de modo a garantir o acolhimento e acompanhamento ao sofrimento no serviço prestado.  Apesar da implantação de novas modalidades de prática, o atendimento é considerado insuficiente e é ressaltada para a necessidade de ampliação do número de atendimento e de criação de outras modalidades de prática psicológica.
  • 32. 32 No entanto a maioria dos serviços realizados pelos psicólogos entrevistados privilegia o modelo de atendimento individual, em alguns casos norteados pela perspectiva da psicoterapia breve, na tentativa de responder ao grande número. Fonte: https://secad.artmed.com.br/blog/psicologia/primeira-consulta- psicoterapia/
  • 33. 33 IV) Sentimento frente às dificuldades: através do relato dos psicólogos, percebemos que a experiência do atendimento nas Policlínicas gera diversos sentimentos, no entanto o sentimento de impotência frente às diversas dificuldades encontradas perpassa as narrativas de muitos dos psicólogos.  Tal contexto evidencia os limites da prática psicológica exercida, apontando para a insuficiência da intervenção psicológica frente ao grande número de pacientes e complexidade da demanda apresentada, confirmando a especificidade da clínica psicológica e das interfaces que a rodeiam.
  • 34. 34 V) Formação acadêmica: os psicólogos afirmam não terem tido apoio de sua formação acadêmica para atuação no serviço público de saúde. As teorias e técnicas aprendidas são importadas e não se adaptam à realidade brasileira.  Tal contexto demanda grande flexibilidade em nível profissional e pessoal por parte do psicólogo, além da necessidade de estudos complementares.  Além dos fatores já discutidos sobre a identidade/formação profissional do ponto de vista histórico, Dias e Muller (2008) apontam também o desconhecimento e desvalorização da atuação do psicólogo do serviço público, como reflexos de uma formação que, muitas vezes, não atende às necessidades dessa população.
  • 35. QUAIS AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL VOCÊS CONHECEM? 35 Interação
  • 36. 36 Psicologia Organizacional Ao longo de seu percurso histórico, a Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) passou por um vasto conjunto de mudanças. Desde sua origem voltada ao trabalho no contexto industrial, no início do século do século XX, passando pela descoberta de um novo objeto de estudo e investigação nos anos 1950 (as organizações) (PEIXOTO; BASTOS, 2019), até os dias atuais, a área ampliou seu foco de atuação, incorporou diferentes metodologias e olhares, descobriu novos objetos. Entretanto, uma característica básica pode ser observada ao longo de sua história, uma profunda sinergia entre os domínios da ciência e da profissão, caracterizando aqui o que chamamos de uma profissão de base científica.
  • 37. 37 Estudos que descrevem o exercício profissional dos psicólogos de POT no país indicam que a maioria desses profissionais se mantém atuando nos subcampos ligados às organizações e à gestão de pessoas:  Recrutamento e a seleção de pessoas;  Avaliação de desempenho;  Treinamento;  Ações ligadas ao comportamento organizacional (BASTOS; GONDIM; RODRIGUES, 2010; BASTOS; RODRIGUES, 2014; GONDIM; BASTOS; PEIXOTO, 2010).
  • 38. 38 Já no campo acadêmico, é possível observar uma situação semelhante, com o predomínio de pesquisas que abordam temas que se relacionam com uma agenda própria, deixando de lado questões técnicas do trabalho. Assim, a produção de conhecimento se volta principalmente para temáticas ligadas ao comportamento organizacional, a construção e a avaliação de medidas, relações de trabalho e saúde do trabalhador (CAMPOS et al, 2011).
  • 39. 39 As discrepâncias observadas entre teoria e prática, aliadas ao predomínio de profissionais executando principalmente atividades operacionais e de baixa complexidade, certamente contribui para uma visão incompleta da identidade profissional. Essa discrepância pode ser explicada por diversos fatores:  a deficiência na formação do psicólogo para atuar no contexto do trabalho;  a necessidade de apropriação de bases teóricas e filosóficas para alicerçar a prática e;  a necessidade de inovação na atividade profissional do psicólogo no contexto do trabalho (COELHO-LIMA; COSTA; YAMAMOTO, 2011).
  • 40. 40 Essa lacuna na formação e na articulação entre teoria e prática se reflete da dificuldade de profissionais que atuam no contexto das organizações de trabalho em lidar com situações de crise, como é o caso da pandemia da Covid-19, em função de limitações nos repertórios comportamentais. https://saberalei.com.br/direito-do-trabalho-na-pandemia/
  • 41. 41 Crise pode ser compreendida como “um evento de baixa probabilidade e alto impacto que ameaça a viabilidade da organização e é caracterizada pela ambiguidade de causa, efeito e meios de resolução, bem como pela crença de que as decisões devem ser tomadas rapidamente” (PEARSON; CLAIR, 1998, p. 60).
  • 42. 42 É sabido que é por meio do planejamento e da gestão que as organizações conseguem melhor se preparar para lidar com eventos inesperados e disruptivos, a fim de evitar consequências mais graves. Porém, tradicionalmente, os profissionais que atuam no campo da gestão de pessoas em geral e, especificamente os psicólogos, costumam não ser adequadamente preparados para lidar com esse tipo de situação. O panorama de crise que se instaurou diante do avanço da Covid-19 se soma e potencializa os problemas já existentes nas organizações de trabalho, ampliando seus impactos sobre os trabalhadores e as organizações.
  • 43. 43 Para responder às demandas trazidas pela Covid-19, é necessário que os psicólogos do trabalho e da organização atuem no sentido de aplicar o conhecimento do campo para promover, de forma complementar, buscando uma melhoria no bem-estar dos indivíduos no trabalho e atuando no gerenciamento de riscos nas organizações (MOLINO et al, 2020). Fonte: https://www.phonoway.com.br/cloud/home-office
  • 44. 44 O referencial de transição foi originalmente desenvolvido por Nancy Schlossberg (1981, 1984) no âmbito da psicologia do aconselhamento. Ela estava preocupada em compreender como indivíduos mudam ao longo do tempo e como são afetados nesse processo. Seu modelo propõe que o importante é avaliar a forma como as diversas transições que uma pessoa enfrenta ao longo da vida são percebidas. Referencial de Transição de Schlossberg
  • 45. 45 Partindo de uma perspectiva desenvolvimental, ela sugere que cada pessoa passa por um conjunto específico de experiências de vida, sendo que cada uma delas abre, potencialmente, novos caminhos e possibilidades, em um processo de diferenciação. Por outro lado, esses processos de desenvolvimento precisam ser compreendidos no contexto específico no qual ocorrem. Escolhas, recursos, aspirações, padrões de vida, modelos de referência, possibilidades de atuação, todos eles ocorrem dentro dos limites que são estabelecidos pelo contexto.
  • 46. 46  O processo de transição tem seu início quando a pessoa se depara com uma situação que traz em si algum tipo de mudança na forma como ela experimenta algum aspecto significativo de sua existência.  Essa situação exige um processo de adaptação ao novo, que usualmente envolve desenvolver novos papéis sociais, modificar repertórios comportamentais ou assumir uma nova posição na vida. Para que isso ocorra, é necessário que o indivíduo mobilize recursos pessoais que lhe permitam lidar com a situação desconhecida (PEIXOTO; CÔRTES; BASTOS, 2020).
  • 47. 47 Adultos em processo de transição normalmente necessitam de algum tipo de ajuda, uma vez que essas experiências costumam desencadear o medo e a insegurança. São exemplos de transições: as mudanças de carreira, a entrada no mundo do trabalho e os diversos aspectos das relações interpessoais, tais como casamento, separação, nascimento e morte. Ainda que o processo de mudança seja individual, existe uma estrutura básica na transição que é bastante estável. E é justamente esse o ponto que a torna um referencial útil para que possamos compreender a realidade.
  • 48. 48  O processo de transição se caracteriza como um ajuste adaptativo que envolve basicamente três etapas distintas:  Aproximação da transição: é nesse momento que a pessoa se dá conta de que algo está para mudar em sua vida. Ela identifica a natureza da mudança e avalia os impactos potenciais em sua vida. Mudanças antecipadas permitem planejamento e avaliação. Mudanças não antecipadas, normalmente, desencadeiam processos de adaptação mais custosos pois não permitem que o indivíduo se prepare para seu enfrentamento.
  • 49. 49  Lidando com a transição: nesse ponto os indivíduos lançam mão de seus recursos de coping de modo a lidar com as consequências de sua situação. O modelo propõe quatro fatores principais que influem nessa capacidade do indivíduo: a situação (o momento em que a transição ocorre), o self (as características individuais), o suporte (percebido e disponível) e estratégias (com a pessoa navega pela situação).  Assumindo o controle: aqui o ponto focal consiste em compreender que, ainda que não seja possível controlar aquilo que acontece com o indivíduo, é possível, por meio da mobilização de seus recursos de coping, gerenciar ou manejar os efeitos da transição em maior ou menor grau.
  • 50. 50  Exemplo:  O primeiro evento/gatilho identificado surge no dia 16 de março, quando um decreto municipal estabeleceu a suspensão dos trabalhos e determinou o isolamento social no município.  Até esse momento, trabalhava-se como uma perspectiva de que esse tipo de medida eventualmente seria necessário, mas não havia uma indicação clara de quando isso se daria.  Tem-se a impressão de que as empresas e profissionais não usaram esse momento inicial, de aproximação, para uma avaliação e um planejamento do que poderia vir a ser feito em caso de um agravamento da situação sanitária.
  • 51. 51  Se houvessem procedido dessa maneira, certamente parte significativa das consequências psicossociais posteriormente observadas teriam sido evitadas ou, pelo menos, amenizadas.  Com isso, aquilo que poderia ter sido uma transição antecipada, na prática, se apresentou com todas as características de uma transição não antecipada.  A esse respeito, Anderson et al. (2012) apontam que a não preparação para situações inesperadas tem sido uma característica bastante comum em condições de desastres naturais, mesmo em situações nas quais existe a probabilidade que elas ocorram.
  • 52. 52 Apesar do noticiário sobre a pandemia, é a necessidade de suspender as atividades presenciais e mover os trabalhadores para home office que se apresentou como um evento disruptivo, onde os psicólogos se sentem perdidos e desorientados. Suas práticas tradicionais já não se aplicam da mesma forma. Essa situação vem acompanhada por insegurança, medo e tensão, elementos que, em alguma medida, estão presentes por todo o período investigado ainda que em diferentes graus de intensidade.
  • 53. 53 A transição desencadeia nos indivíduos um processo de mobilização de recursos institucionais e pessoais (coping) que lhes permitam lidar com a situação de alguma forma, ao mesmo tempo em que tentam estabelecer algum grau de controle e de estabilidade em relação ao processo de transição. Nesse ambiente conturbado e confuso, e diante da falta de experiência com situações semelhantes, o comportamento das organizações e dos profissionais assume um caráter reativo.
  • 54. 54 Existe a expectativa de que venha do governo um conjunto de orientações e instruções sobre como proceder, afinal, a relação de emprego é regulada por um conjunto legislativo específico que precisa ser observado sob pena de sanções. Entretanto, o que se vê nesse período inicial foi uma ação desordenada e descoordenada das diversas instâncias do poder público, o que amplificou a confusão ao invés de reduzi-la.
  • 55. 55  No dia 22 de março é publicada uma medida provisória (MP 927), a primeira de uma série, tratando de questões trabalhistas. Ela previu, entre outras coisas, a possibilidade de suspensão ou redução temporária de contratos e desligamentos. No período que se segue, ela foi repetidamente contestada, alterada e substituída, sendo finalmente revogada pela Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 6377, no dia 8 de maio de 2020.  Ao não prover os elementos necessários para estabilizar a situação, a ação do governo pode ser lida como outro evento disruptivo dessa dinâmica, desencadeando um novo processo de transição. Nesse contexto, aumentam as pressões sobre o trabalhador, inclusive com demissões e afastamentos.
  • 56. 56 Começamos a perceber que as possibilidades dos psicólogos de lidar com a situação têm relação direta com a natureza do trabalho. Eles começam a ser mais demandados e passam a sentir o impacto dessa situação. Nesse momento, percebemos as primeiras diferenças no trabalho realizado pelo profissional de psicologia em relação ao que antes eles faziam, que adquire mais ou menos amplitude em função de características específicas da organização na qual ele atua.
  • 57. 57 Psicologia Escolar As formas de intervenção de psicólogos escolares e educacionais estão fortemente atreladas à formação disponibilizada pelos cursos de graduação em psicologia no país. As discussões em torno dessa questão foram iniciadas ao final da década de 1970 quando se passou a questionar para quem trabalhava e a quem servia o psicólogo escolar (PATTO, 1997).
  • 58. 58 A problematização em torno de ações remediativas e adaptacionistas, implementadas nos primórdios da entrada de psicólogos nas escolas e ainda observadas nos dias atuais, conduziu um debate intenso no interior da psicologia escolar e educacional entre as décadas de 1990 e 2000, no sentido de redimensionar e propor formas de atuação que denotassem um olhar mais crítico, ampliado e comprometido da psicologia com as demandas educacionais
  • 59. 59 Conforme Antunes (2008, p. 473), passou-se cada vez mais a reivindicar dos psicólogos uma atuação que se direcionasse para “a formação de professores, a intervenção no âmbito das relações escola-família- comunidade, e o processo grupal estabelecido na instituição escolar”. Assim, começava a ser forjado um movimento de crítica no interior da psicologia escolar e educacional orientado por uma ação do psicólogo efetivamente comprometido com o cotidiano da escola em sua função essencialmente pedagógica.
  • 60. 60  Pesquisas sobre as Percepções dos estudantes de psicologia sobre as questões, situações ou temas que deveriam ser alvo do trabalho do(a) psicólogo(a) escolar Grupo 1: os temas que deveriam ser trabalhados pelos psicólogos nas escolas seriam problemas de ordem individualizante (quatorze falas) tais como:  conflitos;  problemas pessoais;  individualidade e subjetividade;  o emocional do aluno;  as dificuldades do aluno quanto a prestar atenção;  a incapacidade e falta de habilidade do aluno;  questões de comportamento, entre outros.
  • 61. 61 Grupo 2: os resultados da entrevista apontaram que a família (7 falas) é o tema mais recorrente. Nesta categoria, foram citados pelos participantes:  o relacionamento entre a família;  orientação e trabalho com os pais;  questões familiares;  família como ambiente social da criança.
  • 62. 62 Os resultados do Grupo 1 e Grupo 2 apontam para a ideia de que o problema está ora na criança, ora na família, corroborando uma visão tradicional do contexto escolar e do que se entende como cerne de trabalho do psicólogo escolar e educacional. Neves (2011), estabelece como um dos níveis de atuação a família, mas no sentido de formar parceria para trabalhar a queixa escolar: a família é convocada para dar sua versão da queixa escolar, para elucidar questões relativas à história de escolarização dos estudantes. O trabalho com a família ocorre após todas as possibilidades de trabalho no primeiro nível (instituição) se exaurirem e tem como núcleo central buscar informações sobre o aluno com os docentes e a escola e sua relação com uma determinada queixa escolar.
  • 63. 63 Quanto a promoção do processo de ensino-aprendizagem: Grupo 1: fala sobre uma aprendizagem que depende majoritariamente do professor, sem envolver todos os atores imbricados nessa relação, como pode-se observar em termos utilizados pelos estudantes, tais como: tornar o assunto mais atrativo, ajudar para que os alunos tenham uma aprendizagem melhor, entre outros. Grupo 2: demonstraram que todos os atores escolares contribuem no processo de ensino-aprendizagem. Entende-se assim que a articulação da psicologia com a educação precisa ser feita por um profissional que efetive intervenções que privilegiem a promoção da aprendizagem e propiciem o desenvolvimento humano nos diversos contextos de educação formal e informal.
  • 64. 64 Ainda foram mencionados pelos graduandos como questões, situações ou temas que deveriam ser alvo do trabalho do psicólogo escolar e educacional, problemas de origem neurológica e cognitiva, tais como identificação do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); déficit de aprendizagem; e a observação de comportamento do aluno. Em contrapartida, as falas dos participantes do Grupo 2 se organizaram na categoria espaço institucional como sendo o principal tema que deveria ser alvo do trabalho do psicólogo escolar e educacional.
  • 65. 65 Sobre isso, Marinho-Araujo (2014) defende que o aluno precisa ser visto em sua totalidade e com todas as nuances que atravessam a sua vivência na instituição. Assim sendo, considera-se que a resposta do Grupo 1, focando no aluno de forma individual, não contempla o espaço escolar, pois “isola o indivíduo e sua subjetividade do mundo social e isenta as instituições” (TRIGUEIRO, 2015, p. 227). Considera-se, portanto, que a visão do Grupo 2 é a mais aproximada do que se entende como alvo do trabalho do psicólogo escolar e educacional, pois sabe-se que as dificuldades encontradas nesse contexto são multideterminadas e necessitam ser vistas e trabalhadas dessa forma.
  • 66. 66 A escola é um importante campo de atuação do psicólogo escolar e educacional, atravessado por divergências e contradições, mas, de forma dialética, um espaço que pode favorecer transformação. No entanto, não é o único espaço, pois as possibilidades são variadas, tais como:  educação básica, que inclui o ensino infantil (creches e pré-escolas);  o ensino fundamental; o ensino médio;  a educação profissional técnica de nível médio;  educação de jovens e adultos (EJA);  educação profissional e tecnológica;  educação superior e;  a educação especial. (MARINHO-ARAUJO, 2014; BRASIL, 1996)
  • 68. 68 Unidade 3  Diretrizes curriculares nacionais para o curso de Psicologia  O perfil do estudante de psicologia  Estágios e formações complementares em Psicologia
  • 69. 69 Unidade 4  Resolução ética dos serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância  O papel do(a) Psicólogo (a): A psicologia por uma sociedade mais democrática e igualitária; O papel do(a) psicólogo(a) no contexto atual das relações humanas  Visibilidade de práticas psicológicas atuais em algumas áreas de atuação
  • 70. CIMINO, A. P. N. et al. Psicologia e Saúde Pública: cartografia das modalidades de prática psicológica nas policlínicas. Ver. Psicologia e Saúde, v. 8, n. 1, jan/jun. 2016, p. 14-23. Disponível em < https://pssaucdb.emnuvens.com.br/pssa/article/view/483 Acesso em 15 Abr. 2021 SANTOS, Elisa Alves dos et al . Percepções de Graduandos de Psicologia Acerca do Trabalho do Psicólogo Escolar e Educacional. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 40, e189579, 2020 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 98932020000100114&lng=pt&nrm=iso . Acessos em 16 abr. 2021. PEIXOTO, Adriano de Lemos Alves; VASCONCELOS, Eveli Freire de; BENTIVI, Daiane Rose Cunha. Covid-19 e os Desafios Postos à Atuação Profissional em Psicologia Organizacional e do Trabalho: uma Análise de Experiências de Psicólogos Gestores. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 40, e244195, 2020 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932020000100657&lng=en&nrm=iso . Acesso em 16 Apr. 2021. REFERÊNCIAS