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Receita fiscal, crescimento e
dívida pública
Carlos Fonseca Marinheiro | Conselho das Finanças Públicas, Vogal
Universidade de Coimbra, Professor Auxiliar
Coimbra, 7.4.2017
Organização: Associação Fiscal Portuguesa, Secção Regional de Coimbra
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Coimbra Business School, ISCAC
Disclaimer: as opiniões aqui expressas vinculam apenas o autor.
Objetivos sistema fiscal
Objetivos do sistema fiscal
 Xavier Basto (2004): «Teremos (…) seis objectivos centrais, que o pobre
sistema tributário, um artefacto humano, afinal de contas, tem de carregar
às costas:
 suficiência de receitas;
 justiça ou equidade tributária;
 eficiência económica;
 simplicidade;
 estabilidade;
 capacidade concorrencial.»
 Tradicionalmente só os 3 primeiros.
 «Tax systems are primarily aimed at financing public expenditures. Tax
systems are also used to promote other objectives, such as equity, and to
address social and economic concerns. They need to be set up to minimise
taxpayers’ compliance costs and government’s administrative cost, while
also discouraging tax avoidance and evasion. But taxes also affect the
decisions of households to save, supply labour and invest in human capital,
the decisions of firms to produce, create jobs, invest and innovate, as well
as the choice of savings channels and assets by investors.» OCDE (2010)
Objetivos do sistema fiscal
 Em 2016, a Comissão Europeia aponta no mesmo sentido no caso da
tributação rendimento das sociedades (COM(2016) 682 final, 25.10.2016):
 A tributação é um elemento fundamental da ação da UE para construir uma
economia mais forte, mais competitiva e mais justa, com uma clara
dimensão social. A Europa precisa de um sistema fiscal que esteja adaptado
ao seu mercado interno e apoie o crescimento económico e a
competitividade, atraia o investimento, favoreça a criação de empregos,
promova a inovação e defenda o modelo social europeu.
 A tributação deve:
 gerar receitas estáveis para as políticas de investimento público e
políticas favoráveis ao crescimento.
 garantir a todas as empresas
 condições de concorrência leais,
 segurança jurídica e
 o menor número possível de obstáculos nas suas atividades
transfronteiras.
 inscrever-se num sistema fiscal mais vasto em que os cidadãos
confiem, por ser justo e ir ao encontro das necessidades
socioeconómicas da sociedade.
Objetivos do sistema fiscal na CRP
 N.º 1 do artigo 103.º: «O sistema fiscal visa
 a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras
entidades públicas e
 uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza».
 Artigo 104.º
 O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das
desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e
os rendimentos do agregado familiar.
 A tributação das empresas incide fundamentalmente sobre o seu
rendimento real.
 A tributação do património deve contribuir para a igualdade entre os
cidadãos.
 A tributação do consumo visa adaptar a estrutura do consumo à evolução
das necessidades do desenvolvimento económico e da justiça social,
devendo onerar os consumos de luxo.
 N.º 4 do artigo 105.º: «O Orçamento prevê as receitas necessárias
para cobrir as despesas, definindo a lei as regras da sua execução,
as condições a que deverá obedecer o recurso ao crédito público
(…)»
Portugal
Breve caracterização
pressões sobre a receita fiscal
Carga fiscal: aumento muito
significativo
15,7
18,9
24,1
29,3
31,1 31,8
29,9
31,8
34,2 34,5
-
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
1965 1975 1985 1995 2000 2007 2009 2012 2014 2015p
%doPIB
OECD Portugal
… ultrapassando média OCDE em 2014
Fonte: Revenue Statistics 2016 - ©
OECD 2016
0 10 20 30 40 50
Mexico
Chile
Korea
United States
Switzerland
Australia
Ireland
Turkey
Latvia
Canada
Israel
Slovak Republic
Japan
United Kingdom
Poland
Estonia
New Zealand
Czech Republic
Spain
Portugal
Greece
Slovenia
Germany
Netherlands
Hungary
Luxembourg
Norway
Iceland
Sweden
Austria
Italy
Finland
Belgium
France
Denmark
Fonte: Revenue Statistics 2016 - ©
OECD 2016
Carga fiscal |
Total tax revenue
as % of GDP, 2014
16.ª posição
Portugal: no top10 do aumento
carga fiscal desde 1985
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
United Kingdom
Hungary²
Mexico
Luxembourg
Czech Republic³
Netherlands
Ireland
Norway
Belgium
Japan
France
Germany
Australia
Austria
Sweden
Chile¹
Switzerland
OECD/OCDE (+1.8)
United States
Denmark
Iceland
Canada
Greece
Korea
Poland²
Spain
Portugal
Turkey
Finland
Italy
New Zealand
Changes in tax to GDP ratio (in % points)
1985-1995 1995-2014
-13-12-11-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Slovak Republic
Poland
Israel
Estonia
Canada
New Zealand
Ireland
Sweden
Hungary
Slovenia
Czech Republic
Norway
Latvia
Finland
United States
Australia
Netherlands
Germany
OECD/OCDE (+0.9)
Chile
Switzerland
Austria
United Kingdom
Belgium
Spain
Denmark
Luxembourg
France
Mexico
Portugal
Italy
Korea
Japan
Greece
Iceland
Turkey
Carga fiscal e
desenvolvimento económico
10
15
20
25
30
35
40
45
50
10 000 20 000 30 000 40 000 50 000 60 000 70 000 80 000 90 000
Cargafiscal,%PIB
PIB per capita, USD, PPP
Lux
DIN
EUA
Suíça
NoruegaHU
Grécia
OCDE
Carga fiscal
próxima média
OCDE, mas menor
PIB per capita (PPP)
PRT
Instabilidade fiscal
 Sarmento e Duarte (2015): análise das alterações aos códigos fiscais
IRS, IRC, IVA, RITI, Contribuição Autárquica (mais tarde substituída pelo
IMI), IMT, Imposto de Selo e Estatuto dos Benefícios Fiscais entre 1989 e
2014
 Concluem: “elevado nível de instabilidade fiscal”
 Total de 492 alterações legislativas durante o período em análise.
 Em média 19 alterações em cada ano
 IRS é o imposto mais alterado, seguido do IRC e do IVA. Os impostos
sobre o património, apesar da reforma de 2003, apresentam uma maior
estabilidade
 As 492 alterações legislativas produziram um total de 3.178 alterações
a artigos dos referidos Códigos fiscais
 Pereira & Wemans (2013) concluem pela existência de efeitos
fortemente negativos e persistentes no PIB e consumo decorrentes
dos aumentos de tributação legislados entre 1996-2012
 Legislated tax changes of 1 percent of GDP reduce output by 1.3 percent
one year out, and 2.7 percent three years out.
Pressões: Despesa
Nota: Série “compatibilizada” em SEC 2010. Valores não ajustados de one-offs.
Fonte: INE e cálculos do autor
34,2%
43%
45%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
55%
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PIB
RF+ CSS ef. (carga fiscal) Receita total Despesa Total
Pressões: Despesa - recomendações
do Conselho UE e avaliação da CE
Semestre Europeu:
Recomendação
 CSR1 (Recomendação
Específica por País)
Proceder, até fevereiro de
2017, a um profundo reexame
da despesa (expenditure
review) e reforçar o controlo
das despesas, a eficácia em
termos de custos e a
orçamentação adequada a
todos os níveis da administração
pública
Avaliação Comissão Europeia, fevereiro 2017
 Alguns progressos na realização de um
profundo reexame da despesa. As autoridades
deram início a um exercício de revisão das
despesas, principalmente com base em medidas
de eficiência que envolvem os ministérios da
saúde e da educação; as empresas estatais e a
contratação pública (centralizada) e a gestão
imobiliária.
 Este reexame das despesas ainda está muito
longe de configurar uma abordagem global,
dado que o seu âmbito de aplicação abrange
apenas o Governo central e centra-se na obtenção
de ganhos de eficiência decorrentes da
racionalização dos serviços.
 Continua a não existir um enquadramento para
garantir a sustentabilidade orçamental das
empresas públicas.
Nota: OE2017 prevê 238,6 milhões de poupanças atribuídos ao exercício de revisão de
despesa (134 na saúde; 30 na educação; 17 nas compras públicas).
Despesa total AP: € 87.168 milhões
Pressões: Défice
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
Défice sem one-off Défice headline
Pressões: Défice
0,0%
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Défice sem one-off Défice headline
Série SEC 2010
Pressões: Dívida
72%
130%
121%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
140%PIB
Dívida Maastricht Dívida Maastricht líquida depósitos AC
Pressões: Dívida - aumento 2008-2016
Decomposição não convencionalDecomposição
convencional  Aumento de 58,7 p.p. do PIB (112 870 milhões euros)
 Líquida de depósitos Admn Central: +99 879 milhões euros
 Numerário e depósitos: + 8 p.p. do PIB
 Privatizações: -3 p.p. PIB
 Intervenção em apoio a instituições financeiras: 11 p.p. do PIB
 De acordo com notificação PDE de março de 2017 impacto nas
responsabilidades fecho de balanço (stock dívida bruto) 20.919 milhões em
2016 (11,3% do PIB); custo anual líquido acumulado totaliza 12.896 milhões
de euros (a preços correntes) entre 2008-2016 (7,3 p.p. do PIB); diferença
entre ativos e passivos €13.061 milhões em 2016 (7,1% do PIB)
 Efeito dinâmico desfavorável (bola de neve): 28,2 p.p. do PIB
 [21 p.p. correspondem soma anos 2009, 2011 e 2012 em que se registou
crescimento nominal negativo do PIB; e 10 p.p. só de 2012]
 Assunção da dívida da CP, Carris e STCP (não refletidas no valor da
dívida de 2008): 3 p.p. do PIB
 Remanescente : 11,8 p.p. do PIB
 Soma défices primários ajustados 2009 a 2016: 11,6 p.p. do PIB
 Soma défices primários 2009 a 2016: 18,8 p.p. do PIB
Pressões: Juros da dívida
Juros da dívida voltam a
representar 10% valor receita
2005; 6% 2010
7%
2016
10%
17%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Juros/receita
Juros/Receita fiscal
Restrição externa
-140%
-120%
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
1/3/96
1/3/97
1/3/98
1/3/99
1/3/00
1/3/01
1/3/02
1/3/03
1/3/04
1/3/05
1/3/06
1/3/07
1/3/08
1/3/09
1/3/10
1/3/11
1/3/12
1/3/13
1/3/14
1/3/15
1/3/16
PII
216%
94%
14%
76%
-50%
0%
50%
100%
150%
200%
250%
300%
1/3/96
1/2/97
1/1/98
1/12/98
1/11/99
1/10/00
1/9/01
1/8/02
1/7/03
1/6/04
1/5/05
1/4/06
1/3/07
1/2/08
1/1/09
1/12/09
1/11/10
1/10/11
1/9/12
1/8/13
1/7/14
1/6/15
1/5/16
Dívida externa
DEB DEL
DEL- AP DEL-O. Sect
Posição de investimento internacional a melhorar,
mas negativa (-100%PIB)
Dívida externa privada e pública elevada
Bruta > 200% PIB
Líquida próxima 100% PIB
Restrição externa
Financiamento das administrações públicas por
contraparte – transações (BdP)
Pressões: Crescimento
-5,0%
-4,0%
-3,0%
-2,0%
-1,0%
0,0%
1,0%
2,0%
3,0%
4,0%
5,0%
6,0%
PIB
88,0
90,0
92,0
94,0
96,0
98,0
100,0
102,0
PIB volume
-6%
-4%
-2%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
1960
1963
1966
1969
1972
1975
1978
1981
1984
1987
1990
1993
1996
1999
2002
2005
2008
2011
2014
PIB
Pressões: Crescimento potencial
• “nível de
investimento está a
comprometer as
perspetivas de
crescimento
potencial”
• “emigração e o
envelhecimento
demográfico estão
a reduzir a
população ativa”
Fonte: Comissão Europeia, SWD(2017) 87 final, 22.2.2017 Relatório relativo a Portugal 2017 que inclui uma
apreciação aprofundada sobre a prevenção e a correção de desequilíbrios macroeconómicos
Citando a Comissão Europeia:
Regras orçamentais €uropeias
 Saldo orçamental inferior a 3% do PIB
 Saldo estrutural deve convergir para Objetivo de Médio Prazo (OMP) de um
excedente de 0,25% do PIB
 Saldo estrutural corresponde ao saldo orçamental ajustado do ciclo económico e líquido de
one-offs
 Trajetória de convergência para OMP dependente do estado da economia. Nas
condições projetadas para próximos anos melhoria anual de 0,6 p.p. PIB no saldo
estrutural
 Benchmark para um agregado modificado da despesa: não deve crescer mais
rapidamente que o PIB potencial a não ser que o excesso seja compensado por
medidas discricionárias no lado da receita (DRM no original EN). Crescimento
abaixo potencial até MTO (incorpora margem de convergência)
 Regra para redução do excesso de dívida face ao valor de referência de 60%
do PIB
 Regra geral de redução de 5% do excesso ao ano, em média nos últimos três anos
 Regra transitória (menos exigente) de ajustamento linear mínimo aplicável durante 3
anos aos países que saiam de procedimento por défice excessivo iniciado antes de
2011 [Portugal está desde 2009]
Síntese intermédia
 Receita fiscal pressionada pelo aumento de despesa
 Programação plurianual incipiente: concentração no ciclo anual do Orçamento
do Estado em vez do médio prazo  instabilidade fiscal
 Mais recentemente o aumento carga fiscal resultou da necessidade de
acelerar consolidação orçamental
 Processo de consolidação orçamental não se encontra concluído:
 Saldo estrutural ainda distante OMP [redução adicional aprox. 2 ¼ p.p. PIB]
 Necessidade de colocar o rácio da dívida numa trajetória claramente descendente:
 para melhorar condições de financiamento (melhorar perceção de risco país que está num
nível muito elevado, diminuindo spread face ao Bund, melhoria do rating)
 e cumprimento da regra de dívida
 Alguns aumentos tributação durante programa de ajustamento foram/serão
reduzidos/eliminados
 Nível de endividamento externo (privado e público) não permitirá crescimento
via crédito externo (aumento de dívida). Necessidade de atrair Investimento
Direto Estrangeiro (IDE) produtivo
 Logo: expetável manutenção de pressão sobre receita fiscal
Portugal
Sistema fiscal: questões
Debate inexistente
 Como conciliar pressão sobre a receita fiscal com a urgência de
promoção de condições que permitam um maior ritmo de
crescimento?
 A estrutura fiscal é adequada?
 A estabilidade fiscal deve ser procurada? Como a conseguir? A
instabilidade fiscal pesa sobre a atratividade do país para IDE?
 Isenções fiscais, despesa fiscal, contratualização de incentivos
 Espaço para melhorar a transparência: relatório da despesa fiscal de 2016
não foi publicado; no OE2017 alterou-se a metodologia (IRC só uma linha)
 Desenvolvimentos a nível europeu: criação da base comum de IRC
 Combate a base erosion and profit shifting (BEPS)
The Global Competitiveness
Report 2016–2017
http://reports.weforum.org/global-competitiveness-index/country-profiles/#economy=PRT
Ordem de restritividade: Taxas de imposto, burocracia e instabilidade das
políticas públicas (policy), legislação laboral, regulamentação fiscal
Como somos vistos pelos investidores?
Effect of taxation on incentives to invest
(6.04)
In your country, to what extent do taxes reduce the incentive to invest?
[1 = to a great extent; 7 = not at all]
Estrutura fiscal
% total carga fiscal (2014)
PRT:
> peso relativo bens & serviços
< peso relativo CSS exceto caso IRL (mas próx. média OCDE)
< peso relativo propriedade que em FR, ESP, IRL
> peso relativo IRC que FR, ALEM, IT, SWE, ESP, NL
variabilidade peso relativo IRS
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Bens e
serviços
Propriedade
IRCCSS
IRS
PRT
ESP
IRL
NL
SWE
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Bens e
serviços
Propriedade
IRCCSS
IRS
PRT
OCDE
FR
ALEM
Fonte: OCDE; cálculos do autor
Impostos e crescimento: literatura económica
Não consensual, mas alguma predominância de efeitos significativos
 Widmalm (2001): estrutura fiscal tem impacto no crescimento (pooled
cross-sectional data from 23 OECD countries, 1965 - 1990): proporção
receita proveniente imposto sobre rendimento tem correlação negativa
com crescimento económico
 Lee & Gordon (2005): Taxas IRC têm impacto negativo crescimento (cross-
country data 1970-1997). The coefficient estimates suggest that a cut in the
corporate tax rate by 10 percentage points will raise the annual growth rate
by one to two percentage points.
 Arnold, Brys, & Heady (2011): This article has presented empirical results
that support theoretical beliefs that economic growth can be increased by
gradually moving the tax base towards consumption and immovable
property (especially residential property). It has also argued that growth
can also be enhanced by improving the design of individual taxes.
 (Xing, 2012) finds ‘‘tax and growth ranking’’ suggested by some recent
empirical studies, including Arnold et al. (2011) is not robust under
different assumptions about heterogeneity across countries of the long-
run and short-run coefficients in the underlying econometric model.
Impostos e crescimento
 Mas difícil avaliar efeitos das reformas fiscais sobre crescimento:
 difícil distinguir efeito no nível vs taxa de crescimento PIB
 Mudanças em vários impostos em simultâneo
 Efeitos cruzados (ex.º redução tributação trabalho pode aumentar emprego,
mas também diminui o custo oportunidade de não completar educação
universitária o que afeta a produtividade)
OCDE (2010): Tax Policy Reform and Economic Growth
 De acordo com esta publicação o sistema fiscal pode influir sobre
o PIB per capita ao influenciar a utilização de trabalho e a sua
produtividade (que resulta da acumulação de capital físico e
capital humano, bem como eficiência na s/ utilização– TFP)
Impostos e crescimento
OCDE (2010): Tax Policy Reform and Economic Growth
 Minimizar impacto negativo no crescimento: minimizar os
efeitos de distorção nas decisões das empresas e famílias.
Não desencorajar a tomada de riscos nem entrada (ou
retenção) de trabalhadores altamente qualificados
 Ordenação impacto impostos na economia:
 Mais negativo: imposto sobre as sociedades
 Imposto sobre o rendimento pessoas singulares
 Impostos sobre o consumo
 Impostos recorrentes sobre a propriedade: impacto menos
negativo
 OCDE sugere transferência de parte do fardo fiscal do
rendimento para consumo e/ou propriedade residencial:
 «A growth-oriented tax reform would therefore shift part of the tax
burden from income to consumption and/or residential property.»
Impostos sobre rendimento
OCDE (2010): Tax Policy Reform and Economic Growth
 Imposto rendimento pessoas coletivas (IRC): efeito negativo PIB
per capita
 Redução taxa IRC aumenta crescimento TFP e investimento (sobretudo
nas empresas mais inovadoras)
 Redução impostos sobre o rendimento potencialmente maiores
efeitos positivos no PIB per capita se redução taxas marginais em
vez de aumentos escalões
 Redução rendimento pessoas singulares compensado por IVA:
 devido à progressividade IRS redução taxa marginal aumenta incentivo
trabalhar mais horas;
 reduz rendimento real dos não participantes mercado trabalho
aumentando incentivo oferta trabalho.
 Mas menos progressividade
 Aumento desigualdade, sobretudo para rendimentos + baixos
 Trade-off entre política fiscal orientada para melhoria PIB per capita e
equidade
 Uso de política proteção social para amortecer este impacto (contudo mitiga
o impacto da alteração fiscal no crescimento)
Sugestões OCDE
 Alargamento das bases tributárias, possivelmente com taxas
mais reduzidas em vez de tentar proporcionar alívios direcionados
excepto para corrigir externalidades (e eventualmente para
incentivar I&D)
 Redução das taxas marginais nos impostos sobre o rendimento
evitando efeitos adversos sobre o capital humano e
empreendedorismo
 Taxa única de IVA: “This includes moving to a single rate VAT and
levying corporate tax on a broader base and with a lower rate.”
 “Posologia” não difere da proposta por Xavier Basto (2004) nos seus
“tópicos para uma reforma fiscal impossível”
 Incentivos bem desenhados para incentivar participação no
mercado laboral dos trabalhadores com baixos rendimentos
(incluindo redução tax wedge)
Imposto sobre as sociedades | Desenvolvimentos
comunitários: CCCTB/MCCCIS
 Comunicação da CE, COM(2016) 682 final, 25.10.2016: Matéria Coletável Comum Consolidada do
Imposto sobre as Sociedades (MCCCIS), mais conhecida pela expressão inglesa Common
Consolidated Corporate Tax Base (CCCTB)
 1.ª proposta 2011 parou nas negociações no Conselho” (questão da unanimidade). Agora
abordagem em duas fases
 Objetivo: combater fragilidades importantes do quadro fiscal atual que abrem caminho
ao planeamento fiscal agressivo
 Um conjunto único de regras para o cálculo dos lucros das empresas, associado a uma
nova fórmula de repartição dos lucros de modo a garantir que a tributação reflita melhor o
lugar onde a atividade económica decorre efetivamente. Fim dupla tributação no mercado
único. Serão também eliminados os preços de transferência, que representam cerca de 70%
do total da transferência de lucros.
 MCCCIS garantirá um sistema estável que não esteja sujeito a alterações periódicas,
proporcionando desta forma às empresas um nível de segurança fiscal sem precedentes. Ao
proporcionar às empresas regras sólidas e previsíveis, condições equitativas de concorrência
e uma redução dos custos e dos encargos administrativos a MCCCIS fará da UE um
mercado muito atrativo para investir.
 MCCCIS será obrigatória para todos os grupos financeiros com receitas consolidadas do
grupo superiores a 750 milhões de EUR. As PME e as empresas em fase de arranque
(startups) podem optar pelo sistema
Desenvolvimentos comunitários: CCCTB/MCCCIS
 «A MCCCIS permitirá igualmente introduzir uma transparência total
relativamente ao sistema fiscal de cada Estado-Membro e às suas taxas
efetivas de imposto.
 Os Estados-Membros têm o direito soberano de fixar as suas próprias taxas
de tributação e a MCCCIS não compromete de forma alguma este direito.
Garantirá, no entanto, que sempre que um Estado-Membro decida sobre a
sua taxa de tributação, esta seja efetivamente aplicada a todas as
empresas.
 Deixará de ser possível recorrer a regimes preferenciais dissimulados e
a decisões fiscais com efeitos prejudiciais. Tal deverá reforçar a confiança
dos cidadãos na forma como as empresas são tributadas e garantir às
empresas condições de concorrência mais equitativas no mercado único.»
Conclusão
 Necessário olhar para o sistema fiscal de forma
integrada e não só como fonte de receita
 Optimização do sistema fiscal por forma minimizar os
efeitos negativos da tributação no crescimento
atendendo à necessidade de continuar processo de
consolidação orçamental
 Importância de uma efetiva programação orçamental a
médio prazo em detrimento de focus no orçamento
anual por forma a garantir estabilidade fiscal
 Estabilidade pressupõe debate informado
Biblografia
 Arnold, J., Brys, B., & Heady, C. (2011). Tax Policy for Economic Recovery and Growth.
The Economic Journal, 121(2008), 59–80. http://doi.org/10.1111/j.1468-
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Receita fiscal, crescimento e dívida pública (em Portugal)

  • 1. Receita fiscal, crescimento e dívida pública Carlos Fonseca Marinheiro | Conselho das Finanças Públicas, Vogal Universidade de Coimbra, Professor Auxiliar Coimbra, 7.4.2017 Organização: Associação Fiscal Portuguesa, Secção Regional de Coimbra Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Coimbra Business School, ISCAC Disclaimer: as opiniões aqui expressas vinculam apenas o autor.
  • 3. Objetivos do sistema fiscal  Xavier Basto (2004): «Teremos (…) seis objectivos centrais, que o pobre sistema tributário, um artefacto humano, afinal de contas, tem de carregar às costas:  suficiência de receitas;  justiça ou equidade tributária;  eficiência económica;  simplicidade;  estabilidade;  capacidade concorrencial.»  Tradicionalmente só os 3 primeiros.  «Tax systems are primarily aimed at financing public expenditures. Tax systems are also used to promote other objectives, such as equity, and to address social and economic concerns. They need to be set up to minimise taxpayers’ compliance costs and government’s administrative cost, while also discouraging tax avoidance and evasion. But taxes also affect the decisions of households to save, supply labour and invest in human capital, the decisions of firms to produce, create jobs, invest and innovate, as well as the choice of savings channels and assets by investors.» OCDE (2010)
  • 4. Objetivos do sistema fiscal  Em 2016, a Comissão Europeia aponta no mesmo sentido no caso da tributação rendimento das sociedades (COM(2016) 682 final, 25.10.2016):  A tributação é um elemento fundamental da ação da UE para construir uma economia mais forte, mais competitiva e mais justa, com uma clara dimensão social. A Europa precisa de um sistema fiscal que esteja adaptado ao seu mercado interno e apoie o crescimento económico e a competitividade, atraia o investimento, favoreça a criação de empregos, promova a inovação e defenda o modelo social europeu.  A tributação deve:  gerar receitas estáveis para as políticas de investimento público e políticas favoráveis ao crescimento.  garantir a todas as empresas  condições de concorrência leais,  segurança jurídica e  o menor número possível de obstáculos nas suas atividades transfronteiras.  inscrever-se num sistema fiscal mais vasto em que os cidadãos confiem, por ser justo e ir ao encontro das necessidades socioeconómicas da sociedade.
  • 5. Objetivos do sistema fiscal na CRP  N.º 1 do artigo 103.º: «O sistema fiscal visa  a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e  uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza».  Artigo 104.º  O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e os rendimentos do agregado familiar.  A tributação das empresas incide fundamentalmente sobre o seu rendimento real.  A tributação do património deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos.  A tributação do consumo visa adaptar a estrutura do consumo à evolução das necessidades do desenvolvimento económico e da justiça social, devendo onerar os consumos de luxo.  N.º 4 do artigo 105.º: «O Orçamento prevê as receitas necessárias para cobrir as despesas, definindo a lei as regras da sua execução, as condições a que deverá obedecer o recurso ao crédito público (…)»
  • 7. Carga fiscal: aumento muito significativo 15,7 18,9 24,1 29,3 31,1 31,8 29,9 31,8 34,2 34,5 - 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 1965 1975 1985 1995 2000 2007 2009 2012 2014 2015p %doPIB OECD Portugal … ultrapassando média OCDE em 2014 Fonte: Revenue Statistics 2016 - © OECD 2016
  • 8. 0 10 20 30 40 50 Mexico Chile Korea United States Switzerland Australia Ireland Turkey Latvia Canada Israel Slovak Republic Japan United Kingdom Poland Estonia New Zealand Czech Republic Spain Portugal Greece Slovenia Germany Netherlands Hungary Luxembourg Norway Iceland Sweden Austria Italy Finland Belgium France Denmark Fonte: Revenue Statistics 2016 - © OECD 2016 Carga fiscal | Total tax revenue as % of GDP, 2014 16.ª posição
  • 9. Portugal: no top10 do aumento carga fiscal desde 1985 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 United Kingdom Hungary² Mexico Luxembourg Czech Republic³ Netherlands Ireland Norway Belgium Japan France Germany Australia Austria Sweden Chile¹ Switzerland OECD/OCDE (+1.8) United States Denmark Iceland Canada Greece Korea Poland² Spain Portugal Turkey Finland Italy New Zealand Changes in tax to GDP ratio (in % points) 1985-1995 1995-2014 -13-12-11-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Slovak Republic Poland Israel Estonia Canada New Zealand Ireland Sweden Hungary Slovenia Czech Republic Norway Latvia Finland United States Australia Netherlands Germany OECD/OCDE (+0.9) Chile Switzerland Austria United Kingdom Belgium Spain Denmark Luxembourg France Mexico Portugal Italy Korea Japan Greece Iceland Turkey
  • 10. Carga fiscal e desenvolvimento económico 10 15 20 25 30 35 40 45 50 10 000 20 000 30 000 40 000 50 000 60 000 70 000 80 000 90 000 Cargafiscal,%PIB PIB per capita, USD, PPP Lux DIN EUA Suíça NoruegaHU Grécia OCDE Carga fiscal próxima média OCDE, mas menor PIB per capita (PPP) PRT
  • 11. Instabilidade fiscal  Sarmento e Duarte (2015): análise das alterações aos códigos fiscais IRS, IRC, IVA, RITI, Contribuição Autárquica (mais tarde substituída pelo IMI), IMT, Imposto de Selo e Estatuto dos Benefícios Fiscais entre 1989 e 2014  Concluem: “elevado nível de instabilidade fiscal”  Total de 492 alterações legislativas durante o período em análise.  Em média 19 alterações em cada ano  IRS é o imposto mais alterado, seguido do IRC e do IVA. Os impostos sobre o património, apesar da reforma de 2003, apresentam uma maior estabilidade  As 492 alterações legislativas produziram um total de 3.178 alterações a artigos dos referidos Códigos fiscais  Pereira & Wemans (2013) concluem pela existência de efeitos fortemente negativos e persistentes no PIB e consumo decorrentes dos aumentos de tributação legislados entre 1996-2012  Legislated tax changes of 1 percent of GDP reduce output by 1.3 percent one year out, and 2.7 percent three years out.
  • 12. Pressões: Despesa Nota: Série “compatibilizada” em SEC 2010. Valores não ajustados de one-offs. Fonte: INE e cálculos do autor 34,2% 43% 45% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 PIB RF+ CSS ef. (carga fiscal) Receita total Despesa Total
  • 13. Pressões: Despesa - recomendações do Conselho UE e avaliação da CE Semestre Europeu: Recomendação  CSR1 (Recomendação Específica por País) Proceder, até fevereiro de 2017, a um profundo reexame da despesa (expenditure review) e reforçar o controlo das despesas, a eficácia em termos de custos e a orçamentação adequada a todos os níveis da administração pública Avaliação Comissão Europeia, fevereiro 2017  Alguns progressos na realização de um profundo reexame da despesa. As autoridades deram início a um exercício de revisão das despesas, principalmente com base em medidas de eficiência que envolvem os ministérios da saúde e da educação; as empresas estatais e a contratação pública (centralizada) e a gestão imobiliária.  Este reexame das despesas ainda está muito longe de configurar uma abordagem global, dado que o seu âmbito de aplicação abrange apenas o Governo central e centra-se na obtenção de ganhos de eficiência decorrentes da racionalização dos serviços.  Continua a não existir um enquadramento para garantir a sustentabilidade orçamental das empresas públicas. Nota: OE2017 prevê 238,6 milhões de poupanças atribuídos ao exercício de revisão de despesa (134 na saúde; 30 na educação; 17 nas compras públicas). Despesa total AP: € 87.168 milhões
  • 15. Pressões: Défice 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Défice sem one-off Défice headline Série SEC 2010
  • 17. Pressões: Dívida - aumento 2008-2016 Decomposição não convencionalDecomposição convencional  Aumento de 58,7 p.p. do PIB (112 870 milhões euros)  Líquida de depósitos Admn Central: +99 879 milhões euros  Numerário e depósitos: + 8 p.p. do PIB  Privatizações: -3 p.p. PIB  Intervenção em apoio a instituições financeiras: 11 p.p. do PIB  De acordo com notificação PDE de março de 2017 impacto nas responsabilidades fecho de balanço (stock dívida bruto) 20.919 milhões em 2016 (11,3% do PIB); custo anual líquido acumulado totaliza 12.896 milhões de euros (a preços correntes) entre 2008-2016 (7,3 p.p. do PIB); diferença entre ativos e passivos €13.061 milhões em 2016 (7,1% do PIB)  Efeito dinâmico desfavorável (bola de neve): 28,2 p.p. do PIB  [21 p.p. correspondem soma anos 2009, 2011 e 2012 em que se registou crescimento nominal negativo do PIB; e 10 p.p. só de 2012]  Assunção da dívida da CP, Carris e STCP (não refletidas no valor da dívida de 2008): 3 p.p. do PIB  Remanescente : 11,8 p.p. do PIB  Soma défices primários ajustados 2009 a 2016: 11,6 p.p. do PIB  Soma défices primários 2009 a 2016: 18,8 p.p. do PIB
  • 18. Pressões: Juros da dívida Juros da dívida voltam a representar 10% valor receita 2005; 6% 2010 7% 2016 10% 17% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% Juros/receita Juros/Receita fiscal
  • 20. Restrição externa Financiamento das administrações públicas por contraparte – transações (BdP)
  • 22. Pressões: Crescimento potencial • “nível de investimento está a comprometer as perspetivas de crescimento potencial” • “emigração e o envelhecimento demográfico estão a reduzir a população ativa” Fonte: Comissão Europeia, SWD(2017) 87 final, 22.2.2017 Relatório relativo a Portugal 2017 que inclui uma apreciação aprofundada sobre a prevenção e a correção de desequilíbrios macroeconómicos Citando a Comissão Europeia:
  • 23. Regras orçamentais €uropeias  Saldo orçamental inferior a 3% do PIB  Saldo estrutural deve convergir para Objetivo de Médio Prazo (OMP) de um excedente de 0,25% do PIB  Saldo estrutural corresponde ao saldo orçamental ajustado do ciclo económico e líquido de one-offs  Trajetória de convergência para OMP dependente do estado da economia. Nas condições projetadas para próximos anos melhoria anual de 0,6 p.p. PIB no saldo estrutural  Benchmark para um agregado modificado da despesa: não deve crescer mais rapidamente que o PIB potencial a não ser que o excesso seja compensado por medidas discricionárias no lado da receita (DRM no original EN). Crescimento abaixo potencial até MTO (incorpora margem de convergência)  Regra para redução do excesso de dívida face ao valor de referência de 60% do PIB  Regra geral de redução de 5% do excesso ao ano, em média nos últimos três anos  Regra transitória (menos exigente) de ajustamento linear mínimo aplicável durante 3 anos aos países que saiam de procedimento por défice excessivo iniciado antes de 2011 [Portugal está desde 2009]
  • 24. Síntese intermédia  Receita fiscal pressionada pelo aumento de despesa  Programação plurianual incipiente: concentração no ciclo anual do Orçamento do Estado em vez do médio prazo  instabilidade fiscal  Mais recentemente o aumento carga fiscal resultou da necessidade de acelerar consolidação orçamental  Processo de consolidação orçamental não se encontra concluído:  Saldo estrutural ainda distante OMP [redução adicional aprox. 2 ¼ p.p. PIB]  Necessidade de colocar o rácio da dívida numa trajetória claramente descendente:  para melhorar condições de financiamento (melhorar perceção de risco país que está num nível muito elevado, diminuindo spread face ao Bund, melhoria do rating)  e cumprimento da regra de dívida  Alguns aumentos tributação durante programa de ajustamento foram/serão reduzidos/eliminados  Nível de endividamento externo (privado e público) não permitirá crescimento via crédito externo (aumento de dívida). Necessidade de atrair Investimento Direto Estrangeiro (IDE) produtivo  Logo: expetável manutenção de pressão sobre receita fiscal
  • 26. Debate inexistente  Como conciliar pressão sobre a receita fiscal com a urgência de promoção de condições que permitam um maior ritmo de crescimento?  A estrutura fiscal é adequada?  A estabilidade fiscal deve ser procurada? Como a conseguir? A instabilidade fiscal pesa sobre a atratividade do país para IDE?  Isenções fiscais, despesa fiscal, contratualização de incentivos  Espaço para melhorar a transparência: relatório da despesa fiscal de 2016 não foi publicado; no OE2017 alterou-se a metodologia (IRC só uma linha)  Desenvolvimentos a nível europeu: criação da base comum de IRC  Combate a base erosion and profit shifting (BEPS)
  • 27. The Global Competitiveness Report 2016–2017 http://reports.weforum.org/global-competitiveness-index/country-profiles/#economy=PRT Ordem de restritividade: Taxas de imposto, burocracia e instabilidade das políticas públicas (policy), legislação laboral, regulamentação fiscal Como somos vistos pelos investidores?
  • 28. Effect of taxation on incentives to invest (6.04) In your country, to what extent do taxes reduce the incentive to invest? [1 = to a great extent; 7 = not at all]
  • 29. Estrutura fiscal % total carga fiscal (2014) PRT: > peso relativo bens & serviços < peso relativo CSS exceto caso IRL (mas próx. média OCDE) < peso relativo propriedade que em FR, ESP, IRL > peso relativo IRC que FR, ALEM, IT, SWE, ESP, NL variabilidade peso relativo IRS 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Bens e serviços Propriedade IRCCSS IRS PRT ESP IRL NL SWE 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Bens e serviços Propriedade IRCCSS IRS PRT OCDE FR ALEM Fonte: OCDE; cálculos do autor
  • 30. Impostos e crescimento: literatura económica Não consensual, mas alguma predominância de efeitos significativos  Widmalm (2001): estrutura fiscal tem impacto no crescimento (pooled cross-sectional data from 23 OECD countries, 1965 - 1990): proporção receita proveniente imposto sobre rendimento tem correlação negativa com crescimento económico  Lee & Gordon (2005): Taxas IRC têm impacto negativo crescimento (cross- country data 1970-1997). The coefficient estimates suggest that a cut in the corporate tax rate by 10 percentage points will raise the annual growth rate by one to two percentage points.  Arnold, Brys, & Heady (2011): This article has presented empirical results that support theoretical beliefs that economic growth can be increased by gradually moving the tax base towards consumption and immovable property (especially residential property). It has also argued that growth can also be enhanced by improving the design of individual taxes.  (Xing, 2012) finds ‘‘tax and growth ranking’’ suggested by some recent empirical studies, including Arnold et al. (2011) is not robust under different assumptions about heterogeneity across countries of the long- run and short-run coefficients in the underlying econometric model.
  • 31. Impostos e crescimento  Mas difícil avaliar efeitos das reformas fiscais sobre crescimento:  difícil distinguir efeito no nível vs taxa de crescimento PIB  Mudanças em vários impostos em simultâneo  Efeitos cruzados (ex.º redução tributação trabalho pode aumentar emprego, mas também diminui o custo oportunidade de não completar educação universitária o que afeta a produtividade) OCDE (2010): Tax Policy Reform and Economic Growth  De acordo com esta publicação o sistema fiscal pode influir sobre o PIB per capita ao influenciar a utilização de trabalho e a sua produtividade (que resulta da acumulação de capital físico e capital humano, bem como eficiência na s/ utilização– TFP)
  • 32. Impostos e crescimento OCDE (2010): Tax Policy Reform and Economic Growth  Minimizar impacto negativo no crescimento: minimizar os efeitos de distorção nas decisões das empresas e famílias. Não desencorajar a tomada de riscos nem entrada (ou retenção) de trabalhadores altamente qualificados  Ordenação impacto impostos na economia:  Mais negativo: imposto sobre as sociedades  Imposto sobre o rendimento pessoas singulares  Impostos sobre o consumo  Impostos recorrentes sobre a propriedade: impacto menos negativo  OCDE sugere transferência de parte do fardo fiscal do rendimento para consumo e/ou propriedade residencial:  «A growth-oriented tax reform would therefore shift part of the tax burden from income to consumption and/or residential property.»
  • 33. Impostos sobre rendimento OCDE (2010): Tax Policy Reform and Economic Growth  Imposto rendimento pessoas coletivas (IRC): efeito negativo PIB per capita  Redução taxa IRC aumenta crescimento TFP e investimento (sobretudo nas empresas mais inovadoras)  Redução impostos sobre o rendimento potencialmente maiores efeitos positivos no PIB per capita se redução taxas marginais em vez de aumentos escalões  Redução rendimento pessoas singulares compensado por IVA:  devido à progressividade IRS redução taxa marginal aumenta incentivo trabalhar mais horas;  reduz rendimento real dos não participantes mercado trabalho aumentando incentivo oferta trabalho.  Mas menos progressividade  Aumento desigualdade, sobretudo para rendimentos + baixos  Trade-off entre política fiscal orientada para melhoria PIB per capita e equidade  Uso de política proteção social para amortecer este impacto (contudo mitiga o impacto da alteração fiscal no crescimento)
  • 34. Sugestões OCDE  Alargamento das bases tributárias, possivelmente com taxas mais reduzidas em vez de tentar proporcionar alívios direcionados excepto para corrigir externalidades (e eventualmente para incentivar I&D)  Redução das taxas marginais nos impostos sobre o rendimento evitando efeitos adversos sobre o capital humano e empreendedorismo  Taxa única de IVA: “This includes moving to a single rate VAT and levying corporate tax on a broader base and with a lower rate.”  “Posologia” não difere da proposta por Xavier Basto (2004) nos seus “tópicos para uma reforma fiscal impossível”  Incentivos bem desenhados para incentivar participação no mercado laboral dos trabalhadores com baixos rendimentos (incluindo redução tax wedge)
  • 35. Imposto sobre as sociedades | Desenvolvimentos comunitários: CCCTB/MCCCIS  Comunicação da CE, COM(2016) 682 final, 25.10.2016: Matéria Coletável Comum Consolidada do Imposto sobre as Sociedades (MCCCIS), mais conhecida pela expressão inglesa Common Consolidated Corporate Tax Base (CCCTB)  1.ª proposta 2011 parou nas negociações no Conselho” (questão da unanimidade). Agora abordagem em duas fases  Objetivo: combater fragilidades importantes do quadro fiscal atual que abrem caminho ao planeamento fiscal agressivo  Um conjunto único de regras para o cálculo dos lucros das empresas, associado a uma nova fórmula de repartição dos lucros de modo a garantir que a tributação reflita melhor o lugar onde a atividade económica decorre efetivamente. Fim dupla tributação no mercado único. Serão também eliminados os preços de transferência, que representam cerca de 70% do total da transferência de lucros.  MCCCIS garantirá um sistema estável que não esteja sujeito a alterações periódicas, proporcionando desta forma às empresas um nível de segurança fiscal sem precedentes. Ao proporcionar às empresas regras sólidas e previsíveis, condições equitativas de concorrência e uma redução dos custos e dos encargos administrativos a MCCCIS fará da UE um mercado muito atrativo para investir.  MCCCIS será obrigatória para todos os grupos financeiros com receitas consolidadas do grupo superiores a 750 milhões de EUR. As PME e as empresas em fase de arranque (startups) podem optar pelo sistema
  • 36. Desenvolvimentos comunitários: CCCTB/MCCCIS  «A MCCCIS permitirá igualmente introduzir uma transparência total relativamente ao sistema fiscal de cada Estado-Membro e às suas taxas efetivas de imposto.  Os Estados-Membros têm o direito soberano de fixar as suas próprias taxas de tributação e a MCCCIS não compromete de forma alguma este direito. Garantirá, no entanto, que sempre que um Estado-Membro decida sobre a sua taxa de tributação, esta seja efetivamente aplicada a todas as empresas.  Deixará de ser possível recorrer a regimes preferenciais dissimulados e a decisões fiscais com efeitos prejudiciais. Tal deverá reforçar a confiança dos cidadãos na forma como as empresas são tributadas e garantir às empresas condições de concorrência mais equitativas no mercado único.»
  • 37. Conclusão  Necessário olhar para o sistema fiscal de forma integrada e não só como fonte de receita  Optimização do sistema fiscal por forma minimizar os efeitos negativos da tributação no crescimento atendendo à necessidade de continuar processo de consolidação orçamental  Importância de uma efetiva programação orçamental a médio prazo em detrimento de focus no orçamento anual por forma a garantir estabilidade fiscal  Estabilidade pressupõe debate informado
  • 38. Biblografia  Arnold, J., Brys, B., & Heady, C. (2011). Tax Policy for Economic Recovery and Growth. The Economic Journal, 121(2008), 59–80. http://doi.org/10.1111/j.1468- 0297.2010.02415.x.  Basto, J. G. X. de. (2004). Tópicos para uma Reforma Fiscal impossível. Notas Económicas, 19, 8–17. Retrieved from http://hdl.handle.net/10316.2/24935  Lee, Y., & Gordon, R. H. (2005). Tax structure and economic growth. Journal of Public Economics, 89(5–6), 1027–1043. http://doi.org/10.1016/j.jpubeco.2004.07.002  OECD (2010), Tax Policy Reform and Economic Growth, OECD Publishing, Paris. DOI: http://dx.doi.org/10.1787/9789264091085-en  Pereira, M. C., & Wemans, L. (2013). Output effects of a measure of tax shocks based on changes in legislation for Portugal (Banco de Portugal Working Papers No. 15/2013). Retrieved from http://www.bportugal.pt/en-US/BdP Publications Research/wp201315.pdf  Sarmento, J. M., & Duarte, I. (2015). A instabilidade do sistema fiscal português : uma retrospetiva entre 1989 e 2014. Julgar Online, (Dezembro), 1–12. Retrieved from http://julgar.pt/a-instabilidade-do-sistema-fiscal-portugues-uma-retrospetiva-entre- 1989-e-2014/  Widmalm, F. (2001). Tax structure and growth: Are some taxes better than others? Public Choice, 107(3–4), 199–219. http://doi.org/10.1023/A:1010340017288  Xing, J. (2012). Tax structure and growth: How robust is the empirical evidence? Economics Letters, 117(1), 379–382. http://doi.org/10.1016/j.econlet.2012.05.054