O documento discute os principais conceitos do modelo psicanalítico de desenvolvimento emocional proposto por Sigmund Freud, incluindo as fases psicossexuais orais, anais e fálicas, o complexo de Édipo, e o período de latência. Também aborda conceitos-chave como consciente e inconsciente, resistência e repressão.
1. Desenvolvimento Emocional
O modelo Psicanalítico
Profa. Mª Eliza P. Finazzi, Ph.D.
Faculdade de Filosofia São Bento
Curso de Filosofia
Disciplina Psicologia da Educação
1ª série - 2º sem. matutino
Agosto - 2010
3. Desenvolvimento
Afetivo/Emocional
“O coração tem razões que a própria razão desconhece” (Pascal opondo o
método afetivo ao geométrico)
“Não existe pensamento sem afeto , e não existe afeto sem uma imagem
, uma idéia...Afeto e pensamento estão sempre juntos” (Bock et al, 2009)
A VIDA AFETIVA é um dos aspectos integrantes da subjetividade humana
• Estudo da razão tem sido privilegiado (principalmente pela ciência)
• Afetos seriam deformadores do conhecimento objetivo
5. Diferença entre Emoções e
Sentimentos
EMOÇÕES: estados interiores caracterizados por pensamentos,
sensações, reações fisiológicas e comportamento expressivo específico
que não podem ser observados ou medidos diretamente; surgem de
forma súbita, são incontroláveis; não determinariam o
comportamento, mas aumentam o o incitamento, a reatividade ou a
irritabilidade; componentes fisiológicos, subjetivos e comportamentais
(Davidoff,2001)
SENTIMENTOS: estados mais atenuados e duradouros , não vêem
acompanhados de reações orgânicas intensas; manifestação de afetos
básicos como ódio e amor (ex:enamoramento, ternura, amizade,
gratidão, antipatia etc) (Bock et all, 2009)
São aspectos importantes que alimentam nossa vida
psíquica; dão cor e sabor à vida ;auxiliam na tomada de
decisão
8. Desenvolvimento Emocional
Sigmund Freud
Psicanálise: um dos marcos do século XX
Criador: Sigmund Freud
Nascido em Freiberg, Morávia, em 1856
Formou-se médico em Viena aos 25 anos
Teve como grande colaborador Josef Breuer
Através do Dep. de Dermatologia interessa-se pelas conexões
entre a sífilis e várias moléstias do sistema nervoso
Entre 1880 e 1890 fixa-se como neurologista
Introduz explicações funcionais correlacionando áreas motoras,
acústicas e visuais do cérebro.
9. Surgimento da Psicanálise
Sigmund Freud: professores e colegas
Estuda a histeria em Paris com Charcot
Charcot: através da hipnose elimina-se temporariamente
os sintomas histéricos
Fenômenos histéricos e hipnose constituem um mesmo
processo
Trabalhos sobre sugestão pós-hipnótica (Liebaut e
Bernheim): existem processos inconscientes, subjacentes e
determinantes sobre a conciência
Tem como colaborador o médico vienense Joseph Breuer
11. Surgimento da Psicanálise
Sigmund Freud: professores e colegas
Breuer pesquisava o tratamento da histeria com hipnose
na Áustria
Sua paciente Ana O: através do sonambulismo hipnótico
provocado para acalmar, a paciente episódios passados
traumáticos, não conscientes para ela e nem sabidos pelo
médico
Seus sintomas histéricos desapareciam quando passava a
saber sobre os fatos por ela narrados
12. Surgimento da Psicanálise
Sigmund Freud: professores e colegas
Método Catártico : eliminar sintomas com a recordação
dos episódios traumáticos passados
“A cura pela fala” – Ana O
A troca profissional entre Breuer e Freud se intensifica, e
publicam juntos
A ruptura ocorreu quando Freud escreve sobre a
sexualidade infantil
13. Psicanálise
Importantes obras de Freud
Os Estudos sobre a Histeria (1893-1895; juntamente com Breuer)
A Interpretação dos Sonhos (1900)
Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901)
Três Ensaios sobre uma teoria Sexual (1905)
O Pequeno Hanz ; O Homem dos Ratos; O caso Schreber (1909-1911; casos
clínicos)
O Instinto e seus Destinos (1915)
Luto e Melancolia (1917)
Mais Além do Princípio do Prazer (1920)
O Ego e o Id (1923)
Inibição Sintoma e Angústia (1926)
14. Conceitos Psicanalíticos- Consciente e Inconsciente
O modelo Topológico
1916 – Conferência Introdutória em Psicanálise
Três grandes feridas narcísicas:
1- Copérnico – tira a terra do centro do universo;
2- Darwin – em A origem das espécies na luta pela vida” ser
humano resultante de evolução e não da criação;
3- Freud – descoberta do inconsciente pois tira do homem o
domínio sobre sua própria vontade
15. Conceitos Psicanalíticos
Consciente e Inconsciente – O Modelo Topológico
Sugestão pós-hipnótica de Bernheim: existência de dois
processos psíquicos paralelos, um consciente e outro
inconsciente (ex:hipnotizado paciente recebe uma
sugestão que será realizada após aordar e sem saber
exatamente o por quê)
O inconsciente determina as ações do sujeito sem que este
perceba
16. Conceitos Psicanalíticos
Consciente e Inconsciente – O Modelo Topológico
Atendimento clínico de Breuer: Ana O
Apresentava sintomas histéricos e estados de alterações
psíquicas (estados de “absence”) no qual dizia coisas
fragmentadas;
Foi usada a hipnose como processo de apaziguamento das
tensões;
Repetição das palavras ditas em “absence” durante
hipnose + associação = relato da morte do pai;
Desperta deixa de apresentar sintomas de paralisia.
17. Conceitos Psicanalíticos
Consciente e Inconsciente – O Modelo Topológico
“O evento traumático reprimido, que não faz parte da percepção
consciente e que ao ser recordado traz junto a vivência de toda a
emoção anteriormente reprimida” (Rappaport et al, 1985)
Traumas sofridos não poderiam ser percebidos pela consciência,
passando direto para o inconsciente, onde permaneceriam
enquistados e sem elaboração;
Sintoma seria a reação do organismo ao trauma;
Passividade do doente sem poder raagir ou elaborar o trauma;
Através da hipnose seriam criadas condições para que o trauma
ressurgisse à consciência, sendo experienciado com toda a carga
afetiva que não fora vivida na hora do trauma.
Depois Freud abandona o método e a hipnose.
18. Conceitos Psicanalíticos
Consciente e Inconsciente – O Modelo Topológico
Depois Freud abandona o método Catártico e a hipnose
Inicia a técnica sugestiva: afirma ao paciente que ele
poderá se lembrar do acontecimento traumático sofrido,
que ele conscientemente não sabe, mas estaria guardado
no inconsciente
Sugestão de quando pusesse a mão sobre a cabeça do
paciente ele se recordaria
Obteve bons resultados com a colaboração do paciente
19. Conceitos Psicanalíticos
Resistência e Repressão
Observou uma força que se opunha à percepção
consciente
Chamou-a de RESISTÊNCIA
As recordações traumáticas não estariam imobilizadas no
inconsciente
Quanto mais doloroso o evento reprimido maior a força
necessária para tornar-se consciente = REPRESSÃO
20. Conceitos Psicanalíticos
Resistência e Repressão
• Força mobilizada para que o indivíduo não entre em
contato com conteúdos contrários às suas normas, tirando
da consciência a percepção de acontecimentos cuja dor o
indivíduo não pode suportar.
RESISTÊNCIA E REPRESSÃO : passagem do modelo estático
para o dinâmico
Dinâmica do afastamento da angústia (luta interena que
consome as energias
21. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Conceitos Básicos da Psicanálise
Importância dos primeiros anos de vida para o
desenvolvimento de uma estrutura de personalidade
normal ou patológica e, portanto, fundamentais para a
adaptação eficaz ao meio ambiente na vida adulta
Processos psicológicos ocorrem sempre paralelamente aos
processos biológicos de base
Consciente e inconsciente (ex. ato falho, sonho)
Repressão (retira da consciência um evento)
Resistência (mantém um evento inconsciente)
Sintoma (representantes do reprimido)
(compromisso entre o desejo e a proibição)
(linguagem simbólica)
22. Conceitos Básicos da Psicanálise
Aparelho psíquico
Id Ego Superego
•Mais primitivo
•Reservatório das
pulsões
•Princípio do prazer
•Processo primário
desejo objeto
alucinado
•Atemporal
•Não verbal
(imagem)
•Mais estruturado
•Princípio da realidade
•Processo secundário
desejo caminhos
p/ objeto real
•Temporal
•Processos cognitivos
•Mediador entre os
impulsos do Id e as
restrições do superego,
ambos com a realidade
•Estrutura interna
de valores morais
•Ego Ideal: ideais
do grupo a serem
seguidos
•Consciência
moral:
internalização
das proibições
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
23. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Conceitos Básicos da Psicanálise
A energia afetiva original (libido) organiza-se em fases de
desenvolvimento emocional suportada por uma organização
biológica emergente (fases psicossexuais)
Fase Z.erógena Modelo relação Características
Oral
(0-24m)
Boca Incorporação
(amamentação)
Relações objetais parciais
(seio) para totais (mãe)
Anal
(2-3a)
Anal Projeção (mal)
Controle (bom)
Organização psicomotora
Sentimento adequação
Fálica
(3-4a)
Genital Modelos de
homem e mulher
Fantasia fálica (pênis)
Complexo de Édipo
Período de Latência
(até adolescência)
Sexualidade reprimida desenvolvimento
intelectual e social (sublimação)
Genital
(Adulto)
Genital Papel sexual
discriminado
Pleno desenvolvimento
Freud: “amar e trabalhar”
24. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Fase Oral (0 – 24 meses)
Contato com o mundo para satisfazer necessidades é
através da boca e amamentação no seio da mãe
Movimentos reflexos (sugar o seio)
A modalidade é incorporativa porque a criança apreende
o mundo em si através da boca:
Mundo interno de fantasias é vivido como realidade
Realidade objetiva externa é apreendida apenas
parcialmente, em fragmentos
Portanto, não há noção “eu” – “outro”
Os dentes concretizam a agressividade
Desenvolvimento normal: amor é o sentimento básico
Desenvolvimento com muita angústia:
agressividade e destrutividade prevalecerão
(esquizofrenia ou psicose maníaco depressiva)
25. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Fase Anal (2 – 3 anos)
O controle muscular é desenvolvido: preensão de objetos,
andar, falar, controle esfíncteres
Movimentos finos e coordenados
Noção que possui coisas boas, as quais pode ofertar ou negar
ao mundo (ex. anda quando quer)
Cada realização é uma vitória
Cada fracasso é incompreendido
Produtos reconhecidos como bons: sente-se boa
Produtos reconhecidos como ruins: sente-se má
Início da socialização (jogo paralelo)
Desenvolvimento normal: sentimento geral de adequação
Angústia intensa: paranóia (projeção - do mal)
neurose obsessiva (controle - do que e
para quem)
26. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Fase Fálica (3 – 4 anos)
Da diferenciação “eu”-“outro” para “menino-menina”
Preocupação com diferenças sexuais em termos de
presença ou ausência de pênis (fálico)
Organização de modelos de relação entre homem e
mulher
Primeira figura do sexo oposto amada pela criança:
progenitor (Complexo de Édipo)
Tabu do incesto: lei mínima da organização humana
(Superego)
Desenvolvimento normal: organização preliminar da
sexualidade
Angústia intensa: histeria, fobias
27. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Período de Latência – Idade escolar
Repressão da energia sexual até adolescência
Canalização da energia para outras finalidades:
Desenvolvimento intelectual / dificuldades
Socialização / isolamento
Primeiras relações sociais:
Grupos de meninos e meninas – atividades próprias do
sexo (brincadeira de casinha - bola)
Grupo com características comuns (amigos da rua)
Estes grupos possuem regras rudimentares da socialização
adulta (liderança, força, até crueldade)
Função de progressivo afastamento da família, mas os
valores são os dos pais: para identidade
Apelidos (bons ou ruins): pertinência ao grupo
28. Adolescência
Momento ambíguo: aquisições e perdas
Necessário adequado desenvolvimento emocional
anterior para que as perdas – próprias da fase – sejam
elaboradas no plano simbólico, sem ameaça real
Elaboração do luto pela perda do corpo infantil, recém
dominado, substituído pelo corpo adolescente que
cresce rapidamente, fica desproporcional e desajeitado
estranho no próprio corpo
Internalização da infância valorizada ou apego ao passado
e às atitudes infantis (surtos neuróticos e psicóticos)
Construção de uma identidade sexual
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
29. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Adolescência
Erikson (in Rappaport, 1981-82): definição das
identidades na adolescência
Identidade sexual: das identificações com os outros
passa para a identidade, a fim de buscar uma
relação com o outro sem contaminações
Profissional: capacidade de sentir-se membro ativo
e produtivo dentro do grupo social
Ideológica: como regenerador vital no processo de
evolução social, fornecendo lealdade e energias
para sua conservação ou modificação
(ideologia política, religiosa)
30. Fase Genital (Vida Adulta)
Freud: homem normal é aquele que é capaz de “amar e
trabalhar”
Elaboração do mundo objetivo, possível pela adaptação
biológica e psicológica que lhe permite:
Discriminar seu papel como pessoa
Desenvolver a inteligência e a sociabilidade
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
31. Fase Genital (Vida Adulta)
Isto o torna capaz de sublimar, ou seja, de canalizar seus
desejos afetivos em atividades socialmente produtivas:
Obras sociais
Profissão
Ideologia (política, religiosa)
Vida saudável é possível graças a um desenvolvimento
saudável, porém crises fazem parte da vida
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
32. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Vida Adulta
Crise (Caplan): reações de uma pessoa a eventos
traumáticos (morte de pessoa querida, nascimento
prematuro de um filho, perda de emprego, doença)
As crises ocorrem por mudanças internas ou externas
e enfraquecem temporariamente a estrutura do ego
A solução para uma crise pode ser saudável ou doentia, já
que deve ocorrer uma resolução / mudança de ação
A intervenção eficiente (profissional ou não) é mais
prontamente aceita porque o sujeito está vulnerável