Os parasitas são uma parte essencial de cada comunidade terrestre. A sua presença torna-se mais evidente se causar doenças, em particular zoonoses e outras de importância económica e, por vezes, adapta-se às modificações evolutivas do seu hospedeiro.
Publicado na Revista Incomunidades, ANO 1
Edição 10 - ABRIL 2013
Tese Doutoramento sobre a "cunha" em Portugal - João Ribeiro
Importância dos Parasitas na Biodiversidade e Ecologia dos Peixes
1. Os parasitas são uma parte essencial de cada comunidade terrestre. A sua presença torna-se
mais evidente se causar doenças, em particular zoonoses e outras de importância económica
e, por vezes, adapta-se às modificações evolutivas do seu hospedeiro (Bray et al., 1999;
Boxshall, 20010).
Consequentemente, cada vez mais inúmeros trabalhos efectuados evidenciam que os
parasitas são um elemento importante da biodiversidade.
Na biologia dos peixes, os estudos parasitológicos têm, cada vez mais, uma importância
económica crescente, porque se verifica que os parasitas podem servir como marcadores
naturais para a identificação do stock de peixes (Klimpel et al., 2003; Klimpel e Piatkowsk,
2004). Além disso, os parasitas podem ainda ajudar a analisar a dieta das espécies dos peixes,
servindo como indicadores biológicos da espécie da presa e de sua origem. Visto que as
análises do estômago de determinados peixes (geralmente os peixes do oceano profundo) são
geralmente difíceis de efectuar, devido à grande diferença de pressão a que são submetidos
durante a captura, que provoca a extrusão do estômago e consequente perda do conteúdo
estomacal, os parasitas podem fornecer informação detalhadas no relacionamento trófico
imediato na altura da amostragem. Isto porque os estudos parasitológicos tornam possível
inferir interacções tróficas precedentes (Rhode, 1993; Poulin, 1995). Os helmintas, tais como
digenéticos, céstodes e nemátodes, são particularmente úteis para tais estudos, por causa do
seu ciclo de vida indirecto, geralmente associado à cadeia alimentar (Bush et al., 2001).
Em conclusão, os parasitas podem fornecer informação sobre os habitats e o nível trófico da
espécie estudada dos peixes dentro do ecossistema marinho (Klimpel et al., 2003). Deste
modo é importante conhecer os habitats, distribuição e hábitos alimentares dos hospedeiros
em análise para efeitos de estudos parasitológicos. Por exemplo alguns misidáceos podem
efectuar migrações verticais entre as camadas subsuperficiais e os 7.000 m de profundidade.
Fluxos de detritos constituem outra fonte de energia (fito e zoo-plancton e carcaças de animais
de maiores dimensões). Sazonalidade no domínio profundo provocada pelo fluxo diferenciado
de detritos nas regiões temperadas (Pedersen e Zeller, 2001). As diferenças dos hábitos
alimentares entre machos e fêmeas podem também afectar a taxa de infecção com
endoparasitas (Rohde, 2005).
Referências bibliográficas
Boxshall, 2000. Parasitic copepods (Copepoda: Siphonostomatoida) from deep-sea and mid-
water fishes. Systematic Parasitology 47: 173-181
Bray et al., 1999. Digenean parasites of deep-sea teleosts: a review and case studies of
intrageneric phylogenies. Parasitology 119:125-144
Bush et al., 2001. Parasitism: the diversity and ecology of animal parasites. Ed Cambridge.
Cambridge. 566 pp.
Klimpel et al., 2003. Klimpel, S.; Seehagen, A.; Palm, H. 2003. Metazoan parasites and feeding
behaviour of four small-sized fish species from the central North Sea. Parasitol. Res. 91: 290-
297
2. Klimpel e Piatkowsk, 2004. Sampling of deep-sea fishes from German research cruises and
deep-sea fish parasitology – an overview.IFM-GEOMAR. MAR-ECO Pedersen e Zeller, 2001. A
mass balance model for the West Greenland marine ecosystem.
Poulin, 1995. Phylogeny, ecology, and the richness of parasite communities in vertebrates.
Ecol Monogr 65:283–302
Rhode, 1993. Rhode, K. 1993. Ecology of marine parasites. Wallingford, CAB International. 298
pp.
Rohde, 2005. Marine Parasitology. CABI Publishing. 565 pp.