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ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA
CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS.
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REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012.
ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS
RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS
POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS.
Adriano de Souza Alves
Universidade Federal de Viçosa – UFV
adriano.alves@ufv.br
Rafael de Souza Alves
Universidade Federal de Viçosa – UFV
rafael.s.alves@ufv.br
Oswaldo Pinto Ribeiro Filho
Universidade Federal de Viçosa – UFV
oribeiro@ufv.br
Leonardo Comastri Arruda
Universidade Federal de Viçosa – UFV
leocomastri@hotmail.com
EIXO TEMÁTICO: BIOGEOGRAFIA E BIODIVERSIDADE
RESUMO
Biodiversidade compreende a variedade de espécies, ecossistemas e processos ecológicos. Associada
aos fatores abióticos é responsável pela manutenção do equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. A
maior biodiversidade de anuros encontra-se no Brasil, com aproximadamente 849 espécies. Anfíbios
são considerados o grupo que corre maior risco de extinção e esse risco vem aumentando desde o
início da década de 80 com o declínio dessas populações. Vários fatores estão associados a este
declínio, como fragmentação e destruição dos habitats, doenças infecciosas, poluição das águas,
espécies invasoras, aumento da incidência da radiação ultravioleta (UV-B), isolamento de populações,
consanguinidade, efeito de borda, mudanças climáticas. A mudança climática global parece estar
favorecendo a ocorrência de alguns dos fatores responsáveis. A pesquisa biogeográfica auxilia na
compreensão da relação entre mudança climática e declínio populacional de anfíbios uma vez que
aquela, através das alterações provocadas no meio abiótico, altera a forma de como essas espécies
interagem com o meio.
PALAVRAS CHAVES
Biodiversidade, Anfíbios, Mudança climática global, Biogeografia.
ABSTRACT
Biodiversity encompasses the variety of species, ecosystems and ecological processes associated with
abiotic factors are responsible for maintaining balance and stability of ecosystems. The greatest
biodiversity of frogs found in Brazil, with approximately 849 species. Amphibians are considered the
group most at risk of extinction and that risk has increased since the early 80s, with the decline of
these populations. Several factors are associated with this decline, such as fragmentation and habitat
destruction, infectious diseases, water pollution, invasive species, increased incidence of ultraviolet
radiation (UV- B), isolation of populations, inbreeding, edge effect, climate change. Global climate
change seems to be favoring the occurrence of some of the factors responsible. Biogeographical
research helps in understanding the relationship between climate change and population declines of
amphibians since that, through the changes brought about in the middle abiotic changes the way how
these species interact with the environment.
ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA
CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS.
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REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012.
Key-words: Biodiversity, Amphibians, Global climate change, Biogeography.
INTRODUÇÃO
A biodiversidade é produto de milhões de anos de evolução biológica, diz respeito à diversidade
genética responsável pela variabilidade entre indivíduos e populações das espécies. É a soma de toda a
vida existente no planeta, compreendendo a variedade das espécies, ecossistemas e processos
ecológicos. Associada aos fatores abióticos é responsável pela manutenção do equilíbrio e estabilidade
dos ecossistemas (JOLY et al., 2011).
Entre os vertebrados, os anfíbios são o grupo em que o número de novas espécies descobertas
mais aumentou nas ultimas décadas (DUBOIS, 2005). Entre o ano de 1992 a 2003 houve um aumento
de 26.6% no número de novas espécies. Apesar desse aumento, os anfíbios sofrem grave declínio
populacional, maior do que grupos de aves ou mamíferos (GLAW et al., 1998; FROST, 2004).
Existem aproximadamente 5600 espécies de anuros, sendo que, cerca de 849 encontram-se no
Brasil, o que faz deste o pais com maior biodiversidade de anuros do planeta (FROST, 2009; SBH,
2009). Acredita-se que exista ainda grande número de espécies não identificadas, uma vez que o
número de novas espécies vem aumentando a cada ano. Em 2005, segundo a Sociedade Brasileira de
Herpetologia (SBH), o Brasil possuía 765 espécies de anfíbios, destes, 737 eram de anfíbios anuros
(SILVANO e SEGALLA, 2005).
Os anfíbios são considerados o grupo de animais que corre maior risco de extinção e esse risco
vem aumentando desde o início da década de 80. Nessa década surgiram com mais frequência,
publicações que relatam o declínio das populações de anfíbios em todo o mundo. As causas desse
declínio estão associadas fragmentação e destruição dos habitats, doenças infecciosas, poluição das
águas, espécies invasoras, aumento da incidência da radiação ultravioleta (UV-B), isolamento de
populações, consanguinidade, efeito de borda, mudanças climáticas (YOUNG et al., 2004; BECKER
et al., 2007).
Estima-se que 30% das espécies de anuros correm risco de extinção nos próximos anos e que
aproximadamente 35 espécies já desapareceram na natureza. Das espécies de anuros existentes, cerca
de 25% são pouco conhecidas, não sendo possível afirmar que estejam ou não ameaçadas de extinção
(FROST, 2009; SBH, 2009).
A mudança climática global parece estar favorecendo a ocorrência de vários fatores
responsáveis pelo declínio das populações de anfíbios. Mudança climática diz respeito às
modificações dos padrões climáticos vigentes (GALINA, 2002). São flutuações apresentadas pelo
clima em relação aos dados climatológicos de “anos normais”, podendo ser tanto positivas quanto
negativas. Tais flutuações podem estender-se por períodos de tempo prolongados, diferente das
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anomalias climáticas, cujas oscilações duram alguns meses. Portanto, o aquecimento global representa
uma possível mudança climática global em processo (KENITIRO, 2008).
A perda de habitat pode ter efeito imediato no tamanho das populações de anfíbios, redefinindo
os limites do habitat natural. Estratégias têm sido propostas para deter a redução das populações de
anfíbios, como a criação de reservas biológicas compreendendo bacias hidrográficas. Em áreas que
sofreram modificações, criar leis para conservação de zonas ribeirinhas, protegendo habitats terrestres
e aquáticos. Locais que sofreram divisão de habitats, desenvolver programas de recuperação para
reverter os efeitos negativos sobre a diversidade de anfíbios (BECKER et al., 2007).
A Biogeografia estuda a interação, organização e processos espaciais ao logo do tempo,
enfatizando os seres vivos que habitam determinado local, o biótopo, uma expressão espacial que
abrange aspectos estruturais abióticos e bióticos em equilíbrio (CAMARGO e TROPPMAIR, 2002;
TROPPMAIR, 2004).
Em relação a outras áreas da Geografia Física, a Biogeografia esteve em segundo plano, sendo
que os geógrafos deram maior ênfase aos estudos fitogeográficos do que zoogeográficos
(TROPPMAIR, 2002). Pesquisas zoogeográficas necessitam de um espaço de análise, entretanto a
fauna é móvel, sendo um problema sua espacialização. Esse problema justifica a carência de pesquisas
zoogeográficas, mas permitem estabelecer a relação entre a ocorrência das espécies, meio biótico e o
abiótico (NETO e VIADANA, 2006).
OBJETIVO
Discutir a relação existente entre mudança climática global e seus possíveis efeitos sobre as
populações de anfíbios anuros.
DISCUSSÃO
Investigações científicas a fim de compreender possíveis alterações no clima em escala global,
regional e local têm se mostrado um dos grandes desafios do mundo técnico-científico informacional
(ZAMPARONI, 2007). No Brasil, os impactos ecológicos dessas alterações têm sido pouco estudados,
diferente de outros países em que os estudos têm sido mais compreensivos e detalhados (MARENDO,
2006).
O conceito mudança climática, quando discutido na mídia, é utilizado de forma descuidada,
alarmista e sensacionalista, enquanto que no meio científico sua utilização exige maior rigor e clareza,
sendo por tanto visto com seriedade (ZAMPARONI, 2007).
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CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS.
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Aquecimento global é o aumento da temperatura média da Terra, resultante da intensificação do
efeito estufa (SAMPAIO, 2007). O efeito estufa é um fenômeno natural, formado por gases presentes
na atmosfera, como Gás Carbônico (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbono
(CFC) e Ozônio (O3), somando-se a eles o vapor d’água. Juntos, têm a capacidade de bloquear a perda
total de radiação de onda longa, equivalente à faixa do infravermelho, emitida do planeta para o
espaço, mantendo-a na Troposfera e garantindo a manutenção da vida na Terra (CONTI, 2007;
MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007).
O tempo em anos de permanência dos gases do efeito estufa na atmosfera são 50 a 200 para o
CO2, 7 a 10 para o CH4, 150 para o N2O, 75 a 110 para o CFC e apenas algumas horas ou dias para o
O3 (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). Embora o CO2 não seja o gás de maior tempo de
permanência no ar, ele é o principal responsável pela retenção de calor na baixa atmosfera. Associa-se
o início do aumento da temperatura média do planeta com o início da Primeira Revolução Industrial,
ocorrida no fim do século XVIII, em que o homem passou a interferir no meio ambiente em ritmo
acelerado. A partir de então, aumentou-se o volume das emissões de CO2, hidrocarbonetos e materiais
particulados provenientes dos equipamentos industriais, veículos automotores, queima de
combustíveis fosseis e formações vegetais. Acredita-se que a temperatura média do Globo passou a
elevar-se de forma mais significativa a partir da segunda metade do século XIX e, no século XX, a
partir dos anos 70. (NUNES, 2003; CONTI, 2007; SAMPAIO, 2007; ZAMPARONI, 2007).
Em 1988 foi criado no âmbito da ONU, o Intergovernamental Pannel of Climatc Changes
(IPCC), órgão responsável por monitorar o processo de mudanças climáticas globais e emitir relatórios
acerca do mesmo, assim como incentivar pesquisas a esse respeito e propor medidas mitigadoras a
seus prováveis efeitos (CONTI, 2007).
As discussões sobre a mudança climática global não são realizadas com intuito de analisar se o
clima da Terra está ou não se modificando, pois suas evidências são claras. É discutido até onde essas
modificações são provocadas pelo homem e até onde são decorrentes da dinâmica natural da Terra
(CONTI, 2007).
De acordo com o quarto relatório de avaliação do IPCC (AR4) sobre Mudança Climática,
divulgado no ano de 2007, o aquecimento global derivado do aumento das emissões de CO2 na
atmosfera é detectado de forma indiscutível (MEIRA FILHO, 2008). Considera-se que a partir desse
ano houve uma conscientização de que são necessárias ações para se estabilizar a concentração de CO2
na atmosfera e evitar que o aumento da temperatura média do planeta ultrapasse os 2 ºC
(FELDMANN, 2008).
O AR4 baseou-se em modelos climáticos produzidos por diversos centros de pesquisa,
apresentando projeções para os próximos 100 anos, sendo 1990 o ano de referência. Segundo essas
projeções a temperatura média do planeta pode elevar-se entre 1,4 ºC a 5,8 ºC, dependendo da emissão
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de gases e do agravamento do efeito estufa, aumentando a frequência, ocorrência e intensidade de
fenômenos extremos como secas, veranicos e ondas de calor. Preveem-se mudanças no regime anual e
na sazonalidade das chuvas, trazendo impactos sobre a biodiversidade e sobrevivência de biomas
naturais (DIAS e COSTA, 2008).
A elevação da temperatura média do planeta acelera os ciclos hidrológicos e de energia na
atmosfera, provocando uma maior dinâmica atmosférica. Ativa a incidência de eventos climáticos
extremos, amplia a instabilidade dos ecossistemas e intensifica as taxas naturais de extinção de
espécies (SAMPAIO, 2007). Populações de anfíbios começaram a declinar de maneira mais
expressiva no início do ano de 1970 na América do Norte, América do Sul e Austrália (ROHR e
RAFFEL, 2010). Período semelhante em que se acredita ter intensificado o aumento da temperatura
media do globo.
Alterações climáticas parecem contribuir para o declínio de populações de anfíbios, interferindo
na fisiologia, reprodução e comportamento (BLAUSTEIN e KIESECKER, 2002). A destruição da
camada de ozônio e o consequente aumento da incidência dos raios UV-B contribuem para a redução
das populações de anfíbios, reduzindo a eclosão dos ovos expostos a esse tipo de radiação,
aumentando a mortalidade dos indivíduos, deixando-os mais expostos a doenças, aumentando a
ocorrência de anomalias e redução do tamanho médio dos mesmos (BLAUSTEIN et al. 2001; SBH,
2009).
Anfíbios apresentam pele fina e permeável, grande número de espécies se desenvolve em
ambiente exclusivamente aquático na fase larval, sendo sensíveis a alterações do meio aquático,
terrestre, mudanças nas massas de ar, temperatura, alterações nos períodos e quantidade das chuvas,
aumento da incidência de raios UV-B (SBH, 2009).
Observações acerca da mudança climática pautada no aquecimento global indicam aumento da
freqüência e intensidade do fenômeno oceânico El Niño, caracterizado pela elevação incomum da
temperatura das águas superficiais nas regiões leste e central do oceano Pacífico. O El Niño decorre da
modificação na dinâmica habitual da célula de circulação zonal conhecida por Célula de Walker ou
Célula do Pacífico, relacionada à variação da pressão atmosférica entre as porções leste e oeste desse
oceano. Sua manifestação é capaz de gerar desarranjos nos padrões climatológicos de vários locais da
Terra, devido às interações oceano-atmosfera (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007;
SAMPAIO, 2007).
O aumento da freqüência ou intensidade do fenômeno El Niño no futuro fará com que o Brasil
torne-se mais suscetível à secas, enchentes e ondas de calor incidentes. Mesmo que a incerteza quanto
à mudança climática seja grande, eventos extremos podem ocorrer independentes da presença do El
Niño ou La Niña (MARENGO, 2006).
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CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS.
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Eventos climáticos extremos alteram os habitats de forma repentina e brusca, tendo um efeito
imediato sobre as populações de anuros. No Brasil o período das chuvas coincide com a estação
reprodutiva dessas espécies. Enchentes podem arrastar os indivíduos para habitats diferentes e chuvas
intensas e prolongadas podem assorear rios e lagos fazendo com que as espécies migrem. Essa
dispersão pode deixar os indivíduos mais expostos a predadores e doenças.
Longos períodos de estiagem podem reduzir o volume de água de rios e lagos, comprometendo
a reprodução e sobrevivência das espécies de anfíbios anuros. Com o aquecimento global pode haver
maior incidência de raios UV-B, podendo causar anomalias genéticas nos animais. O aumento da
temperatura pode causar alterações fisiológicas e comportamentais.
Modificações na frequência e período de duração de fenômenos como El Niño e La Niña
parecem estar associados ao declínio populacional de anfíbios, provavelmente por aumentar a
suscetibilidade a doenças e ou tornar fungos causadores das mesmas mais agressivos nessas espécies,
como parece estar ocorrendo com o Batrachochytrium dendrobatidis (Bd) (ROHR e RAFFEL, 2010).
Apesar desses indícios, o declínio da biodiversidade associado ao aparecimento de doenças infecciosas
relacionadas com a mudança climática é uma discussão controversa. Pesquisadores têm demostrado
que existem correlações entre essas variáveis (KIESECKER et al., 2001; RODO et al., 2002;
KOELLE et al., 2005).
A mudança climática global afeta diretamente os ecossistemas. O conhecimento biogeográfico
auxilia no entendimento da relação entre alteração climática e queda das populações de anfíbios,
podendo tornar mais claro o grau de interdependência entre aspectos climáticos, fitogeográficos e
zoogeográficos, auxiliando na compreensão do atual declínio das populações de anuros em todo
planeta.
CONCLUSÃO
A pesquisa biogeográfica é importante instrumento para auxiliar na compreensão da relação
entre mudança climática e declínio populacional de anfíbios uma vez que aquela, através das
alterações dos fatores abióticos, pode alterar a forma como essas espécies interagem com o meio.
REFERÊNCIA
ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA
CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS.
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REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012.
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Bioclimática e declínio anfíbios

  • 1. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 175 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. Adriano de Souza Alves Universidade Federal de Viçosa – UFV adriano.alves@ufv.br Rafael de Souza Alves Universidade Federal de Viçosa – UFV rafael.s.alves@ufv.br Oswaldo Pinto Ribeiro Filho Universidade Federal de Viçosa – UFV oribeiro@ufv.br Leonardo Comastri Arruda Universidade Federal de Viçosa – UFV leocomastri@hotmail.com EIXO TEMÁTICO: BIOGEOGRAFIA E BIODIVERSIDADE RESUMO Biodiversidade compreende a variedade de espécies, ecossistemas e processos ecológicos. Associada aos fatores abióticos é responsável pela manutenção do equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. A maior biodiversidade de anuros encontra-se no Brasil, com aproximadamente 849 espécies. Anfíbios são considerados o grupo que corre maior risco de extinção e esse risco vem aumentando desde o início da década de 80 com o declínio dessas populações. Vários fatores estão associados a este declínio, como fragmentação e destruição dos habitats, doenças infecciosas, poluição das águas, espécies invasoras, aumento da incidência da radiação ultravioleta (UV-B), isolamento de populações, consanguinidade, efeito de borda, mudanças climáticas. A mudança climática global parece estar favorecendo a ocorrência de alguns dos fatores responsáveis. A pesquisa biogeográfica auxilia na compreensão da relação entre mudança climática e declínio populacional de anfíbios uma vez que aquela, através das alterações provocadas no meio abiótico, altera a forma de como essas espécies interagem com o meio. PALAVRAS CHAVES Biodiversidade, Anfíbios, Mudança climática global, Biogeografia. ABSTRACT Biodiversity encompasses the variety of species, ecosystems and ecological processes associated with abiotic factors are responsible for maintaining balance and stability of ecosystems. The greatest biodiversity of frogs found in Brazil, with approximately 849 species. Amphibians are considered the group most at risk of extinction and that risk has increased since the early 80s, with the decline of these populations. Several factors are associated with this decline, such as fragmentation and habitat destruction, infectious diseases, water pollution, invasive species, increased incidence of ultraviolet radiation (UV- B), isolation of populations, inbreeding, edge effect, climate change. Global climate change seems to be favoring the occurrence of some of the factors responsible. Biogeographical research helps in understanding the relationship between climate change and population declines of amphibians since that, through the changes brought about in the middle abiotic changes the way how these species interact with the environment.
  • 2. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 176 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. Key-words: Biodiversity, Amphibians, Global climate change, Biogeography. INTRODUÇÃO A biodiversidade é produto de milhões de anos de evolução biológica, diz respeito à diversidade genética responsável pela variabilidade entre indivíduos e populações das espécies. É a soma de toda a vida existente no planeta, compreendendo a variedade das espécies, ecossistemas e processos ecológicos. Associada aos fatores abióticos é responsável pela manutenção do equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas (JOLY et al., 2011). Entre os vertebrados, os anfíbios são o grupo em que o número de novas espécies descobertas mais aumentou nas ultimas décadas (DUBOIS, 2005). Entre o ano de 1992 a 2003 houve um aumento de 26.6% no número de novas espécies. Apesar desse aumento, os anfíbios sofrem grave declínio populacional, maior do que grupos de aves ou mamíferos (GLAW et al., 1998; FROST, 2004). Existem aproximadamente 5600 espécies de anuros, sendo que, cerca de 849 encontram-se no Brasil, o que faz deste o pais com maior biodiversidade de anuros do planeta (FROST, 2009; SBH, 2009). Acredita-se que exista ainda grande número de espécies não identificadas, uma vez que o número de novas espécies vem aumentando a cada ano. Em 2005, segundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH), o Brasil possuía 765 espécies de anfíbios, destes, 737 eram de anfíbios anuros (SILVANO e SEGALLA, 2005). Os anfíbios são considerados o grupo de animais que corre maior risco de extinção e esse risco vem aumentando desde o início da década de 80. Nessa década surgiram com mais frequência, publicações que relatam o declínio das populações de anfíbios em todo o mundo. As causas desse declínio estão associadas fragmentação e destruição dos habitats, doenças infecciosas, poluição das águas, espécies invasoras, aumento da incidência da radiação ultravioleta (UV-B), isolamento de populações, consanguinidade, efeito de borda, mudanças climáticas (YOUNG et al., 2004; BECKER et al., 2007). Estima-se que 30% das espécies de anuros correm risco de extinção nos próximos anos e que aproximadamente 35 espécies já desapareceram na natureza. Das espécies de anuros existentes, cerca de 25% são pouco conhecidas, não sendo possível afirmar que estejam ou não ameaçadas de extinção (FROST, 2009; SBH, 2009). A mudança climática global parece estar favorecendo a ocorrência de vários fatores responsáveis pelo declínio das populações de anfíbios. Mudança climática diz respeito às modificações dos padrões climáticos vigentes (GALINA, 2002). São flutuações apresentadas pelo clima em relação aos dados climatológicos de “anos normais”, podendo ser tanto positivas quanto negativas. Tais flutuações podem estender-se por períodos de tempo prolongados, diferente das
  • 3. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 177 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. anomalias climáticas, cujas oscilações duram alguns meses. Portanto, o aquecimento global representa uma possível mudança climática global em processo (KENITIRO, 2008). A perda de habitat pode ter efeito imediato no tamanho das populações de anfíbios, redefinindo os limites do habitat natural. Estratégias têm sido propostas para deter a redução das populações de anfíbios, como a criação de reservas biológicas compreendendo bacias hidrográficas. Em áreas que sofreram modificações, criar leis para conservação de zonas ribeirinhas, protegendo habitats terrestres e aquáticos. Locais que sofreram divisão de habitats, desenvolver programas de recuperação para reverter os efeitos negativos sobre a diversidade de anfíbios (BECKER et al., 2007). A Biogeografia estuda a interação, organização e processos espaciais ao logo do tempo, enfatizando os seres vivos que habitam determinado local, o biótopo, uma expressão espacial que abrange aspectos estruturais abióticos e bióticos em equilíbrio (CAMARGO e TROPPMAIR, 2002; TROPPMAIR, 2004). Em relação a outras áreas da Geografia Física, a Biogeografia esteve em segundo plano, sendo que os geógrafos deram maior ênfase aos estudos fitogeográficos do que zoogeográficos (TROPPMAIR, 2002). Pesquisas zoogeográficas necessitam de um espaço de análise, entretanto a fauna é móvel, sendo um problema sua espacialização. Esse problema justifica a carência de pesquisas zoogeográficas, mas permitem estabelecer a relação entre a ocorrência das espécies, meio biótico e o abiótico (NETO e VIADANA, 2006). OBJETIVO Discutir a relação existente entre mudança climática global e seus possíveis efeitos sobre as populações de anfíbios anuros. DISCUSSÃO Investigações científicas a fim de compreender possíveis alterações no clima em escala global, regional e local têm se mostrado um dos grandes desafios do mundo técnico-científico informacional (ZAMPARONI, 2007). No Brasil, os impactos ecológicos dessas alterações têm sido pouco estudados, diferente de outros países em que os estudos têm sido mais compreensivos e detalhados (MARENDO, 2006). O conceito mudança climática, quando discutido na mídia, é utilizado de forma descuidada, alarmista e sensacionalista, enquanto que no meio científico sua utilização exige maior rigor e clareza, sendo por tanto visto com seriedade (ZAMPARONI, 2007).
  • 4. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 178 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. Aquecimento global é o aumento da temperatura média da Terra, resultante da intensificação do efeito estufa (SAMPAIO, 2007). O efeito estufa é um fenômeno natural, formado por gases presentes na atmosfera, como Gás Carbônico (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), Clorofluorcarbono (CFC) e Ozônio (O3), somando-se a eles o vapor d’água. Juntos, têm a capacidade de bloquear a perda total de radiação de onda longa, equivalente à faixa do infravermelho, emitida do planeta para o espaço, mantendo-a na Troposfera e garantindo a manutenção da vida na Terra (CONTI, 2007; MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). O tempo em anos de permanência dos gases do efeito estufa na atmosfera são 50 a 200 para o CO2, 7 a 10 para o CH4, 150 para o N2O, 75 a 110 para o CFC e apenas algumas horas ou dias para o O3 (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). Embora o CO2 não seja o gás de maior tempo de permanência no ar, ele é o principal responsável pela retenção de calor na baixa atmosfera. Associa-se o início do aumento da temperatura média do planeta com o início da Primeira Revolução Industrial, ocorrida no fim do século XVIII, em que o homem passou a interferir no meio ambiente em ritmo acelerado. A partir de então, aumentou-se o volume das emissões de CO2, hidrocarbonetos e materiais particulados provenientes dos equipamentos industriais, veículos automotores, queima de combustíveis fosseis e formações vegetais. Acredita-se que a temperatura média do Globo passou a elevar-se de forma mais significativa a partir da segunda metade do século XIX e, no século XX, a partir dos anos 70. (NUNES, 2003; CONTI, 2007; SAMPAIO, 2007; ZAMPARONI, 2007). Em 1988 foi criado no âmbito da ONU, o Intergovernamental Pannel of Climatc Changes (IPCC), órgão responsável por monitorar o processo de mudanças climáticas globais e emitir relatórios acerca do mesmo, assim como incentivar pesquisas a esse respeito e propor medidas mitigadoras a seus prováveis efeitos (CONTI, 2007). As discussões sobre a mudança climática global não são realizadas com intuito de analisar se o clima da Terra está ou não se modificando, pois suas evidências são claras. É discutido até onde essas modificações são provocadas pelo homem e até onde são decorrentes da dinâmica natural da Terra (CONTI, 2007). De acordo com o quarto relatório de avaliação do IPCC (AR4) sobre Mudança Climática, divulgado no ano de 2007, o aquecimento global derivado do aumento das emissões de CO2 na atmosfera é detectado de forma indiscutível (MEIRA FILHO, 2008). Considera-se que a partir desse ano houve uma conscientização de que são necessárias ações para se estabilizar a concentração de CO2 na atmosfera e evitar que o aumento da temperatura média do planeta ultrapasse os 2 ºC (FELDMANN, 2008). O AR4 baseou-se em modelos climáticos produzidos por diversos centros de pesquisa, apresentando projeções para os próximos 100 anos, sendo 1990 o ano de referência. Segundo essas projeções a temperatura média do planeta pode elevar-se entre 1,4 ºC a 5,8 ºC, dependendo da emissão
  • 5. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 179 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. de gases e do agravamento do efeito estufa, aumentando a frequência, ocorrência e intensidade de fenômenos extremos como secas, veranicos e ondas de calor. Preveem-se mudanças no regime anual e na sazonalidade das chuvas, trazendo impactos sobre a biodiversidade e sobrevivência de biomas naturais (DIAS e COSTA, 2008). A elevação da temperatura média do planeta acelera os ciclos hidrológicos e de energia na atmosfera, provocando uma maior dinâmica atmosférica. Ativa a incidência de eventos climáticos extremos, amplia a instabilidade dos ecossistemas e intensifica as taxas naturais de extinção de espécies (SAMPAIO, 2007). Populações de anfíbios começaram a declinar de maneira mais expressiva no início do ano de 1970 na América do Norte, América do Sul e Austrália (ROHR e RAFFEL, 2010). Período semelhante em que se acredita ter intensificado o aumento da temperatura media do globo. Alterações climáticas parecem contribuir para o declínio de populações de anfíbios, interferindo na fisiologia, reprodução e comportamento (BLAUSTEIN e KIESECKER, 2002). A destruição da camada de ozônio e o consequente aumento da incidência dos raios UV-B contribuem para a redução das populações de anfíbios, reduzindo a eclosão dos ovos expostos a esse tipo de radiação, aumentando a mortalidade dos indivíduos, deixando-os mais expostos a doenças, aumentando a ocorrência de anomalias e redução do tamanho médio dos mesmos (BLAUSTEIN et al. 2001; SBH, 2009). Anfíbios apresentam pele fina e permeável, grande número de espécies se desenvolve em ambiente exclusivamente aquático na fase larval, sendo sensíveis a alterações do meio aquático, terrestre, mudanças nas massas de ar, temperatura, alterações nos períodos e quantidade das chuvas, aumento da incidência de raios UV-B (SBH, 2009). Observações acerca da mudança climática pautada no aquecimento global indicam aumento da freqüência e intensidade do fenômeno oceânico El Niño, caracterizado pela elevação incomum da temperatura das águas superficiais nas regiões leste e central do oceano Pacífico. O El Niño decorre da modificação na dinâmica habitual da célula de circulação zonal conhecida por Célula de Walker ou Célula do Pacífico, relacionada à variação da pressão atmosférica entre as porções leste e oeste desse oceano. Sua manifestação é capaz de gerar desarranjos nos padrões climatológicos de vários locais da Terra, devido às interações oceano-atmosfera (MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007; SAMPAIO, 2007). O aumento da freqüência ou intensidade do fenômeno El Niño no futuro fará com que o Brasil torne-se mais suscetível à secas, enchentes e ondas de calor incidentes. Mesmo que a incerteza quanto à mudança climática seja grande, eventos extremos podem ocorrer independentes da presença do El Niño ou La Niña (MARENGO, 2006).
  • 6. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 180 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. Eventos climáticos extremos alteram os habitats de forma repentina e brusca, tendo um efeito imediato sobre as populações de anuros. No Brasil o período das chuvas coincide com a estação reprodutiva dessas espécies. Enchentes podem arrastar os indivíduos para habitats diferentes e chuvas intensas e prolongadas podem assorear rios e lagos fazendo com que as espécies migrem. Essa dispersão pode deixar os indivíduos mais expostos a predadores e doenças. Longos períodos de estiagem podem reduzir o volume de água de rios e lagos, comprometendo a reprodução e sobrevivência das espécies de anfíbios anuros. Com o aquecimento global pode haver maior incidência de raios UV-B, podendo causar anomalias genéticas nos animais. O aumento da temperatura pode causar alterações fisiológicas e comportamentais. Modificações na frequência e período de duração de fenômenos como El Niño e La Niña parecem estar associados ao declínio populacional de anfíbios, provavelmente por aumentar a suscetibilidade a doenças e ou tornar fungos causadores das mesmas mais agressivos nessas espécies, como parece estar ocorrendo com o Batrachochytrium dendrobatidis (Bd) (ROHR e RAFFEL, 2010). Apesar desses indícios, o declínio da biodiversidade associado ao aparecimento de doenças infecciosas relacionadas com a mudança climática é uma discussão controversa. Pesquisadores têm demostrado que existem correlações entre essas variáveis (KIESECKER et al., 2001; RODO et al., 2002; KOELLE et al., 2005). A mudança climática global afeta diretamente os ecossistemas. O conhecimento biogeográfico auxilia no entendimento da relação entre alteração climática e queda das populações de anfíbios, podendo tornar mais claro o grau de interdependência entre aspectos climáticos, fitogeográficos e zoogeográficos, auxiliando na compreensão do atual declínio das populações de anuros em todo planeta. CONCLUSÃO A pesquisa biogeográfica é importante instrumento para auxiliar na compreensão da relação entre mudança climática e declínio populacional de anfíbios uma vez que aquela, através das alterações dos fatores abióticos, pode alterar a forma como essas espécies interagem com o meio. REFERÊNCIA
  • 7. ESTUDOS BIOGEOGRÁFICOS AUXILIANDO NA COMPREENSÃO DAS RELAÇÃOES ENTRE MUNDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ANFÍBIOS ANUROS. 181 REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V. 1, N.4, p. 175 - 183, 2012. BLAUSTEIN, A. R.; BELDEN, L. K.; HATCH, A. C.; KATS, L. B.; HOFFMAN, P. D.; HAYS, J. B.; MARCO, A.; CHIVERS, D. P.; KIESECKER, J. M. Ultraviolet radiation and Amphibians. In: Ecosystems, Evolution and Ultraviolet Radiation (COCKELL, C. S. e BLAUSTEIN, A. R). Springer, New York, pp. 63–79. 2001. BECKER, C. G.; FONSECA, C. R.; HADDAD, C. F. B.; BATISTA, R. F.; PRADO, P. I. Habitat Split and the Global Decline of Amphibians. Science, 2007. Disponível em: <www.sciencemag.org>. Acesso em: 18 de dez. de 2011. BLAUSTEIN, A.R.; KIESECKER, J. M. Complexity in conservation: lessons from the global decline of amphibian populations. Ecology Letters, v.5, p. 597–608. 2002. CAMARGO, J. C. G.; TROPPMAIR, H. A. Evolução da Biogeografia no Âmbito da Ciência Geográfica no Brasil. Geografia, Rio Claro, v. 07, n. 03, p. 133-155, 2002. CONTI, J. B. A controvérsia sobre as mudanças climáticas. Intergeo – Interações no Espaço Geográfico, ano 5, n. 5, p. 26-31, 2007. COSTA, L. C. Mudanças climáticas, energia, alimento, ciência e humanidade. Opiniões, Ribeirão Preto – SP, p.35, mar/mai. 2008. DIAS, P. L. S. Uma avaliação crítica dos cenários climáticos do IPCC. Opiniões, Ribeirão Preto – SP, p. 22, mar/mai. 2008. DUBOIS, A. Developmental pathway, speciation and supraspecific taxonomy in amphibians, 1: Why are there so many frog species in SriLanka? Alytes, v. 22, p.19–37. 2005. FELDEMANN, F. Brasil: vilão ou líder? Opiniões, Ribeirão Preto – SP, p. 14, mar/mai. 2008. FROST, D. Amphibian species of the world: an online reference. American Museum of natural History, New York, version 5.3. 2009. disponível em: <http://www.research.amnh.org/herpetology/amphibia/index.html>. Acesso em: 02 Jan. 2012. GALINA, M. H. Mudanças climáticas de curto prazo: tendência dos regimes térmicos e hídricos e do balanço hídrico nos municípios de Ribeirão Preto, Campinas e Presidente Prudente (SP) no período de 1969-2001. 2002. 221 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP, 2002. GLAW, F.; KÖHLER, J. Amphibian species diversity exceeds that of mammals. Herpetological Review, v. 29, p. 11–12. 1998.
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