SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Alterações no Código Florestal Brasileiro:
                              impactos potenciais sobre a ictiofauna
                                                   Casatti, L.


        Biota Neotrop. 2010, 10(4): 000-000.

        On line version of this paper is available from:
        http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/en/abstract?article+bn00310042010

        A versão on-line completa deste artigo está disponível em:
        http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010

        Received/ Recebido em 31/08/2010 -
        Revised/ Versão reformulada recebida em 13/10/2010 - Accepted/ Publicado em 15/10/2010

                                                                                ISSN 1676-0603 (on-line)




        Biota Neotropica is an electronic, peer-reviewed journal edited by the Program BIOTA/FAPESP:
The Virtual Institute of Biodiversity. This journal’s aim is to disseminate the results of original research work,
       associated or not to the program, concerned with characterization, conservation and sustainable
                               use of biodiversity within the Neotropical region.

     Biota Neotropica é uma revista do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade,
      que publica resultados de pesquisa original, vinculada ou não ao programa, que abordem a temática
            caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical.



               Biota Neotropica is an eletronic journal which is available free at the following site
                                       http://www.biotaneotropica.org.br

       A Biota Neotropica é uma revista eletrônica e está integral e gratuitamente disponível no endereço
                                     http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 10, no. 4




                      Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna

                                                                            Lilian Casatti1,2
                         1
                             Departamento de Zoologia e Botânica, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE,
                                      Universidade Estadual Paulista – UNESP, Rua Cristóvão Colombo, n. 2265,
                                                   CEP 15054-000, São José do Rio Preto, SP, Brasil
                                        2
                                         Autor para correspondência: Lilian Casatti, e-mail:licasatti@gmail.com

                  CASATTI, L. Changes in the Brazilian Forest Code: potential impacts on the ichthyofauna. Biota Neotrop.
                  10(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/en/abstract?article+bn00310042010.

                  Abstract: In this paper is presented an analysis of possible impacts that the reduction of native vegetation, especially
                  riparian forests, can have on the fish fauna. Three sets of primary functional aspects performed by riparian forests
                  are discussed: transferring of solar energy to the aquatic environment, trapping nutrients and sediments that enter
                  the rivers and transfer of organic material between the terrestrial and aquatic environments. Any modification
                  which results in further loss of native vegetation, in permanent preservation areas or in protection reserves, may
                  generate losses of species, faunal homogenization and reduction of fish biomass.
                  Keywords: conservation, stream, fishes, habitat loss.


                  CASATTI, L. Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna. Biota
                  Neotrop. 10(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010.

                  Resumo: É apresentada uma análise dos possíveis impactos que a diminuição da vegetação nativa, notadamente
                  das florestas ripárias, pode causar sobre a ictiofauna. Três conjuntos de aspectos funcionais primordiais
                  desempenhados pelas florestas ripárias são discutidos: transferência de energia solar ao ambiente aquático,
                  interceptação de nutrientes e sedimentos que adentram nos rios e trocas de material orgânico entre o sistema
                  terrestre e aquático. Conclui-se que qualquer alteração que se traduza em mais perdas de vegetação nativa, seja
                  em áreas de preservação permanente ou em reservas legais, pode gerar perdas de espécies, homogeneização
                  faunística e diminuição de biomassa íctica.
                  Palavras-chave: conservação, riachos, peixes, perda de hábitat.




Introdução                                                                             1. Aspectos funcionais das florestas
    As áreas florestais apresentam importantes funções para                            ripárias para a ictiofauna
a integridade de sistemas aquáticos e para os peixes, sendo                                As relações funcionais entre as florestas ripárias e a ictiofauna
particularmente importante na medida em que essa relação de                            podem ser agrupadas em três conjuntos principais: i) transferência
interface terra-água se intensifica, ou seja, em riachos e nascentes                   de energia solar ao ambiente aquático, ii) interceptação de nutrientes
(Barrela et al. 2001). Há uma extensa literatura de revisão sobre o                    e sedimentos que adentram nos rios e iii) trocas de material orgânico
tema, em que se destaca o papel e a necessidade de proteção das                        entre o sistema terrestre e aquático (Pusey & Arthington 2003). Peixes
áreas florestais, em especial das florestas ripárias (Gregory et al.                   são ectotérmicos, ou seja, incapazes de regular sua temperatura
1991, Naiman & Décamps 1997, Chapman, L.J. & Chapman, C.A.                             e, portanto, dependem da temperatura externa para ajustar a sua
2002, Pusey & Arthington 2003). Antes de abordar o papel da floresta                   própria; como a retirada da floresta ripária expõe o meio aquático a
para os peixes, é importante citar que há 2.587 espécies de peixes de                  temperaturas mais elevadas, o controle metabólico dos organismos
água doce no Brasil (Buckup et al. 2007), o que representa 37% dos                     ectotérmicos pode ser afetado (Pusey & Arthington 2003). Com mais
vertebrados conhecidos em nosso país (Lewinsohn & Prado 2005).                         luz, há aumento de produção de cianobactérias (muitas tóxicas),
Com exceção de 200 espécies que parecem estar mais associadas a                        algas e plantas aquáticas que, em excesso, promovem eutrofização
rios de grande porte (Buckup 1999, Buckup et al. 2007), a maioria                      (Tundisi, J.G & Tundisi, T.M. 2008: 526), ocasionando mortandades
mostra alta fidelidade a riachos e, portanto, íntima relação com                       de peixes. Com o aumento da temperatura, a quantidade de gases
florestas ripárias. Estes organismos atuam como predadores que                         dissolvidos (p. ex., oxigênio), a tolerância dos peixes a determinadas
regulam populações de insetos aquáticos e algas, participam do                         substâncias tóxicas diminuem (p. ex., amônia, Linton et al. 1997) e a
processamento da matéria orgânica e também são presas para peixes                      reprodução dos peixes é afetada, pois a temperatura regula desde a fase
maiores, muitos destes usados pelo homem como alimento. Em                             de maturação gonadal até o desenvolvimento das larvas (Llewellyn
quais pontos a proposta substitutiva ao Projeto de Lei nº 1.876/1999                   1973, Lowe Mc-Connell 1999). A orientação visual na busca por
se mostra mais frágil por influenciar os processos biológicos vitais                   alimentos e reconhecimento de parceiros tem papel fundamental na
para a ictiofauna? Antes de abordar o cerne da discussão em pauta,                     vida de muitas espécies de peixes e isso depende da quantidade e do
é necessário detalhar os principais aspectos funcionais das florestas                  tipo de luz que atravessa o dossel da floresta (Pusey & Arthington
ripárias para a ictiofauna.                                                            2003); ainda, para ocultarem-se de predadores, os peixes exploram

http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010                                                        http://www.biotaneotropica.org.br
2                                                                                                                                 Biota Neotrop., vol. 10, no. 4

                                                                      Casatti, L.



manchas de luz no hábitat, proporcionadas pelo sombreamento e,                pelos motivos já levantados e por expor mais ainda à degradação
neste sentido, a supressão das florestas ripárias homogeneíza a luz,          ecossistemas submetidos a outras ameaças (p. ex., invasão de espécies
prejudicando o desempenho dos peixes (Pusey & Arthington 2003).               exóticas, poluição, construção de estradas). Somente na última lista de
A radiação UV também pode ser letal a larvas de diversas espécies             espécies ameaçadas do Estado de São Paulo (Oyakawa et al. 2009),
de peixes tropicais (Pusey et al. 2001).                                      das 66 espécies de peixes classificadas em algum grau de ameaça,
     As florestas ripárias interceptam sedimentos, fertilizantes e            45 mostram alta fidelidade a riachos e, portanto, são dependentes
pesticidas que adentram nos rios através escoamento superficial               da qualidade do hábitat circundante e interno. Em um estudo mais
ou subterrâneo (Naiman et al. 2005). Diversos estudos confirmam               recente, Nogueira et al. (2010) detectaram que 819 espécies de peixes
esse papel mitigador (p. ex., Townsend & Douglas 2000, Lorion &               com área de vida restrita poderiam ser enquadradas em categorias de
Kennedy 2009) e demonstram influências negativas do aumento de                ameaça conforme a IUCN (2001), indicando que mais de um terço
sedimentação sobre alimentação (Berkman & Rabeni 1987, Rabeni                 da diversidade de peixes de água doce corre sérios de extinção riscos
& Smale 1995), capacidade de forrageio (Berkman & Rabeni 1987)                a curto e médio prazo.
e desenvolvimento das larvas de peixes (Morgan et al. 1983).                       Considerando drenagens em regiões com relevo suave, é possível
     As florestas também influenciam as trocas de material orgânico           identificar um gradiente de perda de qualidade do hábitat associado
entre o sistema terrestre e aquático (Pusey & Arthington 2003); este          ao processo de degradação da floresta adjacente aos riachos, quase
material orgânico (folhas, troncos, frutos) serve como substrato para         sempre resultado do incremento da entrada de sedimentos e maior
o desenvolvimento de microrganismos utilizados como alimento                  insolação no curso d’água. Na presença de floresta ripária com
por invertebrados e peixes (Angermeier & Karr 1984, Pusey &                   alta qualidade, a ictiofauna apresenta alta riqueza de espécies,
Arthington 2003), promove abrigo aos peixes (Angermeier & Karr                nenhuma contribuição de espécies exóticas, baixa dominância e alta
1984), funciona como marcações que ajudam a navegação dos peixes              contribuição de itens alóctones (sementes, frutos e insetos terrestres)
(Crook & Robertson 1999) e também influencia o perfil hidráulico de           na sua dieta (Lorion & Kennedy 2009, Ferreira 2010). Em situações
cursos d’água. Há várias evidências científicas de que a diminuição           de extremo assoreamento, o leito do canal encontra-se coberto
do aporte destes elementos pode causar a diminuição da quantidade             por sedimentos finos, o volume de hábitat e o fluxo de água estão
de espécies, densidade e biomassa dos peixes (Angermeier & Karr               notadamente reduzidos, caracterizando condições muito favoráveis
1984, Neumann & Wildman 2002, Lester et al. 2007, Schneider                   ao estabelecimento de macrófitas aquáticas enraizadas emersas,
& Winemiller 2008). Da mesma maneira que o sistema terrestre                  especialmente do gênero Typha e, neste cenário, a ictiofauna é
exporta elementos orgânicos para o riacho, este os exporta para o             dominada por espécies acidentais, oportunistas e com habilidade para
sistema terrestre, principalmente através da eclosão de insetos que           consumir detritos orgânicos, que se torna o item alimentar dominantes
passam a fase juvenil na água (Marczak & Richardson 2007). Estes              nessas circunstâncias (Rocha et al. 2009), acarretando diminuição de
insetos são responsáveis por outros processos no meio terrestre (p.           biomassa íctica, perdas de espécies mais sensíveis e maiores chances
ex., polinizam plantas, controlam pragas, servem como alimento a              de homogeneização biótica (Casatti et al. 2009, Ferreira 2010, Teresa
insetívoros terrestres), demonstrando a ligação entre os componentes          & Casatti 2010).
terrestres e aquáticos dos ecossistemas.                                           Na nova proposta em foco está contemplada a alteração do
                                                                              referencial para demarcação da faixa de preservação permanente às
Resultados e Discussão                                                        margens de rios, que deixa de ser o leito maior, conforme disposto
                                                                              na legislação vigente, e passa a ser o leito menor. Essas demarcações
    Três pontos da proposta substitutiva ao Projeto de Lei nº 1.876/1999      sofrem influência das variações sazonais associadas à dinâmica dos
serão discutidos com maior detalhe por estarem mais diretamente               cursos d’água que promovem trocas entre o meio aquático e o ripário
relacionados com a manutenção da integridade da ictiofauna.                   (Wantzen et al. 2008). As árvores da floresta ripária são adaptadas
1. Áreas de preservação permanente às margens de rios                         a solos permanentemente saturados e essas zonas alagadas laterais
                                                                              (“wetland pools”) são biorreatores de processamento de matéria
    As áreas de preservação permanente são coincidentes com parte             orgânica e estocagem temporária; durante as águas baixas, essas
das zonas ripárias, que podem ser definidas como áreas de transição           áreas recebem material alóctone (p.ex., folhas, sementes, insetos) e
semiterrestres regularmente influenciadas pela água doce, normalmente         trocam esse material com o curso d’água durante as cheias (Wantzen
se estendendo desde as margens dos corpos d’água até as bordas                et al. 2008). Qualquer diminuição na proteção da dimensão lateral
das comunidades das terras mais altas (Naiman et al. 2005). Pela              dos cursos d’água pode alterar as entradas de material orgânico e
própria definição, entende-se que os limites das zonas ripárias não são       inorgânico, com consequências para todo o sistema aquático.
facilmente identificados e podem variar em função da sazonalidade                  O conhecimento produzido frente à diversidade de organismos do
(Lima & Zakia 2000). Alguns estudos sugerem que 18 m (Barton et al.           ecótone terra/água de diferentes biomas brasileiros ainda é incipiente
1985), 30 (Clinnick 1985) ou 50 m em cada margem (Kasyak 2001)                para permitir generalizações sobre o tamanho mínimo ideal de
seriam adequados para garantir a proteção de organismos e processos           proteção ripária. Por exemplo, as veredas do Cerrado brasileiro são
ecológicos nessa área. A legislação Brasileira vigente, de acordo com a       formações que se estendem de 30 a 150 m a partir da margem dos
Lei nº 7.803 de 18/07/1989, dispõe que a largura da Área de Preservação       riachos e abrigam alta diversidade de plantas e animais, sendo um
Permanente (APP) varia de acordo com a largura do curso d’água, sendo         sistema extremamente vulnerável à erosão (Wantzen et al. 2006).
de 30 m para cursos d’água com menos de 10 m de largura, situação             Na Amazônia, em regiões de águas claras ou pretas, os igarapés
em que se encaixa a grande maioria dos riachos brasileiros.                   de terra firme demonstram-se muito distintos dos igapós (Walker
    Dentre as modificações propostas ao Código atual, está a                  1990), indicando diferentes níveis de dependência entre os sistemas
diminuição das faixas marginais em cursos d’água de pequeno                   aquáticos e as florestas adjacentes. Essas constatações sugerem que
porte (até 5 m de largura) que passaria a ter 15 m em cada margem             as funções desempenhadas pela floresta ripária com relação à biota
(atualmente são 30 m). Se atualmente já é notável o déficit de                aquática são muito diversas e podem variar ao logo dos gradientes
proteção nas áreas de proteção permanente (vide Silva et al. 2007a),          ambientais que definem os diferentes biomas brasileiros, e também
com a aprovação da nova lei, esse déficit certamente será ampliado.           indica um assunto prioritário para a pesquisa científica. Na falta
Isso afetaria a grande maioria dos cursos d’água brasileiros e traria         de conhecimento científico, é fundamental prezar pela ação mais
grandes prejuízos em termos de perdas de diversidade local e regional,        cautelosa possível.

http://www.biotaneotropica.org.br                                                    http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010
Biota Neotrop., vol. 10, no. 4                                                                                                                                         3

                                                                       Código Florestal e ictiofauna



2. Reservas legais                                                                      BUCKUP, P.A. 1999. Sistemática e biogeografia de peixes de riachos. In
                                                                                           Ecologia de peixes de riachos (E.P. Caramaschi, R. Mazzoni & P.R.
    Há previsão de que, diante da nova proposta, as áreas terrestres                       Peres-Neto, ed.). PPGE-UFRJ, Rio de Janeiro, p.91-138. Série Oecologia
protegidas pela Reserva Legal diminuam. Nos estudos realizados                             Brasiliensis, 6.
por Harding et al. (1998), Teels et al. (2006), Lévêque et al. (2008)                   BUCKUP, P.A., MENEZES, N.A. & GHAZZI, M.S. 2007. Catálogo das
e autores lá listados, fica claro que, para proteger a biodiversidade                      espécies de peixes de água doce do Brasil. Museu Nacional, Rio de
aquática e garantir os processos ecológicos nestes ambientes, é                            Janeiro.
necessário proteger a maior parte das bacias hidrográficas, uma vez                     CASATTI, L., FERREIRA, C.P. & CARVALHO, F.R. 2009. Grass-dominated
que somente a restauração de faixas ripárias adjacentes a riachos é                        stream sites exhibit low fish species diversity and dominance by guppies:
                                                                                           an assessment of two tropical pasture river basins. Hydrobiologia
insuficiente para melhorar a integridade do sistema como um todo.
                                                                                           632:273-283.
Essas constatações são especialmente críticas quando considerado o
                                                                                        CHAPMAN, L.J. & CHAPMAN, C.A. 2002. Tropical forest degradation and
grau de susceptibilidade do solo de muitas bacias intensamente usadas                      aquatic ecosystems: our current state of knowledge. In Conservation of
para produção de alimentos (vide p. ex., Silva et al. 2007b), gerando                      freshwater fishes: options for the future (M.J. Collares-Pereira, I.G. Cowx
um cenário de incremento de assoreamento e perda de importantes                            & M.M. Coelho, ed.). Blackwell Science, Oxford, p.237-249.
micro-hábitats aquáticos. Por exemplo, Wantzen (2006) registrou no                      CLINNICK, P.F. 1985. Buffer strip management in forest operations: a review.
Cerrado brasileiro que uma única voçoroca pode carrear 60 toneladas                        Aust. For. 48(1):34-45.
de sedimentos/dia para o interior de um riacho. Assim, a diminuição                     CROOK, D.A. & ROBERTSON, A.I. 1999. Relationships between riverine
das áreas florestais naturais nas Reservas Legais, previsível diante                       fish and woody debris: implications for lowland rivers. Mar. Fresh. Res.
das modificações propostas ao Código Florestal em vigência, terá um                        50:942-953.
papel negativo à manutenção das comunidades aquáticas.                                  FERREIRA, C.P. 2010. Estrutura da ictiofauna e integridade biótica de riachos
                                                                                           em fragmentos florestais remanescentes no noroeste paulista. Tese de
3. Regiões com altitudes superiores a 1.800 m                                              Doutorado, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto.
    A estabilidade de substrato, regime hidrológico, parâmetros                         GREGORY, S.V., SWANSON, F.J., McKEE, W.A. & CUMMINS, K.W. 1991.
                                                                                           An ecosystem perspective of riparian zones. BioScience 41:540-551.
populacionais e de história de vida em riachos de alta altitude tem
                                                                                        HARDING, J.S., BENFIELD, E.F., BOLSTAD, P.V., HELFMAN, G.S. &
sido pouco estudados na região tropical como um todo (Jacobsen
                                                                                          JONES III, E.B.D. 1998. Stream biodiversity: the ghost of land use past.
2008). As baixas temperaturas e limitação de oxigênio podem gerar                         Proc. Nat. Ac. Sc. 95:14843-14847.
menores taxas de crescimento e de produção secundária do que em
                                                                                        IUCN. 2001. IUCN red list categories and criteria: version 3.1. Gland,
riachos de menores altitudes (Jacobsen 2008) e essa pressão seletiva                       Switzerland and Cambridge.
se reflete na composição da fauna aquática, que apresenta alto                          JACOBSEN, D. 2008. Tropical high-altitude streams. In Tropical stream
endemismo e distribuição restrita. Com a nova proposta, não haverá                         ecology (D. Dudgeon, ed.). Elsevier, London, p.219-253.
necessidade de proteção de áreas com altitudes superiores a 1.800 m                     KASYAK, P.F. 2001. Maryland biological stream survey: sampling manual.
o que, para a fauna aquática, significará perdas de espécies únicas e                      Maryland Department of Natural Resources, Monitoring and Non-tidal
de processos pouco conhecidos. Como regiões de altitude também                             Assessment Division, Annapolis.
abrigam nascentes de importantes corpos aquáticos, a qualidade                          LESTER, R.E., WRIGHT, W. & JONES-LENNON, M. 2007. Does adding
desses recursos à jusante também será negativamente afetada.                               wood to agricultural streams enhance biodiversity? An experimental
                                                                                           approach. Mar. Fresh. Res. 58:687-698.
Conclusões                                                                              LÉVÊQUE, C., OBERDORFF, T., PAUGY, D., STIASSNY, M.L.J. &
                                                                                           TEDESCO, P.A. 2008. Global diversity of fish (Pisces) in freshwater.
     Rios, riachos e a paisagem adjacente compreendem sistemas                             Hydrobiologia 595:545-567.
extremamente diversos, dos quais ainda precisamos conhecer                              LEWINSOHN, T.M. & PRADO, P.I. 2005. Quantas espécies há no Brasil?
muito sobre padrões e processos ecológicos. Por outro lado, o que                          Megadiversidade 1(1):36-42.
já conhecemos a respeito desses ecossistemas indica que qualquer                        LIMA, W.P. & ZAKIA, M.J.B. 2000. Hidrologia de matas ciliares. In Matas
alteração que se traduza em diminuição da vegetação nativa atual, seja                     Ciliares: conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho,
em áreas de preservação permanente, em reservas legais ou em áreas                         ed.). EDUSP, FAPESP, São Paulo, p.33-44.
de altitude elevada, pode gerar perdas de espécies, homogeneização                      LINTON, T.K., REID, S.D. & WOOD, C.M. 1997. The metabolic costs and
faunística e diminuição de biomassa íctica, com prejuízos não só à                         physiological consequences to juvenile rainbow trout of a simulated
biota aquática, mas também às populações humanas que dependem                              summer warming in the presence and absence of sublethal ammonia.
                                                                                           Trans. Am. Fish. Soc. 126:259-272.
destes recursos.
                                                                                        LLEWELLYN, L.C. 1973. Spawning, development, and temperature tolerance
                                                                                           of the spangled perch, Madigania unicolor (Gunther), from inland waters
Referências Bibliográficas                                                                 of Australia. Austr. J. Mar. Fresh. Res. 24:73-94.
ANGERMEIER, P.L. & KARR, J.R. 1984. Fish communities along                              LORION, C.M. & KENNEDY, B.P. 2009. Riparian forest buffers mitigate the
  environmental gradients in a system of tropical streams. In Evolutionary                 effects of deforestation on fish assemblage in tropical headwater streams.
  ecology of neotropical freshwater fishes (T.M. Zaret, ed.). The Hague,                   Ecol. Appl. 19(2):468-479.
  Netherlands, p.39-57.                                                                 LOWE-McCONNELL, R.H. 1999. Estudos ecológicos de comunidades de
BARRELA, W., PETRERE Jr., M., SMITH, W.S. & MONTAG, L.F. 2001.                             comunidades de peixes tropicais. EDUSP, São Paulo.
   As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In Matas ciliares:         MARCZAK, L.B. & RICHARDSON, J.S. 2007. Spiders and subsidies:
   conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho, ed.).                   results from the riparian zone of a coastal temperate rainforest. J. An.
   EDUSP, FAPESP, São Paulo, p.187-207.                                                   Ecol. 76(4):687-94.
BARTON, D.R., TAYLOR, W.D. & BIETTE, R.M. 1985. Dimensions of                           MORGAN II, R.P., RASIN Jr., J. & NOE, L.A. 1983. Sediment effects on
   riparian buffer strips required to maintain trout habitats in southern                 eggs and larvae of striped bass and white perch. Trans. Am. Fish. Soc.
   Ontario streams. N. Am. J. Fish. Manag. 5:364-378.                                     112:220-224.
BERKMAN, H.E. & RABENI, C.F. 1987. Effect of siltation on stream fish                   NAIMAN, R.J. & DÉCAMPS, H. 1997. The ecology of interfaces: riparian
   communities. Env. Biol. Fish. 18:285-294.                                               zones. Ann. Rev. Ecol. Syst. 28:621-658.

http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010                                                              http://www.biotaneotropica.org.br
4                                                                                                                                        Biota Neotrop., vol. 10, no. 4

                                                                            Casatti, L.



NAIMAN, R.J., DÉCAMPS, H. & McCLAIN, M.E. 2005. Riparia: ecology,                   SILVA, A.M., NALON, M.A., KRONKA, F.J.A.N., ÁLVARES, C.A.,
   conservation, and management of streamside communities. Elsevier                    CAMARGO, P.B. & MARTINELLI, L.A. 2007a. Historical land-cover/
   Academic Press, Burlington.                                                         use in different slope and riparian buffer zones in watershed of the State
                                                                                       of São Paulo, Brazil. Sci. Agric. 64(4):325-335.
NEUMANN, R.M. & WILDMAN, T.L. 2002. Relationships between trout
   habitat use and woody debris in two southern New England streams.                SILVA, A.M., CASATTI, L., ÁLVARES, C.A., LEITE, A.M., MARTINELLI,
   Ecol. Fresh. Fish 11:240-250.                                                        L.A. & DURRANT, S.F. 2007b. Soil loss risk and habitat quality in
                                                                                        streams of a meso-scale river basin. Sci. Agric. 64(4):336-343.
NOGUEIRA, C., BUCKUP, P.A., MENEZES, N.A., OYAKAWA, O.T.,
                                                                                    TEELS, B.M., REWA, A.A. & MYERS, J. 2006. Aquatic condition response
  KASECKER, T.P., RAMOS NETO, M.B. & SILVA, J.M.C. 2010.
                                                                                       to riparian buffer establishment. Wild. Soc. Bul. 34:927-935.
  Restricted-range fishes and the conservation of Brazilian freshwaters.
  PLOS One 5(6):1-10.                                                               TERESA, F.B. & CASATTI, L. 2010. Importância da vegetação ripária
                                                                                       degradada em região intensamente desmatada no sudeste do Brasil: um
OYAKAWA, O.T., MENEZES, N.A., SHIBATTA, O.A., LIMA, F.C.T.,
                                                                                       estudo com peixes de riacho. Panamjas, in press.
   LANGEANI, F., PAVANELLI, C., NIELSEN, D.T.B. & HILSDORF,
                                                                                    TOWNSEND, S.A. & DOUGLAS, M.M. 2000. The effect of three fire
   A.W.S. 2009. Peixes de água doce. In Fauna Ameaçada de Extinção no
                                                                                      regimens on stream water quality, water yield and export coefficients in
   Estado de São Paulo (P.M. Bressan, M.C.M. Kierulff & A.M. Sugieda,
                                                                                      a tropical savanna (Northern Australia). J. Hydrol. 229:118-137.
   coord.). Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Meio Ambiente,
   Fundação Parque Zoológico de São Paulo, p.349-424.                               TUNDISI, J.G. & TUNDISI, T.M. 2008. Limnologia. Oficina de Textos,
                                                                                       São Paulo.
PUSEY, B.J. & ARTHINGTON, A.H. 2003. Importance of the riparian zone
                                                                                    WALKER, I. 1990. Amazonian streams ans small rivers. In Limnology in
   to the conservation and management of freshwater fish: a review. Mar.
                                                                                      Brazil (T.M. Tundisi, J.G. Tundisi & C.E.M. Bicudo, ed.). Academia
   Fresh. Res. 54:1-16.
                                                                                      Brasileira de Ciências e Sociedade Brasileira de Limnologia, Rio de
PUSEY, B.J. & ARTHINGTON, A.H., CLOSE, P.G. & BIRD, J. 2001. Larval                   Janeiro, p.167-193.
   fishes in rainforest streams: patterns of abundance and microhabitat use.        WANTZEN, K.M. 2006. Physical pollution: effects of gully erosion in a
   J. Roy. Soc. Queensland 110:27-96.                                                 tropical clear-water stream. Aq. Cons. 16:733-749.
RABENI, C.F. & SMALE, M.A. 1995. Effects on siltation on stream fishes and          WANTZEN, K.M., SÁ, M.F.P., SIQUEIRA, A. & NUNES DA CUNHA,
   the potential mitigating role of the buffering riparian zone. Hydrobiologia        C. 2006. Conservation scheme for forest-stream ecosystems of the
   303:211-219.                                                                       Brazilian Cerrado and similar biomes in the seasonal tropics. Aq. Cons.
ROCHA, F.C., CASATTI, L., CARVALHO, F.R. & SILVA, A.M.                                16:713-732.
  2009. Fish assemblages in stream stretches occupied by cattail                    WANTZEN, K.M., YULE, C.M., TOCKNER, K. & JUNK, W.J. 2008.
  (Typhaceae, Angiospermae) stands in Southeast Brazil. Neotr. Ichthyol.              Riparian wetlands of tropical streams. In Tropical stream ecology (D.
  7(2):241-250.                                                                       Dudgeon, ed.). Elsevier, London, p.199-217.
SCHNEIDER, K.N. & WINEMILLER, K.O. 2008. Structural complexity
   of woody debris patches influences fish and macroinvertebrate species                                                              Recebido em 31/08/2010
   richness in a temperate floodplain river system. Hydrobiologia                                                   Versão reformulada recebida em 13/10/2010
   610:235-244.                                                                                                                      Publicado em 15/10/2010




http://www.biotaneotropica.org.br                                                           http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Bem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestres
Bem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestresBem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestres
Bem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestresGabriel Rodrigues Werneck
 
Composition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.pt
Composition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.ptComposition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.pt
Composition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.ptedmilsonrobertobraga
 
Biodiversidade ppt
Biodiversidade pptBiodiversidade ppt
Biodiversidade pptguest7b65ee
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbios
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbiosImpactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbios
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbiosJoão Vitor Soares Ramos
 
Trindade et al. 2010. macrófitas do campus carreiros
Trindade et al. 2010. macrófitas do campus carreirosTrindade et al. 2010. macrófitas do campus carreiros
Trindade et al. 2010. macrófitas do campus carreirosFURG
 
www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia - Ecologia - Biosfera - Parte 3.
www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia -  Ecologia - Biosfera - Parte 3.www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia -  Ecologia - Biosfera - Parte 3.
www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia - Ecologia - Biosfera - Parte 3.Annalu Jannuzzi
 
URGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a Biodiversidade
URGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a BiodiversidadeURGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a Biodiversidade
URGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a BiodiversidadePaula Lopes da Silva
 
Biosfera-divesidade na biosfera
Biosfera-divesidade na biosferaBiosfera-divesidade na biosfera
Biosfera-divesidade na biosferaRita Pereira
 
Revisao de ecologia para o enem
Revisao de ecologia para o enemRevisao de ecologia para o enem
Revisao de ecologia para o enemEstude Mais
 
Biologia da conservação seminário sobre história natural e auto-ecologia es...
Biologia da conservação   seminário sobre história natural e auto-ecologia es...Biologia da conservação   seminário sobre história natural e auto-ecologia es...
Biologia da conservação seminário sobre história natural e auto-ecologia es...Manoel Santhos
 
Biodiversidade
BiodiversidadeBiodiversidade
BiodiversidadeMayjö .
 
Aula (1) Ecossistemas E Biodiversidade
Aula (1)   Ecossistemas E BiodiversidadeAula (1)   Ecossistemas E Biodiversidade
Aula (1) Ecossistemas E Biodiversidadeeambiental
 
Biologia da conservaçao definitivo
Biologia da conservaçao definitivoBiologia da conservaçao definitivo
Biologia da conservaçao definitivoAlessandra Targino
 

Mais procurados (19)

Aula 1. ecologia
Aula 1. ecologiaAula 1. ecologia
Aula 1. ecologia
 
Bem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestres
Bem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestresBem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestres
Bem estar animal - ética e bem-estar em animais silvestres
 
Composition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.pt
Composition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.ptComposition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.pt
Composition and seasonal changes in filamentous algae in floating mats2015.en.pt
 
Biodiversidade ppt
Biodiversidade pptBiodiversidade ppt
Biodiversidade ppt
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbios
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbiosImpactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbios
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre anfíbios
 
Trindade et al. 2010. macrófitas do campus carreiros
Trindade et al. 2010. macrófitas do campus carreirosTrindade et al. 2010. macrófitas do campus carreiros
Trindade et al. 2010. macrófitas do campus carreiros
 
www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia - Ecologia - Biosfera - Parte 3.
www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia -  Ecologia - Biosfera - Parte 3.www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia -  Ecologia - Biosfera - Parte 3.
www.EquarparaEnsinoMedio.com.br - Biologia - Ecologia - Biosfera - Parte 3.
 
URGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a Biodiversidade
URGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a BiodiversidadeURGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a Biodiversidade
URGENTE! Diversidade de Acções para Cuidar a Biodiversidade
 
6o ano - O que a ecologia estuda
6o ano - O que a ecologia estuda6o ano - O que a ecologia estuda
6o ano - O que a ecologia estuda
 
Mata Atlântica - Bahia
Mata Atlântica - BahiaMata Atlântica - Bahia
Mata Atlântica - Bahia
 
Biosfera-divesidade na biosfera
Biosfera-divesidade na biosferaBiosfera-divesidade na biosfera
Biosfera-divesidade na biosfera
 
Revisao de ecologia para o enem
Revisao de ecologia para o enemRevisao de ecologia para o enem
Revisao de ecologia para o enem
 
Biologia da conservação seminário sobre história natural e auto-ecologia es...
Biologia da conservação   seminário sobre história natural e auto-ecologia es...Biologia da conservação   seminário sobre história natural e auto-ecologia es...
Biologia da conservação seminário sobre história natural e auto-ecologia es...
 
Eco turismar no peia 2010
Eco turismar no peia 2010Eco turismar no peia 2010
Eco turismar no peia 2010
 
Cartilha Ecologia e Guia de Identificação - Macrófitas aquáticas do Lago Amaz...
Cartilha Ecologia e Guia de Identificação - Macrófitas aquáticas do Lago Amaz...Cartilha Ecologia e Guia de Identificação - Macrófitas aquáticas do Lago Amaz...
Cartilha Ecologia e Guia de Identificação - Macrófitas aquáticas do Lago Amaz...
 
Biodiversidade
BiodiversidadeBiodiversidade
Biodiversidade
 
Aula (1) Ecossistemas E Biodiversidade
Aula (1)   Ecossistemas E BiodiversidadeAula (1)   Ecossistemas E Biodiversidade
Aula (1) Ecossistemas E Biodiversidade
 
Efeitos peia olam2007
Efeitos peia olam2007Efeitos peia olam2007
Efeitos peia olam2007
 
Biologia da conservaçao definitivo
Biologia da conservaçao definitivoBiologia da conservaçao definitivo
Biologia da conservaçao definitivo
 

Destaque

A Future Community of Independent Learners
A Future Community of Independent LearnersA Future Community of Independent Learners
A Future Community of Independent LearnersMemorial University
 
Presentation1 spelling out word unit 5
Presentation1 spelling out word unit 5Presentation1 spelling out word unit 5
Presentation1 spelling out word unit 5nakiedra
 
Ficha técnica Rolls Royce Ghost Serie II
Ficha técnica Rolls Royce Ghost Serie IIFicha técnica Rolls Royce Ghost Serie II
Ficha técnica Rolls Royce Ghost Serie IIrfarias_10
 
Hadoop - A Very Short Introduction
Hadoop - A Very Short IntroductionHadoop - A Very Short Introduction
Hadoop - A Very Short Introductiondewang_mistry
 
Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.Altair Moisés Aguilar
 
Gallery of california native plants a
Gallery of california native plants   aGallery of california native plants   a
Gallery of california native plants acvadheim
 
Summer party
Summer partySummer party
Summer partysodajovem
 

Destaque (15)

A Future Community of Independent Learners
A Future Community of Independent LearnersA Future Community of Independent Learners
A Future Community of Independent Learners
 
Presentation1 spelling out word unit 5
Presentation1 spelling out word unit 5Presentation1 spelling out word unit 5
Presentation1 spelling out word unit 5
 
Ficha técnica Rolls Royce Ghost Serie II
Ficha técnica Rolls Royce Ghost Serie IIFicha técnica Rolls Royce Ghost Serie II
Ficha técnica Rolls Royce Ghost Serie II
 
Buffalo Soldiers
Buffalo SoldiersBuffalo Soldiers
Buffalo Soldiers
 
Santosh trophy
Santosh trophySantosh trophy
Santosh trophy
 
Unwinding The Twine
Unwinding The TwineUnwinding The Twine
Unwinding The Twine
 
Hadoop - A Very Short Introduction
Hadoop - A Very Short IntroductionHadoop - A Very Short Introduction
Hadoop - A Very Short Introduction
 
Interactive Trends
Interactive TrendsInteractive Trends
Interactive Trends
 
Minicurso as3 games
Minicurso as3 gamesMinicurso as3 games
Minicurso as3 games
 
Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.
Sociologia - Diversidade Cultural - Prof.Altair Aguilar.
 
Gallery of california native plants a
Gallery of california native plants   aGallery of california native plants   a
Gallery of california native plants a
 
Summer party
Summer partySummer party
Summer party
 
1 cid paisagem
1 cid paisagem1 cid paisagem
1 cid paisagem
 
The Time Management
The Time ManagementThe Time Management
The Time Management
 
Livro Flora
Livro FloraLivro Flora
Livro Flora
 

Semelhante a Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil

Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasilJoão Vitor Soares Ramos
 
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroAs abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroJoão Vitor Soares Ramos
 
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal BrasileiroAs Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal BrasileiroAPIME
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileira
Impactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileiraImpactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileira
Impactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileiraJoão Vitor Soares Ramos
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteisImpactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteisJoão Vitor Soares Ramos
 
84107 biomas brasileiro e muito (2).pptx
84107 biomas brasileiro e muito  (2).pptx84107 biomas brasileiro e muito  (2).pptx
84107 biomas brasileiro e muito (2).pptxRosiney1
 
Ecologia- Enem compacto
Ecologia- Enem compactoEcologia- Enem compacto
Ecologia- Enem compactoemanuel
 
Biologia da restauracao e da conservaçao
Biologia da restauracao e da conservaçaoBiologia da restauracao e da conservaçao
Biologia da restauracao e da conservaçaoFabio Dias
 
Biomas e sucessão
Biomas e sucessãoBiomas e sucessão
Biomas e sucessãoEdu Rabelo
 
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007elisamello
 
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 Revisado
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 RevisadoAulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 Revisado
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 Revisadoelisamello
 
Ecossistema 3
Ecossistema 3Ecossistema 3
Ecossistema 3estagio2
 

Semelhante a Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil (20)

Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre os mamíferos na brasil
 
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroAs abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
 
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal BrasileiroAs Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileira
Impactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileiraImpactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileira
Impactos potenciais das alterações do código florestal na avifauna brasileira
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteisImpactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
 
84107 biomas brasileiro e muito (2).pptx
84107 biomas brasileiro e muito  (2).pptx84107 biomas brasileiro e muito  (2).pptx
84107 biomas brasileiro e muito (2).pptx
 
Ecologia- Enem compacto
Ecologia- Enem compactoEcologia- Enem compacto
Ecologia- Enem compacto
 
Biologia da restauracao e da conservaçao
Biologia da restauracao e da conservaçaoBiologia da restauracao e da conservaçao
Biologia da restauracao e da conservaçao
 
112 1269543456 resumo
112 1269543456 resumo112 1269543456 resumo
112 1269543456 resumo
 
Aula 1. ecologia
Aula 1. ecologiaAula 1. ecologia
Aula 1. ecologia
 
Biomas e sucessão
Biomas e sucessãoBiomas e sucessão
Biomas e sucessão
 
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007
 
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 Revisado
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 RevisadoAulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 Revisado
Aulas EspecíFicas Biologia 2 Fase Aula 01 2007 Revisado
 
Artigo_Bioterra_V22_N1_09
Artigo_Bioterra_V22_N1_09Artigo_Bioterra_V22_N1_09
Artigo_Bioterra_V22_N1_09
 
Cinzas
CinzasCinzas
Cinzas
 
Artigo Unisanta
Artigo  UnisantaArtigo  Unisanta
Artigo Unisanta
 
Artigo bioterra v1_n1_2019_04
Artigo bioterra v1_n1_2019_04Artigo bioterra v1_n1_2019_04
Artigo bioterra v1_n1_2019_04
 
37 cleber macrofitas
37 cleber macrofitas37 cleber macrofitas
37 cleber macrofitas
 
Ficha8.ºano
Ficha8.ºanoFicha8.ºano
Ficha8.ºano
 
Ecossistema 3
Ecossistema 3Ecossistema 3
Ecossistema 3
 

Mais de João Vitor Soares Ramos (20)

Res. prev acidentes
Res. prev acidentesRes. prev acidentes
Res. prev acidentes
 
Shalom luc
Shalom lucShalom luc
Shalom luc
 
Segurança dos_pneus
 Segurança dos_pneus Segurança dos_pneus
Segurança dos_pneus
 
Erros
ErrosErros
Erros
 
Segurança dos_pneus
 Segurança dos_pneus Segurança dos_pneus
Segurança dos_pneus
 
Boletim 59
Boletim 59Boletim 59
Boletim 59
 
Troca de
Troca de Troca de
Troca de
 
Te amo brasil1
Te amo brasil1Te amo brasil1
Te amo brasil1
 
Sussurros de deus
Sussurros de deusSussurros de deus
Sussurros de deus
 
Mel e canela
Mel e canelaMel e canela
Mel e canela
 
Escutatria
EscutatriaEscutatria
Escutatria
 
Te amo brasil1
Te amo brasil1Te amo brasil1
Te amo brasil1
 
Sussurros de deus
Sussurros de deusSussurros de deus
Sussurros de deus
 
Mel e canela
Mel e canelaMel e canela
Mel e canela
 
Escutatria
EscutatriaEscutatria
Escutatria
 
Troca de
Troca de Troca de
Troca de
 
20110323
2011032320110323
20110323
 
Fascinante
FascinanteFascinante
Fascinante
 
Mulheres de 40!!!
Mulheres de 40!!!Mulheres de 40!!!
Mulheres de 40!!!
 
Testedegravidez
TestedegravidezTestedegravidez
Testedegravidez
 

Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil

  • 1. Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna Casatti, L. Biota Neotrop. 2010, 10(4): 000-000. On line version of this paper is available from: http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/en/abstract?article+bn00310042010 A versão on-line completa deste artigo está disponível em: http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010 Received/ Recebido em 31/08/2010 - Revised/ Versão reformulada recebida em 13/10/2010 - Accepted/ Publicado em 15/10/2010 ISSN 1676-0603 (on-line) Biota Neotropica is an electronic, peer-reviewed journal edited by the Program BIOTA/FAPESP: The Virtual Institute of Biodiversity. This journal’s aim is to disseminate the results of original research work, associated or not to the program, concerned with characterization, conservation and sustainable use of biodiversity within the Neotropical region. Biota Neotropica é uma revista do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade, que publica resultados de pesquisa original, vinculada ou não ao programa, que abordem a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical. Biota Neotropica is an eletronic journal which is available free at the following site http://www.biotaneotropica.org.br A Biota Neotropica é uma revista eletrônica e está integral e gratuitamente disponível no endereço http://www.biotaneotropica.org.br
  • 2. Biota Neotrop., vol. 10, no. 4 Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna Lilian Casatti1,2 1 Departamento de Zoologia e Botânica, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE, Universidade Estadual Paulista – UNESP, Rua Cristóvão Colombo, n. 2265, CEP 15054-000, São José do Rio Preto, SP, Brasil 2 Autor para correspondência: Lilian Casatti, e-mail:licasatti@gmail.com CASATTI, L. Changes in the Brazilian Forest Code: potential impacts on the ichthyofauna. Biota Neotrop. 10(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/en/abstract?article+bn00310042010. Abstract: In this paper is presented an analysis of possible impacts that the reduction of native vegetation, especially riparian forests, can have on the fish fauna. Three sets of primary functional aspects performed by riparian forests are discussed: transferring of solar energy to the aquatic environment, trapping nutrients and sediments that enter the rivers and transfer of organic material between the terrestrial and aquatic environments. Any modification which results in further loss of native vegetation, in permanent preservation areas or in protection reserves, may generate losses of species, faunal homogenization and reduction of fish biomass. Keywords: conservation, stream, fishes, habitat loss. CASATTI, L. Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna. Biota Neotrop. 10(4): http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010. Resumo: É apresentada uma análise dos possíveis impactos que a diminuição da vegetação nativa, notadamente das florestas ripárias, pode causar sobre a ictiofauna. Três conjuntos de aspectos funcionais primordiais desempenhados pelas florestas ripárias são discutidos: transferência de energia solar ao ambiente aquático, interceptação de nutrientes e sedimentos que adentram nos rios e trocas de material orgânico entre o sistema terrestre e aquático. Conclui-se que qualquer alteração que se traduza em mais perdas de vegetação nativa, seja em áreas de preservação permanente ou em reservas legais, pode gerar perdas de espécies, homogeneização faunística e diminuição de biomassa íctica. Palavras-chave: conservação, riachos, peixes, perda de hábitat. Introdução 1. Aspectos funcionais das florestas As áreas florestais apresentam importantes funções para ripárias para a ictiofauna a integridade de sistemas aquáticos e para os peixes, sendo As relações funcionais entre as florestas ripárias e a ictiofauna particularmente importante na medida em que essa relação de podem ser agrupadas em três conjuntos principais: i) transferência interface terra-água se intensifica, ou seja, em riachos e nascentes de energia solar ao ambiente aquático, ii) interceptação de nutrientes (Barrela et al. 2001). Há uma extensa literatura de revisão sobre o e sedimentos que adentram nos rios e iii) trocas de material orgânico tema, em que se destaca o papel e a necessidade de proteção das entre o sistema terrestre e aquático (Pusey & Arthington 2003). Peixes áreas florestais, em especial das florestas ripárias (Gregory et al. são ectotérmicos, ou seja, incapazes de regular sua temperatura 1991, Naiman & Décamps 1997, Chapman, L.J. & Chapman, C.A. e, portanto, dependem da temperatura externa para ajustar a sua 2002, Pusey & Arthington 2003). Antes de abordar o papel da floresta própria; como a retirada da floresta ripária expõe o meio aquático a para os peixes, é importante citar que há 2.587 espécies de peixes de temperaturas mais elevadas, o controle metabólico dos organismos água doce no Brasil (Buckup et al. 2007), o que representa 37% dos ectotérmicos pode ser afetado (Pusey & Arthington 2003). Com mais vertebrados conhecidos em nosso país (Lewinsohn & Prado 2005). luz, há aumento de produção de cianobactérias (muitas tóxicas), Com exceção de 200 espécies que parecem estar mais associadas a algas e plantas aquáticas que, em excesso, promovem eutrofização rios de grande porte (Buckup 1999, Buckup et al. 2007), a maioria (Tundisi, J.G & Tundisi, T.M. 2008: 526), ocasionando mortandades mostra alta fidelidade a riachos e, portanto, íntima relação com de peixes. Com o aumento da temperatura, a quantidade de gases florestas ripárias. Estes organismos atuam como predadores que dissolvidos (p. ex., oxigênio), a tolerância dos peixes a determinadas regulam populações de insetos aquáticos e algas, participam do substâncias tóxicas diminuem (p. ex., amônia, Linton et al. 1997) e a processamento da matéria orgânica e também são presas para peixes reprodução dos peixes é afetada, pois a temperatura regula desde a fase maiores, muitos destes usados pelo homem como alimento. Em de maturação gonadal até o desenvolvimento das larvas (Llewellyn quais pontos a proposta substitutiva ao Projeto de Lei nº 1.876/1999 1973, Lowe Mc-Connell 1999). A orientação visual na busca por se mostra mais frágil por influenciar os processos biológicos vitais alimentos e reconhecimento de parceiros tem papel fundamental na para a ictiofauna? Antes de abordar o cerne da discussão em pauta, vida de muitas espécies de peixes e isso depende da quantidade e do é necessário detalhar os principais aspectos funcionais das florestas tipo de luz que atravessa o dossel da floresta (Pusey & Arthington ripárias para a ictiofauna. 2003); ainda, para ocultarem-se de predadores, os peixes exploram http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010 http://www.biotaneotropica.org.br
  • 3. 2 Biota Neotrop., vol. 10, no. 4 Casatti, L. manchas de luz no hábitat, proporcionadas pelo sombreamento e, pelos motivos já levantados e por expor mais ainda à degradação neste sentido, a supressão das florestas ripárias homogeneíza a luz, ecossistemas submetidos a outras ameaças (p. ex., invasão de espécies prejudicando o desempenho dos peixes (Pusey & Arthington 2003). exóticas, poluição, construção de estradas). Somente na última lista de A radiação UV também pode ser letal a larvas de diversas espécies espécies ameaçadas do Estado de São Paulo (Oyakawa et al. 2009), de peixes tropicais (Pusey et al. 2001). das 66 espécies de peixes classificadas em algum grau de ameaça, As florestas ripárias interceptam sedimentos, fertilizantes e 45 mostram alta fidelidade a riachos e, portanto, são dependentes pesticidas que adentram nos rios através escoamento superficial da qualidade do hábitat circundante e interno. Em um estudo mais ou subterrâneo (Naiman et al. 2005). Diversos estudos confirmam recente, Nogueira et al. (2010) detectaram que 819 espécies de peixes esse papel mitigador (p. ex., Townsend & Douglas 2000, Lorion & com área de vida restrita poderiam ser enquadradas em categorias de Kennedy 2009) e demonstram influências negativas do aumento de ameaça conforme a IUCN (2001), indicando que mais de um terço sedimentação sobre alimentação (Berkman & Rabeni 1987, Rabeni da diversidade de peixes de água doce corre sérios de extinção riscos & Smale 1995), capacidade de forrageio (Berkman & Rabeni 1987) a curto e médio prazo. e desenvolvimento das larvas de peixes (Morgan et al. 1983). Considerando drenagens em regiões com relevo suave, é possível As florestas também influenciam as trocas de material orgânico identificar um gradiente de perda de qualidade do hábitat associado entre o sistema terrestre e aquático (Pusey & Arthington 2003); este ao processo de degradação da floresta adjacente aos riachos, quase material orgânico (folhas, troncos, frutos) serve como substrato para sempre resultado do incremento da entrada de sedimentos e maior o desenvolvimento de microrganismos utilizados como alimento insolação no curso d’água. Na presença de floresta ripária com por invertebrados e peixes (Angermeier & Karr 1984, Pusey & alta qualidade, a ictiofauna apresenta alta riqueza de espécies, Arthington 2003), promove abrigo aos peixes (Angermeier & Karr nenhuma contribuição de espécies exóticas, baixa dominância e alta 1984), funciona como marcações que ajudam a navegação dos peixes contribuição de itens alóctones (sementes, frutos e insetos terrestres) (Crook & Robertson 1999) e também influencia o perfil hidráulico de na sua dieta (Lorion & Kennedy 2009, Ferreira 2010). Em situações cursos d’água. Há várias evidências científicas de que a diminuição de extremo assoreamento, o leito do canal encontra-se coberto do aporte destes elementos pode causar a diminuição da quantidade por sedimentos finos, o volume de hábitat e o fluxo de água estão de espécies, densidade e biomassa dos peixes (Angermeier & Karr notadamente reduzidos, caracterizando condições muito favoráveis 1984, Neumann & Wildman 2002, Lester et al. 2007, Schneider ao estabelecimento de macrófitas aquáticas enraizadas emersas, & Winemiller 2008). Da mesma maneira que o sistema terrestre especialmente do gênero Typha e, neste cenário, a ictiofauna é exporta elementos orgânicos para o riacho, este os exporta para o dominada por espécies acidentais, oportunistas e com habilidade para sistema terrestre, principalmente através da eclosão de insetos que consumir detritos orgânicos, que se torna o item alimentar dominantes passam a fase juvenil na água (Marczak & Richardson 2007). Estes nessas circunstâncias (Rocha et al. 2009), acarretando diminuição de insetos são responsáveis por outros processos no meio terrestre (p. biomassa íctica, perdas de espécies mais sensíveis e maiores chances ex., polinizam plantas, controlam pragas, servem como alimento a de homogeneização biótica (Casatti et al. 2009, Ferreira 2010, Teresa insetívoros terrestres), demonstrando a ligação entre os componentes & Casatti 2010). terrestres e aquáticos dos ecossistemas. Na nova proposta em foco está contemplada a alteração do referencial para demarcação da faixa de preservação permanente às Resultados e Discussão margens de rios, que deixa de ser o leito maior, conforme disposto na legislação vigente, e passa a ser o leito menor. Essas demarcações Três pontos da proposta substitutiva ao Projeto de Lei nº 1.876/1999 sofrem influência das variações sazonais associadas à dinâmica dos serão discutidos com maior detalhe por estarem mais diretamente cursos d’água que promovem trocas entre o meio aquático e o ripário relacionados com a manutenção da integridade da ictiofauna. (Wantzen et al. 2008). As árvores da floresta ripária são adaptadas 1. Áreas de preservação permanente às margens de rios a solos permanentemente saturados e essas zonas alagadas laterais (“wetland pools”) são biorreatores de processamento de matéria As áreas de preservação permanente são coincidentes com parte orgânica e estocagem temporária; durante as águas baixas, essas das zonas ripárias, que podem ser definidas como áreas de transição áreas recebem material alóctone (p.ex., folhas, sementes, insetos) e semiterrestres regularmente influenciadas pela água doce, normalmente trocam esse material com o curso d’água durante as cheias (Wantzen se estendendo desde as margens dos corpos d’água até as bordas et al. 2008). Qualquer diminuição na proteção da dimensão lateral das comunidades das terras mais altas (Naiman et al. 2005). Pela dos cursos d’água pode alterar as entradas de material orgânico e própria definição, entende-se que os limites das zonas ripárias não são inorgânico, com consequências para todo o sistema aquático. facilmente identificados e podem variar em função da sazonalidade O conhecimento produzido frente à diversidade de organismos do (Lima & Zakia 2000). Alguns estudos sugerem que 18 m (Barton et al. ecótone terra/água de diferentes biomas brasileiros ainda é incipiente 1985), 30 (Clinnick 1985) ou 50 m em cada margem (Kasyak 2001) para permitir generalizações sobre o tamanho mínimo ideal de seriam adequados para garantir a proteção de organismos e processos proteção ripária. Por exemplo, as veredas do Cerrado brasileiro são ecológicos nessa área. A legislação Brasileira vigente, de acordo com a formações que se estendem de 30 a 150 m a partir da margem dos Lei nº 7.803 de 18/07/1989, dispõe que a largura da Área de Preservação riachos e abrigam alta diversidade de plantas e animais, sendo um Permanente (APP) varia de acordo com a largura do curso d’água, sendo sistema extremamente vulnerável à erosão (Wantzen et al. 2006). de 30 m para cursos d’água com menos de 10 m de largura, situação Na Amazônia, em regiões de águas claras ou pretas, os igarapés em que se encaixa a grande maioria dos riachos brasileiros. de terra firme demonstram-se muito distintos dos igapós (Walker Dentre as modificações propostas ao Código atual, está a 1990), indicando diferentes níveis de dependência entre os sistemas diminuição das faixas marginais em cursos d’água de pequeno aquáticos e as florestas adjacentes. Essas constatações sugerem que porte (até 5 m de largura) que passaria a ter 15 m em cada margem as funções desempenhadas pela floresta ripária com relação à biota (atualmente são 30 m). Se atualmente já é notável o déficit de aquática são muito diversas e podem variar ao logo dos gradientes proteção nas áreas de proteção permanente (vide Silva et al. 2007a), ambientais que definem os diferentes biomas brasileiros, e também com a aprovação da nova lei, esse déficit certamente será ampliado. indica um assunto prioritário para a pesquisa científica. Na falta Isso afetaria a grande maioria dos cursos d’água brasileiros e traria de conhecimento científico, é fundamental prezar pela ação mais grandes prejuízos em termos de perdas de diversidade local e regional, cautelosa possível. http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010
  • 4. Biota Neotrop., vol. 10, no. 4 3 Código Florestal e ictiofauna 2. Reservas legais BUCKUP, P.A. 1999. Sistemática e biogeografia de peixes de riachos. In Ecologia de peixes de riachos (E.P. Caramaschi, R. Mazzoni & P.R. Há previsão de que, diante da nova proposta, as áreas terrestres Peres-Neto, ed.). PPGE-UFRJ, Rio de Janeiro, p.91-138. Série Oecologia protegidas pela Reserva Legal diminuam. Nos estudos realizados Brasiliensis, 6. por Harding et al. (1998), Teels et al. (2006), Lévêque et al. (2008) BUCKUP, P.A., MENEZES, N.A. & GHAZZI, M.S. 2007. Catálogo das e autores lá listados, fica claro que, para proteger a biodiversidade espécies de peixes de água doce do Brasil. Museu Nacional, Rio de aquática e garantir os processos ecológicos nestes ambientes, é Janeiro. necessário proteger a maior parte das bacias hidrográficas, uma vez CASATTI, L., FERREIRA, C.P. & CARVALHO, F.R. 2009. Grass-dominated que somente a restauração de faixas ripárias adjacentes a riachos é stream sites exhibit low fish species diversity and dominance by guppies: an assessment of two tropical pasture river basins. Hydrobiologia insuficiente para melhorar a integridade do sistema como um todo. 632:273-283. Essas constatações são especialmente críticas quando considerado o CHAPMAN, L.J. & CHAPMAN, C.A. 2002. Tropical forest degradation and grau de susceptibilidade do solo de muitas bacias intensamente usadas aquatic ecosystems: our current state of knowledge. In Conservation of para produção de alimentos (vide p. ex., Silva et al. 2007b), gerando freshwater fishes: options for the future (M.J. Collares-Pereira, I.G. Cowx um cenário de incremento de assoreamento e perda de importantes & M.M. Coelho, ed.). Blackwell Science, Oxford, p.237-249. micro-hábitats aquáticos. Por exemplo, Wantzen (2006) registrou no CLINNICK, P.F. 1985. Buffer strip management in forest operations: a review. Cerrado brasileiro que uma única voçoroca pode carrear 60 toneladas Aust. For. 48(1):34-45. de sedimentos/dia para o interior de um riacho. Assim, a diminuição CROOK, D.A. & ROBERTSON, A.I. 1999. Relationships between riverine das áreas florestais naturais nas Reservas Legais, previsível diante fish and woody debris: implications for lowland rivers. Mar. Fresh. Res. das modificações propostas ao Código Florestal em vigência, terá um 50:942-953. papel negativo à manutenção das comunidades aquáticas. FERREIRA, C.P. 2010. Estrutura da ictiofauna e integridade biótica de riachos em fragmentos florestais remanescentes no noroeste paulista. Tese de 3. Regiões com altitudes superiores a 1.800 m Doutorado, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto. A estabilidade de substrato, regime hidrológico, parâmetros GREGORY, S.V., SWANSON, F.J., McKEE, W.A. & CUMMINS, K.W. 1991. An ecosystem perspective of riparian zones. BioScience 41:540-551. populacionais e de história de vida em riachos de alta altitude tem HARDING, J.S., BENFIELD, E.F., BOLSTAD, P.V., HELFMAN, G.S. & sido pouco estudados na região tropical como um todo (Jacobsen JONES III, E.B.D. 1998. Stream biodiversity: the ghost of land use past. 2008). As baixas temperaturas e limitação de oxigênio podem gerar Proc. Nat. Ac. Sc. 95:14843-14847. menores taxas de crescimento e de produção secundária do que em IUCN. 2001. IUCN red list categories and criteria: version 3.1. Gland, riachos de menores altitudes (Jacobsen 2008) e essa pressão seletiva Switzerland and Cambridge. se reflete na composição da fauna aquática, que apresenta alto JACOBSEN, D. 2008. Tropical high-altitude streams. In Tropical stream endemismo e distribuição restrita. Com a nova proposta, não haverá ecology (D. Dudgeon, ed.). Elsevier, London, p.219-253. necessidade de proteção de áreas com altitudes superiores a 1.800 m KASYAK, P.F. 2001. Maryland biological stream survey: sampling manual. o que, para a fauna aquática, significará perdas de espécies únicas e Maryland Department of Natural Resources, Monitoring and Non-tidal de processos pouco conhecidos. Como regiões de altitude também Assessment Division, Annapolis. abrigam nascentes de importantes corpos aquáticos, a qualidade LESTER, R.E., WRIGHT, W. & JONES-LENNON, M. 2007. Does adding desses recursos à jusante também será negativamente afetada. wood to agricultural streams enhance biodiversity? An experimental approach. Mar. Fresh. Res. 58:687-698. Conclusões LÉVÊQUE, C., OBERDORFF, T., PAUGY, D., STIASSNY, M.L.J. & TEDESCO, P.A. 2008. Global diversity of fish (Pisces) in freshwater. Rios, riachos e a paisagem adjacente compreendem sistemas Hydrobiologia 595:545-567. extremamente diversos, dos quais ainda precisamos conhecer LEWINSOHN, T.M. & PRADO, P.I. 2005. Quantas espécies há no Brasil? muito sobre padrões e processos ecológicos. Por outro lado, o que Megadiversidade 1(1):36-42. já conhecemos a respeito desses ecossistemas indica que qualquer LIMA, W.P. & ZAKIA, M.J.B. 2000. Hidrologia de matas ciliares. In Matas alteração que se traduza em diminuição da vegetação nativa atual, seja Ciliares: conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho, em áreas de preservação permanente, em reservas legais ou em áreas ed.). EDUSP, FAPESP, São Paulo, p.33-44. de altitude elevada, pode gerar perdas de espécies, homogeneização LINTON, T.K., REID, S.D. & WOOD, C.M. 1997. The metabolic costs and faunística e diminuição de biomassa íctica, com prejuízos não só à physiological consequences to juvenile rainbow trout of a simulated biota aquática, mas também às populações humanas que dependem summer warming in the presence and absence of sublethal ammonia. Trans. Am. Fish. Soc. 126:259-272. destes recursos. LLEWELLYN, L.C. 1973. Spawning, development, and temperature tolerance of the spangled perch, Madigania unicolor (Gunther), from inland waters Referências Bibliográficas of Australia. Austr. J. Mar. Fresh. Res. 24:73-94. ANGERMEIER, P.L. & KARR, J.R. 1984. Fish communities along LORION, C.M. & KENNEDY, B.P. 2009. Riparian forest buffers mitigate the environmental gradients in a system of tropical streams. In Evolutionary effects of deforestation on fish assemblage in tropical headwater streams. ecology of neotropical freshwater fishes (T.M. Zaret, ed.). The Hague, Ecol. Appl. 19(2):468-479. Netherlands, p.39-57. LOWE-McCONNELL, R.H. 1999. Estudos ecológicos de comunidades de BARRELA, W., PETRERE Jr., M., SMITH, W.S. & MONTAG, L.F. 2001. comunidades de peixes tropicais. EDUSP, São Paulo. As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In Matas ciliares: MARCZAK, L.B. & RICHARDSON, J.S. 2007. Spiders and subsidies: conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho, ed.). results from the riparian zone of a coastal temperate rainforest. J. An. EDUSP, FAPESP, São Paulo, p.187-207. Ecol. 76(4):687-94. BARTON, D.R., TAYLOR, W.D. & BIETTE, R.M. 1985. Dimensions of MORGAN II, R.P., RASIN Jr., J. & NOE, L.A. 1983. Sediment effects on riparian buffer strips required to maintain trout habitats in southern eggs and larvae of striped bass and white perch. Trans. Am. Fish. Soc. Ontario streams. N. Am. J. Fish. Manag. 5:364-378. 112:220-224. BERKMAN, H.E. & RABENI, C.F. 1987. Effect of siltation on stream fish NAIMAN, R.J. & DÉCAMPS, H. 1997. The ecology of interfaces: riparian communities. Env. Biol. Fish. 18:285-294. zones. Ann. Rev. Ecol. Syst. 28:621-658. http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010 http://www.biotaneotropica.org.br
  • 5. 4 Biota Neotrop., vol. 10, no. 4 Casatti, L. NAIMAN, R.J., DÉCAMPS, H. & McCLAIN, M.E. 2005. Riparia: ecology, SILVA, A.M., NALON, M.A., KRONKA, F.J.A.N., ÁLVARES, C.A., conservation, and management of streamside communities. Elsevier CAMARGO, P.B. & MARTINELLI, L.A. 2007a. Historical land-cover/ Academic Press, Burlington. use in different slope and riparian buffer zones in watershed of the State of São Paulo, Brazil. Sci. Agric. 64(4):325-335. NEUMANN, R.M. & WILDMAN, T.L. 2002. Relationships between trout habitat use and woody debris in two southern New England streams. SILVA, A.M., CASATTI, L., ÁLVARES, C.A., LEITE, A.M., MARTINELLI, Ecol. Fresh. Fish 11:240-250. L.A. & DURRANT, S.F. 2007b. Soil loss risk and habitat quality in streams of a meso-scale river basin. Sci. Agric. 64(4):336-343. NOGUEIRA, C., BUCKUP, P.A., MENEZES, N.A., OYAKAWA, O.T., TEELS, B.M., REWA, A.A. & MYERS, J. 2006. Aquatic condition response KASECKER, T.P., RAMOS NETO, M.B. & SILVA, J.M.C. 2010. to riparian buffer establishment. Wild. Soc. Bul. 34:927-935. Restricted-range fishes and the conservation of Brazilian freshwaters. PLOS One 5(6):1-10. TERESA, F.B. & CASATTI, L. 2010. Importância da vegetação ripária degradada em região intensamente desmatada no sudeste do Brasil: um OYAKAWA, O.T., MENEZES, N.A., SHIBATTA, O.A., LIMA, F.C.T., estudo com peixes de riacho. Panamjas, in press. LANGEANI, F., PAVANELLI, C., NIELSEN, D.T.B. & HILSDORF, TOWNSEND, S.A. & DOUGLAS, M.M. 2000. The effect of three fire A.W.S. 2009. Peixes de água doce. In Fauna Ameaçada de Extinção no regimens on stream water quality, water yield and export coefficients in Estado de São Paulo (P.M. Bressan, M.C.M. Kierulff & A.M. Sugieda, a tropical savanna (Northern Australia). J. Hydrol. 229:118-137. coord.). Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Meio Ambiente, Fundação Parque Zoológico de São Paulo, p.349-424. TUNDISI, J.G. & TUNDISI, T.M. 2008. Limnologia. Oficina de Textos, São Paulo. PUSEY, B.J. & ARTHINGTON, A.H. 2003. Importance of the riparian zone WALKER, I. 1990. Amazonian streams ans small rivers. In Limnology in to the conservation and management of freshwater fish: a review. Mar. Brazil (T.M. Tundisi, J.G. Tundisi & C.E.M. Bicudo, ed.). Academia Fresh. Res. 54:1-16. Brasileira de Ciências e Sociedade Brasileira de Limnologia, Rio de PUSEY, B.J. & ARTHINGTON, A.H., CLOSE, P.G. & BIRD, J. 2001. Larval Janeiro, p.167-193. fishes in rainforest streams: patterns of abundance and microhabitat use. WANTZEN, K.M. 2006. Physical pollution: effects of gully erosion in a J. Roy. Soc. Queensland 110:27-96. tropical clear-water stream. Aq. Cons. 16:733-749. RABENI, C.F. & SMALE, M.A. 1995. Effects on siltation on stream fishes and WANTZEN, K.M., SÁ, M.F.P., SIQUEIRA, A. & NUNES DA CUNHA, the potential mitigating role of the buffering riparian zone. Hydrobiologia C. 2006. Conservation scheme for forest-stream ecosystems of the 303:211-219. Brazilian Cerrado and similar biomes in the seasonal tropics. Aq. Cons. ROCHA, F.C., CASATTI, L., CARVALHO, F.R. & SILVA, A.M. 16:713-732. 2009. Fish assemblages in stream stretches occupied by cattail WANTZEN, K.M., YULE, C.M., TOCKNER, K. & JUNK, W.J. 2008. (Typhaceae, Angiospermae) stands in Southeast Brazil. Neotr. Ichthyol. Riparian wetlands of tropical streams. In Tropical stream ecology (D. 7(2):241-250. Dudgeon, ed.). Elsevier, London, p.199-217. SCHNEIDER, K.N. & WINEMILLER, K.O. 2008. Structural complexity of woody debris patches influences fish and macroinvertebrate species Recebido em 31/08/2010 richness in a temperate floodplain river system. Hydrobiologia Versão reformulada recebida em 13/10/2010 610:235-244. Publicado em 15/10/2010 http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/abstract?article+bn00310042010