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AULA: FORMAÇÃO E ROMPIMENTO DOS LAÇOS AFETIVOS.
Bowlby foi um psiquiatra e psicanalista, especializado em psiquiatria infantil,
que ao longo da sua vida coordenou um amplo estudo sobre os problemas e
necessidades das crianças sem lar, aliado a sua atuação clinica ao longo dos anos, gerou
a produção de inúmeros trabalhos.
Esta obra que será apresentada hoje traz uma revisão das conferencias em que
Bowlby apresenta os resultados de seus estudos e pesquisas que fomentaram suas
formulações e conceitualizações no campo da saúde mental. No presente volume, foram
selecionadas para reimpressão algumas dessas conferencias e contribuições, para
simpósios as quais foram reeditadas em sua forma original, de modo que possam
fornecer uma introdução as ideias publicadas por Bowlby ao longo de sua carreira.
Esta obra todo o fruto de sua atuação clinica ao longo de sua vida profissional e
de pesquisa bibliográfica de trabalhos de diversos profissionais que atuaram ou que se
dedicam à pesquisa nesta área.
Bowlby apresenta dados científicos produzidos ao logo dos tempos nos campos
da psicanálise, biologia evolucionária, etologia, psicologia do desenvolvimento,
ciências cognitivas e teoria dos sistemas de controle, através de pesquisas e observações
diretas.
Esta obra nos trás novas formulações e conceitualizações com relação à
formação e rompimento dos laços afetivos. As idéias de Bowlby representaram o ponto
de partida para o desenvolvimento de uma nova teoria da motivação humana, onde ele
integra aspectos da biologia moderna e incluindo afeto, cognição, sistemas de controle e
de memória, além de aspectos envolvidos no desenvolvimento, sustentação e
provimento dos laços afetivos.
Cap. 1 – Psicanálise e cuidados com a criança
No capitulo inicial Bowlby evidencia a influencia do pensamento freudiano
referente aos cuidados com a criança, pois o amor dos pais é algo indispensável ao bebê
em crescimento e que, anteriormente a Freud essas verdades eram prontamente postas
de lado e taxadas de sentimentalismo sem fundamento válido e que não havia provas de
que o que acontece nos primeiros anos de vida seria importante para a saúde mental.
Neste capitulo Bowlby articula sobre os sentimentos ambivalentes vivenciados
pelas crianças e seu pais.
Bowlby aborda o papel da ambivalência na vida psíquica citando que o
significado atribuído por Freud à ambivalência reflete-se em suas construções teóricas.
Freud afirma que "os instintos sexuais e os do ego desenvolvem facilmente uma antítese
que repete a do amor e ódio" (1915). Isto implica dizer que os passos dados pelo bebê
ou a criança ao avançar no sentido da regulação dessa ambivalência têm importância
decisiva para o desenvolvimento de sua personalidade.
Ele apresenta uma descrição das idéias de Freud sobre o tema da ambivalência.
Durante suas investigações dos sonhos, Freud percebeu que um sonho em que a pessoa
amada morre indica frequentemente à existência de um desejo inconsciente de que essa
pessoa morra. Em uma busca desses desejos importunos, Freud voltou-se para a vida
emocional da criança e formulou a hipótese, de que em nossos primeiros anos de vida,
é regra, e não exceção, sermos impelidos por sentimentos de raiva e ódio, tanto quanto
de interesse e amor, em relação aos nossos pais e nossos irmãos. Os significados
clínicos que Freud atribuiu à ambivalência reflete em suas construções teóricas.
Primeiramente ele formula que o conflito intrapsíquico tem lugar entre os instintos
sexuais e os do ego. Como nessa época considerava os impulsos agressivos parte
integrante dos instintos dos instintos do ego, Freud resumiu sua proposição afirmando
que “os instintos sexuais e os do ego desenvolvem facilmente uma antítese que repete a
do amor e ódio”. Posteriormente em uma segunda parte de suas formulações ele se
refere ao conflito entre os instintos de vida e morte. Este conclui, portanto, que o
problema clínico e teórico crucial está em compreender como o conflito entre amor e
ódio chega a ser satisfatoriamente regulado ou não.
Esta introdutória apresentada por Freud que muitos estudos foram realizados
neste campo. Bowlby expõe que o medo e culpa provenientes desse conflito estão
subjacente a muitas doenças psicológicas, e a incapacidade para enfrentar esse medo e
essa culpa está subjacente em muitos distúrbios de caráter, incluindo a delinquência
persistente.
Os sentimentos de amor e ódio dirigido á uma mesma pessoa necessita de uma
regulação adequada dessa ambivalência pelo bebê/criança, pois esta regulação tem uma
importância decisiva para desenvolvimento de sua personalidade.
Se a criança seguir um caminho favorável, ela crescerá consciente de existe, em
se intimo, impulsos contraditórios, mas estará apta a dirigi-los e controlá-los, e a
ansiedade e culpa que eles produzem será suportável.
Se o processo for menos favorável, a criança será assediada por impulsos sobre
os quais sente não ter controle ou ter um controle inadequado; em conseqüência disso,
sofrerá uma ansiedade aguda com relação à segurança das pessoas que ela ama e
também temerá o revide que, acredita ela, não deixará de cair sobre sua própria
cabeça. É nesse caminho que está o perigo – o perigo de a personalidade recorrer a
uma série de manobras, cada uma das quais cria mais dificuldades do que resolve. Por
exemplo, o medo da punição que é esperado como resultado de atos hostis, acarreta
frequentemente mais agressão. Do mesmo modo a culpa pode levar a uma exigência
compulsiva de demonstração de amor que a tranqüilizem e, quando essas exigências
não são satisfeitas, a novos sentimentos de ódio e, por conseguinte, a mais culpa. São
esses os círculos viciosos que resultam quando a capacidade de regular o amor e o
ódio se desenvolve de modo desfavorável.
Bowlby traz que estas situações de conflito não deve ser interpretado como algo
mórbido, pois conflito é, em todos nós, a condição normal de nossas transições. Ele
expõe que no nosso dia a dia sempre temos que renunciar algo de nosso desejo para
podemos obter outra coisa que também desejamos, onde cabe-nos a tarefa de decidir
entre interesses rivais em nosso próprio intimo, e de regulas conflitos entre impulsos
irreconciliáveis. (ex. você não pode comer o doce e continuar com ele.)
Condições que geram dificuldades
Vejamos o que acontece, por qualquer razão, quando as necessidades do bebê
não são suficientemente satisfeitas no momento certo.
Bowlby em suas investigações estudou os efeitos nocivos que ocorre na
separação de crianças pequenas e suas mães depois que estes formaram uma relação
emocional.
Bowlby demonstra que a separação de uma criança pequena de sua mãe, na
primeira infância pode gerar um conflito de tal envergadura que os meios normais para
resolvê-lo são destroçados. Bowlby tem a convicção de que muita infelicidade e muita
enfermidade mental se devem a influências ambientais, as quais esta ao nosso alcança
mudar.
Quanto à hereditariedade o autor diz que não há dúvidas de que variações na
dotação hereditária e na influência do meio ambiente desempenham importantes papéis.
Apesar de ser um adepto convicto e entusiasta da noção de que as situações concretas
que um bebê experimenta têm importância crucial para o seu desenvolvimento, Bowlby
diz que temos como habilitar todas as crianças a crescerem sem perturbações
emocionais. Existem problemas espinhosos a resolver, mas ele acredita que a tendência
é apostar nos estudos de motivação em crianças pequenas, em especial o estudo do
modo como a mãe e o bebê desenvolvem suas relações impregnadas de alta carga
emocional, e espera que a teoria da aprendizagem esclareça o processo de aprendizagem
que ocorre nos meses e anos críticos em que uma nova personalidade nasce.
Problemas emocionais dos pais
Apresenta neste subtítulo o ponto de vista dos pais na condição destes como
cuidadores e propiciadores de um ambiente saudável para seus bebês regularem os
conflitos das ambivalências vivenciadas, porém explicita com este administram seus
próprios conflitos, pois estes vivenciam sentimentos ambivalentes também (ciúmes e
raiva) e exprimem estes sentimentos quando não de forma deliberada pelo menos
inadvertidamente.
A expressão e liberação desses sentimentos de raiva quando há uma vinculação
adequada, se torna saudável, pois leva a identificação da criança que os pais também
sentem o mesmo que elas.
Muitas criticas são depositadas aos pais, porém muitos dos erros cometidos
pelos pais sejam fruto dos problemas emocionais inconsciente que tem origem na
infância destes. Demandas emocionais estas que os pais muitas vezes se encontram
parcialmente conscientes e possuem controle. Essas situações entre outras tornam os
pais suscetível a cometerem erros.
Acreditava-se que os problemas na infância podiam estar ligados a dois aspectos
centrais:
 Privação materna;
 Punição prematura excessiva.
O autor defende que não é o que é feitos pelos pais, mas o modo como estes fazem.
Ele verbaliza que os métodos de cuidados adotado pelos pais precisa ser adequado a
estes, para que não gere sofrimento nem aos pais nem a criança. Muitas vezes os
métodos impostos ou articulados como melhores para o cuidado do bebê, não
atende a necessidade dos pais e nem da criança. O bebê reage ao comportamento
dos pais.
Este sinaliza que a principal coisa no cuidado do bebê, não é seguir os livros e
teorias de como criar seu bebê, mas sim da sensibilidade dos pais para as reações do
bebê e da capacidade, sobretudo da mãe, para se adaptar intuitivamente as
necessidades que nasce uma pratica eficaz de cuidar das crianças.
Muitas das dificuldades resultam da incapacidade dos pais regularem a própria
ambivalência. Esses sentimentos provavelmente sejam os mesmos que foram
suscitados em nossa infância pelos nossos pais irmãos. Porém o problema não
reside na simples repetição de antigos sentimentos, mas, sobretudo, na incapacidade
parental para tolerar e regular esses sentimentos.
Este sinaliza que uma intervenção com os pais neste processo inicial da vinda de
um bebê, seria de fundamental importância, de modo a quebras o circulo maligno,
de que crianças perturbadas, se convertam em pais perturbados e gerem perturbação
em seus filhos, que por consequência repetiram essa situação.
Conflito extrapsíquico e conflito intrapsíquico
O ponto de vista que o autor defende, baseia-se na convicção de que muita
infelicidade e muita enfermidade mental se devem a influencias ambientais, as
quais está ao nosso alcance mudar.
Os conflitos extrapsíquicos é conflito entre as necessidades da criança e as
oportunidades limitadas que o meio ambiente proporciona para a satisfação dessas
necessidades. Quanto ao meio externo, o que importa é saber em que medida as
frustrações e outras influências impostas por ele desenvolvem o conflito
intrapsíquico de tal forma e com tanta intensidade que o equipamento psíquico
imaturo do bebê não possa regulá-lo satisfatoriamente.
O que cabe a entender é porque alguns indivíduos crescem sem grandes
dificuldades e outros são flagelados por esses impulsos.
Cap. 2 – Abordagem etológica da pesquisa sobre desenvolvimento infantil
O problema central da psicologia clinica quanto para a psicologia social é a
natureza e o desenvolvimento das relações de uma criança com outra pessoa.
Para Bowlby, os psicólogos tendem em suas abordagens do problema, a
tendência de adotar um de dois enfoques: Acadêmico e experimental, privilegiando as
teorias da aprendizagem; Clínica, que tenderão a uma ou outra forma de psicanálise.
Ambos os enfoques levaram à Formação e rompimento dos laços afetivos realização de
valiosos trabalhos.
Diante dos embates e entraves teóricos estabelecidos entre psicanálise e a teoria
da aprendizagem, ambas com excelentes contribuições, porém com falhas no campo da
aplicação cientifica, Bowlby se depara com os estudos etológicos, o qual os biólogos
dedicam seus estudos do comportamento animal em seu habitat natural, que não só
usavam conceitos como os de instintos, conflito e mecanismo de defesa
extraordinariamente semelhantes aos que são empregados em nosso trabalho clinico do
dia a dia, como faziam descrições maravilhosamente detalhada do comportamento e
haviam criado uma técnica experimental para submeter suas hipóteses a provas.
Para Bowlby os etologistas fornecem-nos uma abordagem muito diferente
daquelas da teoria da aprendizagem e da psicanálise e que falta ver, ainda, se a
abordagem etológica leva à melhor compreensão dos dados do desenvolvimento da
criança e se fornece um estímulo para mais e melhores pesquisas. O autor tende para a
abordagem etológica, mas não descarta a teoria da aprendizagem e enfatiza que para se
entender muitos dos processos de mudança a que estão sujeitos os componentes de
padrões instintivos, a teoria da aprendizagem é indispensável e, portanto, complementar
da etologia.
A etologia é uma forma de integração das teorias psicanalítica e da
aprendizagem e apresenta uma visão complementar a estas.
Os etologistas estudam os padrões específicos de cada espécie .
Bowlby refere a dois conceitos para os quais etiologistas e psicólogos têm dado
contribuições – os de fases sensíveis do desenvolvimento e de regulação do conflito.
Ambos os conceitos são centrais para a psicanálise e nossa crescente compreensão de
ambos reveste-se de interesse para os clínicos.
Bowlby chama atenção que para que de todos os padrões estudados nas espécies
inferiores as fases sensíveis no desenvolvimento de modos de regular o conflito se torna
como mais importante para ele como fonte de pesquisa, pois acredita que a solução
deste problema o fornecerá uma chave para a compreensão das origens das neuroses.
Aplicação de conceitos etológicos à pesquisa do desenvolvimento da criança
Neste subcapitulo ele apresenta uma pesquisa que foi realizada com o sorriso
dos bebês, avaliando este padrão de comportamento como uma forma de sustentar o
comportamento maternal da mãe. Este afirma que o sorriso do bebe é evocado pela
qualidade configurativa visual do rosto humano.
Spitz e Wolf (1946) publicaram um novo trabalho experimental para o bebê sorriso.
Em muitos experimentos, usando uma máscara, eles demonstraram que as crianças com
idades entre dois e seis meses, tiradas de diferentes origens raciais e culturais, sorriso
desperta a qualidade visual da configuração do rosto humano. Eles argumentaram ainda
que esta configuração deve incluir como elementos dos dois olhos em posição de rosto
cheio e em movimento.
Estas observações já foram amplamente confirmado e expandido por Ahrens (1954),
que também contou como a configuração do rosto necessário para acordar os sorrisos do
bebê, torna-se mais difícil com a idade. Que pelo menos um do estímulo exteroceptivo
que evoca um sorriso no bebê-dois-três meses, é sinal visual bastante simples é
inevitável e aceita como tal pelos dois autores.
No entanto, nada é mais plausível. Eventualmente, no curso da evolução humana tem
sido um grande risco. No processo, o desfecho do caso foi decidido em favor da
flexibilidade do comportamento e, portanto, a favor da educação e cuidados da
estabilidade inata. No entanto, seria estranho se houvesse uma rejeição completa de
segurança biológica, que deriva de padrões fixos de comportamento. Chorando, sucção
e sorriso, na minha opinião, são alguns dos muitos dos nossos padrões motores inatos e
representam o seguro natural contra arriscado colocar tudo no cartão; treinamento.
Se tomarmos o ponto de vista etológico, vamos percorrer um caminho completamente
diferente. Em primeiro lugar, vamos proteger contra uma série de padrões de
comportamento específicos da espécie em recém-nascidos, que, como um sorriso,
promovem a interação com sua mãe. (Dois deles, que pode ter um caráter semelhante e
esperamos para explorar em Tavistock estão chorando bebês e uma tendência para
esticar os braços que parecem ser sempre interpretado pelos adultos como um desejo de
ser levado na mão).
Definindo-los, tentamos analisar os estímulos de liberação e suprimindo a que esses
padrões de comportamento são sensíveis. Esperávamos encontrar que esses incentivos
são geralmente representados por sua mãe, e começamos a procurá-los em coisas como
sua aparência, o tom de sua voz e o impacto das mãos. Além disso, gostaríamos de
proteger contra as fases sensíveis do desenvolvimento através do qual pode passar esses
padrões de comportamento (tanto em termos de sua maturação, e em relação aos seus
componentes aprendidas) no que diz respeito a um processo em que várias respostas
sociais são integrados em mais complexo integralmente, a situações em que eles entram
em conflito com comportamentos incompatíveis, tais como a hostilidade ou fuga, contra
situações de "stress" que pode levar a sua desintegração temporária ou permanente,
possivelmente e, no que diz respeito ao seu impacto sobre o comportamento maternal, e
assim por diante.
É claro que estes são dois programas de investigação muito diferentes. Além de
harmonizá-los com os conceitos decorrentes de experiência clínica psicanalítica e outra,
a principal razão para preferir abordagem etológica reside no fato de que ele já provou
ser frutífera na análise do desenvolvimento social e interação social em outras espécies,
enquanto aprende a teoria, como ele mesmo notas Gevirtz, foi desenvolvida para
explicar fenômenos, relativamente simples e, portanto, ainda tem que provar o seu
valor.
Preferindo a abordagem etológica, espero que não há necessidade de repetir que ele não
rejeita a teoria da aprendizagem. Pelo contrário, para a compreensão de muitos
processos de mudança experimentada pelos componentes dos padrões instintivos de
comportamento, é insubstituível e, portanto, complementar à etologia.
Da mesma forma, a Piaget de trabalho (1937) também complementar à abordagem
etológica. Mesmo se estivermos certos em acreditar que as manifestações
comportamentais de libertação e desincentivos social é nos primeiros meses de vida do
bebê na natureza de sinais simples, logo deixa de ser válida. Pelos incentivos de seis
meses que promovem o comportamento social da criança, incluem formas complexas de
percepção, ao passo que no segundo ano de vida a criança desenvolve a capacidade de
pensamento simbólico, o que leva a uma enorme expansão dos incentivos que são
socialmente significativo para ele. No sentido das mudanças parecem conceito de Piaget
também indispensável. No entanto, não precisamos supor que porque o indivíduo foi
capaz de usar uma compreensão mais sofisticada dos processos e conceitos, que é
necessário para cessar completamente a afetar estímulo mais primitivo.
Isto leva-nos à relação da etologia com a psicanálise. É claro que a medida em
que a psicanálise tem de lidar com uma pessoa, ele usa personagens animais com
habilidades extraordinárias para aprender e, portanto, para a retenção, ocultação e
distorção da expressão de reações instintivas, ele estudou na área adjacente e
complementar à etologia.
No entanto, na medida em que se consideravam respostas comportamentais instintivas,
parece provável que essas duas disciplinas se sobrepõem. Neste contexto, é interessante
para jogar a opinião de Freud expressou mais de quarenta anos atrás (Freud, 1915), que
para entender melhor a psicologia do instinto também vai procurar a ajuda de biologia.
Como resultado do desenvolvimento enraizado na biologia ciência da etologia, acredito
que agora é o momento e que a teoria psicanalítica do instinto pode ser reformulada.
Este não é o lugar para empreender uma tentativa para discutir este tópicos vastos e
controversos. No entanto, é claro que conceitos como o conceito de narcisismo primário
e controle do instinto, que é apenas o resultado da aprendizagem social, são preferíveis,
enquanto conceitos como o conceito de relações humanas primárias, a inevitabilidade
do conflito intrapsíquico, os mecanismos de proteção de conflitos e formas de regulação
o conflito será central. Um dos resultados dessa nova formulação pode ser mais parte
principal custo-eficaz e coerente da teoria psicanalítica.
Aqui, o conceito básico apresentadas por etólogos. Juntos, eles fornecem uma
abordagem muito diferente da abordagem como uma teoria da aprendizagem, e da
psicanálise, mas de forma alguma incompatível com os componentes essenciais de cada
um. Continua a ser visto é se ou não essa abordagem para uma melhor compreensão das
informações sobre o desenvolvimento da criança e fornece ou não é um incentivo para a
estudos mais profundos e mais avançados. Parece certo que ele fornece-nos com os
outros pontos de olhar para as coisas e nos leva à implementação dos vários estudos.
Vou ilustrar esta consideração de duas características bem conhecidas do
comportamento social de crianças - seus sorrisos e sua propensão começando cerca de
seis meses de idade em diante, sentir afeição pela figura materna familiar a eles.
Se, por outro lado, adotarmos um ponto de vista etológico, procederemos de um
modo muito diferente. Em primeiro lugar, estaremos atentos a numerosos padrões de
comportamento específicos da espécie em bebês, como o sorriso, que concorrem para a
interação da mãe.
É evidente que se trata de dois programas de pesquisa muito diferentes. Alem de
sua adequação às concepções oriundas da experiência psicanalítica e outras experiências
clinicas, uma razão principal para se preferir o programa etológico é que ele já provou
ser fecundo na análise do desenvolvimento e da interação social em outras espécies, ao
passo que a teoria da aprendizagem Gewirtz sublinhou, foi desenvolvida para explicar
fenômeno que são relativamente mais simples e, por conseguinte, ainda precisa
demonstrar sua pertinência.
Cap. 3 – O luto na infância e suas implicações para a psiquiatria
Bowlby aborda o luto na infância descrevendo as idéias de Adolf Meyer que
insistia ser o paciente psiquiátrico um ser humano e que seu pensamento, seu
sentimento e seu comportamento perturbados devem ser examinados no contexto do
ambiente em que está vivendo e em que viveu.
Com o passar dos anos, fortaleceu-se a convicção de que as experiências da
infância para o desenvolvimento da doença psiquiátrica.
Bowlby fornece uma descrição dos progressos recentes nos estudos da
compreensão do efeito que a perda dos cuidados maternos nos primeiros anos da
infância tem sobre o desenvolvimento da personalidade, segundo o autor, acumularam-
se muitas provas que indicam a existência de uma relação causal entre a perda dos
cuidados maternos nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da personalidade
perturbada, nos últimos vinte anos e que, até hoje, não se tem prestado muita atenção a
essa fase que parece ser crucial para um entendimento da psicopatologia, tornando-se
necessário explorá-la mais completamente.
Bowlby formula a hipótese de que, na criança pequena, a experiência de
separação da figura materna é especialmente suscetível de evocar processos
psicológicos cruciais para a psicopatologia, e que esta posição teórica esta muito
próxima de outras já existentes no campo, porém parece ser diferente de todas. Cria-se
aqui a controvérsia, para Bowlby, quando se passa a considerar por que alguns
indivíduos reagem à perda com modos patológicos, e outros, não. Existem muitos
outros acontecimentos na infância, além de uma perda, que contribuem para o
desenvolvimento da personalidade perturbada e da doença psiquiátrica.
Separação da mãe e luto na infância
Ao analisar os estudos realizados com crianças hospitalizadas ou em creches
residenciais entre 2 e 3 anos de idade, percebeu-se que uma criança que possue um bom
vinculo com suas mães, quando separado dela apresenta, via de regra, uma sequência
previsível de comportamentos:
 Fase de protesto
 Fase de desespero
 Fase de desligamento
As fases de protesto, desespero e desligamento, progridem primeiramente com
lágrimas e raiva, o bebê exige que sua mãe regresse e parece ter esperança de
conseguir reavê-la. Esta é a fase de protesto, e pode durar vários dias. Depois, torna-
se mais calmo mas, para um observador perspicaz, é evidente que o bebê continua
tão preocupado quanto estava antes com a ausência da mãe e ainda anseia pelo seu
regresso; mas suas esperanças dissiparam-se e ele entra na fase de desespero. Essas
duas fases se alternam frequentemente: a esperança converte-se em desespero e o
desespero em renovada esperança.
Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebê parece esquecer sua
mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e,
inclusive, pode parecer que não a reconhece. Está é a terceira fase – a do
desligamento. Em cada uma dessas fases a criança está propensa a birras e episódios
de comportamento destrutivo, muitas vezes de um tipo inquietamente violento.
O comportamento da criança ao retornar para casa, vai depender da fase que ela
atingiu durante o período de separação. A criança pode mostrar-se indiferente e nada
pede, porém se atingiu apenas os primeiro estágios, a indiferença pode durar por um
período curto, e quando este estado se desfaz, a criança vivencia uma tempestade de
sentimentos, e a separação por menor tempo que seja, a partir da experiência de
separação pode gerar na criança sentimentos ambivalentes, ansiedade e raiva,
solicitando a mãe com frequência.
Entretanto quando a criança atinge a fase de desligamento, devido a um período
de separação longo, há o perigo de que a criança fique permanentemente desligada e
nunca mais recupere sua afeição pelos pais ( Anna Freud). Ao contrario do que
Anna havia sugerido percebe-se que leva um período maior, e com sentimentos de
ambivalências acentuados, mas a criança se tiver suas solicitações correspondias ela
retoma esse vinculo.
Aqui um conceito chave a ser considerado é o conceito de luto que pode ser
ligado ao desenvolvimento da psicopatologia quando este não é elaborado de forma
adequada. As respostas apresentadas no processo de separação são também
vivenciadas do processo de luto.
Freud elucida em “luto e melancolia”, que o luto provavelmente patogênico
ocorra, pois a perda da pessoa amada propicia no individuo, seja ele criança,
adolescente ou adulto, um estado de ansiedade, doenças depressivas e de histeria.
Muitos estudos sugerem que as patologias psiquiátricas estão ligadas a prováveis
vivencias de perdas importantes em algum momento da vida.
Impulsos para recuperar e para recriminar a pessoa perdida: seu papel na
psicopatologia
Nem sempre se percebe que a raiva constitui uma resposta imediata à perda,
comum e talvez invariável. Em lugar da raiva indicando que o luto está seguindo um
curso patológico - uma opinião que sugerida por Freud e comumente sustentada - , as
provas existentes evidenciam que a raiva, incluindo a raiva com relação à pessoa
perdida, é parte integrante da reação de pesar.
Os esforços de tentar recuperar a pessoa perdida e muito importante para
elaboração de um luto saudável, e isso ocorre em espécies não humanas também. Estes
vivenciam estado de: ansiedade e protesto/ desespero/ desorganização/
desligamento/reorganização.
Uma das principais características do luto patológico é a incapacidade para
expressar abertamente esses impulsos para reaver e recriminar a pessoa perdida, com
toda a saudade do desertor e toda a raiva contra ele que esses impulsos implicam. Em
vez de sua expressão aberta que, apesar de ser tempestuosa e estéril, leva a um resultado
saudável, os impulsos de recuperação e recriminação com toda a ambivalência de
sentimentos, cindem-se e são reprimidos. Daí em diante, continuam como sistemas
ativos na personalidade mas, incapazes de encontrar uma expressão direta e manifesta,
passam a influenciar os sentimentos e o comportamento de um modo estranho e
distorcido. Daí as numerosas formas de perturbação de caráter e doenças neuróticas.
A hipótese que Bowlby formula é de que, na criança pequena, a experiência de
separação da figura materna é especialmente suscetível de evocar processos
psicológicos tão cruciais para a psicopatologia quanto a inflação e seu resultante tecido
cicatricial para a fisiopatologia. A separação da mãe não necessariamente vai gerar uma
mutilação na personalidade, mas vai deixar marcar cicatricial que pode gerar
futuramente uma disfunção mais ou menos seria.
Duas tradições na teorização psicanalítica
Muitos psicanalistas e psiquiatras procuram relacionar doença psiquiátrica, perda
da pessoa amada, luto patológico e experiência infantil.
A controvérsia começa quando passamos a considerar por que alguns indivíduos
reagem à perda com esses modos patológicos, e outros não;
Bowlby acredita que existem muitos outros acontecimentos na infância, além da
perda, que constituem uma boa razão para acreditar que também contribuam para o
desenvolvem em toda personalidade perturbada e da doença psiquiátrica. Uma exemplo
é a criança estar exposta a uma ou outra das varias espécies de atitude parental que há
muito são objeto de preocupação e esforço terapêutico nas clinicas psiquiátricas infantis.
Para cada uamá delas, a tarefa de pesquisa consiste, primeiro em definir o evento ou a
sequencia de eventos; segundo, em localizar uma amostra de casos em que o evento ou
a sequencia de eventos está ocorrendo, de modo que os seus efeitos sobre o
desenvolvimento psicológico possam ser estudados; e, finalmente, relacionar os
processos que se apurou serem desencadeados por tal evento ou eventos com os
processos presentes em pacientes com doença declarada. As consequências de tal
ampliação dos limites da pesquisa são do maior alcance.
Cap. 4 – Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vinculo afetivo
Bowlby enfatiza o prevalecimento da vinculação nas espécies, que geralmente é
mais persistente entre a mãe e seu filho pequeno, vinculo este que persiste até a fase
adulta e que é possível considerar esse vínculo afetivo entre os seres humanos a partir
de um ponto de vista comparativo e que ainda é grande à distância em sentenciar que, os
vínculos de uma criança com sua mãe, sofre um desequilíbrio em virtude de uma breve
separação, e que as separações longas ou repetidas estão causalmente relacionadas com
os distúrbios de personalidade.
A separação ou perda de entes queridos são eventos que constituem riscos para a
saúde mental. Ansiedade crônica, depressão intermitente ou suicídio são alguns dos
tipos mais comuns de problemas que hoje sabemos serem atribuíveis a tais experiências.
Seria preciso realizar uma longa serie de experimentos para investigar os efeitos, a curto
e a longo prazo, sobre o comportamento, do rompimento de um vinculo afetivo dentro
de suas variáveis.
Como já foi mencionado anteriormente, o primeiro e mais persistente
vínculo afetivo é o da mãe e seu filho. É talvez o único vínculo que persiste até
a vida adulta, possibilitando afirmação de que a relação entre mãe e filho,
mesmo depois de separados, quando o filho se torna adulto, é o vínculo que nem
mesmo a morte dissocia. Entretanto de uma forma um tanto paradoxal, é
importante salientar que o comportamento do tipo agressivo desempenha um papel
crucial e decisivo na manutenção dos vínculos afetivos. Esse comportamento
assume duas formas distintas: primeiro ataques de afugentamento de intrusos e,
segundo, a punição de um parceiro errante, seja ele esposa, marido ou filho. Há
provas de que boa parte do comportamento agressivo de um tipo desconcertante e
patológico tem origem em uma ou outra dessas formas (Bowlby, 2001).
Os vínculos afetivos e os estados emocionais caminham juntos. Sendo
assim, muitas das emoções humanas surgem durante a formação, manutenção e
rompimento dos vínculos afetivos.
Em termos subjetivos podemos descrever que a ameaça da perda gera
ansiedade e a perda real causa tristeza, ao passo que ambas as situações podem
despertar raiva. Finalmente, a manutenção incontestada de um vínculo é
experimentada como uma fonte de segurança e a renovação de um vínculo como
uma fonte de júbilo (BOWLBY, 2001). Portanto, qualquer pessoa interessada em
estudar os problemas na formação dos vínculos afetivos de um indivíduo, vai
efetivamente se deparar com distúrbios de personalidade que muito frequentemente
essas pessoas estão sujeitas a desenvolverem.Para iniciarmos, é comprovadamente
produtivo considerar muitos distúrbios psiconeuróticos e de personalidade nos
seres humanos como um reflexo de um distúrbio da capacidade para estabelecer
vínculos afetivos, em virtude de uma falha no desenvolvimento na infância ou de
um transtorno subsequente (BOWLBY, 2001).
Aqueles que padecem de distúrbios psiquiátricos – psiconeuróticos
sociopáticos ou psicóticos – manifestam sempre uma deterioração da capacidade
para estabelecer ou manter vínculos afetivos, uma deterioração que, com
frequência, é grave e duradoura e, em muitos casos, é primária derivando de
falhas no desenvolvimento, que terão ocorrido numa infância vivida num
ambiente familiar que não foi propício ao desenvolvimento do ser humano
(BOWLBY), permitindo - nos classificá-lo como um lar que não é ideal.
Ao examinarem as possíveis causas dos distúrbios psiquiátricos na
infância, ficou constatado que o problema encontra- se na ausência de
oportunidades para estabelecer vínculos afetivos ou, ainda, as repetidas rupturas dos
vínculos que foram estabelecidos. Foi sistematicamente apurado que duas
síndromes psiquiátricas e duas espécies de sintomas associados são precedidas por
uma elevada incidência de vínculos afetivos desfeitos durante a infância. As
síndromes são a personalidade psicopática (ou sociopática) e a depressão; os
sintomas persistentes, a delinquência e o suicídio (BOWLBY, 2001).
No psicopata, a capacidade de estabelecer e manter os vínculos afetivos
são dificultosas ou até mesmo inexistentes. É constatado que tais indivíduos foram
seriamente perturbados na infância pela morte, separação ou divórcio dos pais ou,
ainda, por outros eventos que resultam na deficiência ou ruptura dos vínculos
afetivos. A incidência desses tipos de problemas são maiores nesses grupos do
que em qualquer outro.
Adotando como critério a ausência da mãe durante seis meses ou mais,
antes dos seis anos de idade, foi apurada uma incidência de 41% para os sociopatas e
somente 5% para os restantes. Quando o critério é ampliado, a incidência aumenta.
E, ainda, quando foi adotada a ausência da mãe e do pai antes dos dez anos como
critérios para pesquisa, foi constatado que o índice sobe para 65%. Outro grupo
psiquiátrico que mostra incidência muito alta de perda na infância é a dos
pacientes suicidas. As perdas ocorrem na infância, mais precisamente até os
cinco anos de idade, tendo sido causadas não só pela morte de um dos pais
como também por ilegitimidade e o divórcio como nos mostra Bowlby (20 01).
Outra condição, que está associada às perdas na infância, é a depressão.
Entretanto, é importante salientar que essas perdas não se devem frequentemente
por ilegitimidade ou divórcio dos pais, mas com mais incidência por morte de um
deles. A orfandade tende a ser maior dos cinco aos dez anos de idade e em
alguns casos no terceiro quinquênio da infância. Segundo as pesquisas, “as
indicações são de que a perda por um dos pais por morte ocorre com freqüência
duas vezes maior num grupo de depressivos do que na população em geral”.
(BOWLBY, 2001, p. 104)
Assim, parece agora razoavelmente certo que, em numerosos grupos de
pacientes psiquiátricos, a incidência de rompimento de vínculos afetivos durante a
infância é significativamente elevada. [...] As maiores incidências de vínculos
afetivos desfeitos incluem tanto os vínculos com os pais como com as mães, e são
observados entre os cinco e os catorze anos, tanto quanto nos primeiros cinco anos.
Além disso nas condições mais extremas – sociopatia e tendências suicidas – não
só é provável que uma perda inicial tenha ocorrido nos primeiros anos de vida mas
também é provável que tenha sido uma perda permanente, seguida da experiência de
repetidas mudanças de figuras parentais. (BOWLBY, 2001, p. 104)
Há também aquilo que chamamos de efeitos em curto prazo de vínculos
desfeitos. Quando uma criança pequena se vê entre estranhos e longe da figura
dos pais, tal fato torna- se motivo de grande aflição e comprometimento posterior
nas relações parentais. Nas crianças separadas dos pais foram observados dois
comportamentos antagônicos. De um lado, crianças desligadas emocionalmente e,
noutro, crianças extremamente dependentes, requisitando atenção dos pais o tempo
inteiro. Em sua maioria as crianças de dois anos que permaneceram desligadas
dos pais por uma ou duas semanas, experimentaram no seu regresso uma atitude
distante e desligada da mãe. No entanto, quando a criança está longe dos pais
nos primeiros dias experimenta um grande desespero em querer a mãe e, às
vezes, chora muito sua falta. Quando finalmente regressa parece não reconhecer e
até mesmo evitá- la. Todo o comportamento de busca afetiva está ausente e
continuará assim por um período de tempo, pois essa reaproximação é sempre
lenta e gradual e dependerá do tempo em que durou o desligamento, como já foi
mencionado em capítulos anteriores. Quando o vínculo é reatado e o
comportamento de ligação se estabelece, a criança torna - se extremamente ligada a
mãe demandando extensa dedicação de sua parte. Se a mãe, por sua vez, não se
demonstra disponível, a criança torna- se mu ito hostil e com comportamento
negativista, o que não foi notado em crianças que não sofreram separação.
Outro assunto tratado por Bowlby (2001) é que o tipo de perda ocorrido
durante a infância determina o tipo de depressão que a pessoa poderá ter na vid a
adulta.[...] as mulheres que perderam a mãe por morte ou separação antes dos onze anos
de idade, são mais propensas a reagir à perda, ameaça de perda e outras dificuldades e
crises na vida adulta mediante o desenvolvimento de um distúrbio depressivo do
que mulheres que não experimentaram essa perda na infância. Em segundo lugar, se
uma mulher sofreu uma ou mais perdas de membros da família por morte ou
separação antes dos 17 anos de idade, qualquer depressão que se desenvolva
subseqüentemente é susceptível de ser mais grave do que uma mulher que não
tenha sofrido perdas desse tipo. Em terceiro lugar, a forma assumida pela perda na
infância afeta a forma de qualquer doença depressiva que possa desenvolver -se mais
tarde.
Cap. 5 – Separação e perda na família
Provavelmente, todos nós estamos profundamente consciente da ansiedade e
consternação que podem ser causadas por separações de entes queridos, do profundo e
prolongado pesar que se pode seguir à morte de um deles, e dos riscos que esses eventos
constituem para a saúde mental.
Ansiedade, depressão ou até mesmo suicídio são os tipos mais comuns de
problemas atribuídos aos rompimentos dos laços afetivos. Sabemos que crianças
separadas das mães até os primeiros cinco anos de idade são frequentes em
pacientes mais tarde diagnosticados como psicopatas ou sociopatas.
Quando a perda na infância foi devida a separação, é provável que
qualquer doença que seja subsequentemente contraída mostre características de
depressão neurótica, com sintomas de ansiedade. Quando a perda se deve a
morte, qualquer doença que se desenvolva subsequentemente poderá apresentar
características de depressão psicótica. (Bowlby, 2001, p. 111)
Pesar e luto na vida adulta
Ao relatar como os adultos reagem a uma perda importante, este sinaliza que
apesar de a intensidade do pesa varia em cada individuo, e a duração de cada fase
também varie, existe um padrão geral básico que deve ser considerado.
Nos seus estudos anteriores Bowlby sugere três fases do curso do luto, porém
com os novos estudos ele passou a considerar uma fase inicial a este processo, sendo
estas as 4 fases:
1 – fase do topor ou aturdimento, que usualmente dura de algumas horas a uma
semana e pode ser interrompida por acessos de consternação e (ou) raiva extremamente
intensas.
2 – fase de saudade e buscada figura perdida, que dura alguns meses e, com
frequência, vários anos.
3 – fase de desorganização e desespero
4 – fase de maior ou menor grau de reorganização
Pesar e luto na infância
Nos estudos anteriores, considerou-se útil usar o termo “luto” num sentido
amplo, a fim de abranger uma grande variedade de reações à perda, incluindo algumas
que conduzem a um resultado patológico, e também aquelas que se seguem a uma perda
nos primeiros anos de vida. A vantagem desse uso é que se torna possível reunir
numerosos processos e condições que a provas mostram estar inter-relacionadas - assim
como o termo “inflamação” é usado em fisiologia e patologia para reunir numerosos
processos, alguns dos quais têm um desfecho saudável e outros são malsucedidos e
resultam em patologia. A pratica alternativa consiste em restringir o termo “luto” a uma
forma particular de reação a perda, ou seja, aquela “em que o objeto perdido é
gradualmente descatexiado pelo doloroso e prolongado trabalho de recordar e pelo teste
da realidade”. De modo a utilizar um termo que abranja não só o processo de perda de
perda por morte e/ou separação, mas todos os tipos de perda vivenciado, nesta ocasião,
ele utilizou o termo “pesar”.
As crianças pequenas não só se afligem com a separação, como também o pesar
delas é freqüentemente muito mais demorado. Mesmo para adultos, apreender
inteiramente que alguém muito próximo está morto e nunca mais voltará é muito difícil
também. Bowlby acredita que não só a criança, mas também o adulto, necessita da
assistência de outra pessoa de sua inteira confiança para recuperar-se da perda sofrida,
convicção esta enfatizada por todos os autores como imensamente importante que a
criança disponha de uma pessoa que atue como substituta permanente, a quem ela possa
ligar-se gradualmente. Para Bowlby há provas de que os afetos mais intensos e
perturbadores provocados por uma perda são o medo de ser abandonado, a saudade da
figura perdida e a raiva por não reencontrá-la.
Para elaboração de um luto saudável é importante que a pessoa possa
externalizar o que está sentindo e possa encontrar uma escuta que valorize seus
sentimentos, por mais irrealista que possa parecer.
O luto patológico esta ligado a dificuldade da pessoa expressar seus sentimentos.
E o motivo pelo qual algumas pessoas não o conseguem expressar o pesar é que na
família em que elas foram criadas, e com a qual ainda convivem, é daquelas em que o
comportamento de ligação de uma criança não é vista com simpatia, então o a
expressão dos sentimento não são correspondidos e a criança para de expressa-los,
reproduzindo esse comportamento em outras situações.
Cap. 6 – Autoconfiança e algumas condições que a promovem
Acumulam-se evidencias de que os seres humanos de todas as idades são mais
felizes e mais capazes de desenvolver melhor seus talentos quando estão seguros de que,
por trás deles, existem uma ou mais pessoas que virão em sua ajuda caso surjam
dificuldades. A pessoa em quem se confia, também conhecida como figura de ligação,
pode ser considerada aquela que fornece ao seu companheiro ( ou companheira) uma
base segura a partir da qual poderá atuar.
Na concepção de Bowlby, essa figura de ligação ou base pessoal segura não se
limita absolutamente às crianças, ocorre também com adolescentes e adultos maduros.
Para Bowlby a teoria da ligação difere da psicanálise tradicional ao adotar certo número
de princípios que derivam das disciplinas relativamente novas da etologia e teoria do
controle, dispensando conceitos tais como os de energia psíquica e impulso,
estabelecendo estreitos laços com a psicologia cognitiva.
Este sinaliza que uma base familiar estável, a partir da qual primeiro a criança,
depois o adolescente e, finalmente, o jovem adulto se afasta numa serie de saídas cada
vez mais longas, isto ocorre de forma a autonomia e encorajada pela família,e os laços
da família passam a ser atenuados, porém nunca quebrados.
Esse mesmo padrão de autoconfiança baseada numa ligação segura com uma
figura em quem se confia, e desenvolvendo-se a partir desta, pode ser observado desde o
primeiro ano de vida de uma criança.
Pontos de diferença em relação às formulações teóricas atuais
Embora os esquemas teóricos aqui apresentado não seja muito diferente daquele
adotado implicitamente por muitos clínicos, ele difere num certo numero de pontos de
boa parte de teoria correntemente ensinada. Entre essas diferenças, ele cita as seguintes:
A – uma ênfase, no esquema atual, sobre o parâmetro ambiental familiar-estranho, a
qual não existe na teoria tradicional;
B – ênfase, no esquema atual, sobre os muitos outros componentes da interação mãe-
bebê além da amamentação; sustenta-se que a excessiva ênfase sobre a amamentação
prejudicou imensamente a nossa compreensão do desenvolvimento da personalidade e
as condições que o influenciam;
C – a substituição dos conceitos de “dependência” e “independência” pelos conceitos de
ligação, confiança e autoconfiança;
D – a substituição da teoria da oralidade derivada da teoria dos objetos internos por uma
teoria de modelos operacionais do mundo do eu, os quais são concebidos como sendo
construídos por cada individuo em resultado de sua experiência, determinam sua
expectativas, e com base nos quais o individuo traça seus planos..
O autor prossegue dizendo que e a dependência não está especificamente
relacionada com a manutenção da proximidade, não se refere a um indivíduo específico,
nem está necessariamente associada a uma emoção forte, porém há implicações de valor
que são o oposto exato daquelas que o conceito de ligação subentende. A ansiedade em
torno de uma separação involuntária pode ser uma reação perfeitamente normal e
saudável. O que se torna difícil explicar é por que esta ansiedade é despertada nas
pessoas com intensidades diferentes.
Quase toda teoria sobre que provoca medo e ansiedade no ser humano partiram
do pressuposto de que o medo só apropriadamente suscitado em situações percebidas
como intrinsecamente perigoras ou dolorosas. Derivado de experiência previas.
Porem quem adotar este pressuposto se defrontara com o fato de os seres
humanos frequentemente manifestam medo em numerosas situações comuns que não
parecem ser inerentemente perigosas ou dolorosas. Como entrar em um ambiente
desconhecido, sozinho e escuro, é algo que desperta medo tanto em crianças como em
adultos, além de ser inerente a outras espécies não humanas também, é uma forma de
proteção inata das espécies. A função deste comportamento é de proteção.
A separação relutante de uma criança de seus pais, ou de um adulto, ou
companheiro em que se confia pode ser considerada uma situação do mesmo gênero,
pois no ambiente existem circunstancias em que o risco é tanto maior quando um
individuo está sozinho do que quando acompanhado, principalmente nas crianças 9
acidentes domésticos, acidentes de transito, entre outros.)
No processo de evolução do homem este esteve sujeito a situações de risco e por
isso que não surpresa que tenha desenvolvido sistemas de comportamento para levam
evitar estas situações.. no caso de seres humanos, reagir com medo à perda de um
companheiro em quem se confia não é, pois, mais desconcertante do que reagir com
medo a qualquer dos outros indícios naturais de perigo potencial – estranheza,
movimentos súbitos, mudança brusca ou alto nível de ruído. Em todos os casos, reagir
assim tem valor de sobrevivência.
Isso nos leva de volta ao ponto de partida de nossa argumentação e ajuda
explicar por que o apoio decidido e sistemático dos pais, combinado com o
encorajamento e o respeito pela autonomia de uma criança, muito longe de abalar a
autoconfiança, fornece, pelo contrario, as condições em que ela pode desenvolver-se
melhor. Também ajuda a explicar por que, inversamente, uma experiência de separação
ou perda, ou ameaça de separação ou perda, especialmente quando usadas pelos pais
como sanções para induzir o bom comportamento, podem abalar a confiança de uma
criança nos outros e em si mesma, acarretando assim um ou outros desvio do
desenvolvimento ótimo – a falta de confiança em si mesma, a ansiedade ou depressão
crônica, o não envolvimento distante ou a dependência arrogante que soa falso.
Uma autoconfiança bem fundamentada, podemos concluir, é, geralmente, o
produto de um crescimento lento e não reprimido, da infância até a maturidade, durante
o qual, através da interação com outros, incentivadores e confiáveis, a pessoa apresnde a
confiança nos outros com a confiança em si mesma.
Cap. 7 – Formação e rompimento de vínculos afetivos
Para Bowlby há muito trabalho a ser feito antes de se ter certeza sobre quais os
distúrbios do comportamento de ligação que podem ser tratados pela psicoterapia e
quais os que não podem, além dos vários métodos a que se deve dar preferência e,
considera importante dedicar-se às primeiras experiências infantis negativas em relação
ao seu ambiente e as conseqüentes desordens psicológicas que podem ocorrer.
O autor Postula que a criança é capaz de estabelecer relações desde muito cedo e
também de que existi o sentimento de perda, o luto e a depressão na primeira infância e
que o ambiente familiar favorece ou não um melhor ajustamento da criança ao longo de
seu desenvolvimento. Bowlby acrescenta que a relação mãe-criança tem uma
importância fundamental e que separações precoces podem ser deletérias para o
desenvolvimento das crianças e, que a perda de contato com a mãe no início da infância
pode provocar sérias alterações na formação da personalidade infantil.
Alguns princípios de psicoterapia
Tais são, pois os elementos de uma psicopatologia baseada na teoria da ligação.
Que orientação ela nos dá para avaliarmos os problemas de um paciente e ajudá-lo?
Bowlby expõe que ao elaborar um quadro clinico, será prudente o psiquiatra não
confiar apenas tradicionais de entrevistas e sempre que possível realizar uma ou mais
entrevistas com a família, para ter um panorama melhor de entendimento da estória do
individuo e o contexto em este foi criado.
Em seu entender, a um terapeuta cabe realizar um certo numero de tarefas inter-
relacionais, entre as quais estão as seguintes:
A – em primeiro lugar, acima de tudo, proporcionar ao paciente uma base segura a
partir da qual ele possa explorar a si mesmo e explorar também suas relações com todos
aqueles com quem estabeleceu, ou poderá estabelecer, um vinculo afetivo; e,
simultaneamente, fazer com que fique claro para ele que todas s decisões sobre como
analisar melhor a situação e sobre qual a melhor forma de agir devem ser dele, e que
acreditamos que, com ajuda, ele é capaz de tomar essas decisões;
B – juntar-se ao paciente nessas explorações, encorajando-o a examinar as situações em
que atualmente ele se encontra com pessoas significativas, e ao papeis que pode
desempenhar nelas, e tambem como reage em sentimento, pensamento e ação quando
nessas situações;
C – chamar a atenção do paciente para os modos como, talvez inadvertidamente, ele
tende a interpretar os sentimentos e o comportamento do terapeuta em relação a ele, e
para as previsões que ele ( o paciente) faz e as ações que adota em disso; e convida-lo
depois a examinar se os seus modos de interpretar, predizer e atuar podem ser parcial ou
totalmente inadequados, á luz daquilo que sabe do terapeuta;
D – ajuda-los a examinar como as situações em que geralmente se encontra e suas
reações típicas a elas, incluindo o que pode estar acontecendo entre ele proprio e o
terapeuta, podem ser entendidas em termos das experiências da vida real que teve com
figuras de ligação durante a infância e adolescência (talvez ainda esteja tendo), e de
quais foram então (e podem ser ainda) suas reações a elas.
Embora as quatro tarefas delineadas sejam conceitualmente distintas, na prática
tem que ser empreendidas simultaneamente. Pois uma coisa PE o terapeuta fazer tudo o
que estiver ao seu alcance para ser uma figura confiável, útil e constante, e uma outra é
o paciente interpretá-lo como tal e confiar nele.
Pg 193
Bowlby enfatiza sua opinião, sobre a tarefa do terapeuta, que consiste em ajudar
o paciente a descobrir quais as situações, atuais e passadas, com que os seus sintomas se
relacionam, quer se trate de respostas a essas situações quer de efeito secundários da
tentativa de não reagir a elas. Entretanto, como foi o paciente que esteve exposto à
situações em questão, ele já possui, num certo sentido, todas as informações relevantes.
Por que é, então, que ele necessita de tanta ajuda para descobri-la?
Concluímos que os processos defensivos tem como objetivo impedir o
reconhecimento ou recordação de eventos da vida real e os sentimentos por eles
suscitados, assim como sempre tiveram por objetivo a tomada de consciência de
impulsos ou fantasias inconscientes. Com efeito, muitas vezes só quando a trajetória
detalhada de algumas relações perturbadas e aflitiva é recordada e descrita é que vem à
mente o sentimento despertado por ela e as ações cogitadas em resposta.
O ponto principal talvez seja que a reestruturação dos modelos representacionais
de uma pessoa e sua reavaliação de alguns aspectos das relações humanas, com uma
correspondente mudança em seus modos de lidar com as pessoas, provavelmente será
um trabalho lento e fragmentado. Em condições favoráveis, o terreno é preparado
primeiro de ângulo, depois de outro. Na melhor das hipóteses, o avanço realiza-se em
espiral. Ate onde o terapeuta pode ir e até que ponto se deixa envolver profundamente é
uma questão pessoal para ambas as partes.
Finalmente, poder-se-á perguntar que provas existem de que uma terapia
conduzida de acordo com os princípios aqui expostos, em linha gerais, é eficaz e, se for,
em que tipos de casos? A resposta é que não existe provas diretas porque nenhuma serie
de pacientes foi tratada exatamente de acordo com essas orientações, de forma que é
impossível qualquer investigação dos resultados. O Maximo que se pode dizer é que
certas provas indiretas são promissoras. Provem de investigações sobre a eficácia da
psicoterapia breve e do aconselhamento a pacientes que sofrem perdas.

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Material complementar laços e rupturas

  • 1. AULA: FORMAÇÃO E ROMPIMENTO DOS LAÇOS AFETIVOS. Bowlby foi um psiquiatra e psicanalista, especializado em psiquiatria infantil, que ao longo da sua vida coordenou um amplo estudo sobre os problemas e necessidades das crianças sem lar, aliado a sua atuação clinica ao longo dos anos, gerou a produção de inúmeros trabalhos. Esta obra que será apresentada hoje traz uma revisão das conferencias em que Bowlby apresenta os resultados de seus estudos e pesquisas que fomentaram suas formulações e conceitualizações no campo da saúde mental. No presente volume, foram selecionadas para reimpressão algumas dessas conferencias e contribuições, para simpósios as quais foram reeditadas em sua forma original, de modo que possam fornecer uma introdução as ideias publicadas por Bowlby ao longo de sua carreira. Esta obra todo o fruto de sua atuação clinica ao longo de sua vida profissional e de pesquisa bibliográfica de trabalhos de diversos profissionais que atuaram ou que se dedicam à pesquisa nesta área. Bowlby apresenta dados científicos produzidos ao logo dos tempos nos campos da psicanálise, biologia evolucionária, etologia, psicologia do desenvolvimento, ciências cognitivas e teoria dos sistemas de controle, através de pesquisas e observações diretas. Esta obra nos trás novas formulações e conceitualizações com relação à formação e rompimento dos laços afetivos. As idéias de Bowlby representaram o ponto de partida para o desenvolvimento de uma nova teoria da motivação humana, onde ele integra aspectos da biologia moderna e incluindo afeto, cognição, sistemas de controle e de memória, além de aspectos envolvidos no desenvolvimento, sustentação e provimento dos laços afetivos. Cap. 1 – Psicanálise e cuidados com a criança No capitulo inicial Bowlby evidencia a influencia do pensamento freudiano referente aos cuidados com a criança, pois o amor dos pais é algo indispensável ao bebê em crescimento e que, anteriormente a Freud essas verdades eram prontamente postas de lado e taxadas de sentimentalismo sem fundamento válido e que não havia provas de que o que acontece nos primeiros anos de vida seria importante para a saúde mental. Neste capitulo Bowlby articula sobre os sentimentos ambivalentes vivenciados pelas crianças e seu pais. Bowlby aborda o papel da ambivalência na vida psíquica citando que o significado atribuído por Freud à ambivalência reflete-se em suas construções teóricas. Freud afirma que "os instintos sexuais e os do ego desenvolvem facilmente uma antítese que repete a do amor e ódio" (1915). Isto implica dizer que os passos dados pelo bebê ou a criança ao avançar no sentido da regulação dessa ambivalência têm importância decisiva para o desenvolvimento de sua personalidade.
  • 2. Ele apresenta uma descrição das idéias de Freud sobre o tema da ambivalência. Durante suas investigações dos sonhos, Freud percebeu que um sonho em que a pessoa amada morre indica frequentemente à existência de um desejo inconsciente de que essa pessoa morra. Em uma busca desses desejos importunos, Freud voltou-se para a vida emocional da criança e formulou a hipótese, de que em nossos primeiros anos de vida, é regra, e não exceção, sermos impelidos por sentimentos de raiva e ódio, tanto quanto de interesse e amor, em relação aos nossos pais e nossos irmãos. Os significados clínicos que Freud atribuiu à ambivalência reflete em suas construções teóricas. Primeiramente ele formula que o conflito intrapsíquico tem lugar entre os instintos sexuais e os do ego. Como nessa época considerava os impulsos agressivos parte integrante dos instintos dos instintos do ego, Freud resumiu sua proposição afirmando que “os instintos sexuais e os do ego desenvolvem facilmente uma antítese que repete a do amor e ódio”. Posteriormente em uma segunda parte de suas formulações ele se refere ao conflito entre os instintos de vida e morte. Este conclui, portanto, que o problema clínico e teórico crucial está em compreender como o conflito entre amor e ódio chega a ser satisfatoriamente regulado ou não. Esta introdutória apresentada por Freud que muitos estudos foram realizados neste campo. Bowlby expõe que o medo e culpa provenientes desse conflito estão subjacente a muitas doenças psicológicas, e a incapacidade para enfrentar esse medo e essa culpa está subjacente em muitos distúrbios de caráter, incluindo a delinquência persistente. Os sentimentos de amor e ódio dirigido á uma mesma pessoa necessita de uma regulação adequada dessa ambivalência pelo bebê/criança, pois esta regulação tem uma importância decisiva para desenvolvimento de sua personalidade. Se a criança seguir um caminho favorável, ela crescerá consciente de existe, em se intimo, impulsos contraditórios, mas estará apta a dirigi-los e controlá-los, e a ansiedade e culpa que eles produzem será suportável. Se o processo for menos favorável, a criança será assediada por impulsos sobre os quais sente não ter controle ou ter um controle inadequado; em conseqüência disso, sofrerá uma ansiedade aguda com relação à segurança das pessoas que ela ama e também temerá o revide que, acredita ela, não deixará de cair sobre sua própria cabeça. É nesse caminho que está o perigo – o perigo de a personalidade recorrer a uma série de manobras, cada uma das quais cria mais dificuldades do que resolve. Por exemplo, o medo da punição que é esperado como resultado de atos hostis, acarreta frequentemente mais agressão. Do mesmo modo a culpa pode levar a uma exigência compulsiva de demonstração de amor que a tranqüilizem e, quando essas exigências não são satisfeitas, a novos sentimentos de ódio e, por conseguinte, a mais culpa. São esses os círculos viciosos que resultam quando a capacidade de regular o amor e o ódio se desenvolve de modo desfavorável. Bowlby traz que estas situações de conflito não deve ser interpretado como algo mórbido, pois conflito é, em todos nós, a condição normal de nossas transições. Ele
  • 3. expõe que no nosso dia a dia sempre temos que renunciar algo de nosso desejo para podemos obter outra coisa que também desejamos, onde cabe-nos a tarefa de decidir entre interesses rivais em nosso próprio intimo, e de regulas conflitos entre impulsos irreconciliáveis. (ex. você não pode comer o doce e continuar com ele.) Condições que geram dificuldades Vejamos o que acontece, por qualquer razão, quando as necessidades do bebê não são suficientemente satisfeitas no momento certo. Bowlby em suas investigações estudou os efeitos nocivos que ocorre na separação de crianças pequenas e suas mães depois que estes formaram uma relação emocional. Bowlby demonstra que a separação de uma criança pequena de sua mãe, na primeira infância pode gerar um conflito de tal envergadura que os meios normais para resolvê-lo são destroçados. Bowlby tem a convicção de que muita infelicidade e muita enfermidade mental se devem a influências ambientais, as quais esta ao nosso alcança mudar. Quanto à hereditariedade o autor diz que não há dúvidas de que variações na dotação hereditária e na influência do meio ambiente desempenham importantes papéis. Apesar de ser um adepto convicto e entusiasta da noção de que as situações concretas que um bebê experimenta têm importância crucial para o seu desenvolvimento, Bowlby diz que temos como habilitar todas as crianças a crescerem sem perturbações emocionais. Existem problemas espinhosos a resolver, mas ele acredita que a tendência é apostar nos estudos de motivação em crianças pequenas, em especial o estudo do modo como a mãe e o bebê desenvolvem suas relações impregnadas de alta carga emocional, e espera que a teoria da aprendizagem esclareça o processo de aprendizagem que ocorre nos meses e anos críticos em que uma nova personalidade nasce. Problemas emocionais dos pais Apresenta neste subtítulo o ponto de vista dos pais na condição destes como cuidadores e propiciadores de um ambiente saudável para seus bebês regularem os conflitos das ambivalências vivenciadas, porém explicita com este administram seus próprios conflitos, pois estes vivenciam sentimentos ambivalentes também (ciúmes e raiva) e exprimem estes sentimentos quando não de forma deliberada pelo menos inadvertidamente. A expressão e liberação desses sentimentos de raiva quando há uma vinculação adequada, se torna saudável, pois leva a identificação da criança que os pais também sentem o mesmo que elas.
  • 4. Muitas criticas são depositadas aos pais, porém muitos dos erros cometidos pelos pais sejam fruto dos problemas emocionais inconsciente que tem origem na infância destes. Demandas emocionais estas que os pais muitas vezes se encontram parcialmente conscientes e possuem controle. Essas situações entre outras tornam os pais suscetível a cometerem erros. Acreditava-se que os problemas na infância podiam estar ligados a dois aspectos centrais:  Privação materna;  Punição prematura excessiva. O autor defende que não é o que é feitos pelos pais, mas o modo como estes fazem. Ele verbaliza que os métodos de cuidados adotado pelos pais precisa ser adequado a estes, para que não gere sofrimento nem aos pais nem a criança. Muitas vezes os métodos impostos ou articulados como melhores para o cuidado do bebê, não atende a necessidade dos pais e nem da criança. O bebê reage ao comportamento dos pais. Este sinaliza que a principal coisa no cuidado do bebê, não é seguir os livros e teorias de como criar seu bebê, mas sim da sensibilidade dos pais para as reações do bebê e da capacidade, sobretudo da mãe, para se adaptar intuitivamente as necessidades que nasce uma pratica eficaz de cuidar das crianças. Muitas das dificuldades resultam da incapacidade dos pais regularem a própria ambivalência. Esses sentimentos provavelmente sejam os mesmos que foram suscitados em nossa infância pelos nossos pais irmãos. Porém o problema não reside na simples repetição de antigos sentimentos, mas, sobretudo, na incapacidade parental para tolerar e regular esses sentimentos. Este sinaliza que uma intervenção com os pais neste processo inicial da vinda de um bebê, seria de fundamental importância, de modo a quebras o circulo maligno, de que crianças perturbadas, se convertam em pais perturbados e gerem perturbação em seus filhos, que por consequência repetiram essa situação. Conflito extrapsíquico e conflito intrapsíquico O ponto de vista que o autor defende, baseia-se na convicção de que muita infelicidade e muita enfermidade mental se devem a influencias ambientais, as quais está ao nosso alcance mudar. Os conflitos extrapsíquicos é conflito entre as necessidades da criança e as oportunidades limitadas que o meio ambiente proporciona para a satisfação dessas necessidades. Quanto ao meio externo, o que importa é saber em que medida as frustrações e outras influências impostas por ele desenvolvem o conflito intrapsíquico de tal forma e com tanta intensidade que o equipamento psíquico imaturo do bebê não possa regulá-lo satisfatoriamente.
  • 5. O que cabe a entender é porque alguns indivíduos crescem sem grandes dificuldades e outros são flagelados por esses impulsos. Cap. 2 – Abordagem etológica da pesquisa sobre desenvolvimento infantil O problema central da psicologia clinica quanto para a psicologia social é a natureza e o desenvolvimento das relações de uma criança com outra pessoa. Para Bowlby, os psicólogos tendem em suas abordagens do problema, a tendência de adotar um de dois enfoques: Acadêmico e experimental, privilegiando as teorias da aprendizagem; Clínica, que tenderão a uma ou outra forma de psicanálise. Ambos os enfoques levaram à Formação e rompimento dos laços afetivos realização de valiosos trabalhos. Diante dos embates e entraves teóricos estabelecidos entre psicanálise e a teoria da aprendizagem, ambas com excelentes contribuições, porém com falhas no campo da aplicação cientifica, Bowlby se depara com os estudos etológicos, o qual os biólogos dedicam seus estudos do comportamento animal em seu habitat natural, que não só usavam conceitos como os de instintos, conflito e mecanismo de defesa extraordinariamente semelhantes aos que são empregados em nosso trabalho clinico do dia a dia, como faziam descrições maravilhosamente detalhada do comportamento e haviam criado uma técnica experimental para submeter suas hipóteses a provas. Para Bowlby os etologistas fornecem-nos uma abordagem muito diferente daquelas da teoria da aprendizagem e da psicanálise e que falta ver, ainda, se a abordagem etológica leva à melhor compreensão dos dados do desenvolvimento da criança e se fornece um estímulo para mais e melhores pesquisas. O autor tende para a abordagem etológica, mas não descarta a teoria da aprendizagem e enfatiza que para se entender muitos dos processos de mudança a que estão sujeitos os componentes de padrões instintivos, a teoria da aprendizagem é indispensável e, portanto, complementar da etologia. A etologia é uma forma de integração das teorias psicanalítica e da aprendizagem e apresenta uma visão complementar a estas. Os etologistas estudam os padrões específicos de cada espécie . Bowlby refere a dois conceitos para os quais etiologistas e psicólogos têm dado contribuições – os de fases sensíveis do desenvolvimento e de regulação do conflito. Ambos os conceitos são centrais para a psicanálise e nossa crescente compreensão de ambos reveste-se de interesse para os clínicos. Bowlby chama atenção que para que de todos os padrões estudados nas espécies inferiores as fases sensíveis no desenvolvimento de modos de regular o conflito se torna como mais importante para ele como fonte de pesquisa, pois acredita que a solução deste problema o fornecerá uma chave para a compreensão das origens das neuroses.
  • 6. Aplicação de conceitos etológicos à pesquisa do desenvolvimento da criança Neste subcapitulo ele apresenta uma pesquisa que foi realizada com o sorriso dos bebês, avaliando este padrão de comportamento como uma forma de sustentar o comportamento maternal da mãe. Este afirma que o sorriso do bebe é evocado pela qualidade configurativa visual do rosto humano. Spitz e Wolf (1946) publicaram um novo trabalho experimental para o bebê sorriso. Em muitos experimentos, usando uma máscara, eles demonstraram que as crianças com idades entre dois e seis meses, tiradas de diferentes origens raciais e culturais, sorriso desperta a qualidade visual da configuração do rosto humano. Eles argumentaram ainda que esta configuração deve incluir como elementos dos dois olhos em posição de rosto cheio e em movimento. Estas observações já foram amplamente confirmado e expandido por Ahrens (1954), que também contou como a configuração do rosto necessário para acordar os sorrisos do bebê, torna-se mais difícil com a idade. Que pelo menos um do estímulo exteroceptivo que evoca um sorriso no bebê-dois-três meses, é sinal visual bastante simples é inevitável e aceita como tal pelos dois autores. No entanto, nada é mais plausível. Eventualmente, no curso da evolução humana tem sido um grande risco. No processo, o desfecho do caso foi decidido em favor da flexibilidade do comportamento e, portanto, a favor da educação e cuidados da estabilidade inata. No entanto, seria estranho se houvesse uma rejeição completa de segurança biológica, que deriva de padrões fixos de comportamento. Chorando, sucção e sorriso, na minha opinião, são alguns dos muitos dos nossos padrões motores inatos e representam o seguro natural contra arriscado colocar tudo no cartão; treinamento. Se tomarmos o ponto de vista etológico, vamos percorrer um caminho completamente diferente. Em primeiro lugar, vamos proteger contra uma série de padrões de comportamento específicos da espécie em recém-nascidos, que, como um sorriso, promovem a interação com sua mãe. (Dois deles, que pode ter um caráter semelhante e esperamos para explorar em Tavistock estão chorando bebês e uma tendência para esticar os braços que parecem ser sempre interpretado pelos adultos como um desejo de ser levado na mão). Definindo-los, tentamos analisar os estímulos de liberação e suprimindo a que esses padrões de comportamento são sensíveis. Esperávamos encontrar que esses incentivos são geralmente representados por sua mãe, e começamos a procurá-los em coisas como sua aparência, o tom de sua voz e o impacto das mãos. Além disso, gostaríamos de proteger contra as fases sensíveis do desenvolvimento através do qual pode passar esses padrões de comportamento (tanto em termos de sua maturação, e em relação aos seus componentes aprendidas) no que diz respeito a um processo em que várias respostas sociais são integrados em mais complexo integralmente, a situações em que eles entram
  • 7. em conflito com comportamentos incompatíveis, tais como a hostilidade ou fuga, contra situações de "stress" que pode levar a sua desintegração temporária ou permanente, possivelmente e, no que diz respeito ao seu impacto sobre o comportamento maternal, e assim por diante. É claro que estes são dois programas de investigação muito diferentes. Além de harmonizá-los com os conceitos decorrentes de experiência clínica psicanalítica e outra, a principal razão para preferir abordagem etológica reside no fato de que ele já provou ser frutífera na análise do desenvolvimento social e interação social em outras espécies, enquanto aprende a teoria, como ele mesmo notas Gevirtz, foi desenvolvida para explicar fenômenos, relativamente simples e, portanto, ainda tem que provar o seu valor. Preferindo a abordagem etológica, espero que não há necessidade de repetir que ele não rejeita a teoria da aprendizagem. Pelo contrário, para a compreensão de muitos processos de mudança experimentada pelos componentes dos padrões instintivos de comportamento, é insubstituível e, portanto, complementar à etologia. Da mesma forma, a Piaget de trabalho (1937) também complementar à abordagem etológica. Mesmo se estivermos certos em acreditar que as manifestações comportamentais de libertação e desincentivos social é nos primeiros meses de vida do bebê na natureza de sinais simples, logo deixa de ser válida. Pelos incentivos de seis meses que promovem o comportamento social da criança, incluem formas complexas de percepção, ao passo que no segundo ano de vida a criança desenvolve a capacidade de pensamento simbólico, o que leva a uma enorme expansão dos incentivos que são socialmente significativo para ele. No sentido das mudanças parecem conceito de Piaget também indispensável. No entanto, não precisamos supor que porque o indivíduo foi capaz de usar uma compreensão mais sofisticada dos processos e conceitos, que é necessário para cessar completamente a afetar estímulo mais primitivo. Isto leva-nos à relação da etologia com a psicanálise. É claro que a medida em que a psicanálise tem de lidar com uma pessoa, ele usa personagens animais com habilidades extraordinárias para aprender e, portanto, para a retenção, ocultação e distorção da expressão de reações instintivas, ele estudou na área adjacente e complementar à etologia. No entanto, na medida em que se consideravam respostas comportamentais instintivas, parece provável que essas duas disciplinas se sobrepõem. Neste contexto, é interessante para jogar a opinião de Freud expressou mais de quarenta anos atrás (Freud, 1915), que para entender melhor a psicologia do instinto também vai procurar a ajuda de biologia. Como resultado do desenvolvimento enraizado na biologia ciência da etologia, acredito que agora é o momento e que a teoria psicanalítica do instinto pode ser reformulada. Este não é o lugar para empreender uma tentativa para discutir este tópicos vastos e controversos. No entanto, é claro que conceitos como o conceito de narcisismo primário e controle do instinto, que é apenas o resultado da aprendizagem social, são preferíveis, enquanto conceitos como o conceito de relações humanas primárias, a inevitabilidade
  • 8. do conflito intrapsíquico, os mecanismos de proteção de conflitos e formas de regulação o conflito será central. Um dos resultados dessa nova formulação pode ser mais parte principal custo-eficaz e coerente da teoria psicanalítica. Aqui, o conceito básico apresentadas por etólogos. Juntos, eles fornecem uma abordagem muito diferente da abordagem como uma teoria da aprendizagem, e da psicanálise, mas de forma alguma incompatível com os componentes essenciais de cada um. Continua a ser visto é se ou não essa abordagem para uma melhor compreensão das informações sobre o desenvolvimento da criança e fornece ou não é um incentivo para a estudos mais profundos e mais avançados. Parece certo que ele fornece-nos com os outros pontos de olhar para as coisas e nos leva à implementação dos vários estudos. Vou ilustrar esta consideração de duas características bem conhecidas do comportamento social de crianças - seus sorrisos e sua propensão começando cerca de seis meses de idade em diante, sentir afeição pela figura materna familiar a eles. Se, por outro lado, adotarmos um ponto de vista etológico, procederemos de um modo muito diferente. Em primeiro lugar, estaremos atentos a numerosos padrões de comportamento específicos da espécie em bebês, como o sorriso, que concorrem para a interação da mãe. É evidente que se trata de dois programas de pesquisa muito diferentes. Alem de sua adequação às concepções oriundas da experiência psicanalítica e outras experiências clinicas, uma razão principal para se preferir o programa etológico é que ele já provou ser fecundo na análise do desenvolvimento e da interação social em outras espécies, ao passo que a teoria da aprendizagem Gewirtz sublinhou, foi desenvolvida para explicar fenômeno que são relativamente mais simples e, por conseguinte, ainda precisa demonstrar sua pertinência. Cap. 3 – O luto na infância e suas implicações para a psiquiatria Bowlby aborda o luto na infância descrevendo as idéias de Adolf Meyer que insistia ser o paciente psiquiátrico um ser humano e que seu pensamento, seu sentimento e seu comportamento perturbados devem ser examinados no contexto do ambiente em que está vivendo e em que viveu. Com o passar dos anos, fortaleceu-se a convicção de que as experiências da infância para o desenvolvimento da doença psiquiátrica. Bowlby fornece uma descrição dos progressos recentes nos estudos da compreensão do efeito que a perda dos cuidados maternos nos primeiros anos da infância tem sobre o desenvolvimento da personalidade, segundo o autor, acumularam- se muitas provas que indicam a existência de uma relação causal entre a perda dos cuidados maternos nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da personalidade perturbada, nos últimos vinte anos e que, até hoje, não se tem prestado muita atenção a essa fase que parece ser crucial para um entendimento da psicopatologia, tornando-se necessário explorá-la mais completamente.
  • 9. Bowlby formula a hipótese de que, na criança pequena, a experiência de separação da figura materna é especialmente suscetível de evocar processos psicológicos cruciais para a psicopatologia, e que esta posição teórica esta muito próxima de outras já existentes no campo, porém parece ser diferente de todas. Cria-se aqui a controvérsia, para Bowlby, quando se passa a considerar por que alguns indivíduos reagem à perda com modos patológicos, e outros, não. Existem muitos outros acontecimentos na infância, além de uma perda, que contribuem para o desenvolvimento da personalidade perturbada e da doença psiquiátrica. Separação da mãe e luto na infância Ao analisar os estudos realizados com crianças hospitalizadas ou em creches residenciais entre 2 e 3 anos de idade, percebeu-se que uma criança que possue um bom vinculo com suas mães, quando separado dela apresenta, via de regra, uma sequência previsível de comportamentos:  Fase de protesto  Fase de desespero  Fase de desligamento As fases de protesto, desespero e desligamento, progridem primeiramente com lágrimas e raiva, o bebê exige que sua mãe regresse e parece ter esperança de conseguir reavê-la. Esta é a fase de protesto, e pode durar vários dias. Depois, torna- se mais calmo mas, para um observador perspicaz, é evidente que o bebê continua tão preocupado quanto estava antes com a ausência da mãe e ainda anseia pelo seu regresso; mas suas esperanças dissiparam-se e ele entra na fase de desespero. Essas duas fases se alternam frequentemente: a esperança converte-se em desespero e o desespero em renovada esperança. Finalmente, porém, ocorre uma mudança maior. O bebê parece esquecer sua mãe, de modo que, quando ela regressa, permanece curiosamente desinteressado e, inclusive, pode parecer que não a reconhece. Está é a terceira fase – a do desligamento. Em cada uma dessas fases a criança está propensa a birras e episódios de comportamento destrutivo, muitas vezes de um tipo inquietamente violento. O comportamento da criança ao retornar para casa, vai depender da fase que ela atingiu durante o período de separação. A criança pode mostrar-se indiferente e nada pede, porém se atingiu apenas os primeiro estágios, a indiferença pode durar por um período curto, e quando este estado se desfaz, a criança vivencia uma tempestade de sentimentos, e a separação por menor tempo que seja, a partir da experiência de separação pode gerar na criança sentimentos ambivalentes, ansiedade e raiva, solicitando a mãe com frequência. Entretanto quando a criança atinge a fase de desligamento, devido a um período de separação longo, há o perigo de que a criança fique permanentemente desligada e nunca mais recupere sua afeição pelos pais ( Anna Freud). Ao contrario do que Anna havia sugerido percebe-se que leva um período maior, e com sentimentos de ambivalências acentuados, mas a criança se tiver suas solicitações correspondias ela retoma esse vinculo.
  • 10. Aqui um conceito chave a ser considerado é o conceito de luto que pode ser ligado ao desenvolvimento da psicopatologia quando este não é elaborado de forma adequada. As respostas apresentadas no processo de separação são também vivenciadas do processo de luto. Freud elucida em “luto e melancolia”, que o luto provavelmente patogênico ocorra, pois a perda da pessoa amada propicia no individuo, seja ele criança, adolescente ou adulto, um estado de ansiedade, doenças depressivas e de histeria. Muitos estudos sugerem que as patologias psiquiátricas estão ligadas a prováveis vivencias de perdas importantes em algum momento da vida. Impulsos para recuperar e para recriminar a pessoa perdida: seu papel na psicopatologia Nem sempre se percebe que a raiva constitui uma resposta imediata à perda, comum e talvez invariável. Em lugar da raiva indicando que o luto está seguindo um curso patológico - uma opinião que sugerida por Freud e comumente sustentada - , as provas existentes evidenciam que a raiva, incluindo a raiva com relação à pessoa perdida, é parte integrante da reação de pesar. Os esforços de tentar recuperar a pessoa perdida e muito importante para elaboração de um luto saudável, e isso ocorre em espécies não humanas também. Estes vivenciam estado de: ansiedade e protesto/ desespero/ desorganização/ desligamento/reorganização. Uma das principais características do luto patológico é a incapacidade para expressar abertamente esses impulsos para reaver e recriminar a pessoa perdida, com toda a saudade do desertor e toda a raiva contra ele que esses impulsos implicam. Em vez de sua expressão aberta que, apesar de ser tempestuosa e estéril, leva a um resultado saudável, os impulsos de recuperação e recriminação com toda a ambivalência de sentimentos, cindem-se e são reprimidos. Daí em diante, continuam como sistemas ativos na personalidade mas, incapazes de encontrar uma expressão direta e manifesta, passam a influenciar os sentimentos e o comportamento de um modo estranho e distorcido. Daí as numerosas formas de perturbação de caráter e doenças neuróticas. A hipótese que Bowlby formula é de que, na criança pequena, a experiência de separação da figura materna é especialmente suscetível de evocar processos psicológicos tão cruciais para a psicopatologia quanto a inflação e seu resultante tecido cicatricial para a fisiopatologia. A separação da mãe não necessariamente vai gerar uma mutilação na personalidade, mas vai deixar marcar cicatricial que pode gerar futuramente uma disfunção mais ou menos seria. Duas tradições na teorização psicanalítica Muitos psicanalistas e psiquiatras procuram relacionar doença psiquiátrica, perda da pessoa amada, luto patológico e experiência infantil. A controvérsia começa quando passamos a considerar por que alguns indivíduos reagem à perda com esses modos patológicos, e outros não;
  • 11. Bowlby acredita que existem muitos outros acontecimentos na infância, além da perda, que constituem uma boa razão para acreditar que também contribuam para o desenvolvem em toda personalidade perturbada e da doença psiquiátrica. Uma exemplo é a criança estar exposta a uma ou outra das varias espécies de atitude parental que há muito são objeto de preocupação e esforço terapêutico nas clinicas psiquiátricas infantis. Para cada uamá delas, a tarefa de pesquisa consiste, primeiro em definir o evento ou a sequencia de eventos; segundo, em localizar uma amostra de casos em que o evento ou a sequencia de eventos está ocorrendo, de modo que os seus efeitos sobre o desenvolvimento psicológico possam ser estudados; e, finalmente, relacionar os processos que se apurou serem desencadeados por tal evento ou eventos com os processos presentes em pacientes com doença declarada. As consequências de tal ampliação dos limites da pesquisa são do maior alcance. Cap. 4 – Efeitos sobre o comportamento do rompimento de um vinculo afetivo Bowlby enfatiza o prevalecimento da vinculação nas espécies, que geralmente é mais persistente entre a mãe e seu filho pequeno, vinculo este que persiste até a fase adulta e que é possível considerar esse vínculo afetivo entre os seres humanos a partir de um ponto de vista comparativo e que ainda é grande à distância em sentenciar que, os vínculos de uma criança com sua mãe, sofre um desequilíbrio em virtude de uma breve separação, e que as separações longas ou repetidas estão causalmente relacionadas com os distúrbios de personalidade. A separação ou perda de entes queridos são eventos que constituem riscos para a saúde mental. Ansiedade crônica, depressão intermitente ou suicídio são alguns dos tipos mais comuns de problemas que hoje sabemos serem atribuíveis a tais experiências. Seria preciso realizar uma longa serie de experimentos para investigar os efeitos, a curto e a longo prazo, sobre o comportamento, do rompimento de um vinculo afetivo dentro de suas variáveis. Como já foi mencionado anteriormente, o primeiro e mais persistente vínculo afetivo é o da mãe e seu filho. É talvez o único vínculo que persiste até a vida adulta, possibilitando afirmação de que a relação entre mãe e filho, mesmo depois de separados, quando o filho se torna adulto, é o vínculo que nem mesmo a morte dissocia. Entretanto de uma forma um tanto paradoxal, é importante salientar que o comportamento do tipo agressivo desempenha um papel crucial e decisivo na manutenção dos vínculos afetivos. Esse comportamento assume duas formas distintas: primeiro ataques de afugentamento de intrusos e, segundo, a punição de um parceiro errante, seja ele esposa, marido ou filho. Há provas de que boa parte do comportamento agressivo de um tipo desconcertante e patológico tem origem em uma ou outra dessas formas (Bowlby, 2001). Os vínculos afetivos e os estados emocionais caminham juntos. Sendo assim, muitas das emoções humanas surgem durante a formação, manutenção e rompimento dos vínculos afetivos.
  • 12. Em termos subjetivos podemos descrever que a ameaça da perda gera ansiedade e a perda real causa tristeza, ao passo que ambas as situações podem despertar raiva. Finalmente, a manutenção incontestada de um vínculo é experimentada como uma fonte de segurança e a renovação de um vínculo como uma fonte de júbilo (BOWLBY, 2001). Portanto, qualquer pessoa interessada em estudar os problemas na formação dos vínculos afetivos de um indivíduo, vai efetivamente se deparar com distúrbios de personalidade que muito frequentemente essas pessoas estão sujeitas a desenvolverem.Para iniciarmos, é comprovadamente produtivo considerar muitos distúrbios psiconeuróticos e de personalidade nos seres humanos como um reflexo de um distúrbio da capacidade para estabelecer vínculos afetivos, em virtude de uma falha no desenvolvimento na infância ou de um transtorno subsequente (BOWLBY, 2001). Aqueles que padecem de distúrbios psiquiátricos – psiconeuróticos sociopáticos ou psicóticos – manifestam sempre uma deterioração da capacidade para estabelecer ou manter vínculos afetivos, uma deterioração que, com frequência, é grave e duradoura e, em muitos casos, é primária derivando de falhas no desenvolvimento, que terão ocorrido numa infância vivida num ambiente familiar que não foi propício ao desenvolvimento do ser humano (BOWLBY), permitindo - nos classificá-lo como um lar que não é ideal. Ao examinarem as possíveis causas dos distúrbios psiquiátricos na infância, ficou constatado que o problema encontra- se na ausência de oportunidades para estabelecer vínculos afetivos ou, ainda, as repetidas rupturas dos vínculos que foram estabelecidos. Foi sistematicamente apurado que duas síndromes psiquiátricas e duas espécies de sintomas associados são precedidas por uma elevada incidência de vínculos afetivos desfeitos durante a infância. As síndromes são a personalidade psicopática (ou sociopática) e a depressão; os sintomas persistentes, a delinquência e o suicídio (BOWLBY, 2001). No psicopata, a capacidade de estabelecer e manter os vínculos afetivos são dificultosas ou até mesmo inexistentes. É constatado que tais indivíduos foram seriamente perturbados na infância pela morte, separação ou divórcio dos pais ou, ainda, por outros eventos que resultam na deficiência ou ruptura dos vínculos afetivos. A incidência desses tipos de problemas são maiores nesses grupos do que em qualquer outro. Adotando como critério a ausência da mãe durante seis meses ou mais, antes dos seis anos de idade, foi apurada uma incidência de 41% para os sociopatas e somente 5% para os restantes. Quando o critério é ampliado, a incidência aumenta. E, ainda, quando foi adotada a ausência da mãe e do pai antes dos dez anos como critérios para pesquisa, foi constatado que o índice sobe para 65%. Outro grupo psiquiátrico que mostra incidência muito alta de perda na infância é a dos pacientes suicidas. As perdas ocorrem na infância, mais precisamente até os
  • 13. cinco anos de idade, tendo sido causadas não só pela morte de um dos pais como também por ilegitimidade e o divórcio como nos mostra Bowlby (20 01). Outra condição, que está associada às perdas na infância, é a depressão. Entretanto, é importante salientar que essas perdas não se devem frequentemente por ilegitimidade ou divórcio dos pais, mas com mais incidência por morte de um deles. A orfandade tende a ser maior dos cinco aos dez anos de idade e em alguns casos no terceiro quinquênio da infância. Segundo as pesquisas, “as indicações são de que a perda por um dos pais por morte ocorre com freqüência duas vezes maior num grupo de depressivos do que na população em geral”. (BOWLBY, 2001, p. 104) Assim, parece agora razoavelmente certo que, em numerosos grupos de pacientes psiquiátricos, a incidência de rompimento de vínculos afetivos durante a infância é significativamente elevada. [...] As maiores incidências de vínculos afetivos desfeitos incluem tanto os vínculos com os pais como com as mães, e são observados entre os cinco e os catorze anos, tanto quanto nos primeiros cinco anos. Além disso nas condições mais extremas – sociopatia e tendências suicidas – não só é provável que uma perda inicial tenha ocorrido nos primeiros anos de vida mas também é provável que tenha sido uma perda permanente, seguida da experiência de repetidas mudanças de figuras parentais. (BOWLBY, 2001, p. 104) Há também aquilo que chamamos de efeitos em curto prazo de vínculos desfeitos. Quando uma criança pequena se vê entre estranhos e longe da figura dos pais, tal fato torna- se motivo de grande aflição e comprometimento posterior nas relações parentais. Nas crianças separadas dos pais foram observados dois comportamentos antagônicos. De um lado, crianças desligadas emocionalmente e, noutro, crianças extremamente dependentes, requisitando atenção dos pais o tempo inteiro. Em sua maioria as crianças de dois anos que permaneceram desligadas dos pais por uma ou duas semanas, experimentaram no seu regresso uma atitude distante e desligada da mãe. No entanto, quando a criança está longe dos pais nos primeiros dias experimenta um grande desespero em querer a mãe e, às vezes, chora muito sua falta. Quando finalmente regressa parece não reconhecer e até mesmo evitá- la. Todo o comportamento de busca afetiva está ausente e continuará assim por um período de tempo, pois essa reaproximação é sempre lenta e gradual e dependerá do tempo em que durou o desligamento, como já foi mencionado em capítulos anteriores. Quando o vínculo é reatado e o comportamento de ligação se estabelece, a criança torna - se extremamente ligada a mãe demandando extensa dedicação de sua parte. Se a mãe, por sua vez, não se demonstra disponível, a criança torna- se mu ito hostil e com comportamento negativista, o que não foi notado em crianças que não sofreram separação. Outro assunto tratado por Bowlby (2001) é que o tipo de perda ocorrido durante a infância determina o tipo de depressão que a pessoa poderá ter na vid a adulta.[...] as mulheres que perderam a mãe por morte ou separação antes dos onze anos
  • 14. de idade, são mais propensas a reagir à perda, ameaça de perda e outras dificuldades e crises na vida adulta mediante o desenvolvimento de um distúrbio depressivo do que mulheres que não experimentaram essa perda na infância. Em segundo lugar, se uma mulher sofreu uma ou mais perdas de membros da família por morte ou separação antes dos 17 anos de idade, qualquer depressão que se desenvolva subseqüentemente é susceptível de ser mais grave do que uma mulher que não tenha sofrido perdas desse tipo. Em terceiro lugar, a forma assumida pela perda na infância afeta a forma de qualquer doença depressiva que possa desenvolver -se mais tarde. Cap. 5 – Separação e perda na família Provavelmente, todos nós estamos profundamente consciente da ansiedade e consternação que podem ser causadas por separações de entes queridos, do profundo e prolongado pesar que se pode seguir à morte de um deles, e dos riscos que esses eventos constituem para a saúde mental. Ansiedade, depressão ou até mesmo suicídio são os tipos mais comuns de problemas atribuídos aos rompimentos dos laços afetivos. Sabemos que crianças separadas das mães até os primeiros cinco anos de idade são frequentes em pacientes mais tarde diagnosticados como psicopatas ou sociopatas. Quando a perda na infância foi devida a separação, é provável que qualquer doença que seja subsequentemente contraída mostre características de depressão neurótica, com sintomas de ansiedade. Quando a perda se deve a morte, qualquer doença que se desenvolva subsequentemente poderá apresentar características de depressão psicótica. (Bowlby, 2001, p. 111) Pesar e luto na vida adulta Ao relatar como os adultos reagem a uma perda importante, este sinaliza que apesar de a intensidade do pesa varia em cada individuo, e a duração de cada fase também varie, existe um padrão geral básico que deve ser considerado. Nos seus estudos anteriores Bowlby sugere três fases do curso do luto, porém com os novos estudos ele passou a considerar uma fase inicial a este processo, sendo estas as 4 fases: 1 – fase do topor ou aturdimento, que usualmente dura de algumas horas a uma semana e pode ser interrompida por acessos de consternação e (ou) raiva extremamente intensas. 2 – fase de saudade e buscada figura perdida, que dura alguns meses e, com frequência, vários anos. 3 – fase de desorganização e desespero 4 – fase de maior ou menor grau de reorganização
  • 15. Pesar e luto na infância Nos estudos anteriores, considerou-se útil usar o termo “luto” num sentido amplo, a fim de abranger uma grande variedade de reações à perda, incluindo algumas que conduzem a um resultado patológico, e também aquelas que se seguem a uma perda nos primeiros anos de vida. A vantagem desse uso é que se torna possível reunir numerosos processos e condições que a provas mostram estar inter-relacionadas - assim como o termo “inflamação” é usado em fisiologia e patologia para reunir numerosos processos, alguns dos quais têm um desfecho saudável e outros são malsucedidos e resultam em patologia. A pratica alternativa consiste em restringir o termo “luto” a uma forma particular de reação a perda, ou seja, aquela “em que o objeto perdido é gradualmente descatexiado pelo doloroso e prolongado trabalho de recordar e pelo teste da realidade”. De modo a utilizar um termo que abranja não só o processo de perda de perda por morte e/ou separação, mas todos os tipos de perda vivenciado, nesta ocasião, ele utilizou o termo “pesar”. As crianças pequenas não só se afligem com a separação, como também o pesar delas é freqüentemente muito mais demorado. Mesmo para adultos, apreender inteiramente que alguém muito próximo está morto e nunca mais voltará é muito difícil também. Bowlby acredita que não só a criança, mas também o adulto, necessita da assistência de outra pessoa de sua inteira confiança para recuperar-se da perda sofrida, convicção esta enfatizada por todos os autores como imensamente importante que a criança disponha de uma pessoa que atue como substituta permanente, a quem ela possa ligar-se gradualmente. Para Bowlby há provas de que os afetos mais intensos e perturbadores provocados por uma perda são o medo de ser abandonado, a saudade da figura perdida e a raiva por não reencontrá-la. Para elaboração de um luto saudável é importante que a pessoa possa externalizar o que está sentindo e possa encontrar uma escuta que valorize seus sentimentos, por mais irrealista que possa parecer. O luto patológico esta ligado a dificuldade da pessoa expressar seus sentimentos. E o motivo pelo qual algumas pessoas não o conseguem expressar o pesar é que na família em que elas foram criadas, e com a qual ainda convivem, é daquelas em que o comportamento de ligação de uma criança não é vista com simpatia, então o a expressão dos sentimento não são correspondidos e a criança para de expressa-los, reproduzindo esse comportamento em outras situações. Cap. 6 – Autoconfiança e algumas condições que a promovem Acumulam-se evidencias de que os seres humanos de todas as idades são mais felizes e mais capazes de desenvolver melhor seus talentos quando estão seguros de que, por trás deles, existem uma ou mais pessoas que virão em sua ajuda caso surjam dificuldades. A pessoa em quem se confia, também conhecida como figura de ligação, pode ser considerada aquela que fornece ao seu companheiro ( ou companheira) uma base segura a partir da qual poderá atuar.
  • 16. Na concepção de Bowlby, essa figura de ligação ou base pessoal segura não se limita absolutamente às crianças, ocorre também com adolescentes e adultos maduros. Para Bowlby a teoria da ligação difere da psicanálise tradicional ao adotar certo número de princípios que derivam das disciplinas relativamente novas da etologia e teoria do controle, dispensando conceitos tais como os de energia psíquica e impulso, estabelecendo estreitos laços com a psicologia cognitiva. Este sinaliza que uma base familiar estável, a partir da qual primeiro a criança, depois o adolescente e, finalmente, o jovem adulto se afasta numa serie de saídas cada vez mais longas, isto ocorre de forma a autonomia e encorajada pela família,e os laços da família passam a ser atenuados, porém nunca quebrados. Esse mesmo padrão de autoconfiança baseada numa ligação segura com uma figura em quem se confia, e desenvolvendo-se a partir desta, pode ser observado desde o primeiro ano de vida de uma criança. Pontos de diferença em relação às formulações teóricas atuais Embora os esquemas teóricos aqui apresentado não seja muito diferente daquele adotado implicitamente por muitos clínicos, ele difere num certo numero de pontos de boa parte de teoria correntemente ensinada. Entre essas diferenças, ele cita as seguintes: A – uma ênfase, no esquema atual, sobre o parâmetro ambiental familiar-estranho, a qual não existe na teoria tradicional; B – ênfase, no esquema atual, sobre os muitos outros componentes da interação mãe- bebê além da amamentação; sustenta-se que a excessiva ênfase sobre a amamentação prejudicou imensamente a nossa compreensão do desenvolvimento da personalidade e as condições que o influenciam; C – a substituição dos conceitos de “dependência” e “independência” pelos conceitos de ligação, confiança e autoconfiança; D – a substituição da teoria da oralidade derivada da teoria dos objetos internos por uma teoria de modelos operacionais do mundo do eu, os quais são concebidos como sendo construídos por cada individuo em resultado de sua experiência, determinam sua expectativas, e com base nos quais o individuo traça seus planos.. O autor prossegue dizendo que e a dependência não está especificamente relacionada com a manutenção da proximidade, não se refere a um indivíduo específico, nem está necessariamente associada a uma emoção forte, porém há implicações de valor que são o oposto exato daquelas que o conceito de ligação subentende. A ansiedade em torno de uma separação involuntária pode ser uma reação perfeitamente normal e saudável. O que se torna difícil explicar é por que esta ansiedade é despertada nas pessoas com intensidades diferentes. Quase toda teoria sobre que provoca medo e ansiedade no ser humano partiram do pressuposto de que o medo só apropriadamente suscitado em situações percebidas como intrinsecamente perigoras ou dolorosas. Derivado de experiência previas.
  • 17. Porem quem adotar este pressuposto se defrontara com o fato de os seres humanos frequentemente manifestam medo em numerosas situações comuns que não parecem ser inerentemente perigosas ou dolorosas. Como entrar em um ambiente desconhecido, sozinho e escuro, é algo que desperta medo tanto em crianças como em adultos, além de ser inerente a outras espécies não humanas também, é uma forma de proteção inata das espécies. A função deste comportamento é de proteção. A separação relutante de uma criança de seus pais, ou de um adulto, ou companheiro em que se confia pode ser considerada uma situação do mesmo gênero, pois no ambiente existem circunstancias em que o risco é tanto maior quando um individuo está sozinho do que quando acompanhado, principalmente nas crianças 9 acidentes domésticos, acidentes de transito, entre outros.) No processo de evolução do homem este esteve sujeito a situações de risco e por isso que não surpresa que tenha desenvolvido sistemas de comportamento para levam evitar estas situações.. no caso de seres humanos, reagir com medo à perda de um companheiro em quem se confia não é, pois, mais desconcertante do que reagir com medo a qualquer dos outros indícios naturais de perigo potencial – estranheza, movimentos súbitos, mudança brusca ou alto nível de ruído. Em todos os casos, reagir assim tem valor de sobrevivência. Isso nos leva de volta ao ponto de partida de nossa argumentação e ajuda explicar por que o apoio decidido e sistemático dos pais, combinado com o encorajamento e o respeito pela autonomia de uma criança, muito longe de abalar a autoconfiança, fornece, pelo contrario, as condições em que ela pode desenvolver-se melhor. Também ajuda a explicar por que, inversamente, uma experiência de separação ou perda, ou ameaça de separação ou perda, especialmente quando usadas pelos pais como sanções para induzir o bom comportamento, podem abalar a confiança de uma criança nos outros e em si mesma, acarretando assim um ou outros desvio do desenvolvimento ótimo – a falta de confiança em si mesma, a ansiedade ou depressão crônica, o não envolvimento distante ou a dependência arrogante que soa falso. Uma autoconfiança bem fundamentada, podemos concluir, é, geralmente, o produto de um crescimento lento e não reprimido, da infância até a maturidade, durante o qual, através da interação com outros, incentivadores e confiáveis, a pessoa apresnde a confiança nos outros com a confiança em si mesma. Cap. 7 – Formação e rompimento de vínculos afetivos Para Bowlby há muito trabalho a ser feito antes de se ter certeza sobre quais os distúrbios do comportamento de ligação que podem ser tratados pela psicoterapia e quais os que não podem, além dos vários métodos a que se deve dar preferência e, considera importante dedicar-se às primeiras experiências infantis negativas em relação ao seu ambiente e as conseqüentes desordens psicológicas que podem ocorrer. O autor Postula que a criança é capaz de estabelecer relações desde muito cedo e também de que existi o sentimento de perda, o luto e a depressão na primeira infância e que o ambiente familiar favorece ou não um melhor ajustamento da criança ao longo de seu desenvolvimento. Bowlby acrescenta que a relação mãe-criança tem uma importância fundamental e que separações precoces podem ser deletérias para o
  • 18. desenvolvimento das crianças e, que a perda de contato com a mãe no início da infância pode provocar sérias alterações na formação da personalidade infantil. Alguns princípios de psicoterapia Tais são, pois os elementos de uma psicopatologia baseada na teoria da ligação. Que orientação ela nos dá para avaliarmos os problemas de um paciente e ajudá-lo? Bowlby expõe que ao elaborar um quadro clinico, será prudente o psiquiatra não confiar apenas tradicionais de entrevistas e sempre que possível realizar uma ou mais entrevistas com a família, para ter um panorama melhor de entendimento da estória do individuo e o contexto em este foi criado. Em seu entender, a um terapeuta cabe realizar um certo numero de tarefas inter- relacionais, entre as quais estão as seguintes: A – em primeiro lugar, acima de tudo, proporcionar ao paciente uma base segura a partir da qual ele possa explorar a si mesmo e explorar também suas relações com todos aqueles com quem estabeleceu, ou poderá estabelecer, um vinculo afetivo; e, simultaneamente, fazer com que fique claro para ele que todas s decisões sobre como analisar melhor a situação e sobre qual a melhor forma de agir devem ser dele, e que acreditamos que, com ajuda, ele é capaz de tomar essas decisões; B – juntar-se ao paciente nessas explorações, encorajando-o a examinar as situações em que atualmente ele se encontra com pessoas significativas, e ao papeis que pode desempenhar nelas, e tambem como reage em sentimento, pensamento e ação quando nessas situações; C – chamar a atenção do paciente para os modos como, talvez inadvertidamente, ele tende a interpretar os sentimentos e o comportamento do terapeuta em relação a ele, e para as previsões que ele ( o paciente) faz e as ações que adota em disso; e convida-lo depois a examinar se os seus modos de interpretar, predizer e atuar podem ser parcial ou totalmente inadequados, á luz daquilo que sabe do terapeuta; D – ajuda-los a examinar como as situações em que geralmente se encontra e suas reações típicas a elas, incluindo o que pode estar acontecendo entre ele proprio e o terapeuta, podem ser entendidas em termos das experiências da vida real que teve com figuras de ligação durante a infância e adolescência (talvez ainda esteja tendo), e de quais foram então (e podem ser ainda) suas reações a elas. Embora as quatro tarefas delineadas sejam conceitualmente distintas, na prática tem que ser empreendidas simultaneamente. Pois uma coisa PE o terapeuta fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ser uma figura confiável, útil e constante, e uma outra é o paciente interpretá-lo como tal e confiar nele. Pg 193
  • 19. Bowlby enfatiza sua opinião, sobre a tarefa do terapeuta, que consiste em ajudar o paciente a descobrir quais as situações, atuais e passadas, com que os seus sintomas se relacionam, quer se trate de respostas a essas situações quer de efeito secundários da tentativa de não reagir a elas. Entretanto, como foi o paciente que esteve exposto à situações em questão, ele já possui, num certo sentido, todas as informações relevantes. Por que é, então, que ele necessita de tanta ajuda para descobri-la? Concluímos que os processos defensivos tem como objetivo impedir o reconhecimento ou recordação de eventos da vida real e os sentimentos por eles suscitados, assim como sempre tiveram por objetivo a tomada de consciência de impulsos ou fantasias inconscientes. Com efeito, muitas vezes só quando a trajetória detalhada de algumas relações perturbadas e aflitiva é recordada e descrita é que vem à mente o sentimento despertado por ela e as ações cogitadas em resposta. O ponto principal talvez seja que a reestruturação dos modelos representacionais de uma pessoa e sua reavaliação de alguns aspectos das relações humanas, com uma correspondente mudança em seus modos de lidar com as pessoas, provavelmente será um trabalho lento e fragmentado. Em condições favoráveis, o terreno é preparado primeiro de ângulo, depois de outro. Na melhor das hipóteses, o avanço realiza-se em espiral. Ate onde o terapeuta pode ir e até que ponto se deixa envolver profundamente é uma questão pessoal para ambas as partes. Finalmente, poder-se-á perguntar que provas existem de que uma terapia conduzida de acordo com os princípios aqui expostos, em linha gerais, é eficaz e, se for, em que tipos de casos? A resposta é que não existe provas diretas porque nenhuma serie de pacientes foi tratada exatamente de acordo com essas orientações, de forma que é impossível qualquer investigação dos resultados. O Maximo que se pode dizer é que certas provas indiretas são promissoras. Provem de investigações sobre a eficácia da psicoterapia breve e do aconselhamento a pacientes que sofrem perdas.