O documento descreve um relatório de campo realizado no centro do Rio de Janeiro para analisar os processos de formação da metrópole através da urbanização. Os estudantes observaram diferentes épocas e estruturas urbanas na Praça XV de Novembro e em outros pontos, percebendo a dinamicidade do espaço urbano ao longo do tempo. Eles também notaram a ressignificação de espaços como a Praça Mauá com a inserção de novos atores sociais.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA
ORIENTADOR: MÁRCIO PINÕN
Relatório de Campo
Daniel Candido, Victor Pereira e Victoria Oliveira
Niterói - RJ
2016
2. O relatório a seguir tem como objetivo contemplar o conteúdo abordado na disciplina de
Geografia Urbana, além de embasar a leitura do espaço urbano na área central do município
do Rio de Janeiro, compreendendo os processos formadores da metrópole através da
urbanização como a centralização, descentralização, segregação, coesão e etc. Percebendo
assim, que não se trata apenas de espaço urbano, mas principalmente espaço-tempo,
seguidos de processos cotidianos e processos espaciais maiores.
Foi escolhido o centro da cidade do Rio de janeiro, como objeto de estudo de tais
processos citados, com isso foi realizado um trabalho de campo iniciado na Praça XV de
Novembro, seguido para a área onde se compreendia o Morro do Castelo, Travessa do
Mercado, Arco do Teles, Candelária, Morro da Conceição, por fim, encerrado na Praça Mauá.
Fonte: Google Earth.
No primeiro ponto, na Praça XV de Novembro, observa-se no entorno da praça
construções de diferentes épocas e diferentes estruturas de formação que contrastam umas
com as outras, e se aperfeiçoam a uma citação de Milton Santos: “Espaço é acumulação
desigual de tempo”; ao observar o Paço Imperial, prédio histórico da era colonial brasileira
construída por volta de 1738 no Largo do Carmo (ou da Polé), atual Praça XV de Novembro, a
poucos metros adiante, há um moderno prédio em pele de vidro da bolsa de valores,
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3. construída em 1820 que sofreu alterações nos últimos anos devido a uma nova estrutura de
cidade capitalista global, entretanto, mesmo com as enormes diferenças arquitetônicas que
esse local possui não se perde a essência da praça como centro comercial e de poder para as
relações de trocas presentes nos processos de agentes, sujeitos e atores que formam a
metrópole.
Na praça XV de Novembro pode-se observar um enorme chafariz que nos dias atuais é
um monumento histórico, mas que no passado foi um importante meio técnico de distribuição
de águas que atraía muitas pessoas para esse lugar para receber água devido à ausência de
água encanada. Esse chafariz e o Paço Imperial fazem parte da primeira estrutura de cidade, a
colonial escravista.
Seguimos pela Rua Dom Manuel onde encontramos uma arquitetura da época de
Pereira Passos até chegarmos ao Tribunal de Justiça que já faz parte da quarta estrutura, uma
cidade capitalista global com seus prédios de pele de vidro e mármore, sendo que esse prédio
já está na antiga área do morro do castelo.
Seguimos em frente e passamos pelo antigo museu da imagem e do som que terá sua
sede transferida para um prédio da estrutura capitalista global em Copacabana para atender a
nova lógica global que a cidade vem se inserindo.
Seguimos em frente e paramos na igreja nossa Senhora de Bonsucesso que fica ao lado da
ladeira da misericórdia a primeira via pública que ligava a cidade ao morro do castelo que hoje
é uma pequena subida sem saída, já que o morro do castelo foi derrubado.
Contornamos a Igreja nossa Senhora de Bonsucesso e entramos na Rua Santa Luzia,
nela pudemos observar a curva de praia que ainda tem vestígios na calçada na frente do
instituto de Endocrinologia Professor João Gabriel H. Cordeiro, deixando claro o limite do antigo
morro do castelo com a área aterrada do centro da cidade.
Continuamos pela Rua Santa Luzia e paramos na Praça Amélia na frente do prédio da
antiga UNE prédio histórico que foi de grande relevância para os estudantes do Rio de Janeiro,
principalmente durante a ditadura militar brasileira.
Entramos na Avenida Presidente Antônio Carlos e pudemos observar os últimos vestígios do
morro do castelo na descida dessa avenida, nessa mesma avenida observamos a igreja de
São José, a primeira voltada para o interior da cidade, se diferenciando das outras que eram
voltadas para a Baía de Guanabara, nessa avenida temos como fundo o pão de açúcar como
forma de valorizar esse ponto turístico de forma que faz que as pessoas que passar por essa
avenida tenha como pano de fundo esse cartão postal.
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4. Seguimos nessa mesma avenida até a Praça XV e contornamos a mesma para chegar
ao Arco do Teles, que possui estrutura colonial mercantil onde funcionava a casa da
exportação e importação que se tornou o prédio de Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, prédio
esse que se situava sobre o Arco do Teles. Hoje a Bolsa de Valores funciona ao prédio ao lado,
e possui uma arquitetura proveniente das transformações capitalistas globais que contrastam
com outros prédios da Praça.
Passamos por debaixo do Arco do Teles e seguimos pela Rua do Mercado que continua
bastante preservada, mas agora funciona como um polo gastronômico que continua até a Rua
do Ouvidor, e que já foi à rua mais importante da cidade antes da abertura da Avenida Rio
Branco, que possui o trecho entre a Avenida Primeiro de Março até o encontro com a Baía,
ainda preservado tendo o outro lado da rua reconfigurado para o capitalismo global com
enormes espigões.
Continuamos até a Avenida Presidente Vargas passando pela casa França-Brasil que
funcionou com a primeira alfândega do Brasil que tinha ao fundo o porto que se transferiu para
o outro lado do centro devido ao aumento do tamanho dos navios. Em frente à casa
França-Brasil fica em frente ao CCBB que no passado funcionou como sede do Banco do
Brasil que se transferiu e se mudou para outro prédio no centro do rio de janeiro, um dos mais
altos do Rio de Janeiro.
Chegamos à Avenida Presidente Vargas na frente da Candelária, um dos lugares mais
movimentados do Rio de Janeiro que foi constituído na terceira estrutura, a capitalista
metropolitana.
No final da Avenida Primeiro de Março observamos uma arquitetura em transição com
prédios da primeira estrutura a colonial ao lado de prédios com arquitetura capitalista global
com sedes de empresas globais que se expandem sobre os prédios antigos e reconfiguram a
cidade.
Andamos pela Avenida Rio Branco até chegar ao morro da Conceição e subimos a
Ladeira João Homem onde pudemos observar a mudança que o morro vem sofrendo, deixando
de lado ar bucólico de subúrbio dentro da cidade com um refúgio com preços populares de um
bairro de trabalhador e começa a ser remodelado com casas se transformando em
restaurantes e moradores se mudando devido à alta dos preços dos aluguéis, fazendo com que
um novo público ocupe essa área.
Por fim, fomos em direção a Praça Mauá que está sendo completamente reformada na
perspectiva da estrutura capitalista global com museus e restaurantes cercada por enormes
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5. prédios fazendo com que um novo público utilize essa praça e faça com que seus antigos
moradores sejam removidos para lugares mais distantes deixando claro o motivo levaram a
essa reforma.
Concluindo, foi possível visualizar e compreender as formas, as estruturas, e as funções
que compunham o cenário espacial urbano em suas diferentes escalas e dimensões
socioespaciais, e que estão incluídas nos processos que formam as categorias de análise do
espaço geográfico. Tais categorias são fundamentais para observar os fenômenos espaciais
dentro de uma organização espacial pré-estabelecida. O espaço apresenta-se dinâmico, cuja
dinamicidade é designada ao fato deste ser reflexo da sociedade e do sistema político e
econômico vigente, e que passaram por inúmeros processos históricos.
Outro fato observado foram as rugosidades presentes em alguns trechos percorridos no
centro da cidade e também a ressignificação do espaço vista na Praça Mauá, ou seja, é notório
que as relações de uso desse espaço, se alteraram e passaram a ter uma nova finalidade em
suas relações, logo que, novos atores, agentes e sujeitos sociais estão inseridos.
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